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21/09/2022 14:28 Análise aplicada de contingências
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7169286/temas/2/conteudos/1 1/52
Análise aplicada de contingências
Prof.º Lincoln Nunes Poubel
Descrição
As bases filosóficas que sustentam a proposição behaviorista da Psicologia a partir do modelo de seleção
por consequências na determinação dos comportamentos nos níveis filogenético, ontogenético e
sociogenético que formam a diversidade e complexidade de relações respondentes e operantes humanas.
Propósito
Os conhecimentos sobre a formação e regência dos processos comportamentais são fundamentais para os
profissionais da educação e para os psicólogos para construírem programas e processos de intervenção em
cada uma dessas áreas.
Objetivos
Módulo 1
O estudo do comportamento humano
Reconhecer os postulados filosóficos da ciência do comportamento, os níveis de evolução e seleção
comportamental, bem como os processos comportamentais derivados.
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7169286/temas/2/conteudos/1 2/52
Módulo 2
O modelo da contingência respondente
Analisar os processos de pareamento de estímulo condicionadores das relações emocionais e sensoriais,
bem como os processos dessensibilizatórios de tais relações.
Módulo 3
O modelo da contingência operante
Analisar as relações de consequenciação que modelam os comportamentos manejadores das
contingências, bem como seus fatores evocativos.
Todos reconhecem a abundância, complexidade e, em alguns casos, estranheza das relações
comportamentais individuais e coletivas vigentes e extintas.
Na busca de compreendermos as diversas forças e energias ocultas que regem nossas condutas,
apresentamos uma compreensão sobre os determinantes das relações humanas adotando o método
científico para estudá-las.
Fica cada vez mais clara a regência exercida por fatores biológicos com origem nos processos
evolutivos pelos quais a espécie passou, bem como os processos evocativos e formativos dos
comportamentos que ocorrem nas contínuas experiências durante nosso desenvolvimento. São
determinantes genéticos e ambientais cujas observações sistemáticas e controles experimentais
laboratoriais e de campo têm permitido o mapeamento das interações e extração das leis
comportamentais.
São princípios como pareamento de estímulos e condicionamento, generalização, extinção,
habituação e dessensibilização que governam comportamentos respondentes, tais quais nossas
reações sensoriais e emocionais; e princípios como seleção por consequência de reforço e punição,
modelagem, controle discriminativo, condicionamento de regras e governo por operações
estabelecedoras.
Introdução
21/09/2022 14:28 Análise aplicada de contingências
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7169286/temas/2/conteudos/1 3/52
1 - O estudo do comportamento humano
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os postulados �losó�cos da ciência do
comportamento, os níveis de evolução e seleção comportamental, bem como os processos
comportamentais derivados.
A ciência do comportamento
Como pensarmos numa ciência do comportamento?
O behaviorismo não é a ciência do comportamento propriamente dita, mas a reunião de um conjunto de
postulados e princípios que sustentam a cientifização da Psicologia. Procurando responder o porquê as
pessoas pensam, sentem e agem da maneira como o fazem, diversos autores construíram diferentes
concepções.
A partir de 1913, John Watson (1878-1958) traz o manifesto behaviorista dizendo que poderíamos e
deveríamos progredir nessa construção de ciência, dando a base para o desenvolvimento da ciência do
comportamento e usando diferentes métodos que foram evoluindo ao longo do tempo. Desde a sua origem,
podemos entender que quanto mais experiências conseguirmos mapear e demonstrar por controles
experimentais, tais como pensamentos, sentimentos e sensações ou ações, então, faremos uma ciência
acontecer, e uma ciência acreditável porque é sustentada por métodos e fatos verificáveis por qualquer um
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que os conduza.
John Watson.
Atenção!
Essa é a proposição behaviorista: sair do campo da especulação filosófica de autores meramente
pensadores. Não que ela seja contra a atividade intelectual de refletir sobre os objetos e eventos, derivando
possibilidades, pois muitos desses pensadores foram perspicazes e dedicados ao construir suas teorizações,
acertando ao apontarem relações que hoje, com os métodos que temos, podemos demonstrar. No entanto,
sem esse crivo de verificação que nos permite o método científico, teríamos que acreditar e eventualmente
aderir a uma corrente psicológica baseada na qualidade do argumento.
Muitas vezes essas correntes se valem não de descrições objetivas de relações verificáveis, mas de recursos
literários, elementos metafóricos, simbólicos e até anedóticos que tornam as concepções encantadoras e
atraentes, levando-nos a aderir a elas porque fomos persuadidos, não porque aqueles postulados ou
princípios foram submetidos à verificação.
O behaviorismo diz que é possível fazer ciência do comportamento. Mas como isso
se daria?
Toda ciência natural trabalha com um conjunto de postulados que precisam ser atendidos para a viabilização
da aplicação de seus métodos e o comportamento humano os atende a partir de suas dimensões
mensuráveis e da investigação das interações entre organismo e ambiente. Isso nos leva à definição do que é
comportamento em uma concepção behaviorista. Agora, veremos com mais detalhes dois tipos de
comportamentos:
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Não podemos conhecer o pensamento de alguém, a menos que ele seja verbalizado.
Comportamentos privados
São atividades corporais de glândulas, músculos e órgãos internos (sobretudo cerebrais) que são iniciadas
por eventos ambientais externos ou internos (outras atividades fisiológicas) e resultam em sensações,
emoções e pensamentos, eles são classificados desta forma, porque apenas o próprio indivíduo que os
emite pode observá-los, ninguém mais.
Conversando com outra pessoa ao celular (verbalizando) e manipulando uma xícara de café.
Comportamentos públicos
São as atividades fisiológicas propriamente ditas e as ações motoras e verbais de afetação alheia, uma vez
que são observáveis por outros indivíduos além do emitente. Então, nós interagimos privadamente
pensando; sensorialmente e emocionalmente sentindo os eventos; interagimos publicamente com
operantes motores manipulando coisas e verbalmente influenciando pessoas.
Todos os comportamentos, nas diversas formas que cada indivíduo pode adquirir (o que é chamado de
variabilidade comportamental), precisam ser explicados com princípios demonstráveis de como chegamos
ao conjunto de atitudes, crenças, valores e conceitos com os quais estamos raciocinando.
As relações emocionais variadas em diferentes circunstâncias que as eliciam; as ações que impetramos; as
maneiras como lidamos com as pessoas e com as coisas; como resolvemos problemas e buscamos o que
queremos na vida... Tudo isso precisa ser explicado, só que não de um jeito especulativo e teorizado que nos
obrigue a acreditar no autor porque nos agradou a forma como ele falou, mas, sim, porque ele demonstrou
aquelas alegações. Isso é o que o behaviorismo reconhece como ciência.
Saiba mais
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Os comportamentos humanos são passíveis de se tornarem objeto de uma ciência porque são próprios de
um organismo biológico (todos nós dessa espécie temos atividades de pensar, sentir e agir) na interação
com eventos físicos do mundo. Diferentemente de uma ciência exata que pretende quantificarmatematicamente a ocorrência dos fenômenos (e esse não é o objetivo da psicologia comportamental), o
behaviorismo busca extrair princípios verificáveis nos estudos dessas interações. Nesse sentido, todo
comportamento tem uma base fisiológica (a neuroatividade mínima necessária para a emissão de um
comportamento qualquer) “disparada” por algum evento físico.
Como não nascemos com todos os comportamentos que hoje exibimos, toda essa evolução comportamental
tem que ser mostrada como acontece, e não apenas especulada.
Bases �losó�cas do behaviorismo
Princípios do behaviorismo
Assim, uma vez que o organismo humano é uma espécie da natureza e que as suas relações com o mundo
se dão concretamente na interação com os eventos físicos presentes nesse mesmo mundo, então, a ciência
pode ser aplicada. Veremos agora algumas bases filosóficas do behaviorismo.
É a primeira base filosófica do behaviorismo, ela é a concepção de que tudo acontece em um único
universo espaço-temporal físico da matéria e da energia, podendo ser investigado pelas capacidades
sensoriais humanas diretamente ou com o auxílio de instrumentos.
Monismo 
Pragmatismo 
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É a segunda base filosófica. Segundo essa base, qualquer explicação precisa ser passível de
verificação e utilizável para gerar efeitos. Ou seja, deve exibir variáveis cuja manipulação possa
produzir comportamentos que nos interessam, sejam eles no campo da educação, para melhores
processos de aprendizagem; da psicoterapia, para melhores formas de ajudar as pessoas; ou na
gestão de comportamentos corporativos, para maior produtividade e felicidade ocupacional dos
funcionários. Assim, uma explicação tem que ser aplicável e útil, de tal forma que, se ela for uma
ruminação intelectual vazia de aplicação e de verificação, então, o conceito é vazio, descartável, uma
mera invenção.
Essa outra base filosófica diz respeito à ideia de que estamos em interação contínua enquanto
vivemos, desde que nascemos até a hora da morte. Nessas interações, nos modificamos, reagimos
aos eventos, formamos e modificamos comportamentos, afetamos o mundo e somos por ele
afetados enquanto fazemos isso, sendo essa a dialética comportamental.
Essa base filosófica diz que tudo com o que interagimos é ambiente, estando nele a primazia do
Interacionismo 
Ambientalismo 
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controle do comportamento. Ambiente não são só eventos externos, mas também atividades que
acontecem no nosso corpo (por exemplo, uma bexiga cheia serve de estimulação ambiental para que
necessitemos ir ao banheiro). Então, interagimos com o mundo interno dos pensamentos, dos
sentimentos, das estimulações e sensações corporais por meio de receptores interoceptivos; e
interagimos com o mundo externo pelos receptores sensoriais exteroceptivos. Toda essa interação
pode ser mapeada de modo a mostrarmos como ela afeta nosso comportamento ao longo do tempo.
É o último aspecto muito importante da base filosófica do behaviorismo, ou seja, o ato de se rejeitar o
mentalismo (explicações inventadas que supõem que dentro do nosso corpo há locais, agentes,
energias, forças imateriais invisíveis e inacessíveis à observação e à verificação científica para
constatação e demonstração). Sabemos que tudo o que existe e ocorre no universo físico da matéria
e da energia está representado pelos elementos da tabela periódica, em cada um deles
individualmente ou por combinações entre eles. Assim, de que é feita uma mente ou suas supostas
partes (consciente, pré-consciente, inconsciente), id, ego, superego, índole, arquétipo, dom, essências?
Tais conceitos representam, para o behaviorismo, pseudoexplicações criadas pré-cientificamente de
que deve haver algo dentro das pessoas fazendo-as reagir de determinada forma. As interações não
só eliciam e evocam comportamentos, como também, havendo a continuidade das experiências,
vamos sendo transformados ao longo do tempo. A atividade científica é a prática de mostrar quais
transformações ocorrem, de que maneira elas ocorrem e, a partir daí, extrair os princípios explicativos
válidos.
Por mais que o comportamento humano possa se manifestar de formas estranhas e até mesmo
Antimentalismo 
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q p p
ameaçadoras, da surpresa deve surgir a curiosidade e a consequente investigação que o explique, que
resolva esse mistério.
O problema é que os pensadores do passado, ao longo dos séculos e milênios, vêm
construindo concepções sobre o comportamento humano de forma que ele seria
provocado por forças internas ocultas ou até mesmo por possessões de forças
externas fantasmagóricas.
Entretanto, nenhuma dessas explicações pode ser demonstrada de fato. A ciência behaviorista abandona
essa construção de agentes mentais internos e ocultos em prol do mapeamento das interações e
experiências para tentar extrair disso os princípios da evolução dos comportamentos humanos, ainda que
sejam experiências indesejáveis que denunciem quadros psicopatológicos.
Nessa busca por explicações interacionistas, abandonar o mentalismo se torna extremamente útil por três
motivos:
O primeiro
Quando uma variável interna dessas é apontada, saímos do pragmatismo científico, já que não
se pode encontrá-la para verificar e demonstrar que ela está lá dentro realmente e causando
aquele comportamento específico.
O segundo
Não se pode manipular essa variável para afetar os comportamentos (por exemplo, como é
que eu tiro a índole ruim que está perturbando a pessoa para colocar uma outra melhor dentro
dela?).
O terceiro
É redundante, pois a única “prova” apresentada para a existência dos agentes internos são os
comportamentos que supostamente eles geram, o que representa um retorno ao objeto
i ti d ( t t ) “ ” d l t ib íd ( t li ) d
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Uma das evidências utilizadas na tentativa de demonstrar a existência do inconsciente são os sonhos, que
nada mais são do que atividades cognitivas (pensamentos) que ocorrem enquanto dormimos.
Será que não existem outras explicações (que até então não conhecíamos, mas que a ciência hoje pode
mostrar) que substitua essa invenção de que há uma força interna invisível e oculta nos fazendo pensar
enquanto dormimos, sendo o sonho a sua manifestação?
Exemplo
Em vigília, podemos imaginar que estamos na praia e, quando dormimos, podemos sonhar que estamos nela.
Ambas são atividades cognitivas (pensar) de mesma natureza e podem ter os mesmos determinantes
contingenciais (interações ambiente-organísmicas). O que muda é apenas o estado do indivíduo (sono ou
vigília), que o capacita ou não a observar as variáveis que são seus determinantes. Nesse sentido, e ainda
seguindo o exemplo dado, o simples fato de estarmos numa condição ambiental de calor de um dia
ensolarado elicia as atividades sensoriais que compõem a cognição sobre a praia, que age como reforçador
devido ao frescor e à diversão que proporciona.
Não há por que conceber uma força interna quando há outras maneiras substitutivas de se explicar esses
fenômenos por princípios verificáveis e que vão alterando a nossa compreensão de por que as pessoas
pensam, sentem e agem como o fazem.
Um projeto cientí�co para a Psicologia
Ciência não é superstição
Agora vamos tratar do que é comportamento propriamente dito e onde vamos buscar as explicações para
ele. Com base nos postulados que governam as ciências naturais, vimos a possibilidade de uma ciência
natural para a Psicologia, abandonando o mentalismo pelos motivos anteriormente alegados. Paramos,
portanto, de considerar a existência,ou mesmo de ficar concebendo novos agentes internos ocultos, para,
então, inaugurarmos um projeto científico na Psicologia de mapear as experiências humanas.
Para que isso seja feito, é preciso termos uma compreensão clara de como explicar
o comportamento humano. Na análise do comportamento, sob efeito da base
filosófica do behaviorismo, explicar comportamentos significa estabelecer relações
investigado (comportamento) como “prova” da causa a ele atribuída (mentalismo), quando
essa última é que deveria ser diretamente demonstrada.
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, p p g ç
de contingência.
Esse termo “contingência” significa efetiva relação entre eventos; interação de fato e não uma mera
contiguidade, uma correlação apenas. Uma contingência é diferente de uma contiguidade na medida em que
esta última é a falsa impressão de relações entre eventos que, na verdade, não se relacionam.
Então, é muito comum as pessoas olharem para o mundo, na tentativa de explicar a ocorrência de alguma
coisa e, em decorrência disso, verificarem outros eventos próximos no tempo e espaço, o que faz com que
elas estabeleçam uma relação de causa e efeito arbitrária entre eles.
Isso foi o que fez a especulação filosófica ao longo do tempo (“acho que isso leva àquilo, porque aconteceu
próximo”). Só que essa relação de contiguidade, de proximidade temporal, muitas vezes esconde a variável
causal de fato.
Por isso que em uma ciência conduzem-se testes, controles experimentais, cria-se um experimento para
isolar as variáveis e testá-las para ver se aquilo que estamos dizendo que produz determinado efeito é capaz
de produzi-lo mesmo. Assim, em ciência, mais do que afirmarmos e tecermos conclusões, queremos
demonstrar as alegações.
É preciso, portanto, estabelecermos as relações de contingência, as relações de “se, então”: se esta(s)
variável(is), então, aquele(s) efeito(s) de fato. Em outras palavras, se este evento ambiental externo ou
interno, na interação com tais propriedades do organismo, estiver presente, então, teremos tal atitude, tal
reação ou desenvolvimento comportamental humano; se tais interações organismo-ambiente de certo tipo,
então, teremos tais formações comportamentais desta maneira. É preciso fazermos a ciência acontecer, o
que consiste em irmos até o limite da demonstração para que possamos ter princípios confiáveis.
Nesse sentido, relações de contiguidade são relações supersticiosas. Veja uma situação a seguir:
Exemplo
Imagine que eu diga para você que uma sandália virada de cabeça para baixo leva a uma mãe morta – uma
premissa cultural conhecida. Qual é a relação entre uma sandália virada e uma mãe morrer? A não ser que ela
tropece na sandália, caia e venha a falecer em decorrência dessa queda, é uma relação supersticiosa.
Toda vez que estabelecemos uma relação entre eventos que não se relacionam, construímos uma
superstição.
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A ciência não pode ser construída com pensamento mágico e conter misticismos e
superstições, caso contrário, será uma pseudociência.
Então, quando um autor não científico fala do comportamento humano, criando uma concepção própria e
estabelecendo relações entre eventos, ele pode criar um mito ou uma superstição, caso não tenha
demonstrado tudo isso. Por isso a ciência tem esse rigor. Essa é a diferença entre relações de contingência –
mapeamento de interações formativas do comportamento, seus eliciadores e seus efeitos mantenedores,
intensificadores ou modificadores; de relações de contiguidade – atribuições causais especuladas e não
demonstráveis entre eventos que não se relacionam (falácias), criando uma superstiçã. A seguir, temos mais
alguns exemplos que são comuns em nosso dia a dia e que possuem uma relação superticiosa.
A dialética da vida
A importância do controle e manipulação
Outro aspecto que devemos entender em relação ao comportamento humano são suas variáveis de controle.
Se falamos que o ser humano interage com o ambiente, isso significa dizer que ele estará em contato com
propriedades desse ambiente antes de agir, enquanto age e também após essa ação, gerando, portanto, uma
consequência, um efeito nele.
Nesse processo de afetar o ambiente e ser afetado por ele, B. F. Skinner (1904-1990) afirmou que: os homens
agem sobre o mundo, o modificam e são modificados pelos efeitos que produzem. Essa é a dialética da vida,
da transformação de tudo que existe, incluindo de nós mesmos.
Manipulamos o ambiente para produzir o que precisamos e somos afetados pelos efeitos, mudando de
conduta ou do próprio ambiente para fugir-evitar os estímulos aversivos (frustrantes ou punitivos).Também
manipulamos aqueles efeitos que nós mesmos produzimos corrigindo-os, e mantemos ou intensificamos
ações para conservar ou produzir novamente aquilo que nos favorece e gratifica (reforçador).
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B. F. Skinner.
E assim evoluímos comportamentalmente junto com o mundo por nós manipulado
(na forma de ciências, tecnologias, artes, esportes, construções, produtos, serviços)
ao longo do tempo, transformando a sociedade, nosso habitat, a paisagem e o
planeta para o bem ou para o mal.
Quando fazemos coisas que se mostram danosas em algum momento, mesmo em longo prazo, agimos para
transformar isso também e resolver esses problemas. Esse é o contínuo de evolução humana.
O processo de interação de afetar e ser afetado acontece na vida particular em experiências únicas que
desenvolvem nossa subjetividade comportamental. Mas isso também acontece na vida coletiva ao
interagirmos uns com os outros em grupos, comunidades e povos, produzindo comportamentos
compartilhados ou divisões e suborganizações comportamentais sociais, o que chamamos de evolução
cultural. A seguir, temos uma representação sobre deste processo.
A evolução do comportamento pode ser vista sob três pontos de vista:
No nível individual chamado de ontogênese
É o campo de estudo da Psicologia da Aprendizagem.
No nível social chamado de sociogênese
É o campo de estudo da Psicologia Social e da Antropologia Comportamental.
No nível biológico chamado de �logênese
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É o campo da Psicologia Evolutiva e da Genética Comportamental.
Assim, vale ressaltar que todo comportamento que evolui na experiência particular ou nas interações de
grupos só o faz a partir de:
uma base biológica da espécie que é derivada de sua herança evolutiva e é chamada
de filogênese.
Com isso, podemos entender a filogênese como o estudo das suscetibilidades ou tendenciosidades
neurocomportamentais programadas geneticamente e dos processos evolutivos que resultaram nos genes
construtores do nosso corpo. Isso inclui nossos centros cerebrais típicos da espécie e as neuroatividades
que eventos do ambiente são capazes de induzir de forma incondicionada, ou seja, sem a necessidade de
experiências de aprendizado para se formarem e passarem a ocorrer.
Saiba mais
Isso também vale para outras espécies de animais que aprendem o que lhes é possível dada sua anatomia e
tipo de cérebro formado pelos genes que estruturam seu corpo, no histórico do seu ramo evolucionário.
Então, todas as espécies viventes desse planeta têm seus comportamentos regidos por princípios derivados
das experiências e interações que estabelecem com seus habitats, porém, o que elas são capazes de
aprender e emitir em termos de comportamentos é limitado pelas capacidades morfológicas de sua estrutura
corporal e neurológica.
Cada espécie infra-humana, nos seus limites anatômicos e neurológicos, vai responder ao mundo com base
nas suas atividadesde forma cada vez mais complexa e sofisticada. E mais princípios semelhantes aos que
regem o comportamento humano serão encontrados governando os deles também. Não chegam a ser os
mesmos comportamentos nem o potencial de desenvolvimento do ser humano, mas os princípios podem ser
compartilhados.
Como todo ser humano ao se deparar com alguma nova experiência, você também a
integrará e transmitirá caso ela lhe seja favorável e gratificante. Contudo, se essa
experiência lhe for aversiva, você irá se contrapor, se afastando em um processo de
transformação do meio. Então, de geração em geração, a cultura forma os indivíduos
e esses a transformam.
No nível individual, de experiência em experiência, estabelecemos novas relações emocionais e cognitivas,
estabelecendo conceitos e relações de atuação com o mundo e com o que há nele e desenvolvendo
habilidades e competências em função dos tipos de oportunidades que pudemos ter dentro da realidade na
qual nascemos, crescemos e fizemos parte.
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7169286/temas/2/conteudos/1 15/52
Portanto, podemos afirmar que as investigações explicativas dos nossos comportamentos devem incidir
nesses três tipos de relações humanas: a filogênese, a ontogênese e a sociogênese.
Processos comportamentais
O que são processos comportamentais?
Antes de qualquer outra coisa, precisamos definir claramente o que é uma variável contextual, ou seja, um
estímulo antecedente.
Resposta
Se entramos em contato com alguma coisa – cenário, circunstância, evento, lugar, objeto, outro(s) ser(es)
humano(s) etc. –, essa coisa com a qual entramos em contato é considerada um estímulo, que é um termo
técnico para se falar de algo capaz de nos eliciar comportamentos. Em outras palavras, qualquer evento com
o qual possamos interagir e termos algum comportamento induzido (neuroativado) é chamado de estímulo,
que também pode ser compreendido como a propriedade do ambiente que nos incita comportamentos.
Então, é preciso especificar as propriedades dos estímulos, ou seja, o que existe no contexto antecedente
para que um comportamento aconteça. E, quando o comportamento acontece, também é necessário
entender quais as relações de consequência presentes, isto é, que efeitos afetam esse comportamento de
volta.
Todos os processos comportamentais de pensar, sentir e agir ocorrem sob efeito de circunstâncias, pois nós
não estamos no vácuo. Toda vez que nos comportamos, fazemos isso em algum lugar, ou com alguém, ou
sob efeito de estados corporais e tantas outras circunstâncias. Ou seja, são reações sob condições
específicas.
Nossas próprias emoções podem servir de contexto para fazermos alguma coisa. Quando estamos ansiosos,
entediados, frustrados ou tristes podemos, por exemplo, comer.
Se em minha história pessoal aprendi a suprimir tais reações corporais desagradáveis, regulando esses
sentimentos em ambientes que nossos pais ou outras pessoas tentavam nos agradar nos dando algo para
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comer, podemos ter aprendido, mesmo sem perceber, a usar a comida como forma de gerar tal
consequência.
Colocando o exemplo em termos técnicos: um contexto emocional (estimulação
ambiental antecedente interoceptiva aversiva) evoca uma resposta operante motora
de comer, que tem como consequência a fuga desse estado interno (reforço
negativo).
Contextos ambientais capazes de evocar comportamento incluem os filogeneticamente determinados ou
aqueles que adquiriram tais propriedades durante nossas experiências ontogenéticas.
Somente a história diferente dos indivíduos pode explicar suas diferentes relações com os eventos. E é no
mapeamento de contextos históricos semelhantes aos contextos atuais que vamos encontrar a explicação
do porquê alguém reage (pensa, sente e age) da maneira como reage em determinada circunstância. O que
nos leva ao conceito de variabilidade comportamental adquirida.
Pensamos, sentimos e fazemos coisas bem distintas em diferentes contextos. Por isso que, quando vamos
fazer uma análise de comportamentos, somos bem específicos em mapear as circunstâncias em que eles
ocorrem.
Exemplo
Imagine que um cliente chegue até você dizendo sentir muita ansiedade. Como ansiedade é um tipo de
comportamento, uma atividade corporal respondente, ela é, portanto, eliciada. Então precisaremos, junto com
ele, mapear as ocasiões que precederam e precipitaram tal eliciação desde a última vez em que se sentiu
assim para especificar as propriedades em tais contextos (onde, com quem, em que atividade). Também
precisaremos mapear a emoção e sua magnitude, verificando se ela é compatível com o evento, o que
demonstrará se existe regulação e ajustamento, ou se há hipo ou hipersensibilidade. Além disso, será
necessário analisar os pensamentos que acompanharam tais experiências para ver se eles revelam uma
percepção ajustada ou se são distorções cognitivas, isto é, tendências interpretativas formadas em sua
história e generalizadas para a situação atual por algum grau de semelhança. Por fim, é preciso investigar as
ações que adotou para lidar com as situações e com a própria emoção de ansiedade e se esse é um
comportamento habilidoso, deficitário ou um excesso, identificando também as consequências reforçadoras
ou punitivas positivas e negativas imediatas e de longo prazo. Esses são os processos comportamentais.
Os processos comportamentais e a variabilidade
comportamental adquirida

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Neste vídeo, o especialista discorre e ilustra os conceitos de processos comportamentais e a variabilidade
comportamental adquirida, e sua utilidade.
Falta pouco para atingir seus objetivos
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Quanto aos postulados filosóficos que sustentam a cientifização da Psicologia, aquele que alega a
existência de um único universo físico da matéria e da energia, onde tudo ocorre e que pode ser
investigado pelas capacidades sensoriais humanas, diretas ou com auxílio de instrumentos é o
Parabéns! A alternativa A está correta.
O próprio conceito de existência depende de propriedades físicas para ser localizado no tempo e espaço;
portanto, acessível para ser encontrado e afirmado. A alternativa B trata do que configura uma
estimulação comportamental, enquanto C e D se referem aos processos pelos quais os comportamentos
ocorrem, variam e são mantidos por seus efeitos. A alternativa E é a rejeição de construtos para explicar
as atividades humanas.
A monismo
B ambientalismo
C interacionismo
D selecionismo
E antimentalismo
Questão 2
Quando buscamos cientificamente os determinantes da variabilidade comportamental humana, há três
possibilidades de campos investigativos, estando correta a opção que afirma:
A
A maturação cronológica; a maturação biológica; o surgimento de aptidões cognitivas
superiores.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Somente na genética dos organismos e no seu histórico ambiental individual e coletivo podemos
encontrar as origens dos comportamentos humanos. A opção A apela para falácias de que certas
capacidades comportamentais emergem espontaneamente ou com o envelhecimento e mudanças
orgânicas naturais. A opção B nos apresenta construtos pré-científicos rejeitados pelo
comportamentalismo, chamados de mentalismos. A opção D são as estruturações e entendimentos
propostos por diferentes autores que estudaram o desenvolvimento humano. A letra E se refereaos
processos comportamentais respondentes e operantes propriamente ditos, não apresentando nenhuma
possibilidade causal para eles.
B
O inconsciente; o dinamismo psíquico do id, ego e superego; forças arquetípicas do
inconsciente coletivo.
C
Base biológica da espécie derivada de sua herança genética chamada de filogênese; a
evolução do comportamento no nível individual, que é chamado de ontogênese; a
evolução de comportamento no nível social, chamado de sociogênese.
D
As fases do desenvolvimento de Piaget; as fases do desenvolvimento de Vygotsky; as
fases do desenvolvimento de Wallon.
E As emoções; os pensamentos; as ações.
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2 - O modelo da contingência respondente
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os processos de pareamento de estímulo
condicionadores das relações emocionais e sensoriais, bem como os processos
dessensibilizatórios de tais relações.
Princípios respondentes e �logênese
Estímulos e respostas �logenéticos
A filogênese – a história evolutiva da espécie – nos deu uma estrutura corporal com a qual interagimos com
todos os elementos do ambiente externo e interno, e também nos dotou de comportamentos reflexos e
típicos para favorecer a sobrevivência até que nos desenvolvamos ao longo das experiências.
Saiba mais
Os princípios respondentes explicam esses comportamentos básicos determinados geneticamente –
chamados de comportamentos respondentes. O termo “respondente” é utilizado para se referir às reações
reflexas e padrões fixos de ação da espécie. Partindo de uma base inata, também ocorre uma evolução do
comportamento respondente na experiência de vida de um indivíduo. Isto é, novas relações respondentes vão
sendo formadas.
O entendimento da realidade comportamental respondente foi sistematizado por meio dos experimentos do
fisiologista Ivan Pavlov (1849-1936).
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Inicialmente, Pavlov estava interessado no sistema salivar. Então, ele fazia uma incisão na boca dos cães que
estudava para examinar o funcionamento de suas glândulas salivares.
Tubos eram instalados para coletar a salivação enquanto estímulos alimentícios eram expostos ao animal.
Os alimentos são estímulos filogenéticos porque detêm propriedades nutricionais
naturais e os organismos são geneticamente determinados a estarem sensíveis a
elas.
Entretanto, durante esses experimentos repetitivos, Pavlov percebeu que o animal começava a salivar em
condições nas quais não havia alimentos. O cão salivava quando o cientista entrava no laboratório, por
exemplo.
O experimento pavloviano dos reflexos evidenciou que o princípio-chave para explicar um condicionamento
respondente (processo de aprendizagem de novos respondentes) é o pareamento ou emparelhamento.
Quando um estímulo eliciador é pareado a um estímulo neutro, as propriedades eliciadoras do primeiro
estímulo são transferidas ao segundo. O estímulo neutro torna-se, então, eliciador. Pareamento significa
exposição simultânea. Neutro significa que antes do pareamento esse estímulo não eliciava a resposta da
relação eliciadora original.
Exemplo
Em termos de neuroplasticidade, o sistema nervoso é programado para associar (formar neuroconexões)
áreas que são ativadas ao mesmo tempo. Então, se você pode ver uma pessoa enquanto a escuta, o som da
voz dela é pareado à sua imagem. A partir desse pareamento, escutar a voz dela ao telefone em outro
momento eliciaria a sensação visual de vê-la. Em nível neurofisiológico houve uma conexão formada entre
centros cerebrais visuais e auditivos correspondentes a essa operação reflexa.
Há uma distinção entre estímulos incondicionados e condicionados.
Alimentos podem ser classificados como estímulos filogenéticos, primários ou
incondicionados, porque o seu efeito estimulante é determinado geneticamente, é
inato, não depende de aprendizado para o organismo reagir.
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Nesses casos, já existe um sistema neurocomportamental programado para reagir de um jeito específico.
São os reflexos – respostas automáticas e programadas para certos estímulos. Por exemplo, ao sentirmos o
cheiro e ao ver comida, nós humanos também aumentamos a nossa salivação.
Os estímulos condicionados, por outro lado, são aprendidos. Eles são chamados condicionados porque
dependem de uma condição de aprendizagem para serem estabelecidos – o condicionamento respondente,
que veremos mais adiante.
Saiba mais
Durante a história evolutiva, como sempre houve diversidade genética entre os animais, sobreviviam aqueles
que tinham genes que programavam de antemão essas respostas de autopreservação ou adaptação ao
ambiente. Por exemplo, diante de um estímulo súbito ou intenso como uma explosão, os seres que tinham o
sistema reflexo de sobressalto se protegiam de uma ameaça. Imagina um tigre pular de repente na sua frente
ou um barulho surgir na mata. O reflexo de sobressalto funcionou como um sistema de alerta e proteção que
favorecia a resposta de correr para uma árvore ou toca ou partir para o combate. Os seres que não tinham
esse sistema ficavam vulneráveis e tendiam a morrer diante desses perigos, sendo predados.
Desse modo, a história evolutiva garantiu uma série de suscetibilidades neurais. Parte desses reflexos duram
por toda a vida. Contudo, outra parte pode ser substituída por comportamentos operantes. Assim, tendências
primitivas, mesmo aquelas mais problemáticas, podem ser neutralizadas.
Nesse sentido, os seres humanos desenvolvem habilidades de autorregulação, autocontrole, moralidade,
entre outras, para compensar ou remediá-las.
Exemplo
Há uma formação cultural e moral para regular as tendências primitivas de busca por parceiros sexuais e
acasalamento. Podemos aprender a nos reger por valores ou regras que tornam prioritária alguma coisa na
vida, que faz com que a pessoa se regule para suplantar tendências primitivas com formações
comportamentais substitutivas.
O que a ontogênese (história do indivíduo) faz, muitas vezes, é modificar comportamentos, formando outros
substitutivos às tendências biológicas primitivas quando elas são nocivas para sua vida atual e a vida em
sociedade. Vejamos agora um exemplo da modificação dos comportamentos ao longo do tempo.
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Os comportamentos respondentes
Re�exos sensoriais e emocionais
Filogeneticamente falando, nós temos tendências comportamentais que são disparadas por estímulos que
estiveram presentes na história evolutiva. Grande parte desses padrões inatos de ação servem como pontapé
para desenvolver repertórios mais elaborados ou reguladores e serão substituídos. Por exemplo, o bebê
humano tem o padrão inato de vocalização (emissão aleatória de sons vocais). Esse mecanismo é a base
para e formação da comunicação pela fala (verbalizações).
Por outro lado, se o mundo em que vivemos reforçasse certas tendências primitivas, poderia colocar em risco
a pessoa e a sociedade.
Exemplo
Se um ambiente incita, instrui, oferece modelos e reforça comportamentos violentos, as tendências
agressivas vão sendo acentuadas para conjugar repertórios mais elaborados de confronto, brutalidade e
opressão em resposta a ameaças, contrariedades e frustrações. Ao longo do tempo, esse indivíduo vai se
tornando bem problemático para a convivência.
Existem dois grandes grupos de respondentes reflexos que interessam aos psicólogos. Os reflexos
meramente orgânicos, tais como a salivação ou a contração-dilatação pupilar, interessam mais à Medicina. A
Psicologia se aproxima mais do estudo dos reflexos sensoriais e emocionais. Então, vamosabordá-los.
Primeiro, como funciona o comportamento sensorial?
Aplicando a equação básica dos respondentes, em que um estímulo elicia uma resposta, podemos descrever
todas as sensações segundo esse modelo. Por exemplo, estímulos luminosos eliciando respostas sensoriais
visuais e estímulos sonoros eliciando respostas sensoriais auditivas. Isso permite a formação de atividades
cognitivas de imaginação e lembrança.
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Se você já esteve em uma praia e estimulado pela necessidade de lazer, pode recordar dessa experiência. 
Então, há uma ocorrência novamente de respostas condicionadas sensoriais de se lembrar visualmente do
mar, sentir o frescor do banho, ouvir crianças brincando, pois esses estímulos agora ativam centros cerebrais
visuais que você teve quando vivenciou a circunstância de praia. Portanto, lembrar é ter uma sensação
novamente, não mais sob controle da estimulação original, mas de outro estímulo pareado com ela.
Outros exemplos de reflexos sensoriais são: sentir um odor e lembrar de alguém que usa esse mesmo
perfume; ou ver uma rosa e ficar triste porque lembrou do velório de alguém que convivia e amava. Isto é, o
estímulo visual “rosas” agora ativa centros neurais emocionais de tristeza porque está condicionado a partir
do pareamento com o velório, que significa a ruptura da relação reforçadora com aquela pessoa.
As nossas relações sensoriais e emocionais por pareamento são abundantes e ininterruptas, gerando uma
cascata incontável de novas relações respondentes. Portanto, os comportamentos emocionais também
funcionam sob princípios respondentes, veremos agora alguns exemplos:
Estímulos grati�cantes
Eliciam emoções de alegria e satisfação.
Estímulos agressivos ou violentos
Eliciam emoções de raiva.
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Estímulos de julgamento social
Eliciam culpa e vergonha.
Estímulos de perda
Eliciam tristeza.
Estímulos de ameaças
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Leis e princípios do comportamento respondente
Quais são as leis respondentes?
Os comportamentos respondentes são avaliáveis à luz das leis respondentes, veremos agora com mais
detalhes cada uma dessas leis:
A centopeia se enrosca ao ser tocada (estímulo antecedente que elicia uma resposta).
Lei da eliciação
Toda resposta depende de um estímulo antecedente para ser eliciada (no inglês, esse paradigma é
abreviado como S-R, isto é, estímulo-resposta). A eliciação significa que a resposta ocorre
obrigatoriamente e involuntariamente quando o organismo é exposto ao estímulo. Não são relações
deliberativas. Por exemplo, se você está diante de uma cadeira, a luz refletida nela permite a eliciação da
sensação visual do objeto. Essa resposta sensorial é dependente de um estímulo antecedente eliciador.
Eliciam medo e ansiedade.
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Lei da intensidade-magnitude
Ela descreve que a magnitude da resposta é proporcional à intensidade do estímulo. Quanto mais forte o
estímulo for, mais intensa também será a resposta, ou seja, há uma relação diretamente proporcional entre
eles. Por exemplo, quanto mais alta a temperatura do ambiente, mais sentimos calor e maior é a sudorese;
quanto menor o volume do som da televisão, menor a magnitude da sensação auditiva.
Lei do limiar
Ela estabelece que um estímulo precisa alcançar uma intensidade mínima para que a resposta seja
eliciada. Por exemplo, é preciso um mínimo de temperatura a ser alcançada para começar a sudorese.
Abaixo desse limiar o organismo permanece em homeostase. Quanto mais a temperatura cai, mais frio
começamos a sentir.
Frente a um barulho muito forte, apresentamos uma resposta quase imediata de sobressalto.
Lei da latência
Latência corresponde ao período ou intervalo entre a exposição ao estímulo e a ocorrência da resposta.
Essa lei descreve que quanto maior a intensidade do estímulo, menor o intervalo de eliciação, isto é, mais
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rapidamente iniciará a ocorrência da resposta.
Na prática, todas essas leis operam de acordo com a natureza do comportamento em questão. Por exemplo,
uma temperatura de 50ºC elicia mais rapidamente uma sudorese quando comparada a uma temperatura de
35ºC.
Outros dois princípios básicos são a habituação e a sensibilização, que operam quando o organismo é
exposto continuamente ao mesmo estímulo, a seguir temos um exemplo de sensibilização:
Exemplo
A sensibilização ocorre quando uma pessoa desenvolve um medo de elevador porque, quando era criança,
alguém simulou uma queda desse meio de transporte ou porque ele parou e ela se sentiu ameaçada ali
dentro. Depois disso, passou a não conseguir entrar em elevadores sem sentir uma dose de ansiedade.
Não obstante, se ela se expuser entrando em um elevador, a ansiedade será disparada até alcançar um pico
de atividade fisiológica, pois as reações corporais emocionais têm limite, como hiperventilação pulmonar e
taquicardia. Então, a magnitude dessas respostas necessariamente irá se estabilizar e decrescer após esse
pico, retornando ao estado basal ou homeostático.
Essa diminuição da magnitude da resposta diante da exposição contínua ou
sucessiva a um estímulo é chamada de habituação.
Se essa exposição é repetida outras vezes, cada vez mais a reação é menor, ao ponto de, em algum
momento, após sucessivas exposições sem o pareamento original, não eliciar mais o reflexo condicionado.
Aconteceu então uma extinção respondente ou dessensibilização. Isso embasa processos terapêuticos de
superação de relações de ansiedade, tensão ou situações emocionais condicionadas que são nocivas aos
indivíduos.
Por lógica inversa ao pareamento, o princípio da extinção respondente explica a eliminação de uma relação
reflexa condicionada. Como já foi apresentado, o pareamento é a exposição simultânea de um estímulo
eliciador com um estímulo neutro, que é transformado, após sucessivos pareamentos, em estímulo eliciador
condicionado para essa resposta original. Posteriormente, se esse estímulo condicionado for apresentado
sucessivas vezes sem a presença do estímulo eliciador original, a relação condicionada tende a ser rompida,
o reflexo é extinto e o estímulo é novamente neutralizado perdendo seu controle eliciador sobre o organismo.
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Desejo ou atração são também exemplos de respondentes, pois são respostas de excitação corporal diante
de estímulos reforçadores ou na carência deles. Imagine que você comeu um alimento que achou muito
gostoso.
Uma resposta condicionada excitatória de desejá-lo pode ser eliciada se alguém te convida para comer esse
alimento ou se você vê um anúncio sobre ele. Essa reação excitatória que antecede o pegar e comer o
alimento é um desejo.
Esses respondentes excitatórios podem ser filogenéticos (inatos), pois nascemos com certos centros
cerebrais programados para eliciar reações sob controle de certas propriedades ou eventos do mundo; ou
condicionados, porque vamos aprendendo novos reflexos em experiências reforçadoras, planejadas ou não.
Processos de condicionamento respondente
Como aprendemos novas respostas?
Até aqui, vimos a base comportamental dos respondentes sensoriais e dos reflexos emocionais e como
vamos construindo relações com uma série de eventos ao longo do tempo. Agora, vamos aprofundar o
processo de condicionamento respondente por meio do qual aprendemos novos respondentes.Atenção!
Especificamente o condicionamento respondente explica como passamos a gostar do que gostamos,
desenvolvemos medos e aprendemos a sentir raiva em certas circunstâncias. As pessoas vão se
diferenciando ao longo da vida por experiências distintas. Essa subjetividade vai sendo formada durante a
ontogênese – a história particular que desenvolve comportamentalmente o indivíduo.
Essas relações únicas podem ser explicadas por observação cuidadosa, sistemática e por princípios válidos
extraídos do estudo científico, fazendo um mapeamento comportamental. Portanto, cada pessoa pode viver
seus processos de condicionamento respondente, como também vivenciar outros coletivamente.
Então, conceituando condicionamento respondente, podemos dizer que ele é:
um processo que ocorre por meio de pareamento ou emparelhamento de estímulos
– quando dois eventos ocorrem juntos, um deles passa a eliciar a reação que o outro
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q j , p ç q
eliciava.
Em outras palavras, quando dois estímulos são pareados, a neuroatividade que um controla passará a ocorrer
sobre controle do outro também. Assim, a pessoa passa a reagir a um evento de um jeito que não reagia
antes depois de uma experiência com alguma coisa que a fez reagir daquele modo naquela situação. Veja a
situação a seguir que exemplifica o que estamos falando.
Exemplo
Um indivíduo dirigia seu carro e não sentia medo. Contudo, depois que capotou dentro do carro e sofreu uma
ameaça física com sensações de medo e pavor, agora, só de entrar no carro, passou a ter essas eliciações
fóbicas e imaginárias do que viu ou ouviu na hora da capotagem. Isto é, toda a atividade neurológica que
aconteceu naquele episódio agora está sob controle da estimulação do veículo.
Condicionamento tem a ver com aprendizagem em determinadas condições. Tudo que aprendemos nas
experiências podemos chamar de condicionado. No contexto dos respondentes, quantos estímulos podem
ser condicionados numa mesma experiência? Muitos, ou melhor, todos que estiverem presentes naquela
oportunidade de pareamento.
Podemos observar esse princípio operando nos quadros de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT).
Nesses casos, após um trauma, todas as reações ocorridas naquele contexto podem passar a ser eliciadas
numa outra situação se estiver presente algum elemento, privado ou externo, que represente a circunstância
original traumática.
Assim, toda a rede vivencial mnemônica será ativada, ou seja, a pessoa “revive” ou
se lembra nitidamente daquela experiência traumática junto com todo o sistema
emocional desconfortável.
Esse quadro foi muito estudado no pós-guerra com soldados que voltavam dela mutilados ou dispensados
por apresentarem sequelas traumáticas.
Quando eles ouviam um barulho de rojão, fogos de artifício ou trovão, tudo isso é estímulo generalizado
(semelhante) para disparar o efeito do estímulo original.
O barulho de trovões e a luz de relâmpagos lembravam o som e o clarão de explosões da guerra.
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Mas por que algumas pessoas passam por experiências assim e saem afetadas e
outras nem tanto?
Porque, na prática, existem vários princípios operando simultaneamente, que se sobrepõem. Por exemplo, os
processos cognitivos, como o uso da razão, podem neutralizar o pareamento. O fato é que quando alguém
desenvolve algum comportamento, os princípios da aprendizagem são inegáveis em sua determinação.
Quando não aprende, significa que naquela circunstância aquele princípio não foi suficiente para determinar
uma mudança.
As memórias e o condicionamento respondente
Outra variável que modula a operação dos pareamentos, por exemplo, é o histórico. Quando temos uma
experiência, reagimos a ela segundo os aprendizados realizados até ali. Se, por exemplo, uma pessoa cresce
em um ambiente de superproteção por pais catastróficos, que protegem de tudo e a ensinam a se sentir
ameaçada, ela estará muito mais vulnerável a um pareamento aversivo ansiogênico quando comparada a
alguém que vem treinando a tolerância para passar por frustrações e adversidades, superando seus limites e
enfrentando seus problemas. Essa segunda pessoa, então, quando passa por situações intensas, encontra-se
mais preparada emocionalmente, dotada de repertórios de enfrentamento e de crenças resolutivas, do que
alguém que foi poupado de sentir desconfortos e inibia-se desamparada nessas circunstâncias.
Prosseguindo, então, podemos explicar lembranças por meio do condicionamento respondente.
Dica
Imagine um pai que pareia um objeto com um estímulo verbal. Ele mostra ao filho um copo e fala a palavra
“copo”. A partir daí, o pai diz “copo” e a criança tem a sensação visual do copo na ausência desse objeto.
Funcionalmente, o estímulo verbal já adquiriu a propriedade de eliciar a neuroatividade referente à sensação
visual de quando viu o copo durante o pareamento. Dessa maneira, esses pareamentos sensoriais ocorrem a
todo momento, gerando processos mnemônicos variados. O mesmo processo vale para as emoções.
Por exemplo, as propagandas utilizam muito o pareamento respondente. Veja a seguir um exemplo:
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Algumas propagandas de bebidas utilizavam o pareamento de cerveja com mulheres, praia e diversão. Essa
estratégia publicitária tem a expectativa de que, ao ver a cerveja no mercado, a pessoa sinta uma atração ou
excitabilidade especial em detrimento de outras marcas que não passaram por esse pareamento.
Depois que um estímulo é condicionado, na associação com um primeiro, para produzir uma reação que
antes não eliciava, o organismo passa a responder a ele e a outros semelhantes. Existe um espectro de
generalização entre estímulos. Estímulos que têm alguma propriedade em comum podem compor uma
mesma classe funcional que elicia o mesmo tipo de reação.
Para ilustrar a generalização de estímulos considere um exemplo em que gritos podem ser estímulos
incondicionados para respostas de susto. 
Imagine pais gritando e assustando um filho na presença de uma barata. Antes, a criança poderia não reagir a
ela, mas, depois desse episódio, passa a sentir medo de barata. 
Como barata se assemelha a besouros e cigarras, a criança também pode se sentir desconfortável diante
desses insetos por generalização, baseada na semelhança física.
Isso também pode ser visto no clássico experimento do pequeno Albert, conduzido por John Watson (1878-
1958), fundador do behaviorismo metodológico. Embora efetivo, esse experimento foi considerado antiético e
abominado pelos cientistas posteriores, que lamentam a negligência do controle ético da época.
Em sua pesquisa, primeiro Watson mostrou um rato branco a um bebê, que brincava tranquilamente com ele.
Em um segundo momento, ele apresentou o mesmo rato e fazia um barulho estridente que assustava a
criança, levando-a a chorar. Após repetir algumas vezes esse pareamento entre barulho e rato, só de
apresentar o animal isso já eliciava crises de choro e medo em Albert.
A partir daí, sob operação da generalização de estímulos, observou-se que a criança também exibia essas
reações na presença de coelhos e gatos brancos, sem nenhum condicionamento adicional com esses outros
animais. Às vezes, não sabemos por que temos medo de coisas com as quais não vivenciamos nenhum
episódio aversivo, mas que podem ser estímulos generalizados a partir de outra experiência de
condicionamento aversivo.
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Atenção!
Em um plano neurofisiológico, uma vez que formou uma relação entre uma neuroatividade que passa a
ocorrer na presença de um evento,somente novas experiências com esses estímulos poderão modificá-la. Se
não ocorrem novas experiências modificadoras, a relação original se mantém estável. Desse modo, uma
relação pode ter sido condicionada na infância e não mudar com a passagem do tempo. A pessoa pode não
se lembrar de suas experiências precoces de condicionamento, mas seus centros neuroativadores da
emoção permanecem condicionados sob controle da estimulação. Não lembrar não anula o princípio
comportamental.
Agora, vamos ver um vídeo que fala sobre o papel da História do sujeito no condicionamento respondente e
analisar o experimento de Watson do “pequeno Albert”.
As diferenças individuais no condicionamento
respondente e o experimento do “pequeno Albert”
Neste vídeo, o especialista analisa o experimento do pequeno Albert e reflete sobre as diferenças individuais
e o papel da história de vida e memórias no condicionamento respondente.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Uma pessoa pode não lembrar ou não saber descrever quando ou como aprendeu um comportamento,
então, é correto afirmar que:
A O fato de não lembrar pode suspender os efeitos do condicionamento.
B
Ainda assim, somente novas experiências com esses estímulos poderão gerar
modificações.
C Especificamente os respondentes dependem das operações cognitivas.
D
Se a pessoa não lembrar, o pareamento funcionará somente parcialmente com a
passagem do tempo.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A pessoa não lembrar não anula a influência dos princípios sobre os comportamentos dela.
Respondentes podem ser condicionados diretamente pela operação do pareamento, sem nenhum tipo
de racionalização. Por último, a opção E apela a mentalismos, sendo rejeitável pela ciência.
E Todas as experiências podem ser lembradas porque estão guardadas no subconsciente.
Questão 2
Sobre as leis que regem os comportamentos respondentes é correto dizer:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Quando um respondente é continuamente eliciado, será potenciado (sensibilização) ou atenuado
(habituação). A opção A descreve a lei da latência; a B define a lei do limiar e a C caracteriza a lei da
intensidade-magnitude. Já a opção D não existe teoricamente.
A
A lei do limiar descreve que quanto maior a intensidade do estímulo, menor o intervalo de
eliciação.
B
A lei da intensidade-magnitude estabelece que um estímulo precisa alcançar uma
intensidade mínima para que a resposta seja eliciada.
C
A lei da latência descreve que a magnitude da resposta é proporcional à intensidade do
estímulo.
D
A lei da cognição emocional estabelece que a qualidade dos pensamentos é fundamental
para um pareamento consistente.
E
Habituação e sensibilização operam quando o organismo é exposto continuamente ao
mesmo estímulo.
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3 - O modelo da contingência operante
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar e intervir nas relações de consequenciação
que modelam os comportamentos manejadores das contingências, bem como em seus fatores
evocativos.
Processos operantes
Vamos tratar agora dos princípios explicativos dos processos operantes, que são as relações de efeitos no
mundo que nossos comportamentos têm.
As relações operantes não são iguais às reflexas. Relações operantes são atividades musculoesqueléticas,
tanto verbais quanto motoras, capazes de gerar mudança no ambiente como consequência de suas
ocorrências. O comportamento operante evolui a partir dos movimentos corporais que a estrutura anatômica
de uma espécie lhe permite. No caso humano, por sermos móveis da ponta da cabeça aos pés, com toda a
nossa articulação corporal nos é possível uma multiplicidade de movimentos que outras espécies não podem
ter.
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Compare-nos com uma tartaruga, por exemplo, cujos únicos movimentos que lhe são possíveis incluem
encapsular-se recolhendo cabeça e patas, além de movê-las unidirecionalmente.
Já nós, podemos variar movimentos abundantemente tal qual expresso em todas as modalidades esportivas,
musicais e artísticas já desenvolvidas, incluindo a construção de objetos aos quais nos acoplamos para
atuar, tais como instrumentos musicais, veículos e máquinas.
Dessa forma, o ser humano alcança uma variabilidade de movimentos muito grande que se tornam suas
habilidades. Uma competência ou inteligência é ter adquirido muitos movimentos e refiná-los para produzir
um efeito específico.
Por exemplo, se aprendi muitos movimentos de basquete para poder evitar que me tirem a bola por meio dos
dribles, avance com ela, faça chegar aos colegas de equipe pelos passes e arremesse na cesta com
suficiente precisão para uma taxa de acertos que exceda significativamente os erros, com isso, exibirei uma
variabilidade refinada de movimentos para deslocamento corporal no espaço. Dessa forma, podemos dizer
que apresento ou exibo uma inteligência cinestésico-espacial, algo que só pode ser declarado por ser capaz
de fazer isso tudo nesse nível de desenvolvimento.
Então, podemos dizer que ninguém inicia seu desempenho em altos níveis de
excelência. As pessoas evoluem e se tornam gradualmente melhores naquilo com o
que se envolvem e para o que se dedicam. Isso significa que vão aprendendo mais
movimentos e com mais precisão para produzir os efeitos.
Agora, veremos alguns conceitos importantes na ciência do comportamento.
A modelagem ocorre quando, a partir de variações dos movimentos e cada uma delas produzindo efeitos
diferentes, aqueles movimentos frustrados por não produzirem nenhum efeito favorável ao indivíduo ou
punidos por produzirem prejuízos vão cessar, enquanto aquelas variações que produzem os efeitos
favoráveis ganharão força e se manterão no repertório, continuando no processo até maior refinamento e
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expansão. Ou seja, quando variações de comportamento produzem reforço e punição, uma seleção por
consequências estará em curso por esses efeitos. Conforme veremos a seguir, temos dois tipos de
modelagem:
Modelagem arbitrária
Ocorre formalmente em ambientes educacionais programados para ensino ou treino, quando o movimento
a ser executado é especificado com instruções e exibições para imitação por alguém, que reforça os
acertos ou pune os erros. Isso evita que fiquemos explorando frustrantemente ou arriscadamente algo
complexo ou perigoso até descobrirmos como atuar ali.
Modelagem natural
Ocorre quando aprendemos sozinhos, ou seja, quando exploramos autonomamente algo e as
consequências dessa exploração aleatória direta selecionam gradualmente os comportamentos que
funcionam para determinados efeitos. Esse é o aprendizado por ensaio e erro.
Agora podemos destacar o conceito de seleção por consequência, o principal pilar das explicações
comportamentalistas.
A seleção por consequência durante a filogênese escolheu os organismos que
tinham genes estruturantes de uma anatomofisiologia cuja responsividade ao
ambiente garantiu sobrevivência ao fugir-esquivar-repelir predadores, obter
alimento, abrigo e parceria sexual para acasalamento e reprodução, transmitindo
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tais genes.
A seleção por consequências do comportamento operante garante a manutenção dos comportamentos que
nos produzem reforço – são doistipos de reforçamento:
Já as punições cessam a atividade, ou resultam em mudança de comportamento ou de ambiente – também
são de dois tipos:
Perceba que positivo e negativo na ciência do comportamento é um termo algébrico (adição e subtração) e
nada tem a ver com juízo de valor.
A extinção é outro processo que ocorre quando há diminuição do comportamento porque ele não é mais
reforçado e não produz mais o efeito esperado.
Reforço positivo, por adição
Para que possamos obter algo de que precisamos quando estamos privados.
Reforço negativo, por subtração
Para que possamos remover algo que nos é aversivo.
Punição positiva, por adição
Produção de danos.
Punição negativa, por subtração
Perda de benefícios.
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Saiba mais
Ao longo da vida, sem que possamos perceber e de forma inconsciente (não que fique de fato armazenado
em um local chamado inconsciente), isso vai modelando todo o nosso repertório que hoje exibimos, mesmo
nos casos de um quadro patológico.
Princípios operantes e controle por estímulos
consequentes
O que são esquemas de reforçamento?
Nossa história de vida é repleta de experiências não programadas (naturais) e programadas (artificiais ou
arbitrárias) que modelam nossos comportamentos. Em ambos os casos acontecem esquemas de
reforçamento, mas, afinal, o que são esses esquemas?
Resposta
São diferentes maneiras pelas quais o comportamento humano é reforçado. Aqueles que são reforçados
todas as vezes que acontecem são chamados de esquemas de reforçamento contínuo. Por exemplo, tocar
na tela do celular ou em um aplicativo e ele abrir; apertar o interruptor de luz e ela acender ou apagar; abrir ou
fechar a torneira e a água cair ou cessar. São efeitos imediatos seguidos dos nossos comportamentos. Há
muitas relações comportamentais de reforço contínuo em que cada movimento produzirá um efeito.
Mas nem sempre é assim. Muitas vezes a gente faz e tem que continuar fazendo se quiser ver o efeito
acontecer. Quanto mais nos desenvolvemos em diferentes experiências de reforço intermitente, em que a
intermitência vai aumentando, mais tolerantes à frustração e perseverantes nos tornamos, pois aprendemos
que é preciso continuar se esforçando para que os efeitos desejados ocorram.
Quando temos uma educação que ensina gradualmente a aumentar a intensidade,
frequência, duração ou velocidade do comportamento (suas unidades de medida),
formamos um indivíduo perseverante, motivado, dedicado, responsável.
Se a educação é baseada em reforço contínuo, em que um indivíduo é provido prontamente com pouca ou
nenhuma emissão comportamental para produzir o resultado que espera, ele se torna “mimado”, intolerante à
frustração, impulsivo, procrastinador. Todos os rótulos que identificam a personalidade são tipos de
comportamento humano que se formaram à luz de um histórico de reforçamento contínuo ou intermitente.
Esquemas intermitentes podem acontecer de diferentes maneiras dependendo do comportamento. Veja a
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seguir os tipos existentes:
Esquema intermitente de razão �xa
É quando existe reforçamento por quantidade �xa
Por exemplo: “só quando terminar cinco páginas de leitura poderá sair para brincar.”
Esquema intermitente de razão variável
É quando existe reforçamento por quantidade variável
Por exemplo: um vendedor que aborda clientes, mas a ocorrência de venda se dá
aleatoriamente
Esquema intermitente de intervalo �xo
É quando ocorre por passagem de tempo �xa
Por exemplo: como o salário recebido ao final de cada mês independentemente da quantidade
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Então, os esquemas variáveis, tanto de reforço por quantidade (razão) quanto por passagem de tempo
(intervalo) são mais interessantes na manutenção dos comportamentos.
Se tivermos que programar uma formação, um ensino de comportamentos, a regra
é: reforço contínuo no início para modelar em pequenos passos o progresso e
desenvolver o comportamento, seguido por aumento da intermitência para tornar
perseverante.
O uso da punição
Por exemplo: como o salário recebido ao final de cada mês, independentemente, da quantidade
de trabalho, esforço ou resultado produzido.
Esquema intermitente de intervalo variável
É quando ocorre por passagem de tempo variável
Por exemplo: as provas surpresas, em que não se sabe quando vão acontecer, mantendo o
indivíduo estudando.
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No que se refere à punição, sabemos que ela foi muito estudada na análise do comportamento para mostrar
seus efeitos colaterais nocivos e podermos propor métodos alternativos substitutivos. Tanto nas empresas,
que são muito coercitivas e ameaçam de descontos ou demissão seus funcionários; como na educação, em
que professores ameaçam de reprovação por falta ou desempenho seus estudantes; nas políticas públicas
que coagem a população por confisco, trabalho forçado ou prisão; quanto na própria disciplina doméstica, em
que os cuidadores ameaçam bater, ou colocar de castigo, ou remover benefícios.
Por que a punição é tão utilizada?
Resposta
Primeiro, pelo seu efeito imediato. Como é muita aversiva, o indivíduo tende a variar rapidamente o
comportamento para fugir dela. Segundo, porque o reforço positivo para ser usado na modelagem requer
tempo, planejamento das etapas do desenvolvimento comportamental para reforçar aproximações
sucessivas e as pessoas ignoram como fazer isso ou lhes dá muito trabalho manejá-lo. Terceiro, porque para
o reforço funcionar, o indivíduo precisa estar privado dele, e a punição não requer privação.
Por que, então, usar reforçamento?
Resposta
Porque o indivíduo vai querer o reforço que, eliciando prazer pareado com a atividade, faz com que ele passe
a gostar da atividade também, bem como do ambiente que o elogia, troca afeto e premia. E aí podemos
discutir que tipo de reforçador devemos usar para não gerar problemas também, já que alguns podem
produzir armadilhas de reforço.
Armadilhas de reforço ocorrem quando um reforçador é imediatamente bom para o indivíduo por ser
prazeroso, lhe favorecer de alguma forma ou evitar um estressor; porém, se continuar a produzi-lo, pode lhe
trazer danos colaterais a longo prazo, tornando-se autodestrutivo. Por exemplo, as comidas industrializadas e
feitas por gourmets que dão prazer intenso, e que quanto mais comemos, mais tendemos ao colesterol e à
pressão arterial altos, à obesidade, a problemas cardíacos e até mesmo ao câncer. Outro exemplo são as
drogas, cujo efeito imediato sensorial pode ser prazeroso ou entorpecente de certas dores, mas que, a longo
prazo, a dessensibilização para a substância eleva a tolerância e requer aumentar a dose até um ponto de
overdose e destruição da fisiologia.
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A análise do comportamento mostra todos esses efeitos para sabermos o que fazer e planejar bem nosso
trabalho. Quais são ótimos para cada fase da vida e como devem ser administrados em termos de
continuidade e intermitência para substituir a punição e a armadilha de reforço por reforçadores e esquemas
de reforçamento interessantes durante o desenvolvimento.
Os efeitos da punição incluem:
1. Eliciação de respondentes emocionais aversivos nocivos aos indivíduos;
2. Condicionamento emocional aversivo de medo, raiva, nojo ao agente punitivo (pais, professores,
chefes) e local onde a punição ocorre (casa, escola, empresa);
3. Supressão da cadeia ou classe comportamental relacionada ao punido (parar de brincar quandosó
queríamos que guardasse os brinquedos);
4. Respostas de reação ao controle coercitivo chamadas de contracontrole (retaliação, boicote, fugas-
esquivas, greves, revoltas), tentando se afastar ou equilibrar o poder punitivo.
Controle do comportamento operante e estímulos
antecedentes
Enquanto os estímulos antecedentes dos respondentes os disparam obrigatoriamente, nos operantes, a
seleção por consequências punitivas e reforçadoras que foram modelando e dando forma ao
comportamento, quando ocorrem apenas em certos contextos, tornam-no ocasião exclusiva para tal
comportamento, convertendo-o provável. Em outras palavras, se um comportamento é reforçado apenas no
contexto X, sendo frustrado ou punido em qualquer outro, o contexto ou alguma propriedade dele o evocará.
Dessa forma, aprendemos a emiti-lo apenas nessa circunstância X, somente no contato com essa
estimulação.
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Você já deve ter ouvido o relato de muitos pais e mães dizendo não saber o que acontece com o filho que é
obediente ao outro genitor, mas não com eles. Será que a criança nasceu geneticamente responsiva dessa
forma a certas pessoas do seu mundo?Provavelmente isso acontece porque pai e mãe, quando dão suas
instruções, o fazem de maneiras distintas e, quando a criança segue ou não suas instruções, eles a
consequenciam de maneiras distintas também (se é que uma dessas partes consequencia, pois isso nem
sempre ocorre).
Então, o que acontece nesse processo é que, se uma das partes prevê consequências que não aplica,
cedendo, inclusive, aos desafios e enfrentamentos da criança, isso não se converte em um contexto para o
seguimento de regras dali provenientes. Do mesmo jeito, se alguém dá instruções olhando nos olhos, de
maneira firme, inteligível, com previsão de consequências aplicáveis e efetivadas, reforçando ou punindo de
forma eficaz a criança caso ela não siga as instruções, então, essa pessoa se converte numa autoridade, ou
seja, passa a ser contexto para obediência.
Atenção!
Esse conceito de contexto que passa a evocar comportamento de um jeito que outro não evoca é o que
chamamos de controle por estímulo discriminativo. O ambiente no qual um comportamento quando ocorre é
reforçado ou quando não ocorre é punido passa a exercer controle sobre a emissão desse comportamento.
Isso não acontece por uma relação de obrigação, como é a eliciação dos reflexos, mas, sim, por uma relação
de consequenciação histórica. Claro que, nesse sentido, como não é uma relação obrigatória, se as
consequências mudarem, um indivíduo pode não responder mais naquele ambiente. Então, as consequências
é que “mandam” na relação comportamental operante.
Controle discriminativo sobre o comportamento operante acontece todo o tempo, em diferentes ocasiões.
Por exemplo, sob o efeito do contexto “sala de aula”, um professor se veste formalmente, aborda assuntos da
disciplina, usa uma linguagem técnica da área, coisas que não faria se estivesse no contexto “praia com
amigos”. Sendo um outro contexto, o comportamento formado para ele é outro. Por isso nós temos uma
variabilidade comportamental, não só para produzir efeitos, mas para diferentes relações com pessoas e
instituições.
Essa é a história da variabilidade repertorial contextual: amplos repertórios para
cada contexto existencial, formando a abundância das relações comportamentais,
que de outra maneira seriam inexplicáveis, mas agora são entendidos à luz desse
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q p , g
processo de interação e seleção por consequência.
Além dos eventos ambientais externos, temos o contexto orgânico dos indivíduos. Para onde quer que
formos, nossa organicidade vai conosco e o que acontece no organismo é contexto para muitos dos nossos
comportamentos.
Operações estabelecedoras são variáveis orgânicas derivadas da estimulação aversiva a remover remover
(sensações, emoções, estados fisiológicos) e privações a atender (fome, sede, carência afetivas).
Então, quanto maior a privação ou aversão, maior a motivação para obter um efeito
reforçador que a atenda ou remova, respectivamente, e de buscar contextos em que
possam ser produzidos. Por exemplo, privados de convívio com alguém que
amamos, maior é a saudade e a motivação para ligar e visitar a pessoa.
O conceito de operações motivadoras na Psicologia Comportamental mostra que quanto mais exposto a
uma situação aversiva, maior o valor do reforço que a remove, e quanto maior a privação de alguma coisa,
maior o valor do reforço que a atende. Essas operações não só aumentam o valor do reforçamento, mas
também eliciam as emoções ligadas à privação e à estimulação aversiva. Além disso, elas movem o indivíduo
na direção do contexto discriminativo, do ambiente onde ele possa acessar o reforço, assim como aumentam
a capacidade evocativa do contexto, deixando-nos mais sensíveis aos estímulos discriminativos que
sinalizam a oportunidade a produzir o reforçamento.
Re�exão
Por tudo isso, as operações estabelecedoras são um poderoso gradiente de análise de comportamentos. As
pessoas às vezes fazem coisas de um jeito estranho e em um contexto impróprio porque estão movidas por
um estado corporal orgânico derivado de alguma condição aversiva ou de privação que se encontram. Não
obstante a invisibilidade dessas variáveis, o comportamento ocorre para atender a esses estados. Sem o
conhecimento dessa variável, não sabemos por que as pessoas querem algo, por que aquilo é importante
naquele dado momento, por que estão agindo de determinada maneira naquela situação.
Por fim, outra variável antecedente são as regras. Um último estímulo antecedente do comportamento
operante é o estímulo discriminativo verbal ou regra, que são as instruções.
Muitas vezes as instruções são públicas (uma placa de proibido fumar), mas, se você condicionou a regra de
que é proibido fumar em ambientes fechados, ao entrar em um deles, por mais que seja fumante,
provavelmente inibirá esse comportamento ou irá buscar um ambiente aberto em que possa fazer isso.
Porque, tendo condicionado uma regra para um contexto, seu comportamento estará sob controle dela.
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Os contextos discriminativos passam a evocar privadamente os condicionamentos verbais, ou seja, os
conceitos aprendidos de um indivíduo. O controle por regras é o que explica a formação de conceitos e o
controle exercido por eles sobre os nossos comportamentos. Formamos conceitos sobre os eventos e sobre
como agir em relação a eles. Assim, lemos, percebemos e interpretamos as situações à luz dessas regras, e
elas muitas vezes descrevem normas de conduta que orientam sobre qual ação emitir (“tenho que”, “não
posso”).
Saiba mais
Nesse sentido, podemos estar governados por conceitos falaciosos, que é o que chamamos de distorções
cognitivas. Muitas psicopatologias exibem interpretações baseadas em conceitos formados em experiências
prévias e que são aplicadas à experiência atual, quando poderiam ter outra leitura. Então, ao entrar em
contato com determinado ambiente, os processos privados de pensar, interpretar e raciocinar, que são
verbalizações privadas derivadas de conceitos condicionados, podem governar.
Na avaliação e escolha de intervenções, precisaremos considerar a indução direta do contexto, das regras
para ele condicionadas e dos estados corporais derivados das privações e aversões. A depender da variável
que esteja evocando o comportamento operante, haverá uma direção de trabalho ou tratamento diferente e
também um olhar sobre as consequências que estão sendo produzidas, ainda que punindo o indivíduo, mas
mantendo o comportamento, mesmo numa armadilha de danos a longo prazo.
Agora, veremos

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