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Universidade Federal de Alagoas (UFAL) 
Instituto de Psicologia (IP) 
 
 
Edjane Rosendo da Silva 
Enzo Matte Gualiato 
Isabelly Victoria Peres Pedrosa 
Kalinka Costa Silva 
Leticia Ferreira Acioli 
Martha Santos de Lima 
Rebekah Gabryelly Oliveira Cardoso 
 
 
 
 
 
Resenha crítica: Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió-AL 
2022 
 
 
Edjane Rosendo da Silva 
Enzo Matte Gualiato 
Isabelly Victoria Peres Pedrosa 
Kalinka Costa Silva 
Leticia Ferreira Acioli 
Martha Santos de Lima 
Rebekah Gabryelly Oliveira Cardoso 
 
 
 
Resenha crítica: Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências 
 
 
 
 
 
Trabalho solicitado na disciplina de Teorias e 
Sistemas Psicológicos, do curso de Psicologia da 
Universidade Federal de Alagoas, como requisito 
parcial para obtenção de nota relativa à avaliação 
bimestral I. 
 
Professor: Dr. Frederico Alves Costa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió-AL 
2022 
 
 
Resumo: No presente trabalho discorreremos uma resenha crítica a respeito do artigo cientifico 
de Boaventura de Sousa Santos: Para uma sociologia ausente das emergências. 
 
Palavras-chaves: sociologia; globalização; racionalidade; 
 
 
 
Sumário 
Introdução ............................................................................................................................................... 4 
Resenha Crítica ...................................................................................................................................... 4 
Conclusão ............................................................................................................................................. 13 
Referências ............................................................................................................................................ 14 
 
 
 
4 
 
 
Introdução 
 No artigo científico “Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das 
emergências”, o Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra e Diretor 
Emérito do Centro de Estudos Sociais Boaventura de Sousa Santos aborda uma crítica ao 
modelo atual da racionalidade ocidental, a qual intitula em seu texto de razão indolente e 
descreve outro modelo que considera ideal chamado de razão cosmopolita. 
 
Resenha Crítica 
 Conforme Santos (2002), seu texto é resultado de uma investigação que por ele foi 
dirigido chamado “A reinvenção da emancipação social” (onde é abordado a luta de ONGs 
e movimentos sociais contra a exclusão e a discriminação em diferentes contextos sociais 
e países como alternativas à globalização neoliberal). O objeto de estudo utilizado 
na investigação foram seis países, dentre eles o Brasil, onde essa disputa entre a 
globalização neoliberal hegemônica e a globalização contra hegemônica é mais intensa, o autor 
acreditava que, pelo fato deles serem países onde encontra-se multiculturalismo, é mais fácil de 
se achar distintos movimentos sociais que defendam iniciativas que tratem as mais 
diversas “verdades” como válidas, mesmo que não se enquadrem no que ele descreve como 
razão indolente. O professor explica que o contexto para que se chegasse a essa resposta foi 
baseado fora do meio de produção de ciência social que é tido como “o correto”, no propósito 
de criar uma comunidade cientifica internacional independente da forma de produção ocidental. 
Visto que, já é considerado por quase toda sociedade mundial qualquer conhecimento 
diferente da visão ocidental inválido. Outros instrumentos que são utilizados e estudados pelo 
escritor são as multiculturas, conhecimentos não científicos e os movimentos alternativos. Por 
consequência desses fatores, três conclusões foram alcançadas: os saberes locais múltiplos são 
desconsiderados pelos contextos hegemônicos de produção, o desperdício das inúmeras 
experiências sociais gera a ideia de que não há outras formas alternativas e a ciência social não 
pode ser utilizada para gerar visibilidade às iniciativas particulares, uma vez que a ciência foi 
pautada em ideais ocidentais. 
 A compressão atual de mundo é influenciada pelo ocidente, e esse é um dos pontos de 
partida que o autor utiliza para fundar três procedimentos sociológicos: a sociologia das 
ausências, a sociologia das emergências e o trabalho de produção. Para não ocorrer o 
 
5 
 
desperdício das diversas experiencias, propõe-se uma racionalidade intitulada de cosmopolita, 
onde são utilizados os procedimentos com a finalidade de que seja possível que a diversidade 
etnocultural atual tenha espaço e tempo para evitar o desperdício que sofremos hoje. A 
ferramenta utilizada foi nomeada de trabalho de tradução. Além disso, ocorre a crítica da 
razão indolente, a causa da nossa infeliz situação atual cultural. A crítica ocorre de quatro 
formas diferentes a qual Santos, descreve como: A razão impotente; a razão arrogante; a razão 
metonímica; e a razão proléptica. 
 Essa razão indolente tem como consequência o conhecimento hegemônico filosófico 
e cientifico atual. Com o propósito de modificar essa verdade homogênea, é necessário desafiar 
a razão indolente, só assim será possível que ocorra um avanço positivo. No artigo, Boaventura 
confronta essa razão sob duas formas: a razão metonímica e a razão proléptica, porque ao seu 
ver: “as duas primeiras são verdadeiramente as formas fundacionais e é por isso que, não 
tendo elas sido questionadas, os debates referidos se têm revelado indefiníveis.” Santos (2002, 
p. 3) 
 Comecemos com a razão metonímica: Boaventura descreve tal razão como “obcecada pela 
ideia de totalidade sob a forma de ordem”, quer dizer, a razão metonímica tem o todo como 
superior às partes, as partes não existem sem a totalidade e qualquer modificação delas são 
vistas como particularidades que não afetam o todo. A forma mais hierárquica e elegante que a 
razão metonímica vai encontrar para se definir será a dicotomia para que haja sempre uma 
simetria limitante, impedindo de que seja evidenciado que o todo não é superior, mas sim 
dependente das partes. Esta simetria causada pela dicotomia refere-se a dividir de forma 
hierárquica qualquer tema em dois lados, gerando, assim, o lado positivo e negativo, favorecido 
e desfavorecido. Como consequências dessa totalidade, temos principalmente a ideia de que 
não existe nada fora dela que mereça atenção ou reconhecimento, mesmo que ela seja 
abrangente apenas na modernidade ocidental, e a ideia de que uma metade desta totalidade não 
é inteligível se estiver separada da outra metade, não podendo haver independência de alguma 
das partes, prendendo-as em uma ligação e impedindo-as de se tornarem totalidades diferentes, 
algo muito útil para razão metonímica, já que a possibilidade do decréscimo do capitalismo 
ocidental acontecer é mínima. Pode se notar que a razão metonímica é, então, uma versão 
opositora da totalidade oriental, que, apesar de ser fundadora da ocidental, é, de fato, totalizante, 
já que engloba uma diversidade de mundos e uma multiplicidade de tempos, sendo anti-
dicotômica. O Ocidente, mesmo sendo opositor ao Oriente, consegue se aproveitar dessa 
diversidade de partes e filtrar para si apenas o que lhe é útil, conseguindo reduzir a 
 
6 
 
multiplicidade terrena e temporal do Oriente. Boaventura explica que essa redução se dá através 
de dois processos: a redução de multiplicidade dos mundos ao mundo terreno, através do 
processo de secularização e de laicização, tornando a sociedade leiga em relação aos demais 
mundos e a redução da multiplicidade dos tempos ao tempo linear é obtida pelos conceitos que 
vieram substituir a ideia sotérica que ligava a multiplicidade de mundos, nomeadamente o 
conceito de progresso e o conceito de revolução que veio a fundar-se a razão proléptica. Santos 
fala também que o foco da supremacia Ocidental é impora sua primazia sobre as partes, 
ignorando as partes que não se encaixam, para que não causem problemas e o controle não se 
esvaia, e é justamente essa imposição que a torna eficaz, é possível perceber que ela não utiliza 
argumentos coerentes ou lógica. Desta forma, a consequência de a razão metonímica ser 
presente no Ocidente é uma massa alienada e pobre de experiências, pois não tem compreensão 
de mundo, conhecimento e é incapaz de evoluir, permanecendo estagnado em um mundo 
limitado. Boaventura fala que para poder recuperar a experiência desperdiçada, estender o 
espaço-tempo e identificar e valorizar as riquezas inesgotáveis do mundo e do presente é 
necessário que haja uma crítica da razão metonímica. E para dilatar o presente dentro dessa 
crítica, há dois procedimentos: proliferação das totalidades, ou seja, fazer a totalidade da razão 
metonímica coexistir com outras totalidades; mostrar que qualquer totalidade é feita de 
heterogeneidade e que as partes que a compõem têm uma vida própria fora dela, conseguindo 
se desfazer do todo e se transformar em todos diferentes e independentes. Logo, tais 
procedimentos devem começar a partir de seu procedimento inicial denominado por Santos 
como sociologia das ausências. Esta busca demonstrar que o que não existe apenas não existe 
porque foi produzido para não isso e explanar tais produtos de forma que passem a existir, 
tornando o impossível em possível, moldando a sociologia das ausências em presenças. Dentro 
do texto, são destacadas cinco lógicas produção da não-existência: a primeira é derivada da 
monocultura do saber e do rigor do saber, que consiste na transformação da ciência moderna e 
da alta cultura em critérios únicos de verdade e qualidade estética, onde a não-existência assume 
a forma de ignorância ou incultura (o ignorante); a segunda lógica parte da monocultura do 
tempo linear, que a história segue um caminho reto e conhecido, a lógica da não-existência vai 
ser pontuada em tudo que é atrasado e assimétrico em relação ao que é considerado avançado 
(residual); a terceira lógica vem da lógica da classificação social que consiste na distribuição 
das populações por categorias que naturalizam hierarquias, nesta, a não-existência é produzida 
sob a forma de inferioridade insuperável natural, pois quem é inferior por ser insuperavelmente 
inferior não pode jamais se equiparar a quem é superior (o inferior); a próxima lógica é a lógica 
 
7 
 
da escala dominante, a escala é adotada como primordial determina a irrelevância de todas as 
outras possíveis escalas, aparecendo em duas formas: universal, que é das entidades ou 
realidades que vigoram independente de qualquer contexto e; global, privilegiando tais 
entidades e realidades), nesta lógica, a não-existência é produzida sob forma de particular e 
local (o local); a última lógica refere-se a lógica produtivista, onde o crescimento econômico é 
um objeto racional inquestionável, nesta, a não-existência é produzida em forma de 
improdutiva, que vista pela natureza é infertilidade, e vista pelo homem é preguiça (o 
improdutivo). São todas elas vistas como inexistentes porque a única função na realidade delas 
é atrapalhar a homogeneidade e o progresso do poder Ocidental. 
 Assim como nasceram as não-existências, que surgia do anteposto perante aquilo que era 
validado pela metonímica, nasceram também as ecologias. Primeira logica: Ecologia dos 
saberes, a ideia de monocultura do saber é rebatida pelo autor ao demonstrar que nenhum 
conhecimento se dota de toda a verdade, e que a falta desta analisada verdade em uma vivencia, 
de maneira nenhuma denota-a como descartável ou desprovida de conhecimento. Nada pode 
ser considerado como total ignorância, tendo que tudo é ignorante de um certo saber, e até esta 
própria ignorância retém sua importância. “Toda a ignorância é ignorante de um certo saber e 
todo o saber é a superação de uma ignorância particular” (Santos, 1995: 25). Segunda logica: 
Ecologia das temporalidades, a ideia de tempo linear, e que somente está visão devesse ser 
considerada ao analisar a “totalidade” do mundo, é invalidade até por essa busca de totalidade, 
já que o pensamento de tempo linear nem sequer é o mais adotado ao redor do globo, onde está 
visão de linearidade se mostra limita, pois ela tira a própria atuação do tempo naquele objeto 
de estudo. E onde o tempo linear é incapaz de entender por completo toda experiência, dita-a 
como residual, perante sua própria falha ao tentar decifrá-la. A ecologia das temporalidades, 
visa libertar as práticas sociais do seu estatuto de resíduo, restituindo-lhes a sua temporalidade 
própria e, assim, trazendo a possibilidade de desenvolvimento autónomo e sua melhor 
compreensão. “A dilatação do presente ocorre, neste caso, pela relativização do tempo linear e 
pela valorização das outras temporalidades que com ele se articulam ou com ele conflituam.” 
Terceira logica: Ecologia dos reconhecimentos, esta procura trazer um novo diálogo entre o 
princípio da igualdade e o princípio da diferença, já que a ideia de classificação social trazida 
da metonímica mostra como a ideia de delimitar de maneira hierárquica uma linha não só na 
vivencia para ser ou não valorizada, assim como naquele que a viveu ou ira de viver é 
simplesmente ridícula, tanto pela totalidade que eles apontam buscar, onde a grande maioria 
seria justamente a parte invalidade, quando pelos preceitos de igualdade hoje respeitados. “As 
 
8 
 
diferenças que subsistem quando desaparece a hierarquia tornam-se uma denúncia poderosa das 
diferenças que a hierarquia exige para não desaparecer.” Quarta logica: Ecologia da trans-
escala, a ideia de globalizar o instrumento de estudo, tira muito valor do mesmo, e esquece os 
próprios pontos e pesos que aquele instrumento possa ter fora desta globalização, onde o autor 
adota essa ideia de que o local seja conceptualmente desglobalizado a fim de identificar o que 
nele não foi integrado na globalização hegemónica. “Ao desglobalizar o local relativamente à 
globalização hegemónica, a sociologia das ausências explora também a possibilidade de uma 
globalização contra-hegemônica.” Quinta logica: Ecologia de produtividade, onde o autor 
apresenta esta como a mais complexa, e dura de se derrubar, não por argumentação, mais pelo 
poderio por trás dela, vez que se sustenta do desenvolvimento e do crescimento económico que 
leva a acumulação sobre os objetivos de distribuição que sustentam o capitalismo global. A 
realidade, é que não foi por falta de valor que houve essa diferença na validação da 
produtividade, mas sim por uma questão de poder, algo que a ecologia da produtividade visa 
desligar. “É, no entanto, hoje evidente que este paradigma e esta lógica nunca dispensaram 
outras formas de produção e apenas as desqualificaram para as manter na relação de 
subalternidade.” Toda a identidade da sociologia das ausências, se baseia nessa forte ideia de 
ecologia: ecologia de saberes, ecologia de temporalidades, ecologia de reconhecimentos e 
ecologia de produções e distribuições sociais. Comum a todas estas ecologias é a ideia de que 
a realidade não pode ser reduzida ao que existe. 
 A imaginação epistemológica permite diversificar os saberes, as perspectivas e as escalas de 
identificação, análise e avaliação das práticas; a imaginação democrática permite o 
reconhecimento de diferentes práticas e fatores sociais. Ambas imaginações têm uma dimensão 
desconstrutiva e uma reconstrutiva. A desconstrução assume cinco formas, correspondentes à 
crítica das cinco lógicas da razão metonímica, ou seja: dispensar, desresidualizar, desracializar, 
deslocalizar e desproduzir. A reconstrução é constituída pelas cinco ecologias acima referidas. 
 Ademais, o autor critica a razão proléptica, uma vez que essa dilata o futuro em nome do 
progresso. Nisso, o futuro se torna algo distante e com múltiplas possibilidades. Pode-seanalisar a problemática dessa visão no que tange à preocupação com o futuro, pois o foco é 
apenas quanto ao o progresso do presente, sem se preocupar com o amanhã, ou seja o futuro 
não é tido como objeto de cuidado. Desse modo, percebe-se a arrogância dessa razão instituída, 
já que formular uma ideia linear do tempo baseado em progresso é afirmar saber tudo sobre ele. 
Além disso, essa contração do futuro, segundo o autor, é obtida pela “sociologia das 
emergências”, a qual substitui a caracterização infinita dos tempos posteriores por um futuro de 
 
9 
 
possibilidades reais conquistadas pelas ações do presente. O futuro passa a ganhar o conceito 
de Ainda-Não. Daí, surge o Não, cujo significado é dizer sim a algo diferente, afinal, há uma 
delimitação das possibilidades e, por esse motivo, o Ainda-Não revela um par de duas 
características primordiais: a indeterminação (descartar algumas possibilidades, porque, ao 
proferir Ainda-Não, não se nega completamente a ocorrência do fato) e o concreto (direciona 
para uma dada possibilidade). 
 A “sociologia das emergências” busca aumentar os saberes, afinal, mediante eles identifica-
se as possibilidades do futuro. Santos caracteriza três possibilidades, sendo: a carência (domínio 
do Não), a tendência (processo de sentido pelo domínio do Ainda-Não) e a latência (domínio 
do Tudo ou Nada). A tendência atua no processo de contrair o futuro, pois aciona os possíveis 
futuros visando ao crescimento da esperança, o que desencadeia o processo de definir 
mecanismos para alcançar o êxito de ações, a partir das noções de possibilidades analisadas. 
Destarte, o elemento subjetivo da “sociologia das ausências” é a consciência cosmopolita e a 
não aceitação da exclusão de saberes, além de estar inserida no campo das experiências 
coletivas. O elemento da “sociologia das emergências” é a consciência antecipatória e o 
inconformismo do leque infinito de possibilidades, já que está inserida no campo das 
expectativas sociais. Sendo a última não promotora de diminuir as expectativas, mas sim 
transformá-las em reais. Para que ocorra uma emancipação social banhada em esperança e 
munida de possibilidades concretas. Nesse viés, a multiplicidade de saberes transforma o 
número de experiências disponíveis em possíveis, para que sejam concretizadas. Para a 
“sociologia das ausências” essa identificação ocorre pelas ecologias e para a “sociologia das 
emergências” ocorre pela ampliação das pistas das possibilidades. Os âmbitos que podem levar 
a uma multiplicidade pelo diálogo e confronto entre diferentes modelos são caracterizados pelo 
autor como: experiências de conhecimento; experiências de desenvolvimento; trabalho e 
produção; experiências de reconhecimento; experiências de democracia; e as experiências de 
comunicação e de informação. O autor discorre sobre a teoria de tradução, que consiste em 
solucionar as lacunas que as sociologias das ausências e das emergências deixaram ao 
substituírem as razões metonímica e proléptica, sendo elas as inúmeras ramificações da 
realidade, devido a abrangência de diversas culturas e pontos de vista, e a impossibilidade de 
dar sentido a transformação social, devido à desconstrução do modelo positivista baseado no 
conceito de progresso. Tais problemas eram facilmente resolvidos pela razão indolente, que 
abrangia conceitos de totalidade e linearidade, entretanto, em contrapartida, havia um imenso 
desperdício de experiência, suprida pela razão cosmopolita. A teoria em questão consiste em 
 
10 
 
identificar formas de pensar novas totalidades, além de considerar a multilinearidade, sendo 
necessária a efetuação de duas tarefas distintas para desenvolver tal proposta, sendo elas a 
criação de uma teoria que substitui a teoria geral vigente e encontrar sentido na emancipação 
social. 
 O autor não deixa tão explícita a efetuação da segunda tarefa do trabalho de tradução, pois 
não evidencia o ponto de partida do desenvolvimento de seu pensamento como fez na primeira, 
além de que o intervalo discutido entre ambas é muito extenso, deslocando a atenção à medida 
que a leitura é processada, o que acaba tornando o leitor suscetível a algumas confusões sobre 
até que ponto a primeira tarefa é abrangida. Com o fato transparecido, ele esclarece que a teoria 
encontrada para substituir a teoria geral, que limita, é a do trabalho de tradução, que inclui, 
através de um desafio desconstrutivo e um desafio reconstrutivo, os quais consistem, 
respectivamente, em detectar elementos eurocêntricos na cultura estudada e trazer as 
possibilidades do processo cultural que foi interrompido e cessado pelo colonialismo. É dito 
também que o trabalho em questão incide tanto nos saberes quanto nas práticas: a incidência 
nos saberes é feita por meio da denominada hermenêutica diatópica, que assume a incompletude 
das culturas, que por meio do diálogo e confronto, podem ser enriquecidas, e essa 
complementação é feita através da identificação de preocupações em comum entre duas ou mais 
culturas distintas e suas diferentes respostas fornecidas. O autor solicita a atenção para duas 
preocupações específicas, sendo elas sobre a "vida produtiva" e "a sabedoria e o possibilitar de 
visões do mundo". 
 A hermenêutica diatópica reconhece que o universalismo é uma particularidade ocidental, 
dessa forma, ela é embasada no conceito de universalismo negativo, que é o reconhecimento 
acerca da própria impossibilidade de uma cultura por si só ser completa, e, adicionado a esse 
sentimento de ausência, carência e incompletude, gera o cenário ideal para que trabalho de 
tradução seja motivado. Algo interessante apontado pelo Boaventura é a adaptação de uma 
formulação de frase feita pelo Vishvanathan para o contexto da razão indolente, incentivando 
um raciocínio e reflexão de um indivíduo europeu ou norte americano, os quais os elementos 
culturais prevalecem em um estado de observação e análise privilegiados, acerca de como 
manter o melhor que a cultura ocidental abrange, além de reconhecer, ao mesmo tempo, que o 
mundo é diverso e rico, apesar de ausentar holofotes para o restante do mundo, que resulta em 
um inúmero ofuscamento de histórias e valores. 
 
11 
 
 A incidência nas práticas sociais e seus agentes desloca a questão teórica para a prática 
aplicada, visando estimular uma compreensão mútua entre as culturas, englobando a 
hermenêutica diatópica (seus objetivos de ação). Boaventura esclarece que é necessário que as 
culturas, para participarem de um trabalho de tradução, estejam dispostas a serem submetidas 
a questionamentos e confrontos, além da necessidade em reconhecerem a necessidade de serem 
complementadas, e desmistifica também a possível impressão de o trabalho de tradução ser 
interpretado como um movimento anti-globalização, mas que apresenta, na verdade, uma 
globalização alternativa à neoliberal, englobando, de acordo com o Souza Santos, uma 
constelação de movimentos. Essa globalização alternativa tem sido cada vez mais presente 
como prova de resistência ao ofuscamento ocasionado pela neoliberal. O trabalho proposto 
envolve um processo de análise muito extenso, pois há um incontável número de culturas, 
entretanto, ele é necessário para que seja desnaturalizado o fato de ter se estabelecido a adoção 
da forma ocidental como um referencial, uma forma limitada, que ofusca e apaga, sendo aquela 
que se considera a única e válida narrativa sobre o mundo. A tradução complementa a sociologia 
ausente e/ou emergente, não se resume somente a técnica necessária, mas também ao trabalho 
intelectual, político e emocional, que é preciso para que se possa perceber e compreender bem 
as coisas, dada toda a complexidade e multiplicidade do nosso mundo. No entanto, pode-se 
dizer que algumas situações não estão passiveis à tradução, pois uma vez traduzida, acabaria 
por perder seu sentido. Pode-se dizer que a tradução só pode acontecera partir de perguntas 
chaves, que são: o que traduzir? Entre quê? Quem traduz? Quando traduzir? Traduzir com que 
objetivos? A primeira pergunta (o que traduzir?) está relacionada a uma espécie de “Zona de 
Contato”, ou seja, relaciona-se com o conceito de culturas/sociedades diferentes que se 
encontram e se chocam entre si, e só a tradução consegue trazer para a zona de contato os 
aspectos/patrimônios que cada saber ou cada comunidade considera mais relevante. É válido 
mencionar que nos países nos quais o Constitucionalismo Multicultural está presente é muito 
mais difícil para determinados povos, sobretudo o povo indígena conseguir controlar quais de 
seus saberes, práticas, costumes, etc. são traduzidos e levados para mais pessoas. Ou seja, é 
possível dizer que esse povo não tem controle sobre a privacidade ou o asseguramento de sua 
tradição. 
 Existe a Seletividade Ativa e a Seletividade Passiva, aquela que se relaciona a 
aspectos/patrimônios não mais citados por uma determinada cultura/sociedade devido a 
opressão da qual pode ter sido vítima durante anos, nesses casos é provável que nem a 
sociologia das ausências as possa tornar presentes, logo, não podem ser objeto de tradução. A 
 
12 
 
tradução também pode trazer um problema como o fato de ver que ao pesquisar e traduzir uma 
cultura, pode-se ver diferentes culturas em uma só. O que quebra a ideia de uma “cultura 
monolítica”. “Em quê traduzir?”, esse conceito vem através do ato de questionar, investigar e 
comparar situações, ideologias, etc. Por exemplo, pode-se dizer que na dúvida entre a 
veracidade ou a melhor decisão entre duas escolhas só se pode decidir qual a mais benéfica 
através da comparação, do embate entre ambas. “Quem traduz?”, relaciona-se ao fato de quem 
determinados costumes e determinados saberes só podem ser traduzidos por determinados 
representantes culturais, pois o trabalho argumentativo da tradução exige um conhecimento/ 
sagacidade intelectual. Já o conceito de “Quando traduzir”, só pode acontecer a partir da 
conjugação de tempos, ritmos e oportunidades. Em suma, o objetivo é converter em 
contemporaneidade a simultaneidade que a zona de contato proporciona. “Como traduzir”, a 
tradução empenha-se na emoção e na técnica de levar para outras pessoas aquilo que está ao 
nosso alcance. O primeiro entrave da tradução são as suas regras; A segunda dificuldade da 
tradução é a língua na qual vai ser traduzida; o terceiro obstáculo refere-se ao silencio da 
tradução. 
 No tópico de sua conclusão, Boaventura pretende reduzir respostas de algumas perguntas a 
partir de uma única questão: "por qual motivo então traduzir?" Basicamente ele resume todas 
as suas argumentações de uma forma que impera um discurso de tom quase que emergencial à 
esta parte da obra. O autor deixa claro por várias vezes que há uma crise no presente social 
causada pela forma arcaica e retrógrada de se fazer ciência no mundo moderno, para, em 
seguida, promover a utilização do trabalho de tradução com base nas sociologias das ausências 
e das emergências para a solução desta crise. Ele reafirma que o objetivo dessa prática é de 
desconstruir a emancipação social moderna e automática para dar ares a um renascimento social 
com base em múltiplas ideias novas. O tom urgencial e a abordagem de fácil vocabulário dá a 
ideia de que o público alvo dessa obra não seja apenas o nicho acadêmico, mas sim a sociedade 
como um todo, pois não haveria exemplo melhor do trabalho de tradução do que abrir os 
horizontes do trabalho científico para toda e qualquer pessoa. Corroborando o ponto de vista 
do autor de que a busca de um futuro melhor se baseia nas transformações sociais do presente 
e não de uma ideia de "procrastinar o amanhã pois com ele virá mais conhecimento". 
Consequentemente, não só a forma com a qual a sociedade via a ciência seria mudada, mas de 
ver o presente e o futuro também. 
 
 
13 
 
Conclusão 
 Para combater a hegemonia ocidental que gerou uma crise no presente social devido ao seu 
método arcaico e retrogrado de se fazer ciência no mundo moderno, Boaventura sugere a 
invenção de um novo meio de racionalidade, denominado de cosmopolita, que tem como 
objetivo fazer com que a diversidade etnocultural não perca mais tempo e espaço, através do 
trabalho de tradução, que visa criar uma inteligibilidade mútua que torne presente e possível 
tudo que é ausente e impossível. 
 
 
14 
 
Referências bibliográficas 
Santos, Boaventura de Souza (2002). Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das 
emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais.

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