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capitulo-02 (1)

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Prévia do material em texto

As Políticas Sociais e os 
Movimentos Sociais
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação
Nara Pires
Pró-Reitoria de Programas de Graduação
Lívia Maria Figueiredo Lacerda
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: João Vitor Bitencourt
1ª Edição
Copyright © 2020, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por 
fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio.
Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária
Carlos de Oliveira Varella
Núcleo de Educação a Distância (NEAD)
Márcia Loch
Sumário
As Políticas Sociais e os Movimentos Sociais
Para início de conversa… .................................................................. 04
Objetivos .......................................................................................... 05
1. O Surgimento dos Movimentos Sociais e as Correntes Teóricas ... 06
2. As Manifestações Ideopolíticas e Socioculturais dos Movimentos 
 Sociais ............................................................................... 11
3. A Relação entre Políticas Sociais e Movimentos Sociais ............. 15
Referências ....................................................................................... 20
4 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
Para início de conversa…
	Tanto	os	movimentos	 sociais	 como	as	políticas	 sociais	 são	 alvos	de	
inúmeros	debates	e	divergências	na	cena	atual.	Esses	dois	fenômenos	vivenciam	
por	um	lado	desafios,	tendo	em	vista	o	questionamento	das	suas	relevâncias	
para	a	sociedade,	e,	por	outro,	a	identidade	de	extrema	importância,	tendo	
por	conta,	as	suas	histórias	e	modificações	societárias.	
Nessa	 lógica,	 deve-se	 trazer	 à	 tona	 o	 surgimento	 dos	 movimentos	
sociais	e	as	suas	principais	correntes	teóricas,	as	manifestações	ideopolíticas	e	
socioculturais	dos	movimentos	sociais	contemporâneos,	assim	como	a	relação	
entre	políticas	sociais	e	movimentos	sociais:	mostrando	as	suas	particularidades	
e	afinidades.	
5Políticas Sociais e Movimentos Sociais
Objetivos
	▪ Compreender	o	surgimento	dos	movimentos	sociais	e	as	correntes	
teóricas.
	▪ Compreender	 as	manifestações	 ideopolíticas	 e	 socioculturais	dos	
movimentos	sociais.
	▪ Analisar	a	relação	entre	políticas	sociais	e	movimentos	sociais.
6 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
1. O Surgimento dos Movimentos Sociais e as 
Correntes Teóricas
Pensar	 os	 movimentos	 sociais	 traz,	 costumeiramente,	 os	 seguintes	
questionamentos:	afinal,	o	que	são	movimentos	sociais?	Qual	a	história	desses	
movimentos	no	Brasil	e	no	mundo?	Quais	as	suas	finalidades?		
Os	 movimentos	 da	 sociedade	 sempre	 foram	 um	 fator	 decisivo	 na	
história	 humana.	 Promovendo	 um	 resgate	 histórico,	 vê-se	 que	 há	 estudos	
que	analisam		a	existência	de	movimentos	organizados		nos	tempos	de	Jesus	
Cristo,	é	o	caso	das	ideias	promovidas	François	Houtart,	sociólogo	marxista	
belga	e	sacerdote	católico.	
Neste estudo, não nos aprofundaremos no tema dos movimentos sociais e religiosidade. Traz-
se esse exemplo especialmente para demonstrar a profundidade que pode ser resgatada em 
torno do debate de reivindicações populares e causas coletivas. Deve-se lembrar que o tema 
Movimento Sociais é hegemonicamente analisado/visto a partir do século XX.
Em	sua	obra	Sociologia da Religião	(1994),	François	Houtart	relaciona	
as	causas	populares	com	a	antiga	capacidade	humana	de	se	organizar	e	impor	
exigências.
Figura 1: Cristo carregando a cruz - 1526. Óleo sobre tela, Museu do Louvre, Paris. Jesus Cristo é visto, sob a análise de 
muitos pesquisadores e ativistas, como Libertador, no tocante ao lado espiritual do “homem” na relação com a participação 
cidadã. Fonte: Wikimedia.
Importante
7Políticas Sociais e Movimentos Sociais
É	 importante,	 no	 entanto,	 elevar	 o	 debate	 sobre	 este	 tema	 para	
o	 cenário	 contemporâneo,	 tendo	 em	 vista	 que	 são	 escassos	 os	 estudos	 e	
os	 levantamentos	 sobre	 movimentos	 sociais	 e	 formas	 de	 organizações	
coletivas	na	Antiguidade.	Através	de	Gohn	(2011,	p.326),	pode-se	partir	do	
questionamento	sobre	o que é o movimento social,	conforme	as	abordagens	
científicas	atuais:
Na	realidade	histórica,	os	movimentos	sempre	existiram,	e	cremos	
que	 sempre	 existirão.	 Isso	 porque	 representam	 forças	 sociais	
organizadas,	aglutinam	as	pessoas	não	como	força-tarefa	de	ordem	
numérica,	mas	como	campo	de	atividades	e	experimentação	social,	
e	essas	atividades	são	fontes	geradoras	de	criatividade	e	 inovações	
socioculturais.	(GOHN,	2011,	p.326)
Refletir	 acerca	 do	 surgimento	 dos	 movimentos	 remete	 a	 entendê-
los	 como	 “sujeitos	 históricos	 coletivos”,	 protagonistas	 de	 experiências	 de	
organização	e	mobilização	em	diferentes	períodos	de	conflitos	e	necessidades,	
especialmente,	 com	 a	 finalidade	 de	 buscar	 “reconhecimento	 social”.	 Até	 o	
início	do	século	XX,	o	conceito	de	movimentos	sociais	contemplava	apenas	a	
organização	e	a	ação	dos	trabalhadores	em	sindicatos,	mas	com	a	progressiva	
delimitação	 desse	 campo	 de	 estudo	 pelas	 Ciências	 Sociais,	 as	 definições	
assumiram	uma	consistência	teórica	mais	ampla,	onde	os	mais	variados	tipos	
de	ação	coletiva	são	classificados	como	movimentos	sociais.
Partindo	do	pressupostos	de	um	movimento	histórico,	o	sindicalismo	
manifesta-se	 como	 um	 movimento	 social	 pioneiro,	 de	 associação	 de	
trabalhadores	assalariados	com	a	finalidade	de	promover	a	proteção	dos	seus	
interesses.	 O	 sindicalismo	 no	 Brasil	 e	 no	mundo	 tem	 as	 suas	 origens	 no	
modo	de	produção	capitalista,	com	seu	início	marcado	na	Europa	medieval	
do	 século	 XVIII,	 durante	 a	 Revolução	 Industrial	 na	 Inglaterra.	 Surgiram,	
especialmente,	para	tensionar	a	 luta	pelos	 interesses	dos	assalariados	diante	
dos	patrões	e	chefes,	isso	em	decorrência	do	grande	crescimento	do	número	
de	máquinas	que	substituíram	a	produção	artesanal	e	manufatureira	na	época.	
Maria	 da	 Glória	Marcondes	 Gohn	 (2008),	 em	 sua	 obra	Novas teorias dos 
movimentos sociais,	 faz	um	histórico	das	teorias	clássicas	das	ações	coletivas	
8 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
e	 aponta	 que	 foi	Lorenz	Von	 Stein,	 em	 1842,	 o	 primeiro	 autor	 a	 utilizar	
o	 termo	 “movimento	 social”,	 pois	 sentiu	 a	 necessidade	 de	 uma	 ciência	 da	
sociedade	para	estudar	o	socialismo	emergente	na	França.	(VARCELLI	apud	
GOHN,	2008).		
O	 desenvolvimento	 da	 indústria	 aconteceu	 de	 forma	 acirrada	 e	
avassaladora	 para	 a	 época,	 provocando	 drásticas	 transformações	 no	mundo	
do	trabalho	e	nas	relações	sociais	e	de	produção.	Ao	mesmo	tempo	em	que	
se	ampliou	o	consumo	e	se	abriram	novas	fronteiras	nos	setores	da	economia	
na	 Europa,	 também	 ocorreu	 o	 aumento	 da	 quantidade	 de	 assalariados,	 a	
exploração	da	grande	massa	da	população,	o	grande	número	de	desempregados	
(as)	e	as	formas	precárias	de	trabalho.	É	válida	a	reflexão	de	Borges	(2006,	
p.1)	sobre	a	origem	e	o	papel	dos	sindicatos,	segundo	ele:
Desde	 a	 divisão	 da	 sociedade	 em	 classes,	 após	 a	 superação	 da	
comuna	 primitiva,	 a	 história	 das	 sociedades	 é	marcada	 pela	 luta	
entre	explorados	e	exploradores[...]	O	Sindicato,	objeto	de	nosso	
estudo,	é	um	fenômeno	típico	desse	sistema.	Ele	só	surge	no	modo	
de	produção	capitalista.	A	palavra	surge	do	francês	-	 syndic	-	que	
significa	“representante	de	uma	determinada	comunidade”.	Essa	é	
a	 lógica	 do	 sistema,	 em	 que	 a	 concorrência	 leva	 os	 empresários	
a	 uma	 incessante	 busca	 por	maiores	 lucros	 -	 com	 a	 redução	dos	
custos	operacionais	e	a	elevação	da	produtividade.	Por	sua	vez,	os	
trabalhadores	 têm	a	necessidade	de	 lutar	por	 condições	humanas	
de	 trabalho.	 Nessa	 luta,	 o	 operariado	 conta	 com	 a	 vantagem	 de	
se	 constituir	 em	 grande	 quantidade.Para	 cumprir	 esse	 papel,	 os	
sindicatos	se	tornam	centros	organizadores	dos	assalariados,	focos	
de	resistência	à	exploração	capitalista.	(BORGES,	2006,	p.1)
Percebe-se,	portanto,	a	ideia	de	movimento	social	na	atualidade	está	
intimamente	vinculada	ao	desenvolvimento	dos	sindicatos,	que	na	causa	tem	
a	marca	da	luta	de	classes	em	decorrência	do	desenvolvimento	da	sociedade	
capitalista	que	acentua	os	antagonismos	nos	interesses	de	cada	grupo	social.	
Inicialmente,	 os	 sindicatos	 congregam	 os	 operários	 e	 trabalhadores	 das	
fábricas	e	oficinas	visando	enfrentar	a	diversidade	e	a	desigualdade	no	trabalho	
9Políticas Sociais e Movimentos Sociais
cotidiano.	No	entanto,	posteriormente,	esse	movimento	social	se	complexifica	
junto	à	evolução	do	modo	de	produção	e	a	maior	amplitude	da	indústria	e	
dos	seus	requerimentos	no	tocante	ao	trabalho	assalariado,	se	generalizando	e	
alcançando	novos	setores	econômicos.	
Sobre	 as	 correntes	 teóricas	 que	 produzem	 conhecimento	 a	 respeito	
dos	movimentos	sociais,	ressalta-se	que	se	encontram	em	especial	em	torno	
de	abordagens	sociológicas	e	das	ciências	humanas.	Abaixo,	destaca-se	alguns	
núcleos	teóricos	importantes	acerca	do	surgimento	dos	movimentos	sociais.	
Traz-se,	de	forma	sintetizada,	correntes	teóricas	sobre	o	tema,	resumidas	com	
a	finalidade	de	apresentar	um	material	de	fácil	compreensão	teórica.	
A	 teoria da mobilização de recursos	 tem	 como	 tese	 principal	 os	
recursos	como	elemento	fundamental	para	o	desenvolvimento	e	a	existência	de	
um	movimento	social.	Questões	como	os	recursos	humanos	e	de	infraestrutura	
são	de	fundamental	importância	para	a	existência,	por	exemplo,	dos	sindicatos	
e/ou	outros	movimentos	e	associações	que	promovem	captações	de	recursos.	
Nessa	teoria	valoriza-se	a	geração	e	captação	de	valores	financeiros,	materiais	
e	 técnicos	 necessários	 à	 viabilização	 das	 finalidades	 de	 uma	 organização.	
Tem	como	principais	 teóricos	 e	 adeptos	 Joseph	McCarthy	 (político	norte-
americano)	e	Mancur	Olson	(economista	e	cientista	social).	
A	teoria do processo político ou das oportunidades políticas é	aquela	
que	 investe	 em	uma	 teoria	da	mobilização	política	 acerca	dos	movimentos	
sociais.	Supõe	que	a	coordenação	dentre	os	potenciais	ativistas	é	crucial	para	
produzir	 um	 ator	 coletivo,	mas	 os	 agentes	 coletivos	 não	 são	 preexistentes	
e	 a	 coordenação	 depende	 de	 solidariedade,	 isto	 é,	 da	 combinação	 entre	 o	
pertencimento	 a	uma	categoria	 e	 a	densidade	das	 redes	 interpessoais.	Tem	
como	 principais	 representantes	 Sidney	 Tarrow	 e	 Charles	 Tilly,	 ambos	
cientistas	políticos	estadunidenses.	
A	 teoria marxista na análise dos movimentos sociais	 tem	 como	
principais	representantes	Karl	Marx,	Eric	Hobsbawm,	Edward	T.	Thompson,	
entre	outros.	A	contribuição	das	ideias	marxistas	foi	fundamental	na	história	
dos	 movimentos	 sociais,	 contudo,	 na	 primazia	 à	 libertação	 de	 classes.	
10 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
Inicialmente,	as	ideias	de	Karl	Marx	contribuíram	para	o	movimento	crítico	
e	a	organização	operária	e	de	classe,	posteriormente	influenciando	a	análise	
de	outros	autores	do	tema.	Com	as	mudanças	sociais	e	no	modo	de	produção	
capitalista	 (como	 a	 globalização,	 o	 desenvolvimento	 organizacional	 nas	
indústrias	e	fábricas	e	a	financeirização)	alguns	marxistas	darão	continuidade	
na	 produção	 do	 conhecimento	 científico	 acerca	 desse	 tema.	A	 análise	 dos	
movimentos	sociais	sob	o	prisma	do	marxismo	refere-se	a	processos	de	lutas	
sociais	 voltadas	para	 a	 transformação	das	 condições	 existentes	na	 realidade	
social,	não	se	trata	do	estudo	das	revoluções	em	si,	também	tratado	por	Marx	
e	alguns	marxistas,	mas	do	processo	de	luta	histórica	das	classes	e	camadas	
sociais	em	situação	de	subordinação.
A teoria dos novos movimentos sociais	 tem	 um	 conjunto	 de	
representantes	 e	 caracteriza-se	 por	 ser	 mais	 diversificada	 em	 suas	 teses,	
apontando	em	especial	a	negação	do	marxismo	em	detrimento	da	sociedade	
cultural	 moderna	 capitalista.	 Destaca-se	 o	 surgimento	 de	 termos	 como	
“cultura”,	 “identidade”,	 “imaginário”,	 “pluralidade”	 etc.	O	paradigma	dos	
Novos	Movimentos	Sociais	parte	da	explicações	mais	conjunturais,	localizadas	
em	 âmbito	 político	 ou	 dos	 microprocessos	 da	 vida	 cotidiana	 (GOHN,	
1997,	 p.8).	 Em	 contraposição	 ao	 seu	 surgimento,	 presencia-se	 diversas	
críticas	 a	 essa	 corrente	 teórica,	 destacando	 contudo	 que	 essa	 abordagem	
é	 emblemática,	 pois	 suas	 bases	 teórico-metodológicas	 não	 possuem	uma	
estruturada	 fundamentação	 científica,	 apresentando-se	 como	 insolúvel,		
pois	os	“novos	movimentos	sociais”	não	são	tão	novos	apesar	de	trazer	para	
o	 centro	 do	 debate	 	 categorias	 sociais	 como	 autonomia	 e	 identidade	 no	
bojo	da	sociedade	civil	(traz-se,	como	exemplo,	“novos”	movimentos	como	
negros,	 gays,	 ambientalistas,	 ruralistas,	 feministas,	 pacifistas,	 veganistas,	
imigrantes,	entre	outros).	
11Políticas Sociais e Movimentos Sociais
2. As Manifestações Ideopolíticas e Socioculturais 
dos Movimentos Sociais
Figura 2: Sindicato francês do Comércio - CFTC, em Paris, 23 de setembro. Fonte: Dreamstime.
	
Os	movimentos	sociais	se	tornaram	de	fundamental	importância	para	
a	 sociedade	 civil	 enquanto	 meio	 de	 manifestação.	 Os	 grupos	 organizados	
vêm	procurando	alcançar	diferentes	objetivos	a	partir	de	valores	e	ideologias	
particulares.	 Tratou-se	 do	 exemplo	 dos	 Sindicatos,	 como	 demonstra	 a	
imagem	 acima,	 movimento	 social	 que	 marca	 as	 raízes	 da	 organização	 de	
grupos	no	cenário	moderno	do	sistema	capitalista.	Percebe-se,	por	meio	das	
análises	 do	 subcapítulo	 anterior,	 que	 esse	movimento	 social	 se	 caracteriza	
12 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
pela	 identidade	 de	 classe	 social.	 Logo	 abaixo,	 seguem	 duas	 reflexões	 que	
possibilitam	apreender	a	importância	da	dimensão	de	classe	social	no	interior	
desse	movimento	social	pioneiro	-	Sindicato.	
“Mudanças na sociedade ocorrem a partir da ebulição dos movimentos sociais: 
contra o capital e o Estado”. (Karl Marx)
“Movimentos sociais são a ação conflitante de agentes das classes sociais, 
lutando pelo controle do sistema de ação histórica”. (Alain Touraine)
Vê-se,	 portanto,	 que	 essa	 dimensão	 se	 manifesta	 no	 interior	 da	
organização	 coletiva	 dos	 sujeitos,	 intervindo	 de	 forma	mais	 acentuada,	 no	
que	 tange	 às	 condições	 de	 vida	 e	 de	 trabalho	 de	 grupos	 estruturados	 da	
classe	trabalhadora,	que	se	obriga	a	vender	a	sua	força	de	trabalho	na	divisão	
sociotécnica	do	trabalho,	em	termos	marxistas	de	análise.	A	divisão	social	do	
trabalho	é,	aparentemente,	inerente	uma	característica	do	trabalho	humano,	
tão	 logo,	 ele	 se	 converte	 em	 trabalho	 social,	 isto	 é,	 trabalho	executado	na	
sociedade	e	por	meio	dela.	É	importante	destacar	esse	termo/expressão,	tendo	
em	vista	que	os	movimentos	sociais	desenvolvem-se,	em	especial,	no	interior	
dos	conflitos	resultantes	da	relação	capital/trabalho	na	sociedade	capitalista,	
visando	 especialmente	 produzir	 respostas	 às	 desigualdades	 sociais,	 étnico/
raciais,	de	gênero,	entre	outras.
Nesse	 sentido,	 vale	 ressaltar	 que	 esses	 movimentos	 clássicos,	
tradicionais,	como	os	sindicatos,	trabalham	com	demandas	negociáveis,	Marx	
defende,	por	exemplo,	que	o	ponto	de	vista	de	que	todas	as	formas	de	luta	
e	de	 experiências	 embrionárias	 -	 como	das	organizações	 sindicais	 -	devem	
ser	 recuperadas,	 precisamente	 pelo	 sentido	 geral	 de	 conteúdo	 político	 e	
revolucionário	que	indicam.
No	 entanto,	 especialmente	 a	 partir	 do	 século	 passado,	 surgiu	 uma	
complexidade	 evidenciada	 em	 diferenças	 e	 necessidades	 que	 mostram	 a	
importância	de	se	resgatar	esse	tema,	a	observar	o	desenvolvimento	dos	novos	
movimentos	sociais,	que	remetem	a	explicações	mais	identitárias,	subjetivas	
e	recortadas	politicamente.	O	século	XX	foi	agitado,	por	um	lado	dramático	
e	por	outro	importante.	Vivenciaram-se	duasgrandes	guerras	mundiais,	um	
período	tenso	de	Guerra	Fria,		acirradas	mudanças	na	organização	do	trabalho	
e	 na	 economia	 internacional,	 a	 globalização	 e	 a	 comunicação	 em	 rede,	 ao	
13Políticas Sociais e Movimentos Sociais
mesmo	 tempo	 conquistas	 sociais	 e	 constitucionais.	 Nesse	 século,	 alguns	
movimentos	 sociais	construíram	projetos	bem	demarcados	na	história,	nos	
quais	 se	 observa	 com	nitidez	 seus	 pressupostos,	 suas	 reivindicações	 e	 suas	
propostas,	vistas	em	grande	parte	em	um	“universo	dos	processos	de	interação	
social	dentro	da	“teorias	do	conflito	e	mudança	social”.	
O conceito “novos movimentos sociais” supõe diferenças em relação aos movimentos sociais 
tradicionais. O movimento operário era um movimento social por excelência, de modo que 
a noção de movimento social estava vinculada à condição de classe operária e à luta entre 
capital e trabalho. Há a eclosão dos chamados novos movimentos sociais nos anos 1960. 
Pode-se dizer que eles se vinculam mais a demandas culturais e identitárias, muitas vezes, 
são analisados como distantes e apartados da contradição capital-trabalho.
Temos,	 portanto,	 experiências	 críticas	 e	 participativas	 dos	 sujeitos	
envolvidos	em	lutas	históricas	por	seus	direitos	identitários	e	subjetivos.	Do	
mesmo	modo,	conjunturais	e	coletivos	no	sentido	político.
Movimento Negro: É	um	importante	movimento	social	que	marca	
a	 cena	 contemporânea.	Duas	 raízes	 estão	 no	 enfrentamento	 à	 exploração	
escravagista	dos	séculos	passados,	culminando	na	luta	contra	o	preconceito	
e	 a	desigualdade	 social,	heranças	das	políticas	 escravocratas.	Ganha	 força	
e	 identidade,	 sobretudo,	com	o	movimento	dos	direitos	civis	americanos,	
contra	 a	 segregação	 racial	 e	 a	discriminação	no	Sul	dos	Estados	Unidos,	
na	 década	 de	 1950.	 Foi	 centrado	 em	 demandas	 dos	 negros	 contra	 as	
discriminações	 raciais	 existentes	 nas	 relações	 cotidianas,	 nas	 instituições,	
nas	 leis	 etc.	Pode-se	 trazer	 como	 exemplos,	 a	 importância	 da	 resistência	
Quilombola	no	Brasil,	Zumbi	dos	Palmares,	Nelson	Mandela,	assim	como	
o	Movimento	 Negro	 estadunidense	 nas	 figuras	 de	Malcom	 X	 e	Martin	
Luther	King.
Movimento Estudantil: Possui	 uma	 formação	 mais	 plural	 no	
tocante	 às	 suas	pautas	 e	demandas	 sociais.	O	ativismo	estudantil	 é	quase	
tão	 antigo	quanto	 as	 próprias	 universidades	 e	 instituições	 educacionais	 e	
estão	à	frente	de	inúmeras	bandeiras	ativistas.	Vinculam-se	tanto	no	debate	
interno	 (na	melhoria	 das	 condições	 do	 corpo	 estudantil	 e	 das	 demandas	
Curiosidade
14 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
educacionais)	 como	no	 debate	 externo	 (na	 luta	 às	 condições	 de	 injustiça	
social	e	desigualdades	de	classe,	raça/etnia,	gênero	etc.)	reivindicando	mais	
direitos	e	mudanças	na	estrutura	da	sociedade.	Os	movimentos	estudantis	
brasileiros	tiveram	importante	presença	em	experiências	como	Diretas	Já,	
Caras-Pintadas,	entre	outros.	
Movimento de Mulheres: Vincula-se	 intimamente	 ao	 feminismo	
contemporâneo.	O	movimento	feminista	data	de	diferentes	épocas,	conhecidas	
por	“ondas	feministas”.	Estudiosos	do	tema	referem	a	sua	origem	no	século	
XVIII,	especificamente,	no	Iluminismo,	no	entanto,	é	na	contemporaneidade,	
contudo,	a	partir	da	segunda	metade	da	década	de	1960	nos	Estados	Unidos	
da	 América,	 que	 adquiriu	 intensidade.	 As	 suas	 reivindicações	 ligam-se	 à	
“libertação”	 da	 mulher,	 contemplando	 demandas	 como:	 os	 direitos	 legais	
da	mulher,	 a	 igualdade	de	 gênero,	 o	 enfrentamento	 às	 discriminações	 etc.	
Como	exemplos	de	mulheres	que	influenciaram	as	lutas	feministas,	podemos	
destacar	nomes	como	Dandara,	Nísia	Floresta,	Simone	de	Beauvoir	e	Maria	
da	Penha.	
Movimento Ambientalista: Conhecido	 por	 ambientalismo	 e/ou	
movimento	ecológico,	data	do	século	passado,	em	especial,	com	o	advento	do	
capitalismo	e	o	triunfo	do	modo	de	produção	e	de	consumo	que	envolve	os	
bens	naturais	do	planeta.	É	um	movimento	político	e	social	que	questiona	a	
má	administração		dos		recursos,	a	alta		produção		de		resíduos	etc.	no	sentido	
de	proteger	a	natureza	e	as	relações	humanas	a	partir	da	questão	do	ambiente	
e	 dos	 aspectos	 sociais	 e	 culturais.	 São	 exemplos	 grupos	 ambientalistas	 e	
preservacionistas,	como	SOS	o	Mata	Atlântica	e	o	Greenpeace.	
Por	fim,	vale	ressaltar,	neste	subcapítulo,	que	a	cena	atual	presencia	
diversos	 atores	 sociais	 coletivos,	 com	 acúmulos,	 experiências	 e	 demandas	
particulares	que	se	apresentam	no	plano	cotidiano.	Há	a	busca	por	mudanças	
sociais	por	meio	do	embate	político,	dentro	de	uma	determinada	sociedade	e	
de	um	contexto	específico,	muitas	vezes	em	contraposição	a	medidas	adotadas	
por	governantes,	e	dirigentes	estatais.	No	caso	brasileiro,	o	movimento	negro,	
indígena	e	de	mulheres	destacam-se	desde	o	século	passado.	Desde	o	final	
desse	século	e	a	partir	do	início	dos	anos	2000,	também	se	estruturaram	os	
movimentos	gays,	de	lésbicas,	bissexuais	e	transexuais.
15Políticas Sociais e Movimentos Sociais
3. A Relação entre Políticas Sociais e Movimentos 
Sociais
A	política	social	tem	se	apresentado,	popularmente,	como	uma	“política”	
fundamental	para	a	garantia	de	inclusão	e	de	bem-estar	dos	cidadãos.	Pode-se	
dizer	que	a	política	social	se	insere	na	noção	de	“proteção	social”,	originada	
nas	sociedades	e	entendida	como	os	mecanismos	criados	com	a	finalidade	de	
proteger	 os	 seus	 cidadãos.	A	 proteção	 social	 tem	 significados	 e	 definições	
convergentes,	que	dependem	do	contexto	territorial,	dos	sujeitos	envolvidos	e	
do	período	histórico	que	se	refere.	Pensar	esse	fenômeno	significa	estabelecer	
que	historicamente	há	diferentes	dimensões	e	formas	de	gestão	da	proteção	
em	cada	sociedade,	estabelecendo-se	por	meio	de	suas	particularidades:	onde	
encaixam-se	 as	 tensões	 e	 reivindicações	 de	 diversos	 sujeitos,	 entre	 eles	 os	
movimentos	sociais.	
	
Analisando	 de	 forma	 histórica,	 pode-se	 pensar,	 inicialmente,	 no	
contexto	de	proteção	familiar,	estabelecido	há	séculos.	Conhece-se	atualmente	
a	ideia	clássica	de	família,	no	entanto	(especialmente	no	Império	Romano)	a	
família	normalmente	era	formada	através	do	comando	do	homem	mais	velho,	
com	o	objetivo	de	conservar	o	vigor	físico	e	enfrentar	os	riscos	do	aglomerado	
familiar:	reunido	por	avós,	pais,	filhos,	netos,	sobrinhos,	etc.	Esses	sujeitos	
encaixavam-se	em	uma	“espécie”	de	proteção	social	da	época.	Aqueles	que	
não	eram	abarcados	pela	proteção	familiar,	e	não	tinham	condições	de	prover	
o	próprio	sustento,	dependiam	da	chamada	ajuda	aos	pobres	e	necessitados	
(JARDIM,	2013).	
Na	 Grécia,	 houveram	 as	 sociedades	 de	 mútua	 ajuda	 -	 conhecidas	
como	 “éranoi”	 -	 que	 exigiam	 contribuições	 regulares	 com	 a	 finalidade	 de	
conceder	 empréstimos	 aos	 participantes	 que	 vivenciavam	 necessidades.	
Porém,	 é	 na	 atualidade,	 contudo	 a	 partir	 da	Revolução	 Industrial,	 que	 se	
desenvolvem	as	Políticas	Sociais	destinadas	ao	bem-estar	geral	da	população,	
próprias	 das	 formações	 econômico-sociais	 capitalistas.	 Portanto,	 a	 política	
social	 está	 relacionada	com	o	desenvolvimento	do	capitalismo.	Na	Prússia,	
atual	Alemanha,	em	1883,	foi	instituído	o	primeiro	sistema	de	seguro	social,	
criado	 pelo	 chanceler	Otto	 Von	Bismarck,	 culminando	 no	 surgimento	 do	
Código	de	seguro	social	alemão	em	1911.	No	Brasil,	é	na	Lei	Eloy	Chaves,	
16 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
de	24	de	janeiro	de	1923,	que	vai	se	encontrar	a	base	da	previdência	social	
brasileira:	 considera-se	 a	 base	 do	 sistema	 previdenciário	 brasileiro	 a	 partir	
da	 criação	 da	Caixa	 de	Aposentadorias	 e	 Pensões	 para	 os	 empregados	 das	
empresas	ferroviárias.
Viu-se,	 acima,	 uma	 breve	 reflexão	 sobre	 a	 origem	 da	 proteção	
social,	 demarcando	 resumidamente	 acontecimentos	 e	 períodos	 históricos	
particulares.	Vê-se	que	as	políticas	sociais	estão	profundamente	relacionadas	
com	o	Estado	Moderno	e	a	sociedade	industrial	capitalista.	O	surgimento	das	
políticassociais,	portanto,	está	ligado	ao	capitalismo,	à	luta	de	classes	e	ao	
desenvolvimento	da	intervenção	estatal.	
Em	geral,	é	reconhecido	que	a	existência	de	políticas	sociais	ou	dos	
sistemas	de	proteção	social	é	um	fenômeno	associado	à	constituição	
da	sociedade	burguesa,	ou	seja,	do	específico	modo	capitalista	de	
produzir	 e	 reproduzir-se.	 Evidentemente	 que	 não	 desde	 os	 seus	
primórdios,	mas	 quando	 se	 tem	 um	 reconhecimento	 da	 questão	
social	inerente	às	relações	sociais	nesse	modo	de	produção,	vis	à	vis	
ao	momento	em	que	os	trabalhadores	assumem	um	papel	político	
e	até	revolucionário.	Tanto	que	existe	certo	consenso	em	torno	do	
final	do	século	XIX	como	período	de	criação	e	multiplicação	das	
primeiras	legislações	e	medidas	de	proteção	social,	com	destaque	para	
a	Alemanha	e	a	Inglaterra.	As	primeiras	formas	de	proteção	social	
no	Brasil	deram-se	através	da	caridade	cristã	e	da	filantropia,	sem	a	
ação	do	Estado	e	sendo	influenciadas	pelos	modelos	implementados	
nos	países	industrializados.	(COSTA,	2005,	p.3)
Percebe-se	 que	 o	 sistema	 de	 proteção	 social	 no	 Brasil	 se	 expressa	
mínima,	em	sua	origem,	apresentando-se	com	um	caráter	focalizado	através	
da	 caridade	 cristã	 e	 da	 filantropia	 (o	 que	 não	 permite	 desconsiderar	 a	
importância	das	formas	assistenciais	e	filantrópicas	da	época):	o	importante	
é	perceber	que	não	havia,	no	início	das	primeiras	décadas	do	século	XX,	a	
intervenção	do	Estado	Social	Brasileiro.	Em	1929,	o	capital	entra	em	crise	
com	 a	 quebra	 da	 bolsa	 de	Nova	 Iorque,	 tendo	 consequências	 econômicas,	
inclusive,	para	o	Brasil.	Aumentou-se	o	desemprego	e	a	precarização	da	vida	
da	população.	Nesse	período,	tem-se	uma	visibilidade	mais	concreta	da	luta	
por	direitos	sociais,	que	foram	incluídos	no	projeto	político	do	candidato	a	
presidência	Getúlio	Vargas.	
17Políticas Sociais e Movimentos Sociais
Nesse	 cenário	 brasileiro	 do	 século	 XX,	 em	 meio	 às	 demandas	
econômicas,	 há	 a	 luta	 de	 classes	 e	 de	movimentos	 sociais	 que	 deslocam	 a	
atenção	para	o	papel	sociedade	política	em	meio	aos	conflitos	de	interesse	e	
as	disputas	políticas	e	sociais,	como	visto	nos	subcapítulos	anteriores.	Com	
isso,	além	dos	embates	de	classe	(materializados,	principalmente,	por	meio	
dos	 sindicatos)	observa-se	a	ampliação	e	o	 fortalecimento	dos	movimentos	
sociais	de	caráter	identitário.	
Tudo	isso	se	apresenta,	muitas	vezes,	como	uma	esfera	complementar:	
movimentos	sociais	e	políticas	sociais	se	conectam	dependendo	das	demandas	
e	 das	 reivindicações	 populares.	 Ou	 seja,	 movimentos	 sociais	 tensionam	
a	 implementação	de	políticas	 sociais,	 ao	mesmo	 tempo	 as	 políticas	 sociais	
voltam-se	às	demandas	de	movimentos	sociais.	Tatagiba	et	al.	(2018,	p.106)	
referem	 que	 movimentos	 sociais	 “podem	 ser	 entendidos	 como	 um	 tipo	
específico	de	ator/	rede	que	se	insere	nos	processos	relacionais	e	experimentais	
de	política	pública,	disputando	seus	resultados”.	
Figura 3: Grupos se mobilizam para fazer valer os dispositivos da Lei Maria da Penha. 
18 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
A	imagem	acima	mostra	um	movimento	de	mulheres	(movimento	
feminista),	 homenageando	 a	 Lei	Maria	 da	 Penha,	 Lei	 Federal	 brasileira	
que	tem	o	objetivo	de	estipular	punição	adequada	e	coibir	atos	de	violência	
doméstica	contra	a	mulher.	Esse	é	um	exemplo	de	relação	entre	movimento	
social	 e	 política	 social/pública,	 pois	 graças	 ao	 movimento	 de	 mulheres	
atuante	 no	 Brasil,	 atualmente,	 existem	 políticas	 voltadas	 para	 à	 mulher,	
através	da	oferta	estatal:	temos	como	exemplo	o	Ministério	da	Mulher,	da	
Família	 e	dos	Direitos	Humanos,	 a	Secretaria	Nacional	de	Políticas	para	
Mulheres	(SNPM)	etc.	
Há diferenças práticas e conceituais sobre “Política Social” e “Política Pública”. A Política 
Social surge nas sociedades capitalistas de forma secundária ao plano econômico e insere-se 
na compreensão de proteção social - que as sociedades desenvolvem para proteger seus 
membros. Ela, às vezes, é institucionalizada. Por Políticas Públicas, entende-se os conjuntos 
de programas e ações desenvolvidas na planificação do aparelho Estatal, operacionalizando 
modalidades particulares para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico 
etc.
Portanto,	 é	 importante	 ressaltar	 os	 movimentos	 sociais	 produzem	
efeitos	 para	 (e	 nas)	 políticas	 públicas,	 tensionando	 a	 implementação	 e/ou	
questionando	seu	desenvolvimento.	No	Brasil,	são	inúmeros	os	exemplos	de	
movimentos	 sociais	que	desenvolvem	 interações	 socioestatais	–	movimento	
de	mulheres,	quilombolas,	indígenas,	bissexuais,	travestis	e	transexuais,	entre	
outros	–	por	meio	do	engajamento	ativista,	apresentando-se	como	organizações	
da	sociedade	civil	que	interagem	na	formulação	e	implementação	de	políticas	
públicas,	especialmente	em	áreas	como	saúde	e	assistência	social.	
Essa	 relação	 exposta	 depende	 sempre	 das	 estruturas	 relacionais	 e	
dos	regimes	políticos	da	sociedade	em	questão	(tendo	em	vista	os	conflitos	
políticos	em	torno	das	coalizões	governantes,	por	exemplo).	Sobre	“regime	
político”,	pode-se	remeter	a	grosso	modo,	ao	conjunto	das	instituições	e	ideias	
que	regulam	a	luta	pelo	poder	e	seu	exercício	em	uma	sociedade.	A	posição	
ocupada	pelos	atores	e	interesses	dos	movimentos	sociais	em	um	determinado	
regime	define	oportunidades	e/ou	obstáculos	para	reconhecimento,	acesso	e	
influência	institucional	de	tais	atores	e	interesses	(ABERS	et	al.	2018).	
Importante
19Políticas Sociais e Movimentos Sociais
Assim,	 percebe-se	 que	 a	 influência	 e	 o	 tensionamento	 dos	
movimentos	sociais,	na	relação	Estatal	no	tocante	às	políticas	sociais,	depende	
constantemente	da	abertura	política.	Em	um	regime	de	governo	autoritário,	
por	 exemplo,	 o	 movimento	 de	 massas	 e	 a	 consciência	 coletiva	 enfrentará	
maiores	 obstáculos.	 Em	 regimes	 políticos	 mais	 democráticos	 tende-se	 a	
abertura	dos	espaços	de	partilha	de	poder.	
Deve-se	afirmar	a	 importância	de	se	pensar	as	políticas	sociais	e	os	
movimentos	sociais	no	cenário	atual.	Buscou-se	refletir,	brevemente,	sobre	
o	surgimento	dos	movimentos	sociais	e	as	suas	principais	correntes	teóricas,	
mostrando	 que	 é	 antiga	 a	 capacidade	 humana	 de	 se	 organizar	 e	 impor	
exigências	no	âmbito	político	e	organizativo.	Tratou-se	dos	núcleos	teóricos	
importantes	 acerca	 do	 surgimento	 dos	 movimentos	 sociais,	 em	 especial	 a	
teoria	marxista	na	análise	dos	movimentos	sociais	e	a	contraposição	dos	novos	
movimentos	sociais.
Discorreu-se,	 ainda,	 acerca	 das	 manifestações	 ideopolíticas	 e	
socioculturais	 dos	 movimentos	 sociais,	 com	 destaque	 às	 experiências	
participativas	 dos	 sujeitos	 envolvidos	 em	 lutas	 históricas	 por	 seus	 direitos	
identitários	 e	 subjetivos	 (ao	mesmo	 tempo	 políticos	 e	 coletivos).	 Por	 fim,	
abordou-se	a	relação	entre	políticas	sociais	e	movimentos	sociais,	apontando	
que,	 nessas	 políticas,	 encaixam-se	 as	 tensões	 e	 reivindicações	 de	 diversos	
sujeitos	coletivos	que	tencionam	e	influenciam	a	implementação	de	políticas	
sociais.
20 Políticas Sociais e Movimentos Sociais
Referências
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http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8601/1/Movimentos.pdf
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8601/1/Movimentos.pdf
	Título da Unidade
	Objetivos
	Introdução
	A Constituição de Classes na Sociedade Burguesa 
	Para início de conversa…
	Objetivos 
	1.	O Estado Moderno
	2.	O Estado Moderno e a Sociedade Civil nos Clássicos da Teoria Política
	3.	A Luta de Classes e o Estado Monopolista
	Referências
	As Políticas Sociais e os Movimentos Sociais
	Para início de conversa…
	Objetivos
	1.	O Surgimento dos Movimentos Sociais e as Correntes Teóricas
	2.	As Manifestações Ideopolíticas e Socioculturais dos Movimentos Sociais
	3.	A Relação entre Políticas Sociais e Movimentos Sociais
	Referências

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