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LIMITES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

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DIREITO TRIBUTÁRIO
· LIMITES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
Na perspectiva de Regina Helena Costa “as limitações às competências tributárias são traduzidas, essencialmente, na repartição de competências tributárias, bem como na indicação de princípios e imunidades”.
· Arts.150,151e152daCF–ROL NÃO EXAUSTIVO
· Como o ente político, intitulado “Estado”, exige dos indivíduos uma parcela do seu patrimônio particular? R: SOBERANIA ESTATAL (dentre suas várias facetas, destaca-se o poder de tributar)
Princípios Tributários: servem como verdadeiras garantias constitucionais do CONTRIBUINTE contra a força tributária do ESTADO.
OBS.: SEGUNDO ENTENDIMENTO DO STF NÃO PODERÁ SER OBJETO DE TRIBUTAÇÃO OS EMENDA TENDENTE A ABOLIR OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS.
· PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA (art.150, I da CF/88)
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
O princípio da legalidade é a base do nas normas de um Estado Democrático de Direito. Assim como a pena em direito penal, também ninguém pode estabelecer um tributo sem que haja lei anterior que o defina. (trinômio “tributo-lei-povo”)
Para tanto, a criação, extinção, alteração, aumento ou redução de um tributo terá sua previsão em Lei Ordinária, ou seja, a lei tributária que deverá estabelecer alíquota, base de cálculo, sujeito ativo e passivo do tributo, multa e fato gerador, enfim, para tudo no direito tributário depende de lei.
· Tributo estadual – depende de lei ordinária estadual -Assembleia Legislativa (Câmara Legislativa – DF).
· Tributo municipal – depende de lei ordinária municipal –Câmara de Vereadores (Câmara Legislativa – DF).
· Tributo Federal – depende de lei ordinária federal – Congresso Nacional
Tributos FEDERAIS que somente podem ser criados por lei COMPLEMENTAR (maioria absoluta):
· Tributos criados por Lei Complementar:
o empréstimos compulsórios (art.148, I e II, CF)
o imposto sobre grandes fortunas (art.153, VII, CF)
o impostos residuais (art.154, I, CF)
o novas fontes de custeio da seguridade - Contribuições social-previdenciárias residuais (art.195, §4º, CF c/cart.154, I, CF)
LEGALIDADE ESTRITA: a lei que institui um tributo deve conter alguns elementos OBRIGATÓRIOS (art.97, CTN)
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
(Revogado pela Lei Complementar nº 143, de 2013) (Produção de efeito)
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
(Revogado pela Lei Complementar nº 143, de 2013) (Produção de efeito)
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
(Revogado pela Lei Complementar nº 143, de 2013) (Produção de efeito)
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
Ou seja, uma Lista TAXATIVA, ALÍQUOTA; BASE DE CÁLCULO; SUJEITO PASSIVO; MULTA; FATO GERADOR. Obedecendo o Princípio da tipicidade fechada (regrada ou cerrada), estrita legalidade ou reserva legal que busca evitar que o administrador ou juiz interfiram no modelo do tributo, pela via interpretativa ou integrativa (Sacha Calmon).
· O prazo para pagamento do tributo é componente da reserva legal? É possível alterar a data de pagamento do tributo por um ato normativo infralegal? Por exemplo, por uma portaria? R: O STF tem entendido que o Poder Executivo detém competência para expedir ato infralegal fixando o prazo de pagamento do tributo (RE172.394/SPeRE195.218/MG). Fundamento: fixação de prazo de recolhimento das exações tributárias NÃO é matéria reservada à lei.
A estipulação de OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (art.113, §2º, CTN)
Art.113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º - A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º - A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas o interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º - A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
Deveres instrumentais do contribuinte, de cunho não patrimonial: podem ser previstos em ATOS INFRALEGAIS (portarias, circulares, instruções normativas etc.). ENTENDIMENTO DO STJ
Atualização monetária do tributo (art.97, §§1ºe2º, CTN)
Atualização monetária do tributo – desde que siga índices oficiais de correção do período – permite o uso de atos infralegais.
Se forem utilizados índices acima da correção monetária do período, não se terá atualização, mas induvidoso aumento de tributo – necessita de lei, sob pena de eiva de legalidade tributária.
Súmula 160 do STJ: “é defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária”.
Tributos que dependem de lei, mas que podem ter uma ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTA realiza dá por ato do Poder Executivo (aparente exceção).
Impostos federais que poderão ter alíquotas MAJORADAS ou REDUZIDAS por ato do Executivo (decreto presidencial ou portaria do Ministro da Fazenda):
· A Medida Provisória no direito tributário:
Art. 62, CF/88 Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Ou seja, através de MP é permitido o aumento ou a criação de um tributo, desde que respeitado o prazo estabelecido no §2º do art. 62, CF/88.
Tributos que podem ter alíquotas modificadas por ato do Poder Executivo (decreto presidencial ou portaria do Ministério da Fazenda):
o Imposto de Importação – II (tributo federal)
o Imposto de Exportação – IE (tributo federal)
o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros – IPI (tributo federal)
o Imposto sobre Produtos Industrializados – IOF (tributo federal)
o CIDE Combustíveis – CIDE (contribuição interventiva)
o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviço – ICMS
Combustível (tributo estadual)
CF/88-Art.153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
§1ºÉ facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
O Poder Executivo não pode fixar a alíquota de forma indiscriminada. Precisa obedecer aos parâmetros legais (máximo e mínimo, teto e piso).
Gravames reguladores de mercado (dotados de extrafiscalidade).
A EC n.33/2001 criou mais dois casos de mitigação ao princípio da legalidade, igualmente no contexto da extrafiscalidade:
CIDE – Combustível (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). TRIBUTO FEDERAL.
Poder Executivo pode REDUZIR e RESTABELECER (decreto) a alíquota, cujo limite máximo é fixado por lei.
CF/88 - Art.177. Constituem monopólio da União:
(...)
§4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I- a alíquota da contribuição poderá ser:
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art.150, III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº33, de 2001)
ICMS – Combustível. IMPOSTO ESTADUAL(TIPO ESPECÍFICO)
Poder Executivo pode REDUZIR e RESTABELECER (convênios interestaduais celebrados no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ – LC nº 24/75).
Define e modifica as alíquotas sem a necessidade de lei (CASO ÚNICO).
CF/88 - Art.155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§4 º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-ão seguinte:
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termosdo§2º, XII, g, observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
c)poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art.150, III, b. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
EC 32/2001 (art.62, §2º, CF): PERMITIU A UTILIZAÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA (MP) EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA. (CRIA E AUMENTA)
Ato normativo de vida efêmera e de utilização excepcional, no trato de certos assuntos de relevância e urgência.
Prazo: 60 dias, admitida uma única prorrogação por mais 60 dias (art.62, §7º, CF).
Se não houver a conversão em lei, perderá eficácia desde a origem, devendo seus efeitos serem regulados por decreto legislativo do Congresso Nacional (art.62, §3º, CF).
Se não for editado o decreto legislativo até 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia da MP, as relações jurídicas constituídas conservar-se-ão regidas por ela (art.62, §11, CF).
MP – Utilização EXCLUSIVA no campo dos impostos (segundo o texto da CF). Para o STF: abrange todos os tributos.
· Argumentos críticos à EC 32/2001 (MP):
o MP tem “força de lei”, mas não é lei;
o Viola o princípio da estrita legalidade tributária;
o Atropela o direito fundamental dos contribuintes de só serem compelidos a pagar o tributo que tenha sido “consentido” por seus representantes;
o A emenda viola cláusula pétrea (afronta a separação dos poderes);
o O art.59 da CF indica que lei e MP são espécies distintas.
o Caráter efêmero da MP causa insegurança jurídica.
Os pressupostos de relevância e urgência revestem-se de caráter político, cabendo sua apreciação, em princípio, aos Poderes Executivo e Legislativo (posição do STF).
MP estadual, municipal e distrital são permitidas? R: Para o STF, sim. Em face do princípio da simetria.
O Requisitos (DEVE SER OBSERVADO):
1.Previsão no texto constitucional estadual (distrital ou lei orgânica municipal);
2.Observância simétrica do processo legislativo federal.
É defeso à MP tratar de matéria reservada à LEI COMPLEMENTAR (art.62, §1º, III, CF).
O Exemplos: matérias dispostas no art.146 da CF (normas gerais em matéria de legislação tributária; conflitos de competência; limitações constitucionais ao poder de tributar); detalhamentos normativos relativos ao ICMS, ISS, ITCMD e acertas contribuições social - previdenciárias.

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