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SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL PROFESSORES Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Wilian D’Agostini Ayres ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3620 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CHATALOV, Renata Cristina de Souza; MATOS, Natália Christina da Silva; AYRES, Wilian D’Agostini. Sustentabilidade e Responsabilidade Social. Renata Cristina de Souza Chatalov; Natália Christina da Silva Matos; Wilian D’Agostini Ayres. Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. Reimpresso em 2022. 184 p. “Graduação - EaD”. 1. Sustentabilidade 2. Social 3. Responsabilidade. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Luciano Santana Pereira Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Juliana Duenha Design Educacional Bárbara Neves Revisão Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca Cintia Prezoto Ferreira Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 658.408 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-330-8 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Me. Natália Christina da Silva Matos Graduada em Agronegócio pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2012). Espe- cialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2015). Mestre em Tecnologias Limpas pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2018). http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4850526Y9 Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Possui Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Universitário Ce- sumar. Possui graduação em Tecnologia Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Possui especialização em Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM. Tem Mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Foi professora no curso de graduação em Administração na Faculdade Metropolitana de Maringá. Foi professora da disciplina de Indústria e Meio Ambiente na Pós-graduação em Gestão Ambiental na Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da pós-graduação EAD - Unicesumar. Atualmente, é coordenadora dos cursos de Gestão da Qualidade e Tecnologia em Segurança no Trabalho na modalidade EAD - Unicesumar. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4400997J9 Me. Wilian D’Agostini Ayres Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especia- lista em Docência no Ensino Superior: Novas Tecnologias Educacionais e Inovação, em Empreendedorismo e Inovação Social nas Organizações e em MBA em Coaching Aplicado à Gestão de Pessoas pela Unicesumar. Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Tem experiência acadêmica na área de Ciência Política, com ênfase em Sociologia do Desenvolvimento e em Meio Ambiente, atuando principalmente nos seguintes temas: conferências, participa- ção, meio ambiente, políticas públicas e desenvolvimento sustentável. Atualmente, é professor mediador e formador da Unicesumar, desenvolvendo atividades na modalidade de educação a distância (EaD). http://lattes.cnpq.br A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL Caro(a) aluno(a), neste material, trabalharemos o tema “sustentabilidade e a responsabilidade social”. Tratar desse assunto, nos dias atuais, é de grande importância para a sua carreira profissional, dada a sua relevância, independentemente da área do conhecimento. Considerando esse aspecto, estudaremos as questões históricas vinculadas às problemáti- cas ambientais que levaram à consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável e o papel da responsabilidade social nesse processo. Além disso, analisaremos as características do gerenciamento ambiental, as suas ferramentas e o seu princípio, os quais afetam outras áreas correlatas, tais como o marketing aplicado aos anseios da sustentabilidade. Também conheceremos as certificações e as normas relacionadas à sustentabilidade e, prin- cipalmente, à responsabilidade social, a qual será enfatizada, ao analisarmos as suas dimen- sões. Por fim, entenderemos a relevância das ações sustentáveis e apresentaremos os seus resultados por intermédio de relatórios, de balanços e de premiações. Nesse sentido, para o desenvolvimento dos estudos elencados, esta unidade foi dividida em cinco unidades. Na primeira unidade, o ponto de partida para os nossos estudos se dá com a necessidade de se debater o crescimento populacional e a escassez de recursos naturais a longo prazo. Assim, explicaremos os marcos históricos que levaram à consolidação do conceito de de- senvolvimento sustentável enquanto uma proposta para o novo modelo econômico e social, desde a Revolução Industrial, até chegarmos às problemáticas ambientais e à sustentabilidade propriamente, que será trabalhada em conjunto com os seus pilares, dimensões e objetivos. Na segunda unidade, trataremos dos aspectos empresariais acerca do meioambiente. Para isso, aprofundaremos os nossos estudos sobre o papel das empresas em relação às ques- tões ambientais, como a necessidade de prevenção dos acidentes ambientais. Além disso, explanaremos a importância da sustentabilidade econômica das organizações, o que envolve elementos vinculados à gestão e à distribuição eficiente de recursos naturais, assim como os atuais conceitos de economia ecológica e verde. Também será abordado o social na área da responsabilidade social empresarial, nas políticas e nos investimentos. Ao chegarmos à terceira unidade, estudaremos o marketing verde, as suas normatizações e certificações, com ênfase vinculada à sustentabilidade e à responsabilidade social, como a ISO 26000 e a NBR 16001. Em outras palavras, exploraremos as normas internacionais e nacionais sobre o tema. D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O Na quarta unidade, conheceremos os fatores relacionados à ética empresarial, tais como as políticas e as práticas que influenciam nos âmbitos já mencionados, como os da responsa- bilidade social. Por fim, na quinta unidade, analisaremos as auditorias, os modelos de divulgação de ações sustentáveis e os elementos que as compõem. São exemplos: os demonstrativos de natu- reza social e ambiental, os modelos de balanço, os relatórios de sustentabilidade de maior aplicabilidade nesse contexto e as premiações das organizações mais reconhecidas da área. Com isso, almejamos que o conteúdo trabalhado seja de grande valia em sua rotina profissio- nal e pessoal. Também desejamos que os seus estudos não parem por aqui, mas que você aprenda cada vez mais, a fim de gerarmos uma sociedade sustentável. Bons estudos! ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store U N ID A D E 1 8 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO O NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10 EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE 40 79 MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO 110 DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 140 AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS 166 CONCLUSÃO GERAL 1 O NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO sustentável PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O crescimento populacional e o uso sustentável dos recursos naturais • Nosso Futuro Comum – Relatório Brundtland • Objetivos do desenvolvimento sustentável. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Analisar os problemas ambientais contemporâneos. • Compreender o histórico do desenvolvimento sustentável. • Apresentar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os conceitos de susten- tabilidade e de responsabilidade social. PROFESSORES Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Wilian D’Agostini Ayres INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a). Nesta primeira unidade, você fará um estudo que é de extrema importância para várias áreas do conhecimento: o desenvolvimento sustentável. Para iniciarmos essa dis- cussão, gostaríamos de esclarecer que o meio ambiente que conhecemos hoje sofreu muitas modificações ao longo dos séculos e os conceitos que são estudados atualmente nem sempre existiram. Assim, o grande desafio desta unidade é o de resgatar brevemente o contexto histórico ambiental e expor os conceitos que são fundamentais para o entendimento da necessi- dade de um novo modelo econômico e social que considere a capacidade de renovação dos recursos naturais. Dessa maneira, constataremos que o desenvolvimento sustentável está relacionado com a preservação dos recursos naturais utilizados pela nossa geração, tendo em vista as gerações vindouras. Assim, buscaremos esclarecer algumas especificidades dos conceitos que englobam o desenvolvimento sustentável, tais como o crescimento populacional, os problemas causados ao meio ambiente, devido à falta de conscientização ambiental, as interferências das organizações não governamentais (ONGs) na construção de um novo paradigma perante a humanidade, além das interferências governamentais. Ainda nesta unidade, você terá a oportunidade de ampliar a sua visão sobre a criação de uma cidadania sustentável. Isso representa uma riqueza de possibilidades, ao pensar de forma sistêmica e perceber que tudo possui conexão com tudo. Entretanto, é preciso estar atento, visto que, seja qual for a conexão estabelecida, ela deve estar em conformidade com a concepção de sustentabilidade. Além do mais, as metas devem ser conjuntas, conside- rando os aspectos econômicos, sociais e ambientais, para que, dessa forma, alcancemos os padrões consistentes de sustentabilidade. Diante disso, foram estabelecidas metas e propostas pautadas nos al- cances da sustentabilidade. Um exemplo são os Objetivos de Desenvolvi- mento Sustentável (ODS), que se referem a 17 metas globais determinadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas e as quais serão abordadas neste capítulo. Bons estudos! U N ID A D E 1 12 1 O CRESCIMENTO POPULACIONAL e o uso sustentável de recursos naturais Caro(a) aluno(a), iniciaremos os nossos estudos a partir da apresentação da relação do crescimento populacional com a sustentabilidade. Nesse sentido, conheceremos, a seguir, os problemas ambientais e o seu vínculo com a população humana. Problemas ambientais: consequência do modelo social e a sua relação com o crescimento popula- cional Para entendermos os fatores que geraram os debates sobre a necessidade de pro- moção do desenvolvimento sustentável, é importante compreendermos quais foram os marcos que influenciaram esse processo. Segundo o historiador Warren Dean (1995), em seu livro “A Ferro e Fogo”, a destruição da Mata Atlântica teve início no momento em que os portugueses tomaram conta do território brasi- leiro. A natureza era vista como uma força contraditória ao desenvolvimento, ou seja, um empecilho a ser eliminado para o cultivo das plantações, as quais eram baseadas na monocultura de exportação. Outro marco histórico é o desenvolvimento das máquinas a vapor, que ocor- reu por volta de 1760. A grande Revolução Industrial e os avanços tecnológicos proporcionaram a exploração de recursos naturais em escalas inigualáveis. Esses U N IC ES U M A R 13 avanços aumentaram a partir da invenção do motor à combustão, em 1876, e da eletricidade, em 1870. Esse crescimento tecnológico foi o responsável por proporcionar melhorias no crescimento econômico, mas também gerou gran- des problemas futuros. Imersos na mentalidade da época, a poluição vinda das fábricas era encarada como um símbolo de vitória e de prosperidade: a falta de consciência sobre a necessidade de se promover um crescimento ecologicamente viável e socialmente igual a todos era totalmente inexistente. Assim, surgiu uma sociedade baseada na produção e no consumo (DEAN, 1995). Na década de 60 e 70, em meio às mudanças socioculturais que domina- vam a sociedade, foram iniciadas as reflexões sobre os danos causados ao meio ambiente, o que proporcionou a elaboração dos primeiros esforços para uma consciência ecológica e ativa. O grande sinalde alerta foi o lançamento da obra “Primavera Silenciosa”, no ano de 1962, pela bióloga Rachel Carson, em que se é discutido o uso indiscriminado de agrotóxicos. Esse se tornou um dos livros mais vendidos em relação à questão ambiental, em um contexto da organização da luta ecológica (DEAN, 1995). Além disso, historicamente, a humanidade passou por transformações, de- vido ao crescimento populacional, uma vez que o nascimento de mais pessoas representa um aumento da demanda por energia. Não só, mas também pressupõe um maior consumo de recursos não renováveis, tais como petróleo e minerais, a produção de mais recursos renováveis, como peixes e florestas, e a necessidade de aumento da produção de alimentos pela agricultura. O uso irracional desses re- cursos proporciona impactos que são difíceis de serem resolvidos (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Diante desse cenário, levando em consideração os aspectos vinculados às influências ambientais, sociopolíticas e econômicas, surge a percepção de que o desenvolvimento é necessário, desde que atenda a um conjunto de princípios e os comportamentos humanos sejam amparados pelo senso de responsabilidade socioambiental. Segundo a Comissão Mundial do Meio Ambiente e do Desenvol- vimento – cuja escrita e sigla correspondentes, em inglês, são World Comission on Environment and Development (WCED) –, o conceito de desenvolvimento sustentável tem se difundido enquanto uma proposta para equilibrar as necessi- dades atuais satisfatórias, sem comprometer a manutenção das gerações futuras (WCED, 1987). Todavia, para obter uma visão macro da forma como se desen- volveram os fatos históricos que influenciaram os debates sobre o meio ambiente e o desenvolvimento, analise a tabela a seguir: U N ID A D E 1 14 ANO ACONTECIMENTO MARCO HISTÓRICO Livro sobre crise ambiental “Primavera Silenciosa” (título original: “Silent spring”). Livro sobre crise ambiental “Primavera Silenciosa” (título original: “Silent spring”). Formação do renomado Clube de Roma. Esse clube foi constituído com a �nalidade de compreender os fatores que in�uenciam o meio ambiente e, consequentemente, o sistema global em seus fatores naturais, sociais, políticos e econômicos. Conferência da Unesco sobre a conservação e o uso racional dos recursos da biosfera. Realizada em Paris, marca a criação do Programa “Homem e a Biosfera”, representado pela sigla MAB. Consolidação do programa Homem e Biosfera (MAB) (em inglês, Man and the Biosphere) da UNESCO. Voltado para as pesquisas sobre a relação causal entre a humanidade e o meio ambiente, tem a sua pauta vinculada às questões naturais e sociais, tais como a conservação da natureza e o bem-estar da humanidade. Novo livro sobre a crise ambiental, intitulada “Os limites do crescimento”. Material produzido pelo Clube de Roma, o qual alerta uma escassez de recursos naturais e contaminação da natureza nos próximos 100 anos. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia. É marcado como primeiro evento de natureza governamental que vincula as questões econômicas ao meio ambiente. Reuniu 113 Estados-membros da ONU e possibilitou a criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA). Primeira Estratégia Mundial para a Conservação. Parceria entra o PNUMA e a WWF (World Wildlife Fund), estipula uma estratégia para a conservação dos recursos naturais. Marca, também, a primeira menção ao conceito de desenvolvimento sustentável. Criação da Comissão sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD). Essa comissão tinha a �nalidade de desenvolver estratégias plausíveis para as questões econômicas e ambientais. Foi presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Publicação do informe “Nosso Futuro Comum”, feito pela CMMAD, também conhecido como “Informe Brundtland”. Consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável, ao relacionar as questões ambientais ao desenvolvimento econômico. 1962 1968 1968 1971 1972 1972 1980 1983 1987 1991 Segunda Estratégia Mundial para a Conservação: “Cuidando da Terra”. Dá continuidade ao Informe Brundtland, em esforços conjuntos entre o IUCN (International Union for Nature Conservation), o PNUMA e a WWF, ao vincular os fatores políticos e sociais para um desenvolvimento sustentável consistente. U N IC ES U M A R 15 Tabela 1 – Marcos históricos dos debates para o desenvolvimento sustentável Fonte: adaptada de Ayres (2018). O conceito de desenvolvimento sustentável é baseado no princípio de cresci- mento econômico, social e ambiental. Dessa forma, garante a acessibilidade das gerações futuras aos recursos naturais. ANO ACONTECIMENTO MARCO HISTÓRICO Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra e/ou Eco 92. Marca a primeira ocasião em que um debate governamental é realizado no Brasil. Nesse sentido, o Rio de Janeiro se tornou palco para a discussão de estratégias de ação mundial para o modelo de desenvolvimento sustentável. Na ocasião, estiveram representados 170 Estados, foi publicada a Declaração do Rio, além de outros quatro documentos. O mais importante foi a Agenda 21. Fórum Rio + 5. Cinco anos após a Eco 92, foi realizada, em Nova York, com a �nalidade de veri�car o andamento da Agenda 21 até então. Protocolo de Kyoto. Tinha, como �nalidade estratégica, o monitoramento da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, reduzindo, assim, os impactos do aquecimento global e, consequentemente, do efeito estufa. Primeiro Foro Mundial de âmbito Ministerial realizado em Malmo, na Suécia. Gerou a Declaração de Malmo, que trata das perspectivas futuras para as questões ambientais. Os que estavam presentes asseguraram o seu engajamento com o desenvolvimento sustentável. Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável – Rio + 10, realizada em Johanesburgo, na Africa do Sul. Novo marco temporal após a Eco 92, passados 10 anos de sua precursora. Teve por �nalidade veri�car os resultados alcançados em relação ao desenvolvimento sustentável, além de debater sobre a fome. Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas realizada em Cophenhague, na Dinamarca. Reuniu 120 chefes de Estado e de governo. Gerou a substituição do Protocolo de Kyoto. Além disso, foi consagrado o acordo de Copenhague, que tratava das questões ambientais e das mudanças no clima. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio +20. Assim com a Eco 92, foi realizada no Rio de Janeiro, 20 anos depois. Procurou veri�car o andamento dos acordos realizados na Agenda 21, além de rea�rmar os compromissos com o desenvolvimento sustentável. 1992 1997 1997 2000 2002 2009 2012 2015 Cúpula das Nações Unidas sobreo Desenvolvimento Sustentável. Proposta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) enquanto agenda para 2030. U N ID A D E 1 16 Assim como foi visível na Tabela 1, um documento marcante nesse processo foi a Agenda 21, que consiste em planejar as ações assertivas no que diz respeito à sustentabilidade. O referido documento possui cerca de 40 capítulos e tem por finalidade propor um novo modelo de desenvolvimento em escala global, com base em aspectos de preservação ao meio ambiente, bem-estar social e eficiência econômica (OLIVEIRA; MOREIRA, 2012). Desenvolvimento sustentável como um novo modelo Assim como estudamos no tópico anterior, a ONU e os Estados que a compõem estipularam estratégias de ação, considerando as demandas que o crescimento populacional geraria a curto e longo prazo. Além disso, foi estipulada a necessi- dade de oferta de matérias-primas para a manutenção dos meios de produção. Ambos os aspectos mencionados colocam em xeque a capacidade da natureza em oferecer os recursos suficientes para suprir tais necessidades. Para isso, o de- senvolvimento tecnológicomudaria o cenário de insustentável para sustentável, com a maximização dos recursos (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável incorpora os padrões econômicos e sociais ao que o ambientalismo tratava apenas como ecológico. O crescimento populacional afeta a distribuição dos recursos, dado que a quan- tidade desses recursos não aumentou em conformidade com o crescimento da população. Diante disso, em detrimento do crescimento populacional, as demandas econômicas e sociais também tendem a aumentar, o que gera o risco de escassez de recursos. Assim, a preservação ambiental deixa de ser uma opção para se tornar uma prioridade (LIMA, 2001). A taxa de expansão populacional mundial é insus- tentável: embora seja menor do que já foi – em um espaço finito e com recursos finitos –, nenhuma população pode continuar crescendo para sempre. Seria interessante saber a quantidade máxima de população humana que poderia ser sustentada na Terra. Townsend, Begon e Harper (2010) propõem o seguinte questionamento: qual é a capacidade de suporte global? Com esse dado, seria possível desenvolver uma equação que considere os recursos versus as demandas, para chegarmos a uma informação que determine quando alcan- çaremos a sustentabilidade. U N IC ES U M A R 17 Você já se questionou o “quão ecológico” é o seu comportamento cotidiano? Já se perguntou se há aspectos que possuem maior engajamento, em com- paração aos demais? Vamos fazer um teste? conecte-se Nesse contexto, caro(a) aluno(a), para obtermos a sustentabilidade ou nos apro- ximarmos dela, é necessária aquisição e a aplicação da compreensão ecológica. O papel da ONU no desenvolvimento da consciên- cia ambiental Em dezembro de 1972, foi criado o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU - Meio Ambiente), que coordena os trabalhos da organiza- ção em nome do meio ambiente global. Suas prioridades incluem as catástrofes ambientais, as substâncias nocivas, as mudanças climáticas, a gestão dos ecos- sistemas, a governança ambiental e a eficiência dos recursos. Desse modo, as estratégias voltadas a um novo modelo de desenvolvimento econômico e social são direcionadas à “defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras” que “se converteu na meta imperiosa da humanida- de” (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO, 1972, on-line)¹. Dessa forma, o novo modelo não era apenas um desafio, mas era uma propos- ta de melhoria continuada de uma sociedade que precisa de equidade na distri- buição dos seus recursos, além de aperfeiçoamentos em seus padrões, visto que: “ É precisamente na dignidade de todos os seres humanos que deve incidir o esforço maior de oferecer uma tutela ecológica que se opo-nha aos constantes danos à natureza, às práticas abusivas que, por exemplo, provocam a poluição (atmosférica, hídrica, sonora, visual, etc.), aceleram os processos de desertificação, reduzem os recursos naturais e causam mudanças climáticas responsáveis por milhões de vitimados pelos danos ambientais. Não há que passar desperce- bido que, neste momento histórico, ocorre na ONU, em Nova York, a Conferência para a Proibição das Armas Nucleares (BARROS; CAÚLA, 2017, p. 8). http://www.pegadaecologica.org.br/2019/pegada.php U N ID A D E 1 18 Para o Brasil, houve dois momentos históricos que marcaram o engajamento nacional em relação às causas ambientais. São eles: 1. Resistência ao engajamento nas causas ambientais. Um exemplo disso é a participação na COP15 (XV Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas), que aconteceu na cidade de Cope- nhague, em 2009. Na ocasião, o país assumiu apenas o compromisso de reduzir cerca de 36,1% até 38,9% das emissões de gases que geram o efeito estufa, metas que tinham, como prazo, o ano de 2020. 2. Engajamento e compromisso com o desenvolvimento sustentável. En- quanto exemplo e marco, temos a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que consolidou a atuação do país nas causas ambientais. O posicionamento do Brasil foi diferente na Rio+20, comparado-se à primeira conferência realizada em 1992 (a Rio-92). Na década de 90, o país iniciava a sua atuação na política internacional do meio ambiente, com a finalidade de ganhar espaço no cenário político internacional. Desse modo, em 2012, na Rio+20, reafir- mou o seu engajamento com as causas ambientais e apresentou novas estratégias para trabalhar as metas relacionadas à sustentabilidade: “ A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de rea-lização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas prin- cipais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes (RIO+20, [2020], on-line)². U N IC ES U M A R 19 Desde 2014, a ONU passou a contar com a Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Unea), cuja primeira edição ocorreu em 2014, e a segunda, em 2016. A Unea é a mais importante plataforma da ONU para a tomada de decisões sobre o tema e marcou o início de um período em que o meio ambiente é considerado um problema mundial – ao considerar, pela primeira vez, as preocupações ambientais no mesmo âmbito da paz, da segurança, das finanças, da saúde e do comércio. Em sua primeira edição, reuniu mais de 160 líderes de alto nível. Fonte: adaptado de ONU ([2020], on-line)2. explorando Ideias Em setembro de 2015, às vésperas da abertura da 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, aconteceu, em Nova York, a formulação da nova agenda oficialmente adotada pelos chefes de Estado e de governo na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvi- mento Sustentável. Acordada pelos 193 estados membros da ONU, nasceu, portanto, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com seções sobre os meios de implementação e uma renovada parceria mundial (TRINDADE; LEAL, 2017). A Sociedade civil organizada e a sua atuação no Brasil O desenvolvimento sustentável teve os seus aspectos em constante pauta gover- namental, dada a atuação de representantes de causas sociais e organizações Não Governamentais. “Vale ressaltar que a sociedade civil organizada, por meio de ONGs e dos movimentos sociais, cumpre um papel fundamental na consolidação e na ampliação das questões ambientais no Brasil e no mundo” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2003, p. 7). Para compreendermos melhor esse aspecto, é importante sabermos que a economia é composta por três setores distintos. São eles: U N ID A D E 1 20 Figura 1 - Setores que compõem a economia / Fonte: os autores. As Organizações da Sociedade Civil (OSC) têm atuado em várias áreas ligadas às necessidades sociais que existem. Por exemplo: saúde, emprego, educação, assis- tência social, direitos políticos, questões ambientais, entre outros. Nesse sentido, há uma lista de representantes da sociedade civil organizada que foi elaborada na quarta e na última Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2003), são eles: 1. Centro Multidisciplinar de Estudos em Resíduos Sólidos (CeRSOL). 2. Universidade de São Paulo (USP). 3. Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). 4. Conselho Nacional de Seringueiros (CNS). 5. Coletivo de Entidades Negras de Minas Gerais (CEN-MG). 6. Central Única dos Trabalhadores (CUT). 7. Força Sindical. 8. Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSE- MAE). 9. Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). 10. Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM). 11. Rede Brasileira de Agendas 21 Locais (REBAL). 12. União Nacional de Cooperativasda Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES). 13. União Nacional dos Estudantes (UNE). O Terceiro Setor é formado pela sociedade civil organizada, que é composta pelas Organizações da Sociedade Civil (OSC), as quais reúnem diversos formatos e naturezas institucionais, tais como: Organizações Não Governamentais (ONG); movimentos sociais; institutos; fundações; associações, entre outros. O terceiro setor visa oferecer produtos e serviços a grupos e/ou indivíduos que não são assistidos pelo Estado e/ou não tem poder aquisitivo para custear as suas necessidades. O Primeiro Setor é representado pelo Estado, que também compõe os serviços e os aspectos de acesso público. O Segundo Setor é o mercado, representado pelas empresas que oferecem os seus produtos e serviços, a �m de obter lucro. U N IC ES U M A R 21 Caro(a) aluno(a), você sabe o que é o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)? O Conama assessora, estuda e propõe, ao governo, as linhas de direção das políticas gover- namentais para a exploração e a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. É o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), instituído por meio da Lei nº 6.938/1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274/1990. Fonte: adaptado de O Eco (2014, on-line)3. explorando Ideias 14. Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). 15. Instituto Nacional de Pesquisas e Defesa do Meio Ambiente (IMA). 2 NOSSO FUTURO COMUM - relatório brundtland A Comissão Brundtland foi a responsável por reunir aspectos econômicos em ambientais em um único conceito: o desenvolvimento sustentável. Esse conceito foi apresentado pela primeira vez no Relatório Nosso Futuro Comum e defende a preservação ambiental, para que as gerações atuais e futuras tenham acesso aos recursos naturais necessários para suprir as suas demandas. Além disso, alguns U N ID A D E 1 22 aspectos relacionados a essa questão se referem à necessidade de administrar o crescimento populacional como um dos responsáveis pelo esgotamento dos recursos naturais (OLIVEIRA, 2005). De acordo com o Relatório Brundtland (1987), em um mundo em que a de- sigualdade e a pobreza não são mais inevitáveis, o desenvolvimento sustentável deve privilegiar o atendimento das necessidades básicas de todos, ao oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de vida para a população no presente e no futuro: “ Apesar de não definir quais são as necessidades do presente nem quais serão as do futuro, o relatório chamou a atenção do mundo sobre a importância de se encontrar novas formas de desenvolvi- mento econômico, sem redução e danos ao meio ambiente. Além disso, o relatório definiu três princípios básicos a serem cumpridos: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e equidade so- cial. Colocando o desenvolvimento sustentável como um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o futuro para satisfazer as necessidades humanas. Mesmo assim, o referido relatório foi amplamente criticado por apresentar como causa da si- tuação de insustentabilidade do planeta o descontrole populacional e a miséria dos países subdesenvolvidos, colocando como um fator secundário a poluição ocasionada nos últimos anos pelos países desenvolvidos (BARBOSA, 2008, p. 20). Todos esses levantamentos apresentados pela Comissão Brundtland levaram à necessidade da realização de uma reunião no âmbito das Nações Unidas para fomentar o debate entre os países. Assim, surgiu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em 1992, no Rio de Janeiro: a Rio-92. A referida conferência teve como meta: “ […] a criação da Agenda 21, um plano de ação para ser adotado em âmbito global, nacional e local por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. O documento constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada, cujo fim é U N IC ES U M A R 23 orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a integração da sustentabilidade ambiental, so- cial e econômica (NOVAES, 2008, p. 17). Após tais acontecimentos históricos, o desenvolvimento sustentável, enquanto proposta de modelo econômico e social, ganhou parâmetros consistentes que ampliaram as suas abordagens, a fim que as propostas se tornassem realidade, como é o caso dos pilares da sustentabilidade. Os pilares da sustentabilidade Após a ONU lançar, em 1987, o relatório “Nosso Futuro Comum” na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o conceito de desenvolvi- mento sustentável, na sociedade, passa a ser um assunto frequente. Anos depois, em 1994, John Elkington criou o triple bottom line (tripé da sustentabilidade), o qual é exemplificado na figura a seguir: Figura 2 – Tripé da sustentabilidade PILAR ECONÔMICO PILAR SOCIAL PILAR AMBIENTAL U N ID A D E 1 24 Esses fatores precisam estar integrados, para que a sustentabilidade, de fato, acon- teça. Segundo Sachs (2003), o tripé do desenvolvimento é entendido como algo que deve ser, simultaneamente: includente, do ponto de vista social; sustentável, do ponto de vista ecológico; e sustentado, do ponto de vista econômico. Além disso, esse método incorpora a visão ecológica nas empresas com base em três princípios: “ Social: engloba as pessoas e suas condições de vida, como educação, saúde, violência, lazer, dentre outros aspectos.Ambiental: refere-se aos recursos naturais do planeta e à forma como são utilizados pela sociedade, comunidades ou empresas. Econômico: relacionado com a produção, a distribuição e o consu- mo de bens e serviços. A economia deve considerar a questão social e ambiental (SACHS, 2003, p. 5). Ao aprofundarmos um pouco mais os nossos estudos acerca dos conceitos de desenvolvimento, devemos considerar os objetivos, os quais devem ser sempre éticos e sociais, em busca do progresso. Nesse contexto, devem ser baseados na solidariedade com as gerações presentes e futuras, respeitando as condições am- bientais. No entanto, para que isso possa acontecer, é necessário que os inves- timentos sejam economicamente viáveis. Portanto, a viabilidade econômica é uma das condições indispensáveis, mas não a suficiente, para alcançar o êxito do desenvolvimento includente e sustentável (SACHS, 2007). Dimensões da sustentabilidade Já sabemos que o Relatório de Brundtland foi um marco na evolução do desenvol- vimento sustentável. Diante disso, houve o surgimento do “ecodesenvolvimento”, que visa conciliar a proteção ambiental com o desenvolvimento socioeconômico, com o intuito de melhorar a qualidade de vida da humanidade. A sustentabilidade considera as necessidades humanas. O grande desafio, hoje, para a humanidade, talvez, seja encontrar um conjunto de transições in- terligadas para uma situação mais sustentável. Sachs (1993, p. 4) aponta cinco dimensões de sustentabilidade que devem ser observadas para planejar o de- senvolvimento. São elas: U N IC ES U M A R 25 Quando trabalhamos a sustentabilidade urbana, as estratégias de planejamento urbano são vitais ao processo de obtenção de padrões de sustentabilidade concretos para esse segmento. Dessa forma, as cidades do futuro devem agregar padrões ecológicos e tecno- lógicos em prol de ambientes sustentáveis. explorando Ideias Sustentabilidade ecológica, que se refere à base física do processo de crescimento. Tem como objetivo a manutenção de estoques dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Sustentabilidade ambiental, que se refere à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas, o que implica na capacidade de absorção e de recomposição dos ecossistemas, em face às agressões antrópicas. Sustentabilidade social, quese refere ao desenvolvimento. Tem por obje- tivo a melhoria da qualidade de vida da população. Para os países que pos- suem problemas de desigualdade e de inclusão social, é necessária a adoção de políticas distributivas e a universalização do atendimento a questões, tais como saúde, educação, habitação e seguridade social. Sustentabilidade política, que se refere ao processo de construção da ci- dadania, a fim de garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica, que se refere a uma gestão eficiente dos re- cursos em geral. Caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado, o que exige a avaliação da eficiência por meio de processos macrossociais. Caro(a) aluno(a), todo o processo que envolve as dimensões da sustentabilidade pode ser uma resposta aos anseios da sociedade, o que propicia cidades que in- corporam os elementos naturais e sociais. Nesse sentido, Sen (2010, p. 21) defende que “[...] o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam”. U N ID A D E 1 26 Responsabilidade é um padrão de comportamento valorizado pela sociedade e diz respei- to às questões individuais para uma boa convivência em grupo. Portanto, quando falamos em responsabilidade socioambiental, estamos nos referindo aos princípios individuais e coletivos acerca das questões ambientais e sustentáveis, ou seja, o comportamento das pessoas em relação às normas de conduta para o meio ambiente, a sociedade e a eco- nomia. pensando juntos Economia verde: um novo modelo econômico A expressão “economia verde”, que substituiu o conceito de “ecodesenvolvimento”, foi implantada pelo canadense Maurice Strong, primeiro diretor-executivo do PNUMA e secretário-geral da Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-92 (O ECO, 2015, on-line)4. A conferência Rio+20, realizada em 2012, além de discutir a redução da po- breza, teve, como tema central, a economia verde (ONU, 2011). Por meio da divulgação dessa expressão pelo mundo, em um relatório do PNUMA (UNEP 2011), em pouco tempo, ela foi aceita oficialmente pela comunidade internacio- nal e popularizada no mundo (BELINKY, 2011). Também se apresentou como alternativa ao desenvolvimento sustentável, que havia sido consagrado no Rio de Janeiro, na primeira Conferência da ONU no Brasil, em 1992: “[...] foi absor- vida por governos, empresas e pela sociedade civil, e empregada na formulação e execução tanto de políticas públicas quanto de iniciativas privadas ligadas à responsabilidade socioambiental” (O ECO, 2015, on-line)4. O conceito de economia verde pode ser resumido em atividades ou “projetos verdes” que são realizados atualmente, tais como a implantação de painéis fo- tovoltaicos, a reciclagem de lixo, as hortas orgânicas, entre outros. Todos eles possuem três características principais: baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e busca pela inclusão social (OECO, 2015, on-line) 4. Entretanto, na realidade, a maioria dos projetos que engloba a economia verde necessita de recursos governamentais. Um exemplo se dá para o pagamento de serviços ambientais existentes, tais como: U N IC ES U M A R 27 A economia verde busca a promoção de uma sociedade com equidade so- cial e econômica que se desenvolva junto com a tecnologia, a fim de obter padrões palpáveis para toda a população mundial. Além disso, forças cen- trífugas levam ao impulsionamento desse processo, ao colocar em xeque a capacidade da humanidade de se adaptar a novas realidades sociais, como foi o caso da pandemia de 2020. conecte-se “ [...] os fins de raciocínio, as Reservas Legais e APPs, previstas no Código Florestal brasileiro, supondo que essas reservas fossem uma área total de 100 milhões de hectares e os donos recebessem R$ 200,00 por hectare por ano, para não desmatar as áreas (valores conservadores), o total anual seria R$ 20 bilhões de reais, mais que o Programa Bolsa Família que custa por volta dos R$ 15 bilhões por ano (SAWYER, 2011, p. 20). Encontramos, ainda, outros riscos, como nos casos dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), em que alguns produtores recebem por seus serviços prestados à natureza. Isso sugere que outros sujeitos que não recebem pagamentos não são obriga- dos a se comprometer corretamente com a causa. Outro risco é quem recebe o PSA: se deixa de receber, pode acreditar que possui o direito de destruir (AMAZONAS, 2010). Dessa forma, pensando no planeta e nas gerações futuras, devemos promover tanto a economia verde quanto o desenvolvimento sustentável. Protocolo Verde O Protocolo Verde é um protocolo de intenções assinado por instituições financeiras públicas e pelo Ministério do Meio Ambiente no ano de 1995 e revisado em 2008. Tem como objetivo definir políticas e práticas bancárias, com a premissa de não financiar empreendimentos e/ou projetos que possam causar problemas ambientais. O protocolo se compromete a financiar o desenvolvimento com sustentabi- lidade, por meio de linhas de crédito e programas que promovam a qualidade de vida da população e a proteção ambiental. Quando o setor bancário faz adesão ao protocolo verde, traz um importante papel para o desenvolvimento sustentável, pois realiza incentivo ambiental para as empresas. https://nacoesunidas.org/economia-verde-as-escolhas-que-fazemos-agora-moldarao-o-futuro/ U N ID A D E 1 28 Em 1995, o BNDES liderou os bancos públicos federais (além do BNDES, participam a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste do Bra- sil) na formalização do Protocolo Verde. Contudo, em agosto de 2008, o BNDES e os bancos públicos federais celebraram, com o Ministério do Meio Ambiente, o Protocolo de Intenções pela Responsabilidade Socioambiental, revisão atualizada do Protocolo Verde de 1995. Fonte: BNDES ([2020], on-line)5. explorando Ideias O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), se empenha continuamente em aprimorar as medidas que já foram definidas no Protocolo Verde, que incluem: as ações que evitem danos ambientais; a criação de equipes que tenham formação e consciência ambiental; a diminuição de desper- dícios; a utilização de materiais recicláveis; e o incentivo à eficiência energética. Princípio poluidor-pagador Esse princípio traz a ideia de que aquele que polui deve pagar pelo seu ato. Todavia, isso não significa que o fato de pagar lhe dá o direito de poluir, mas o pagamento deve ser feito para reverter possíveis danos ambientais, uma vez que “o pagamento de tributo, tarifa ou preço público não isentam o poluidor ou predador de ter exa- minada e aferida sua responsabilidade residual para reparar o dano” (MACHADO, 2009, p. 68). Portanto, conclui-se que não se compra o direito de poluir. O princípio em referência possui assento constitucional previsto nos § 2º e §3º do Art. 225 da CF/1988, que defende que: “ § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recu-perar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambien- te sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções pe- nais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988, p. 131). U N IC ES U M A R 29 O conceito de poluidor é definido pelo Art. 3°, inciso IV, da Lei nº 6.938/1981, nos seguintes termos: “poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental.” Fonte: Conteúdo Jurídico (2014, on-line)6. explorando Ideias Segundo Barbieri (2016), o princípio do poluidor-pagador atribui, ao Estado, o dever de estabelecer um tributo ao agente poluidor. Esse princípio é baseado em duas abordagens, segundo Barbieri (2016): 1. Natureza fiscal: há a necessidadede arrecadação de receita para o custeio de produtos e serviços públicos com respaldo ambiental. Considera a proteção da sociedade de abusos do setor privado que causam prejuízos, ao poluir o meio ambiente. 2. Natureza extrafiscal: a estimulação da responsabilidade social gera im- pactos nas atividades econômicas, influenciando o comportamento na economia. São aceitas condutas socioambientais e repudiadas as condutas poluidoras. Esses dois objetivos podem caminhar juntos. Por exemplo, quando há a cobrança de impostos sobre produtos que acabam gerando resíduos de natureza tóxica, em que a receita gerada é utilizada para cobrir gastos com a gestão pública desse resíduo, como a coleta, o tratamento e a disposição final adequada, é possível diminuir o consumo desses produtos. Outro exemplo é a diminuição ou a isen- ção da tributação de produtos com melhor desempenho ambiental, como uma geladeira que consome menos energia. U N ID A D E 1 30 O poluidor que usa gratuitamente o meio ambiente para lançar poluentes invade a pro- priedade pessoal de todos os outros que não poluem, o que confisca o direito de proprie- dade alheia. (Paulo Affonso Leme Machado) pensando juntos Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que também podem ser conhecidos como os “Objetivos Globais”, tratam de um chamado universal que visa às ações contra a pobreza e buscam a proteção do planeta e a garantia de que as pessoas tenham paz e prosperidade. Os ODS deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional por quinze anos, de 2015 até 2030, decorrendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que também duraram 15 anos, dos anos 2000 até 2015, quando foram atualizados e passaram a ser ODS. 3 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO sustentável U N IC ES U M A R 31 O Brasil teve um papel importante e participou de todas as sessões da nego- ciação intergovernamental. Dessa forma, chegaram a um acordo que contempla 17 objetivos e 169 metas, as quais envolvem temáticas diferentes. Além disso, o Brasil teve grande importância na implantação dos ODM e tem mostrado gran- de empenho quanto aos ODS, com criações de diversos comitês para apoiar o processo após 2015 (ITAMARATY, [2020], on-line)7. Dessa forma, os resultados de todas as conferências das Nações Unidas es- tabeleceram uma base sólida para o desenvolvimento sustentável e ajudaram a moldar a nova agenda. Os novos objetivos entraram em vigor no dia 1° de janeiro de 2016, tendo como principal foco a erradicação da pobreza extrema até 2030. Os temas dos ODS: “ [...] envolvem temáticas diversificadas como erradicação da pobre-za, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraes- trutura e industrialização, governança, e meios de implementação (EMBRAPA, [2020], on-line)8. Os ODS são instrumentos acessíveis a diversas áreas da sociedade e são uma estratégia necessária para o desenvolvimento da sustentabilidade em suas dimen- sões. Para isso, a agenda que devemos embasar as nossas ações futuras já existe e se chama “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”. Conheça Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): U N ID A D E 1 32 Figura 3 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Fonte: ONU (2015, p. 15). Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Assegurar a disponibilidade da água, a sua gestão sustentável e o saneamento para todos. Promover sociedades pací�cas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições e�cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. dddd p aaa p in e rreesesspo innncclus ttooddoos o 13 14 15 16 17 Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as �orestas, combater a deserti�cação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. Assegurar para todos o acesso con�ável, sustentável, moderno e barato à energia. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável, fomentar a inovação. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. 11 12 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável (AGENDA 2030, 2015). 02 U N IC ES U M A R 33 Nos anos 2000, com o Pacto Global, surgiram os Objetivos do Desenvolvi- mento do Milênio (ODM). Já em 2015, essas metas foram atualizadas e, as- sim, surgiram os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). conecte-se Para saber mais sobre o assunto, assista o vídeo. conecte-se U N ID A D E 1 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS A definição aceita e difundida até os dias atuais sobre o desenvolvimento sus- tentável trata da capacidade da geração atual em suprir suas necessidades, mas pensando nas gerações vindouras. Dessa maneira, durante os nossos estudos, conseguimos compreender que a nossa jornada rumo ao desenvolvimento sus- tentável teve início no Rio de Janeiro, em junho de 1992, quando houve a pri- meira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED) e foi adotada uma agenda para o meio ambiente e o desenvolvimento (século XXI). Referida como Agenda 21, a CNUCED convocou um Programa de Ação para o Desenvolvimento Sustentável que continha a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, além de reconhecer o direito de cada nação de progredir social e economicamente. Também foi atribuída aos Estados a responsabilidade de adotar um modelo de desenvolvimento sustentável. Também abordamos, nesta unidade, as estratégias de alcance global estrutura- das por meio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que têm o seu prazo estipulado o ano de 2030. Suas principais metas são acabar com a pobreza e quaisquer problemáticas econômicas e sociais que impactem negativamente a sustentabilidade. Assim, destacamos a participação do Brasil nas negociações e nos acordos dos 17 objetivos e 169 metas que envolvem diferentes temáticas. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse desenvolvi- mento sugere a qualidade, ao contrário da quantidade. Além do mais, o resultado desses recursos depende não só da existência humana e da diversidade biológica, mas também do próprio crescimento econômico. Considerando esses aspectos, o desenvolvimento sustentável não se restringe aos fatores de preservação ambiental, mas a proposta vai além dessa visão eco- lógica. A sustentabilidade é constituída por melhorias na qualidade de vida da sociedadee por novas formas de consumo consciente. São esses os fatores que possibilitam a melhoria na administração dos recursos naturais e propagação de novos valores sociais. 35 na prática 1. O tripé da sustentabilidade, denominado de “triple bottom line”, está expresso em três dimensões: capital humano, capital natural e benefício econômico, que preci- sam estar relacionadas, para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Mediante o exposto, explique o tripé da sustentabilidade. 2. O desenvolvimento sustentável é uma expressão usada para designar um modelo que tenta conciliar a parte econômica e a preservação dos recursos naturais que estão disponíveis. Diante desse contexto, defina desenvolvimento sustentável. 3. O homem vive em aglomerações urbanas cada vez maiores, o que demanda maiores quantidades de recursos e gera grandes quantidades de resíduos que se encontram crescentes, em virtude dos crescimento do consumo e do desperdício. Mediante o exposto, como continuar a promover adaptações no ambiente natural, sem esgotar os recursos naturais disponíveis? 4. Os problemas ambientais globais, muitas vezes, exigem respostas globais. As iniciati- vas de gestão, nesse nível de abrangência, estão baseadas em acordos intergoverna- mentais e na atuação dos organismos criados para administrá-los. Diante disso, cite, pelo menos, dois problemas ambientais de ordem global e explique as suas causas. 5. As questões ambientais, dentro das organizações, surgiram a partir da necessidade do homem em organizar melhor as suas diversas formas de se relacionar com o meio ambiente. Sobre esse assunto, quais práticas de gestão ambiental uma organização pode implementar para reduzir e/ou controlar os impactos ambientais? 36 aprimore-se A RECENTE EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É bem recente a integração da ideia de desenvolvimento econômico social sendo delimitada pela perspectiva de sustentabilidade ambiental, tendo por marco inicial as discussões sobre o meio ambiente, ocorridas na cidade sueca de Estocolmo, da- tada no ano de 1972. Portanto, são apenas quatro décadas. Até então, a perspectiva do desenvolvi- mentismo atuava como solução humana. Em síntese, o que se tinha era uma pro- dução crescente movimentando recursos em termos planetários cada vez maiores que acabaram por levar a alterações do ecossistema com reflexos cada vez mais intensos. Já em Estocolmo, chega-se à conclusão de que a produção é a maior res- ponsável pela degradação. O que fazer num mundo em expansão? A questão passa a ganhar corpo e, em 1983, a ONU indica Gro Harlem Brundtland – a primeira-ministra da Noruega – como chefe da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujo objetivo era o de analisar e refletir a questão ambiental em termos globais. O resultado surgirá em 1987, quando o grupo apre- sentou o documento Nosso Futuro Comum, que acabou conhecido como Relatório Brundtland e cujo texto se consagrou no conceito de desenvolvimento sustentável. O documento passou a utilizar a expressão “desenvolvimento sustentável”, com a seguinte definição: “forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessida- des sem, no entanto, comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfaze- rem suas próprias necessidades”. O cenário atual do objeto de estudo é tema que institucionalmente encontra seu momento crucial no evento internacional realizado em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, batizada com a sigla de CNUMAD, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mas cuja denominação acabou popularizada como Rio-92 ou Eco-92, em que se protagonizaram a discussão e a reflexão da ques- tão da proteção ambiental, enfatizando como instrumento a meta de se ajustar ao desenvolvimento sustentável. Resultante do encontro e lastreada por 179 países, foi produzida a Agenda 21, que visava constituir um plano de trabalho baseado na 37 aprimore-se hierarquização das prioridades quanto às diretrizes em relação à integração do de- senvolvimento do uso sustentável dos recursos do meio ambiente. O tema retoma a uma postura de destaque no ano 2000, a partir de um diag- nóstico das ações produzidas a partir do Rio-92, em torno do qual foram propostos os Objetivos de Desenvolvimento para o Milênio – ODM, agora endossado por 199 nações, como importante documento produzido dentro da Cúpula do Milênio pro- movida pela ONU e dando atenção especial aos países em desenvolvimento. Os ODM estabeleciam levantamento de indicadores para o monitoramento das ações, assim definiu-se o prazo para o segmento de tempo 2000 a 2015. O ano de 2012 vai marcar os vinte anos de Rio-92, daí a ideia de retomada e de reencontro em torno da temática na agora denominada Rio+20, que teve por resul- tante a confecção de documento que propunha a integração de lideranças políticas internacionais em ação comum, visando o desenvolvimento sustentável. Ainda foi cria- do o Grupo de Trabalho Aberto, que ao final de mais de ano de estudos propôs os 17 objetivos que deveriam compor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS. Assim o triênio 2012-2015 será caracterizado por um extenso e intenso processo de consultas junto à sociedade civil, setores privados específicos e ao setor público dos diversos governos locais em relação aos ODS. O resultado será que no ano de 2015 a Cúpula das Nações Unidas, sobre o Desenvolvimento Sustentável, confirma os 17 objetivos e suas metas. Tratam-se dos seguintes aspectos: erradicação da po- breza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de quali- dade; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia acessível e limpa; trabalho decente e crescimento econômico, indústria inovação e infraestrutura; re- dução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; ação contra a mudança global do clima; vida na água; vida terrestre; paz, justiça e instituições eficientes e parcerias e meios de implementação. Há que se destacar o diferencial entre o ODM, Objetivos para Desenvolvimento para o Milênio do ano 2000, e ODS, Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Trata-se da participação e engajamento social desta última em contraposição ao primeiro, elaborado de cima para baixo, desenvolvida por grupo de especialistas, 38 aprimore-se que acaba por ser a característica que se destaca na Agenda 2030. Esta, seguindo os princípios que a constituíram, valoriza a participação da sociedade, seja na sua implementação, seja no monitoramento de seu acompanhamento, visando estabe- lecer um novo período futuro de planejamento; novamente se referirá a um seg- mento de tempo de 15 anos, entre 2016 – 2030. Como se pode observar, no curto período histórico do encaminhamento pro- posto à questão acima o problema é transformar intenções em prática, discurso em ação. Ou seja, talvez o problema não seja diagnosticar os problemas ou de ter conhecimento das práticas éticas que possam conduzir o ser humano a um futuro promissor, mas um gargalo entre o discurso e a operação, entre o que o sujeito diz e o que o sujeito faz. Se não enfrentarmos simultaneamente da discussão dos meios de financiamen- to destes objetivos, vamos estar trabalhando apenas no plano da retórica. Sem dú- vida a formulação dos objetivos é muito importante, mas sem se dispor da origem dos recursos e forma de alocá-los, a qualidade do gasto a produtividade deste inves- timento no enfrentamento no enfrentamento destes objetivos, nós não estaríamos proporcionando uma abordagem integral completa para enfrentar este desafio. Fonte: Marcon (2019, on-line)9. 39 eu recomendo! Sustentabilidade: O que é – O que não é Autor: Leonardo Boff Editora: Vozes Sinopse: a sustentabilidade representa, diante da crise socioam- biental generalizada, uma questão de vida ou morte. Nesse sen- tido, o autor faz um histórico desse conceito desde o século XVI até os diasatuais, submetendo os vários modelos existentes de desenvolvimento sustentável a uma rigorosa crítica. livro 2 EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE PROFESSORES Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Wilian D’Agostini Ayres PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Modelos de sustentabilidade empresarial • Empresas e a sustentabilidade econômica • Responsabilidade socioambiental. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar os modelos de sustentabilidade empresarial • Descrever a importância da sustentabilidade econômica para as organizações • Compreender as formas de Responsabilidade Social Empresarial. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade, compreenderemos a relação entre as em- presas e o meio ambiente. Para tanto, iniciaremos os nossos estudos a partir da apresentação do vínculo existente entre as organizações e a contamina- ção ambiental. Nesse sentido, serão expostos vários acidentes ambientais ocorridos no decorrer dos anos e que envolveram instituições. Dois desses acontecimentos foram extremamente castastróficos ao país: o desastre de Mariana, em Minas Gerais, que aconteceu no ano de 2015, e a tragédia de Brumadinho, também em Minas Gerais, ocasionado em 2019. Também abordaremos a questão da industrialização e o meio ambiente, uma vez que dependemos de muitas atividades industriais, mas devemos estar em consonância com o meio ambiente. Assim, apresentaremos a Declaração de Princípios da Indústria e os 16 princípios da gestão ambiental que envol- vem as empresas. Além disso, discutiremos as posturas das organizações no que diz respeito à questão ambiental, ou seja, qual deve ser a sua preocupação básica, a postura e as ações típicas, as áreas envolvidas, entre outros. Outro tema de estudo será a sustentabilidade econômica, uma dimen- são que afeta todos os setores, tendo em vista que uma atividade deve ser rentável e economicamente viável. Dessa forma, explicaremos as econo- mias da sustentabilidade (a neoclássica e a forte) e a economia verde, pos- tura a qual muitas empresas têm adotado, que é a de se preocupar com a sustentabilidade em seus negócios. Em relação aos negócios, constararemos que a sustentabilidade incor- porada nas organizações é um fator competitivo importante, uma vez que as empresas que desenvolvem condutas sustentáveis têm um diferencial de mercado. Isso gera alguns aspectos, tais como conquista de novos clientes, obtenção de ganhos indiretos e melhoria da imagem perante a sociedade. Se uma instituição deve investir em sustentabilidade, de onde virão es- ses recursos? Nesse contexto, conheceremos os investimentos e os custos de empresas sustentáveis. Não só, mas também serão trabalhados os investi- mentos em ecoeficiência, a produção mais limpa (P + L), os projetos para o meio ambiente, as licitações sustentáveis, o custo ambiental e os incentivos às práticas de sustentabilidade. Finalizaremos os nossos estudos tratando da Responsabilidade Social Empresarial, ao diferenciarmos as empresas que possuem ações filantrópicas daquelas que realmente praticam a res- ponsabilidade social. Bons estudos! U N ID A D E 2 42 1 MODELOS DE SUSTENTABILIDADE empresarial Neste tópico, estudaremos o vínculo existente entre as empresas e a contaminação ambiental. Além disso, apresentaremos alguns acidentes ambientais que tiveram grande notoriedade no Brasil. As empresas e a contaminação ambiental Em nossa primeira unidade, compreendemos que a Revolução Industrial foi um marco em relação aos problemas ambientais, dado que, a partir dela, tivemos um crescimento na ordem de produção e, consequentemente, foram geradas inúmeras catástrofes ambientais, as quais causaram grandes consequências regionais e globais. Segundo Dias (2017), a expansão industrial e toda a prática predatória rea- lizada durante a retirada da matéria-prima do meio ambiente aconteceram no decorrer de todo o século XIX e parte do século XX. O pensamento, nessa época, era o de que os recursos naturais eram infinitos, ou seja, estariam disponíveis para sempre ao homem. Foi somente a partir da década de 70 que essa visão começou mudar, pois foi visualizada a possibilidade de se esgotarem os recursos naturais. Dentre os problemas mais comuns e derivados da industrialização, podemos evidenciar a necessidade de se destinar adequadamente os resíduos sólidos, os efluentes e as emissões atmosféricas decorrentes de processos industriais. Caso U N IC ES U M A R 43 sejam lançados de forma inadequada, podem gerar problemas ambientais e danos à saúde humana que, de acordo com Barbieri (2016, p. 7): “ [...] ao longo do século XX, foram os grandes acidentes industriais e a contaminação resultante deles que acabaram chamando a atenção da opinião pública pela gravidade do problema. Alguns problemas ambientais se tornaram assunto global e, pela visibilidade e facili- dade de compreensão quanto à causa e efeito, constituíram-se na principal ferramenta de construção causados pela má gestão. No decorrer dos anos, tivemos muitos acidentes ambientais que, além de trazerem graves consequências ao meio ambiente e à saúde humana, também ocasionaram a morte de pessoas. É possível observar algumas das principais tragédias que influenciaram o meio ambiente na figura a seguir: 1956 – Houve uma contaminação na baía de Minamata, no Japão. Essa degradação ocorria desde 1939, devido a uma indústria química instalada às suas margens. 1966 – Em Feyzin, na França, um vazamento de Gás Liquefeito de Petró- leo (GLP) causou a morte de 18 pessoas e deixou 65 intoxicadas. 1976 – Em 10 de junho de 1976, em Seveso, na Itália, a fábrica Hoffmann- -La Roche liberou uma nuvem de um desfolhante conhecido como “agen- te laranja” que continha dioxinas. 1978 – Em San Carlos, na Espanha, um caminhão-tanque carregado de propano explodiu, o que gerou 216 mortes e deixou 200 feridos. 1984 – Em San Juanico, no México, um incêndio de Gás Liquefeito de Petró- leo (GLP) , seguido de explosão, causou 650 mortes e deixou 6.400 feridos. 1986 – Em 26 de abril, em Chernobyl, antiga URSS, houve um acidente em uma usina nuclear causado pelo desligamento do sistema de refrige- ração com o reator ainda em funcionamento. A radiação se espalhou e atingiu vários países. U N ID A D E 2 44 1987 – Em 13 de setembro de 1987, ocorreu o vazamento de Césio 137 em Goiânia, localizada no estado de Goiás, em detrimento de má gestão de um equipamento de radiologia. 2000 – No dia 18 de janeiro, um duto da Petrobrás se rompeu e despejou óleo na baía de Guanabara. 2003 – Um incêndio provocado em uma unidade de enxofre da Al- -Mishraq, localizada perto de Mosul, no Iraque, prolongou-se durante um mês. Diante disso, foram liberadas 910.000 toneladas de óxido de enxofre. 2005 – Uma série de explosões de grandes proporções ocorreu em uma fábrica de produtos químicos em Jilin, na China. Houve milhares de ví- timas e um rio também foi atingido. 2010 – Em outubro, houve o rompimento da barragem de rejeito de uma mina de alumínio na Hungria. A lama tóxica derramada na região de Ajka, a 165 km de Budapeste, fez com que a Hungria declarasse estado de emergência. Foram despejados 1,1 milhões de metros cúbicos de lama tóxica vermelha, inundando três vilarejos. 2019 – Em 30 de agosto de 2019, foram identificadas manchas de óleo na costa do nordeste brasileiro. Esse desastre gerou um imensurável impacto ambiental, ainda sem identificação dos responsáveis. Figura 1 - Principais acidentes ambientais mundiais Fonte: adaptada de Barbieri (2016) e Dias (2017). No Brasil, em 05 de novembro de 2015, em Mariana, cidade localizada no estado de Minas Gerais, ocorreu o pior desastre socioambiental da história do nosso país: o rompimento de uma barragem de rejeitos provenientes da atividade de extração de minério de ferro, o que fez com que a lama tóxica fosse lançada. Isso causou a morte de 19 pessoas, atingiu 35 cidades doestado de Minas Gerais (MG) e trouxe consequências ambientais irreparáveis. U N IC ES U M A R 45 Figura 2 - Desastre ocorrido em Mariana (MG) Fonte: Augusto, Tomazela e Moura (2015, on-line)¹. Figura 3 - Desastre ocorrido em Mariana (MG) Fonte: Augusto, Tomazela e Moura (2015, on-line)¹. U N ID A D E 2 46 Já se passaram alguns anos desde o acontecimento desse desastre ambiental, mas os seus impactos ainda não são totalmente conhecidos. Ao relacionarmos esse acidente à nossa disciplina, podemos fazer uma reflexão: a respeito da dimensão social, como ela foi afetada nessa tragédia? Quais foram os impactos sociais oca- sionados por esse acidente ambiental? A tragédia ocorrida em Mariana não ocasionou somente a morte de 19 pes- soas, mas provocou um conjunto incalculável de prejuízos às cidades e aos po- voados localizados às margens do rio. Assim, famílias perderam as suas casas, milhares de pessoas tiveram o seu futuro incerto, a atividade pesqueira – fonte de renda para muitas famílias ribeirinhas – foi comprometida e a enxurrada de lama metálica causou assoreamento no rio, o que prejudicou o abastecimento de água e causou a morte de peixes. Além dos problemas sociais apresentados, será que a dimensão econômica também foi afetada? É possível afirmar que prejuízos imensos impactam a oferta de serviços essenciais, tais como a geração de energia, os serviços de abasteci- mento de água, a saúde pública, o transporte, a educação, dentre outros. Também devemos considerar os obstáculos para “tentar” recuperar a área que foi comple- tamente degradada. Diante do acidente acontecido em Mariana, é certo que houve um desequi- líbrio nas dimensões ambientais, econômicas e sociais: os prejuízos são incalcu- láveis. No entanto, infelizmente, tragédias ambientais continuam acontecendo: três anos depois do acidente ambiental em questão, no dia 25 de janeiro de 2019, rompeu-se uma barragem de rejeitos da empresa Vale, em Brumadinho, cidade localizada também em Minas Gerais, que ocasionou a morte de muitas pessoas, além de problemas ambientais. Pelo fato de que o acidente em Brumadinho é o mais recente, os seus reflexos são mais evidentes e presentes do que os de Mariana. O Córrego do Feijão, o qual foi impactado ambientalmente por esse acidente, tem passado por uma revitaliza- ção, mediante o projeto Território-Parque, que busca melhorar o meio ambiente afetado pelo rompimento da barragem (VALE, 2020). Para tentar minimizar os impactos causados, a empresa envolvida nos acidentes anteriores tem realizado um reforço nas barragens que compõem o sistema de mineração local. Também foi inaugurado um sistema de alarmes sonoros nos locais de habitação próximos às áreas de mineração e, em agosto de 2020, foram retomadas as buscas pelos desaparecidos na tragédia de Brumadinho (VALE, 2020). U N IC ES U M A R 47 A industrialização e o desenvolvimento sustentável Quando relacionamos a responsabilidade social à sustentabilidade, devemos refletir sobre o papel que as organizações devem assumir para a construção de uma sociedade mais sustentável. Desse modo, como vincular o processo de in- dustrialização às formas sustentáveis de produção? A industrialização agravou os problemas ambientais que ocorrem no planeta. Esse fato é evidenciado a partir da contaminação do ar, da água e do solo, além da ocorrência de um grande número de acidentes ambientais, tais como os expostos. Diante disso, o setor privado brasileiro tem passado por uma releitura de seus parâmetros de comportamento, defronte aos impulsionamentos sofridos por eventos governamentais, como as Conferências Nacionais do Meio Ambiente (CNMA). A quarta edição, em especial, ocorrida em 2013, defendeu a aborda- gem de temas, como a produção, o consumo sustentável, a redução dos impactos ambientais e a geração de trabalho, emprego e renda, os quais estão diretamente vinculados ao papel da indústria e do comércio nacional (AYRES, 2018). As empresas sustentáveis buscam modificar os seus processos produtivos e esse tipo de mudança implica na fabricação de produtos que não causam impac- tos ambientais. Em 1998, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou a Declaração de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável (CNI, 2002) e promoveu a divulgação da relação entre a economia e a questão ambiental com o público empresarial. Os princípios defendidos pela CNI podem ser visualizados na figura a seguir: Os impactos ambientais gerados por acidentes, como os apresentados, ge- ram inúmeros reflexos na saúde pública, em detrimento do aumento de doenças provenientes do desequilíbrio ecológico. Para saber mais, acesse o QR Code ao lado. conecte-se http://www.greenpeace.org.br/hubfs/Campanhas/Agua_Para_Quem/documentos/RelatorioGreenpeace_saude_RioDoce.pdf U N ID A D E 2 48 DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA INDÚSTRIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 1. Promover a efetiva participação pró-ativa do setor industrial, em conjunto com a sociedade, os parlamentares, o governo e as organizações não go- vernamentais no sentido de desenvolver e aperfeiçoar leis, regulamentos e padrões ambientais. 2. Exercer a liderança empresarial, junto à sociedade, em relação aos assun- tos ambientais. 3. Incrementar a competitividade da indústria brasileira, respeitados os conceitos de desenvolvimento sustentável e o uso racional dos recursos naturais e de energia. 4. Promover a melhoria contínua e o aperfeiçoamento dos sistemas de ge- renciamento ambiental, saúde e segurança do trabalho nas empresas. 5. Promover a monitoração e a avaliação dos processos e parâmetros ambientais nas empresas. Antecipar a análise e os estudos das questões que possam causar problemas ao meio ambiente e à saúde humana, bem como implementar ações apropriadas para proteger o meio am- biente. 6. Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e perma- nente dos trabalhadores, bem como a importância do comprometimen- to da supervisão nas empresas, assegurando que esses trabalhadores tenham o conhecimento e o treinamento necessários em relação às questões ambientais. 7. Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias limpas, com o objetivo de reduzir ou eliminar impactos adversos ao meio ambiente e à saúde da comunidade. 8. Estimular o relacionamento e as parcerias do setor privado com o gover- no e com a sociedade, na busca do desenvolvimento sustentável, bem como da melhoria contínua dos processos de comunicação. 9. Estimular as lideranças empresariais a agirem permanentemente junto à sociedade com relação aos assuntos ambientais. 10. Incentivar o desenvolvimento e o fornecimento de produtos e serviços que não produzam impactos inadequados ao meio ambiente e à saúde da comunidade. 11. Promover a máxima divulgação e o conhecimento da Agenda 21 e esti- mular sua implementação. Figura 4 - Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento sustentável Fonte: CNI (2002, p. 24). U N IC ES U M A R 49 No início dos anos 90, a Câmara de Comércio Internacional (CCI), na busca por ações prioritárias para atingir o desenvolvimento sustentável, publicou a cha- mada “Carta de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável”, que apresentava 16 princípios que direcionavam as estratégias de negócios voltadas à proteção ambiental. De acordo com Dias (2017), a carta foi estruturada, a fim de propiciar um olhar analítico sobre o tema para as organizações. Os seus princípios são apre- sentados a seguir: 1. Prioridade organizacional: estabelece políticas, programas e práticas ao desenvolvimento das operações voltadas a questão ambiental. 2. Gestão integrada: tem como intuito integrar programas e práticas ambien- tais aos negócios. 3. Processos de melhoria: visa à melhoria contínua no que diz respeito às questões ambientais. 4. Educação do pessoal: trata-se do treinamento e da motivação. 5. Prioridade de enfoque: considera as repercussões ambientais antes de ini- ciar uma novaatividade ou projeto e antes da instalação de novos equipa- mentos ou do abandono de alguma unidade produtiva. 6. Produtos e serviços: considera que produtos e/ou serviços não devem ser agressivos ao meio ambiente. Além disso, defende o uso consciente da ma- téria-prima e da energia. O comportamento das organizações, sejam públicas, sejam privadas, refletem o pensa- mento e o comportamento ético difundidos pela comunidade. Dessa forma, a maneira como as empresas exploram o meio ambiente representa o seu caráter socialmente res- ponsável enquanto um membro da sociedade. pensando juntos U N ID A D E 2 50 7. Orientação ao consumidor: caso haja necessidade, é preciso orientar e edu- car os consumidores e o público em geral. 8. Equipamentos e operacionalização: deve-se projetar os equipamentos por meio do uso consciente da água, da energia e da matéria-prima, com o intuito de minimizar os impactos ambientais. 9. Pesquisa: visa ao apoio aos projetos de pesquisas que estudam os impactos ambientais das matérias-primas, dos produtos, dos processos, das emissões e dos resíduos associados ao processo produtivo da empresa. 10. Enfoque preventivo: reflete sobre formas preventivas em relação ao meio ambiente. 11. Fornecedores e subcontratados: defende que os contratados também te- nham a sensibilização ambiental. 12. Planos de emergência: em áreas consideradas de risco potencial, é preciso desenvolver e manter procedimentos e planos de emergência. 13. Transferência de tecnologia: visa à contribuição e à disseminação de tec- nologias amigáveis ao meio ambiente. 14. Contribuição ao esforço comum: objetiva o desenvolvimento de políticas públicas e privadas aos programas governamentais e às iniciativas educacio- nais com enfoque prevencionista quanto às questões ambientais. 15. Transparência de atitude: propaga a transparência e o diálogo com a co- munidade interna e externa. 16. Atendimento e divulgação: defende a aferição da performance ambien- tal. Quando necessário, deve-se realizar as auditorias ambientais regulares e averiguar se os padrões da empresa cumprem os valores estabelecidos na legislação. Também é pertinente promover informações apropriadas à alta administração, aos acionistas, aos empregados, às autoridades e ao público em geral. U N IC ES U M A R 51 Além disso, de acordo com Barbieri (2016), as instituições podem lidar de dife- rentes maneiras com os problemas ambientais relacionados às suas atividades. Existem três formas de estratégia empresarial: o controle da poluição, a prevenção da poluição e a incorporação dessas questões às estratégias empresariais. As suas características são encontradas no quadro a seguir: Características Controle da População Prevenção da Poluição Estratégica Preocupação básica Cumprimeiro da legislação e respos- tas às pressões da comunidade. Uso eficiente dos insumos. Competitivi- dade. Postura típica Reativa. Reativa e proativa. Reativa e proativa. Ações típicas • Corretivas. • Uso de tecnologias de remediação e de controle no final do processo (end-of-pipe). • Aplicação de normas de saúde e segurança do trabalho. • Corretivas e preventivas. • Conservação e substi- tuição de insumos. • Uso de tecnologias limpas. • Corretivas, preventi- vas e ante- cipatórias. • Anteci- pação de problemas e captura de opor- tunidades em médio e longo prazos. Percepção dos empresários e administradores Custo adicional. Redução do custo. Aumento de produtividade. Vantagens competitivas. Envolvimento da alta adminis- tração Esporádico. Periódico. Permanente e sistemático. U N ID A D E 2 52 Áreas envolvidas Ações ambientais nas áreas geradoras de poluição. Crescente envolvimen- to de outras áreas como produção, compras, de- senvolvimento de produto e marketing. Atividades ambientais disseminadas pela organi- zação. Ampliação das ações ambientais para a cadeia de suprimen- to. Quadro 1 - Abordagens da gestão ambiental empresarial Fonte: Barbieri (2016, p. 86). Assim, as organizações devem estar cientes de que os seus produtos não são de sua responsabilidade somente antes da saída da empresa. A instituição é a responsável por suas mercadorias durante todo o processo, do berço ao berço, ou seja, desde o planejamento, o uso, o descarte e o retorno ao processo produtivo. U N IC ES U M A R 53 Sabemos que o conceito apresentado pelo tripé da sustentabilidade possui três vertentes básicas: a econômica, a ambiental e a social. A dimensão econômica atinge as organizações de todos os setores, já que todas precisam ser rentáveis, para que as suas atividades sejam viáveis e, consequentemente, sustentáveis. As- sim, é indiscutível que uma empresa de qualquer porte ou setor da economia pre- cisa ser economicamente sustentável para atingir a sua permanência no mercado. Entretanto, é necessário que as organizações pensem e repensem em suas formas de produzir os seus bens e oferecer os seus serviços. Tudo isso, a fim de que prezem pelos recursos da terra, ao contrário de visarem somente à lucratividade empresarial em um curto espaço de tempo. Para Mendes (2009), a sustentabili- dade econômica vai além do acúmulo de riquezas, mas contempla a geração de trabalho de forma digna, o que possibilita a distribuição de renda, promove o desenvolvimento das potencialidades locais e a diversificação de setores. Portanto: “ A sustentabilidade econômica só é alcançada por organizações que trazem uma melhor alocação e gerenciamento dos recursos, com um fluxo regular de investimentos conjuntos dos setores público, privado e social, sendo que os três devem ter em mente que a eco- nomia eficiente é aquela na qual o desenvolvimento de todos segue 2 AS EMPRESAS E A SUSTENTABILIDADE econômica U N ID A D E 2 54 no mesmo ritmo, diminuindo as diferenças econômicas e de acesso a bens e serviços (MENDES, 2009, p. 21). Dessa forma, a sustentabilidade econômica está relacionada com a distribuição eficiente de recursos naturais dentro de uma escala apropriada. Nessa categoria, a análise de mundo não se dá apenas em termos de estoques e fluxos de capitais, mas também considera os aspectos sociais e ambientais. Muitos economistas associam a sustentabilidade com a carteira de investimentos, a qual busca maxi- mizar o retorno, mas mantendo o capital constante. Essa associação vale para a sustentabilidade econômica: como explorar menos recursos naturais e aumentar a lucratividade nas vendas? Diante das problemáticas expostas: “ [...] algumas linhas teóricas divergem sobre como manter a quanti-dade de capital na Terra, já que alguns teóricos e economistas têm em mente que a variação de certas quantidades de recursos naturais podem ser compensadas pela variação de outros recursos, apenas ga- rantindo que o estoque total se mantenha (CONSULIN, 2013, p. 34). De qualquer maneira, economicamente, a organização precisa saber como ma- ximizar o uso dos recursos naturais que estão disponíveis, de forma sustentável, além de respeitar a comunidade ao seu redor. Essa atitude, de fato, corresponde ao pensar constante no modo de maximização de seus lucros sem colocar os seus ativos em risco. Para Foladori (2002), a análise da sustentabilidade econômica é mais complexa do que a da sustentabilidade ambiental, já que, para o capitalismo, o crescimento econômico não é limitado, uma vez que a economia está ligada aos recursos naturais do planeta, os quais são finitos. A sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, financeiras e admi- nistrativas que visam ao desenvolvimento econômico de um país ou uma empresa, mas preservando o meio ambiente e garantindo a manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações. Fonte: Sebrae (2017). conceituando U N IC ES U M A R 55 Dois modelos de economia: a neoclássica e a ecológica A economia é um dos aspectos de maior relevância no alcance de resultados consideráveis no desenvolvimentosustentável. Contudo, quais são as mudanças necessárias para que a economia adquira padrões sustentáveis? Para Romeiro (2018, p. 17), “uma economia da sustentabilidade é um problema de alocação intertemporal de recursos entre consumo e investimento por agentes econômi- cos racionais, cujas motivações são maximizadoras de utilidade”. Dessa forma, a relação entre os recursos e os seus usos eficientes não inclui apenas a finalidade a ser alcançada, mas também as formas de se alcançar determinada meta. Seguindo essas premissas, o desenvolvimento sustentável só será alcança- do mediante às perspectivas teóricas que incluam o meio ambiente, a cultura, a ética e a sociedade em conjunto com a perspectiva econômica. Além disso, esse processo deve ser baseado em ações coletivas, e não individuais (CONSULIN, 2013). Em decorrência disso, surgem duas frentes teóricas que visam explicar essa distribuição intertemporal de recursos finitos: a economia convencional (neo- clássica), também chamada de “sustentabilidade fraca”, e a economia ecológica, também conhecida como “sustentabilidade forte”. Segundo Veiga (2010), a economia convencional analisa a economia como um todo, um sistema fechado, e considera o meio ambiente como parte ou setor da macroeconomia. Nesse sentido, a economia convencional entende o meio am- biente como um setor turístico, mineral ou agropecuário, por exemplo. Portanto, sob essa perspectiva, os recursos naturais não são considerados limites para a expansão da economia. Para Romeiro (2018), o fato de o sistema econômico ser muito grande permite que os recursos naturais sejam apenas restrições relativas, as quais são superadas pelo avanço científico e tecnológico: “ Esse avanço seria capaz de fazer outros recursos utilizáveis possuí-rem a mesma finalidade que os recursos em extinção tinham, por enxergarem que os recursos naturais fossem substituíveis, ficou co- nhecida como sustentabilidade fraca. A Economia Ecológica pensa diferente sobre a não restrição econômica dos recursos naturais (CONSULIN, 2013, p. 47). U N ID A D E 2 56 Além do mais, a macroeconomia é compreendida dentro de um sistema maior, porém, finito, e com entradas e saídas para a realização de trocas com outros sistemas, como é o caso do meio ambiente, que recebe a matéria-prima e devolve os resíduos descartados após o uso do produto ou ao término de um processo produtivo. Essa visão foi concebida como sustentabilidade forte, visto que cons- tatou a relação entre o capital construído e o capital natural (VEIGA, 2010). Para os adeptos da sustentabilidade forte, a possibilidade de as gerações futu- ras exercerem as suas atividades está relacionada com as atividades econômicas das gerações atuais, dado que os processos produtivos utilizam os recursos na- turais energéticos e finitos e causam efeitos prejudiciais ao meio ambiente, por meio da poluição. Outra diferença entre a economia convencional, também chamada de neo- clássica, e a economia ecológica é o fato de que, na primeira, o crescimento eco- nômico é medido exclusivamente pelo PIB. Em contrapartida, na segunda, ques- tiona-se essa medida, a qual avalia o crescimento apenas em números monetários. Para entendermos melhor as diferenças entre ambos os tipos de economia, analisemos o quadro a seguir: ECONOMIA CONVENCIONAL ECONOMIA ECOLÓGICA Sustentabilidade Fraca Forte Sistema Econômico Fechado Aberto Recursos Naturais • Compreendidos como setores da economia. São exemplos: agricultu- ra, mineral, ecoturis- mo, pecuário, entre outros. • Há restrições relati- vas ao crescimento, pois podem ser su- peradas pelo avanço tecnológico. • Não há fator limi- tante. • Compreendidos como restrições ao sistema econômico. • O fator escassez é limitante para a produção, basea- do na relação de complementaridade entre os recursos naturais e os fatores de produção. U N IC ES U M A R 57 Indicador de Cresci- mento • Exclusivamente pelo PIB. • Questiona os indi- cadores puramente monetários. • Defende o uso de indicadores ambien- tais e sociais. Quadro 2 - Diferenças entre a economia convencional e a economia ecológica Fonte: adaptado de Romeiro (2018) e Veiga (2010). Economia verde Com o passar do tempo, surgiram conceitos que são parte das estratégias de de- senvolvimento sustentável que visam estruturar e instruir os modos de alcance de resultados plausíveis. Esse é o caso da expressão “economia verde”. Para Motta (2011, p. 179), o conceito de economia verde significa que: “ [...] o crescimento econômico pode estar baseado em investimentos em capital natural e, portanto, a estrutura da economia muda na direção dos setores/tecnologias “verdes” ou “limpos”, que vão subs- tituindo os setores/tecnologias “sujos” ou “marrons”. Trata-se de um modelo que não considera os ecossistemas como bens econômicos escassos e não utiliza métodos eficazes para administrar determinados recursos naturais, como a água e o solo. Nesse contexto, a economia verde produz baixas emissões de carbono e utiliza os recursos de forma eficiente e socialmente inclusiva. A implantação de um modelo de economia verde tem como objetivo final melhorar a condição de vida dos mais pobres, reduzir a desigualdade social e evitar a destruição dos recursos naturais. Segundo Dias (2017), a proposta da economia verde não se contrapõe ao modelo atual, na realidade, ultrapassa-o, incorporando variáveis sociais e ambientais. Assim, é possível afirmar que a eco- nomia verde evoluiu a economia marrom a patamares sustentáveis de produção e de consumo. São exemplos de ações que correspondem à economia verde: ■ Coleta seletiva dentro da empresa. ■ Fontes de energias limpas, como a solar e a eólica. U N ID A D E 2 58 ■ Parceria entre a iniciativa pública e a privada para a conscientização social. ■ Substituição de equipamentos para a obtenção de maior eficiência energética. Sustentabilidade como fator competitivo Um dos principais questionamentos em palestras voltadas às empresas é: como uma empresa obtém vantagem competitiva para liderar o mercado? Muitos em- preendedores têm encontrado, na sustentabilidade, a resposta para essa e outras perguntas. Landrum e Edwards (2009, p. 4) explicam que os “negócios que pra- ticam a sustentabilidade melhoram suas imagens e reputação, reduzem custos e ajudam a dinamizar a economia local”. Quando analisamos o mercado empresarial de médio e grande porte, é per- ceptível que a maioria das organizações já apresentam programas sustentáveis. É certo que algumas implantações se deram apenas por imposições legais, mas a grande parte tem apostado na sustentabilidade enquanto um fator competitivo e de diferenciação no mercado para consolidar a sua marca e ampliar os seus clientes. De acordo com o Sebrae (2017), enquanto fator competitivo, são vantagens da sustentabilidade econômica: ■ Maior economia financeira em médio e longo prazos. ■ Aumento dos lucros e diminuição dos riscos, por meio do combate à poluição e da melhoria da eficiência ambiental. ■ Melhoria da imagem perante a sociedade, principalmente aos consumidores. ■ Obtenção de ganhos indiretos, pois terão um ambiente preservado, com maior desenvolvimento econômico, além da garantia de qualidade de vida melhor para as gerações vindouras. ■ Vantagem competitiva no mercado, quando comparadas às suas concorrentes. ■ Conquista de novos mercados. É importante salientar que, ainda, há estudiosos que consideram que as micro e as pequenas empresas possuem mais vantagens em relação à adoção de mudanças que representarão diferenciais competitivos, pois têm “capacidade de adaptação às necessidades do mercado, já que podem tomar decisões mais rápidas do que grandes empresas, reagindo de imediato às mudanças e às exigências do mercado (SEBRAE, 2017, p. 9). U N IC ES U M A R 59 Há uma grande pressão para que as empresas pequenas se adaptem a essa visão originária de clientes com maior força de mercado, istoé, as grandes in- dústrias. Ao integrar a cadeia de suprimento dessas organizações, as micro e as pequenas empresas não possuem outra opção a não ser se adequarem a essas exigências do mercado, com o intuito de se tornarem competitivas. Investimentos e custos em empresas sustentáveis Quando uma empresa planeja os seus investimentos, precisa prever os seus custos com treinamentos, ações, programas, equipamentos, dentre outros elementos que permitirão a integralização da sustentabilidade no dia a dia da organização. Mui- tos fatores têm pressionado o mundo empresarial a tomar essa atitude e alguns deles são: a pressão dos consumidores; a necessidade da utilização de recursos de maneira eficiente; a redução de custos; a busca pelo aumento das receitas a partir da criação de novos produtos; dentre outros (SEBRAE, 2017). Além da conquista de novos clientes, as organizações que demonstram a sua sustentabilidade social, ambiental e, principalmente, econômica, também adquirem maior facilidade na captação de recursos. Isso acontece, porque a per- cepção dos riscos, principalmente, por parte dos investidores, é bem menor. Os investidores já reconhecem que as instituições que possuem práticas sustentáveis são mais lucrativas e duradouras ao longo do tempo. Não só, mas defendem que as empresas que estão verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade demonstram maior capacidade de enfrentar crises (MENDES, 2009). Todavia, é importante que as empresas estejam cientes de que não basta sim- plesmente destinar os recursos para as boas práticas sociais e ambientais. É ne- cessário comprovar essas práticas de maneira palpável, séria e confiável. Assim, dentre os possíveis indicadores que podem ser utilizados para auxiliar a organiza- ção a elaborar o seu balanço social (documento de sistematização e comprovação das ações realizadas), estão o Instituto Ethos, o Global Reporting Initiative (GRI) e o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, o qual estudaremos com detalhes posteriormente. Diante de um cenário econômico em que há crises, incertezas e enorme con- corrência, é imprescindível que as instituições tenham um planejamento financei- ro, uma ferramenta fundamental para os gestores e para a sobrevivência da orga- nização. Portanto, é preciso que as decisões referentes às práticas sustentáveis, por U N ID A D E 2 60 parte das organizações, estejam previstas enquanto custos a serem considerados. O Sebrae (2017) elenca alguns investimentos e custos que devem ser plane- jados pelas organizações a partir da instituição de práticas sustentáveis, a saber: ■ Compra de novos equipamentos. ■ Aquisição de novas matérias-primas. ■ Realização de estudos de viabilidade. ■ Contratação de colaboradores e/ou consultoria. ■ Realização de projetos sociais. ■ Elaboração de materiais de comunicação e campanhas. Ao levantar esses custos, o gestor, antes de qualquer decisão a ser tomada, precisa obter informações precisas e confiáveis. A seguir, conheceremos alguns progra- mas que podem ser adotados pelas organizações. O equilíbrio financeiro não depende de quanto ganhamos, mas de como gastamos o que ganhamos. (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) pensando juntos U N IC ES U M A R 61 Ecoeficiência A ecoeficiência defende o uso mais eficiente das matérias-primas e da ener- gia, com o intuito de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais. Também objetiva minimizar o risco de acidentes e melhorar a relação da orga- nização com as partes interessadas (SEBRAE, 2017). Para melhor entender o assunto, compreenda o cenário envolvido: “ Nas últimas décadas, tem se comentado muito sobre ecoeficiência e existe um incentivo para as organizações implementarem-na em seus processos produtivos, por meio do gerenciamento sustentável desses processos. O termo ecoeficiência foi introduzido por meio da publicação do livro Changing Course, em 1992 (World Business Council for Sustainable Development - WBCSD), sendo endossado pela Conferência Rio-92. Esse conceito foi definido por gestores ligados ao mundo dos negócios e se disseminou rapidamente no mundo, principalmente junto a executivos (BARBIERI, 2016, p. 97). A ecoeficiência tem como objetivo a utilização da matéria-prima e da energia de forma consciente. Ao mesmo tempo, também preconiza a redução dos impactos ambientais (SEBRAE, 2017) e está, de acordo com Dias (2017), relacionada a três importantes objetivos: 1. Redução do consumo de recursos. 2. Redução dos impactos na natureza. 3. Maior aumento da produtividade e/ou do valor do produto. Os indicadores de ecoeficiência estão sendo introduzidos aos poucos pelas or- ganizações, na medida em que as grandes empresas estão se sensibilizando a respeito de que um comportamento ecoeficiente reduz os impactos ambientais e aumenta a rentabilidade de suas empresas. Além do mais, quando a instituição busca pela ecoeficiência, também está mais protegida da ocorrência de possíveis riscos ambientais, como a falta de água. U N ID A D E 2 62 Produção mais limpa (P + L) A produção mais limpa, que também é conhecida como (P + L), trata-se de uma ação contínua em uma estratégia ambiental, econômica e tecnológica, que é in- corporada aos processos e aos produtos, com o objetivo de melhorar a eficiên- cia da utilização das matérias-primas, da água, dos recursos, dentre outros. Isso ocorre por meio da seguinte ordem: não geração de resíduos e, caso seja preciso gerar, há a minimização ou a reciclagem. Na (P + L), a prioridade está à esquerda do fluxograma (Figura 5), referente ao ato de evitar a geração de resíduos e emissões (Nível 1). Os resíduos que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção (Nível 2). Na impossibilidade, medidas de reciclagem fora da empresa podem ser utilizadas (Nível 3). PR O D U Çà O M A IS L IM PA Minimização de resíduos e emissões Nível 3 Nível 1 Nível 2 Reciclagem externa Ciclos biogênicos Redução na fonte Reciclagem interna Estruturas Materiais Modi�cação no produto Modi�cação no processo Substituição de materiais Mudança de tecnologia Housekeeping Figura 5 - Produção mais limpa – Níveis de intervenção Fonte: adaptada de Barbieri (2016). De acordo com Barbieri (2016), as mudanças nos processos produtivos têm por intuito minimizar as perdas nesses processos por meio de: ■ Housekeeping (boas práticas operacionais): são processos que visam ao planejamento, à gestão de estoques, à limpeza, à organização, dentre outros. ■ Substituição de materiais: seleciona materiais com o intuito de redu- zi-los ou eliminá-los. Um exemplo é a substituição de um produto que tenha compostos químicos por um composto à base de água. ■ Mudanças na tecnologia: buscam inovar os processos produtivos para reduzirem as emissões e as perdas. Podem ser inovações incrementais. U N IC ES U M A R 63 Ecodesign: um projeto para o meio ambiente O ecodesign é uma forma de gestão com foco na concepção de produtos, a fim de conservar recursos, prevenir acidentes e gerenciar resíduos. Desse modo: “ Consiste em um modelo de gestão focado na fase de concepção dos produtos e em seus respectivos processos de produção, distribuição e utilização, também denominado ecodesign, que busca integrar um conjunto de atividades e disciplinas que, historicamente, sempre foi tratado separadamente, tanto em termos operacionais quanto estratégicos, como saúde e segurança dos trabalhadores e consu- midores, conservação de recursos, prevenção de acidentes e gestão de resíduos (DIAS, 2017, p. 50). Barbieri (2016) explica que o ecodesign está baseado nas inovações dos proces- sos produtivos, diminuindo a poluição em todo o ciclo de vida do produto. Em outras palavras, é uma proposta de negócios calcada no meio ambiente em todas as etapas do processo produtivo. U N ID A D E 2 64 Licitações sustentáveis Já sabemos que existem consumidoresque obrigam os seus fornecedores a ado- tarem estratégias de natureza sustentável. Um exemplo é o próprio governo, o qual exige que as prefeituras e as secretarias, ao abrirem um processo licitatório, determinem que os candidatos apresentem um plano de redução de impacto am- biental no desenvolvimento do serviço. São as chamadas “licitações sustentáveis”, que ordenam que as empresas participantes tenham programas, tais como reuso de água, energia solar, políticas para diminuir o consumo energético, a utilização de materiais biodegradáveis, a comprovação legal da origem de madeira utilizada, dentre outros (ANA, [2020], on-line)². As compras e as licitações sustentáveis têm um papel estratégico para os ór- gãos públicos e, quando feitas de maneira adequada, propiciam a sustentabilidade em atividades públicas. Nesse contexto, é importante que os compradores públi- cos saibam delimitar adequadamente as necessidades da sua instituição, além de conhecerem a legislação aplicável e as características dos bens e serviços que poderão ser comprados (A3P, [2020], on-line)³. Quando há a decisão de fazer uma compra sustentável, isso não representa, necessariamente, mais gastos de recursos financeiros, visto que nem sempre uma proposta de menor valor é lucrativa. De acordo com o site A3P ([2020], on-line)³, uma compra sustentável traz alguns fatores, a saber: a) Custos ao longo de todo o ciclo de vida: é fundamental considerar os custos de um serviço e/ou produto ao longo de sua vida útil. São exem- plos: custos com a compra, com a manutenção e a destinação final. b) Eficiência: quando há compras e licitações sustentáveis, é permitido sa- tisfazer as necessidades da administração pública referentes à utilização eficiente dos recursos e com menor impacto socioambiental. c) Compras compartilhadas: ocorre por meio de centrais de compras. Com isso, há a otimização dos recursos públicos. d) Redução de impactos ambientais e problemas de saúde: leva em con- sideração a qualidade dos produtos que são adquiridos. e) Desenvolvimento e inovação: há o estímulo desses mercados. U N IC ES U M A R 65 Custo ambiental Para toda e qualquer ação organizacional, são necessários recursos ambientais, tais como a matéria-prima, a água e a energia. Em consequência disso, os limites da capacidade de produção do homem são definidos pelos limites impostos pelos ecossistemas, ou seja: “ É claro que é mais fácil pensar no valor de recursos ambientais, como madeira, espécies medicinais, etc., quando esses itens já sofreram al-guma forma de operação comercial (já foram retirados das florestas, no caso da madeira, ou transformados em medicamentos e vendidos, por exemplo). Quando um bem ou ativo ambiental está intacto, ain- da como um recurso natural propriamente dito, é muito mais difícil valorá-los pelos métodos convencionais (SEBRAE, 2017, p. 42). Há muitos estudos e pesquisas realizadas com o objetivo de en- contrar novas formas de valoração dos custos ambientais. Assim, é essencial aumentar a visão dos custos ambientais, os quais incluem a contabilização de questões, tais como: As licitações sustentáveis estão cada vez mais presentes no cotidiano do Estado e essa é uma consequência da preocupação com a maximização do dinheiro público e o engaja- mento do setor público com as causas ambientais. Dada a cobrança do governo para que as organizações se tornem mais sustentáveis e respeitem o meio ambiente, a administra- ção pública também tem buscado ser um exemplo/modelo. Assim, para que as empresas participem de um processo de licitação de obras e serviços públicos, devem apresentar elevados padrões de sustentabilidade. explorando Ideias O setor público é o promotor e o ator das ações de responsabilidade social e sustentabilidade. Diante disso, a cultura organizacional nacional tem sido modificada, com a inserção de novas formas de atuação socioambiental. As- sista ao vídeo presente no QR Code para saber mais. conecte-se https://vimeo.com/321279805/9ea8dfa2ee U N ID A D E 2 66 • Exaustão de recursos ambientais; • Aquisição de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes; • Tratamento de resíduos gerados pela fabricação de produtos ou prestação de serviços. • Tratamento e recuperação de áreas contaminadas ou desflorestadas. • Mão-de-obra utilizada para ações de controle ou recuperação de danos ambientais (SEBRAE, 2017, p. 31). Financiamentos e incentivos Já concluímos que muitas práticas sustentáveis podem gerar renda para a empre- sa. Também sabemos que algumas dessas ações podem ser pagas com o tempo, enquanto outras exigem investimentos, e o retorno se dá em médio e em longo prazo. Caso os investimentos sejam grandes, entretanto, existem várias linhas de incentivos do governo e dos bancos privados para que os gestores possam investir na sustentabilidade do seu negócio, as chamadas de linhas de crédito para ações sustentáveis (SEBRAE, 2017). Entre os incentivos, estão as condições de créditos mais favoráveis, os juros mais baixos e as carências maiores. Esse tipo de financiamento pode ser procu- rado por aqueles que desejam elaborar um novo negócio ou buscam inovações em produtos que respeitem os aspectos sustentáveis. Como forma de estimular o desenvolvimento de condutas sustentáveis e a adequeção dos sistemas e produtos das organizações, além da recuperação das perdas ambientais obtidas até o momento, o Banco Nacional do Desenvolvimen- to Econômico e Social (BNDES) disponibiliza diversas linhas de crédito para os financiamentos direcionados: ■ Aos microempreendedores e à pessoa física. ■ Às micro, pequenas e médias empresas. ■ Às empresas médias e grandes. ■ Ao agronegócio. ■ À União, aos estados e aos municípios. ■ Às infraestruturas públicas e privadas. Dessa forma, muitos são contemplados com capital para a realização de ações sus- tentáveis. Como exemplos de fundos de financiamento que o BNDES oferece, temos: U N IC ES U M A R 67 ■ BNDES Finem - Meio Ambiente - Planejamento e Gestão: financiamen- to a partir de R$ 40 milhões para “projetos que contribuam para o aumento da capacidade das empresas em reduzir e mitigar riscos ambientais” (BNDES, [2020], on-line)4. ■ BNDES Finem - Meio Ambiente - Eficiência Energética: financiamento a partir de R$ 20 milhões “para projetos voltados à redução do consumo de energia e aumento da eficiência do sistema energético nacional” (BNDES, [2020], on-line)5. ■ BNDES Finame - Energia Renovável: financiamento “para aquisição e comer- cialização de sistemas de geração de energia solar e eólica e aquecedores solares, in- cluindo serviço de instalação e capital de giro associado” (BNDES, [2020], on-line)6. Além desses financiamentos, também há um número crescente de subsídios go- vernamentais em âmbito municipal, estadual e federal para as organizações que realizam as suas atividades de forma mais sustentável. Um exemplo é O ICMS Ecológico, que: “ […] é um mecanismo tributário que possibilita aos municípios acesso a parcelas maiores que àquelas que já têm direito, dos re-cursos financeiros arrecadados pelos Estados através do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, em razão do atendimento de determinados critérios ambientais estabelecidos em leis estaduais. Não é um novo imposto, mas sim a introdução de novos critérios de redistribuição de recursos do ICMS, que reflete o nível da atividade econômica nos municípios em conjunto com a preservação do meio ambiente (O ECO, 2014, on-line)7. Além desse programa, a Caixa Econômica Federal disponibiliza uma linha de Crédito Verde Empresarial, a qual possui taxas abaixo do que as que são cobradas pelo mercado, destinadas às organizações que atuam em atividades sustentáveis (NOTÍCIAS E NEGÓCIOS, 2012, on-line)8. Surgiram dúvidas, tais como: quem pode requisitar essas linhas de crédito? O que pode ser financiado? Quais são as condições e as formas de pagamento? Como funciona na prática? Acesse o link:https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia conecte-se https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia U N ID A D E 2 68 Por que as organizações devem se preocupar com a responsabilidade socioam- biental? Isso se deve, uma vez que, nos ambientes de negócios, a reputação das empresas tem se tornado um fator preponderante para o reconhecimento junto à sociedade. Nesse sentido, as transformações do ambiente exigem a realização de estratégias preocupadas com os stakeholders, o crescimento, a sustentabilidade e a transparência nos negócios. Em uma discussão sobre a responsabilidade empresarial, estão configurados modelos que buscam o equilíbrio entre o social e o funcional. Ao pensar em uma gestão social e ambientalmente responsável, é preciso ter comprometimento, aprendizagem e práticas entre os colaboradores e as áreas organizadas, o que caracteriza um desafio aos profissionais das empresas para articular interesses. A preocupação com as práticas ambientalmente sustentáveis e as posturas socialmente corretas e economicamente viáveis estão cada vez mais presentes nos temas da gestão. É dessa maneira que a responsabilidade socioambiental pode ser percebida como algo muito debatido na gestão empresarial e muito importante na estratégia competitiva. 3 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL U N IC ES U M A R 69 A responsabilidade social para à sustentabilidade É cada vez mais evidente que as iniciativas de negócio proporcionam um im- pacto sobre o lucro e o mundo. Assim sendo, o desempenho social inadequado e a falta de políticas bem elaboradas de cunho social e ambiental podem trazer sérias implicações organizacionais e acarretar prejuízos materiais e morais, com o intuito de aumentar os custos e perder as oportunidades de mercado. Não há como ignorar esse novo compromisso das organizações, pois não é apenas sen- sibilização ética, mas, principalmente, econômica e mercadológica. Para Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009), foi desenvolvido, nos últimos anos, a perspectiva da organização enquanto um ator social que pode ser sensi- bilizado não somente pelas ações realizadas, mas também pelos seus resultados e pelas suas consequências. Desse modo, a gestão empresarial que predominou durante grande parte do século XX e que responde unicamente aos interesses dos acionistas tem se revelado insuficiente nesse novo contexto empresarial. Isso se deve, pois, cada vez mais, os negócios são considerados responsáveis não só pelas suas próprias atividades, mas também pelos seus fornecedores, pela comunidade em que atuam e pelas pessoas que usufruem dos seus produtos. Assim, uma discussão conceitual referente à responsabilidade das organizações pode ser entendida como um contínuo que parte de pouca ou nenhuma mudança em seu papel e em suas operações, dirigindo-se para configurações mais radicais, voltadas para as políticas e as relações organizacionais, o que envolve um grande número de grupos de interesses. Considerando tais aspectos, de acordo Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009), o economista Friedman está de um lado desse contínuo, ao sustentar que a posi- ção da missão primordial da empresa é econômica. Tendo em vista esse aspecto, as ações das empresas são baseadas em uma corrente teórica chamada de “postura tradicional”, que considera os comportamentos empresariais pautados apenas nas questões econômicas. O termo “stakeholder”, amplamente utilizado nas áreas de gestão e de negócios, muitas vezes, é entendido como sinônimo de “acionista”. No entanto, ele ultrapassa esse signi- ficado, dado que equivale a todas as partes interessadas nas estratégias de governança corporativa que a empresa desenvolve. São exemplos: os fornecedores, os colaboradores e os clientes. conceituando U N ID A D E 2 70 Segundo essa corrente baseada na lógica de Friedman, o modelo de gestão deve focar exclusivamente nos stakeholders, ou seja, nos investidores e nos pro- prietários da organização. Enfatiza que a obrigação legal ou o próprio benefício é o único determinante para a Responsabilidade Social Empresarial, calcado na crença de que uma empresa lucrativa beneficia toda a sociedade, ao pagar impostos e gerar empregos. Existe, ainda, outra corrente teórica chamada de “progressiva”, que defende que algumas premissas básicas aparentemente já foram aceitas de forma mais gene- ralizada, como as posições a favor da responsabilidade social. Considerando os aspectos de ambas as correntes teóricas apresentadas, analise o quadro a seguir. Postura Tradicional Progressiva O objetivo das organizações, em um mundo em que a competitividade é muito acirrada, é a maximização dos lucros. A responsabilidade social surge do poder social. Pelo fato de que as or- ganizações utilizam recursos da so- ciedade, é esperado que a coletivida- de receba esses recursos de volta. As ações dos executivos das empre- sas precisam sempre estar voltadas ao lucro, com o intuito de remunerar melhor os acionistas. É necessário compreender as neces- sidades e os desejos sociais. Quando uma organização investe na área social, para qualquer tipo de público (interno ou externo, colabo- radores ou a sociedade), essa é uma forma de reduzir os ganhos dos acio- nistas. Os custos sociais devem ser levados em consideração. O usuário deve pagar pelos custos sociais de suas atividades. Por exem- plo, a sociedade não deve pagar pe- los custos que são elencados contra a poluição. A organização precisa reconhecer os problemas sociais e buscar formas de resolvê-los. Quadro 3 - Correntes teóricas dos objetivos econômicos e da responsabilidade social Fonte: adaptado de Teixeira e Santos (2009). U N IC ES U M A R 71 Para que uma instituição realmente possa assumir uma posição definitiva refe- rente à responsabilidade social, é necessário conhecer a sua essência no contexto contemporâneo. Essa atitude é necessária, para que não seja confundida com filantropia, que se refere às atividades eventuais de caridade e é o modo como a responsabilidade social está configurada na maioria das organizações. Dessa maneira, a política de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) pre- cisa estar associada, em suas diretrizes, aos custos operacionais. Ela também deve envolver todos os colaboradores da organização e, de acordo com Ashley (2003, p. 56), pode ser definida como: “ [...] compromisso que uma organização deve ter com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo pró-ativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contaspara com ela. Assim, a instituição precisa assumir uma posição que vai além do que está es- tabelecido nas leis: deve-se apropriar de obrigações de caráter moral, a fim de contribuir para o desenvolvimento sustentável. Para Kreitlon (2004, p. 3), a RSE se trata do: “ [...] compromisso empresarial de contribuir para o desenvolvimen-to econômico sustentável, trabalhando em conjunto com os empre-gados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida, de maneira que sejam boas tanto para as empresas como para o desenvolvimento. Isso significa que as organizações que têm RSE devem adotar, em sua cultura inter- na, o discurso de preocupação social, o qual também deve estar refletindo dentro da empresa. Portanto, é contraditório que uma empresa pague baixos salários aos seus colaboradores, sonegue impostos e pratique condutas antiéticas, mas pro- mova uma imagem socialmente responsável, com o objetivo de angariar clientes. Outra definição é atribuída pelo Instituto Ethos ([2020], on-line)9, o qual compreende a RSE como: U N ID A D E 2 72 “ Reconhecemos a responsabilidade pelos resultados e impactos das ações de nossa empresa no meio natural e social afetados por nossas atividades empresariais e envidaremos todos os esforços no sentido de conhecer e cumprir a legislação e de, voluntariamente, exceder nossas obrigações naquilo que seja relevante para o bem-estar da coletividade. Procuraremos desenvolver e divulgar a todas as partes interessadas um programa ativo e contínuo de aperfeiçoamento ético de nossas relações com as pessoas e entidades públicas ou privadas envolvidas em nossas ações. Essas definições sobre a RSE nos evidenciam que estão relacionadas às preocu- pações da sociedade atual, isto é, com as questões de empregabilidade e as am- bientais. A partir disso, é plausível afirmar que a RSE ultrapassa as expectativas econômicas e sociais que beneficiam o ser humano. No entanto, infelizmente, a RSE ainda é confundida com a filantropia. A RSE está incorporada na estratégia das organizações, enquanto a filantropia é de caráter pon- tual e com ações de assistencialismo. A seguir, é possível observar essas diferenças: U N IC ES U M A R 73 FILANTROPIA: • ações individuais e coletivas • fomento de caridade • base assistencialista • restrita a empresários • decisão individual RESPONSABILIDADE SOCIAL: • ação coletiva • fomento à cidadania • base estratégica • extensiva a todos • decisão consensual Figura 6 - Diferenças entre a responsabilidade social e a filantropia Fonte: adaptada de Ashley (2003). Rothgiesser (2004, p. 3 apud DORNELAS, 2005, p. 10) define a filantropia em- presarial como: “ [...] investimento de uma empresa em ações pontuais periódicas, como campanhas de arrecadação de bens e alimentos, assim como as doações de ordem material e/ou financeira. Comumente não obedecem a um processo sistematizado de atuação social e sim reativo, em momentos de maior demanda da sociedade. Portanto, é evidente que a principal diferença entre a responsabilidade social e a filantropia se dá no fato de que esta trata das ações externas à organização e a sua principal beneficiária é a comunidade, enquanto a responsabilidade social tem foco na cadeia de negócios da empresa e se preocupa com um público que vai além da comunidade. São eles: acionistas, colaboradores, fornecedores, meio ambiente, governo, clientes e prestadores de serviço. U N ID A D E 2 74 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), estudamos, nesta unidade, a relação das empresas com o meio ambiente. Assim, primeiramente, discutimos a contaminação ambiental, apresen- tamos a relação da industrialização com o meio ambiente e expomos os princi- pais acidentes ambientais que trouxeram inúmeras consequências para o meio ambiente e para a sociedade. Além disso, constatamos que, atualmente, as organizações que investem em sustentabilidade econômica têm um diferencial competitivo, se comparadas com as que não são sustentáveis. Também foi explicado que a sustentabilidade econômica está relacionada com a distribuição eficiente de recursos naturais dentro de uma escala apropriada, referente às práticas econômicas que visam ao desenvolvimento econômico da organização. Tudo isso, com base na preservação ambiental e pensando nas gerações vindouras. Diferenciamos a economia neoclássica da economia ecológica, ao susten- tarmos que as empresas tendem a investir na economia verde, relacionada aos investimentos em capital natural. Também defendemos que as práticas de sus- tentabilidade econômica são vantagens para as organizações, as quais obtêm uma maior economia financeira em médio e longo prazo, além de diminuírem os seus riscos e aumentarem os seus lucros e competitividade. Apresentamos as práticas que estão sendo adotadas por empresas, como a ecoeficiência, que visa ao uso mais eficiente de matérias-primas e energia, a fim de diminuir os custos econômicos e os impactos ambientais, e a produção mais limpa, que integra as estratégias ambiental, econômica e tecnológica aos proces- sos e aos produtos, com o objetivo de aumentar a sua eficiência na utilização de matérias-primas, água e energia. Para finalizar, estudamos os investimentos e os custos ambientais. Também compreendemos as questões de responsabilidade socioambiental incorporadas pelas empresas, as suas correntes contra e a favor, além da diferenciação entre as práticas de filantropia e de RSE. 75 na prática 1. O fornecimento de bens e serviços sustentáveis a preços competitivos, a fim de que satisfaçam as necessidades humanas e promovam a diminuição dos impactos ambientais e do consumo dos recursos naturais diz respeito: a) À ecologia industrial. b) À ecoeficiência. c) Ao consumismo. d) Ao ecossistema. e) Ao meio ambiente. 2. Trata-se da estrutura da economia que tem mudado a direção de setores e/ou tec- nologias “verde” ou “limpos”. Isso resultou na melhoria do bem-estar da comunidade e na igualdade social, minimizando os riscos ambientais. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o elemento ao qual o enunciado diz respeito: a) Economia verde. b) Economia marrom. c) Ecossistema. d) Ecoeficiência. e) Ecologia. 3. Trata-se da busca por inovações em processos produtivos, com o objetivo de minimi- zar perdas e emissões. Essas inovações incluem mudanças em processos produtivos, novas instalações e novos equipamentos. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a prática à qual o enunciado diz respeito: a) Ecologia. b) Ecossistemas. c) Housekeeping. d) Substituição de materiais. e) Mudanças na tecnologia. 76 na prática 4. Muitas empresas acreditam que estão praticando a responsabilidade social, mas, na verdade, estão fazendo uma ação filantrópica, dado que muitos gestores as consideram sinônimos. Diante do exposto, diferencie a responsabilidade social da filantropia. 5. A sustentabilidade econômica visa à gestão de recursos naturais e à sustentabilidade do negócio. Nesse sentido, apresente as vantagens da sustentabilidade econômica para as organizações. 77 aprimore-se CASE DE SUCESSO: O VALOR DA SUSTENTABILIDADE Um dos grandes cases nacionais de empresas sustentáveis é a Natura. Ela é reconhe- cida por ser uma fabricante de produtos de beleza com grande preocupação socioam- biental. Além disso, conseguiu repassar uma percepção de valor aos seus clientes de como a proteção à natureza é importante e como as riquezas naturais das florestas podem contribuir para a produção cosméticos excelentes de forma sustentável. Para isso, a marca utiliza boas estratégias de marketing e projetos colaborativos com comunidades tradicionais. A Natura desenvolve parcerias com produtores ru- rais para a exploração consciente e o manejo controlado de algumas das riquezas naturais do país: castanha do pará, erva doce, dentre outros. Com essas estratégias, a empresa consegue gerar uma boa renda para os agri- cultores e preserva a naturezacom a adoção de práticas conservacionistas. Dessa forma, a Natura revela que para crescer e criar novos produtos é possível estar em harmonia com a natureza, além de gerar um maior engajamento dos seus clientes e respeito pela marca. Um verdadeiro processo de branding utilizando os conceitos de sustentabilidade como estratégia. Fonte: Comércio em ação (2018, on-line)10. 78 eu recomendo! Gestão estratégica da sustentabilidade: experiências brasi- leiras Autor: Isak Kruglianskas e Vanessa Cuzziol Pinsky Editora: Alta Books Sinopse: a obra, que reúne artigos de diversos especialistas e apresenta as mais variadas análises de casos de gestão da sus- tentabilidade corporativa, traz um texto embasado por pesquisas empíricas. Constitui-se, portanto, uma leitura valiosa tanto para a obtenção de uma referência específica para cada setor quanto para a aquisição de uma visão ampla sobre as repercussões das práticas sustentáveis na administração e na produção. livro 3 MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE e certificação PROFESSORES Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Wilian D’Agostini Ayres PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Marketing verde • Normas e certificações voltadas à responsabilidade social • NBR 16001: a norma brasileira de gestão da respon- sabilidade social. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender a definição e a aplicação do marketing verde • Entender as normas e as certificações voltadas à responsabilidade social • Analisar a norma brasileira de responsabilidade social. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade, trabalharemos o conceito e as caracte- rísticas do marketing verde. Também saberemos o que solidifica a sua existência e manutenção, além dos seus elementos de composição. Assim como você já sabe, o desenvolvimento sustentável pressupõe a elevação do crescimento econômico, o que garante a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e para as gerações futuras. O marketing verde, também conhecido como marketing ambiental, é adotado pelas empresas como uma estratégia que está relacionada à marca, ao produto ou até ao serviço oferecido, a partir da demonstração de uma imagem ecologicamente correta e consciente. Para que essas novas estratégias sejam utilizadas de acordo com a ética e a boa conduta, algumas normas devem ser seguidas. Essas regras são elaboradas por organizações nacionais e internacionais, tais como a Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pelas normas brasileiras (NBR). Ela é uma organização nacional equivalente à Internatio- nal Organization for Standardization (ISO), que, em português, significa Organização Internacional de Normalização. Dessa forma, estudaremos duas normas que recebem o nome de sua organização responsável, acrescido de um número de controle. Uma delas é a ISO 26000, que é voluntária, de responsabilidade social, não certificável e basilar para as organizações que desejam implementar um sistema de gestão de responsabilidade social. Também trabalharemos a NBR 16001, uma nor- ma brasileira de responsabilidade social que pode ser certificada e utilizada por qualquer tipo de empresa, independentemente do seu ramo ou porte. Também compreenderemos o ciclo Plan, Do, Check, Act (PDCA), que, em português, significa planejar, fazer, verificar e agir. É uma ferramenta eficaz para a implementação de sistemas de gestão, uma vez que nos per- mite visualizar a sua melhoria contínua. Vamos juntos! Bons estudos. U N IC ES U M A R 81 1 MARKETING VERDE Para entendermos o que, de fato, significa marketing, apresentamos a definição de Sandhusen (2007, p. 5), exposta em seu livro Marketing Básico, em relação às funções básicas do marketing: “ [...] sendo as funções troca (compra e venda), funções de distri-buição física (transporte e armazenagem) e funções de facilitação (sortimento, financiamento, riscos e desenvolvimento de informa- ções de marketing). O marketing demonstra grande influência em relação às pessoas e também às empresas. O marketing surgiu no início da década de 20, com o intuito de obter recursos para a resolução dos problemas vinculados à venda e à distribuição de produtos. No decorrer dos anos, adquiriu uma perspectiva mais humana, a partir do sur- gimento de outras filosofias, tais como a ética nos negócios, o foco em recursos humanos e o marketing social (PEATTIE; CHARTER, 2005). Em consequência às mudanças ambientais, já no final do século XX, surgiu o marketing societal. Por meio dele, as empresas recebem a orientação de que devem, além de entregar valor aos clientes, satisfazer às suas expectativas, preo- cupando-se com a ética e com o meio ambiente (KOTLER, 1995). Nesse sentido: U N ID A D E 3 82 “ O pensamento meramente econômico predominante nas orga-nizações voltou-se para as questões sociais e ambientais, segundo Layrargues (2000, p. 20), desde o ambientalismo, que foi um movi- mento histórico originado a partir do reconhecimento dos assus- tadores efeitos negativos causados na biosfera, em que é criticado o modelo civilizatório e dos paradigmas da sociedade de consumo (LOPES; PACAGNAN, 2014, p. 117). O marketing verde surgiu na década de 70, quando a American Marketing As- sociation (AMA) iniciou as discussões referentes aos impactos do marketing em relação ao meio ambiente natural (LOPES; PACAGNAN, 2014). Esses debates ocorreram, visto que o marketing estimula o consumo exagerado e é focado espe- cificamente no lucro, o que aumenta a exploração do meio ambiente para suprir a elevada demanda por produtos que é estimulada pelo segmento. Um produto tem um atributo verde quando é concebido em conjunto com as preocupações ecológicas e sociais, as quais permitem que esse item agregue valor comercial. Assim, os produtos ambientalmente corretos possuem algumas características, a saber: devem ser fabricados com uma quantidade mínima de matéria-prima renovável; devem ter eficiência energética; fazem o uso racional de água e de uma quantidade mínima de efluentes; geram uma quantidade mínima de resíduos; e produzem embalagens que podem ser reutilizadas (GONZAGA, 2005). Portanto, chamamos de “marketing verde”, “marketing sustentável” ou “mar- keting ecológico”, as ações das empresas que encontraram soluções para a sua produção por intermédio do uso, de forma sustentável e sem poluírem o meio ambiente, de recursos naturais. A prática envolve a divulgação de processos que alcançam o maior número de clientes, visto que informam que os produtos pro- venientes possuem baixo impacto ambiental. Diante do exposto, é visível que as preocupações ambientais estão assumindo, gradativamente, uma maior importância entre os consumidores, que passaram A expressão “sociedade do consumo” é utilizada para explicar o consumo excessivo de bens e serviços na sociedade da pós-revolução industrial, cuja produção ultrapassou a quantidade que é consumida. Dessa forma, relaciona-se ao consumismo crescente para o aumento da lucratividade, e não por necessidade. Fonte: adaptado de Ribeiro (2013, on-line)¹. conceituando U N IC ES U M A R 83 a adquirir os produtos e os serviços incorporados à variável ecológica. Para Dias (2017), as organizações buscam associar a variável “meio ambiente” enquanto uma estratégia competitiva junto aos consumidores e concorrentes. Essa vertente do marketing – o marketing verde – apresenta preocupações com as questões mercadológicas dos produtos, a fim de que atendam à legisla- ção ambiental e às expectativas dos seus consumidores. Sob o ponto de vista do marketing ambiental, o cliente não é o único público-alvo, mas existem outros que são importantes, tais como os fornecedores, os distribuidores, o governo, a comunidade em geral, dentre outros. Além disso, o conceito de marketing verde está atrelado diretamente à pro- posta de responsabilidade social, pois procura: ■ O desempenhode atividades responsáveis na sociedade. ■ A entrega de produtos e serviços condizentes com as necessidades da sociedade. ■ A eliminação ou a redução, ao mínimo tolerável, dos danos ocasionados, caso seus produtos ou serviços sejam prejudiciais às pessoas. Segundo Barbieri (2016), todos os objetivos dessa vertente do marketing são im- plantados para que haja um equilíbrio entre as necessidades dos clientes e as da sociedade em geral, as quais nem sempre são as mesmas. Desse modo, o conceito de marketing ecológico é constituído por (BARBIERI, 2016): ■ Processo integral de gestão. ■ Responsabilidade pela identificação, antecipação e satisfação dos clientes. ■ Responsabilidade perante a sociedade, visto que garante que o processo produtivo seja rentável e sustentável. Assim, o marketing verde é representado pelos esforços das empresas que buscam satisfazer aos desejos dos clientes a partir da produção de produtos que causem menores impactos ambientais ao longo do seu ciclo de vida (GONZAGA, 2005). Você conhece alguma empresa que desenvolva o marketing verde com exce- lência? Quer conhecer alguns cases de sucesso nessa área? conecte-se http://www.atpsolar.com.br/5-empresas-sustentaveis-marketing-verde/ U N ID A D E 3 84 Marcas ecológicas ou ecologicamente corretas Um pequeno detalhe faz toda a diferença, afinal, quem nunca comprou um deter- minado produto devido à marca? Neste tópico, abordaremos um requisito bem popular: as famosas marcas dos produtos. No entanto, pelo fato de que o nosso foco é a sustentabilidade, elas devem ser ecologicamente corretas. Você saberia dizer a definição da palavra “marca”? Para esclarecer essa ques- tão, Kotler (1998, p. 20) defende que a “marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los de concorrentes”. As marcas só são consideradas grandes (ou boas) quando atingem um grande número de consumidores, que é o objetivo de muitas organizações: a construção de uma marca sólida e forte. Entretanto, para atingir esse objetivo, é necessário compreendermos os processos que envolvem as atitudes dos consumidores em relação às marcas, um detalhe imprescindível ao marketing. Para Keller (1993), as atitudes dos consumidores a respeito das marcas podem estar relacionadas às crenças sobre os atributos, a funcionalidade e os benefícios de seus produtos. Diante disso: “ O sucesso dos programas de marketing é um reflexo da criação de associação com a marca, ou seja, os consumidores que acreditarem que a marca possui atributos e benefícios que satisfarão suas neces- sidades e desejos formarão uma atitude positiva em relação à marca (KELLER, 1993, p. 5, tradução nossa). Uma das características do sucesso do marketing é o que chamamos de imagem da marca, definida como a percepção que os consumidores têm sobre as marcas a partir das associações construídas em relação a elas. Assim, uma marca pode ser escolhida pelo status que representa ou por estar associada às causas ambientais. O uso do marketing social ou ambiental pode determinar sentimentos a res- peito da marca por parte dos consumidores. Segundo Hoeffler e Keller (2002), duas dessas sensações são a aprovação social, que representa o reconhecimento da sociedade em relação às marcas associadas às causas sociais, e o autorrespeito, que ocorre quando a marca faz o consumidor se sentir bem consigo (senso de orgulho, satisfação pela escolha da marca). U N IC ES U M A R 85 Dessa forma, as marcas têm um peso crucial na tomada de decisão de compra pelo consumidor, uma vez que dão a possibilidade de aquisição de um produto que transmite mais confiança e credibilidade. Quando o consumidor identifica alguns atributos relacionados à determinada marca, seja pelas experiências vivenciadas, pelo “boca a boca” ou pelas propagandas conhecidas, esses traços ficam conectados à empresa. Portanto, é possível afirmar que a atitude em relação a uma marca é derivada das ações vinculadas aos seus atributos e benefícios (LUTZ, 1991). Mix de marketing: versão verde ou ecológica Na área de negócios, o relacionamento entre a empresa e os seus clientes se de- senvolve por meio do mix de marketing, que é representado pelos “4 Ps”, ou seja, produto, preço, praça e promoção. Eles podem ser visualizados na figura a seguir: PRODUTO PREÇO PRAÇA PROMOÇÃO Figura 1 - Mix de marketing Ao utilizarmos a métrica preconizada pelo mix de marketing para analisarmos a proposta de valor aos produtos ecologicamente corretos, são gerados os elemen- tos apresentados a seguir. Produto Segundo Kotler (1998 apud DIAS, 2017, p. 171), o produto é “algo que se pode ser oferecido a um mercado para sua apreciação, aquisição, uso ou consumo para satisfazer a um desejo ou necessidade”. Nesse contexto, no mercado, temos: U N ID A D E 3 86 1. Os produtos, que são os bens físicos, tais como os automóveis, os livros, as geladeiras, os sofás e os computadores. 2. Os serviços, os quais incluem cortes de cabelo e o fornecimento de água, por exemplo. 3. Os locais, que são compostos por organizações e ideias. A essa ampla gama de produtos pode ser agregada a variável ecológica. Quando uma empresa toma essa atitude, é preciso associá-la ao ciclo de vida do produto. Assim sendo, o produto será considerado ecológico quando gerar um prejuízo menor em todo o seu ciclo de vida, considerando a sua concepção, o seu uso, consumo e descarte final. Um produto verde carrega as mesmas funções de um produto comum. Toda- via, os seus danos ambientais são menores em todo o seu ciclo de vida, o que exige a análise de sua composição, se é reciclável, se agride, ou não, o meio ambiente, se o material de sua embalagem também pode ser reaproveitado, dentre outros fatores. Também é preciso salientar que o conceito de produto ecológico envolve todo o processo de fabricação. Diante disso, são somados os atributos específicos do produto em conjunto com os atributos de fabricação, os quais podemos observar na figura a seguir: ATRIBUTOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO ATRIBUTOS ESPECÍFICOS DO PRODUTO ATRIBUTO S DO PROD UTO ECOLÓGI CO Figura 2 - Produto verde / Fonte: adaptada de Dias (2017). U N IC ES U M A R 87 As decisões que devem ser tomadas sobre o produto precisam ser direcionadas à projeção de um bem ou serviço, de maneira que haja a redução do consumo dos recursos empregados e da geração de resíduos ao longo do ciclo de vida, mas sem o comprometimento das características que satisfazem às necessida- des dos atuais clientes. Barbieri (2016) explica que a preocupação da gestão dos produtos verdes em relação às suas variáveis pode se dar nas seguintes direções: ■ Introdução de novos produtos que poderão ser destinados a novos mercados. ■ Melhoria de produtos existentes, o que pode modificar os processos de produtos e/ou os itens que já estão no mercado. ■ Eliminação dos produtos existentes. Nesse caso, a organização analisa deter- minado item e conclui que ele não será rentável a curto prazo, em função das exigências ecológicas de mercado e/ou da legislação ambiental. ■ Sob o ponto de vista ambiental, de acordo com Dias (2017), o produto pode ser analisado por ferramentas, tais como: ■ Análise do ciclo de vida do produto, que está pautada em seu impacto ambien- tal ao longo das diferentes etapas do seu ciclo (produção, venda, utilização e eliminação). ■ A norma ISO 14001, que se refere ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Constitui ações coordenadas dentro das empresas e auditadas externamente, ao envolver uma análise da atuação da organização em conjunto, e não somente do produto. Um aspecto interessante a ser considerado, sob o ponto de vista do marketing, são as certificações e os selos verdes, os quais serão apresentados de forma mais ampla no próximo tópico. Esses itens são elementos tangíveis que acompanham o produto, ouseja, são uma fonte de informação objetiva aos consumidores e são As normas ISO são formuladas pela International Organization for Standardization e cada uma possui uma numeração, de acordo com a sua finalidade. As normas relacionadas são perten- centes à mesma série de normas, a chamada de “família” de normas. Por exemplo: a norma 14000 e a sua respectiva sequência – até a 14999 – representam a mesma série de normas. conceituando U N ID A D E 3 88 conferidos por organizações independentes que asseguram a qualidade ambien- tal de produtos ou serviços. Em relação aos selos ambientais, existem vários e cada um é adaptado para cada setor produtivo. Dias (2017) sustenta que os selos verdes: ■ Devem ser verificáveis a qualquer momento, com o objetivo de evitar fraudes. ■ Devem ser concedidos por empresas com idoneidade reconhecida. ■ Não devem criar barreiras comerciais. ■ Devem levar em consideração o ciclo de vida completo do produto. ■ Devem estimular a melhoria do produto e serviço. Preço Segundo Dias (2017), o preço é o indicador geral do valor atribuído ao produto pelo consumidor e reflete os valores ambientais que o item possui, incluindo, inclusive, os custos de fabricação. Aqui, os consumidores levam em consideração a relação custo-benefício dos produtos ecológicos. Praça O item “praça”, no mix de marketing, considera as atividades referentes à trans- parência das mercadorias dos fabricantes e dos fornecedores aos seus clientes, sejam pessoas físicas, sejam organizações. Segundo Dias (2017), é o instrumento de marketing que relaciona a produção e o consumo. Assim, a praça está ligada diretamente à distribuição e envolve algumas ideias básicas, tais como a escolha de canal de distribuição, os pontos de venda, o mer- chandising, com o intuito de estimular a aquisição do produto, além da logística e da distribuição. Barbieri (2016), sob o ponto de vista do marketing, defende que a distri- buição implica a continuidade de uma série de atividades, como a promoção, a apresentação, o ponto de venda (considerando a ótica ambiental), os benefícios ecológicos, dentre outros. Em contrapartida, sob o ponto de vista ambiental, é preciso considerar a co- mercialização do produto ecológico e a ideia de que ele possa ser encaminhado U N IC ES U M A R 89 para a reciclagem após o seu uso. A reciclagem é fundamental nesse canal de distribuição e há o estímulo da logística reversa. Além disso, na distribuição, é preciso levar em consideração o ponto de vista do marketing ecológico, o qual inclui: ■ A minimização do consumo de recursos e da geração de resíduos. ■ A criação de um sistema eficiente durante a distribuição. Promoção Neste item, encontram-se os fatores que envolvem a comunicação e a publicidade do produto, considerando os aspectos positivos e os negativos. Desse modo, os objetivos da comunicação abrangem as informações dos atributos do produto, principalmente os aspectos positivos em relação às questões ambientais, e a pro- pagação da imagem da organização em conjunto com esse aspecto. Portanto, na publicidade, deve-se difundir a imagem e a funcionalidade do produto, a fim de obter um posicionamento de mercado. Já na comunicação, é preciso apresentar aos consumidores o fato que o produto tem um valor agregado e que, diante disso, é compensável adquiri-lo. Algumas formas de difusão dessas ideias incluem o trabalho de sensibilização ecológica, a veracidade das informações sobre o produto e o processo de fabricação ambiental, a realização de ações de relações públicas em torno de questões ecológicas, dentre outros. De acordo com Barbieri (2016), a prática de comercializar, posicionar e comu- nicar um produto como se fosse um benefício para o ambiente, a fim de projetar uma imagem ecológica que, na verdade, não há, é chamada de greenwashing ou lavagem verde. A publicidade ambiental enganosa vem se disseminando como A expressão “logística reversa” é utilizada para descrever o processo de retorno dos resí- duos finais dos produtos para o processo de produção, como as embalagens, que podem ser retornáveis ou recicláveis. É crescente a inserção de produtos com esse princípio no mercado, pois, além da redução de impactos ambientais, gera uma redução nos custos de produção. conceituando U N ID A D E 3 90 um procedimento que não é ético, mas adotado por muitas empresas. Essas ins- tituições visam, por meio da “maquiagem ambiental” de seus produtos e/ou servi- ços, enganar os seus consumidores, fazendo-os crer que estão contribuindo com a proteção do meio ambiente. Há muitos exemplos de greenwashing, mas alguns deles são: ■ Oferecimento de produtos cancerígenos em embalagens de plástico. ■ Cigarros ou pesticidas orgânicos. ■ Garrafa de água que contém a divulgação de que o líquido é biodegradável. ■ Produto 100% natural, uma vez que existem muitos produtos naturais que oferecem perigo, tais como o arsênio e o urânio. Esse tipo de prática é prejudicial às empresas éticas e que se preocupam com a sustentabilidade. Assim como foi apresentado, o greenwashing é uma prática que coloca em risco a vida dos consumidores e a imagem da marca e/ou empresa. Acesse o QR Code para saber mais sobre o assunto. conecte-se https://www.vgresiduos.com.br/blog/greenwashing-o-que-e-e-por-que-sua-empresa-deve-evitar/ U N IC ES U M A R 91 2 NORMAS E CERTIFICAÇÕES VOLTADAS À responsabilidade social Agora que já tratamos do marketing verde, da publicidade enganosa e dos modos como as organizações podem tirar vantagens competitivas acerca da questão ambiental, podemos avançar em relação ao assunto. Existem instituições que bus- cam a responsabilidade social empresarial por meio de certificações, tais como algumas que já foram apresentadas. Contudo, para que você possa entender como ocorreu esse desenvolvimento, iniciaremos a nossa discussão apresentando a responsabilidade social empresa- rial em períodos distintos: o primeiro período se deu no início do século XX e prosseguiu até a década de 50, enquanto o segundo, que representa a abordagem contemporânea, iniciou-se na década de 50 e permanece até os dias atuais. Primeiro período: o liberalismo A sociedade experimentava a transição da economia agrícola para a industrial. Além do mais, a ideologia econômica que predominava era o liberalismo, que defendia que a interferência do Estado na economia era um obstáculo para a concorrência. Nesse sentido, o Estado deveria ser o responsável pelas ações so- U N ID A D E 3 92 ciais, pela promoção da concorrência e pela proteção da propriedade, enquanto as empresas deveriam buscar a maximização do lucro, a geração de empregos e o pagamento de impostos. Segundo Friedman (1985, p. 23): “ Em tal economia, só há uma responsabilidade social do capital – usar seus recursos e dedicar-se a atividades destinadas a aumentar seus lucros até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar de uma competição livre e aberta, sem engano ou fraude. Até a década de 50, a responsabilidade social empresarial assumia uma dimensão estritamente econômica. Segundo período: o keynesianismo Esse período é marcado pelo pensamento keynesiano, que sustentava a interven- ção do Estado na economia. Com o keynesianismo, reduziram-se, aos poucos, as incertezas no mercado, o que gerou condições para o investimento em tecnologia, o acúmulo de capital e a consolidação do modelo de produção em massa. O que propiciou a mudança de valores da sociedade, segundo Toffler e Toffler (1995), foi a busca do sucesso econômico pela sociedade industrial, enquanto a sociedade pós-industrial buscava o aumento da qualidade de vida, a valorização social, a relevância e o respeito ao meio ambiente e ao ser humano, bem como a organização empresarial em múltiplos meios, tanto para as empresas quanto para os indivíduos. São esses os fatores que têm impulsionado a responsabilidade social empresarial. As organizações não precisammais da força muscular dos seus funcionários, mas do seu talento, de sua criatividade e motivação. Terceiro período: a responsabilidade social Já sabemos como surgiu a responsabilidade social empresarial e as etapas pelas quais passou até chegar ao que temos hoje. Assim, aprofundaremos os nossos estudos sobre esse assunto e sobre as ferramentas que permitem planejar, imple- mentar e avaliar uma gestão socialmente responsável. U N IC ES U M A R 93 A responsabilidade, em termos gerais, refere-se à obrigação de responder pelas consequências previsíveis das nossas ações, em virtude das leis, dos con- tratos, das normas de grupos sociais ou de nossa convicção íntima. Portanto, a responsabilidade social empresarial diz respeito à obrigação que o sujeito ou a empresa tem em relação aos seus relacionamentos e à sua sociabilidade, baseada na ética com as partes interessadas. Barbieri e Cajazeira (2009, p. 20) explanam que: “ A responsabilidade social centrada na função econômica da empre-sa como geradora de lucros, salários e impostos já não seria mais suficiente para orientar os negócios diante de novos valores reque- ridos pela sociedade pós-industrial, como a busca de qualidade de vida, valorização do ser humano e respeito ao meio ambiente. Qual é a diferença entre as normas de responsabilidade social da ISO e da NBR? Em 2004, o Brasil já havia publicado uma norma sobre Responsabilidade Social, a ABNT NBR 16001, que foi atualizada em 2012, à luz da ISO 26000 (contemplando suas Defini- ções, Princípios, Temas Centrais e Questões). A Norma Brasileira difere da Norma Internacional, porque, enquanto a ISO 26000 traz orientações e diretrizes, a ABNT NBR 16001 é uma norma de requisitos, os quais são obrigatórios para quem declarar segui-la. Estes requisitos possibilitam a verificação do cumprimento à Norma. Essa verificação pode, inclusive, ser feita por uma terceira par- te independente, em um processo de auditoria externa. Isso é vantajoso principalmente para o consumidor ou para o investidor, que podem dar preferência e escolher comprar produtos ou serviços, ou investir em organizações que sigam os requisitos (regras) esta- belecidos na Norma, tendo alguma confiança quanto ao seu cumprimento, pois alguém atesta e emite um certificado com a sua assinatura. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) desenvolveu um Programa de Avaliação da Conformida- de específico para esta Norma, o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilida- de Social (PBCRS). O Inmetro define procedimentos de certificação e realiza a acreditação de organismos de certificação que realizam auditorias nas organizações e emitem o certi- ficado, que leva também a marca do Inmetro. Fonte: Inmetro ([2020], p. 11). explorando Ideias U N ID A D E 3 94 Normas e certificações Você provavelmente já deve ter se deparado com o termo “ISO” em leituras sobre as normas de certificação, em pesquisas acerca das organizações (empresas ou indústrias) ou, ainda, teve acesso a essa sigla mediante o marketing realizado por alguma organização. Note que algumas empresas, dos mais variados ramos de atuação, divulgam a obtenção das certificações ISO enquanto uma estratégia de marketing positiva, como no caso das ISO 9000 e 14000, que possuem validade internacional em termos de gestão da qualidade e em relação a um sistema de gestão ambiental, respectivamente. Contudo, afinal, o que vem a ser uma “ISO”? Qual é o seu significado? A sigla “ISO” corresponde, em inglês, à International Organization for Standardization ou Organização Internacional de Normalização. Essa organização foi fundada, em 1946, enquanto uma confederação de organismos de normalização inter- nacional voltada à parametrização e ao desenvolvimento de padrões e normas aceitos internacionalmente. A sua criação foi fundamental ao contexto histórico do desenvolvimento das relações internacionais, ao acesso ao mercado externo e, consequentemente, à situação econômica atual (DIAS, 2017). Segundo Costa (2011, p. 15), a ISO: “ [...] atua como entidade não governamental, desvinculada formal-mente de empresas e governos, embora entre as suas filiadas possam se encontrar tanto os organismos estatais de normalização como organismos com forte influência de setores empresariais e gover- namentais. A ISO está sediada em Genebra, na Suíça, e reúne em torno de 157 países desenvolvidos e em desenvolvimento, de todas as regiões do mundo. Diante do exposto, é possível compreender o que significa uma ISO e qual é a sua importância para o desenvolvimento da sociedade e das relações “internas e externas” estabelecidas, sobretudo as econômicas nacionais e entre nações. Isso se deve, uma vez que uma organização detentora de uma certificação ISO passa a regular e a fiscalizar as demais instituições com as quais se relaciona, sendo um requisito quanto aos seus processos e à sua qualidade. U N IC ES U M A R 95 Um exemplo é o conjunto de normas ISO 14000, o qual estabelece três tipos de rótulos: tipo I, tipo II e tipo III. Esse grupo está diretamente atrelado ao “p” de produto, assim como trabalhamos no tópico anterior. Barbieri (2016) explana que os rótulos devem ser baseados em metodologias científicas, com o intuito de darem suporte às afirmações, e os critérios utilizados devem ser relevantes ao ciclo de vida do produto. O quadro a seguir nos apresenta os tipos de rótulos ambientais: TIPO1 TIPO II TIPO III NORMA NBR ISO 14024 NORMA NBR ISO 14021 NORMA NBR ISO 14025 Rótulo baseado no pro- grama de terceira parte de adesão voluntária. Autodeclaração feita por fabricantes, comer- ciantes, importadores e outros que possam se beneficiar. Declaração que contém as informações quan- tificadas sobre parâ- metros ambientais em produtos e em serviços previamente definidos. Baseado em iniciativas voluntárias, consideran- do a competitividade no mercado. Também é calcado em aspectos de procura dos consu- midores por produtos ecologicamente corre- tos. Um ou mais critérios definidos pelo inte- ressado. Por exemplo: autodeclaração do fa- bricante sobre o teor de materiais reciclados contido no produto. Critérios múltiplos pre- viamente definidos para categorias de pro- dutos. Produtos de categorias previamente seleciona- das pelo programa. Qualquer produto. Produtos de categorias previamente seleciona- das pelo programa. Pautado no desenvolvi- mento do marketing e na conscientização do consumidor. Descreve termos se- lecionados, utilizados comumente em de- clarações ambientais. Também fornece quali- ficações para o seu uso. Endereçado às empre- sas. U N ID A D E 3 96 Considera o ciclo do produto, assim como a redução de impactos ambientais negativos. Não considera o ciclo do produto. Considera o ciclo do produto. Certificação voluntária e realizada por um or- ganismo certificador, com auditoria de tercei- ra parte. Não exige certificação de terceira parte. Exige certificação de terceira parte. As rotulagens são uma estratégia de comuni- cação entre os setores público e privado e os consumidores. Apresenta-se como tex- to e como símbolo im- pressos em produtos e em suas embalagens. Por exemplo: ciclos de Mödius. Apresenta-se como um texto que possui dados da empresa, do produ- to, dos impactos am- bientais quantificados, do organismo de certi- ficação etc. Quadro 1 - Tipos de rótulos ambientais / Fonte: adaptado de Barbieri (2016). Outro exemplo é a ISO 26000, elaborada em novembro de 2010, que contribuiu imensuravelmente para a difusão da responsabilidade social nas organizações. Como consequência, atraiu uma crescente atenção da sociedade, da comunidade científica e do setor empresarial (FREITAG; QUELHAS, 2016). A referida norma também é conhecida, no Brasil, como NBR ISO 26000:2010 (ABNT, 2010), que trata de diretrizes sobre a responsabilidade social. Assim, por exemplo, quando as normas internacionais são incorporadas aos padrõesinter- nos, consolidando a consonância entre o que é internacional e nacional, não há apenas uma mera tradução da norma ISO, mas são realizadas adaptações, tendo em vista a realidade interna. A NBR ISO 26000:2010 carrega um amplo escopo, o qual inclui a dimensão social, ambiental e econômica do desenvolvimento sustentável, ao versar sobre as questões relativas aos direitos dos consumidores, à comercialização justa, aos di- reitos humanos e trabalhistas, ao combate à discriminação e às práticas antiéticas, à proteção às populações vulneráveis e ao relacionamento com as comunidades. Segundo Costa (2011), diante de visões diferenciadas e práticas questionáveis, U N IC ES U M A R 97 essa norma, em síntese, devido ao seu conteúdo e à sua metodologia de cons- trução, torna-se a base para a definição de políticas e práticas de empresas e organizações em relação à responsabilidade social. Possivelmente, você está se questionando: como uma norma internacional acerca da responsabilidade social pode influenciar positivamente o contexto social? Esse é um bom questionamento e será elucidado a seguir, a partir dos exemplos apresentados e das reflexões sobre o tema. Vamos começar? Historicamente, toda a trajetória do desenvolvimento da humanidade e da in- tensificação da globalização culminou em pressões resultantes do capitalismo em relação à exploração da mão de obra, fato que ocorreu devido à competitividade do mercado. Nesse contexto, as organizações passaram a exercer pressões sobre os governos no tocante aos direitos e às legislações trabalhistas, com o intuito de torná-las mais flexíveis, o que foi um fator de grande influência no processo de precarização nas mais diversas regiões do globo. Também é válido mencionarmos os casos históricos de infração de direitos trabalhistas, como aqueles que envolviam marcas famosas, a fim de dimensionar- mos a repercussão das situações que envolviam práticas contrárias aos direitos humanos. Algumas dessas atitudes incluíam: ■ Jornadas de trabalho exorbitantes. ■ Assédio moral e perseguições trabalhistas. ■ Casos de partos em “chão de fábrica”. ■ Trabalho infantil. ■ Baixos salários e trabalho por dívida. Uma certificação internacional, mesmo que de caráter orientativo, como é o caso da NBR ISO 26000:2010, poderá influenciar significativamente o desenvolvi- mento social. Um fator que pode contribuir para essa concretização é a busca por espaço de mercado. Gostaria de conhecer alguns casos históricos de infrações aos direitos huma- nos e trabalhistas no Brasil e no mundo? conecte-se https://www.politize.com.br/direitos-trabalhistas-historia/ U N ID A D E 3 98 Atualmente, as organizações buscam cada vez mais atender às exigências do mercado atual, ação que teve início, em especial, no momento em que o público consumidor se tornou seleto e bem informado (fatores que são reflexos do ad- vento das mídias sociais). Nesse sentido, as adequações às normas de relevância internacional passaram a atuar como ferramentas de marketing que reduzem as pressões sociais, engajam o público interno da organização e promovem sucesso e desempenho econômico (DIAS, 2017). A NBR ISO 26000 é uma ferramenta voluntária que provocará mudanças nas organizações. Além disso, é uma norma não certificável que oferece orientações de responsabilidade social para diferentes tipos de instituições públicas e priva- das, assim como é válida para os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Tem por objetivo tornar compreensível o que é a responsabilidade social e como se relacionam os diferentes tipos de organizações, incluindo as pequenas e as médias empresas (BARBIERI, 2016). Uma de suas principais contribuições é a definição do que é a responsabilidade social para as empresas, de maneira geral. Desse modo, a norma sustenta que ela é a responsabilidade que uma organização tem pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente. Segundo Barbieri (2016), essa conduta: ■ Visa contribuir para o desenvolvimento sustentável. ■ Leva em consideração as expectativas dos stakeholders. ■ Está em conformidade com a legislação aplicável. ■ Está integrada com toda a organização. A preservação ambiental é consequência da consciência ambiental e da responsabilidade social. Já o desenvolvimento econômico exploratório vai contra essa lógica, ao mesmo tempo em que aumenta as desigualdades sociais. pensando juntos U N IC ES U M A R 99 Como exemplo, é possível constatar os benefícios das empresas que adotam a responsabilidade social e os temas vinculados à NBR ISO 26000:2010: De acordo com a ABNT (2010), os principais temas da respon- sabilidade social são: 1. Accountability. 2. Transparência. 3. Comportamento ético. 4. Respeito pelos interesses das partes interessadas. 5. Respeito pelo estado de direito. 6. Respeito pelas normas internacionais de comporta- mento. 7. Respeito pelos direitos humanos. Benefícios que as empresas têm ao adotarem a responsabilidade social, de acordo com a ABNT (2010): 1. Melhor compreensão das expectati- vas da sociedade. 2. Melhoria das práticas de gestão de risco. 3. Melhoria da reputação e da confiança por parte do público. 4. Suporte ao licenciamento ambiental, especialmente a licença de operação. 5. Melhoria na competitividade empre- sarial. 6. Melhoria no acesso ao financiamento e à economia de recursos. 7. Fidelidade de clientes. 8. Melhoria na saúde e na segurança dos colaboradores. Toda norma é estruturada com os parâmetros que norteiam os seus princí- pios e diretrizes. Quer saber como se estrutura a NBR ISO 26000? conecte-se http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/pontos-iso.asp U N ID A D E 3 100 3 NBR 16001: A NORMA BRASILEIRA DE Gestão da Responsabilidade Social A responsabilidade social se configurou como um modelo de gestão que apro- xima o relacionamento da organização com as suas partes interessadas (público interno, fornecedores, clientes, comunidade de entorno, dentre outros). Assim, é perceptível que, nos dias atuais, as empresas têm sofrido pressões da sociedade em relação à busca por soluções ambientalmente corretas aos seus produtos e serviços, além da incorporação da responsabilidade social em seu negócio. Nesse ínterim, os empresários têm percebido que a gestão da sustentabilidade é fundamental para garantir uma vantagem competitiva no mercado. Uma das formas de realização dessa gestão é a implementação de um sistema de gestão de responsabilidade, o qual as empresas podem incluir em seu sistema e certificá-lo por meio da NBR 16001. A NBR 16001 utiliza as três dimensões da sustentabilidade enquanto os seus fundamentos, a saber: pessoa, planeta e lucro. Ela pode ser implementada em conjunto com outras normas, como as da família NBR ISO 9000 (qualidade), NBR ISO 14000 (meio ambiente) e OHSAS 18000 (segurança do trabalho), que foi alterada para NBR ISO 45001 no ano de 2018. Cabe, porém, ao empreendedor decidir qual estratégia a sua organização adotará. A NBR 16001 é uma norma aplicável a qualquer tipo e porte de organização e apresenta um conjunto de requisitos associados à ética, à cidadania, aos direi- tos humanos e ao desenvolvimento sustentável (SORATTO et al., 2006). Dessa U N IC ES U M A R 101 maneira, os empresários podem incluí-la, assumindo o compromisso contínuo de comportamento ético e contribuição com o desenvolvimento econômico, a fim de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, de suas famílias, da co- munidade local e da sociedade, de modo geral. A NBR 16001 teve a sua primeira versão publicada em 2004, que foi atualiza- da em 2012 com base na ISO 26000 (norma internacional publicada no ano de 2010). A revisão da NBR 16001 ocorreu no âmbito nacional e o Inmetro criou o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social, de acordo com a referida norma, a qual teve umplano de transição para as empresas. Nesse plano, segundo o Inmetro ([2020], on-line)², foi estabelecido que: “ 1. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 podem, a qualquer tempo, a contar da data de publica-ção desta Portaria, migrar para a versão atual da norma, mediante auditoria; 2. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12 (doze) meses contados da publicação desta Portaria; 3. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser conce- didas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e quatro) meses contados da publicação desta Portaria; 4. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual da norma ou serem canceladas no prazo de 36 (trinta e seis) meses, contar da data de publicação desta Portaria. Em outras palavras, a partir de 2015, todas as organizações deveriam ter migrado para a versão mais atual da norma. NBR 16001: principais elementos Os principais elementos da NBR ISO 16001 consideram as exigências legais, a transparência das atividades, os compromissos éticos e a preocupação com a pro- moção da cidadania e do desenvolvimento sustentável. Além do mais, segundo Ursine e Sekiguchi (2005 apud INMETRO, [2020], on-line)², é uma norma que: U N ID A D E 3 102 ■ É aplicável a qualquer tipo e porte de organização, desde pequenas até médias e grandes empresas. ■ Amplia o entendimento de responsabilidade social. ■ Exige o comprometimento dos funcionários e dos dirigentes de todos os níveis e funções. ■ Determina uma política da responsabilidade social e desenvolve programas com objetivos e metas. Portanto, as empresas devem desenvolver programas (com objetivos e metas) que contemplem onze temas da responsabilidade social. São eles, de acordo com a ABNT (2004): 1. Boas práticas de governança. 2. Combate à pirataria, à sonegação, à fraude e à corrupção. 3. Práticas leais de concorrência. 4. Direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil. 5. Direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, a remuneração justa, os benefícios básicos e o combate ao trabalho forçado. 6. Promoção da diversidade e o combate à discriminação. São exemplos de segregação: cultural, de gênero, de raça/etnia, de idade, à pessoa com deficiência. 7. Compromisso com o desenvolvimento profissional. 8. Promoção da saúde e da segurança. 9. Promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, dis- tribuição e consumo, contemplando os fornecedores, os prestadores de serviço, dentre outros. 10. Proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras. 11. Ações sociais de interesse público. O atendimento aos requisitos da norma não significa que a organização é so- cialmente responsável, mas que possui um sistema de gestão da responsabili- dade social. U N IC ES U M A R 103 Um outro aspecto relevante da NBR 16001 é a política de responsabilidade so- cial que deve ser definida pela alta administração, a partir da consulta às partes interessadas. De acordo com a ABNT (2004, p. 3-4), essa política deve ser: “ a) apropriada à natureza, à escala e aos impactos da organização; b) inclua o comprometimento com a promoção da ética e do de-senvolvimento sustentável; c) inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de impactos adversos; d) inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e demais requisitos subscritos pela organização; e) forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas da responsabilidade social; f) seja documentada, implementada e mantida; g) seja comunicada para todas as pessoas que trabalham para ou em nome da organização; h) esteja disponível para o público; e i) seja implementada por toda a organização. Para a implementação de um sistema de gestão de responsabilidade social, é pos- sível utilizar uma ferramenta baseada no ciclo PDCA – Plan, Do, Check, Act ou, em português, planejar, fazer, checar e agir –, uma vez que esse ciclo fornece um processo iterativo utilizado pelas organizações para alcançar a melhoria contínua. Vamos conhecer como funciona o ciclo PDCA? Assim como a NBR 26000, a NBR 16001 também possui uma estrutura, a qual é ainda mais abrangente! Quer conhecê-la? conecte-se http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp U N ID A D E 3 104 ETAPAS P - Plan/ Planejar D - Do/ Fazer C - Check/ Checar A - Act/Agir ELEMENTOS Planejamen- to Políticas Recursos Objetivos Processos Treinamen- tos Prevenção Prática Verificar Audições Verificações Continuidade Melhorias Ações Preven- tivas Ações Corre- tivas O processo de certificação O Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social (PBCRS) é: “ [...] um processo voluntário, no qual a organização busca demons-trar aos clientes e à sociedade, por meio de uma avaliação de terceira parte, que o sistema de gestão atende aos princípios da responsabi- lidade social. Na estrutura geral do PBCRS estão incluídas a gestão do Programa, a acreditação de certificadoras e a normalização (IN- METRO, [2020], on-line)³. O fornecimento de produtos com mais qualidade aumenta a satisfação do cliente e facilita a venda e a introdução do item em novos mercados, fato que é mais perceptível pela indústria. Os consumidores dos países desenvolvidos, mais crite- riosos no momento de sua compra, exigem a comprovação da origem e da quali- dade dos produtos por meio do processo de certificação. No entanto, apesar de a certificação constituir uma agregação de valor e um diferencial para a distinção do produto junto aos consumidores, muitos produtores ainda a visualizam como um encarecimento de custos. O primeiro processo de avaliação da conformidade, no Brasil, com creden- ciamento de organismo acreditador reconhecido em fóruns internacionais na área do agronegócio foi a Produção Integrada de Frutas (PIF), capitaneada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com o Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade (Inmetro). U N IC ES U M A R 105 No Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) elaborado pelo Inmetro e aprovado em fevereiro de 2006, estão estabelecidos os critérios do Programa de Avaliação da Conformidade de SGRS (Sistema de Gestão da Res- ponsabilidade Social) com base na NBR 16001. Para isso: “ O Inmetro, portanto, define procedimentos de certificação e realiza a acreditação de organismos de certificação, que por sua vez realizam auditorias nas organizações e emitem o certificado para aquelas que estejam cumprindo os requisitos estabelecidos na norma. Esse certifi- cado leva também a marca do Inmetro (INMETRO, [2020], on-line)³. Além do mais, no processo de certificação, as auditorias são imprescindíveis, dado que verificam a situação do sistema de gestão implantado pela empresa, o qual tem duas fases. Essas etapas podem ser visualizadas no quadro a seguir: FASE 1 FASE 2 Inicia-se com a análise crítica, que compreende a verificação das docu- mentações. Trata-se da auditoria feita. Nela, são verificadas as instalações da organização por meio de entrevistas com a força de trabalho, cujo objeti- vo é o de verificar os atendimentos aos requisitos da NBR 16001. Quadro 2 - Fases da auditoria para a certificação Fonte: adaptado de Inmetro ([2020], on-line)4. A certificação, no Sistema de Gestão da Responsabilidade Social (SGRS), com base na NBR 16001, abrange as três principais dimensões da sustentabilidade: a econômica, a social e a ambiental. Assim, de acordo com a ABNT (2012), são avaliados os princípios que as organizações devem seguir, a saber: 1. Accountability ou responsabilização. 2. Transparência. 3. Comportamentoético. U N ID A D E 3 106 4. Respeito aos interesses das partes interessadas. 5. Respeito ao estado de direito. 6. Respeito às normas internacionais de comportamento. 7. Respeito aos direitos humanos. O Inmetro ([2020], on-line)³ também sustenta que as empresas devem tratar de temas fundamentais da responsabilidade social, tais como a governança or- ganizacional, os direitos humanos, as práticas de trabalho, o meio ambiente, as práticas legais de operação, as questões relativas ao consumidor, o envolvimento e o desenvolvimento da comunidade. A NBR 16001 é uma norma brasileira e, para as empresas que desejam obter a sua certificação, é importante buscar uma organização (para a certificação) que seja reconhecida pelo Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro). As certificações na área de sustentabilidade e responsabilidade social são importantes para as instituições, mas esse índice ainda é muito baixo. Por outro lado, é cada vez mais visível a adoção de práticas de responsabilidade social, bem como a sua compreensão e difusão. Conhece alguma empresa que possui a certificação NBR 16001? Que tal co- nhecer algumas instituições que obtiveram excelência nessa temática? conecte-se http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/programa_certificacao.asp U N IC ES U M A R 107 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), podemos afirmar que a responsabilidade socioambiental corporativa, por meio da perspectiva de geração de valor compartilhado entre mercado, governo e sociedade, demonstra o surgimento de um novo tipo de re- lacionamento que busca a harmonia dos interesses dos três pilares da sociedade moderna: o governo, as empresas e a sociedade. As organizações empresariais têm demonstrado uma crescente preocupação com o impacto de suas ações na sociedade e, consequentemente, tem sido dada uma maior importância às estratégias de responsabilidade social. Apesar da li- mitação do nosso conhecimento sobre os motivos pelos quais há o envolvimento de instituições em relação à responsabilidade social empresarial e qual é o seu valor criado, as investigações nessa área têm aumentado, a partir da busca por estratégias e normas que possam ser introduzidas, de forma que sejam diminuí- dos os impactos gerados por atividades empresariais. Diante disso, é favorecido o compartilhamento de valores e fortalecida a competitividade entre as empresas. Os interesses ainda divergem, mas o convite para que todos possam tomar as suas posições diante da injustiça ambiental e social é gradativamente aceito. Mesmo que o todo não seja a soma das partes, trata-se de um tema cada vez mais divulgado entre elas, nas quais observamos consumidores cada vez mais exigentes e mercados cada vez mais competitivos. Diante disso, as organizações têm buscado formas de obter a responsabilidade social e apresentá-la aos seus stakeholders, o que pode ser alcançado por meio das certificações, que demons- tram as suas práticas sustentáveis. Portanto, os requisitos estabelecidos pela NBR 16001 podem auxiliar as empresas de qualquer tamanho e porte a certificarem os seus sistemas de responsabilidade social. 108 na prática 1. Existem vários tipos de produtos que são ofertados no mercado e, consequente- mente, há o surgimento dos produtos verdes. Diante disso, explique o que é um produto verde. 2. Uma das formas de demonstração que um produto é verde é por meio da rotulagem ambiental. Assim, descreva um rótulo do tipo I. 3. Quando tratamos da distribuição dos produtos ecológicos, devemos considerar todo o ciclo de vida do item e o incentivo para a prática de logística reversa. Sobre esse assunto, descreva a logística reversa. 4. Existem práticas publicitárias que enganam os clientes. Nesse sentido, explique o que é o greenwashing. 5. A NBR ISO 26000 é uma norma internacional de responsabilidade social e apresenta temas que devem ser tratados pelas organizações. Dessa forma, segundo a referida norma, quais são os principais temas de responsabilidade social? 109 eu recomendo! Marketing verde: estratégias para o desenvolvimento da qualidade ambiental nos produtos Autor: Ricardo Ribeiro Alves e Laércio Antônio Gonçalves Jacovine Editora: Paco Editorial Sinopse: a obra relaciona a discussão do marketing verde com as teorias já estabelecidas e aceitas pelo marketing tradicional. Essa associação auxilia os administradores, empresários e demais in- teressados na importante tarefa de incorporar as questões ambientais nas estra- tégias gerais de suas organizações, em particular, na produção, na comercializa- ção e no descarte de produtos mais verdes. livro Auditoria e certificação ambiental Autor: Clauciana Schmidt Bueno de Moraes e Érica Pugliesi Editora: Intersaberes Sinopse: as organizações visualizam uma necessidade cada vez maior de aliar os seus processos de produção a uma gestão ambiental responsável. Alguns desses procedimentos podem ser implantados, gerenciados e certificados por meio de guias e normas, as quais, para que possam ser utilizadas em organizações, produtos e serviços, demandam auditorias que confiram o aval às empresas solicitantes. Diante disso, a obra analisa a evolução da gestão ambiental – suas normas, se- los, certificações e ferramentas de gerenciamento e auditoria – enquanto um instrumento de melhoria da qualidade e do desempenho ambiental nas institui- ções públicas e privadas. livro 4 DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE Social PROFESSORES Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Wilian D’Agostini Ayres PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Dimensões da Responsabilidade Social Empresarial • A importância da ética empresarial • Políticas de inclusão e de responsabilidade social. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender as dimensões da Responsabilidade Social Empresarial • Analisar as nuances da ética empresarial • Trabalhar as políticas e as práticas inclusivas. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade, abordaremos as questões relacionadas à Responsabilidade Social Empresarial (RSE), tais como os seus padrões e parâmetros de análise. Para tanto, iniciaremos os nossos estudos a partir do modelo de Archie Carroll (1979), que tratava a RSE em pilares. Esse modelo tem, como base, a responsabilidade econômica, que é o pilar o qual visa à lucratividade da empresa. Já o segundo pilar é a responsabilidade legal, que preconiza que a organização deve estar consciente das leis e da sua aplica- ção em suas atividades. Depois, há o pilar da responsabilidade ética, que defende que a instituição deve “fazer o que é certo”, ou seja, deve ser justa e evitar danos. Por fim, tem-se o pilar da responsabilidade filantrópica, que sustenta que a empresa deve contribuir com recursos para a comunidade, a fim de melhorar a qualidade de vida. Analisaremos outras abordagens baseadas na análise e na interpretação do padrão proposto por Carroll (1979). No entanto, pelo fato de que os vá- rios estudos podem ser confusos para as organizações, foi criado um novo modelo, o qual faz o uso de círculos para indicar os campos da RSE eco- nômica, legal e ética. Nesse modelo, são apresentadas interseções entre os campos, mas os elementos também podem ser analisados separadamente. Também estudaremos as dimensões internas e externas da RSE. A di- mensão interna ocorre no interior da organização e abrange os colabo- radores, os fornecedores e os integrantes de toda a cadeia produtiva. Por sua vez, a dimensão externa ultrapassa os limites da empresa, uma vez que são contempladas as iniciativas que dão suporte à comunidade na qual a instituição está inserida, por meio de doações, participações em fóruns, programas educacionais, dentre outros. Além disso, trabalharemos o conceito de ética empresarial, as suas cin- co dimensões e a sua relação com a RSE. Finalizaremos a nossa unidade com a apresentação de programas de inclusão quedemonstram o compro- metimento das organizações com a RSE. Bons estudos! U N ID A D E 4 112 1 AS DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL empresarial O professor Archie Carroll (1979) foi o primeiro autor a construir um mode- lo que avaliasse o desempenho das organizações a nível social. O objetivo do modelo proposto por Carroll era o de construir um enquadramento conceitual para outros estudiosos, com o intuito de os fazerem compreender que as várias definições de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) incluem um modelo de desempenho social. Não só, mas também visava à criação de um modelo que fosse uma espécie de guia aos gestores na aplicação da responsabilidade empresarial (MACEDO; GADELHA; CÂNDIDO, 2014). Nesse sentido: “ Esses debates referentes à criação de modelos sobre a responsabi-lidade social empresarial ganharam notoriedade e profundidade a partir da explicação de que a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) inclui as expectativas da sociedade em relação às organiza- ções, em aspectos econômico, legal, ético e discricionário, em dado momento no tempo (CARROLL, 1979, p. 499, tradução nossa). Para Carroll (1979), a responsabilidade econômica é a primeira e a principal responsabilidade social da empresa, pois, antes de implantar qualquer progra- ma, uma instituição precisa ser lucrativa. Logo, há a responsabilidade legal, visto que as organizações, além de buscarem o lucro, precisam cumprir as leis e os U N IC ES U M A R 113 regulamentos estabelecidos pelo governo. Já a responsabilidade ética é referente à obrigação da organização em fazer o que é certo e justo, evitando ou minimizan- do os danos à sociedade. A responsabilidade discricionária, diferentemente das demais, surgiu sem a sinalização da sociedade, mas ocorreu a partir de escolhas individuais. Em consequência disso, Carroll (1979) refletiu se era correto afirmar que essa responsabilidade estaria vinculada às organizações. Em continuidade às suas pesquisas, Carroll (1991) concebeu as quatro di- mensões da RSE em uma pirâmide. A sua base é a responsabilidade econômica, visto que é o suporte de toda organização, seguida da responsabilidade legal, que diz respeito ao cumprimento da legislação vigente. O terceiro pilar dessa pirâmide é a responsabilidade ética da organização, a qual defende que a empresa deve fazer o que é correto. Por fim, no topo, Carroll denominou o quarto pilar de responsa- bilidade social filantrópica, que contempla as ações em resposta às necessidades da sociedade. Podemos observar a pirâmide de Carroll (1991) na figura a seguir: Responsabilidades �lantrópicas: Empresa cidadã - contribuir com recursos para a comunidade melhorar a qualidade de vida. Responsabilidades éticas: Ser ético - obrigação de fazer o que é certo, justo; evitar danos. Responsabilidades legais: Obedecer às leis - a legislação é a codi�cação do certo e errado numa sociedade; jogar dentro das regras do jogo. Responsabilidades Econômicas: Ser lucrativa - a base da pirâmide da qual derivam as demais responsabilidades. Figura 1 - Pirâmide da RSE Fonte: adaptada de Carroll (1991). U N ID A D E 4 114 Com a construção da pirâmide proposta por Carroll (1979), todas as responsabi- lidades dos negócios foram conferidas sobre a sua base, isto é, a responsabilidade econômica, a “razão de ser” da organização, que trata da questão da lucratividade da empresa aos seus acionistas e atende às demandas da sociedade. Desse modo, todas as demais responsabilidades ocorrem depois que esse princípio funda- mental é satisfeito. Esse modelo é um dos primeiros exemplos de como a estrutura de responsabi- lidades deve ser incluída em uma corporação e é amplamente utilizado. Entretanto, tem enfrentado inúmeras críticas, por meio da afirmação de que as raízes empresa- riais são a maximização do lucro e a ação em nome dos interesses de seus acionistas, o que pode impedir que as organizações atuem de forma socialmente responsável. A priorização do lucro constitui uma visão deturpada da RSE, uma vez que, segundo Campbell (2007, p. 12, tradução nossa), “as organizações que estão vivendo momentos desfavoráveis economicamente são menos propensas a se envolverem em atos de responsabilidade social, pois têm menos recursos para investimentos em tempo, esforço e dinheiro”. No entanto, o autor também afir- ma que, para a instituição ter lucro em curto prazo, ela precisa agir de maneira socialmente responsável, ou seja, a lucratividade não é um fator contrário a RSE, mas uma ferramenta de alcance. Considerando a lógica apresentada, Garriga e Melé (2004, p. 56, tradução nossa) relatam que: “ [...] foi por meio do modelo de governança corporativa de desem-penho social, criado por Wood no ano 1991, que surgiu um novo desenvolvimento da RSE. Esse modelo é composto por: princípios de responsabilidade social, processos de responsabilidade social corpo- rativa e resultados do comportamento empresarial (tradução nossa). Para Silva (2012 apud WOOD, 1991), os princípios da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) devem contemplar os preceitos da responsabilidade social, os quais precisam ser divulgados por toda a organização, a gestão das partes interessadas e a divulgação dos resultados da empresa, que devem compreender a parte ambiental, as políticas e os programas sociais. Wood (1991) fortaleceu os trabalhos teóricos anteriores e referentes à RSE, os quais foram apresentados por Carroll (1979) e Wartick e Cochran (1985). Nesse U N IC ES U M A R 115 sentido, elaborou um modelo chamado “desempenho empresarial social”, em que foram contemplados os princípios que devem ser avaliados para a definição do perfil da RSE. Resultados das ações de RSE: • Impactos sociais • Programas sociais • Políticas sociais Princípios de RSE: • Legitimidade: princípio institucional • Responsabilidade Pública: princípio organizacional • Arbítrio dos executivos: princípio individual Processos de RSE: • Avaliação do ambiente • Gerenciamento dos stakeholders • Gerenciamento das questões Figura 2 - Modelo de desempenho empresarial social Fonte: adaptada de Wood (1991). Pineda e Marroquín (2008) também defendem que é possível aplicar um modelo de comportamento social de três fases, cada uma vinculada a outra, mas portando os seus objetivos próprios. Assim, a RSE se qualifica por intermédio das metas que estão em conformidade com as particularidades de cada organização, o que atribui um sentido prático para qualquer tipo de empresa. U N ID A D E 4 116 Exclusivamente ético Econômico / ético Legal / ético Econômico / legal / ético Econômico / legal Exclusivamente econômico Exclusivamente legal Schwartz e Carroll (2007) perceberam que a pirâmide proposta por Carroll (1979) poderia gerar confusões ou modos inadequados de uso. Diante disso, decidi- ram elaborar um novo modelo, o qual faz o uso de círculos para indicar os três campos ou domínios da RSE: o domínio econômico, o legal e o ético, assim como podemos observar na figura a seguir: Figura 3 - Modelo dos três domínios da RSE Fonte: adaptada de Schwartz e Carroll (2007). U N IC ES U M A R 117 A sociedade atual está cada dia mais consciente de suas responsabilidades, principalmen- te em relação ao papel dos cidadãos. Considerando o fato de que uma pessoa física ou jurídica tem a mesma parcela de compromisso, as empresas devem analisar frequente- mente a sua atuação no mercado, a fim de construir uma sociedade mais justa e iguali- tária para todos. Contudo, as grandes corporações que visaram apenas à obtenção de lucro, hoje, são monitoradas pelos stakeholders, que, em geral, impedem a retomada dos padrões de comportamento empresarial que não sejam socialmente responsáveis, pois é isso o esperado de todos. pensando juntos No modelo dos três domínios da RSE, a filantropia deixa de ser uma dimensão específica (assim como é na pirâmide), porque os autores perceberam a dificul- dade das instituiçõesem distinguir as atividades éticas e as filantrópicas. Essa alteração também ocorreu em detrimento do fato de os casos de filantropia serem praticados somente por interesses econômicos (SCHWARTZ; CARROLL, 2007). Ao fazermos uma análise explicativa da Figura 3, o campo exclusivamente econômico é referente às atividades que proporcionam benefícios econômicos positivos, sejam diretos, sejam indiretos. É nele que está a maximização do lucro. O campo exclusivamente legal é constituído pelas ações organizacionais que não oferecem nenhum benefício social, ou seja, trata-se de cumprir as exigências das leis para estar em conformidade legal e fugir dos litígios, a fim de antecipar as mudanças das leis. Já o domínio exclusivamente ético diz respeito às responsabili- dades empresariais com base em princípios morais. Em outras palavras, são ações que não possuem nenhuma implicação econômica ou legal direta ou indireta. O que há de diferente nesse modelo é a sobreposição dos domínios da RSE, o que forma sete segmentos ou categorias. A superposição ideal está localizada na interseção dos três domínios exclusivos, isto é, onde os três campos da RSE estão presentes ao mesmo tempo e em equilíbrio. Assim, caso a empresa determine um comportamento exclusivo enquanto conduta (como o exclusivamente econômico), será limitada em relação à sua abordagem de responsabilidade social. No tocante à instituição, a RSE carrega duas dimensões: a interna e a externa. Vejamos, no quadro, a seguir os seus detalhes: U N ID A D E 4 118 Você deve estar se perguntando: quais são os benefícios obtidos por uma empresa que desenvolve a Responsabilidade Social Empresarial (RSE)? Para responder a essa questão, leia o artigo presente no link a seguir: https://bit.ly/3pWLkSF conecte-se DIMENSÃO INTERNA DIMENSÃO EXTERNA FOCO: pautada nas práticas de responsa- bilidade social voltadas ao público interno, tais como colaboradores em geral. São comumente praticadas pelo setor de Recursos Humanos. INFLUÊNCIAS: uso de recursos naturais e maximização dos processos produtivos, da saúde, do bem-estar e da segurança no trabalho. EXEMPLOS: ações, políticas e programas para distribuidores, fornecedores e quais- quer indivíduos ou organizações que têm relações com a produção da empresa. FOCO: pautada nas práticas direcionadas aos stakeholders e à sociedade em geral, tais como clientes, consumidores, au- toridades públicas e Organizações Não Governamentais. INFLUÊNCIAS: desenvolvimento de po- líticas, programas, ações e projetos que estejam vinculados direta ou indireta- mente às ações da empresa. EXEMPLOS: doações, ações prioritárias e instâncias participativas de cunho políti- co ou social. Quadro 1 - Dimensões da RSE Fonte: os autores. Tanto a RSE interna quanto a externa possuem a mesma importância para as organizações e sempre devem estar conectadas. O desenvolvimento de uma RSE precisa ter o apoio de toda a organização e é necessário que o quadro de funcio- nários esteja envolvido nos programas de RSE, uma vez que essa atitude propicia o fortalecimento da instituição. U N IC ES U M A R 119 2 DIMENSÕES DA ÉTICA empresarial O conceito de “ética” tem origem grega e é proveniente da palavra “ethos”, que significa “modo de ser”. Assim, representa as características e as formas de agir de um grupo em relação à sua cultura. Entretanto, esse conceito evoluiu com o passar dos anos e, hoje, pode ser considerado o caráter ou o conjunto de princípios e valores morais que norteiam a conduta humana na sociedade. Fonte: Santos (2015). conceituando A ética é algo que se altera de acordo com a sociedade, com os costumes, a época e até o meio em que os indivíduos participam. Quando nos referimos à ética corporativa, certamente, ela pode variar conforme a organização ou o ambiente no qual está inserida, pois é o reflexo da sociedade, dos produtos que vende, da sua cultura interna, dentre outros fatores que compõem esse ambiente. Diante disso, é plausível afirmar que a ética melhora a vida em grupo e promove o respeito entre as pessoas dentro de um contexto social. Além disso, é o reflexo de uma determinada época, do avanço tecnológico, das relações estabelecidas e das ações individuais, enfim, de todo o desenvolvimento da sociedade (JACQUES et al., 2008). Todavia, embora a ética influencie na construção de leis e normas, é U N ID A D E 4 120 importante salientar que ela não pode ser confundida com ambas, visto que elas também são um reflexo das sociedades nas quais estão inseridas. A globalização mundial e as diferenças individuais são elementos que se desen- volvem de maneira associada e paralela, o que exige que as pessoas, as organizações e o Estado se unam, com o intuito de construir uma sociedade mais justa, solidária, ética, sustentável e com responsabilidade social (COSTA; TEODOSIO, 2011). As diferenças individuais existem devido: ■ Às variedades culturais, raciais e religiosas. ■ Às desigualdades sociais e econômicas. ■ Aos comportamentos distintos. ■ Aos contextos históricos. Por isso, não é possível continuar o desenvolvimento e a construção de uma so- ciedade de forma indiferente a essas questões. É necessária a criação de políticas públicas e institucionais que contemplem as organizações privadas e o terceiro setor, ou seja, toda a sociedade (SILVA, 2012). Para Santos (2015), as cinco dimensões da ética empresarial são a sustenta- bilidade, o respeito à multicultura, o aprendizado contínuo, a inovação e a go- vernança corporativa. Esses aspectos podem ser observados na figura a seguir: ÉTICA Governança corporativa Aprendizado contínuo Inovação Respeito à multicultura Figura 4 - Cinco dimensões da ética empresarial / Fonte: Santos (2015, p. 6). U N IC ES U M A R 121 A necessidade legal de revisão é fruto do desenvolvimento social, que gerou uma socieda- de muito mais ágil em sua comunicação e em seus transportes. Essa sociedade também é composta pelo uso da alta tecnologia, por muitas influências e trocas culturais, além da busca desenfreada de alguns pelo lucro e pelo poder. (Fernando de Almeida Santos) pensando juntos É visível que a sustentabilidade é amparada pelos pilares econômico, ambiental e social, de acordo com o Triple Botton Line (Tripé da Sustentabilidade), criado em 1990 pelo inglês John Elkington. Dessa maneira, o grande desafio das orga- nizações é o de atualizar as suas políticas e práticas de forma rápida, a fim de que possam atender à sociedade atual, a qual está em constante transformação. Essas mudanças podem impactar diretamente nas questões éticas e na ela- boração de novas legislações, normativas e ações. Como exemplo, é possível citar o fato de alguns países criarem ou fazerem revisões sobre as leis referentes aos temas atuais, tais como plágio, ações discriminatórias, questões ambientais e/ou responsabilidade social. Em contrapartida, também há a necessidade de revisar a regulamentação dos aspectos comportamentais relativos aos crimes comuns, aos direitos sociais e outros. A preocupação com as políticas e com as práticas pode refletir diretamente nas empresas, que, muitas vezes, precisam rever alguns aspectos. São eles: ■ Políticas internas. ■ Códigos de conduta empresarial. ■ Processos produtivos, certificações e formas de preservação do meio am- biente. ■ Modos de avaliação dos profissionais. ■ Estratégias de marketing e a forma de se relacionar com a sociedade. ■ Meios de comunicação. ■ Relatórios e demonstrativos para a divulgação das práticas éticas. ■ Ações sociais. O processo de análise dos elementos expostos não deve ser algo formal, mas, de acordo com Santos (2009, p. 484-485), é preciso considerar três fatores: U N ID A D E 4 122 1. Com o desenvolvimento social, bem como a evolução da co- municação. As organizações se deparam com novas situações, sendo que as leis e a sociedade nem sempre estão preparadas para elas; 2. A ética e a responsabilidadesocial devem ser práticas cotidia- nas; 3. Existe a necessidade, não somente de tolerância, é preciso acei- tar, respeitar, conviver, portanto, há muito para aprender com a mul- ticultura. Frente aos fatores apresentados e às transformações sociais, surgiram muitas demandas que exigem ética e as quais devemos nos adaptar. Por exemplo: ■ Uma organização precisa de políticas para o uso de computador para a realização de atividades pessoais de um colaborador? Essa atitude pode ser aceita? Se sim, quais são os seus limites? ■ O que deve ser considerado imoral no acesso à Internet? E em fraudes? ■ Qual deve ser a postura da organização quanto às participações em redes sociais: proibir, regular ou permitir? ■ Qual deve ser a postura da instituição em relação às questões de compe- tição desleal com concorrentes ou em casos de espionagem? Quais são as formas preventivas? ■ Qual deve ser a política da empresa quanto aos produtos eletrônicos e aos outros que agridem o meio ambiente? Quem a regulamentará? ■ O código de defesa do consumidor impacta nas políticas da organização? ■ A organização incentivará os debates em relação à cidadania ou às ações sociais? Qual deve ser o real grau de comprometimento da instituição e de seus colaboradores? ■ Como uma empresa pode regulamentar internamente, de forma preven- tiva, o assédio moral e sexual e a discriminação racial ou social? O que fazer após uma ocorrência? São inúmeros exemplos que poderiam ser apresentados. Nesse sentido, as organi- zações devem ter políticas preventivas, analisar as tendências sociais e, ao mesmo tempo, ser ágeis para realizar ações eficazes e no tempo necessário. É importante salientar que a falta de postura ou tomada de alguma ação por parte da instituição pode levar a imagem da empresa à crise ou ao desgaste. U N IC ES U M A R 123 A responsabilidade social e as suas nuances precisam fazer parte do cotidiano das empresas, as quais devem ter políticas próprias. Entretanto, de nada vale ter um código de ética rígido se, na prática, ele não é seguido. Um exemplo disso é uma empresa que afirma, em sua missão, ter responsabilidade social, mas, no seu dia a dia, não respeita sequer a legislação trabalhista ou não faz ações preventivas de poluição. Essa postura ética deve partir dos gestores e ser disseminada entre os todos os integrantes da organização. Já ouviu falar sobre assédio moral? É uma realidade presente em muitas organizações e deve ser tratada por meio de políticas institucionais preventivas e corretivas. Quer saber mais? Então, acesse o link a seguir: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-99/assedio-moral-no-trabalho-um-estudo- -sobre-os-seus-elementos/ conecte-se Concepção das dimensões éticas Segundo Santos (2015), a ética empresarial não é implementada de maneira ime- diata em uma organização ou se efetiva por meio de uma determinação legal ou norma interna, mas é construída por intermédio da evolução histórica da própria instituição. Contudo, não é fácil mudar a postura de uma empresa, transforman- do-a em ética e responsável, o que pode gerar demissões e problemas legais, caso o processo não seja conduzido de forma adequada. Ainda existem organizações e governos que buscam apenas crescer, sem se preocupar com as questões éticas e de responsabilidade social. Por outro lado, também há muitas gestões corporativas que são exemplos de comprometimento com a sociedade. Por isso, é importante que as empresas evidenciem que a cons- trução de políticas éticas é um processo contínuo, requer o seu desenvolvimento na prática diária e exige a realização de manutenção e de avaliações internas e normativas. Quando uma instituição possui um ambiente ético e com compro- misso social, isso reflete na autoestima dos funcionários e na construção de uma sociedade mais justa (OLIVEIRA, 2003). Dessa forma, segundo Santos (2015), as cinco dimensões éticas apresentadas não têm uma relação hierárquica, mas foram enumeradas apenas para facilitar a sua análise. Além do mais, devem estar integradas, pois foram idealizadas com o https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-99/assedio-moral-no-trabalho-um-estudo-sobre-os-seus-elementos/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-99/assedio-moral-no-trabalho-um-estudo-sobre-os-seus-elementos/ U N ID A D E 4 124 objetivo de elaborar políticas éticas, ou seja, não devem ser analisadas de maneira separada. Estudaremos especificamente cada uma dessas dimensões nos tópicos a seguir. Sustentabilidade Já sabemos que a ética representa o conjunto de princípios e valores morais que norteiam a conduta humana na sociedade. Uma empresa ética precisa contribuir para a construção de um planeta mais sustentável e, diante disso, as organizações, já em sua concepção, devem pensar na sustentabilidade. Nesse contexto, precisam se preocupar com os recursos utilizados pelos seus colaboradores, os impactos ambientais decorrentes do seu processo e as consequências que as suas atividades trazem para a comunidade na qual estão inseridas. Um exemplo é uma empresa que está preocupada em desenvolver um proces- so produtivo que polua pouco e gere uma quantidade mínima de resíduos. Agir dessa maneira não significa que a fábrica não trará impactos ambientais, mas há uma preocupação, por parte da instituição, com o seu sistema de produção. Con- tudo, essa organização também deve pensar para além do seu processo produtivo, ao considerar a geração de resíduos provenientes dos escritórios, das cozinhas e dos seus fornecedores. Assim, no exemplo exposto, a empresa não se preocupou com a sua relação global com o meio ambiente, mas apenas com uma parcela. Quando nos referimos aos impactos ambientais dentro de uma empresa, são exigidas várias ações, a saber: ■ Analisar se a matéria-prima e os insumos são altamente impactantes. ■ Verificar o modo com que os materiais são utilizados e se há qualificação dos profissionais durante o seu manuseio. ■ Buscar formas de reaproveitamento dos resíduos. ■ Procurar melhorias em processos produtivos e/ou certificações. ■ Criar maneiras de mensuração dos impactos ambientais. Caso não seja possível eliminá-los, é preciso encontrar meios de minimizá-los. ■ Elaborar políticas de orientação aos colaboradores em relação às atitudes preventivas ou corretivas. U N IC ES U M A R 125 Portanto, o impacto ambiental das organizações deve ser levado em consideração na elaboração das políticas éticas. Já em relação ao aspecto econômico da sustentabilidade, de acordo com Mueller (2005), alguns aspectos devem ser evitados, tais como: ■ Ter uma missão voltada para a sustentabilidade econômica, mas não dotar de uma visão que englobe o negócio. ■ Preocupar-se de maneira adequada com os aspectos econômicos, mas desperdiçar recursos, o que pode eliminar as oportunidades de alavan- cagem financeira ou propiciar o encerramento das atividades. Para Santos (2015, p. 12): “ [...] o fato de uma instituição ser filantrópica ou sem fins lucra-tivos, por exemplo, não significa que não deva ter lucro, mas que a finalidade central não é o lucro. Todas as instituições necessitam do lucro para a sua manutenção. Um estudo ade- quado dos recursos, realizar projeções econômico-financeiras ou mercadológicas, conhecer aspectos básicos da empresa, da tributação, do comportamento do mercado e outros são fun- damentais para os gestores. Quanto aos aspectos sociais, as organizações devem: ■ Promover a sua política interna e externa de maneira justa, com transpa- rência e ética, ao envolver o crescimento profissional dos colaboradores, o cumprimento da legislação, dentre outros fatores. ■ Elaborar ações que incentivem o convívio equilibrado entre fornecedores, colaboradores, clientes e comunidade interna e externa. ■ Atribuir salários, remunerações e benefícios justos. ■ Ter políticas amplas, no que diz respeito à questão social. A responsabilidade social, em relação à sustentabilidade,não pode estar limitada aos portões da empresa, mas é preciso que contribua para a melhoria e para o desenvolvimento humano e do meio ambiente. U N ID A D E 4 126 Respeito à multicultura Uma organização, ao desenvolver um código de ética que apresenta políticas, direitos e deveres, dificilmente funcionará, caso não tenha a participação dos colaboradores e outros sujeitos em sua formulação. Desse modo, para o desen- volvimento das políticas éticas, o envolvimento de funcionários e o respeito pelas diferenças são relevantes. O respeito deve considerar as diferenças individuais e permear todas as prá- ticas éticas corporativas. Com essa visão, alguns componentes são respeitados, tais como a vida, a valorização pessoal, o ecossistema e as diferenças religiosas, étnico-raciais e culturais. Aprendizado contínuo A educação e o aprendizado contínuo são necessários para que as organizações possam acompanhar as novas realidades sociais. De acordo com Santos (2009), a inclusão dessa dimensão é importante, porque dela surgem inúmeros impactos ambientais e sociais que precisam de profissionais qualificados. Inovação Para a organização, a inovação possibilita a criação de políticas capazes de abran- ger as necessidades e a realidade das organizações, respeitando as suas diferenças. Governança corporativa De acordo com o IBGC (2009, p. 19), a governança corporativa é: “ [...] o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, moni-toradas e incentivadas, envolvendo as práticas e os relacio-namentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de Gover- nança Corporativa convertem princípios em recomendações U N IC ES U M A R 127 objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. Para a implantação das políticas éticas, é necessário o desenvolvimento de políti- cas de governança corporativa, ou seja, a empresa deve criar, aplicar e desenvolver o seu modelo de gestão. Nesse sentido, é importante que sejam consideradas as características de cada instituição e o seu porte. Seus princípios básicos podem ser analisados na figura a seguir: Figura 5 - Princípios básicos da governança corporativa Fonte: adaptada de IBGC (2009). É perceptível a existência de um vínculo entre o conceito de governança corpo- rativa e as quatro dimensões anteriores, de forma a complementá-las. Transparência: Consiste no desejo de disponibilizar, para as partes interessadas, as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-�nanceiro, mas contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que condizem com a preservação e a otimização do valor da organização. Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Prestação de Contas (accountability): Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões, atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis. Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-�nanceira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e de suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (�nanceiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) em curto, médio e longo prazos. U N ID A D E 4 128 3 POLÍTICAS DE INCLUSÃO E DE RESPONSABILIDADE SOCIAL A política de inclusão é muito relevante às políticas sociais dos governos e das organizações. Thorp (2014) sustenta que existem dois motivos para tratarmos da desigualdade: a justiça e a eficiência. Quanto à justiça, não é possível pensar em inclusão sem considerar um aspecto básico dos direitos humanos: a vida digna. Já em relação à eficiência, a autora afirma que um país não pode ter crescimento com estruturas desiguais, as quais impossibilitam a inclusão e a redução da po- breza, o que gera alguns problemas, tais como a violência e a instabilidade. Olarte (2014, p. 36) destaca que: “ A partir da perspectiva de desenvolvimento humano, pode-mos definir a inclusão social como o conjunto de laços sociais que permite às pessoas terem aspirações e aproveitarem o que dão valor em suas vidas e, ao mesmo tempo, sejam valorizados na sociedade em que pertencem. No Art. 5º da Constituição Federal, consta o princípio da igualdade, que afirma que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988, p. 13). U N IC ES U M A R 129 Santos (2015, p. 101) argumenta que: “ [...] o conceito de que todas as pessoas são iguais pode levar a uma conclusão de que todos devem ter direitos iguais. Obser-va-se, porém, que isso não é fato, pois devem ser consideradas as desigualdades ou diferenças. Os iguais devem ser tratados de forma igual, mas, conforme o princípio da isonomia, os desiguais devem ser tratados de forma a minimizar essas de- sigualdades. Por esse motivo, a legislação brasileira é diferente aos desiguais. A seguir, são apresentados alguns exemplos de tratamento diferenciado, com o intuito de pos- sibilitar a inclusão social e minimizar as diferenças de diversas formas: ■ Cotas para negros, índios ou pessoas com baixa renda em universidades. ■ Cotas para a contratação de pessoas com deficiência em empresas. ■ Seguro-desemprego para desempregados recentes. ■ Alíquotas menores ou não tributação de Imposto de Renda (IR) para pessoas com rendas pequenas. ■ Licença à gestante, sem prejuízo de emprego e de salário, com a duração de 120 dias. ■ Licença-paternidade. ■ Diferenças entre os direitos de trabalhadores rurais e urbanos. ■ Exigência de acessibilidade em instituições de ensino. Gostaria de conhecer os aspectos positivos das políticas de inclusão para as empresas? Exemplos de boas práticas? Então, acesse o link a seguir: https://blog.cedrotech.com/o-poder-de-uma-politica-de-inclusao-nas-empresas/ conecte-se Outros exemplos poderiam ser citados, mas foram destacados apenas alguns, devido à amplitude do tema. A exclusão social pode ser classificada em cinco tipos, a saber: ■ Econômica. ■ Social. https://blog.cedrotech.com/o-poder-de-uma-politica-de-inclusao-nas-empresas/ U N ID A D E 4 130 ■ Cultural. ■ Patológica. ■ Por comportamentos autodestrutivos. Também existem outras formas de exclusão, tais como a discriminação por orien- tação sexual. O que é observável é que determinado tipo de exclusão é associado a outros tipos, principalmente a exclusão econômica, que, muitas vezes, está re- lacionada aos aspectos sociais e culturais, por exemplo. Pessoas com deficiência As pessoas com deficiência, muitas vezes, têm dificuldade até de estudar ou fre- quentar determinados ambientes, em detrimento de fatores limitantes, tais como a falta de planejamento das instituições ou a ausência de políticas públicas e privadas. Na Constituição Federal de 1988, de acordo com o Art. 207, inciso III, é dever do Estado a garantia de um atendimento educacional especializado aos porta- dores de deficiência, de preferência, na rede regular de ensino. Assim, as organi- zações precisam não apenas prever procedimentos em suas normas de conduta, mas também realizar um planejamento para melhor atendê-los, além de conhecer a legislação específica. Dentre as ações dasempresas para a inclusão de pessoas com deficiência, de acordo com Santos (2015), podem ser evidenciados: a) O planejamento da infraestrutura: contempla desde as edificações até as instalações e os objetos apropriados. A infraestrutura pode prever alguns aspectos, tais como rampas, corrimãos, elevadores, banheiros adaptados e barras de apoio. Esses exemplos estão voltados aos cadeirantes ou a ou- tras pessoas com dificuldade de locomoção, mas as adaptações também devem ser pensadas aos deficientes visuais, auditivos e aos portadores de outras necessidades. O investimento para a adaptação de um prédio para deficientes, muitas vezes, é mais caro do que a sua construção. Por esse motivo, antes do início das obras, a contratação de um profissional é a atitude mais adequada a se fazer. U N IC ES U M A R 131 b) Políticas e práticas cotidianas: as organizações devem ter uma política de recebimento de pessoas com deficiência de maneira adequada. Devem, portanto, propor, além das políticas de contratação, o treinamento, a in- clusão e a adaptação. Os sujeitos portadores de alguma deficiência não precisam de um espaço espe- cífico, pois desejam que as escolas, as empresas, os clubes, as academias, os sho- ppings, os meios de transportes, as vias e os órgãos públicos, por exemplo, sejam comuns e adaptados às suas necessidades. As pessoas e as empresas, por sua vez, precisam estar preparadas, uma vez que não podem agir de forma assistencialista ou excludente. Santos (2015) exemplifica algumas ações inadequadas. São elas: ■ Postura assistencialista ou incorreta: ocorre quando um grupo de funcio- nários da empresa carrega a concepção de que o deficiente é incapaz ou limitado. Assim, busca auxiliá-lo até em tarefas simples, como transpor- tar um cadeirante sem saber se ele prefere se deslocar sozinho ou deseja permanecer no local onde está. ■ Política excludente: contratar deficientes para atividades menos relevan- tes, por considerá-los potencialmente incapazes. O correto seria con- tratá-los para cargos ou funções adaptadas às suas necessidades, pois a superação e a obtenção de alto rendimento são comuns. ■ Desconhecer a legislação para pessoas com deficiência: as organizações precisam conhece-la, visto que, além de ser importante para a inclusão social, pode evitar processos judiciais. Também é importante salientar que, na própria Constituição Federal de 1988, é proibida qualquer discriminação em relação ao salário e aos critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. A Constituição Federal de 1988 já apresentava direitos trabalhistas aos portadores de ne- cessidades especiais. No entanto, foi o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que trouxe a efetivação desses parâmetros. Para saber mais, acesse o documento na íntegra, disponível no link a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm conecte-se http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm U N ID A D E 4 132 A Organização das Nações Unidas (ONU) chamou o novo desenho de “A Aces- sibilidade” (Figura 6), cuja proposta é a não tipificação de nenhuma deficiência específica. De acordo com a ONU, trata-se de uma figura simétrica e conectada por quatro pontos a um círculo, o que representa a harmonia entre o ser humano e a sociedade. Também há a analogia aos braços abertos, simbolizando a inclusão de pessoas com todas as habilidades, em todos os lugares. Para a sua utilização, não há a necessidade de autorização prévia, mas é percebível que ainda é pouco recorrente. Figura 6 - A Acessibilidade Fonte: Daniel (2017, on-line)¹. Projetos que visam à inclusão social As atividades de inclusão social e o trabalho do terceiro setor e do serviço social são fundamentais para o desenvolvimento do país (SANTOS, 2015). Existem inúmeros U N IC ES U M A R 133 Projeto Espaço Cultural da Grota: O projeto voltado para a comunidade da Grota do Surucucu, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Proporciona aulas de musica e atividades recreativas para jovens e crianças (GRUPO, [2018], on-line)3. Projeto Construir: Desenvolvido pelo Senai, do Estado de Alagoas, promove pro�ssionalização e reabilitação para pessos com de�ciência. (SENAI, 2017, on-line)4. Associação de Assistência à Criança De�ciente (AACD): Comumente conhecida por Teleton, voltada para a arrecadação e auxílio de complexos hospitalares que proporcionam o tratamento de pessoas com de�ciência física. As doação são feitas para a AACD e via site ou telefone. projetos de inclusão social no Brasil, cada um com a sua finalidade e público a ser atendido. Além desse tipo de projeto, há outros, tais como os para: ■ A ressocialização de apenados. ■ A pesquisa na área da saúde. ■ A minimização de desigualdades sociais. ■ A prestação de serviços de saúde para áreas isoladas. ■ A alfabetização. A seguir, apresentamos alguns projetos que buscam a inclusão social: A responsabilidade social compartilhada entre indivíduos e empresas é a proposta para o futuro da sustentabilidade. Pensando nisso, é importante entendermos as concepções que são aplicadas na prática do dia a dia, as quais estão disponíveis no link a seguir: https://youtu.be/yal_8JTxwK4 conecte-se https://youtu.be/yal_8JTxwK4 U N ID A D E 4 134 Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade. Nela, conhecemos ainda mais as práticas de inclusão social realizadas no Brasil. Diante disso, po- demos refletir: o que realmente as organizações estão propondo para as práticas inclusivas? Essas ações estão inseridas em todo o contexto da organização? CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, estudamos a concepção de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) apresentada por Archie Carroll (1979), que estrutura as formas de análise e de ação aos diferentes âmbitos: econômico, legal, ético e filantrópico ou discricionário. Assim, ao utilizarmos os parâmetros apresentados para a análise das formas de ação que a empresa deseja utilizar, é possível constatar onde há a necessidade de melhoria e os possíveis pontos de atenção no processo de desenvolvimento de uma RSE qualitativa. Além disso, trabalhamos a ideia de que a RSE não é uma abordagem contrária à lucratividade da empresa, mas é uma ferramenta de alcance de resultados efetivos, os quais beneficiam a imagem da organização e promo- vem a sustentabilidade do negócio. Diante dos debates realizados, foi possível identificar as áreas de domínio da RSE, a saber: econômico, legal e ético. Proporcionamos um debate profundo, ao refletirmos sobre o modo como a empresa deve agir econômica e financeiramente. Também debatemos o respeito à legislação e ao comportamento ético propriamente dito, que se refere à forma como a sociedade compreende a atuação da empresa. Tratamos das dimensões da RSE, ou seja, a sustentabilidade, o respeito à multi- cultura, o aprendizado contínuo, a inovação e a governança corporativa. Constata- mos que a sustentabilidade também é uma forma de comportamento da empresa, a fim de assegurar a sua manutenção no mercado. Para isso, o papel da governança corporativa é vital na promoção de valores como os informados nas dimensões. 135 na prática 1. Carroll (1979) elaborou a pirâmide da responsabilidade social, que está dividida em quatro partes, a saber: responsabilidade econômica, responsabilidade legal, responsabilidade ética e responsabilidade filantrópica. Diferencie as quatro RSEs propostas por Carroll. 2. De acordo com Santos (2015), as cinco dimensões da ética empresarial são a sus- tentabilidade, o respeito à multicultura, o aprendizado contínuo, a inovação e a governança corporativa. Diante disso, explique a dimensão respeito à multicultura. 3. Em nossos estudos, compreendemos que a responsabilidade social tem dimensões internas e externas. Cite algumas ações externas da RSE. 4. A governança corporativa tem como intuito dirigir, monitorar, incentivar e envolver a relação dos sóciosdas empresas com as partes interessadas. Sobre esse assunto, explique o princípio da equidade. 5. Quando falamos em inclusão social, devemos refletir sobre as ações que objetivam combater a exclusão da vida em sociedade, o que, muitas vezes, é provocada por diferenças. Assim, exponha algumas formas de possibilitar a inclusão social. 136 aprimore-se CERTIFICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS No intuito de estimular a responsabilidade social empresarial, instrumentos de certificação foram criados nos últimos anos. O apelo relacionado a esses selos ou certificados é de fácil compreensão: estimular a aplicabilidade das medidas susten- táveis nas empresas, de forma que isso seja auditado e regularizado, tornando-se um diferencial competitivo. Num mundo cada vez mais competitivo, empresas vêm vantagens comparativas em adquirir certificações que atestem sua boa prática em- presarial. A pressão por produtos e serviços socialmente corretos faz com que em- presas adotem processos de reformulação interna para se adequarem às normas impostas pelas entidades certificadoras. Entre algumas das certificações mais cobi- çadas atualmente, as seguintes: ■ Selo Empresa Amiga da Criança: Selo criado pela Fundação Abrinq para em- presas que não utilizem mão-deobra infantil e contribuam para a melhoria das condições de vida de crianças e adolescentes. ■ ISO 14000: O ISO 14000 é apenas mais uma das certificações criadas pela International Organization for Standardization (ISO). O ISO 14000, parente do ISO 9000 (que se refere à qualidade dos produtos e serviços oferecidos), dá destaque às ações ambientais da empresa merecedora da certificação. ■ AA1000: Foi criada em 1996 pelo Institute of Social and Ethical Accountability. Esta certificação de cunho social enfoca principalmente a relação da empresa com seus diversos parceiros, ou stakeholders. Uma de suas principais carac- terísticas é o caráter evolutivo já que é uma avaliação regular (anual). 137 aprimore-se ■ SA8000: A Social Accountability 8000 é uma das normas internacionais mais conhecidas. Criada em 1997 pelo Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA), o SA8000 enfoca, primordialmente, relações trabalhistas e visa assegurar que não existam ações antissociais ao longo da cadeia produ- tiva, como trabalho infantil, trabalho escravo ou discriminação. ■ ABNT-ISO 26000: No dia 1º de novembro de 2010, foi publicada a Norma In- ternacional ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Social, cujo lança- mento foi em Genebra, na Suíça. No Brasil, no dia 8 de dezembro de 2010, a versão em português da norma, a ABNT NBR ISO 26000, foi lançada em São Paulo. A norma é de grande utilidade a empresas interessadas em adotar programas de Responsabilidade Social, uma vez que oferece orientações re- lacionadas a sete princípios norteadores. Fonte: Daniel e Aguiar (2014, p. 117). 138 eu recomendo! O advogado Rodolfo Ciciliato explica o que é uma empresa socialmente respon- sável e o que ela precisa ter e fazer para ser considerada como tal. Além disso, explicita o seu papel e importância no corpo social. Web: https://youtu.be/YxAa7ZsHqBU conecte-se Responsabilidade social das empresas: a contribuição das universidades Autor: Andresa Silva Neto Franschini, Bill Nunes Pereira, Cristiani Oliveira Silva de Duarte, Danielle Levy, Elói Junior Damke, Fernan- da Branco Belizário, Fernanda Gomes dos Santos, Giuliana Orte- ga Bruno, Juliana Queiroz Ribeiro de Torres, Marina Costa Cruz Peixoto, Marley Rosana Melo de Araújo e Queila Regina Souza r Editora: Fundação Peirópolis Sinopse: este livro, o quarto volume da série que publica anualmente os trabalhos acadêmicos finalistas do Prêmio Ethos-Valor, é apenas um dos excelentes resulta- dos já consolidados da cooperação entre a universidade e a sociedade como um todo. Representa, sem dúvida, o comprometimento cada vez maior da academia com a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e a crescente sensibilização dos pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento em relação à necessidade de acompanhamento teórico da evolução das práticas de gestão socialmente res- ponsáveis, a fim de garantir a sua permanência e aperfeiçoamento. livro https://youtu.be/YxAa7ZsHqBU anotações 5 AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES de ações sustentáveis PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Demonstrativos de natureza social e ambiental • Modelos de balanço social • Premiações na área da sustentabilidade OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apresentar os demonstrativos de natureza social e ambiental • Compreender os principais modelos de balanço social ou relatórios de sustentabilidade • Conhecer as premiações na área de sustentabilidade. PROFESSOR Me. Wilian D’Agostini Ayres INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta quinta e última unidade de nossa disciplina, estu- daremos os modos de demonstração dos resultados das ações sustentá- veis e dos investimentos de uma organização nas áreas ambiental e social. Como forma de difundir atitudes similares e agregar valor à sua marca, as empresas apresentam os seus resultados e investimentos por meio de balanços sociais e relatórios de sustentabilidade. Além disso, essas ações podem ser reconhecidas por intermédio de premiações, assim como as que conheceremos nesta unidade. Começaremos os nossos estudos a partir da compreensão dos demons- trativos de natureza social e ambiental. São eles: balanço social, Demons- tração do Valor Adicionado (DVA), Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 15 (NBC T 15) e relato integrado. Também analisaremos as rela- ções e as diferenças existentes entre eles. Conheceremos o objetivo e os precedentes históricos do balanço so- cial. Dentre os modelos que estudaremos, você conhecerá o proposto pelo Ibase, instituição fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Esse modelo é um balanço de cunho social lançado nos anos 90, o qual visa à publicação da responsabilidade social empresarial, ao expor informações sobre projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos colaboradores, in- vestidores, acionistas e à comunidade em geral. Também estudaremos o relatório GRI, pois, quando se trata de susten- tabilidade empresarial, no Brasil, há muitas instituições que já conhecem e aplicam esse conceito. Entretanto, ainda há as que possuem dificuldade em mensurar as suas ações sustentáveis em relação ao impacto social e am- biental das operações do seu dia a dia. Você perceberá que, nesse modelo, já existe o “preenchimento on-line”, o que facilita, para as organizações, a análise do modelo proposto por esse relatório. Finalizaremos os nossos estudos conhecendo algumas premiações que são muito importantes na área da sustentabilidade e como se deu a disse- minação dos ODS. Vamos juntos? Bons estudos! U N ID A D E 5 142 1 DEMONSTRATIVOS DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL De acordo com Santos (2015), as organizações têm buscado não se limitar aos demonstrativos de natureza ambiental e desejam cada vez mais a construção, em paralelo, de instrumentos de natureza social. Essa abordagem defende a ne- cessidade de associação dos dados contábeis e financeiros aos demonstrativos. Assim, mediante essa concepção, foram construídos, dentre outros, os se- guintes instrumentos: ■ Balanço social. ■ Demonstração do Valor Adicionado (DVA). ■ Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 15 (NBC T 15). ■ Relato integrado. Um motivo pelo qual os demonstrativos de natureza social e ambiental foram elaborados se deu pela necessidade de difundir as ações realizadas pelas organi- zações, que são reunidas no relatório integrado. Não só, mas também era preciso estimular uma cultura de responsabilidade socioambiental empresarial em todas as empresas, independentemente do seu porte, além de verificar os indicadores que demonstram os dadosdos impactos gerados por tais ações. De acordo com Santos (2015), os demonstrativos de natureza social e am- biental são instrumentos que possibilitam: U N IC ES U M A R 143 O balanço social, antes de ser uma demonstração endereçada à sociedade, é uma ferra- menta gerencial que reúne dados quantitativos e qualitativos sobre as políticas adminis- trativas e as relações entidade/ambiente. Fonte: Kroetz (2000, p. 68). conceituando ■ Comparar períodos diferentes. ■ Divulgar o comprometimento e as ações sociais e ambientais das orga- nizações. ■ Comparar empresas e segmentos. ■ Ampliar a transparência institucional. ■ A prestação de contas, pelas empresas, aos acionistas, funcionários, tercei- rizados, fornecedores, parceiros, governo, comunidade externa e outros. A responsabilidade social e ambiental, assim como os seus demonstrativos, é muito relevante para a sociedade atual e deve ser aprimorada e utilizada pelas empresas. Vallaeys (2014, p. 133, tradução nossa) explica que “o movimento de Responsabilidade Social das Empresas (RSE) se desenvolveu fortemente durante as últimas décadas. As normas de qualidade integram agora os aspectos sociais e ambientais dos processos de produção”. Para saber mais sobre a temática, assista ao vídeo a seguir, “Observatório Social”, de Giuliana Lenzi. Google Play App Store Balanço social ou relatório de sustentabilidade O balanço social ou relatório de sustentabilidade tem por intuito descrever a realidade econômica, social e ambiental de uma entidade (empresa, governo ou ONGs). Assim, busca ser equitativo e expor uma informação que satisfaça a necessidade de quem dele precisa (TINOCO, 2010). Essa também é a mis- são da contabilidade, uma ciência que reporta informações contábil, financeira, econômica, social, ambiental, física, de produtividade e de qualidade, mas com sustentabilidade, a fim de obter o desenvolvimento sustentável. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3892 U N ID A D E 5 144 Tinoco (2010) afirma que as organizações precisam satisfazer às necessidades de seus clientes e parceiros. Não só, mas devem divulgar e demonstrar transparência aos agentes sociais e à toda sociedade no que diz respeito às relações econômicas, financeiras, sociais e ambientais. Tudo isso pode ser realizado por meio de um balanço social, que é um relatório específico para esse fim. Para Tinoco (2010, p. 34): “ A função principal do Balanço Social da organização é tornar público a responsabilidade social da empresa. Isso faz parte do processo de pôr as cartas na mesa e mostrar com transparên- cia para o público em geral, para os atentos consumidores e para os acionistas e investidores o que a empresa está fazendo na área social. A divulgação do desempenho social das instituições é interessante a vários grupos por inúmeras razões. Um exemplo é a questão ética e os princípios da empresa em relação à qualidade de vida da sociedade na qual está inserida. Dessa maneira, é possível afirmar que o balanço foi criado para que, anual- mente, as organizações publiquem dados sobre: ■ Os seus impactos, projetos e ações sociais. ■ A sua relação com a comunidade interna e externa. ■ A sua relação com o meio ambiente. As entidades devem satisfazer às necessidades de seus clientes e parceiros, além de, es- pecialmente, divulgar as suas ações e demonstrar transparência aos agentes sociais e a toda a sociedade. (João Eduardo Prudêncio Tinoco) pensando juntos Histórico dos balanços sociais No final do século XIX, há registros de manifestações e documentos que apre- sentavam a necessidade de realização de ações sociais por parte das empresas. Já no início do século XX, é possível observar questionamentos de trabalhadores U N IC ES U M A R 145 e relatos de situações insalubres e de empresas que agrediam a natureza ou não realizavam uma contribuição social adequada. Na década de 30, com a depressão de 1929, em detrimento de movimentos no Brasil e no exterior, também foram constatadas indagações sobre a ação e o comprometimento das organizações (SANTOS, 2015). Apesar da ocorrência desses fatos, a necessidade de prestar contas e a res- ponsabilidade social das instituições começam a ser relevantes aos empresários apenas na segunda metade do século XX (TINOCO, 2010). Torres (2001) divide as fases que antecedem o balanço social em três períodos, os quais são apresen- tados a seguir: Anos 70 Para Torres (2001), a concepção de responsabilidade social por parte das em- presas se popularizou na década de 70, na Europa. Nesse período, ocorreram seguintes fatos: ■ 1971: Steag, uma companhia alemã, produziu uma espécie de relatório social, ou seja, um balanço de suas atividades sociais. ■ 1972: Singer, uma empresa localizada na França, fez o que é considerado o primeiro balanço social da história das empresas. ■ 1977: a Associação de Dirigentes Cristãos do Brasil (ADCE) organizou o segundo Encontro Nacional de Dirigentes de Empresas, cujo tema central foi o balanço social. Anos 80 Nos anos 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides) chegou a elaborar um modelo de balanço social. Outros acontecimentos relacionados à temática e ocorridos nesse período são: ■ 1984: Tinoco apresentou o primeiro trabalho acadêmico sobre balanço social no Brasil, na área contábil (TINOCO, 2010). ■ 1984: a empresa Nitrofértil publicou um relatório chamado “balanço so- cial”. Foi considerado o primeiro relatório social no Brasil. U N ID A D E 5 146 Nesse período, no Brasil, não houve muitas iniciativas voltadas ao balanço social. Todavia, no mundo, aconteceram experiências interessantes, tais como na França, que, segundo Tinoco (2010), passou a exigir a Demonstração do Valor Adicio- nado (DVA) por parte das empresas, o qual continha os seguintes indicadores: ■ Valor adicionado/produção realizada. ■ Valor adicionado/quadro efetivo (pessoal). ■ Custos de pessoal/valor adicionado. ■ Encargos financeiros/valor adicionado. ■ Valor adicionado/efetivo médio. ■ Valor adicionado/ativo fixo operacional médio. O valor adicionado é a diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Assim, demonstra a efetiva contribuição da instituição, tendo em vis- ta o seu desempenho e a sua capacidade para a geração de riqueza da economia. Anos 90 De acordo com Santos (2015), nos anos 90, muitas empresas passaram a ado- tar ações de filantropia e assistência social. O primeiro modelo de balanço so- cial apresentado foi desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) em 1997, em parceria com técnicos(as), pesquisadores(as) e representantes de instituições públicas e privadas. Esse modelo apresentou indi- cadores específicos ao setor educacional, porém, o seu foco principal era o pilar social, o qual não foi abordado na mesma intensidade que as outras dimensões (TERMIGNONI, 2012). Assim, o balanço social começou a ser realizado por várias empresas e passou a ser um instrumento institucional. No mesmo período, muitas organizações passaram a publicar relatórios de sustentabilidade e outros documentos. Algu- mas empresas começaram a se conscientizar de que era necessária a prestação de contas para a sociedade, enquanto outras passaram a elaborar o documento como um instrumento de marketing, pois a sociedade exigia cada vez mais uma postura ética por parte das instituições. O Ibase, segundo Santos (2015), desde meados de 1997, elaborado pelo so- ciólogo Herbert de Souza, o Betinho, destacava a importância da realização de U N IC ES U M A R 147 O balanço social do Ibase é sinônimo de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) no Brasil. Dessa forma, é importante conhecê-lo. Para saber mais, conecte-se no link a seguir: https://ibase.br/pt/quem-somos/ conecte-se A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o demonstrativo contábil que evidencia, de forma sucinta, o valor gerado por uma empresa em determinadoperíodo e a sua dis- tribuição entre todos aqueles que participaram de sua produção. Assim como o próprio nome sugere, a DVA demonstra a quantidade de “riqueza” que foi adicionada no balanço da empresa entre uma data e outra. Fonte: Reis (2018, on-line)¹. conceituando um balanço social das empresas em um único e simplificado modelo. Por isso, além do modelo de balanço social que foi desenvolvido, a instituição fornecia o “Selo Balanço Social” para as empresas que aderiram à proposta. Este selo foi fornecido até o ano de 2008, mas, hoje, ainda há organizações que o utilizam (SANTOS, 2015). Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é parte integrante do balanço social e, apesar de não ter se tornado obrigatória, com a publicação da Lei nº 11.638, em 28 de dezembro de 2007, passou a ser exigida para as companhias abertas (BRASIL, 2007) e normatizada pela NBC TG-09 (Norma Brasileira de Contabi- lidade – Técnica Geral). Segundo a NBC TG-09, a DVA: ■ É fundamentada em conceitos macroeconômicos. ■ Busca apresentar a parcela de contribuição que a entidade tem na for- mação do Produto Interno Bruto (PIB) do país onde essas operações são realizadas, eliminados os valores que representam dupla contagem. https://ibase.br/pt/quem-somos/ U N ID A D E 5 148 Norma Brasileira de Contabilidade Técnica – NBC T 15 – Informações de natureza social e ambiental No ano de 2006, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Norma Brasileira de Contabilidade – 15 (NBC T 15), estabeleceu procedimentos para a evidenciação de informações de natureza social e ambiental. Essa norma objetiva demonstrar a responsabilidade social das empresas para a sociedade. Nesse sentido, o seu conteúdo é dividido em quatro tópicos, assim como explica Santos ([2020], p. 6), a saber: 1. A geração e a distribuição de riqueza. 2. Os recursos humanos. 3. A interação da entidade com o ambiente externo. 4. A interação com o meio ambiente. Um aspecto que precisa ser aprimorado é a inclusão de indicadores que possi- bilitem: a) Relativizar, considerando as realidades das empresas. Por exemplo, quan- do se expõe o total de investimentos feitos em relação à saúde ou à educa- ção, não podemos comparar um grande grupo com uma microempresa. Ao relativizarmos o porte, é possível fazermos comparações. b) Comparar períodos de forma mais clara. Mesmo sem a obrigatoriedade da NBC T 15, reconhecemos a sua relevância, ao nortear os comportamentos de qualidade nas empresas que se preocupam com a sustentabilidade e com a responsabilidade social do negócio. pensando juntos Relato integrado Já sabemos que as organizações devem se preocupar com os aspectos éticos e com a transparência em relação à sustentabilidade. Essa preocupação se materializa na elaboração de um relatório que não possui apenas informações financeiras, com U N IC ES U M A R 149 o intuito de estabelecer uma visão integrada. Assim, há a possibilidade de analisar a empresa de forma mais global, ao agregar os três pilares da sustentabilidade: os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Santos (2015), nesse contexto, defende que o mercado busca construir o relato integrado. Em 2012, foi criada a Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado, que tem por objetivo manter o mercado brasileiro atualizado sobre essa iniciativa, além de contribuir com o processo de implantação e esti- mular o engajamento das empresas brasileiras nessa formulação. No período que compreende abril a julho de 2013, o modelo de relatório integrado ficou em audiência pública. Há, também, o International Integrated Reporting Council (IIRC), cujo objetivo é criar um modelo global, o Integrated Reporting (IR). No IIRC, participam empresas, organismos reguladores e institui- ções para padronização, além de investidores, organizações não governamentais e consultorias de quase 30 países. Para Santos (2015), o relato integrado diz respeito a uma comunicação con- cisa sobre o modo como a estratégia, a governança, o desempenho e as possibili- dades de uma organização, no contexto do seu ambiente externo, levam à criação de valor em curto, médio e longo prazos. POSSIBILIDADES DO RELATO INTEGRADO Melhorar a articulação da estratégia para o negócio e como o seu modelo de negócios está respondendo às novas necessidades e expectativas do mercado. Permitir um melhor diálogo entre a empresa e os fornecedores do capital �nanceiro. Desenvolver departamentos mais conectados e quebrar áreas fechadas Aprimorar processos internos. Reduzir custo de capital05 04 03 02 01 Figura 1 – Possibilidades de relato integrado / Fonte: adaptada de IIRC ([2020], on-line)². U N ID A D E 5 150 O relato integrado representa um grande avanço ao mercado, pois possibilita uma visão integrada e amplia a transparência das empresas em relação aos aspectos sustentáveis. Contudo, também se trata de um processo em desenvolvimento e que merece regulamentação e apoio de instituições públicas e privadas. Demonstrativos para micro, pequenas e médias empresas Apesar de não serem obrigatórios no Brasil, os demonstrativos têm sido adotados por inúmeras organizações, principalmente as de grande porte. O fato de serem mais empregados pelas grandes instituições se deve a dois fatores, a saber: 1. As empresas menores, muitas vezes, por terem menor infraestrutura, po- dem ter dificuldade de acesso às informações. 2. Os indicadores não consideram o porte das empresas. Santos (2015) apresenta um exemplo: uma empresa pequena e criada para a subsistência de uma família, assim como muitas existentes no país, não possui in- teresse em elaborar e divulgar demonstrativos de baixo gasto em educação ou em saúde, sem considerar a sua realidade. Ao analisar a situação da organização, que tem quatro colaboradores e gastos mensais com bolsas de estudos para três deles, ao apresentar os seus gastos reais, pode haver pouca representatividade, pois, ao comparar o número de estudo por colaborador, observa-se um índice de 75%. Para relativizar às empresas de pequeno porte, Santos (2015) sugere alguns indicadores, tais como: ■ Bolsas de estudo por ano (funcionário). ■ Gastos com treinamento (funcionário). ■ Gastos com alimentação e transportes (funcionário). ■ Gastos com saúde (funcionário). ■ Participação nos lucros e resultados (lucro líquido). ■ Demissões no ano (funcionários). ■ Estagiários (funcionários). ■ Número de processos trabalhistas julgados procedentes (funcionários). ■ Número de reclamações recebidas por meio da justiça/número de clientes U N IC ES U M A R 151 (no caso de clientes correntistas ou assinantes). ■ Investimentos e gastos em projetos ambientais (receita bruta). ■ Investimentos e gastos em projetos educacionais (receita bruta). Responsabilidade Social Corporativa (RSC) A Responsabilidade Social Corporativa, representada pela sigla RSC, demonstra os compromissos que vão além daqueles que são obrigatórios para as organiza- ções, tais como o cumprimento das legislações trabalhistas, tributárias e sociais, das leis ambientais e de usos do solo, dentre outros. Apresenta, dessa maneira, a adoção e a disseminação de valores, condutas e procedimentos que induzem e estimulam o aperfeiçoamento contínuo de processos empresariais, para que sejam geradas a preservação e a melhoria da qualidade de vida da sociedade, sob o ponto de vista ético, social e ambiental. Santos (2015, p. 92) explica que: “ O tema da responsabilidade social integra-se, portanto, ao da governança corporativa, ou seja, com a administração das relações contratuais e institucionais estabelecidas pelas companhias e as medidas adotadas para o atendimento das demandas e dos interesses dos diversos participantes envol- vidos. Dessa forma, a responsabilidade social corporativa está relacionada com a gestão de empresas em situações cada vez mais complexas, nas quais questões como as ambientais e so- ciaissão crescentemente mais importantes para assegurar o sucesso e a sustentabilidade dos negócios. O conceito de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) está associado ao reconheci- mento de que as decisões e os resultados das atividades das companhias alcançam um universo de agentes sociais muito mais amplo do que o composto por seus sócios e acio- nistas (shareholders). Dessa forma, a RSC, ou cidadania empresarial, como também é chamada, enfatiza o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem (stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colabora- dores, investidores, competidores, governos e comunidades Fonte: Tinoco (2010). conceituando U N ID A D E 5 152 2 MODELOS DE BALANÇO SOCIAL A seguir, apresentaremos alguns modelos de balanços sociais. São eles: o modelo Ibase, o GRI, os indicadores Ethos e a certificação social, outra forma de verificar os resultados dos investimentos feitos nas áreas ambiental e social. Modelo Ibase Figura 2 - Selo Ibase utilizado até o ano de 2008 Fonte: Ibase (2020, on-line)³. U N IC ES U M A R 153 Que tal conhecer a fundo o artigo redigido por Betinho? Conecte-se: https://bit.ly/39jN82Y conecte-se Betinho, o fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), apresenta os termos “empresa pública e cidadã” em um artigo publicado na Folha de São Paulo em 26 de março de 1997. Nesse artigo, Betinho aborda as questões de natureza pública, empresarial, comunitária e social para chamar a atenção da sociedade quanto à necessidade de implantar o balanço social no Brasil (TINOCO, 2010). Os primeiros passos que devem ser levados em consideração para que uma em- presa seja reconhecida como “pública e cidadã” são: 1. Desenvolver uma missão, uma visão e um conjunto de valores a serem seguidos. 2. Comprometimento das lideranças e stakeholders para que a responsabi- lidade social seja parte integrante de cada processo decisório. 3. Colocar os seus valores em prática. 4. Promoção de uma gestão executiva responsável. 5. Comunicação, educação e treinamento. 6. Publicação de balanços sociais e ambientais. 7. Utilizar a sua influência de forma positiva. O modelo do balanço Ibase tem a forma de planilha, a qual traz informações sobre a folha de pagamento dos colaboradores, gastos com encargos sociais, par- ticipação nos lucros, detalhes com as despesas de controles ambientais e inves- timentos sociais externos em várias áreas, tais como educação, cultura, saúde, entre outras. Para o seu preenchimento, não é necessário um profissional especializado na área contábil, porque o próprio Ibase fornece essa planilha. Além disso, até 2008, cada organização que divulgava o seu balanço social de acordo com a metodolo- gia proposta pelo Ibase era reconhecida por meio de um selo, o qual é visualizado na Figura 2. Contudo, esse selo não é mais utilizado. https://bit.ly/39jN82Y U N ID A D E 5 154 Ao reconhecer a importância do balanço social Ibase e ao torná-lo basilar para a realiza- ção de balanços estruturados e qualitativos, a fim de organizar as ações realizadas pelas empresas, acesse a sua base de dados, que é aberta a todos, no link disponível a seguir: https://ibase.br/pt/balanco-social/ conecte-se Diante do exposto e da publicação de modelos de balanço social e de relatórios de sustentabilidade vinculados às tratativas internacionais, os registros e a concessão dos selos às empresas que publicaram os seus balanços sob o modelo Ibase estão suspensos desde 2008, sem perspectiva de reformulação. Acesse o QR Code ao lado e assista a um vídeo de Francielli Muller, que explica a im- portância dos relatórios e dos balanços sociais, ao expor o funcionamento do Ibase e do Global Reporting Initiative (GRI), o qual estudaremos a seguir. Google Play App Store Modelo GRI Figura 3 - Global Reporting Initiative (GRI) Fonte: Global Reporting Iniciative ([2020], on-line)4. https://ibase.br/pt/balanco-social/ https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3893 U N IC ES U M A R 155 As organizações podem utilizar os padrões da Global Reporting Initiative (GRI) para desenvolver os seus relatórios de sustentabilidade. Entretanto, não é neces- sário fazer o uso de todos, mas podem ser empregadas partes específicas para relatar as informações que são válidas para a sua organização. A GRI: “ [...] é uma organização internacional que ajuda empresas, governos e outras instituições a compreender e comunicar o impacto dos negócios em questões críticas de sustentabilidade. Mudanças climáticas, direitos humanos e problemas de cor- rupção são algumas dessas questões (CEBDS, 2017, on-line)5. A sigla GRI, no contexto da sustentabilidade e da Responsabilidade Social Corporativa (RSC), significa Global Reporting Initiative. Em outras palavras, refere-se a uma organização não governamental fundada em 1997 por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela organização não governamental norte-americana Ceres. Fonte: CEBDS (2017, on-line)5. conceituando É preciso muita atenção, pois cada modo de utilização dos padrões requer uma declaração de uso correspondente. As organizações precisam incluir essa decla- ração em qualquer relatório com divulgação baseada nos modelos previstos pelo documento, já que: “ As Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilida-de da GRI consistem de princípios para a defi nição do con-teúdo do relatório e a garantia da qualidade das informações relatadas. Incluem também o conteúdo do relatório, composto de indicadores de desempenho e outros itens de divulgação, além de orientações sobre temas técnicos específi cos relativos à elaboração do relatório (GRI, 2006, p. 3). De acordo com o CEBDS (2017, on-line)5, os principais motivos pelos quais as grandes organizações implementam relatórios com base nos padrões da GRI são: U N ID A D E 5 156 ■ Demonstrar compromisso com os impactos ambientais e sociais. ■ Transparência nas relações. ■ Apresentar capacidade de participação em mercados competitivos. ■ Planejar atividades, tornar-se mais sustentável e posicionar a empresa. ■ Seguir a legislação. Todos esses benefícios são adicionados enquanto valores positivos à imagem da organização, visto que aumentam as chances de fidelização e facilitam a análise de dados para a comparação de desempenho com outras companhias. O modelo GRI estabelece padrões internacionais de sustentabilidade. Portanto, empresas que desejam espaço em um mercado cada vez mais globalizado precisam estar engajadas com a causa. Para saber mais, conecte-se: https://www.globalreporting.org/standards/global-sustainability-standards-board/ conecte-se Indicadores ETHOS Figura 4 - Instituto Ethos Fonte: Instituto Ethos ([2020], on-line)6. Os indicadores Ethos são uma ferramenta de gestão que objetiva apoiar as orga- nizações, a fim de incorporar a sustentabilidade e a responsabilidade social nas estratégias do negócio. Desse modo: https://www.globalreporting.org/standards/global-sustainability-standards-board/ U N IC ES U M A R 157 “ A nova geração dos Indicadores Ethos foi criada para estar a servi-ço dos negócios, com aplicações e funcionalidades que permitem total flexibilidade em sua aplicação pelas empresas e a geração de relatórios mais próximos da realidade empresarial, que apoiam efe- tivamente a gestão, com mecanismos para planejamento, compar- tilhamento de dados com as partes interessadas e desenvolvimento da sustentabilidade nas cadeias de valor (INSTITUTO ETHOS, [2020], on-line)7. “Os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis têm como foco avaliar o quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social têm sido incorporadas nos negó- cios, auxiliando a definição de estratégias, políticas e processos. Embora traga medidas de desempenho em sustentabilidade e responsabilidade social, esta ferramenta não se propõe a medir o desempenho das empresasnem reconhecer empresas como sustentá- veis ou responsáveis”. Fonte: Instituto Ethos ([2020], on-line)8. conceituando Os indicadores Ethos funcionam como uma verificação diagnóstica das organiza- ções que o utilizam. Além disso, geram relatórios que proporcionam a realização de planejamentos direcionados a metas, o que propicia uma gestão pautada em sustentabilidade e responsabilidade social: “ Essa geração atual dos Indicadores Ethos está sendo continuamen-te aprimorada, nos apresenta uma nova abordagem para a gestão das empresas e procura integrar os princípios e comportamentos da RSE com os objetivos para a sustentabilidade, baseando-se em um conceito de negócios sustentáveis e responsáveis ainda em de- senvolvimento. Além de ter maior integração com as diretrizes de relatórios de sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI), com a Norma de Responsabilidade Social ABNT NBR ISO 26000, CDP, e outras iniciativas (INSTITUTO ETHOS, [2020], on-line)9. U N ID A D E 5 158 Além dos modelos apresentados, existem outros que podem ser analisados, a fim de constatar em qual a sua empresa se enquadra. Auditoria e certificação social Outra forma que a organização pode utilizar para verificar os resultados dos investimentos feitos nas áreas ambiental e social é por meio da auditoria e da certificação social. Para Tinoco (2010), a auditoria é de suma importância para a segurança dos agentes sociais em relação às atividades que são desenvolvidas pelas organizações, incluindo os gestores e os controladores dessas entidades. A auditoria se preocupa basicamente com a análise de elementos contábeis e sociais, bem como a determinação e a exatidão das demonstrações e dos re- latórios contábeis, sociais e ambientais. Além do mais, procura garantir se as demonstrações e os registros contábeis que lhe deram origem são de confiança. Assim como as normas ISO 9000 e ISO 14000 certificam as empresas pela sua capacidade gerencial (qualidade do processo de produção) e pelo respeito ao meio ambiente, as normas BS 8800 e SA 8000 certificam, respectivamente, as organizações que garantem a segurança e a saúde do trabalhador, além de res- peitar os direitos humanos e trabalhistas. A Social Accountability Standard (SA) 8000 possui estrutura similar à da ISO 9000 e enfatiza os direitos dos empregados, tais como a licença-maternidade, a remuneração de horas extras e salários que garantam a cobertura das suas neces- sidades mínimas. A norma é baseada nos preceitos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e foi criada pelo Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA), uma organização internacional filiada ao Council on Econo- mic Priorities (CEP), de Nova Iorque, que possui, como diretriz central, a difusão das questões relativas às condições trabalhistas entre os consumidores de todo o mundo por meio do seu guia ao consumidor, o Shopping for a Better World. É necessário se aprofundar na temática para saber mais sobre o preenchimento do ques- tionário que contempla os requisitos dos indicadores Ethos. Para isso, acesse o link a seguir: https://www3.ethos.org.br/cedoc/indicadores-ethos-para-negocios-sustentaveis-e-res- ponsaveis/#.W6eo0_ZReUl conecte-se https://www3.ethos.org.br/cedoc/indicadores-ethos-para-negocios-sustentaveis-e-responsaveis/#.W6eo0_ZReUl https://www3.ethos.org.br/cedoc/indicadores-ethos-para-negocios-sustentaveis-e-responsaveis/#.W6eo0_ZReUl U N IC ES U M A R 159 3 PREMIAÇÕES NA ÁREA DA SUSTENTABILIDADE Quando consumimos produtos e serviços, nosso maior interesse se dá na entrega que recebemos. No entanto, é necessário observarmos as empresas que ofertam tais pro- dutos e serviços, considerando as suas condutas, para desempenharmos um consumo consciente. Quer saber mais? Acesse: https://betterworldshopper.org/ Fonte: os autores. explorando Ideias Além de demonstrar os resultados dos investimentos nas áreas social e ambiental, as organizações podem perceber que os stakeholders representados por algumas entidades de elevada reputação buscam “premiar”, por assim dizer, por meio de diversos mecanismos, as companhias que realizam práticas reconhecidamente benéficas para a sociedade, de acordo com critérios específicos de análise. Dessa maneira, as premiações têm como objetivo demonstrar aos stakehol- ders as boas práticas sociais e ambientais. A seguir, você conhecerá alguns prê- mios importantes na área da sustentabilidade. https://betterworldshopper.org U N ID A D E 5 160 Prêmio Inovação em Sustentabilidade O Instituto Ethos e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento In- ternacional (Usaid) têm editais para que empresas e ONGs possam apresentar inovações em sustentabilidade. Assim: “ Para efeito do prêmio, sustentabilidade é entendida como a busca pela harmonia entre os três pilares: equilíbrio am-biental, justiça social e viabilidade econômica. O Prêmio será dado para uma iniciativa inovadora economicamente viável, ambientalmente equilibrada e socialmente inclusiva que es- teja em uso, nos temas: Desenvolvimento de Cadeia de Valor, Educação, Meio Ambiente, Saúde e Tecnologia da Informação (INSTITUTO ETHOS, [2020], on-line)10. De acordo com o Instituto Ethos ([2020], on-line)10, pessoas e organizações po- dem concorrer ao Prêmio Inovação em Sustentabilidade, desde que estabelecidas no Brasil. Nesse contexto, compreende: ■ Associações comunitárias. ■ Empreendedores sociais. ■ Institutos de pesquisa. ■ Micro e pequenas empresas. ■ ONGs. ■ Universidades. U N IC ES U M A R 161 Prêmio Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) Brasil Trata-se de uma iniciativa brasileira para apoiar o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). É promovida pela Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria de Governo da Presidência da República. A sua premiação é voltada aos governos, às organizações da sociedade civil e às instituições de ensino, pesquisa e extensão que desenvolvam projetos que contribuam para melhorar as condições sociais, ambientais, econômicas e institucionais do país (ODS, 2018). Como participar? Cada instituição pode se inscrever com até três ações re- plicáveis. Os melhores projetos serão apresentados em um banco de práticas que servirão de referência para a implementação e a disseminação da Agenda 2030. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) integra a Comissão Nacional para os ODS, a qual possui a missão de estruturar a agenda brasileira a partir da agenda global proposta pela ONU: Com o propósito de não deixar ninguém para trás, foram definidos 17 Ob- jetivos, 169 Metas e 232 Indicadores, a serem cumpridos até 2030. Destacam-se temas relevantes, tais como: erradicação da pobreza, saúde, educação, trabalho decente, inovação, consumo sustentável, combate à mudança do clima, paz e par- cerias (ONU, 2018, p. 3). Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade Quaisquer tipos de organizações que tenham como objetivo principal estimular a prática dos ODS e os pilares “evolução” e “sustentabilidade” podem participar do Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade. Foram apresentados alguns prêmios na área de sustentabilidade e incentivo aos desafios do ODS. No entanto, é importante frisar que esses prêmios não se esgotam por aqui. Para participar, basta ler os editais e analisar se a sua organi- zação se enquadra nas categorias analisadas. U N ID A D E 5 162 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) estudante, finalizamos a nossa unidade! Nela, estudamos as demonstra- ções dos investimentos nas áreas ambiental e social, pois as empresas que as fazem podem comprovar as suas práticas aos stakeholders e à sociedade. Nesse sentido, há muitas organizações em processo de aprendizagem ou que já possuem essas práticas implementadas. Também constatamos que as empresas já possuem ciência de que a sociedade está cada vez mais exigente em relação às aplicações de natureza ambiental, em quesão associados os dados contábeis e financeiros aos balanços sociais. Acerca disso, estudamos o balanço social, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 15 (NBC T 15) e o relato integrado. Esses demonstrativos de natureza ambiental e social permitem que a organiza- ção divulgue as ações da empresa, realize comparações entre vários segmentos e preste contas aos stakeholders. Sobre a importância do balanço social, foi esclarecido que o seu intuito é o de comunicar informações, a fim de atender à necessidade de quem está interessado. Além disso, embora tenha fundamentos e princípios da contabilidade, pode ser aplicado em informações de cunho social. Dentre os principais modelos de cunho social, apresentamos o Ibase, propos- to pelo sociólogo Betinho. Ele é uma planilha que pode ser preenchida de forma simplificada, tendo em vista que o modelo já é existente. Assim, permite visualizar facilmente o que foi aplicado e não exige um conhecimento aprofundado na área contábil. O modelo GRI também está disponível em um formulário on-line, a fim de ser um modelo que as organizações podem seguir. Finalizamos os nossos estudos demonstrando outra maneira de as organiza- ções demonstrarem os resultados de suas ações sustentáveis. Essa atitude se dá por meio da participação em premiações na área sustentável, o que gera maior notoriedade para a empresa perante a sociedade. 163 na prática 1. Cada vez mais, as organizações estão comprometidas com as questões ambiental e social, o que exige ética, transparência e compromisso ambiental e social. Nesse contexto, existem os balanços sociais: qual é o seu objetivo? 2. Um prêmio obtido na área da sustentabilidade pode dar reconhecimento e exposi- ção para qualquer organização, independentemente de seu porte, além de ser um argumento para alavancar uma empresa. Mediante o exposto, explique qual é o objetivo de um prêmio em relação à sustentabilidade. 3. A NBC T 15 estipula os parâmetros para o exercício da profissão e os princípios norteadores para o alcance das metas estabelecidas, promovendo condutas pro- fissionais condizentes às necessidades. Diante disso, cite os principais tópicos da NBC T 15. 4. Lançado nos anos 90, o balanço social Ibase tem como principal função tornar pú- blica a responsabilidade social empresarial, ao construir vínculos maiores entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. Assim, explique a forma do modelo Ibase. 5. “A GRI é uma organização internacional que ajuda empresas, governos e outras instituições a compreender e a comunicar o impacto dos negócios em questões críticas de sustentabilidade. Mudanças climáticas, direitos humanos e problemas de corrupção são algumas dessas questões” (CEBDS, 2017, on-line)5. Mediante o enunciado, apresente os principais motivos pelos quais as organizações buscam a implementação do relatório dentro dos padrões GRI. 164 aprimore-se SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL SÓ SE ALCANÇA COM QUALIDADE Mas o que uma organização deve fazer para alcançar a sustentabilidade empresa- rial? Quais os melhores caminhos e as práticas mais eficazes? É consenso que a sustentabilidade empresarial deve ser trabalhada em conformi- dade com as normas técnicas internacionais referentes à qualidade, à proteção do meio ambiente, à saúde e segurança dos funcionários e à responsabilidade social. E por que a qualidade empresarial tem a ver com sustentabilidade? Essas duas práticas estão totalmente relacionadas porque são essenciais para o desenvolvi- mento responsável de produtos e processos empresariais. Isso significa dizer que uma empresa com um sistema eficiente de qualidade poderá ter alta produtividade, custos reduzidos, excelência em níveis de desempenho, tudo isso atrelado a práti- cas sustentáveis e de preocupação socioambiental. Nesse sentido, as normas da ISO são fundamentais. A ISO 9000 é uma série de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO), vol- tadas para a qualidade do produto ou do processo. Dessa lista de normas, a ISO 9001 é a mais abrangente e também a mais utilizada entre as normas do Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ). Fonte: Verde Ghaia (2018, on-line)¹¹. 165 eu recomendo! 165 eu recomendo! Contabilidade ambiental: relato integrado e sustentabilidade Autor: João Roberto Kassai, Nelson Carvalho e José Rubens Seylo Kassai Editora: Atlas Sinopse: : o livro é uma contribuição ao debate sobre as grandes mudanças e a necessidade de se aprimorar o processo de comu- nicação corporativa que culminou na proposição global do relato integrado por uma comissão internacional: o International Integrated Reporting Council (IIRC). livro Relatório Anual Natura 2019 A Natura celebrou 50 anos em 2019, um ano marcado por conquistas importan- tes, em detrimento do seu esforço em gerar um impacto positivo nas esferas eco- nômica, ambiental e social. Assim, seu relatório anual traz informações sobre o progresso da visão de sustentabilidade e segue as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI). Web: https://static.rede.natura.net/html/home/2020/br_09/relatorio-anual-2019/ relatorio_anual_natura_2019.pdf conecte-se https://static.rede.natura.net/html/home/2020/br_09/relatorio-anual-2019/relatorio_anual_natura_2019.pdf https://static.rede.natura.net/html/home/2020/br_09/relatorio-anual-2019/relatorio_anual_natura_2019.pdf 166 conclusão geral conclusão geral 166 conclusão geral conclusão geral Caro(a) aluno(a), No decorrer da disciplina, foram trabalhados, em cinco unidades, os aspectos re- lacionados ao desenvolvimento do conceito de sustentabilidade, assim como o de- senvolvimento sustentável enquanto proposta de um modelo econômico capaz de alcançar tal meta. Após a realização de uma retomada histórica, concluímos que o Relatório Brundtland, também conhecido como “Nosso Futuro Comum”, foi o marco histórico que reuniu o tripé da sustentabilidade (social, econômico e ambiental) em um con- ceito chave, que é o desenvolvimento sustentável. Em conjunto com o conceito de desenvolvimento sustentável, apresentamos as suas segmentações de análise, tais como o tripé da sustentabilidade. Outra forma de abordagem são as dimensões que dividem a sustentabilidade em social, econô- mica, ecológica, espacial (ou geográfica) e cultural. Nesse contexto, surgiram os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais permitem a execução de ações baseadas na gestão ambiental empresa- rial, garantem a sustentabilidade econômica das empresas e o desenvolvimento da Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Apesar de ainda haver empresas que realizam greenwashing, ou lavagem verde, organizações com conduta ética desen- volvem o marketing verde. Em outras palavras, são calcadas em fatores estrutura- dos em certificações de responsabilidade social, como a norma internacional ISO 26000 e a nacional NBR 16001, a qual é certificável e representa as instituições que atendem aos seus requisitos. Outro fator de grande relevância para considerar as organizações enquanto so- cialmente responsáveis é a realização de auditorias. Não só, mas também existem os balanços ou relatórios de sustentabilidade, sejam de teor ambiental ou social. Por fim, também há as premiações da área, as quais reconhecem as empresas com alto nível de desempenho. Desejamos que este material contribua com o seu conhecimento e o torne um profissional diferenciado no mercado de trabalho. Bons estudos e um grande abraço! referências 167 UNIDADE 1 AMAZONAS, M. C. Pagamento por serviços ambientais: dilemas conceituais e normativos. Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza, 2010. AYRES, W. D. Conferências nacionais de meio ambiente: efetividade e participação social. 2018. 87 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2018. BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.BARBOSA, G. S. 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Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às so- ciedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 2, 28 dez. 2007. CFC. Resolução CFC n. 1.138/08. Aprova a NBC TG 09 – Demonstração do Valor Adicionado. Brasília: [s. n.], 2008. Disponível em: http://www.informanet.com.br/Prodinfo/gcon/normas/ resolucao_cfc_1138_2008.pdf. Acesso em: 21 dez. 2019. GRI. Diretrizes para Relatório de Sustentabilidade. [S. l. : s. n.], 2006. Disponível em: http:// www.casoi.com.br/hjr/pdfs/gri_port.pdf. Acesso em: 21 dez. 2020. KROETZ, C. E. S. Balanço social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000. ODS. Prêmio ODS Brasil. Você faz. O Brasil reconhece. O mundo fica melhor. [S. l.: s. n.], 2018. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/ods/menu-de-relevancia/premio-ods-brasil-1/ cartilha-do-premio-ods/view. 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O social é referente ao capital humano, em que estão envolvidos aspectos, tais como o cumprimento da legislação trabalhista, ambiente agradável e saudável, e o rela- cionamento com a sociedade em geral. O meio ambiente é referente ao capital natural, o que exige a formulação de maneiras de diminuição e compensa- ção dos impactos ambientais negativos. O econômico trata da parte econômica, ou seja, é preciso pensar no desenvol- vimento, ao analisar temas ligados à distribuição dos bens e consumos e à produção de forma sustentável. 2. É aquele que busca atender às neces- sidades das gerações atuais, sem com- prometer a capacidade das gerações futuras de realizar as suas necessidades e aspirações. 3. É importante que a sociedade se paute em uma gestão ambiental consciente. A conscientização e o reconhecimento das questões que envolvem a estreita trama de variáveis que compõem a rea- lidade das cidades podem ser a solução ao problema. Isso significa que o conhe- cer precede o agir. 4. Alterações climáticas são causas das ati- vidades antrópicas, tais como: derruba- da de florestas para a obtenção de ma- deira e lenha; espaço para agricultura, indústrias e assentamentos; lançamen- tos de gases na atmosfera; consequên- cia do aquecimento global. O aumen- to de gases por emissões atmosféricas é gerado por atividades antrópicas, as quais aumentam a retenção das radia- ções infravermelhas e contribuem para a elevação da temperatura média glo- bal do planeta. Podem causar o efeito estufa. Aquecimento global: pode gerar a elevação do nível dos oceanos, a par- tir derretimento das geleiras e da ex- pansão do volume de água, devido ao aumento da temperatura. Queimadas florestais: emissões atmosféricas que podem ajudar no efeito estufa. 5. A gestão ambiental deve pensar em práticas que estejam associadas à con- servação e à preservação da biodiver- sidade, à reciclagem das matérias-pri- mas e à redução do impacto ambiental de atividades antrópicas sobre os recur- sos naturais. Além disso, podem estar associados a gestão ambiental, técnicas para a recuperação de áreas degrada- das, o reflorestamento, os métodos para a exploração sustentável de recursos naturais, o estudo de riscos e de impac- tos ambientais para a avaliação de no- vos empreendimentos ou a ampliação de atividades produtivas. UNIDADE 2 1. B. 2. A. 3. E. 4. A principal diferença entre a respon- sabilidade social e a filantropia se dá no fato de que esta trata das ações ex- gabarito 178 ternas à organização e a sua principal beneficiária é a comunidade, enquan- to a responsabilidade social tem foco na cadeia de negócios da empresa e se preocupa com um público que vai além da comunidade. São eles: acio- nistas, colaboradores, fornecedores, meio ambiente, governo, clientes e prestadores de serviço. 5. Para as empresas, enquanto fator competitivo, são vantagens da susten- tabilidade econômica: • Maior economia financeira em médio e longo prazos. • Aumento dos lucros e diminuição dosriscos, por meio do combate à polui- ção e da melhoria da eficiência am- biental. • Melhoria da imagem perante a socie- dade, principalmente aos consumido- res. • Obtenção de ganhos indiretos, pois terão um ambiente preservado, com maior desenvolvimento econômico, além da garantia de qualidade de vida melhor para as gerações vindouras. • Vantagem competitiva no mercado, quando comparadas às suas concor- rentes. • Conquista de novos mercados UNIDADE 3 1. O produto será considerado ecológico e/ou verde quando tiver um prejuízo menor em todo o seu ciclo de vida, considerando a sua concepção, o seu uso, consumo e descarte final. Dessa maneira, um produto verde é aquele que tem as mesmas funções de um produto comum, mas os seus danos ambientais são menores em todo o seu ciclo de vida. Para tanto, é neces- sário analisar a sua composição, a fim de constatar se é reciclável, se agride, ou não, o meio ambiente, se o mate- rial de sua embalagem também pode ser reaproveitado etc. 2. O rótulo do tipo I é baseado na norma NBR ISO 14024, em um programa de terceira parte, com adesão voluntá- ria. Também é calcado em múltiplos critérios previamente definidos pelo programa e válidos para as classes ou categorias de produtos e serviços, além de considerar o ciclo de vida do produto e exigir uma certificação da terceira parte. 3. “Logística reversa” é uma expressão utilizada para descrever o processo de retorno dos resíduos finais dos produ- tos para o processo de produção, tais como as embalagens, que podem ser retornáveis ou recicláveis. É crescente a inserção de produtos com esse prin- cípio no mercado, pois, além de re- duzir o impacto ambiental, gera uma redução nos custos de produção. 4. O greenwashing ou lavagem verde ocorre quando uma empresa afirma oficialmente que têm práticas am- bientais sustentáveis quando, na ver- dade, faz uma propaganda enganosa. 5. Os principais temas são: gabarito 179 • Accountability. • Transparência. • Comportamento ético. • Respeito aos interesses das partes in- teressadas. • Respeito ao estado de direito. • Respeito às normas internacionais de comportamento. • Respeito aos direitos humanos. UNIDADE 4 1. A base da pirâmide é a responsabilida- de econômica, a qual carrega os lucros obtidos pela empresa. Nela, visa-se ao máximo a geração de lucro, a compe- tição e a eficiência no mercado. Já a responsabilidade legal exige que a or- ganização tenha um comportamento exemplar de acordo com as leis e as normas do país onde está inserida. A responsabilidade ética é composta pelos comportamentos e pelas atitu- des da empresa. Por sua vez, a respon- sabilidade filantrópica diz respeito ao funcionamento em consonância com as expectativas filantrópicas e de cari- dade da sociedade. Assim, é espera- do que a organização apoie a cultura, participe de voluntariado e de ativida- des nas comunidades locais, além de apoiar as instituições educacionais, a fim de melhorar a qualidade de vida da comunidade. 2. A dimensão “respeito à multicultura” e as políticas que consideram as di- ferenças individuais devem permear todas as práticas éticas corporativas. Trata-se de uma forma de respeitar as diferenças dentro da organização. 3. São exemplos de ações externas da SER: o desenvolvimento de projetos e programas sociais; parcerias com o governo, as ONGs e a sociedade civil; aplicação de recursos em programas de preservação ambiental; capaci- tação para o trabalho por meio de programas de voluntariado; dentre outros. 4. É um princípio caracterizado pelo tra- tamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em considera- ção os seus direitos, deveres, necessi- dades, interesses e expectativas. 5. Algumas formas de possibilitar a in- clusão social são: cotas para negros, índios ou pessoas com baixa renda em universidades; cotas para a contra- tação de pessoas com deficiência em empresas; seguro-desemprego para pessoas recentemente desemprega- das; licença à gestante, sem prejuízo de emprego e de salário, com a dura- ção de 120 dias; licença-paternidade; diferença entre os direitos de traba- lhadores rurais e urbanos; e a exigên- cia de acessibilidade em instituições de ensino. UNIDADE 5 1. O balanço social ou relatório de sus- tentabilidade se refere a um conjunto gabarito 180 de informações que demonstram a realidade na qual as empresas estão vinculadas e tem por intuito descre- ver a situação econômica, social e am- biental de uma entidade (empresa, governos, ONGs). Assim, é evidenciado o relacionamento da instituição com a comunidade e o resultado de sua responsabilidade social. 2. Uma empresa, quando concorre a um prêmio em relação à sustentabilidade, objetiva incentivar a realização de in- vestimentos e ações na área sustentá- vel, ao expor as suas atitudes que são realizadas para a comunidade. Conse- quentemente, há o fortalecimento da marca no mercado e um diferencial estabelecido. 3. Os principais tópicos da NBC T 15 são: i) geração e distribuição de riqueza; ii) recursos humanos; iii) interação da en- tidade com o ambiente externo; e iv) a interação com o meio ambiente. 4. O modelo Ibase se dá em forma de planilha. Assim, apresenta informa- ções sobre a folha de pagamento dos colaboradores, gastos com encargos sociais, participação nos lucros, de- talhes em relação às despesas de controle ambientais e investimentos sociais externos em várias áreas, tais como educação, cultura, saúde, den- tre outras. 5. Os principais motivos para uma em- presa ou organização se manter nos padrões do GRI são: i) demonstrar compromisso com os impactos am- bientais e sociais; ii) ter transparência nas relações; iii) obter maior partici- pação em mercados competitivos, a partir do planejamento das ativida- des, tornando-se uma empresa mais sustentável e posicionada; e iv) seguir as legislações vigentes. anotações anotações anotações anotações O NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO sustentável EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE e certificação dimensões da responsabilidade Social AUDITORIAS E MODELOS de DIVULGAÇÕES de ações sustentáveis conclusão geral https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia _GoBack Botão 1: Botão 2: Botão 3: Botão 4: Botão 5: Botão 6: