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Guarda, Tutela e Curatela CONCEITO DE PODER FAMILIAR Segundo Pablo Stolze: “poder familiar como o plexo de direitos e obrigações reconhecidos aos pais, em razão e nos limites da autoridade parental que exercem em face dos seus filhos, enquanto menores e incapazes. “Art. 1.689 do CC/2002. Enquanto no pleno exercício de tal poder, ambos os pais, I — São usufrutuários dos bens dos filhos; II — Têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade”. Dispõe o art. 1.690 do CC/2002, “compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados”. Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor: I - Dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição; II - Reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção; III - Adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade. Art. 1.634. Compete aos pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: I — Dirigir-lhes a criação e a educação; II — Exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; III — conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para se casarem; IV — Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V — Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; VI — Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; VII — Representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII — Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; IX — Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição”. DA TUTELA Seguindo as lições de Paulo Nader, “a Tutela visa a suprir a falta do poder familiar, atribuído em igualdade de condições ao pai e à mãe. Ordinariamente, perdura o poder familiar até os filhos atingirem a maioridade ou se emanciparem. Enquanto não ocorre uma destas hipóteses, os filhos são incapazes de gerir a sua vida e administrar seus bens. A liberdade para estas práticas requer o poder de discernimento, que falta entre os menores, com maior ou menor intensidade. Objetivo é a administração dos bens patrimoniais do menor. FUNDAMENTOS DA TUTELA 1- Suprimento de incapacidade: O papel que originalmente era reservado aos pais passa a ser realizado pelo tutor. II- Obrigatoriedade do munus: O tutor não pode escusar o cargo, salvo as exceções previstas nos art. 1.736 e 1.737. Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: I - Mulheres casadas; II - Maiores de sessenta anos; III - Aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos; IV - Os impossibilitados por enfermidade; V - Aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela; VI - Aqueles que já exercerem tutela ou curatela; VII - Militares em serviço. Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la. III. Função personalíssima do tutor; V. Munus temporário: :O encargo pode durar até o fim da incapacidade, entretanto é limitada no período de dois anos. V. Exclusividade: De regra, para cada pupilo um tutor. Salvo: Art. 1.743. Se os bens e interesses administrativos exigirem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este, mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou jurídicas o exercício parcial da tutela. Quando os TUTORES SERÃO NOMEADOS: Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão incluídos em programa de colocação familiar, na forma prevista pela Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência DA TUTELA → QUANDO OS FILHOS MENORES SÃO POSTOS EM TUTELA: Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela: I - Com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; II - Em caso de os pais decaírem do poder familiar. → A QUEM COMPETE O DIREITO DE NOMEAR TUTOR: Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto. Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm → QUANDO O JUIZ NOMEARÁ TUTOR: Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor: I - Na falta de tutor testamentário ou legítimo; II - Quando estes forem excluídos ou escusados da tutela; III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário. → IRMÃOS ÓRFÃOS: Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor. “Concluo que o instituto da tutela é aquele utilizada para suprir as necessidades de um incapaz que teve seu poder familiar perdido de alguma maneira, com isso é nomeado um tutor na forma da lei.” Então o tutor tem as atribuições naturais que seriam dos pais do menor. Embora, o tutor não seja o pai ou a mãe. O tutor representará o menor até os dezesseis anos e o assistirá dos dezesseis anos até aos dezoito anos Art. 1.752. O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo no caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos bens administrados. São causas da cessação da tutela: maioridade, emancipação, adoção. Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivesse disposto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração. Cessará a tutela no caso de falecimento de qualquer dos sujeitos dessa relação jurídica de direito material, quais sejam, o tutor e o tutelado (ou pupilo). DA CURATELA É instituto de direito assistencial, para a defesa dos interesses de maiores incapazes. O Código Civil de 2002 estabelece iguais fundamentos e princípios para a tutela e curatela. A nomeação do curador é resultado da interdição da pessoa que até então era plenamente capaz conforme o art. 2º e os com idade núbil entre 16 e 18 anos nos conformes do art. 4º do Código Civil de 2002. Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: I - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; III - Os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) V - Os pródigos. Curatela é apenas as que prejudicam o discernimento dos atos da vida civil. O poder familiar e a tutela se destinam à criação, representação ou assistência de menor não emancipado, a curatela visa a suprir a incapacidade de fato decorrente de anomalia mental de maior de idade e de quem, entre dezesseis e dezoito anos, padeça de tal deficiência. Como observa PAULO LÔBO: “O fundamento comum da tutela e da curatela é o dever de solidariedade que se atribui ao Estado, à sociedade e aos parentes. Ao Estado, para que regule as respectivasgarantias e assegure a prestação jurisdicional. À sociedade, pois qualquer pessoa que preencha os requisitos legais poderá ser investida pelo Judiciário desse múnus. Aos parentes, porque são os primeiros a serem convocados, salvo se legalmente dispensados” → DIFERENÇA ENTRE TUTELA E CURATELA: Nas lições de Pablo Stolze:” A diferença fundamental, no campo conceitual, entre as duas formas de suprimento de capacidade para a prática de atos de gestão, diz respeito a seus pressupostos: enquanto a tutela se refere à menoridade legal, a curatela se relaciona com situações de deficiência total ou parcial, ou, em hipótese mais peculiar, visa a preservar interesses do nascituro.” Ensina Pablo Stolze: “a curatela, em sua figura básica, visa a proteger a pessoa maior, padecente de alguma incapacidade ou de certa circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação de vontade, resguardando-se, com isso, também, o seu patrimônio, como se dá, na mesma linha, na curadoria (curatela) dos bens do ausente, disciplinada nos arts. 22 a 25 do CC/2002.” → CURADOR deve: 1- Gozar de capacidade plena para os atos da vida civil. II- Apresentar comportamento probo e idôneo, mantenha relações de parentesco ou de amizade. → A quem compete ser curador: Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. §1 o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto. § 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos. § 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador. DA CURATELA O CC/02 no artigo 1.774 traz as mesmas disposições da tutela para a curatela. Tanto a tutela como a curatela são institutos protetivos dos interesses daqueles que se encontram em situação de incapacidade na gestão de sua vida. Atenção: 1 - Tutela se refere à menoridade legal. II - A curatela se relaciona com situações de deficiência total ou parcial. Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro. São partes da curatela o curador e o curatelado. Nas lições de Pablo Stolze: “Sendo assim, a curatela somente incide para os maiores relativamente incapazes que, na nova redação do art. 4.º da codificação material, são os ébrios habituais (no sentido de alcoólatras), os viciados em tóxicos, as pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade e os pródigos.” O art. 747 do CPC/2015, dispõem: “a interdição pode ser promovida: I – Pelo cônjuge ou companheiro; II – Pelos parentes ou tutores; III – Pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; IV – Pelo Ministério Público.” GUARDA Definição: “Guarda é o conjunto de direitos e deveres (responsabilidade), que ambos os pais, ou um deles, exercem em favor dos filhos. Direitos e deveres legais, ou seja, decorre de normas, objetivando a proteção, o provimento e garantia das necessidades de desenvolvimento daquela pessoa colocada sob a responsabilidade do guardião.’ SILVIO RODRIGUES nos ensina que “a guarda é tanto um dever como um direito dos pais: dever, pois, cabe aos pais criarem e guardarem o filho, sob pena de abandono; direito no sentido de ser indispensável a guarda para que possa ser exercida a vigilância, eis que o genitor é civilmente responsável pelos atos do filho” Dispõe o art. 1634, CC: “compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, “dirigir-lhes a criação e educação” e “tê-los em sua companhia e guarda”, bem como praticar outros atos que decorrem dos aludidos deveres (ROBERTO GONÇALVES, 2018, P. 95-96).” TIPOS DE GUARDA 1. GUARDA UNILATERAL Modalidade na qual a guarda é atribuída a apenas um dos genitores, ou seja, ou o pai ou a mãe terá a guarda da criança, sendo estabelecido um regime de visita ao outro genitor. O detentor da guarda fica com a responsabilidade exclusiva de decidir sobre a vida da criança. Definição de PABLO STOLZE: “guarda unilateral ou exclusiva — é a modalidade em que um dos pais detém exclusivamente a guarda, cabendo ao outro direito de visitas. O filho passa a morar no mesmo domicílio do seu guardião;” Ensina Pablo Stolze: “Claro está, todavia, que o deferimento dessa guarda unilateral só será possível depois de esgotada a tentativa de implementação da guarda compartilhada.” Nas lições de Pablo Stolze: “cônjuge que apresentar melhores condições morais e psicológicas poderá deter a sua guarda, independentemente da aferição da culpa no fim da relação conjugal.” “Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. § 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos”. .” II- Guarda Compartilhada: → Conceito: Ensina Pablo Stolze: a)” guarda compartilhada ou conjunta — modalidade preferível em nosso sistema, de inegáveis vantagens, mormente sob o prisma da repercussão psicológica na prole, se comparada a qualquer das outras. Nesse tipo de guarda, não há exclusividade em seu exercício. Tanto o pai quanto a mãe detêm-na e são corresponsáveis pela condução da vida dos filhos” b) “responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns” Dispõe o CC/2002: “Art. 1.583. § 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. § 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos” III- GUARDA ALTERNADA O conjunto de direitos e deveres inerentes aos responsáveis são exercidos no período da alternância, sendo que o período da alternância pode ser determinado pelo juiz, conforme o caso, ou é acordado pelos próprios responsáveis. Há uma distribuição de tempo (dias, semanas, ou até meses) de permanência dos filhos, nas residências de seus genitores. LEONARDO MOREIRA ALVES discorre:” a chamada guarda alternada: esta, não recomendável, eis que tutela apenas os interesses dos pais, implica em exercício unilateral do poder familiar por período determinado, promovendo uma verdadeira divisão do menor, que convive, por exemplo, 15 (quinze) dias unicamente com o pai e outros 15 (quinze) dias unicamente com a mãe;” IV- GUARDA AVOENGA: ” Incluído no Código Civil de 2002 (art. 1.589, § único), pela Lei n° 12.398/2011, este tipo de guarda destina a posse da criança ou do adolescente aos avós, e pode ser estabelecida de forma provisória ou definitiva, sempre com a observância dos princípios constitucionais da solidariedade familiar, da dignidade da pessoa humana e, sobretudo, o norteador princípio do melhor interesse da criança.”
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