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RESENHA – HOLOCAUSTO BRASILEIRO O holocausto brasileiro é um filme que retrata atos desumanos que aconteceram no Hospital Colônia, localizado em Barbacena, durante o século 20. Esse acontecimento é considerado um grande genocídio para com os pacientes psiquiátricos. O filme retrata a história dos pacientes através de depoimentos de pessoas que foram internadas, e que trabalharam no hospital durante o período. Em certa parte, fica explicito que muitos descasos acontecidos ocorreram com a conveniência de médicos, funcionários e da omissão da população. As precárias condições assistenciais e a falta de recursos humanos e materiais são destacados durante o filme. Falta de comida, de talheres, de medicação, seringas e outros materiais de enfermagem, além de alta demanda de pacientes para um único médico. O eletrochoque era a principal forma de tratamento diante da falta de medicamentos e muitas vezes utilizado sem indicação terapêutica. Crianças também foram abrigadas no Hospital Colônia após o fechamento do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil de Oliveira. Uma alta demanda de crianças, com deficiências físicas, e pouca mão de obra. Durante o filme é possível assistir relatos de um ex-pacientes que chegaram ainda criança no Hospital Colônia e que narram as baixas condições e tratamentos. Os pacientes eram mantidos pelados, em uma cela, sob mau tratos dos profissionais. Anda, Elza Campos, uma ex-paciente do Hospital de Oliveira e do Hospital colônia, narra como ela e outros pacientes eram utilizados como mão-de-obra, pegavam capim para montar a própria cama, demostrando as baixas condições de moradia. Ela também fala sobre as formas de tratamento utilizadas de forma cruel. Também é retratado no filme a forma insensível que os pacientes que iam a óbito eram tratados. Segundo os relatos, percebe-se que muitos pacientes eram abandonados e a família não mantinha contato, e quando mantinha, não possuía condições de realizar a busca do corpo. No Hospital, nota-se que não havia um respeito pelo corpo do paciente falecido, pois eram carregados em uma carroça sem o mínimo de estrutura, exposto para moradores curiosos dos arredores, e posteriormente jogado vários corpos, no mesmo buraco, no cemitério, sem caixão e sem o mínimo de dignidade. Além disso, segundo o filme, mais de 1800 cadáveres também foram vendidos para faculdades de medicina do Brasil nesse período. Um ex-funcionário conta sobre a boa orientação e necessidade de afeto deles. Novamente, é citado como os pacientes eram utilizados por prefeitos e diretores do hospital, como mão de obra, para campinar rua, construção, atuar como pedreiros, etc, sem pagamentos. As irmãs vicentinas e da igreja católica começaram a administrar a instituição a partir da década de 30, e cada pavilhão estavam sob responsabilidade de uma freira. Segundo uma ex funcionaria, as freiras tinham uma rotina de orientação e contratação, e realizavam oração e trabalho manual com as pacientes femininas, como crochê. Através do relato percebe-se ainda questões de corrupção e desvio de dinheiro por parte da administração. Muitos dos pacientes foram internados contra a sua vontade, e nem tinham diagnósticos de transtornos mental, como epiléticos, alcoólatras e homossexuais. Um desses casos, é o de uma mulher grávida que foi violentada pelo patrão e foi internada sem indicação nenhuma. Essa mulher e seu filho foram vítimas dessa tragédia e ficaram separados por mais de 40 anos. Em 1973, o hospital passou por uma reforma sob investimento de uma outra instituição, e recebeu mais recursos humano, e qualificação profissional. Muitos acadêmicos de medicina foram contratados como médicos plantonistas. Foi esse cenário que o psiquiatra Franco Basaglia, referencia mundial na busca pela humanização, encontrou a colônia em sua visita. Em 2001, com a aprovação da Lei de Atenção ao Portador de Transtorno Mental, os leitos psiquiátricos foram substituídos por modelos de atendimento mais humanizado. O atendimento em liberdade torna-se garantido pela Lei 10.216, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica. Daniela Arbex, autora do livro Holocausto Brasileiro, relata durante o filme como durante sua investigação buscava encontrar um culpado para toda a sequência de crueldades acontecida naquele ambiente, mas chegou à conclusão que não existe apenas um culpado, e sim vários deles. A culpa torna- se coletiva, de toda a sociedade, pois todos participaram dele. Foram 8 décadas de violação de direito, de tortura, maus tratos, e milhares de pessoas conviveram com essa tragédia, como médicos, familiares, a população em geral, e o Estado. Todos falharam com as 60 mil vítimas do Hospital Colônia.
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