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Análise de Estruturas I Elasticidade Profs: Evandro Parente Junior Antônio Macário Cartaxo de Melo UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL 2 Introdução Teoria da Elasticidade: Ramo da Mecânica do Contínuo que estuda o comportamento dos sólidos elásticos. Objetivo: determinar as tensões, deformações e deslocamentos de um sólido devidos às ações externas. Comportamento elástico: o sólido retorna à sua configuração inicial imediatamente após a retirada do carregamento. Elasticidade linear x não-linear. 3 Introdução Mecânica do Contínuo: Busca descrever o comportamento dos materiais sem considerar a estrutura atômica e molecular. Hipótese do Contínuo: A natureza descontínua (i.e. discreta) da matéria pode ser representada por um meio contínuo equivalente que apresenta as mesmas propriedades macroscópicas. Permite conciliar a física (mecânica) com a matemática (cálculo diferencial). Homogeneização. 4 Microestrutura / escalas ciks.cbt.nist.gov/~garbocz/appendix1/node5.html Concreto: escala mm; compósito de argamassa (matriz) + agregados graúdos (3 a 30 mm). Argamassa: escala mm; pasta de cimento (matriz) + agregados miúdo - areia (1 a décimos de mm); manchas escuras = cimento não hidratado (dezenas de m). Pasta de cimento: massas brancas (inversão) – grãos de cimento que não reagiram (50 a 80 m) ; silicato de cálcio hidratado (CHS). Silicato de cálcio hidratado (CHS): nanoestrutura aleatória de poros. Dimensão da imagem = 300nm 5 Homogeneização Concreto pasta + ag. miúdo + ag. graúdo concreto 6 Homogeneização Concreto Asfáltico 7 Homogeneização alvenaria p Bloco Bloco Argamassa bloco + argamassa p Alvenaria estrutural 8 Homogeneização A Mecânica do Contínuo permite estudar os sólidos sem considerar os detalhes da microestrutura. A microestrutura determina as propriedades mecânicas dos materiais. Estas propriedades são obtidas a partir de ensaios de laboratório utilizando amostras adequadas: Elemento de Volume Representativo (EVR). Exemplos: corpo de prova de concreto e prisma de alvenaria estrutural. 9 Forças Externas Quanto à origem: Forças de campo / de corpo ou de volume [FL-3] Forças de contato / ou de superfície [FL-2] Quanto à natureza: Ativas Reativas Fonte: Hibbeler – Resistência dos Materais Forças Internas Corpo sólido em equilíbrio: Forças internas: forças de interação entre partículas do corpo. Corpo dividido imaginariamente em duas partes: Forças que mantêm as duas partes unidas. Forças que asseguram o equilíbrio de cada parte isoladamente. Na Mecânica: esforços resultantes. Elasticidade: vetor tensão. Sólido em equilíbrio Forças internas 10 Forças Internas Meio contínuo: Forças internas: representadas por forças de superfície distribuídas na seção S. Vetor tensão média ( ) atuante em S: Vetor F: resultante das forças internas. A: área da seção transversal S. n: o vetor tensão depende da seção S, definida por seu vetor normal n. Sólido em equilíbrio Forças internas An F t nt 11 Forças Internas Vetor tensão em um ponto de S: É uma força de superfície. Força no elemento de área dA: Sólido em equilíbrio Vetor tensão dA d AAn FF t 0 lim dAd ntF 12 Forças Internas Decomposição do vetor tensão: Componente normal: Componente tangencial (cisalhamento): nn nnnnn τ τσt 13 Forças Internas Estado de tensões em um ponto: Vetores tensão em 3 planos mutuamente perpendiculares: Tensor tensão: 14 Forças Internas Estado plano de tensões (EPT): Caso particular que depende do carregamento, da geometria da estrutura e das condições de apoio. Existem componentes de tensões em apenas um plano. Por exemplo, para o EPT em relação ao plano x-y: yyx xyx yyyx xyxx ou 15 Simetria do tensor tensão Equilíbrio de momentos em um elemento diferencial sob EPT: Em relação ao plano x-y, com espessura dz. Em relação aos planos x-z e y-z: 0zM xzzx yzzy xyyxyxxy dydzdxdxdzdy )()( 16 Notações do tensor Tensão Notação Tensorial: Notação vetorial (Voigt): EPT: zyzxz yzyxy xzxyx σ yz xz xy z y x σ yxy xyx xy y x 17 Tensões em um plano qualquer y x z dAx dAy dAz yx yz y zx zy z xy xz x tn n 18 Tensões em um plano qualquer Equilíbrio do tetraedro diferencial: Relação entre o vetor normal e as áreas do tetraedro: 0 0 0 z y x F F F 0 0 0 zzzyyzxxzz zzyyyyxxyy zzxyyxxxxx dAdAdAdAt dAdAdAdAt dAdAdAdAt zyxi dA dA ndAndA iiii ,,onde, y x z dAx dAy dAz yx yz y zx zy z xy xz x tn n 19 Tensões em um plano qualquer Teorema de Cauchy na forma matricial: Da simetria do tensor tensão: nt t z y x zyzxz zyyxy zxyxx z y x n n n t t t nt z y x zzyzxz yzyyxy xzxyxx z y x n n n t t t y x z dAx dAy dAz yx yz y zx zy z xy xz x tn n 20 Relação entre tensões e forças de superfície Ponto na superfície: fs = força externa na superfície Condição que o tensor tensão deve satisfazer na região do contorno onde fs é prescrita, incluindo o caso de força de superfície nula (superfície livre de tensões). s ft y x z dAx dAy dAz yx yz y zx zy z xy xz x tn n 21 Determinar as tensões nos pontos A, B, C e D da chapa abaixo (Estado Plano de Tensões) de espessura t (m) submetida à carga q (N/m). A B C D qx y Exercício 22 Exercício Solução: 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Ponto A: 𝑥𝑦 𝑦 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Ponto B: 𝑥𝑦 𝑦 = 0 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Ponto C: 𝑥 𝑥𝑦 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Ponto D: 𝑥 𝑥𝑦 A B C D qx y 23 24 Equações Diferenciais de Equilíbrio (EDE) Campo de tensões no interior do corpo é função de x-y-z. Estado plano de tensão: Condições de equilíbrio impõem restrições ao campo de tensões. ),( ),( ),( yx yx yx xyxy yy xx 25 EDE: Estado Plano de Tensões (EPT) Sólido em equilíbrio sob EPT - um elemento diferencial também está em equilíbrio: bx by 26 EDE: Estado Plano de Tensões (EPT) Equilíbrio em x: bx by 0),(),(),(),( dzdydxbdzdxyxdzdxdyyxdzdyyxdzdyydxx xxyxyxx 0 ),(),(),(),( x xyxyxx b dy yxdyyx dx yxydxx 0 x xyx b yx 27 EDE: Estado Plano de Tensões (EPT) Equilíbrio em y: 0),(),(),(),( dzdydxbdzdyyxdzdyydxxdzdxyxdzdxdyyx yxyxyyy 0 ),(),(),(),( y yyxyxy b dy yxdyyx dx yxydxx 0 y yxy b yx bx by 28 Equações diferenciais de equilíbrio Estado plano de tensões: Caso geral (3D): 0 0 y yxy x xyx b yx b yx 0 0 0 z zyzxz y yzyxy x xzxyx b zyx b zyx b zyx Forças de corpo 29 Cinemática Definição. Corpos deformáveis: Deslocamentos. Deformações. Configurações inicial e final: xxu zzw yyv xxu ),,( ),,( ),,( zyxww zyxvv zyxuux X’ Deformaçãonormal: Deformação de cisalhamento: 30 Cinemática A B ds B’ds' s ds ds ds 1 sds ds B A O B’ O’ dt dt’q q g st q q ds ds' 31 Relações Deformação-Deslocamento Elemento infinitesimal na posição inicial. Após a deformação... 32 Relações Deformação-Deslocamento a b 33 Relações Deformação-Deslocamento dx x u u a cos)1( dxx a 34 Relações Deformação-Deslocamento dx x u udxdxu x a cos)1( dx x u u a cos)1( dxx x u x a 1cos 35 Relações Deformação-Deslocamento dy y v v b cos)1( dyy b 36 Relações Deformação-Deslocamento dy y v vdydyv y b cos)1( dy y v v b cos)1( dyy y v y b 1cos 37 Relações Deformação-Deslocamento dx x v v dy y u u dx x v dy y u b a 38 Relações Deformação-Deslocamento y u sen dy y u sendy y bbb b )1( x v sen dx x v sendx x aaa a )1( x v y u xy bag dx x v dy y u 1 2 2 xy xy u v y x g a b 39 Deformações em 2D x u x y v y g xy v x u y Tensor Vetor xy y x xy y x g 2 ε 𝑥𝑥 𝑥𝑦 𝑦𝑥 𝑦𝑦 40 Deformações em 3D zzzyzx yzyyyx xzxyxx ε z v y w z u x w y u x v z w y v x u yz xz xy z y x g g g yz xz xy z y x yz xz xy z y x g g g 2 2 2 ε Tensor Vetor 41 Equações de Compatibilidade 2x y2 3u xy2 2y x2 3v x2y 2g xy xy 3u xy2 3v x2y • Dado u: é obtida por derivação direta. • Dado : a solução é única? Mais equações do que incógnitas. Assegurada pelas equações de compatibilidade: 2x y2 2y x2 2g xy xy 42 Equações de Compatibilidade zyyz zxxz yxxy yzzy xzzx xyyx g g g 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 • Em 2D - 1 equação. • Em 3D – 6 equações: 2 2222 2 2222 2 2222 2 2 2 zzxzyyx yyxzyzx xyxzxzy xyyzxzz xzyzxyy yzxzxyx ggg ggg ggg 43 Equações Constitutivas • Influência do material. • Relações tensão-deformação (experimentais): • Teoria linear da elasticidade (lei de Hooke). • Caso uniaxial: ),,,(ou),,,( TtgTtf εσσε E E xxxx 44 Equações Constitutivas • Caso geral (3D): • Efeito de Poisson ( ). • Material isotrópico. • Superposição de efeitos: )( 1 )( 1 )( 1 yxzz zxyy zyxx E E E yzyz xzxz xyxy E E E g g g )1(2 )1(2 )1(2 x x xy xy xy xy 45 Lei de Hooke Generalizada yz xz xy z y x yz xz xy z y x E g g g )1(200000 0)1(20000 00)1(2000 0001 0001 0001 1 46 Lei de Hooke Generalizada yz xz xy z y x yz xz xy z y x E g g g 2 )21( 00000 0 2 )21( 0000 00 2 )21( 000 000)1( 000)1( 000)1( )21)(1( 47 Estado Plano de Tensão • Componentes de deformação: • Tornam-se: .0)( zyzxyxz xy xyx y yy x x E GEEEE gg g )( 1 )( 1 )( 1 yxzz zxyy zyxx E E E yzyz xzxz xyxy E E E g g g )1(2 )1(2 )1(2 0 0 0 0 0 • Estado Plano de Tensão: 48 Lei de Hooke Generalizada xy y x xy y x E g )1(200 01 01 1 xy y x xy y x E g 2 1 00 01 01 1 2 Exercício Solução: Equações diferenciais de equilíbrio: 49 Determine se o seguinte campo de tensões bidimensional: x = 3ax2y, y = ay3, xy = -3axy2, onde a é uma constante, é solução de um problema de elasticidade. Considere que e que as forças de corpo são nulas e que o material é linear elástico com módulo de elasticidade E e coeficiente de Poisson . 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 Ok! Ok! Exercício 50 𝑦 𝑦 𝑥 𝑦 𝑥𝑦𝑥𝑦 𝑥𝑦 Compatibilidade: 𝑥 𝑦 𝑥𝑦 Como a equação de compatibilidade não é satisfeita, o campo de tensões dado não é solução de um problema de elasticidade! Deformações: 𝑥 𝑥 𝑦 𝑥 51 Solução – Problema da TLE • Problema: • Determinar deslocamentos, deformações e tensões. • Satisfazendo equilíbrio, compatibilidade e relações constitutivas em V e condições de contorno em S : V Su Su Sf Sf S fS b fs u S S em, em, fn uu uf uf SS SSS 52 Solução – Problema da TLE Equações: 3 equações de equilíbrio. 6 relações deformação-deslocamento. 6 relações constitutivas. Incógnitas: Deslocamentos (u, v, w). Dependentes das coordenadas (x, y, z). 53 Solução – Problema da TLE Sistema de equações diferenciais parciais (EDPs) lineares: Deformações em função dos deslocamentos. Tensões em função das deformações. Equações de equilíbrio em função dos deslocamentos. Sistema com 3 EDPs com 3 incógnitas. Estado Plano de Tensões: 2 EDPs com 2 incógnitas. Existência e Unicidade: O sistema de EDPs tem sempre solução. Esta solução é única. 54 Solução – Problema da TLE A solução analítica exata das equações da elasticidade é difícil: Geometrias, apoios e condições de contorno simples. Problemas de interesse prático. Soluções aproximadas uso do Princípio de Saint-Venant. Problemas complexos: Análise experimental de tensões. Soluções aproximadas obtidas usando métodos computacionais. 55 Princípio de Saint-Venant Os campos de deslocamentos, deformações e tensões em um sólido causados por diferentes sistemas de forças estaticamente equivalentes são aproximadamente iguais em regiões distantes dos pontos de carregamento. P/2P P/2 P/3 P/3P/3 P/A D B D D B D D B D B D D = Descontinuidade B = Bernoulli Chapa sob o próprio peso 56 Considere uma chapa de seção retangular (b x h) engastada na sua base e submetida apenas ao seu próprio peso (g = g). Obtenha o campo de deslocamentos, deformações e tensões usando as equações da elasticidade. L h/2h/2 x y Solução (Estado Plano de Tensão): E D S I Hipótese: 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Faces E/D: Ok! Equações diferenciais de equilíbrio: 𝑥 𝑥𝑦 Ok! Chapa sob o próprio peso Face S (y = L): 57 𝑥𝑦 𝑦 𝑦 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Este campo de tensões satisfaz as equações diferenciais de equilíbrio e as condições de contorno em Sf. Chapa sob o próprio peso 58 𝑦 𝑦 𝑥 𝑦 𝑥𝑦𝑥𝑦 𝑥𝑦 Compatibilidade: 𝑥 𝑦 𝑥𝑦 Como a equação de compatibilidade é satisfeita, o campo de tensões é solução de um problema de elasticidade. Deformações: 𝑥 𝑥 𝑦 𝑥 Ok! Chapa sob o próprio peso 59 𝑦 𝑥𝑦𝑥𝑦 Deslocamentos: 𝑥 Função de xFunção de y Chapa sob o próprio peso 60 + x y Condições de contorno: Chapa sob o próprio peso 61 x y Constantes de integração: Deslocamentos: D B Princípio de Saint-Venant Viga em balanço com cargatransversal 62 Considere a viga abaixo de seção retangular (b x h) submetida a uma carga transversal P na sua face esquerda. Obtenha o campo de deslocamentos, deformações e tensões usando as equações da elasticidade. L x h/2 h/2 y P Solução (Estado Plano de Tensão): Esforços internos (estática): Esforços internos: Viga em balanço com carga transversal 63 L x h/2 h/2 y P Hipótese (ResMat): Equações diferenciais de equilíbrio: Faces S/I (y = h/2): 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = Viga em balanço com carga transversal 64 𝑥𝑦 𝑦 𝑦 𝑦 Faces S/I (y = h/2): 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 = 𝑦 Viga em balanço com carga transversal 65 Campo de tensões: L x h/2 h/2 y 3P 2A Face E (x = ): = 𝑥 𝑥𝑦 𝑥𝑦 𝑦 Este campo de tensões satisfaz as equações diferenciais de equilíbrio e as condições de contorno em Sf , desde que a carga transversal seja aplicada da forma mostrada na figura. Viga em balanço com carga transversal 66 Equilíbrio global: Assim, mesmo que caso a carga seja aplicada de forma diferente, o campo de tensões obtido é válido a uma certa distância da Face E. / / Ok! Ok! Ok! Viga em balanço com carga transversal 67 𝑦 𝑦 𝑥 𝑦 𝑥𝑦𝑥𝑦 𝑥𝑦 Compatibilidade: 𝑥 𝑦 𝑥𝑦 Como a equação de compatibilidade é satisfeita, o campo de tensões é solução de um problema de elasticidade. Deformações: 𝑥 𝑥 𝑦 𝑥 Ok! Viga em balanço com carga transversal 68 𝑦 𝑥𝑦 Deslocamentos: 𝑥 Função de x Função de y Viga em balanço com carga transversal 69 Viga em balanço com carga transversal 70 Campo de deslocamentos: Condições de contorno: L x h/2 h/2 y 3P 2A Viga em balanço com carga transversal 71 Campo de deslocamentos final: L x h/2 h/2 y 3P 2A Os deslocamentos u e v não são nulos em Su (Face D), mas pelo Princípio de Saint Venant, a solução obtida é válida para regiões distantes desta face. Viga em balanço com carga transversal 72 Linha elástica: Solução da Teoria Clássica de Vigas Efeito do cisalhamento: importante para vigas pouco esbeltas! 73 FIM
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