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Lesões corporais

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Ana Luiza Bittencourt 
DIREITO PENAL III – PARTE ESPECIAL I 
Lesões Corporais – art. 129 
- Conceito: ofensa à integridade ou à saúde de outrem, quer causando uma enfermidade, quer agravando a que já 
existe. A dor é dispensável para a configuração do delito, mas influenciará na fixação da pena. 
- É um crime de ação livre, admitindo-se tanto a forma comissiva quanto a omissiva de conduta. A pluralidade de 
ferimentos, no mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime. 
- Sujeito ativo: qualquer pessoa humana > crime comum. Princípio da alteridade: contra o outro. 
- Sujeito passivo: qualquer pessoa humana viva > crime comum. Em dois casos a lei exige qualidade especial da vítima: 
ser mulher grávida > resulta aceleração do parto (art. 129, §1º, IV) ou resulta abortamento (art. 129, §2º, IV). 
- Tipo objetivo: ofender. 
- Tipo subjetivo: dolo e culpa e preterdolo. 
- Objetividade jurídica: proteger, tutelar, preservar a integridade física e a saúde. 
- Consumação: com a efetiva lesão a ser atestada por ACD (auto de corpo de delito > art. 158 CPP) > crime material 
(resultado naturalístico). 
- Tentativa: em tese, sim > crime plurissubsistente > interrupção do iter criminis. É raro isso acontecer. Geralmente 
ocorre vias de fato (contravenção penal que consiste em lesionar outrem sem que fique lesionado; comprovado nos 
autos) 
- Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. 
- LESÃO LEVE: por exclusão, será lesão leve sempre que não for grave, gravíssima e seguida de morte §1º, §2º e §3º. 
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo. O principio da insignificância pode ser invocado no caso de a lesão ser 
ínfima, levíssima. Mas, se esses comportamentos estiverem atrelados à intenção de atingir a honra da vítima, poderá 
estar configurado o crime de injúria real. 
ATENÇÃO: lesão corporal não se confunde com contravenção penal de vias de fato. Configura contravenção a agressão 
física sem a intenção de lesionar. 
- Qualificadoras: 
• LESÃO CORPORAL GRAVE (§1º); reclusão de 1 a 5 anos. 
I – Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias > qualquer atividade corporal costumeira, não 
necessariamente ligada ao trabalho. 
II – Perigo de vida (morte) = probabilidade da morte. Esta qualificadora só admite preterdolo (dolo na conduta e 
culpa no resultado > resultado mais grave do que o pretendido. O perigo de vida precisa ser comprovado por perícia. 
III – Debilidade (diminuição da capacidade funcional) permanente (irreversível) de membro (braços e pernas), sentido 
(olfato, paladar, tato, visão, olfato e audição) ou função. Não importa se o enfraquecimento possa se atenuar ou se 
reduzir com aparelhos de prótese. 
IV – Aceleração de parto = antecipação de parto = parto prematuro (menos de 37 semanas) > imprescindível que o 
agente saiba (ou pudesse saber) da situação gravídica da vítima. O agente não pode desejar ou aceitar o resultado 
(incide em crime de aborto). Parte da doutrina ensina que, na hipótese do neonato vir a falecer posteriormente ao 
parto, mas em decorrência das lesões sofridas pela genitora vítima, o agente responderá por homicídio culposo em 
concurso material com a lesão grave. 
 
 
• LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA (§2º): reclusão de 2 a 8 anos. 
I – Incapacidade permanente para o trabalho = irreversível, sem previsibilidade de cessação, duradoura no tempo > 
na prática, precisa que a pessoa fique incapacitada para todo e qualquer trabalho. 
II – Enfermidade incurável = alteração permanente da saúde em geral por processo patológico, ou seja, a transmissão 
intencional de uma doença para a qual não existe cura no estágio atual da medicina. A doutrina também considera 
incurável a enfermidade se o restabelecimento da saúde depender de intervenções cirúrgicas arriscadas ou 
tratamentos incertos, não estando a vítima obrigada a aventurar-se nesses caminhos. 
III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função = sem qualquer capacidade de exercer suas atividades 
próprias. 
IV – Deformidade permanente = dano estético irreparável pela própria força da natureza e capaz de causar impressão 
vexatória (desconforto para quem olha e desconforto para a vítima). A idade, sexo e condição social devem ser levados 
em conta. 
V – Aborto = crime preterdoloso > dolo na lesão e culpa no aborto. 
ATENÇÃO: é possível a coexistência de qualificadoras, inclusive de natureza grave e gravíssima. O crime permanece 
único, aplicando-se as penas do parágrafo mais grave, devendo o juiz, por ocasião da fixação da pena base, considerar 
as demais consequências sofridas pelo ofendido. 
 
• LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE (§3º) “homicídio preterintencional” (agente, querendo apenas 
ofender a integridade ou a saúde de outrem, acaba por mata-lo culposamente): reclusão de 4 a 12 anos. 
- CRIME PRETERDOLOSO > dolo no antecedente (lesão) e culpa no consequente (morte). 
- Não se trata de crime contra a vida, pois falta o animus necandi, logo, não é da competência do júri. 
- O caso fortuito, ou a imprevisibilidade do resultado, elimina a configuração do crime preterdoloso, respondendo o 
agente apenas pelas lesões corporais. 
 
• LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA (§4º): minorante > redução de 1/6 a 2/3. 
- Quando o crime é cometido por relevante valor moral = piedade, honra, dignidade. 
- Quando o crime é cometido por relevante valor social = interesse coletivo. 
- Se o sujeito ativo estiver sobre DOMÍNIO de violenta emoção ao agir logo após INJUSTA PROVOCAÇÃO da vítima. 
 
• LESÃO CORPORAL CULPOSA (§6º): deu causa por negligência, imprudência ou imperícia > não teve dolo e nem 
assumiu o risco. 
- Violação de um dever objetivo de cuidado. ESSÊNCIA DA CULPA É A PREVISIBILIDADE. 
- Não importa a gravidade da lesão para fins de tipificação. 
 
• LESÃO CORPORAL FUNCIONAL (§12º): aumento de 1/3 a 2/3 
- Dolosa, leve, grave, gravíssima, seguida de morte. 
- Deve ser contra autoridade ou agente de segurança pública, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
sanguíneo até o 3º grau, em razão dessa condição. 
- Substituição de pena de detenção por multa (§5º): dias-multa (quantidade de multa x valor da multa) > somente 
em lesão LEVE: 
✓ Se a lesão for privilegiada; 
✓ Se a lesão for recíproca. 
 
- Majorantes (§7º e §8º): aumento de 1/3 
• Lesão culposa, se decorrer de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; 
• Lesão dolosa, se a vítima for menor de 14 anos ou maior de 60 anos; 
• Lesão ser praticada por milícia privada sob pretexto de prestar serviço de segurança pública; 
- Perdão judicial: somente lesão culposa. 
- Violência doméstica e familiar (§9º): qualificadora de lesão corporal dolosa de natureza leve > se for contra: 
• Homem (§9º): reclusão, 3 meses a 3 anos. 
• Mulher: (§13) reclusão, 1 a 4 anos > por razões do sexo feminino. 
- Vigência: crimes a partir de 28/07/2021 > lei nº 14.188 
• Deficiente (§11): +1/3 
- Haverá violência doméstica quando o crime for praticado contra: 
• Ascendente, descendente ou irmão: não importa se o parentesco é biológico ou de adoção, sendo dispensável 
a coabitação entre o autor e a vítima, bastando existir a referida relação parental; 
• Cônjuge ou companheiro: a majorante persiste mesmo no caso de separação de fato ou judicial; 
• Com quem conviva ou tenha convivido: lesão provocada em razão da vivência, atual ou pretérita; 
• Prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: exemplo da babá com 
a criança. 
- Violência doméstica e familiar (§10º): se presentes as mesmas circunstâncias do parágrafo anterior (crime praticado 
contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, etc) e a lesão for grave/gravíssima/seguida de 
morte: aumento de 1/3 da pena 
• Lesão grave: reclusão de 1 a 5 anos + 1/3 
• Lesão gravíssima: reclusão de 2 a 8 anos + 1/3 
• Lesão seguida de morte:reclusão de 4 a 12 anos + 1/3 
 
- AÇÃO PENAL: em regra, a pena de lesão corporal será perseguida mediante ação penal pública incondicionada, 
exceções: 
• Lesão dolosa e culposa de natureza leve: ação penal pública condicionada > depende da representação da 
vítima ou de seu representante legal > art. 88 da lei 9.099/95 
• Nos casos de violência doméstica e familiar: 
- Se a vítima for homem com lesão leve: ação penal pública condicionada 
- Se a vítima for homem com lesão grave, gravíssima, seguida de morte: ação penal pública incondicionada. 
- Se a vítima for mulher: ação penal pública incondicionada 
ARTIGO: 
 Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
§1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Lesão corporal seguida de morte 
§3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-
lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Diminuição de pena 
§4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Substituição da pena 
§5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a 
dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
Lesão corporal culposa 
§6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
Aumento de pena 
§7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. 
§8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
Violência Doméstica 
§9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva 
ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-
se a pena em 1/3 (um terço). 
§11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa 
portadora de deficiência. 
§12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
§13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 
121 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).

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