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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ- CEULJI/ULBRA
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AOS CASOS DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A CRIANÇA ATENDIDA NO CREAS DO MUNICÍPIO DE OURO PRETO DO OESTE.
Ji- Paraná- Ro
Novembro de 2013
MARCILENE RODRIGUES DA SILVA
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AOS CASOS DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A CRIANÇA ATENDIDA NO CREAS DO MUNICÍPIO DE OURO PRETO DO OESTE.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Serviço Social, do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Serviço Social sob a orientação da Professora, Ms. Dulce Teresinha Heineck.
Ji- Paraná- Ro, novembro de 2013
MARCILENE RODRIGUES DA SILVA
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO CASOS DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A CRIANÇA ATENDIDA NO CREAS DO MUNICIPIO DE OURO PRETO DO OESTE.
AVALIADORES
_________________________________________
Orientadora Mestre Dulce Teresinha Heineck
_________________________________________
Mestre Rafaela Maia Gomes
Examinadora 
_________________________________________
Assistente Social Marina Maria da Silva
Examinadora
_______________
Média
Ji-Paraná/ RO, novembro de 2013
 
	
 A minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem a ajuda de meus amáveis e eternos pais Malvina e Jaime, que, no decorrer da minha vida, proporcionaram-me, além de carinho e amor, os conhecimentos da integridade, da perseverança e de procurar sempre em Deus à força maior para o meu desenvolvimento como ser humano. Por essa razão, gostaria de dedicar a vocês este trabalho.
AGRADECIMENTOS
 Deus o meu agradecimento maior, porque tem sido tudo em minha vida.
A meus, pais, irmãos que sempre acreditaram na minha capacidade;
A meus Avós (in memórian), tios,tias, primos e amigos que sempre me apoiaram nessa caminhada.
A todo corpo docente do CEULJI Ulbra que contribuíram para minha formação acadêmica.
	 
 À todos vocês o meu muito obrigado!
RESUMO
Atualmente muito se ouve falar em acesso aos direitos em benefícios voltados às Crianças e Adolescentes, com avanços a partir da Constituição Federal de 1988 e aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990). No entanto notam-se ainda as contradições entre o que a Lei determina e o que ocorre na prática. Aquilo que deveria ser avanço no que se trata a direitos, na atualidade também já se discute por parte de alguns segmentos da sociedade e por políticos a alteração da Lei. Estes estão focados apenas na questão da maioridade penal, deixando de lado a análise mais aprofundada em relação à falta de proteção das crianças e dos adolescentes para o crescimento saudável foco principal do Estatuto. Assim a pesquisa objetivou identificar como ocorre o trabalho do Assistente Social no CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Ouro Preto do Oeste/RO cujo foco principal é o atendimento as crianças vítimas da violência sexual. Utilizou-se o estudo de caso como método de procedimento com as técnicas de observação e de entrevista com a Assistente Social, além de pesquisa bibliográfica. Como método de análise o dialético. Verificou-se junto ao CREAS e na entrevista direta com a Assistente Social, que existem inúmeros casos de violência contra as crianças e estas além de sofrerem a violência sexual, sofrem muitas vezes com a falta de acolhimento da família que na maioria dos casos ainda culpa a própria vítima. Segundo a assistente social as crianças possuem baixa autoestima, e se tornam cada vez mais vulneráveis a outras formas de violência e risco, entre eles até mesmo os das drogas. Pode-se concluir que o papel da assistente social diante dos casos de violência sexual infantil é primeiramente acolher a vítima gerando confiança para que ela se sinta segura em relação ao profissional e ao aparato estatal que está a favor para a solução do problema. O profissional de serviço social tem a função ainda de realizar visita domiciliar, ouvir a vítima e família atentamente, orientar a família quanto aos direitos da criança e a necessidade de proteção e fazer encaminhamentos. Tem que encaminhar tanto a vítima quanto os familiares para atendimento psicológico e inclusão em programas de inserção social oferecidos pela Instituição. É papel da equipe que acolhe auxiliar para que a criança possa recuperar o trauma sofrido e conseguir dar continuidade à sua vida com saúde e segurança sempre que possível junto da família. Para que essa superação ocorra esta precisa ter acesso pleno à rede de atendimento conforme preconiza a Lei. Quando não é possível contar com a proteção da família se torna necessário outros encaminhamentos visando à proteção plena da criança para que ela não continue sendo violada em seus direitos. 
 
Palavras-chave: Violência Sexual. Assistência Social. Acolhimento. Proteção. 
	
ABSTRACT
Currently much one hears about access rights on benefits geared to children and adolescents , with advances from the Federal Constitution of 1988 and adoption of the Statute of the Child and Adolescent - ACE (1990 ) . However note is also the contradictions between what the law requires and what happens in practice. What should be in advance that it is the rights , today also been discussed by some segments of society and politicians to change the law These are focused only on the question of criminal majority , leaving aside the further analysis regarding the lack of protection of children and adolescents for healthy growth focus of the Statute . So the research aimed to identify how work occurs in CREAS Social Worker - Centre for Social Assistance Specialized Reference Ouro Preto do Oeste / RO whose primary focus is the care the children victims of sexual violence . We used the case study as a method of dealing with the techniques of observation and interview with the social worker , as well as literature . As a method of analyzing the dialectic . It is next to CREAS and direct interview with the social worker , there are numerous cases of violence against children and these and suffer sexual violence , often suffer from a lack of host family in most cases still blame the victim . According to the social worker children have low self-esteem , and become increasingly vulnerable to violence and other forms of risk , including even the drug . It can be concluded that the role of social worker when faced with cases of child sexual violence is primarily the victim host generating confidence so that they feel secure in the professional and the state apparatus which is in favor for the solution of the problem . The professional social service still has the function of making home visits , listen carefully to the victim and family , guide the family as to children's rights and the need to protect and make referrals . Have to forward both the victim and the family for psychological and inclusion in programs of social integration offered by the institution . It is part of the team that welcomes to assist the child to recover the trauma and can continue their life with health and safety whenever possible with his family . To overcome this occurs this must have full access to the service network as recommended by the Law When it is not possible to rely on family protection becomes necessary other referrals in order to protect the child's full so it does not continue to be violated in their rights .
 
Keywords : Sexual Violence . Social Assistance . Home . Protection.
Listra de Quadros
Quadro 1- Faixa Etária das Vítimas ( Período de 2013)
	
Quadro 2 – situação financeira, números de casos autor/agressor
SUMÁRIO	
Introdução	12
CAPÍTULO I 	13
1.1 METODOLOGIA	13
1.2 Método de procedimento Estudo de Caso	14
1.3 Observação	15
1.4 Entrevista	17
1.5 Visita Domiciliar	18
1.6 Pesquisa Bibliográfica e Documental	19
1.7 Método deAnálise	20
CAPÍTULO II	22
A VIOLÊNCIA NO DECORRER DA HISTÓRIA 	22
2.1 Conceituando violência	22
2.2 Raízes da Violência	24
2.3 Violência Sexual contra a criança	27
2.3.1 Os autores e atores da violência sexual contra a criança	30
2.3.2 Formas de violência contra a criança	31
CAPÍTULO III 	36
A CRIANÇA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL ATENDIDA PELO CREAS NO MUNICIPIO DE OURO PRETO DO OESTE/RO	36
3.1 Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS	36
3.2 Apresentação do CREAS de Ouro Preto do Oeste: Campo de estágio em Serviço Social.	37
3.3 O Serviço Social no CREAS de Ouro Preto do Oeste	39
3.4 Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes	41
3.4.1 Dados da Violência Sexual no CREAS	43
3.4 A Experiência do Estágio Curricular	44
CONSIDERAÇÕES FINAIS	52
Referências	54
Anexos	58
INTRODUÇÃO
Construir uma sociedade justa, igualitária com todos os direitos básicos garantidos por lei, como o direito a vida, a saúde, a educação, ao respeito, a liberdade e dignidade, dentre tantos outros direitos não é tarefa fácil, especialmente quando se trata dos direitos em beneficio da criança. Tais direitos são legislados na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 1990, mas na prática ainda há uma caminhada longa para se efetivar tais direitos.
Na realidade atual ainda ocorre o desrespeito contra a criança e o adolescente na maioria dos municípios de nossos estados brasileiros. Assim também ocorre no município de Ouro Preto do Oeste. Pelo estágio desenvolvido acompanhando o trabalho da assistente social e da equipe do CREAS do município de Ouro Preto, observam-se muitos casos de violência sexual contra as crianças e os Adolescentes.
Os crimes de violência sexual contra as crianças são perpetuados pelo medo das vítimas. Estas tem receio de denunciar as agressões pois geralmente o violentador ameaça outras agressões a membros da família. Há dificuldade também pelas relações afetivas da vítima com o agressor. Há ainda a omissão de outras pessoas da família que não conseguem lidar com a questão e acabam se submetendo também a chantagens e maus-tratos vindos do agressor.
No primeiro capítulo apresenta a metodologia utilizada para a elaboração da proposta e execução de todas as etapas da pesquisa. Desde conceitos básicos até métodos de procedimento com as técnicas e método de análise.
No segundo capítulo trata da contextualização histórica da violência, mostrando de forma sintética que esse fato sempre existiu e que no passado a criança não era vista como sujeito de direitos. Demonstra também o avanço da Lei nas últimas décadas refletindo que ainda é preciso avançar para que na prática a criança e o adolescente deixem de sofrer violência. 
No último capítulo é apresentado o histórico da instituição campo de estágio, bem como caracterizado o trabalho do Serviço Social na instituição e mais especificamente a intervenção em relação aos casos de violência sexual contra a Criança e o adolescente. Nesta parte relata ainda as ações desenvolvidas enquanto estagiária de Serviço Social visando a prevenção à violência contra as crianças e os Adolescentes no município.
	
CAPÍTULO I 
METODOLOGIA
Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo.
 (Ayrton Senna) 
1.1 Procedimentos Metodológicos 
A metodologia se constitui na escolha adequada do conjunto de método de procedimento e de análise bem como das técnicas e instrumentos adequados na realização da pesquisa. A metodologia se refere a como fazer e relatar os feitos em ciência investiga os limites da ciência ao passo que sem ela os resultados seriam de difícil aceitação. 
 A metodologia é também a possibilidade de inserir os acadêmicos no mundo da ciência, no mundo dos procedimentos científicos. A metodologia traça a caminhada dos estudantes e profissionais na busca de informações de forma rigorosa. A cientificidade só ocorre a partir de um planejamento sistemático rigoroso. 
Para Faleiros (1985), O método é, pois, uma construção do conhecimento que reflete sobre ele mesmo, sobre os passos, falhas, processos, objetivos, fundamentalmente, sobre o objeto desse conhecimento. 
Segundo o autor compreende-se que para se estabelecer um método é necessário ter conhecimento de o próprio conhecer, refletir sobre a própria reflexão com a realidade e as mediações do próprio conhecimento. De acordo com Cervo (1996, p.20), 
O método não se inventa. Depende do objeto da pesquisa. Os sábios cujas investigações foram coroadas de êxito, tiveram o cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os levaram aos resultados. Outros depois deles, analisaram tais processos e justificaram a eficácia dos mesmos. Assim, tais processos, empíricos no início, transformam-se gradativamente em métodos verdadeiramente científicos. 
A metodologia não é inventada tudo começa pelo objeto da pesquisa, a vários processos para atingir o fim dado ao resultado desejado. É preciso muito planejamento para se ter um resultado desejável. 
 A metodologia científica aproveita a análise e também a síntese dos processos mentais, isto é aproveita o resultado de tudo o que for captado na busca de dados sejam eles empíricos ou teóricos para chegar ao conhecimento propriamente dito. 
Trazendo o conceito de metodologia para a intervenção proposta, será de extrema importância, pois ajudar a decifrar a realidade das crianças e adolescentes vitima de violência no município do município de Ouro Preto do Oeste.
1.2 Método de procedimento Estudo de Caso 
Para realizar a pesquisa e a intervenção optou-se como método de procedimento o estudo de caso, por se um método que é possível apresentar e analisar os dados de forma objetiva. Gil (1991) destaca que o estudo de caso se identifica pelo estudo profundo e exaustivo de um ou mais objetos, assim permitindo um conhecimento amplo e detalhado do objeto da pesquisa, tarefa considerada praticamente impossível mediante os outros delineamentos de pesquisa. 
Este delineamento se fundamenta na idéia de que a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da generalidade do mesmo ou, pelo menos, o estabelecimento das bases para uma investigação posterior, mais sistemática e precisa. A experiência acumulada com delineamentos desta natureza confere validade a essa suposição, muito embora não seja possível sua sustentação do ponto de vista lógico. (Gil, 1999, p.79 ) 
Conforme afirma o autor isto pode ocorrer porque o objeto escolhido para o estudo de caso não seja de fato normal, o que levaria a conclusões totalmente equivocadas. 
O estudo de caso como estratégia básica da pesquisa envolve um método que abrange o objeto da pesquisa como um todo incorporando as abordagens específicas à coleta e análise dos dados objetivando evidências concretas. Portanto, para uma melhor compreensão e análise da realidade vivenciada em relação à temática fez-se necessário utilizar os métodos e técnicas de coletas de dados eficazes que pudessem contribuir para a construção e apreensão de conhecimentos. Nesse sentido, 
O estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras e o contexto não são claramente definidos e no qual são utilizadas várias fonte de evidências. [...] explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; descreve a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e explica [...] determinados fenômenos em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos (Gil, 1999, p. 73). 
Para o autor, o estudo de caso explora situações vivenciadas na vida real do usuário, cujos limites não estão claramente definidos, analisa situações em que está sendo feito determinada investigação e esclarece determinados fenômenos muito complexos.
O estudo de caso é muito aplicado na área das ciências sociais e principalmentepelo Serviço Social, visando aprofundamento de pesquisas qualitativas e mesmo a compreensão da realidade interventiva. Portanto, “como estratégia de pesquisa, utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados” (Yin, 2005, p. 20). 
Para o autor a coleta de dados pode ser feita através de várias estratégias sendo que algumas delas são: a observação, a entrevista simples ou com uso do questionário que permitem uma análise profunda do objeto pesquisado. Desta forma, observa-se o estudo de caso como: 
Uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência ou avaliá-la analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora (Chizzotti, 2001, p.102). 
Assim, ambas as estratégias mencionadas acima fazem parte do estudo de caso voltado à temática com crianças e adolescentes mais especificamente referindo-se ao tema em questão.
1.3 Observação 
A observação é a técnica de coleta de dados com a qual se obtém as informações necessárias a respeito do assunto abordado de forma informal. Esta permite que o observador tenha um melhor entendimento dos aspectos que envolvem a problemática, portanto, é um elemento fundamental para a captação de dados da pesquisa empírica especialmente. 
A observação além de uma técnica de pesquisa é um instrumento utilizado pelo Assistente Social que também pode ser utilizada junto com outras técnicas. O pesquisador ou profissional pode utilizar a observação ao mesmo tempo em que realiza a visita domiciliar ou a entrevista. 
Alguns autores já comentam que a observação pode ser considerada como método de investigação por sua importância na coleta de informações. A observação nesse aspecto precisa ser realizada com todo rigor científico, para que os dados sejam bem aproveitados nas análises. 
A observação como técnica utilizada pelo assistente social é analisada por Magalhães (2006, p. 57), a autora ressalta “[...] que o profissional pode entrevistar e realizar uma dinâmica de grupo, fazer uma reunião e utilizar todo o aparato técnico concernente a sua profissão. Porém, se não for um bom observador, só usará instrumentos técnicos, não poderá avaliar”. 
Portanto se o profissional não fizer a observação adequada a sua pesquisa não alcançará o resultado almejado, pois o registro de uma boa avaliação é que se configura como um instrumento de trabalho. 
Para Cervo (1996, p.24 ), “a observação é de importância capital nas ciências. É dela que depende o valor de todos os outros processos. Sem a observação, o estudo da realidade e de suas leis reduzir-se-á à simples conjetura e adivinhação.” A autora explícita que sem a técnica de observação não há como se obter o resultado esperado da investigação, pois observar significa aplicar atentamente os sentidos a um objeto, para adquirir um conhecimento preciso. 
A observação foi fundamental para coletar dados das atividades da assistente social no que se refere à violência sexual contra a criança no município de Ouro Preto do Oeste. 
1.4 Entrevista 	
 A entrevista é um instrumento técnico muito conhecido e também utilizado pelos profissionais de várias instituições. A entrevista como instrumento pode ser entendida como uma forma de o assistente social utilizar procedimentos para o seu fazer profissional. Dessa forma a entrevista se inicia como meio que possibilita uma proximidade entre assistente social e usuário(s) dos seus serviços, tornando possível um processo de desconstrução, reconstrução e construção das análises do problema vivenciado pelos usuários. 
 Conforme enfatizam Giongo, Wunsch & Felizardo (2003, p.14) “O assistente social busca conseguir uma ampla participação do usuário para facilitar o desenvolvimento da entrevista e ao mesmo tempo uma interação satisfatória entre os participantes”. A autora reforça que a aproximação entre profissional e usuário é possível pela escuta que o mesmo exerce antes de fazer qualquer tipo de avaliação. A entrevista é o foco principal para a troca de conhecimentos no relacionamento entre profissional e usuário(s). Nesse ínterim, a entrevista é vista como: 
 A técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam a investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de dialogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. (Gil, 1991, p. 113). 
 A entrevista seja ela assistemática ou sistemática é uma forma do profissional interagir com o usuário e extrair dele informações importantes a respeito do contexto e da situação problema que enfrenta naquele momento. 
A entrevista implica relacionamento profissional em todos os sentidos: na postura atenta e compreensiva sem paternalismos; na delicadeza do trato com o usuário do serviço, ouvindo-o, compreendendo-o, principalmente enxergando-o como sujeito de direitos (Magalhães, 2003, p. 48). 
 A autora chama a atenção para o fato de que o entrevistador deve ficar atento e de forma sensível à pessoa entrevistada para ouvir suas queixas, anseios sem fazer juízo de valor em relação ao que este relata. “O instrumental entrevista pode ser entendida como um dos meios que o assistente social utiliza para proceder ao seu fazer profissional e integra seu processo de trabalho” (Giongo, 2003, p. 13). E como um bom entrevistador o profissional, 
[...] direciona as verbalizações do usuário para os objetos do trabalho, isto é, retoma o eixo da entrevista ao perceber que o entrevistado está sendo prolixo e repetitivo. As reflexões devem ser estimuladas e conselhos ou críticas, evitados. As peculiaridades da linguagem devem ser observadas porque fornecem indícios importantes para a avaliação. Tal fato não significa “falar igual” ou criticar o uso de linguagem. (Magalhães, 2003, p. 48). 
Na entrevista é sempre necessário, estabelecer a relação de confiança e assim obter a cooperação dos entrevistados, sejam eles profissionais, famílias, ou outra categoria de entrevistados. Quando o entrevistador não sentir segurança e preparo suficiente é melhor não realizar a entrevista. 
O entrevistador deve manter-se na escuta ativa e com a atenção receptiva a todas as informações prestadas, quaisquer que sejam elas, intervindo com discretas interrogações de conteúdo ou com sugestões que interessem à pesquisa. A atitude disponível à comunicação, a confiança manifesta nas formas e escolhas de um diálogo descontraído devem deixar o informante inteiramente livre para exprimir-se, sem receios, falar sem constrangimentos sobre os seus atos e atitudes, interpretando-os no contexto em que ocorreram (Chizzotti, 2001, p. 93). 
Como estagiária juntamente com a assistente no momento da entrevista é preciso estar atento a tudo que é dito e observado e imediatamente anotar tudo no diário de campo para não perder as informações. 
1.5 Visita Domiciliar 
Entende-se que a visita domiciliar é um instrumento a serviço do profissional, esta inicia uma relação com o usuário no seu ambiente familiar, tornando possível a compreensão da realidade no ambiente em que ele habita. A visita domiciliar também pode ser utilizada para realizar algum tipo de busca como, por exemplo, provas que comprovem alguma situação, a visita só terminará quando a busca for satisfatória. 
Para Giongo,Wunsch e Felizardo (2003), o profissional pode se utilizar da visita domiciliar, desde que seja indispensável se aprofundar na situação familiar e domiciliar dos usuário(s), com o propósito de obter informações para a busca dos objetivos profissionais. A autora destaca que a visita é utilizada conforme a situação de cada usuário, a função do profissional ao visitar é explorar a realidade do mesmo paramelhor compreensão da situação de cada um. O profissional pode se utilizar da visita domiciliar toda vez que considerá-la necessária e também para conhecer a situação domiciliar e familiar de cada usuário. 
 No momento da investigação e intervenção foi utilizado a visita domiciliar, uma vez que é uma ferramenta bastante importante para a assistente social do CREAS do município de Ouro Preto do Oeste para entender melhor a realidade e o meio social que esse indivíduo vive. 
1.6 Pesquisa Bibliográfica e Documental 
 É de suma importância antes da realização de qualquer trabalho fazer uma pesquisa bibliográfica a respeito do tema abordado, fazer um levantamento histórico e levantar as contradições que dizem respeito ao tema para não correr o risco de iniciar um processo de forma ingênua. 
Para Cervo (1996) A pesquisa bibliográfica é o meio de formação por excelência. Pode ser realizada como parte de uma pesquisa descritiva ou experimental, todavia busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas de determinado assunto. 
A pesquisa bibliográfica consiste em averiguar tudo o que já existe em relação ao tema para não correr o risco de ser repetitivo e ao mesmo tempo fichar um referencial essencial à fundamentação dos dados. As pesquisas bibliográficas e documentais andam juntas, muitas vezes até se confundem. 
 A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa (Gil, 1991, p.73). 
 Considera-se que a pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica. Há que se destacar que a documental consiste na exploração de documentos, enquanto que a bibliográfica se utiliza da pesquisa por diversos autores mais ambas andam lado a lado na construção de um projeto. 
O diário de campo é um instrumento importante onde o estagiário vai relatando todas as informações e acontecimentos decorrentes de sua pesquisa. No diário de campo é aceitável até mesmo os desabafos ou indignações por isso ele é de uso exclusivo do pesquisador e posteriormente do orientador para extrair o que há de relevante para a análise. 
O diário de campo possibilita ao acadêmico o exercício de suas sínteses e também da análise crítica a respeito de sua temática. O registro de forma detalhada no diário de campo propicia uma constante reflexão do estagiário e do profissional visando análises e melhoria da pesquisa e de suas ações. 
1.7 Método de Análise 
O método de análise dialético é o mais adequado à temática proposta por possibilitar uma análise que considera todos os fatos que permeiam o contexto e capta as contradições que envolvem o tema violência sexual contra as crianças no município de Ouro preto do Oeste. 
 Vários pensadores do passado manifestaram o desejo de definir um método universal que seria aplicável a todos os ramos do conhecimento. Entretanto, hoje cientistas e filósofos preferem falar de várias formas de métodos a serem utilizados, a qual é determinada pelo tipo de objeto a ser pesquisado. Para Gil (1991) as considerações que envolvem a dialética costumam ser polêmicas, pois invariavelmente conduzem as questões de natureza ideológica. 
O método utilizado é o dialético, pois permite fazer uma análise crítica do contexto da investigação e permite acompanhar as mudanças e transformações que ocorrem na realidade dando ênfase à análise dos fatos no momento em que estes ocorrem. 
A apreensão do método dialético com a percepção das categorias fundamentais da totalidade da vida social, comportando a universalidade, a singularidade e a particularidade, além das categorias de produção, mediação e de classe social para que o método possa proporcionar a compreensão do real, onde sujeito e objeto são articulados entre si, resultando em um processo constituinte de conhecimento do real, possibilitando apreendê-lo na totalidade e no movimento (Chizzotti, 2001, p. 82) 
Em relação à realidade vivenciada em Ouro Preto do Oeste, o método dialético possibilita um olhar aprofundado capaz de extrair dessa realidade as contradições e ao mesmo tempo chegar a uma análise crítica da problemática violência sexual contra crianças visando superar o problema. 
Para Oliveira (2002 p. 67), "a dialética se desenvolve como sendo um método de pesquisa que busca a verdade por meio da formação adequada de perguntas e respostas até atingir o ponto crítico do que é falso e do que é verdadeiro". 
A dialética é conhecida como a arte do diálogo que aos poucos se transforma no sentido de atingir objetivos pelas discussões e sínteses a respeito do tema debatido. Como define Lakatos (2007 p.101) "o objetivo da dialética é encontrar sempre vias de se transformar, desenvolver o fim de um processo é sempre o começo de outro". A dialética permite analisar todo o contexto que envolve a problemática da violência sexual contra as crianças no município e assim poder criar propostas de intervenção.
CAPÍTULO II 
A VIOLÊNCIA NO DECORRER DA HISTÓRIA 
“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.
 Jean-Paul Sartre
2.1 Conceituando violência
 Segundo o dicionário Houaiss (2009), a violência é a ação ou efeito de violentar, de empregar força física contra alguém ou algo, ou intimidação moral contra alguém, ato violento, crueldade, força. Já a organização mundial da saúde (OMS) define violência como “A imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”.
A caracterização da violência distingue-se pelo ato ou forma de agir, seja ela verbal ou não contra um indivíduo causando-lhe danos físicos ou psicológicos. É importante destacar que além da agressão física, a violência pode ser emocional através de ofensas ou ameaças. Para Faleiros (2001) a caracterização dos espaços sociais com maior incidência de violência e de diferentes formas de ações agressivas revela que a conduta violenta está disseminada por toda a sociedade.
De acordo com Abramovay (2002) estamos mais perto da violência do que gostaríamos e ela é mais extensiva do que imaginamos, em função das características intensivas e extensivas da violência, sua desarticulação somente poderá ser alcançada se sua busca for adotada como um dever social de todos. Para Abramovay (2002, p.13),
A violência é, cada vez mais, um fenômeno social que atinge governos e populações, tanto global quanto localmente, no público e no privado, estando seu conceito em constante mutação, uma vez que várias atitudes e comportamentos passaram a ser considerados uma forma de violência. 
Nesse sentido se entende que a violência não mais se restringe a determinada classe social, racial, econômica ou geográfica, mas está presente em todos os espaços e nas mais variadas camadas da sociedade. 
O que se observa é que hoje em dia os grupos se misturam e se confunde em muitos casos o real motivo da violência. Porém é bom destacar que a partir das modalidades de violência ela se acentua para mais ou para menos em determinados grupos em relação a gênero, etnia e classe social, seja como vítimas ou agentes da violência. 
Hoje em dia é só ligar a televisão para assistir grupos os mais diversos agindo com violência em nome de determinada causa. A violência vem se expressando das mais diversas formas, são pessoas mascaradas depredando patrimônio público e instituições comerciais em nome desses ou daqueles direitos, que na verdade se formos a fundo estes grupos que utilizam de tais estratégias destrutivas são apenas interessados em criar tumulto e desorganização social. 
Wieviorka (1997) aponta para um novo paradigma da violência, para o autor, as décadas de 1950 e 1960 caracterizavam o fenômeno da violência em tornode seu caráter político e ideológico. Nos anos 70 e 80 a violência política e o terrorismo de extrema esquerda ligados à longa desestruturação das ideologias, dos regimes e dos partidos marcaram o declínio histórico do movimento operário e a perda do lugar central das relações. Nas palavras do autor,
Não é mais a luta contra a exploração, a sublevação contra um adversário que mantém com os atores uma relação de dominação, e sim a não-relação social, a ausência de relação conflitual, a exclusão social, eventualmente carregada de desprezo cultural ou racial, que alimentam hoje em toda parte do mundo (Wieviorka, 1997, p. 7).
 Assim, os novos significados da violência criam contornos inesperados e levam à desarticulação de grupos que se movimenta com seriedade em prol de direitos legislados que não são cumpridos. A violência que surge nas ruas pelos grupos mascarados é o retrato do desrespeito e da falta de reconhecimento do outro enquanto sujeito social. A reestruturação econômica e produtiva desta nova era (sobretudo, a partir de 1990) destacou o espaço social marcado por conflituosidades. A sociedade vivencia um processo de desfiliação da cidadania e da sociabilidade, na qual nem os indivíduos e nem os cientistas social conseguem explicar. 
Defende-se a adoção no Brasil da política tolerância zero de Nova Iorque. Ora, aumentando a força da polícia, consequentemente, aumentará a corrupção. Em nossa realidade, maior será a repressão sofrida pelos já marginalizados pela sociedade.
A violência contra os grupos organizados pela polícia também é um fator que preocupa a todos e que leva a tentar entender mais uma vez as raízes de tais problemas, porém aqui o foco se volta para a violência contra crianças e adolescentes.
	
2.2 Raízes da Violência
	
Para Faleiros (2007, p. 13) “O processo histórico permite visualizar como crianças e adolescentes foram, ao longo do tempo, envolvidos em relações de agressões e maus tratos por diversas instituições sociais”. As transformações socioculturais, incluindo a caracterização desse grupo social como “sujeitos de direito”, exigiram a mobilização de diferentes segmentos da sociedade pública e civil.
 
Não se pode compreender a violência sem a análise de suas múltiplas causas e isso um fenômeno complexo. Nos EUA, a tolerância zero levou ao cárcere, 1,8 milhão de pessoas. Isso pela prática de crimes menores, como falta de documento de identidade, documento falso, mendicância, embriagues etc. Não pode ser compreendida a violência sem o componente social, sem a compreensão dos conflitos humanos. Afirma Meneghetti (1994, p.8),
 	
O indivíduo humano não pode viver sem a conexão social porque, independentemente de como se queira entendê-lo, o social continua sendo o todo permanente no qual se realiza o processo de individualização. É óbvio que o conceito de sistema continua permanece um apelativo de valor de tudo o que é biologia social, permanece um apelativo mais técnico, mais avançado. Poderia também dizer: qual a relação que pode existir entre a alma e a máquina, entendida como engenho, conjunto interconexo ao definitivo consente uma função? Sistema é entendido como mais partes funcionais para uma finalidade. O indivíduo é íntimo ao sistema e o sistema é íntimo ao indivíduo.
Ademais, a violência não se dá apenas contra os seres humanos e contra a sociedade. Verifica-se, enfim, um atentado contra toda e qualquer espécie de vida existente sobre a face do planeta. É urgente a reformulação ética. Sem uma mudança radical não se conseguirá a preservação da vida no planeta. 
De modo que este mundo, este ser, esta verdade, este universo, este infinito, esta imensidão se acham inteiros em todas as suas partes, de tal sorte que ele [o mundo] é o próprio ubique. Daí que aquilo que está no universo (e mesmo que o seja com relação aos outros corpos particulares), acha-se por toda a parte segundo o modo de sua capacidade; está em cima, embaixo, no meio, à direita, à esquerda, segundo todas as diferenças locais, porque na totalidade infinita há todas estas diferenças e não existe nenhuma delas. Toda coisa que captamos no universo, porque encerra em si mesmo o que está todo inteiro por toda parte, em seu modo toda a alma do mundo (...); esta alma está inteira, independentemente de quais partes do universo” (Giordano, 1998, p.122).
O universo é constituído de ambas as espécies em sua totalidade e esse universo deveria ser harmônico em suas inter-relações e interconexões, mas infelizmente as relações são predatórias e violentas. 
A violência institucionalizada pelo sistema é considerada normal e isso é grave. Precisa-se de humildade para se proceder a uma leitura integral dos fenômenos da vida. Ninguém é portador da verdade. Ela está em todo o lugar e pode fugir se empregarmos métodos inadequados, antiquados ou desrespeitadores da complexidade da vida (Giordano, 1998). 
Todos os seres humanos constroem a totalidade a partir de sua existência, a partir de individualidades e do infinito de suas vidas solitárias. Construir uma visão mais humanizada somente a partir do reconhecimento de que cada um é uno e múltiplo ao mesmo tempo. A partir do respeito às diferenças. 
 
Cada passo é importante. Cada visão é imprescindível para o resgate da humanização, esta humanização será a partir do conhecimento.
A verdade é que precisamos estar sempre prontos a mudar as nossas idéias para ser sinérgicos com a intencionalidade da vida; mas, para atingir esta capacidade, é preciso ser exatos consigo mesmos, isto é, ser autênticos, ter um Eu lógico-histórico capaz de se sincronizar com a intencionalidade, com os impulsos do Em Si ôntico. O Em Si consciente deve estar em constante correlação com o próprio Em Si, quer no aspecto individual, como no social. (Meneghetti,1994, p.7)
É preciso estar aberto às mudanças para que as transformações ocorram, sem transformação é impossível a construção de uma nova relação social que esteja pautada na ética da não violência. 
É preciso que a sociedade atual continue superando a sociedade patriarcal construída culturalmente em que se predominava a relação do mais forte, ou seja, do patriarca da família. Este fazia valer seus interesses pelo uso da força do medo e da violência. 
Para Meneghette (1994, p. 7) “A violência é uma patologia do corpo individual, que contamina o corpo social e que contribui para o equilíbrio-desequilíbrio da sociedade”.
A violência é parte do próprio Estado o qual violenta seus cidadãos ao não cumprir com seu dever enquanto nação. Os cidadãos são violentados pelo desrespeito à seus direitos garantidos em Lei. Um Estado que não é cumpridor de seu papel já é por si violento. Jung (1996, p.89), 
	
Certa vez, em conversa com um chefe de uma grande instituição EUA para crianças delinqüentes, tomei conhecimento de uma experiência extremamente interessante. Lá eles estabeleceram duas categorias de crianças. A maior parte, quando chega à instituição, sente-se melhor, desenvolvendo-se normalmente, e eventualmente consegue sair do que era o seu mal inicial. A outra categoria, minoritária, torna-se histérica quando tenta ser normal e sociável; estes são os criminosos inatos, impossíveis de serem mudados. Para eles a normalidade é o erro. Nós também nos sentimos muito bem quando temos de atuar com perfeição. E isso porque não somos seres perfeitos. 
Essa visão discutida pelo autor não cabe na atual sociedade em que vivemos uma sociedade que desde sua Lei maior a Constituição reza a proteção à Criança e cria também um Estatuto com o objetivo de protegê-la. 
Como não somos perfeitos em nossas ações precisamos estar constantemente nos conhecendo e nos adaptando a diversas novas situações e buscando estratégias de convivência visando superar a violência. 
 
Há cultura política materialista que se reflete em todos os segmentos da sociedade e que não prioriza a manutenção da vida. A violência está implícita em tudo, cada vez mais as pessoas matam e violentam em nome do amor, da fome, da inclusão, das mais diversas explicações, mas na verdadenem mesmo os maiores estudiosos da questão conseguem explicar o motivo de tanta violência em uma sociedade que diz humana. 
Cada fenômeno apresenta-se na sua multidimensionalidade natural. Cada ser é resultado da interação de múltiplos fatores genéticos, históricos, ambientais, que se unem para dar a identidade de todo o homem. Assim, a violência não pode ser analisada como um fenômeno isolado, dissociado do todo. Faz parte da vida, estando presente em cada elemento, em cada partícula do universo. Todos são violentos e, paradoxalmente, buscam a paz. Incitar ainda a mais a violência se constitui num procedimento inadmissível quando se está diante da hipercomplexidade da vida. ( Meneghetti, 1994).
A violência ainda é manifestação de um primitivismo exacerbado, quando os indivíduos tinham de preservar os seus bens contra a agressão dos mais fortes. A autotutela foi superada pela heterocomposição e, no entanto, a cultura do conflito se mantém até nossos dias (Meneguetti, 1994).
2.4 Violência Sexual contra a criança
A violência sexual é a situação em que a criança é usada para o prazer sexual de uma pessoa mais velha, ou seja, é qualquer situação de interesse sexual consumado ou não. O ato pode ser cometido, pelos pais, parentes e outras pessoas capazes de causar, dano físico, sexual, ou psicológico à vítima.
A violência contra crianças e adolescentes é praticada de várias maneiras, por diferentes autores/atores e em distintos lugares. A classificação da mais usual das geralmente denominadas formas de violência é: violência física psicológica e sexual. Classifica-se a violência sexual em abuso sexual e exploração sexual comercial; o abuso sexual em intra e extra- familiar; a exploração sexual em prostituição, pornografia turismo sexual e tráfico de pessoas para fins sexuais. (Faleiros, 2007, p. 31)
Para o autor, essas diferentes formas de violência não são excludentes, mas sim cumulativas. A violência sexual também é violência física e psicológica; a violência física sempre é também psicológica. Se tratando da exploração sexual comercial, fazem-se presentes, além da exploração econômica, as violências estrutural, física, psicológica, social e moral. Portanto a violência simbólica estimula todas as formas de violência.
Assim Faleiros (2000, p. 17) esclarece que “a violência sexual contra crianças e adolescentes sempre se manifestou em todas as classes sociais [...] Dessa forma devemos entendê-la em seu contexto histórico, econômico, cultural e ético”. 
A violência sexual pode acontecer em qualquer ambiente e se manifesta em todas as classes sociais. Essas mais diversas manifestações da violência são analisadas sem obedecer a uma classificação hierarquizada sobre sua gravidade.
	
A violência contra crianças e adolescentes se tornou um fenômeno complexo e de difícil enfrentamento. Entende-se que todos os tipos de violência devem ser considerados com o mesmo nível de agravamento, pois podem sinalizar uma situação de risco social. Contudo Guerra (1998, p. 33) relatam que: 
Violência Sexual se configura como todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou homossexual entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente esta criança ou adolescente ou utilizá-los para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa.
De acordo com os autores a violência sexual se trata de qualquer estimulação envolvendo a sexualidade da criança, em que esta é envolvida e convencida a participar do ato ou quando esta é forçada a essa situação. Essa violação ocorre também quando a criança é estimulada por família, amigos ou outras pessoas próximas a ela a participar desse ato com terceiros.
O ECA em seu artigo 5°. Destaca que “Nenhuma Criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência ou crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais”.
Mesmo sendo legislado sobre esses direitos, muitas crianças ainda continuam sofrendo toda a forma de violência. Essa violência ocorre muitas vezes dentro de casa ou por pessoas próximas à criança e que na verdade deveriam protegê-la.
Foi apenas na década de 90, com a aprovação do ECA, que crianças e adolescentes passaram a ser considerados sujeitos de direitos, e não menores incapazes, objetos de tutela, de obediência e de submissão ao Estado. O ECA ressalta em seu artigo 16 que, 
1. Nenhuma criança será objeto de interferências arbitrárias ou ilegais em sua vida particular, sua família, seu domicilio ou sua correspondência, nem de atentados ilegais a sua honra e a sua reputação. 2. A criança tem direito à proteção da lei contra essas interferências ou atentados.
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA reza sobre esses direitos, porém a garantia, a proteção integral ainda é uma realidade a ser construída por todos os cidadãos. A criança ainda encontra-se desprotegida das mais diversas formas e exposta a violência. 
Conforme ressalta a Constituição Federal de 1988 em seu art. 27 parágrafo 4°., “A lei punirá severamente, o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente”, no entanto muitos casos nem chegam a ser denunciados e outros são ignorados na medida em que os processos se arrastam anos até que sejam resolvidos. Em muitos casos a criança é novamente violentada em seus direitos na medida em que fica exposta a situações sem solução por períodos extensos sem nenhuma proteção à sua individualidade. 
Observa-se que mesmo com todos os direitos previstos nas leis em defesa da criança e do adolescente, o que se pode perceber é a falta de interesse por parte das autoridades que fecham os olhos diante de uma problemática que parece não ter solução aos olhos da sociedade. Conforme o ECA, 
 
[...] a violência contra a criança e o adolescente, em suas manifestações mais virulentas, deve ser combatida de forma sistemática e vigorosa, não só pelos prejuízos físicos e psíquicos que causa as vítimas, mas, sobretudo pelo padrão abusivo da relação social que ela dissemina e que fere o mais elementar direito do ser humano.
 As consequências dessa violência na vida de uma criança são sem precedentes e pode interferir pela vida toda se não houver um acolhimento e tratamento adequado por parte das instituições responsáveis e também por parte de familiares quando estes possuem as condições de proteger e acompanhar a criança, ou ao contrário por parte daqueles que são designados ao cuidado. 
2.3.1 Os autores e atores da violência sexual contra a criança
 Para Faleiros (2007) quando o assunto é a violência sexual contra a criança, é comum focar estritamente nos autores, adotando uma visão sob duas faces, o violentador e o violentado. Entretanto, a violência ocorre em situações nas quais outros atores participam. De modo normal, há pessoas que de certa forma contribuem para que de fato o ato violento aconteça, e silenciam permitindo que a mesma se mantenha, ou até colaboram para que a violência ocorra.
A violência sexual contra crianças e adolescentes pode ser cometida tanto por adultos (de ambos os sexos) como por adolescentes, e é classificada como intra ou extra- familiar. Para Faleiros (2007, p. 48) “A análise da realidade das situações de violência tem revelado que essa classificação é demasiado genérica, não dando conta da diversidade dos autores e atores envolvidos nessa situação”. O mesmo autor destaca que de outra forma, essa classificação refere-se às violências privadas, a relacionamentos interpessoais violentos, desconsiderando as violências públicas e mercantilizadas como, por exemplo, a exploração sexual comercial.
 
 Ainda Faleiros (2007) enfatiza que nas violências privadas consideradas como intra e extrafamiliar, é importante fazer uma análise dos autores que se encontram implicado. A violência intrafamiliar pode ser cometida tanto pelos pais ou responsáveis, como por parentes próximos às vitimas ( avós, tios, primos,irmãos, cunhados, entre outros). Entretanto, o mais importante não é estabelecer o parentesco em relação à criança, mas sim o grau de autoridade que o violentador exerce sob a vitima.
 
 Na violência extrafamiliar é importante a definição do grau de conhecimento entre a vitima e o autor, ou seja, se o violentador é alguém ligado aos familiares com estreita convivência com a vítima como um professor, vizinho, namorado da tia ou da irmã ou um desconhecido da vítima (Faleiros, 2007). O mesmo autor relata que a violência pública, mercantilizada e extrafamiliar como a exploração sexual comercial, por exemplo, os autores podem ser desconhecidos (clientes, internautas pedófilos) ou conhecidos (empregadores). Outros autores, que testemunham na violência são de certa forma conhecidos (amigos, aliciadores, donos de hotéis e casas de show, fotógrafos e outros).
 
 Conforme relata a Cartilha Violência Sexual Contra Meninos e Meninas (2004), tanto a violência sexual intra como a extrafamiliar, quanto à exploração sexual comercial são fenômenos complexos e difíceis de serem enfrentados. É necessário tanto ter coragem de intervir nestes casos, quanto segurança para a solução. Portanto a construção de redes de apoio, composta por órgãos públicos, instituições e pessoas da sociedade são indispensáveis para romper com tais violências. As políticas públicas para crianças e adolescentes estão previstas no ECA, sendo uma tarefa a ser aplicada pelo Estado e a sociedade a fim de proteger a infância e a adolescência.
 2.3.2 Formas de violência contra a criança
 
 A violência contra crianças e adolescentes pode ser cometida de várias maneiras por diversas pessoas e em distintos lugares. Para Faleiros
A classificação mais usual das geralmente denominadas formas de violência é: violência física, psicológica e sexual. Classifica-se a violência sexual em abuso sexual e exploração sexual comercial; o abuso sexual em intra e extrafamiliar; a exploração sexual em prostituição, pornografia, turismo sexual e tráfico de pessoas para fins sexuais. (Faleiros, 2007, p. 31)
No Brasil, um país com enormes desigualdades sociais e econômicas, historicamente classista, racista, machista e extremamente violento com crianças e adolescentes da população mais carente. Notoriamente trata-se de uma violência cumulativa e excludente (Faleiros, 2007).
Para o Faleiros (2007) Exemplos atuais a ser citados em se tratando de violência estrutural, são os altos índices de mortalidade de crianças e adolescentes, provocadas por causas externas como o uso de drogas, as execuções de crianças e adolescentes em conflitos com a lei e a atuação em gangues entre outras causas. Para Minayo, a violência estrutural, 
[...] caracteriza-se pelo destaque na atuação das classes, grupos ou nações eco- nômica ou politicamente dominantes, que se utilizam de leis e instituições para manter sua situação privilegiada, como se isso fosse um direito natural.( Minayo,1993, p. 18)
 Entretanto, apesar das garantias democráticas expressas na Constituição Federal de 1988 e no ECA, ainda não existe políticas públicas comprometidas com o princípio Constitucional de priorizar as crianças e adolescentes, tornando assim o Estado o principal responsável pela violência estrutural.
Além da violência estrutural está presente a violência simbólica. O conceito de violência simbólica de acordo com Faleiros (2007) foi criado pelo francês Pierre Bourdieu para descrever o processo pelo qual a classe que domina economicamente impõe sua cultura aos dominados. São Exemplos de violência simbólica: a mulher é mais fraca do que o homem, os negros são menos inteligentes do que os brancos, todo adolescente é revoltado, o homossexual é um doente, os pobres são preguiçosos.
 
Assim, pode-se definir a violência simbólica como o exercício e difusão de uma superioridade fundada em mitos, símbolos, imagens, mídia e construções so- ciais que discriminam, humilham, excluem. Outra possível definição é a de que se trata do estabelecimento de regras, crenças e valores que “obrigam o outro a consen- tir”, pela obediência, dominação ou servidão.(Faleiros, 2007, p.33)
 O autor destaca que, portanto, sistema simbólico de uma determinada cultura é uma construção social e sua manutenção é fundamental para a perpetuação de uma determinada sociedade, através da interiorização da cultura dominante pelas pessoas. 
 
 A violência institucional também se manifesta de diferentes formas (física, psicológica e/ou sexual), é caracterizada por estar associada às condições específicas dos locais onde ocorre, como por exemplo, escolas, instituições de saúde, abrigos etc.
As condições materiais das instituições também são exemplares da violência estrutural. A carência de pessoal e de equipamentos, as filas de espera, a falta de material, os horários inadequados de atendimento, a ausência de profissionais no trabalho e outras questões que conduzem ao não atendimento, ao atendimento precário e ao desrespeito dos direitos dos usuários são manifestações desse tipo de violência. (Faleiros, 2007, p. 33)
 Para o autor, a carência de pessoas preparadas profissionalmente, a demora na fila de espera, a falta de material dentre outras questões, são manifestações específicas da violência institucional.
Outra forma de violência é a negligência como um tipo de relação entre adultos e crianças ou adolescentes baseada na omissão, na rejeição, no descaso, no descompromisso, na indiferença dentre outras formas de negligência. Para Faleiros,
A negligência nem sempre é claramente compreendida em todas suas formas e extensão. Para a área da saúde, por exemplo, crianças negligenciadas são as que apresentam baixo peso e as não vacinadas. Consideram-se também negligenciadas as crianças que não freqüentam a escola. Há, no entanto, muitas formas e graus de negligência, como por exemplo: o abandono (forma extrema); crianças não registradas; pais que não reconhecem sua paternidade; crianças “deixadas/entregues/dadas sem papel passado” a familiares, conhecidos ou mesmo desconhecidos; crianças “pin- gue-pongue”, que circulam de “mão em mão” e que “não são de ninguém”; crianças e adolescentes que assumem responsabilidades de adultos (cuidam de si próprios e/ou de irmãos pequenos, assumem todas as tarefas domésticas, contribuem com a renda familiar e/ou se sustentam através da mendicância, trabalho infantil, prostituição); meninos e meninas de rua, sem controle ou proteção e expostos à violência familiar ou comunitária. (Faleiros, 2007, p. 34)
Para o autor, muitas vezes a negligência é considerada exclusivamente responsabilidade das mães. É importante ressaltar, contudo, que, segundo o artigo 4º do ECA, a família, a comunidade, a sociedade em geral e o Poder Público são responsáveis pela proteção de crianças e adolescentes e devem assegurar a efetivação de seus direitos. O autor destaca ainda que,
A negligência é a negação e a falta de compromisso com as responsabilidades familiar, comunitária, social e governamental. É a falta de proteção e de cuidado da criança e do adolescente, a não existência de uma relação amorosa, a falta de reconhecimento e de valorização da criança e adolescente como sujeitos de direitos. É o desrespeito às suas necessidades e à sua etapa particular de desenvolvimento. Crianças e adolescentes negligenciados vivem, pois, situações de abandono, de privação e de exposição a riscos.(Faleiros, 2007, p.34)
Portanto a negligência é deixar de oferecer a criança a proteção que esta precisa enquanto ser dependente de cuidado em primeiro lugar cuidado e proteção familiar e em seguida cuidado pelo Estado, sociedade em geral. A criança precisa ter acesso a todas as políticas de direitos tais como: saúde, lazer, educação, alimentação, entre outros. 
Para Faleiros (2007) “a violência física contra crianças e adolescentes se trata da relação social de poder que se manifesta nas marcas que ficam principalmenteno corpo, causando-lhes fraturas, queimaduras, hemorragias, hematomas, mutilações, desnutrição e até mesmo a morte”.
Ela apresenta-se em diferentes graus, cuja severidade e gravidade podem ser medidas pela intensidade da força física utilizada pelo agressor, pelo grau de sofrimento causado à vítima, pela gravidade dos ferimentos ocasionados, pela freqüência com que é aplicada e pelas seqüelas físicas e psicológicas que provoca. (Faleiros, 2007,p.35).
Dependo da gravidade da violência, ou seja, o grau de sofrimento causado á vítima ela pode se apresentar em diferentes graus. Para Faleiros (2007) são formas de violência física: a disciplina física com fins corretivos, como tapas, surras e agressões com qualquer tipo de objeto, torturas, privações físicas deliberadas (de comer e de beber), restrições de movimentos (confinamento), privação ou transferência de abrigo (expulsão do lar, colocação em outra residência, internação), trabalho forçado e inadequado à idade e desenvolvimento do vitimizado, eliminação física (assassinato) e também a violência sexual.
 
Segundo Faleiros (2007, p.36) Já a violência psicológica “trata-se da relação de poder desigual entre adultos que abusam da autoridade sobre crianças e adolescentes dominados”. Essa forma de violência é muito freqüente, entretanto, é a menos identificada como uma forma de violência em função do alto grau de tolerância da sociedade frente a esse tipo de violência. Isso se dá porque ninguém denuncia pais, profissionais da saúde, policiais, professores entre outros que desqualificam crianças e adolescentes.
 A violência psicológica situa-se no conceito geral de violência como uso ilegítimo da autoridade decorrente de uma relação de poder. Assim, no lugar de oferecer a proteção, que é o seu dever, o adulto se relaciona com a criança por meio da agressão verbal ou psicológica e do domínio, substituindo e invertendo o papel que dele se espera. Essa inversão da proteção em opressão configura uma “despaternalização”, ou seja, a negação das funções sociais e pessoais dos papéis de pai e mãe, do poder familiar, muitas vezes ancorada em uma tradição autoritária da disciplina (Faleiros,2007,p.36).
Para o mesmo autor esse autoritarismo, se expressa nas formas incorporadas de violência de gênero, os adultos usam o poder, quando deveria oferecer proteção que é o dever, mais ao contrário o adulto se relaciona com a criança através da agressão verbal ou psicológica.
 
CAPÍTULO III 
A CRIANÇA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL ATENDIDA PELO CREAS NO MUNICIPIO DE OURO PRETO DO OESTE/RO
	“O menor violentado na sua sexualidade deixa de poder ser sujeito do seu próprio destino, da sua própria história sonhada, projetada ou construída”. 
 (Paulo Guerra)
3.1 Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS 
Segundo o plano de ação (2012) a Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) do município de Ouro Preto do Oeste, foi fundada em 1982, tem como metas o desenvolvimento social, viabilizando geração de renda, direitos sociais e integração social entre a sociedade e a família. 
A SEMAS através de sua equipe busca parceria para criar uma participação ativa da sociedade na intenção solidária, oportunizando a clientela criação de vínculos e atividades que levem os beneficiados a se sentirem aceitos como sujeitos de direitos, onde se planeja metas para um novo futuro e que lhes preparem para uma vida social, é uma forma de contribuir para o seu desenvolvimento integral e a sua inserção social. A SEMAS tem uma equipe de profissionais extensa formada por Assistente Sociais, Psicólogos, Pedagoga, cuidadores, motoristas, técnicos, recepcionista e a gestora responsável por administrar toda a instituição. 
Tem como missão programar e coordenar a política pública de Assistência Social de Ouro Preto do Oeste, e também o de promover um conjunto integrado de ações socioassistenciais, para atendimento aos cidadãos e grupo que se encontram em vulnerabilidade social. ( Plano de ação SEMAS, 2012).
O público alvo é a Proteção Social Básica (PSB), Proteção Social Especial (PSE), Administração, Casa de Acolhimento Institucional. Tem como objetivo geral garantir direitos a assistência para a população que se encontra em situação de risco e vulnerabilidade social, de forma organizada e planejada. A Assistência social rege-se pelos seguintes princípios:
I Supremacia do atendimento ás necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III respeito à dignidade do cidadão, á sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidades, bem como a convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade ; IV igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão( Art,4° LOAS, Lei Orgânica de Assistência Social). 
 
É através desses princípios que a SEMAS busca promover e defender os direitos a vida e a participar da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto às pessoas em situação de risco social.
3.2 Apresentação do CREAS de Ouro Preto do Oeste: Campo de estágio em Serviço Social
 De acordo com o plano de ação (2012) a instituição CREAS foi criada na gestão do Prefeito de Ouro Preto do Oeste, Agmar de Souza Gomes. Agora esta sob o mandato do prefeito Aléx Testoni que exerce seu segundo mandato.
O processo de implantação do CREAS é orientado pelas normativas, regulações e pactuações vigentes na política de Assistência Social. O órgão gestor é o responsável pela coordenação do processo de planejamento que conduziu a implantação do CREAS definindo etapas, metas, planejamentos, prazos e recursos com previsão no plano municipal de Assistência Social e também no orçamento público. O território da instituição é um espaço contraditório, pois é um lugar onde se produz e reproduz exclusão e violência e também onde viabilizam oportunidades, onde as famílias e comunidade juntam forças para o exercício da cidadania, na busca da efetivação dos direitos políticos e sociais. (Plano de ação 2012) 
O Serviço Social presta orientação e apoio às famílias e seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos como o abuso e violência sexual de crianças e adolescentes. Compreende-se também atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a prevenção e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais. Articula-se com as atividades e atenção prestada às famílias nos demais serviços e providências necessárias para inclusão da família e seus membros em serviços socioassistenciais ou em programas de transferência de renda, para qualificar a intervenção e restaurar o direito familiar e social. 
Essa realidade possui uma relação dialética com as bases organizacionais, estruturais e culturais da sociedade brasileira. Nesse sentido, os territórios são microssistemas que retratam, em variações e intensidades que distinguem a realidade do contexto brasileiro seja nos aspectos de violação ou de promoção de direitos. 
 De acordo com o Plano de Ação (2012) Compete ao CREAS a seguinte equipe de profissionais: duas assistentes sociais, duas pedagogas, uma psicóloga, um motorista e a gestora responsável por toda a instituição. A equipe tem como principais ações segundo o plano de ação (2012)
-Realizar visitas domiciliares com objetivo de analisar para uma investigação mais amplas tentando colher maiores informações possíveis, caso a pessoa se encontra em vulnerabilidadesocial averiguar se o usuário esta inscrito em algum programa ou se houver individuo com algum tipo de vicio encaminhá-lo ao CAPS (Centro de atendimento psíquico Social). 
- Averiguar os fatos reais e a necessidade do usuário para encaminhá-lo a outra instituição; ao visitar a vítima analisar se a pessoa esta precisando de acompanhamento psicológico.
- Nesta perspectiva cabe à psicóloga acompanhar os diversos fatores acarretam traumas psicológicos aos usuários, assim como também aos indivíduos com diversos tipos de dependência.
A pedagoga tem como função elaborar os relatórios e laudos no caso de encaminhamentos as escolas.
O motorista é encarregado de levar o profissional ás visitas domiciliares identificando com mais clareza os endereços.
3.3 O Serviço Social no CREAS de Ouro Preto do Oeste
 O CREAS de Ouro Preto do Oeste tem caráter institucional, promocional e de integração com a comunidade. Este atua com atendimento às crianças que se encontra em risco social. Parte dessas crianças que chegam á instituição são vitimas de violência sexual. Em primeiro lugar é feito o estudo social e encaminhamento para atendimento psicológico. A profissional de Serviço Social juntamente com a equipe institucional incentiva as vítimas e familiares a participar em das atividades oferecidas pela instituição com o intuito de estimular a criança a não perder o convívio em sociedade e ao mesmo tempo realizar um trabalho voltado para o enfrentamento e superação do problema. Conforme prevê o art. 4º do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes á vida, á saúde, á alimentação, á educação, ao esporte, ao lazer, á profissionalização, á cultura, á dignidade, ao respeito, á liberdade e á convivência familiar e comunitária.
 A intervenção profissional da assistente social na instituição tem como objetivo geral: promover a integração entre a instituição, as famílias e comunidade com o propósito de efetivar os direitos da criança vítima de violência sexual, consolidando informações que propiciem o processo de socialização na promoção social dos sujeitos envolvidos. 
 Os objetivos específicos são de realizar entrevistas socioeconômicas, visitas domiciliares para verificação de denúncias, verificarem as condições de nível socioeconômico e cultural das famílias e usuários, atuar juntamente com a equipe institucional no espaço de trabalho, atender aos usuários e suas famílias de forma individual, grupal e comunitária, inserção social através de rodas comunitárias palestras e dinâmicas. Sendo assim para Colin,
A equipe do CREAS precisa atentar-se para o cotidiano de trabalho no espaço institucional, não permitindo que a rotina impossibilite a revisão das práticas adotadas. Assim deve prevenir a mecanicidade e a rotina acrítica do trabalho, para não empobrecer as intervenções realizadas. Para isso, é necessário estabelecer uma agenda institucional de reuniões periódicas com o objetivo de debater, analisar e refletir sobre sua atuação e procedimentos adotado. (Colin, 2011, p. 54) 
	
 A autora discute que é importante que se façam reuniões sempre que necessário para melhor desempenho na equipe assim, garantindo um atendimento diferenciado aos usuários do CREAS. Ainda sobre a importância de reunião em equipe Magalhães (2006, p. 53) acrescenta que:
Essas reuniões assumem importante papel na superação das tramas do cotidiano institucional, pois abrem espaço para a reflexão, para a discussão dos atendimentos realizados e para o estudo de temas relacionados ao trabalho que está sendo desenvolvido. 
Quando a instituição deixa espaço reservado em seu planejamento para as reuniões das equipes de trabalho contribui para o avanço da solução dos problemas além de aproximar cada vez mais as pessoas da equipe facilitando assim as relações interpessoais saudáveis. Portanto é através das reuniões que também se busca uma articulação entre família e instituição entrelaçando objetivos comuns. 
 
Em se tratando do trabalho do assistente social Iamamoto (2012, p. 28) afirma que “Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos, as experiências no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública etc”. 
É importante incluir neste cenário o trabalho do assistente social em relação à criança vitima de violência sexual, já que se trata de um grupo com foco de exclusão social e que necessita de intervenção de forma responsável visando a inclusão em políticas de atendimento com qualidade. 
Cabe ressaltar que a família tem um papel fundamental para a superação do trauma da criança em relação à violência sexual, por isso são realizadas as visitas domiciliares, entrevistas, dinâmicas em grupos. O trabalho do assistente social com a família contribui muito no sentido que a criança se sinta acolhida no seio familiar e institucional.
 Para Colin (2011) no trabalho social desenvolvido no CREAS é recomendado a adoção de prontuário ( em anexo) e que este seja de preferência padronizado, no qual podem ser registrados: os dados socioeconômicos e o histórico das famílias; eventos decorrentes dos riscos pessoais e sociais por violação de direitos; o acesso a programas, benefícios e serviços, as informações sobre a evolução de acompanhamento familiar, os encaminhamentos realizados e aspectos do acompanhamento dos encaminhamentos, o desligamento das famílias/indivíduos. 
3.4 Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
 
A violência sexual contra crianças trata-se de uma violação de direitos e de poder perversa e desestruturante. Para Faleiros,
Esse tipo de violência caracteriza-se como uma violação dos direitos humanos universais e dos direitos peculiares à pessoa em desenvolvimento: direito à integridade física e psicológica, ao respeito, à dignidade, ao processo de desenvolvimen- to físico, psicológico, moral e sexual sadio e à proteção integral. A violência sexual no âmbito familiar é uma violação ao direito à sexualidade segura e à convivência familiar protetora (Faleiros, 2007, p.38).
 A violência sexual é o abuso delituoso, de crianças e adolescentes, o autor que o comete nega-lhes o direito de ter sua sexualidade desenvolvida, desestruturando sua identidade. Na concepção de Faleiros (2007, p.39) essa forma de violência se estabelece uma relação que:
a) deturpa as relações sócio-afetivas e culturais entre adultos e crianças/adolescentes ao transformá-las em relações genitalizadas, erotizadas, comerciais, violentas e criminosas; b) confunde, nas crianças e adolescentes violentados, os papéis dos adultos, descaracterizando as representações sociais de pai, irmão, avô, tio, professor, religioso, profissional, empregador, quando violentadores sexuais; perde-se a legitimidade da autoridade do adulto e de seus papéis e funções sociais; c) inverte a natureza das relações entre adultos e crianças/adolescentes defini- das socialmente, tornando-as: desumanas em lugar de humanas; negligentes em lugar de protetoras; agressivas em lugar de afetivas; individualistas e narcisistas em lugar de solidárias; dominadoras em lugar de democráticas; controladoras em lugar de libertadoras; perversas em lugar de amorosas; desestruturadoras em lugar de socializadoras; d) estabelece, no ser violentado, estruturas psíquicas, morais e sociais deturpa- das e desestruturantes, principalmente nos abusos sexuais de longa duração e na exploração sexual comercial;
 
 Portanto a violência sexual pode acontecer de várias formas, através de contato físico, ou seja, por meio de caricias indesejadas, penetração vaginal, anal e oral, ou sem contato físico como a exposição obrigatória da vitima a material pornográfico, exibicionismo e também o uso da linguagem erotizada em situações as mais diversas.
Nesse mesmo sentido é considerado abuso sexual,todo ato ou jogo sexual em que o adulto submete a criança a uma relação desigual de poder para se estimular e satisfazer-se sexualmente, impondo-se pela força física, ameaça ou até mesmo sedução com palavras e ofertas de presentes.
De todos os aspectos de maus tratos, o abuso sexual de crianças é talvez um dos mais difíceis de delimitar, pois se apóia na utilização abusiva da autoridade sobre a criança que o adulto detém. Alem disso, ela envolve não só a sexualidade do adulto , mais também a da criança, e por isso, coloca sobre essa última o peso de uma grande culpa (Gabel, 2007, p.11) 
 Para a autora esse tipo de violência é considerado um dos mais difíceis de resolver, pois o autor do crime exerce poder sobre a criança muitas vezes de forma afetiva e acaba manipulando a vítima de acordo com seu interesse.
	 
 Já para Azevedo e Guerra (2005), o abuso sexual é considerado como o ato ou jogo sexual onde o autor submete a criança ou adolescente a uma relação de poder desigual. Para Faleiros,
O abuso sexual contra crianças e adolescentes é um relacionamento interpessoal sexualizado, privado, de dominação perversa, geralmente mantido em silêncio e segredo. Os episódios de abusos sexuais, longe de serem idênticos, distinguem-se profundamente, seja pelo autor da violência sexual, seu grau de parentesco com a vítima, autoridade e responsabilidade em relação ao vitimizado, idade e sexo da vítima e do abusador, tipo de violência cometida, duração e freqüência e o local em que ocorrem. (Faleiros, 2007, p.39).
	Nas situações de abuso sexual, crianças e adolescentes são submetidos à gratificação de um adulto, com base em uma relação de poder relatado acima pelos autores.
3.4.1 Dados da Violência Sexual no CREAS
 Buscou-se pesquisar nas fichas dos usuários da Instituição os casos de violência sexual infantil, os autores, classe social, bem como motivos dos violentadores. 
	
Quadro 1. Faixa Etária das Vítimas. ( Ano de 2013)
	Idades
	 N°
	0 A 03 anos
	01
	04 A 07 anos
	01
	08 A 12 anos
	05
Quadro 1 Fonte pesquisa de campo 2013
 
 Observou-se no quadro acima que o maior índice da violência ocorreu com crianças na faixa etária de oito a doze anos. Em relação aos motivos da violência o que se pode observar é que na maior parte dos casos a agressão ocorre dentro do âmbito familiar. Segundo a assistente social não existe um motivo especifico, uns culpam o alcoolismo, drogas, e a própria vitima. Estes alegam que foram seduzidos deixando a vítima vulnerável a encontrar qualquer tipo de defesa. Nesses casos a vítima fica ainda mais desprotegida e muitas vezes até mesmo com medo de relatar o problema.
 
	
Quadro 2 – situação financeira, números de casos autor/agressor. 
	SITUAÇÃO FINANCEIRA
	N° DE CASOS/2013
	AUTOR/AGRESSOR
	 Favorecidas financeiramente 
	Nenhum caso registrado
	 Nenhum
	 Média renda
	Dois casos registrados
	Vizinho próximo à família
	 Baixa renda
	Cinco casos registrados
	Vizinho próximo à família, padrasto.
Quadro 2 fonte pesquisa de campo(2013)
Nota-se que na maioria dos casos, a violência ocorre nas famílias de classe baixa, onde as crianças se encontram vulneráveis, mas é importante destacar que é a classe com menor poder aquisitivo que procura esses serviços públicos. Em relação à classe média e alta há um registro de violência com menor na Instituição neste ano de 2013. 
Para a assistente social, as famílias com alta renda escondem a violência por vergonha e medo de enfrentar o preconceito da sociedade e optam por levar a vítima a realizar outro tipo de tratamento para superação do trauma sofrido, como por exemplo, consultas com médicos especialistas. Para Vivarta (2003), é mesmo quando toma iniciativa de buscar ajuda o registro policial, não é o primeiro meio procurado pelas famílias de classe média/alta preferindo buscar ajudas de especialista médico ou psicólogos.
Em uma publicação em Grito dos Inocentes (2003) citar a pobreza como a principal causa de todas as situações de violência sexual praticadas contra crianças e adolescentes são arriscadas, pois ainda é muito pequena a parcela de casos que chegam à policia. 
 
 3.4 A Experiência do Estágio Curricular
Realizar estágio em Serviço Social é uma oportunidade de articular a teoria com a prática, mas a realidade dos campos de estágio hoje, em sua maioria ainda são desafiadoras devido a precariedade das instituições e também pela falta de equipe de trabalho suficiente para atender a demanda de serviços. Para Buriolla (1999) a experiência de estágio curricular é muito importante para o processo acadêmico, pois é essa experiência que permite que o estagiário vivencie diversas situações no campo de estágio.
O estágio de observação em Serviço Social é de suma importância para a formação acadêmica, pois nesse processo vivenciam-se experiências diversas tanto no acompanhamento ao profissional de Serviço Social, observando suas ações e também as contradições institucionais. Nesse sentido o estagiário é conduzido também a momentos de reflexão relacionados a problemas conjunturais e estruturais que incidem diretamente no processo de trabalho do profissional no CREAS.
A profissional assistente social iniciou seu processo de trabalho há apenas um ano, sua graduação se deu no segundo semestre de 2009. Sua primeira experiência como assistente social foi iniciada neste CREAS. A profissional aceitou a estagiária, mas ainda está em um processo de capacitação para poder supervisionar conforme determina a legislação de estágio. 
 
A profissional ainda não estava com seu plano de ação elaborado por completo dificultando assim a elaboração da proposta de estágio de forma conjunta. 
[...] O plano de ação profissional pode amparar dentre outras atividades a viabilização ao acesso e defesa dos direitos civis, sociais e políticos, favorecer a participação de cidadãs em processo decisórios que lhes dizem respeito, ampliar o acervo de informações necessárias a obtenção de serviços e direitos sociais, estimular a vivência e a aprendizagem de processos democráticos nas situações e relações cotidianas. (Iamamoto, 2009, p.111). 
O plano de ação é condição essencial para o bom exercício profissional e nesse sentido participar da capacitação para supervisores de estágio oferecido pela IES também é fundamental para o melhor preparo profissional. 
A profissional pretende desenvolver um processo de interação social, a priori está realizando juntamente com a equipe institucional, reuniões com crianças e adolescentes vitimados pela violência sexual e outras formas de violência a fim de incentivá-los e inseri-los ao convívio social e familiar. Também são realizados atendimentos as famílias das vitimas, com o objetivo de orientá-los a lidar com os traumas da violência para assim passar segurança e apoio às vitimas. 
 
 Além das observações as leituras, referências bibliográficas e as pesquisas documentais são relevantes para melhor entender a questão da violência e também compreender e apreender o processo de trabalho do Assistente Social em relação a essa problemática.
 
 A partir das leituras e observações surgiu a proposta de intervenção que inicialmente pautou-se em informativos a respeito da violência sexual e a realização de um pit stop no dia 18 de maio Dia Nacional de Combate à violência sexual contra crianças e adolescentes a fim de alertar a sociedade em geral que todos precisam se unir no combate à violência. Abaixo (Figura 1) 
Figura 1 Créditos CREAS (Maio 2013)
 De acordo com as diretrizes do CREAS, a informação deve estar na base das atividades de sensibilização da instituição para enfrentar a violência sexual e chamar a atenção da sociedade no sentido de despertar a consciência em função do bem comum. O Programa Nacional de Direitos Humanos em seu artigo 141 destaca: 
Dar continuidade à Campanha Nacional de Combate à Exploração Sexual

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