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ASPECTOS JURÍDICOS DA SUSTENTABILIDADE 
1 
 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
SUSTENTABILIDADE ............................................................................. 5 
Histórico ............................................................................................... 5 
Critérios formadores do conceito ......................................................... 8 
Mudanças Climáticas ........................................................................... 8 
As três dimensões formadoras da sustentabilidade: ambiental, social e 
econômica .................................................................................................... 11 
Interdisciplinaridade: Ecologia e Economia ........................................ 12 
A Análise Econômica ......................................................................... 13 
A ONU E O MEIO AMBIENTE ............................................................... 15 
Assembleia Ambiental da ONU (UNEA) ............................................. 22 
Miniguia das conferências de meio ambiente e desenvolvimento 
sustentável .................................................................................................... 22 
RIO+20 .................................................................................................. 23 
Mobilização da sociedade e o FSM 2012 ........................................... 24 
Governança e desenvolvimento sustentável ...................................... 25 
REFERENCIAS ..................................................................................... 27 
 
 
2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Recentemente, foram constadas mudanças climáticas em âmbito global 
causadas e aceleradas pela ação humana. Estudos científicos comprovaram a 
ligação entre a Revolução Industrial e o aumento acelerado de gás carbônico na 
atmosfera, o que causou o aumento de sua temperatura média. Por tratar-se de 
um acontecimento em cadeia, o aumento da temperatura média atmosférica não 
causou apenas impactos ambientais, mas sociais e econômicos também. 
Dessa forma, surge o conceito de sustentabilidade, criado pela Ecologia, 
e que expressa a capacidade de um ecossistema de absorver um impacto 
externo e retornar ao seu estado anterior. Esse conceito passou a ser debatido 
pela Economia, em sede de suas principais correntes doutrinárias, ao se 
confrontar o crescimento econômico e à preservação de recursos naturais. 
Para que possa abranger toda a gama de consequências causadas pelas 
alterações climáticas, a sustentabilidade será abordada como medidas a serem 
adotadas nas esferas ambiental, social e econômica. A primeira vertente, a 
ambiental se focaria em evitar e mitigar os danos ao meio ambiente, tornando-o 
apto a suprir as necessidades das pessoas e dos seres vivos. A segunda, a 
vertente econômica refere-se aos investimentos públicos e privados a serem 
empregados para que se atinja a gestão eficiente dos recursos produtivos; com 
isso, procura-se aumentar a eficiência produtiva e os lucros dos agentes 
econômicos. Por fim, a sustentabilidade social, que se centra em diminuir as 
desigualdades sociais, promover a dignidade no trabalho e uma melhor 
distribuição de renda. 
É necessário que cada país considere suas peculiaridades naturais para 
que possa empreender medidas para se atingir o ideal da sustentabilidade. No 
caso do Brasil, entre outros fatores, sobressai-se sua vastidão territorial, e a 
predominância de terrenos rurais, com relação aos urbanos. Isso aponta, 
claramente, a necessidade de se aplicar a sustentabilidade na parte rural 
brasileira. 
A aplicação da sustentabilidade no meio rural se dará por meio da função 
social da propriedade rural, que é descrita pelo artigo 186 da Constituição 
4 
 
 
 
Federal de 1988. Deste dispositivo, percebe-se que é possível dividir a função 
social da propriedade em três dimensões: a ambiental, a social e a econômica, 
da mesma forma em que foi conceituada a sustentabilidade. Assim, esta será 
vista como forma de implementação da função social da propriedade rural. 
A sustentabilidade assume, portanto, a configuração de norma ética, de 
dever ser, ligando-se a uma sanção: quando descumprida a função social da 
propriedade, legitima-se a sua arrecadação para fins de reforma agrária. 
Assume, portanto, uma noção cogente. 
O direito de propriedade envolve outros direitos, como o de usar, gozar, 
dispor e fruir. De nada adiantaria a existência desses direitos se não pudessem 
ser transacionados, por meio dos contratos. Dessa forma, também será aplicada 
a sustentabilidade por meio da função social do contrato, prevista no artigo 421 
do Código Civil de 2002 Assim, a sustentabilidade será tida como princípio, no 
que tange à interpretação e formação de cláusulas contratuais. 
O fato de que a propriedade e o contrato exercem uma função social 
expressa a sua correlação com o conceito de sustentabilidade, em suas 
vertentes ambiental, social e econômica. 
Ocorre que a função social da propriedade rural se relaciona, dentre 
outros fatores, à produtividade do imóvel. Nesse sentido, destaca-se a 
importância do agronegócio à balança comercial brasileira e à formação de seu 
Produto Interno Bruto (PIB). Assim, será aplicada a sustentabilidade ao Sistema 
Agroindustrial do etanol, que, para seguir a lógica desenvolvida, será dividido em 
produção e contratos. 
 
 
 
 
5 
 
 
 
SUSTENTABILIDADE 
Histórico 
Acerca da sustentabilidade com a análise daquilo que a incitou: a questão 
ambiental. Esta surgiu com a descoberta da ocorrência de mudanças climáticas 
geradas pela elevação da temperatura atmosférica, devido ao aumento da 
concentração atmosférica de gases de efeito estufa. Dessa forma, 
primeiramente ocorre a constatação científica do fenômeno, que foi discutida por 
grupos intelectuais, os quais fomentaram mais estudos na área, gerando a 
publicação de relatórios, como será visto adiante. A discussão se propagou 
rapidamente por causa da sua urgência e da necessidade de novos estudos 
acerca das consequências desse aquecimento. E, a questão ambiental se 
propagou internacionalmente por não conhecer fronteiras, atingindo a todos os 
países. 
Concomitantemente, a discussão da questão ambiental ganhava 
importância na doutrina, principalmente a econômica, já que os estudos 
científicos apontavam que o aumento significativo da concentração de gases de 
efeito estufa na atmosfera estaria ligado à Revolução Industrial. Ou seja, a 
discussão econômica se focou na possibilidade de coexistirem o crescimento 
econômicoe a escassez dos recursos. 
Em 1824, o cientista francês Jean-Baptiste Joseph Fourier, através 
da análise de fontes de calor, da radiação infravermelha, discutiu a 
possibilidade da atmosfera terrestre servir como isolante térmico, a partir da 
constatação de que a temperatura da terra deveria ser aproximadamente 
30º C mais baixa do que é, considerando-se seu tamanho e distância do sol. 
Dessa forma, alguns afirmam que esta foi a primeira proposta de que o 
Efeito Estufa realmente ocorria. 
Em 1861, o físico inglês John Tyndall descobriu que o gás carbônico e 
o vapor d’água presentes na atmosfera permitem a entrada da luz e dificultam a 
saída do calor. Tydall, ao reconhecer a função que desempenham tais gases, 
denominou-os de gases de efeito estufa. 
Daí seguiu-se uma série de estudos científicos acerca do assunto, 
destacando-se o de Svante August Arrhenius, cientista sueco e Nobel de 
Química, que calculou a relação entre os gases de efeito estufa e a temperatura 
6 
 
 
 
da atmosfera da Terra. Mas, pode-se dizer que as discussões acerca das 
questões ambientais se intensificaram mesmo nas décadas de 1960 e 1970. 
Em 1968, Aurelio Paccei, industrial e acadêmico italiano e Alexander King, 
cientista escocês, fundaram o Clube de Roma, fórum de discussões que 
destacou a preocupação e a disponibilidade de recursos naturais do planeta e o 
crescimento econômico. O Clube contratou uma equipe do Massachusetts 
Institute of Technology (MIT) que, em 1972, publicou o relatório Os limites do 
crescimento, coordenado por Dennis Meadows, o qual abordava essencialmente 
os fatores que condicionam o desenvolvimento da humanidade, tais como: 
energia, saúde, poluição, crescimento populacional, entre outros. Chegou-se à 
conclusão de que, o crescimento populacional se defrontaria com a escassez 
dos recursos naturais oferecidos pela biosfera, mesmo se considerando a 
possibilidade do advento de novas tecnologias que permitissem o seu melhor 
aproveitamento. 
Assim, surgiu o termo desenvolvimento sustentável, originado do conceito 
de ecodesenvolvimento, que, segundo Ademar Ribeiro Romeiro, reconheceu o 
crescimento econômico como necessário à eliminação das disparidades sociais 
ao mesmo tempo em que assumia os recursos ambientais como limitações a 
esse crescimento. Ou seja, propunha-se uma utilização criteriosa dos recursos, 
aliando-a ao crescimento econômico. 
Ainda em 1972, a Organização das Nações Unidas convocou a 
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, na 
Suécia, que resultou na produção de um Manifesto Ambiental, dando início a 
uma agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas. Também foi criado o 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), pela Assembleia 
Geral da ONU. 
Já no início da década de 1980, a Assembléia Geral das Nações Unidas 
instituiu a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou 
World Commission on Environment and Development (WCED), composta por 21 
membros e presidida pela primeira-ministra de Meio-Ambiente da Noruega, Gro 
Harlem Brundtland. 
7 
 
 
 
Essa Comissão elaborou o relatório denominado Nosso Futuro Comum, 
ou Relatório Brundtland, que se focou na questão do Desenvolvimento 
Sustentável, como política que deveria ser comum a todos os países, 
respeitadas suas particularidades e as implicações concretas da aplicação dessa 
política. 
Ainda, ficou definido o termo “desenvolvimento sustentável”, que seria o 
desenvolvimento que equilibrasse a satisfação das necessidades atuais e 
garantisse a subsistência das gerações posteriores. Neste relatório foi enfatizada 
a necessidade de se realizarem os preparativos para a instauração de uma 
conferência internacional sobre o desenvolvimento econômico. 
Nesse sentido, em 1992 foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou 
conhecida como ECO-92, com a participação de 102 representantes de países. 
Cada país se comprometeu a elaborar sua própria Agenda 21, possibilitando a 
aceleração da substituição dos atuais padrões de desenvolvimento vigentes, em 
busca de meios de implantação de soluções para os impactos do 
desenvolvimento sustentável. O fato de cada país ser responsável pela 
elaboração de sua própria Agenda 21 condiz com o conteúdo do relatório 
Brundtland, segundo qual, a política do Desenvolvimento Sustentável deve 
seguir as peculiaridades de cada país. 
Desse encontro resultou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima, tratado internacional firmado por 192 países, em vigor desde 
1994, que reconhece que o sistema climático é um recurso compartilhado e que, 
assim sendo, o passo inicial seria a estabilização da concentração atmosférica 
dos gases de efeito estufa. 
Desde 1995, se iniciaram as chamadas Conferências das Partes (COP), 
que possuem poder de decisão, para o cumprimento dos objetivos dessa 
Convenção. O mencionado tratado inclui disposições para atualizações, os 
“protocolos”, que c r i a m e renovam metas obrigatórias de redução das 
emissões. Um deles é o Protocolo de Quioto, que foi concluído no Japão em 
1997, apenas entrando em vigor em 2005, após a ratificação da Rússia em 
novembro de 2004. Esse protocolo estabelece as metas de redução para os 
8 
 
 
 
países desenvolvidos signatários. Para os demais países, são aplicados os 
compromissos gerais dessa convenção, como o desenvolvimento de programas 
nacionais de mitigação das emissões, mas sem metas específicas. 
Em 2002, ocorreu, em Johannesburgo, África do Sul, a Conferência 
Rio+10, com a participação de representantes das nações, além de agências 
das Nações Unidas, e outras organizações. O como objetivo principal da 
conferencia foi discutir a Agenda 21, no que tange à sua inserção em cada país 
e ao estabelecimento de prioridades a serem consideradas em políticas futuras. 
Em 2009, foi elaborado o relatório “Prosperity without Growth”, por Tim 
Jackson para a Comissão de Desenvolvimento Sustentável do governo britânico. 
O impacto deste trabalho será tratado mais adiante. 
Critérios formadores do conceito 
O conceito de sustentabilidade não pode ser traçado sem antes se 
esboçar alguns pressupostos. Primeiramente, o presente estudo abordará a 
sustentabilidade como um valor, um princípio que guiará as atitudes tanto dos 
agentes econômicos quanto da sociedade civil, tendo em vista a produtividade e 
o consumo, respectivamente. 
Seguirá, então, a análise conceitual do termo, que partirá do conceito de 
mudanças climáticas, respeitando as considerações econômicas levantadas a 
esse respeito, mas o tem como objetivo a aplicação jurídica ao termo. 
Merecerá ainda destaque, o fato de ter sido a sustentabilidade um termo 
discutido tanto pela Ecologia quanto pela Economia. Essa noção de 
interdisciplinaridade, de diálogo entre essas áreas, muito influenciou o que hoje 
é conhecido pelo termo sustentabilidade. 
Mudanças Climáticas 
O conceito de sustentabilidade não pode sequer ser delineado sem a 
compreensão de seu caráter ecológico, que lhe deu ensejo. Assim, partir-se-á a 
uma breve análise das mudanças climáticas. 
Como foi possível perceber pelo histórico apresentado no início do 
presente trabalho, os efeitos nocivos da atuação dos gases de efeito estufa na 
atmosfera foram estudados, desde a primeira metade do século XIX. Em uma 
9 
 
 
 
breve análise, a ação desses gases ocorre da seguinte forma: a energia solar 
alcança Terra na forma de radiação; parte dessa radiação é absorvida e aquece 
a superfície terrestre; outra parte é refletida e retorna ao espaço na forma de 
irradiação infravermelha que: pode ser devolvida ao espaço ou ser absorvida 
pelo vapor d’água e gases de efeito estufa presentes na atmosfera, promovendo 
o aquecimento. 
Este é um processo que ocorre naturalmente. Ou seja, esses gases de 
efeito estufa e o vapor d’água são responsáveispor manter a temperatura na 
atmosfera terrestre. Assim, o que deve ser combatido é o aceleramento dessa 
situação – ou seja, o aquecimento em excesso da atmosfera terrestre, que pode 
ocasionar diversas mudanças climáticas. 
Conforme defendido por Walter Figueiredo de Simoni, utilizar-se do termo 
“mudança do clima” é mais adequado do que o termo “aquecimento global” para 
se referir aos impactos do aumento da concentração de gases de efeito estufa 
na atmosfera, já que este último termo não engloba todas as alterações que 
decorrem da elevação da temperatura atmosférica: 
Um fator inerente à discussão sobre a mudança do 
clima são as incertezas acerca de seus impactos na 
sociedade. A mudança do clima lida com alterações em 
sistemas globais e regionais de clima cujo comportamento 
depende de inúmeras variáveis. Mudar uma variável, nesse 
caso a temperatura, terá diversos efeitos em outras variáveis, 
como intensidade de chuvas, que, por sua vez influenciarão 
outras variáveis, como intensidade de inundações ou os 
períodos de seca. Esses ciclos e feedbacks vêm sendo 
entendidos com maior detalhe ao longo do tempo, reduzindo 
as incertezas sobre o tema, porém não as eliminando. 
Não é possível prever ao certo quais são as implicações desse aumento, 
já que são muitas as possibilidades – a alteração de uma variante climática pode 
causar alteração em outras variantes, que gerarão outras consequências, antes 
imprevisíveis, pois que a biosfera é inegavelmente um todo conectado. 
Partindo dessa premissa, tem-se que o mais importante é a redução da 
emissão de tais gases, o que gera a necessidade de adaptação de setores da 
Economia, para que seja desacelerado o aumento da temperatura na atmosfera. 
10 
 
 
 
Face ao fato de não ser possível pontuar quais serão todos os impactos 
da simples elevação da temperatura atmosférica, causada pelo aumento da 
emissão dos gases de efeito estufa na biosfera, tem-se ao certo que essas 
consequências podem ser dividas em: 
Ambientais: alterações nos padrões de chuvas, na salinidade do mar, a 
ocorrência de secas, extinção de espécies, entre outros. 
Sociais: mudanças nas atividades humanas, questões de saúde pública 
(como o aumento de doenças em algumas regiões), mudanças na configuração 
demográfica (principalmente nas regiões costeiras, que serão afetadas pela 
alteração do nível do mar, provocada pelo derretimento de calotas polares), etc. 
Econômicas: países terão de adaptar a sua produção à nova 
configuração geográfica, tanto natural quanto populacional, lidar com a escassez 
dos recursos essenciais, como a água (o que poderá gerar nova configuração 
do mercado internacional), entre outros. 
Ressalte-se que os países subdesenvolvidos são aqueles que passarão 
por maiores dificuldades pelas mudanças climáticas, por estarem mais 
vulneráveis e por possuírem menor capacidade de se adaptarem: 
As populações de baixa renda tendem a ser mais 
vulneráveis aos eventos extremos pois habitam locais mais 
expostos, gastam mais da sua renda em alimentação, e 
dependem fortemente da agricultura para a formação da 
renda. (…) Adaptação é um processo inerentemente 
dinâmico e ocorre no contexto de outros processos 
dinâmicos endógenos incluindo crescimento da população, 
migração, mudanças tecnológicas, crescimento econômico, 
e transformação estrutural. 
Além da maior dificuldade de adaptação por parte dos países 
subdesenvolvidos, estes possuem maior dependência de atividades econômicas 
que serão afetadas quase que imediatamente pelas mudanças climáticas, como 
a agricultura. 
Ou seja, haverá reconfiguração mundial não apenas no que tange ao fator 
ambiental, mas também social e econômico. Assim, se se pretende instituir a 
11 
 
 
 
sustentabilidade, esta deve possuir, em seu conceito, essas três vertentes, já 
citadas. 
As três dimensões formadoras da sustentabilidade: 
ambiental, social e econômica 
Se divide em três vertentes, quais sejam: a ambiental, a social e a 
econômica. Tais vertentes encerram uma noção integral de como devem ser 
implementadas as medidas sustentáveis. 
A primeira, a ambiental, pretende evitar e mitigar os danos ao meio 
ambiente, de modo a ser mantida a capacidade do meio ambiente de suprir as 
necessidades das pessoas e dos seres vivos. Quando ocorrido o dano, volta-se 
à sua reparação. Entra aqui a noção de resiliência do ecossistema. Adaptações 
no sistema produtivo e nos contratos devem ser realizadas nesse sentido. 
Já a sustentabilidade econômica refere-se aos investimentos (públicos e 
privados) e às políticas públicas a serem empregadas para que se atinja a gestão 
eficiente dos recursos produtivos. Dessa forma, procura-se aumentar a eficiência 
produtiva com o uso racional de recursos naturais. Entra aqui a noção de 
integração vertical da firma, que será abordada futuramente no presente estudo. 
A sustentabilidade social, por sua vez, se centra em diminuir as 
desigualdades sociais, promover a dignidade humana e adaptar o 
desenvolvimento sustentável às especificidades de cada sociedade. 
Fala-se, portanto, em três diferentes dimensões da sustentabilidade. 
Assim postula Marcos Fava Neves: 
A sustentabilidade vem sendo tratada num tripé que 
envolve os três P’s, na língua inglesa. São as palavras profit 
(lucro) que é a dimensão econômica, a palavra people 
(pessoas), representando a dimensão da inclusão, 
principalmente, e a palavra planet (planeta), representando a 
preservação ambiental. 
Ressalte-se, ainda, que essas três dimensões da sustentabilidade devem 
ser consideradas sempre de forma cumulativa: se um desses aspectos for 
desconsiderado, não se pode mais falar em sustentabilidade. 
12 
 
 
 
Interdisciplinaridade: Ecologia e Economia 
Diante do exposto, pode-se afirmar que o conceito de sustentabilidade 
comporta uma noção interdisciplinar, por ter origem na Ecologia e por ter sido 
exaustivamente discutida na Economia, no que tange à possibilidade de 
coexistência entre o respeito aos recursos naturais e o crescimento econômico. 
Tal situação é descrita por Ademar Ribeiro Romero, ao tratar da economia 
política do meio ambiente: 
No esquema analítico convencional, o que seria uma 
economia da sustentabilidade é visto como um problema, em 
última instância, de alocação intertemporal de recursos entre 
consumo e investimento por agentes econômicos racionais, 
cujas motivações são fundamentalmente maximizadoras de 
utilidade. 
No campo da ecologia, segundo José Eli da Veiga, a sustentabilidade 
adotou o sentido de “resiliência”, ou seja, a capacidade de um ecossistema, após 
ter sofrido uma perturbação, de retornar ao seu estado anterior. Note-se que 
resiliência não se confunde com a noção de equilíbrio ambiental, que ocorre 
quando a fauna e flora são constantes, e convivem em situação de dependência 
em suas interações. Um sistema pode ser resiliente e não ser equilibrado. 
Por outro lado, no âmbito da economia, conforme mencionado, o que se 
debateu foi a possibilidade de uma nação poder crescer mesmo com os limites 
impostos pelos recursos naturais. Dessa forma, discutiu-se a possibilidade de 
implementação da sustentabilidade aliada ao crescimento econômico, ou seja, o 
desenvolvimento sustentável. 
A análise econômica da sustentabilidade a ser desenvolvida pelo presente 
estudo, ocorreu em sede de suas duas principais correntes: a Neoclássica e a 
Institucionalista, além da terceira via, denominada Economia Ecológica. No que 
tange à Neoclássica, se dividiu em: Economia da Poluição, Economia dos 
Recursos Naturais, e nos critérios de Sustentabilidade Forte e Sustentabilidade 
Fraca. Já a Teoria Institucionalista abordou a sustentabilidade pelas seguintes 
perspectivas: Institucionalista propriamente dita, Pós-Keynisiana e 
Regulacionista. Por sua vez, a teoria da Economia Ecológica se dividiu em 
inúmeras vertentes e estudos. 
13 
 
 
 
A Análise Econômica 
Como visto, a sustentabilidadefoi amplamente discutida pela economia, 
que contrapôs o desenvolvimento econômico, o fomento à indústria, ao fato de 
que os recursos naturais seriam finitos. 
As divisões teóricas acerca deste questionamento vão desde a mais 
otimista, a mais pessimista, segundo a qual, não haveria solução, tendo em vista 
que os recursos naturais se esgotariam, o que barraria o crescimento econômico 
do país. 
A análise econômica é crucial para o desenvolvimento do presente 
trabalho, tendo em vista que foi responsável pela formulação de certas vertentes 
que devem guiar a aplicação da sustentabilidade, como se verá. 
Nesse sentido, José Eli da Veiga trata a análise econômica da 
sustentabilidade desde o surgimento das discussões, dividindo-as em três 
concepções: a sustentabilidade fraca, a sustentabilidade forte e sua variante, e 
a perspectiva biofísica. 
A partir disso, o autor evolui para o debate atual acerca da 
sustentabilidade, que seria dividido em três correntes básicas: a primeira, que 
não recebe denominação, estabelece o patamar econômico de renda per capta 
de um país em torno de US$ 20 mil, a partir do qual “passaria a haver mais 
melhorias ambientais que deteriorações”, defendendo, portanto, a maximização 
do crescimento econômico no âmbito mundial. A segunda corrente, denominada 
“economia ecológica”, que defende uma condição tida como “estacionária” 
(stationary state), prega a melhoria da qualidade de vida sem significativa 
expansão do sistema econômico. A terceira via, que também não recebe 
denominação, seria uma alternativa entre as duas correntes anteriores, ao 
defender a possibilidade de se ofertar bens e serviços sem que a energia fosse 
tratada de forma intensiva. 
Maurício de Carvalho Amazonas, por outro lado, adota a linha de que o 
desenvolvimento sustentável passou pela interpretação de três principais 
correntes: a Neoclássica, a Institucionalista e a Economia Ecológica. A primeira 
seria dividida em duas abordagens, a Economia da poluição e a Economia dos 
Recursos Naturais. A Institucionalista se dividiu em três perspectivas: a 
14 
 
 
 
institucionalista propriamente dita, a pós-keynesiana e a regulacionista. Por fim, 
a Economia ecológica se dividiu em muitas interpretações, por apenas ter 
estabelecidos preceitos básicos, o que fez com que algumas correntes até 
divergissem entre si. Ao se considerar essa abordagem, a análise econômica 
pode ser esquematizada da seguinte forma: 
 
 
 
15 
 
 
 
A ONU E O MEIO AMBIENTE 
Pode-se dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás, como 
uma resposta à industrialização. No século XIX, os poetas românticos britânicos 
exaltaram as belezas da natureza, enquanto o escritor americano Henry David 
Thoreau pregava o retorno da vida simples, regrada pelos valores implícitos na 
natureza. Foi uma dicotomia que continuou até o século XX. 
Após a Segunda Guerra Mundial, a era nuclear fez surgir temores de um 
novo tipo de poluição por radiação. O movimento ambientalista ganhou novo 
impulso em 1962 com a publicação do livro de Rachel Carson, “A Primavera 
Silenciosa”, que fez um alerta sobre o uso agrícola de pesticidas químicos 
sintéticos. Cientista e escritora, Carson destacou a necessidade de respeitar o 
ecossistema em que vivemos para proteger a saúde humana e o meio ambiente. 
Em 1969, a primeira foto da Terra vista do espaço tocou o coração da 
humanidade com a sua beleza e simplicidade. Ver pela primeira vez este “grande 
mar azul” em uma imensa galáxia chamou a atenção de muitos para o fato de 
que vivemos em uma única Terra – um ecossistema frágil e interdependente. E 
a responsabilidade de proteger a saúde e o bem-estar desse ecossistema 
começou a surgir na consciência coletiva do mundo. 
Com o fim da tumultuada década de 1960, seus mais altos ideais e visões 
começaram ser colocados em prática. Entre estes estava a visão ambiental – 
agora, literalmente, um fenômeno global. Enquanto a preocupação universal 
sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos continuou a 
crescer, em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia). 
O evento foi um marco e sua Declaração final contém 19 princípios que 
representam um Manifesto Ambiental para nossos tempos. Ao abordar a 
necessidade de “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e a 
melhoria do ambiente humano”, o Manifesto estabeleceu as bases para a nova 
agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas. 
“Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações 
em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. 
16 
 
 
 
Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e 
irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem. Por 
outro lado, através do maior conhecimento e de ações mais sábias, podemos 
conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade, com um meio 
ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas…” 
“Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações 
se tornou uma meta fundamental para a humanidade.” 
Trechos da Declaração da Conferência da ONU sobre o Meio 
Ambiente (Estocolmo, 1972), parágrafo 6 
Aproveitando a energia gerada pela Conferência, a Assembleia Geral 
criou, em dezembro de 1972, o Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (ONU Meio Ambiente), que coordena os trabalhos da família ONU em 
nome do meio ambiente global. Suas prioridades atuais são os aspectos 
ambientais das catástrofes e conflitos, a gestão dos ecossistemas, a governança 
ambiental, as substâncias nocivas, a eficiência dos recursos e as mudanças 
climáticas. 
Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem 
Brundtland, mestre em saúde pública e ex-Primeira Ministra da Noruega, para 
estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento. 
Burtland foi uma escolha natural para este papel, à medida que sua visão 
da saúde ultrapassa as barreiras do mundo médico para os assuntos ambientais 
e de desenvolvimento humano. Em abril de 1987, a Comissão Brundtland, como 
ficou conhecida, publicou um relatório inovador, “Nosso Futuro Comum” – que 
traz o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público. 
“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as 
necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de 
atender suas próprias necessidades.” 
“Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará 
sempre propenso a crises ecológicas, entre outras…O desenvolvimento 
sustentável requer que as sociedades atendam às necessidades humanas tanto 
17 
 
 
 
pelo aumento do potencial produtivo como pela garantia de oportunidades iguais 
para todos.” 
“Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, em 
nossos padrões de consumo de energia… No mínimo, o desenvolvimento 
sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na 
Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos.” 
“Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de 
mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos 
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança 
institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para 
satisfazer as aspirações e necessidades humanas.” — do Relatório Brundtland, 
“Nosso Futuro Comum” 
As amplas recomendações feitas pela Comissão levaram à realização da 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, 
que colocou o assunto diretamente na agenda pública, de uma maneira nunca 
antes feita. Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a “Cúpula da Terra”, como 
ficou conhecida, adotou a “Agenda 21’, um diagrama para a proteção do nosso 
planeta e seu desenvolvimento sustentável, a culminação de duas décadas de 
trabalho que se iniciou emEstocolmo em 1972. 
Em 1992, a relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento, e a 
necessidade imperativa para o desenvolvimento sustentável foi vista e 
reconhecida em todo o mundo. Na Agenda 21, os governos delinearam um 
programa detalhado para a ação para afastar o mundo do atual modelo 
insustentável de crescimento econômico, direcionando para atividades que 
protejam e renovem os recursos ambientais, no qual o crescimento e o 
desenvolvimento dependem. As áreas de ação incluem: proteger a atmosfera; 
combater o desmatamento, a perda de solo e a desertificação; prevenir a 
poluição da água e do ar; deter a destruição das populações de peixes e 
promover uma gestão segura dos resíduos tóxicos. 
Mas a Agenda 21 foi além das questões ambientais para abordar os 
padrões de desenvolvimento que causam danos ao meio ambiente. Elas 
incluem: a pobreza e a dívida externa dos países em desenvolvimento; padrões 
18 
 
 
 
insustentáveis de produção e consumo; pressões demográficas e a estrutura da 
economia internacional. O programa de ação também recomendou meios de 
fortalecer o papel desempenhado pelos grandes grupos – mulheres, 
organizações sindicais, agricultores, crianças e jovens, povos indígenas, 
comunidade científica, autoridades locais, empresas, indústrias e ONGs – para 
alcançar o desenvolvimento sustentável. 
Para assegurar o total apoio aos objetivos da Agenda 21, a Assembleia 
Geral estabeleceu, em 1992, a Comissão para o Desenvolvimento 
Sustentável como uma comissão funcional do Conselho Econômico e Social. 
A Cúpula da Terra também levou à adoção da Convenção da ONU sobre 
a Diversidade Biológica (1992) e a Convenção da ONU de Combate à 
Desertificação em Países que sofrem com a Seca e/ou a Desertificação, 
Particularmente na África (1994). Em 1994, a Conferência Mundial sobre o 
Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em 
Desenvolvimento, realizada em Barbados, adotou um Programa de Ação que 
estabelece políticas, ações e medidas em todos os níveis para promover o 
desenvolvimento sustentável para estes Estados. 
A Assembleia Geral realizou uma sessão especial em 1997, chamada de 
“Cúpula da Terra +5” para revisar e avaliar a implementação da Agenda 21, e 
fazer recomendações para sua realização. O documento final da sessão 
recomendou a adoção de metas juridicamente vinculativas para reduzir as 
emissões de gases de efeito estufa que geram as mudanças climáticas; uma 
maior movimentação dos padrões sustentáveis de distribuição de energia, 
produção e uso; e o foco na erradicação da pobreza como pré-requisito para o 
desenvolvimento sustentável. 
Os princípios do desenvolvimento sustentável estão implícitos em muitas 
das conferências da ONU, incluindo: A Segunda Conferência da ONU 
sobre Assentamentos Humanos (Istambul,1999); a Sessão Especial da 
Assembleia Geral sobre Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento 
(Nova York, 1999); a Cúpula do Milênio (Nova York, 2000) e seus Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (cujo sétimo objetivo procura “Garantir a 
sustentabilidade ambiental”) e a Reunião Mundial de 2005. 
19 
 
 
 
Em 1988, a ONU Meio Ambiente (então PNUMA) e a Organização 
Meteorológica Mundial (OMM) se uniram para criar o Painel Intergovernamental 
para as Mudanças Climáticas (IPCC), que se tornou a fonte proeminente para a 
informação científica relacionada às mudanças climáticas. O principal 
instrumento internacional neste assunto, a Convenção Quadro das Nações 
Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), foi adotado em 1992. 
O Protocolo de Kyoto, que estabelece metas obrigatórias para 37 países 
industrializados e para a comunidade européia para reduzirem as emissões de 
gases estufa, foi adotado em 1997. 
Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável foi 
realizada em Johanesburgo, (África do Sul) entre 8 de agosto e 4 de setembro, 
para fazer um balanço das conquistas, desafios e das novas questões surgidas 
desde a Cúpula da Terra de 1992. Foi uma Cúpula de “implementação”, 
concebida para transformar as metas, promessas e compromissos da Agenda 
21 em ações concretas e tangíveis. 
Os Estados-Membros concordaram com a Declaração de Joanesburgo 
sobre Desenvolvimento Sustentável e um Plano de Implementação detalhando 
as prioridades para a ação. A Divisão para o Desenvolvimento Sustentável do 
Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais – que atua como secretariado 
da Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável, e que já estava engajada no 
monitoramento da implementação da Agenda 21 e do Programa de Ação para o 
Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em 
Desenvolvimento de Barbados de, 1994 – começaram a fazer o mesmo com 
relação ao Plano de Implementação de Joanesburgo. 
Em janeiro de 2005, a comunidade internacional se reuniu nas Ilhas 
Maurício para realizar a revisão do Programa de Barbados das Nações Unidas, 
aprovando um amplo conjunto de recomendações específicas para sua 
implementação. A Estratégia de Maurício aborda questões como as mudanças 
climáticas e a elevação do nível do mar; desastres naturais e ambientais; gestão 
de resíduos; recursos costeiros, marítimos, de água doce, terrestres, 
energéticos, turísticos e de biodiversidade; transporte e comunicação; ciência e 
tecnologia; globalização e liberação do comércio; produção e consumo 
sustentável; desenvolvimento de capacidade e educação para o 
20 
 
 
 
desenvolvimento sustentável; saúde; cultura; gestão do conhecimento e da 
informação para tomada de decisão. 
Na Cúpula da Terra, ficou acordado que a maior parte dos financiamentos 
para a Agenda 21 viria dos setores públicos e privados de cada país. No entanto, 
foram necessários recursos novos e adicionais para ajudar os esforços dos 
países em desenvolvimento para implementar as práticas de desenvolvimento 
sustentável e proteger o meio ambiente global. 
Atendendo a essa necessidade, foi estabelecido a Facilidade Ambiental 
Global (GEF, na sigla em inglês), em 1991, para ajudar os projetos de 
financiamento dos países em desenvolvimento que protegem o meio ambiente 
global e promovem meios de vida sustentáveis nas comunidades locais. Ele 
forneceu 8,8 bilhões de dólares em doações e gerou mais de 38,7 bilhões em 
cofinanciamento com os governos beneficiários, agências de desenvolvimento 
internacional, indústrias privadas e ONGs, para ajudar mais de 2.400 projetos 
em mais de 165 países em desenvolvimento e economias em transição – 
também fez mais de 10 mil pequenas doações diretamente à organizações não-
governamentais e comunitárias. 
Os projetos do GEF – realizados principalmente pela PNUD, ONU Meio 
Ambiente e pelo Banco Mundial – conservam e fazem o uso da diversidade 
biológica, combatem as mudanças climáticas, revertem a degradação das águas 
internacionais, eliminam as substâncias que destroem a camada de ozônio, 
combatem a degradação da terra e a seca, e reduzem e eliminam a produção e 
o uso de certos poluentes orgânicos persistentes. 
Para ajudar a avançar a causa do desenvolvimento sustentável de forma 
contínua, a Assembleia Geral também declarou o período entre 2005 e 2014 
como a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável. A Década, que tem a Organização das Nações Unidas para 
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como principal agência, procura ajudar 
as populações a desenvolverem atitudes, habilidades e conhecimento para 
tomarem decisões informadas para o benefício próprio e dos outros, agora e no 
futuro, e para agirem sobre essas decisões. 
21 
 
 
 
A lista dos órgãos ativos da ONU para ajudar o meio ambiente e o 
desenvolvimento sustentável inclui o Banco Mundial, o Programa das Nações 
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organização Marítima Internacional 
(OMI), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial 
(UNIDO), a Organização das Nações Unidas para Agriculturae Alimentação 
(FAO), o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-
HABITAT), a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 
(UNESCO) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). 
O Pacto Global da ONU envolve a comunidade empresarial internacional 
no cumprimento dos princípios ambientais, e uma iniciativa da GEF, do Banco 
Central, ONU Meio Ambiente e PNUD, ajuda a financiá-lo. 
Tendo em mente a importância do ponto de vista ambiental e do princípio 
da sustentabilidade, a Assembleia Geral declarou uma série de observâncias 
para catalisar a ação positiva em todo o mundo. Entre aquelas atualmente em 
vigor estão a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável (2005-2014) e a Década Internacional, “Água para a Vida”, que 
começou em 22 de março de 2005. Além disso, a comunidade mundial observou 
o Ano Internacional das Fibras Naturais, em 2009, o Ano Internacional da 
Biodiversidade, em 2010, e o Ano Internacional das Florestas, em 2011. 
As datas comemorativas relacionadas ao meio ambiente declaradas pela 
Assembleia também incluem o Dia Mundial da Água (22 de março), o Dia 
Internacional para a Diversidade Biológica (22 de maio), o Dia Mundial do Meio 
Ambiente (5 de junho), o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca (17 
de junho), o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio (16 de 
setembro), o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio 
Ambiente em Tempos de Guerra e Conflito Armado (6 de novembro) e o Dia 
Internacional das Montanhas (11 de dezembro). 
 
 
 
22 
 
 
 
Assembleia Ambiental da ONU (UNEA) 
Desde 2014, a ONU passou a contar com a Assembleia Ambiental das 
Nações Unidas (UNEA, na sigla em inglês), cuja primeira edição ocorreu em 
2014 e a segunda em 2016. 
A UNEA é a mais importante plataforma da ONU para a tomada de 
decisões sobre o tema e marcou o início de um período em que o meio ambiente 
é considerado problema mundial – colocando, pela primeira vez, as 
preocupações ambientais no mesmo âmbito da paz, segurança, finanças, saúde 
e comércio. Em sua primeira edição, reuniu mais de 160 líderes de alto nível. 
Miniguia das conferências de meio ambiente e 
desenvolvimento sustentável 
 
15 de setembro de 1971, Sede das Nações Unidas, Nova Iorque. Maurice F. Strong, 
secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano (à direita), 
mostra ao secretário-geral das Nações Unidas, U Thant, um desenho para o cartaz oficial da 
Conferência. À esquerda está Keith Johnson (Jamaica), presidente da Comissão Preparatória 
da Conferência. Crédito da foto: ONU/Teddy Chen 
 A primeira grande conferência-marco na área de meio ambiente foi 
a Conferência de Estocolmo, de 1972. 
23 
 
 
 
 Em 1992 ocorreu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92) 
 Dez anos depois, em 2002, ocorreu em Joanesburgo, na África do 
Sul, a Rio+10. 
Por fim, em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, na sede da ONU, 
a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da 
ONU definiram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 
como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que deve 
finalizar o trabalho dos ODM e não deixar ninguém para trás. Com prazo para 
2030, mas com o trabalho começando desde já, essa agenda é conhecida como 
a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 
RIO+20 
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento 
Sustentável (CNUDS), conhecida também como Rio+20, foi 
uma conferência realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012 na cidade 
brasileira do Rio de Janeiro, cujo objetivo era discutir sobre a renovação do 
compromisso político com o desenvolvimento sustentável. 
A Rio+20 contou com a participação de chefes de Estado e de Governo 
de 188 nações (das quais, 185 dentre os 193 países-membro da ONU, além de 
representantes do Vaticano, da Palestina e da Comunidade Europeia) que 
reiteraram seus compromissos com a sustentabilidade do desenvolvimento, 
sobretudo, no que concerne ao modo como estão sendo usados os recursos 
naturais do planeta. A Rio+20 foi marcada pelo esforço de se promover a 
participação social na construção e na implementação dos compromissos pela 
sustentabilidade. De forma inédita às conferências da ONU, a Rio+20 concedeu 
espaço de palavra aos representantes dos nove grupos sociais distinguidos na 
Agenda 21 (os Major Groups) para se manifestarem na Plenária de Alto Nível - 
na qual tradicionalmente somente se manifestam os Chefes de Estado e de 
Governo dos países-membro da ONU. A "plena participação da sociedade civil" 
está realçada no primeiro parágrafo do documento resultante da Rio+20 
24 
 
 
 
intitulado "O Futuro que Queremos". No entanto, tal participação social nos 
resultados da Rio+20 foi questionada por diversos grupos sociais, gerando 
críticas ao texto da Conferência. 
O evento ocorreu em dez locais, tendo o Riocentro como principal local 
de debates e discussões; entre os outros locais, figuram o Aterro do Flamengo e 
o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. 
Mobilização da sociedade e o FSM 2012 
No Brasil, foi formado o Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira 
para a Rio+20. Segundo Aron Belinky, coordenador de Processos Internacionais 
do Instituto Vitae Civis, que representa o Fórum Brasileiro de ONGs e 
Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) na 
Coordenação Nacional do Comitê, o papel do grupo – atualmente formado por 
14 redes – é trazer mais participantes para o debate até o ano que vem. “Nossas 
ações são elaboradas por meio de grupos de trabalhos. Um deles é o de 
formação e mobilização, que deverá levar os temas em discussão para a 
sociedade e cuidará da organização do evento paralelo previamente chamado 
de Cúpula dos Povos, que terá a participação da sociedade civil”, pontual. 
O encontro da sociedade, segundo ele, deverá começar antes, por volta 
do dia 20 de junho de 2012. “Além de representantes do Brasil, outros 
do Canadá, França, Japão, e de alguns países da América Latina já estão 
envolvidos nestas ações”, adianta o ambientalista. “Na Cúpula dos Povos, 
queremos que seja garantido que a economia verde seja avaliada como um 
interessante indutor de sustentabilidade, desde que abranja as questões sociais, 
além das ambientais, e tenha sempre presente a questão da qualidade de vida 
dos cidadãos, além da ecoeficiência.” 
Uma outra frente da sociedade civil rumo à Rio+20 se dará no âmbito do 
Fórum Social Mundial (FSM). A decisão foi tomada ao final da edição deste ano, 
em Dacar, no Senegal. Segundo o empresário e ativista da área de 
responsabilidade social, Oded Grajew, que integra o Comitê Internacional do 
FSM – que ocorrerá entre 27 e 31 de janeiro de 2013 (data sujeita a alterações) 
–, a edição internacional descentralizada do evento terá como principal pauta a 
temática ambiental, voltada à conferência. 
25 
 
 
 
“O FSM não representa as elites econômicas e exigirá uma demanda de 
mobilização da sociedade sobre outro modelo de desenvolvimento. Trataremos 
de propostas de mudança da matriz energética para a renovável, da questão 
nuclear, das hidrelétricas em confronto com as populações indígenas, do modelo 
de consumo e resíduos orgânicos, entre outros”, aponta Grajew. Segundo ele, a 
meta é propor políticas públicas ao governo e informações sobre indicadores 
quanto à grave situação do modelo atual de desenvolvimento, que leva ao 
esgotamento de recursos naturais e ao aumento das desigualdades. 
“Como 2012 será também um ano de eleições em alguns países 
importantes como EUA, Alemanha e França, isso prejudica decisões. Talvez 
essas nações não queiram assumir alguns compromissos, que podem 
comprometer os resultados nas urnas”, alerta. Ele reforça que, no contexto da 
Economia Verde, as discussõesdo FSM permanecerão voltadas a questões 
sociais, ao combate às desigualdades. 
No campo empresarial, Grajew informa que algumas iniciativas em 
andamento são do Instituto Ethos, que lançou, em fevereiro deste ano, a 
Plataforma por uma Economia Inclusiva, Verde e Responsável. “A proposta é 
que possa ser apresentada também uma agenda de sustentabilidade urbana 
para os candidatos às eleições municipais brasileiras, no ano que vem. O projeto 
será amadurecido na Conferência Ethos, em agosto deste ano.” 
Governança e desenvolvimento sustentável 
Um tema complexo que estará na Conferência, segundo Belinky, diz 
respeito à governança em um cenário de desenvolvimento sustentável. “Este 
tema está sendo pouco debatido oficial e extraoficialmente. Deve ser visto não 
como uma discussão sobre burocracia, mas como uma condição necessária 
para encaminhar as decisões e recomendações que se tomem na conferência”, 
analisa. 
Belinky afirma que, se por um lado, hoje se enxerga o desenvolvimento 
sustentável no conjunto, as instituições internacionais e internas a cada país são 
estanques. “Umas atuam no campo econômico, como o Banco Interamericano 
de Desenvolvimento (BID), o FMI e a Organização Mundial do Comércio (OMC), 
que não se conectam nas dimensões sociais e ambientais. Já a Organização 
26 
 
 
 
Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Trabalho (OMT), que têm 
algum poder político, estão desconectadas do lado ambiental. A ideia é integrá-
las à questão do desenvolvimento sustentável”. 
No caso da questão ambiental, as discussões levam à constatação de que 
não existe nenhuma organização internacional com real poder regulatório. “O 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é um dos com 
menor orçamento na ONU e depende de adesões voluntárias. Não é essencial 
dentro do sistema, participa quem quer. Pode encaminhar, no máximo, estudos, 
recomendações, mas sem poder regulatório”. 
Como primeiro passo, uma das propostas que serão defendidas pela 
sociedade civil é que haja uma resolução para se criar uma agência ambiental 
internacional, aprimorando o funcionamento do Pnuma ou por meio de sua união 
com outras agências. “O governo brasileiro, inclusive, tem defendido uma 
'agência guarda-chuva', que tenha sob ela várias agências internacionais do 
sistema ONU.” As entidades, segundo Belinky, enxergam que existe uma 
necessidade tanto ética quanto política e econômica de tirar as pessoas da 
pobreza. “Isso não significa que deverão ter padrão de consumo insustentável, 
como o norte-americano e europeu. Não é objetivo estender a sociedade 
perdulária”, adverte. 
As expectativas sobre os resultados da Rio+20 caminham na direção de 
dois extremos. “Será uma grande oportunidade ou nulidade. A conferência pode 
fazer uma convergência, desatar nós ou, então, se não se dispuser, será um 
ponto de jogar conversa fora. Mas de qualquer forma, a mobilização de 
propostas da sociedade civil será um avanço. Ou os governos são capazes de 
mostrar relevância no mundo contemporâneo ou são incapazes de acompanhar 
o ritmo que a sociedade avança, se tornando um empecilho”. 
 
27 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
Diferentemente da Rio+20, Cúpula dos Povos supera divergências no texto 
final. Jornal do Brasil. disponível em: 
https://www.jb.com.br/redirect.php?url=/ambiental/noticias/2012/06/22/diferente
mente-da-rio20-cupula-dos-povos-supera-divergencias-no-texto-final/. Acesso 
em 24 de junho de 2012 
Rio+20 é o maior evento já realizado pela ONU, diz porta voz. Jornal do 
Brasil. disponível em: 
https://www.jb.com.br/redirect.php?url=/ambiental/noticias/2012/06/22/rio20-e-
o-maior-evento-ja-realizado-pela-onu-diz-porta-voz/. Acesso em 24 de junho de 
2012 
NAÇÕES UNIDAS BRASIL (NUB). A ONU e o meio ambiente. 
Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/. Acesso em: 17 
set. 20. 
SILVA. A sustentabilidade como forma de implementação da função 
social da propriedade rural. Pag 18 – 28. 
AVELHAN, Bruna Liria; SOUZA, José Paulo de. A estrutura de 
governança do setor sucroalcooleiro: uma avaliação de fornecimento de 
matéria-prima da região de Araçatuba, Estado de São Paulo. Informações 
Econômicas, São Paulo, v. 41, p.13-25, ago. 2011. 
BRASIL. BLOG DO PLANALTO. A história das conferências da ONU 
sobre mudanças climáticas. Disponível em: <http://blog.planalto.gov.br/a-
historia-das-conferencias-da-onu- sobre-mudancas-climaticas/>. Acesso em: 
01 ago. 2012.

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