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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia A apoptose, também conhecida como morte celular programada, é um processo no qual a célula, quando destinada a ser destruída, ativa enzimas que irão degradar seu DNA e as proteínas nucleares e citoplasmáticas. Pode se dar através de duas vias, sendo: Receptor de morte (extrínseca); Mitocondrial (intrínseca). A apoptose é disparada por membros de uma família de proteases intracelulares especializadas, que clivam sequências específicas em numerosas proteínas dentro da célula, proporcionando, assim, mudanças dramáticas que levam à morte celular e ao engolfamento. Essas proteases têm uma cisteína no seu sítio ativo e clivam suas proteínas-alvo em ácidos aspárticos específicos; elas são então chamadas de caspases (c para cisteína e asp para ácido aspártico). As caspases são sintetizadas na célula como precursores inativos e são ativadas apenas durante a apoptose. Muitas células expressam moléculas que ativam a apoptose, chamadas de receptores de morte, sendo a maior parte membros da família do TNF (fator de necrose tumoral) que possuem um domínio de morte conservado, responsável por controlar a interação com outras proteínas relacionadas com o processo apoptótico. O receptor mais envolvido é a proteína Fas, ativada pelo ligante do Fas, proteína expressa, principalmente, na membrana dos linfócitos T ativados. Quando essas células reconhecem as moléculas de Fas, essas são ligadas, resultando no recrutamento e ativação da caspase 8. As formas ativas das caspases desencadeantes 8 e 9 são sintetizadas e responsáveis pela clivagem de outras caspases, chamadas de executoras. Consequentemente, são ativadas as nucleases, cuja função é degradar as proteínas nucleares e o DNA. Além de ativar essas enzimas que irão, aos poucos, destruindo o núcleo, as caspases degradam componentes da matriz nuclear e do citoesqueleto, gerando a divisão das células em pequenos fragmentos, conhecidos como corpos apoptóticos, que atraem os fagócitos Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia (através da fosfatilsiderina no folheto externo da membrana), finalizando o processo de apoptose. Quando as mitocôndrias são lesionadas por agentes (ex: lesão do DNA, radicais livres, produção dobrada de proteínas), a permeabilidade da sua membrana externa é aumentada, levando à liberação do citocromo C, ativador da caspase 9, e de proteínas mitocondriais, como a SMAC (segundo ativador mitocondrial de caspases), que inibe as proteínas da família IAC (inibidora das proteínas apoptóticas), para o citosol. Essa liberação de fatores pró-apoptóticos é gerada pela ativação de sensores da família Bcl-2, conhecidos como proteínas BH3, que ativam membros das famílias Bax e Bak, formando os canais pelos quais serão liberados o citocromo C e as proteínas mitocondriais que estimularão a apoptose. Além disso, esses sensores também são responsáveis por inibir as proteínas antiapoptóticas Bcl-2 e Bcl-xL. A consequência de todos esses processos é a ativação das caspases, levando à fragmentação do núcleo. Necrose é o tipo de morte celular que está associado à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares, culminando na dissolução das células, resultante da ação degradativa de enzimas nas células lesadas. Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local do hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente. As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas. A necrose é caracterizada por alterações no citoplasma e no núcleo das células lesadas. Alterações citoplasmáticas: as células necróticas exibem aumento da eosinofilia atribuível em parte às proteínas citoplasmáticas desnaturadas que se ligam à eosina e, em parte, à perda do RNA citoplasmático, perdendo a basofilia. A célula pode ter aparência homogênea Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia mais vítrea do que as células viáveis, principalmente por causa da perda de partículas de glicogênio. Alterações nucleares: as alterações nucleares assumem um dos três padrões, todos devidos à degradação da cromatina e do DNA. A basofilia da cromatina pode esmaecer (cariólise), provavelmente devido à atividade da desoxirribonuclease (DNase). Um segundo padrão é a picnose, caracterizada pela retração nuclear e aumento da basofilia; o DNA se condensa em uma massa sólida e encolhida. No terceiro padrão, a cariorrexe, o núcleo picnótico sofre fragmentação. Dentro de 1-2 dias, o núcleo da célula morta desaparece totalmente. A necrose de um conjunto de células em um tecido ou órgão, por exemplo, na isquemia miocárdica, resulta em morte de todo o tecido e, algumas vezes, do órgão inteiro. Existem vários padrões morfológicos distintos de necrose tecidual, os quais podem fornecer pistas sobre a causa básica. A necrose de coagulação é a forma de necrose tecidual na qual a arquitetura básica dos tecidos mortos é preservada por, pelo menos, alguns dias. Os tecidos afetados adquirem textura firme. Supostamente, a lesão desnatura não apenas as proteínas estruturais, como também as enzimas, bloqueando assim a proteólise das células mortas; como resultado, células anucleadas e eosinofílicas persistem por dias ou semanas. Os leucócitos são recrutados para o sítio da necrose e suas enzimas lisossômicas digerem as células mortas. Finalmente, os restos celulares são removidos por fagocitose. A necrose de coagulação é característica de infartos (áreas de necrose isquêmica) em todos os órgãos sólidos, exceto o cérebro. Necrose liquefativa é observada em infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente, nas infecções fúngicas porque os micróbios estimulam o acúmulo de células inflamatórias e as enzimas dos leucócitos a digerirem (“liquefazer”) o tecido. Por motivos desconhecidos, a morte por hipóxia, de células dentro do sistema nervoso central, com frequência leva a necrose liquefativa. Seja qual for a patogenia, a liquefação digere completamente as células mortas, resultando em transformação do tecido em uma massa viscosa líquida. Finalmente, o tecido digerido é removido por fagocitose. Se o processo foi iniciado por inflamação aguda, como na infecção bacteriana, o material é frequentemente amarelo cremoso e é chamado de pus. A necrose gangrenosa não é um padrão específico de morte celular, mas o termo ainda é usado comumente na prática clínica. Em geral, é aplicado a um membro, comumente a perna, que tenha perdido seu suprimento sanguíneo e que sofreu necrose de coagulação, envolvendo várias camadas de tecido. Quando uma infecção bacteriana se superpõe, a necrose de coagulação é modificada pela ação liquefativa das bactérias e dos leucócitos atraídos (resultando na chamada gangrena úmida). A necrose caseosa é encontrada mais frequentemente em focos de infecção tuberculosa. O termo caseoso (semelhante Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia a queijo) é derivado da aparência friável branco-amarelada da área de necrose. Ao exame microscópico, pela coloração de hematoxilina e eosina, o foco necrótico exibe uma coleção de células rompidas ou fragmentadas, com aparência granular amorfa rósea. Diferentemente da necrose de coagulação, a arquitetura do tecido é completamente obliterada, e os contornos celulares não podem ser distinguidos. A área de necrose caseosa é frequentemente encerrada dentro de uma borda inflamatória nítida; essaaparência é característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. A necrose gordurosa refere-se a áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultantes da liberação de lipases pancreáticas ativadas na substância do pâncreas e na cavidade peritoneal. Isso ocorre na emergência abdominal calamitosa conhecida como pancreatite aguda. Nesse distúrbio, as enzimas pancreáticas que escapam das células acinares e dos ductos liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio, e as lipases dividem os ésteres de triglicerídeos contidos nessas células. Os ácidos graxos liberados combinam-se com o cálcio, produzindo áreas brancas gredosas macroscopicamente visíveis (saponificação da gordura), que permitem ao cirurgião e ao patologista identificar as lesões. Ao exame histológico, os focos de necrose exibem contornos sombreados de adipócitos necróticos com depósitos de cálcio basofílicos circundados por reação inflamatória. A necrose fibrinoide é uma forma especial de necrose, visível à microscopia óptica, geralmente observada nas reações imunes, nas quais complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias. Os imunocomplexos depositados, em combinação com a fibrina que tenha extravasado dos vasos, resulta em aparência amorfa e róseo- brilhante, pela coloração do H&E, conhecida pelos patologistas como fibrinoide (semelhante à fibrina).
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