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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS PARA ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA AULA 6: BARRAS CARREGADAS AXIALMENTE - DEFORMAÇÕES, DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO, LEI DE HOOKE, MÓDULO DE ELASTICIDADE, TENSÃO ADMISSÍVEL, COEFICIENTE DE POISSON Universidade Federal do Piauí - UFPI Centro de Tecnologia - CT Departamento de Estruturas - DE Professora: Eunice Silva Santos ➢ Um outro aspecto importante da análise e projeto de estruturas relaciona- se com as deformações produzidas pelas cargas aplicadas a uma estrutura. ➢ A análise das deformações é importante para se evitar deformações grandes o suficiente que possam impedir a estrutura de atender à finalidade para a qual ela foi destinada, mas essa análise também pode nos ajudar na determinação das tensões. ➢ Análise das Deformações: ✓ Vamos considerar uma barra BC, de comprimento L e com seção transversal uniforme de área A, que está suspensa em B. Se aplicarmos uma força P à extremidade C, a barra tem um alongamento (𝜹). ✓ E definimos deformação específica normal (𝜺) em uma barra sob carregamento axial como a deformação por unidade de comprimento da barra. 𝜀 = 𝛿 𝐿 onde 𝐿 é comprimento inicial da barra. DEFORMAÇÕES ➢ Construindo o gráfico da tensão 𝜎 = Τ𝑃 𝐴 em função da deformação específica 𝜀 = Τ𝛿 𝐿, obtemos uma curva característica das propriedades do material que não depende das dimensões do corpo de prova utilizado e sim do material que constitui o corpo. Essa curva é chamada de diagrama tensão-deformação. ➢ Por meio desse diagrama podemos determinar algumas propriedades importantes do material, como seu módulo de elasticidade, e se o material é dúctil ou frágil, tensões e deformações limites. ➢ Para obter o diagrama tensão-deformação de um material, geralmente se executa um ensaio de tração em um corpo de prova do material. ✓ A área da seção transversal da parte central cilíndrica do corpo de prova foi determinada com precisão e foram feitas duas marcas de referência naquela parte a uma distância 𝑳𝟎 uma da outra. A distância 𝐿0 é conhecida como comprimento de referência do corpo de prova. ✓ O corpo de prova é então colocado em uma máquina de teste, utilizada para aplicar uma carga centrada 𝑷. À medida que a carga P aumenta, a distância 𝑳 entre as duas marcas de referência também aumenta. ✓ A distância 𝐿 é medida com um extensômetro, e o alongamento δ = 𝐿 − 𝐿0 é registrado para cada valor de 𝑃. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Diagrama Tensão-Deformação ➢ É possível distinguir algumas características comuns entre os diagramas tensão- deformação de vários grupos de materiais e, assim, dividir os materiais em duas categorias principais com base nessas características, ou seja, materiais dúcteis e materiais frágeis. ➢ Os materiais dúcteis, como o aço estrutural e as ligas de muitos outros metais, são caracterizados por sua capacidade de escoar na temperatura ambiente. ✓ À medida que o corpo de prova é submetido a uma carga crescente, seu comprimento aumenta linearmente a uma taxa muito baixa, inicialmente. Assim, a parte inicial do diagrama tensão-deformação é uma linha reta com inclinação bastante acentuada. No entanto, após alcançar um valor crítico de tensão 𝜎𝐸 , o corpo de prova sofre uma grande deformação com aumento relativamente pequeno da carga aplicada. ✓ A tensão 𝝈𝑬, na qual o escoamento é iniciado, é chamada de resistência ao escoamento do material, a tensão 𝝈𝑳 correspondente à carga máxima aplicada ao corpo de prova é conhecida como limite de resistência, e a tensão 𝝈𝑹, correspondente à ruptura, é chamada de resistência à ruptura. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Diagrama Tensão-Deformação ➢ Comportamento elástico ✓ A tensão é proporcional à deformação. ✓ O material é linearmente elástico. ➢ Escoamento ✓ Um pequeno aumento na tensão acima do limite de elasticidade resultará no colapso do material e fará com que ele se deforme permanentemente. ➢ Endurecimento por deformação ✓ Quando o escoamento tiver terminado, pode-se aplicar uma carga adicional ao corpo de prova, o que resulta em uma curva que cresce continuamente, mas torna-se mais achatada até atingir uma tensão máxima denominada limite de resistência. ➢ Estricção ➢ Diagrama tensão-deformação real TENSÕES e DEFORMAÇÕES Diagrama Tensão-Deformação ➢ Estricção ✓ No limite de resistência, a área da seção transversal começa a diminuir em uma região localizada do corpo de prova. ✓ O corpo de prova quebra quando atinge a tensão de ruptura. ➢ Diagrama tensão-deformação real ✓ Os valores da tensão e da deformação calculados por essas medições são denominados tensão real e deformação real. ✓ Use este diagrama já que a maioria dos projetos de engenharia é feito dentro da faixa elástica. ✓ O comportamento da tensão-deformação de materiais dúcteis e frágeis ✓ Materiais dúcteis: Material que possa ser submetido a grandes deformações antes de sofrer ruptura é denominado material dúctil. ✓ Materiais frágeis: Materiais que exibem pouco ou nenhum escoamento antes da falha são denominados materiais frágeis. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Diagrama Tensão-Deformação ➢ Materiais frágeis, que incluem ferro fundido, vidro e pedra. ✓ São caracterizados pelo fato de que a ruptura ocorre sem nenhuma mudança prévia notável na taxa de alongamento. ✓ Para os materiais frágeis, não há diferença entre o limite de resistência e a resistência à ruptura. ✓ A deformação no instante da ruptura é muito menor para materiais frágeis que para materiais dúcteis. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Diagrama Tensão-Deformação ➢ Em geral, as estruturas em engenharia são projetadas para sofrer deformações relativamente pequenas, que envolvem somente a parte linear do correspondente diagrama tensão- deformação. Para essa parte inicial do diagrama, a tensão σ é diretamente proporcional à deformação específica ε: 𝝈 = 𝑬 ∙ 𝜺 ➢ Essa relação é conhecida como lei de Hooke, onde: ✓ o coeficiente 𝑬 é chamado de módulo de elasticidade do material envolvido, ou também módulo de Young, ✓ a deformação específica 𝜺 é uma quantidade adimensional, ✓ o módulo 𝐸 é expresso nas mesmas unidades da tensão. ➢ O maior valor da tensão para o qual a lei de Hooke pode ser utilizada para determinado material é conhecido como o limite de proporcionalidade daquele material. No caso dos materiais dúcteis que possuem um ponto de escoamento bem definido, o limite de proporcionalidade quase coincide com o ponto de escoamento. ➢ Comportamentos Elástico e Plástico. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Lei de Hooke e o Módulo de Elasticidade ➢ Carga admissível e tensão admissível e o Coeficiente de Segurança ✓ A carga máxima que um elemento estrutural ou um membro de máquina poderá suportar sob condições normais de utilização é consideravelmente menor que o valor da carga-limite, essa carga menor é conhecida como carga admissível e, às vezes, como carga de trabalho ou carga de projeto. ✓ Somente uma fração do limite da capacidade de carga do elemento é utilizada quando aplicada à carga admissível. A parte restante da capacidade de carga do elemento é mantida na reserva para garantir seu desempenho com segurança. ✓ A relação entre a carga-limite e a carga admissível é utilizada para definir o coeficiente de segurança: 𝐶. 𝑆.= carga − limite carga − admissível 𝐶. 𝑆. = tensão − limite tensão − admissível Método das Tensões Admissíveis TENSÕES e DEFORMAÇÕES Tensão Admissível ➢ Considerando a barra homogênea BC de comprimento L e seção transversal uniforme de área A submetida a uma força axial centrada P. Se a tensão axial resultante 𝜎 = 𝑃/𝐴 não ultrapassar o limite de proporcionalidade do material, podemos aplicar a lei de Hooke 𝜎 = 𝐸 ∙ 𝜀 onde: σ = P A e 𝜀 = 𝛿 𝐿 P A = 𝐸 ∙ 𝛿 𝐿 𝜹 = 𝑷 ∙ 𝑳 𝑬 ∙ 𝑨 ✓ A equação só pode ser utilizada se a barra for homogênea (E constante), se tiver uma seção transversal uniforme de área A e se tiver a força aplicada em suas extremidades. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações sob carregamento axial ➢Revisando: ✓ Quando uma barra delgada homogênea é carregada axialmente por uma carga 𝑃, a tensão (𝜎 = Τ𝑃 𝐴) e a deformação específica (𝜀𝑥) resultantes satisfazem a lei de Hooke (𝜎 = 𝐸 ∙ 𝜀), desde que o limite de elasticidade do material não seja excedido. ✓ As tensões normais nas faces, respectivamente, perpendiculares aos eixos 𝑦 e 𝑧 são iguais a zero: 𝜎𝑦 = 𝜎𝑧 = 0. No entanto, as deformações específicas correspondentes 𝜀𝑦 e 𝜀𝑧 não são iguais a zero. ➢ Coeficiente de Poisson ✓ Em todos os materiais de engenharia, a deformação produzida por uma força axial de tração 𝑷 na direção da força é acompanhada por uma contração em qualquer direção transversal. ✓ Para materiais homogêneos e isotrópicos, o coeficiente de Poisson é o parâmetro do material que relaciona as deformações específicas transversal (lateral) e longitudinal (axial). TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações sob carregamento axial 𝝂 = − 𝜺𝑻 𝜺𝑳 𝝂 = − 𝜺𝒚 𝜺𝒙 = − 𝜺𝒛 𝜺𝒙 ➢ Coeficiente de Poisson ✓ Para barras carregadas axialmente que satisfazem a Lei de Hooke (𝜎 = 𝐸 ∙ 𝜀), considerando o coeficiente de Poisson do material que a constitui, as deformações especificas nas direções x (axial), y e z (transversais) podem ser escritas da seguinte forma: ➢ Lei de Hooke Generalizada ✓ Em elementos estruturais submetidos a cargas que atuam nas direções dos três eixos coordenados e produzem tensões normais 𝝈𝒙, 𝝈𝒚 e 𝝈𝒛 que são todas diferentes de zero, conhecido como carregamento multiaxial, as relações entre tensões e deformações são escritas assim: TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações sob carregamento axial 𝜺𝒚 = 𝜺𝒛 = −𝝂𝜺𝒙𝜺𝒙 = 𝝈𝒙 𝑬 𝜺𝒚 = 𝜺𝒛 = − 𝝂 ⋅ 𝝈𝒙 𝑬 𝜺𝒙 = 𝝈𝒙 𝑬 − 𝝂 𝝈𝒚 𝑬 − 𝝂 𝝈𝒛 𝑬 𝜺𝒚 = 𝝈𝒚 𝑬 − 𝝂 𝝈𝒙 𝑬 − 𝝂 𝝈𝒛 𝑬 𝜺𝒛 = 𝝈𝒛 𝑬 − 𝝂 𝝈𝒙 𝑬 − 𝝂 𝝈𝒚 𝑬 𝜺𝒙 = 𝟏 𝑬 𝝈𝒙 − 𝝂 𝝈𝒚 + 𝝈𝒛 𝜺𝒚 = 𝟏 𝑬 𝝈𝒚 − 𝝂 𝝈𝒙 + 𝝈𝒛 𝜺𝒛 = 𝟏 𝑬 𝝈𝒛 − 𝝂 𝝈𝒙 + 𝝈𝒚 𝝈𝒙 = 𝝀 𝜺𝒙 𝝂 + 𝟏 𝟏 − 𝝂 𝜺𝒚 + 𝜺𝒛 𝝈𝒚 = 𝝀 𝜺𝒚 𝝂 + 𝟏 𝟏 − 𝝂 𝜺𝒙 + 𝜺𝒛 𝝈𝒛 = 𝝀 𝜺𝒛 𝝂 + 𝟏 𝟏 − 𝝂 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 ∴ 𝝀 = 𝑬 ∙ 𝝂 𝟏 + 𝝂 𝟏 − 𝟐𝝂 ➢ Exemplo ✓ O bloco de aço mostrado na figura abaixo está submetido a uma pressão uniforme em todas as suas faces. Sabendo que a variação no comprimento da aresta AB é 0,03 mm, determine (a) a variação no comprimento das outras arestas e (b) a pressão p aplicada às faces do bloco. Suponha 𝐸 = 200 GPa e 𝜈 = 0,29. TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações sob carregamento axial ➢ Dilatação volumétrica ✓ Avaliando o efeito das tensões normais no volume de um elemento de material isotrópico. Em seu estado livre de tensões, ele está na forma de um cubo de volume unitário, e sob as tensões 𝜎𝑥, 𝜎𝑦 e 𝜎𝑧, ele se deforma transformando-se em um paralelepípedo retangular de volume: 𝜐 = 1 + 𝜀𝑥 1 + 𝜀𝑦 1 + 𝜀𝑧 𝝊 = 𝟏 + 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 + 𝜺𝒛 ✓ Designando por 𝑒 a variação do volume de nosso elemento: 𝑒 = 𝜈 − 1 = 1 + 𝜀𝑥 + 𝜀𝑦 + 𝜀𝑧 − 1 ⅇ = 𝜺𝒙 + 𝜺𝒚 + 𝜺𝒛 ✓ Como o elemento tinha originalmente um volume unitário, a quantidade ⅇ representa a variação em volume por unidade de volume. Ela é conhecida como dilatação volumétrica específica do material. Escrevendo em termos de tensão: 𝑒 = 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 + 𝜎𝑧 𝐸 − 2𝜈 ∙ 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 + 𝜎𝑧 𝐸 ⅇ = 𝟏 − 𝟐𝝂 𝑬 ∙ 𝝈𝒙 + 𝝈𝒚 + 𝝈𝒛 TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações sob carregamento axial ➢ Módulo de Compressibilidade Volumétrica ✓ Um caso de interesse especial é aquele de um corpo sujeito a uma pressão hidrostática uniforme p. Cada uma das componentes de tensão é então igual a −𝑝, a equação de dilatação volumétrica específica fica: ⅇ = − 𝟑 𝟏 − 𝟐𝝂 𝑬 𝒑 Chamando o módulo de compressibilidade volumétrica do material de temos: ⅇ = − 𝒑 𝒌 TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações sob carregamento axial 𝒌 = 𝑬 𝟑 𝟏 − 𝟐𝝂 , ➢ Deformação de cisalhamento ✓ Na situação de estado de tensão mais geral representada na figura ao lado, além das tensões normais 𝜎𝑥, 𝜎𝑦 e 𝜎𝑧, estarão presentes as tensões de cisalhamento 𝜏𝑥𝑦, 𝜏𝑦𝑧 e 𝜏𝑧x. ✓ As tensões de cisalhamento tenderão a deformar um elemento em forma de cubo do material transformando-o em um paralelepípedo oblíquo. ✓ Dois dos ângulos formados pelas quatro faces sob tensão são reduzidos de 𝜋 2 para 𝜋 2 − 𝛾𝑥𝑦 , enquanto os outros dois são aumentados de 𝜋 2 para 𝜋 2 + 𝛾𝑥𝑦. ✓ O pequeno ângulo 𝜸𝒙𝒚 (expresso em radianos) define a deformação de cisalhamento correspondente às direções x e y. Lei de Hooke para tensão e deformação de cisalhamento: 𝝉𝒙𝒚 = 𝑮 ∙ 𝜸𝒙𝒚 𝝉𝒚𝒛 = 𝑮 ∙ 𝜸𝒚𝒛 𝝉𝒛𝒙 = 𝑮 ∙ 𝜸𝒛𝒙 TENSÕES e DEFORMAÇÕES Deformações de cisalhamento 𝑮 = 𝑬 𝟐 𝟏 + 𝝂
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