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8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R COMPONENTES DO PLANEJAMENTO A elaboração de um planejamento de ensino, independente do tipo, utiliza-se dos seguintes componentes do processo de ensino: Nesta unidade discutiremos a respeito de cada um desses componentes. É nosso objetivo específico que você compreenda cada uma das partes do planejamento, bem como reconheça a importância da relação entre elas e entre todos os outros níveis de organização pedagógica estudados pela Didática. 3.1. Objetivos Os objetivos de ensino determinam a intencionalidade, ou seja, o que se pretende buscar. São, portanto, o marco inicial do processo social e pedagógico. De acordo com Libâneo (1994), na educação os objetivos de ensino apresentam-se em três níveis de abrangência: o primeiro nível é o sistema escolar que determina as finalidades educativas de acordo com a sociedade em que está inserido; o segundo é determinado pela escola que estabelece as diretrizes e princípios do trabalho escolar; o terceiro nível é o professor que concretiza tudo isto em ações práticas na sala de aula. Os objetivos podem ser gerais e específicos. Os objetivos gerais são mais amplos e abrangentes, apresentam propósitos. São alcançados num período maior de tempo; ao final do curso, da disciplina, do ano letivo. Os específicos são mais detalhados e precisos, representam ações observáveis. São detalhamentos do objetivo geral, os degraus a serem calcados para se chegar ao objetivo geral. Para Vasconcellos (2006), a formulação dos objetivos ajuda no pensar e no elaborar da ação, além de servir de critério para se saber em que medida eles foram alcançados. É a elaboração dos objetivos que determina a postura ativa do sujeito no processo educativo. De acordo com o autor, “estabelecer objetivos é ter habilidade de dialogar, de perscrutar o mundo, descobrir-lhe o sentido, e devolver à comunidade de forma orgânica, como um convite, um desafio” (VASCONCELLOS, 2006, p.112). 81 0ÁG OR LG LFD UDO Importante, entretanto, ressaltarmos o vínculo da formulação dos objetivos com os aspectos sócio-históricos, políticos e culturais do grupo. A esse respeito Freitas (1995) afirma que a reflexão a respeito de onde queremos chegar não pode ser desenvolvida sem que seja contextualizada dentro da organização do trabalho pedagógico da escola, já que esses níveis são históricos e, portanto, mudam sob o impulso do fluxo da mesma história. Para o autor, as categorias conteúdo/forma e objetivos são fundamentais nessa organização dos trabalhos sendo que esse último é que determina a relação entre os outros. Em outras palavras, o autor considera que os objetivos conduzirão e definirão os conhecimentos que serão discutidos na organização do trabalho pedagógico da escola, bem como as metodologias que serão utilizadas pelos seus profissionais da educação. No entanto, Freitas (1995) ressalta que a categoria mais decisiva para assegurar a função social que a escola tem é a avaliação, uma vez que ela é a “guardiã” dos objetivos. É por meio da avaliação que os objetivos são expressos no cotidiano escolar e estão concentradas importantes relações de poder que modulam a categoria conteúdo/forma. Para Freitas, portanto, existe uma estreita vinculação entre objetivos e avaliação e significativos efeitos deles sobre o conteúdo/método. De acordo com o autor, é a partir do que será avaliado socialmente e no interior da organização do trabalho pedagógico da escola que são definidos os objetivos da escola e os conseqüentes conteúdos/métodos. 3.2. Conteúdos Os conteúdos de ensino expressam os conhecimentos construídos ao longo da história da humanidade. Expressam o resultado da atividade humana nas suas relações, consigo mesmo, com o outro e com o meio. De acordo com Libâneo (1994), os conteúdos de ensino são conjuntos de conhecimento, habilidades e hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados didática e pedagogicamente, buscando a assimilação ativa e aplicação prática na vida dos alunos. São, assim, recortes da realidade organizados pedagogicamente com determinada intencionalidade e utilizados como meios para se alcançar os objetivos propostos. O currículo oficial, portanto, possui uma seleção dos conteúdos e saberes considerados importantes para determinada época da sociedade. O que as pessoas podem ou devem saber é estipulado pelo poder vigente que diz que tipo de ser humano é desejado. Esses conhecimentos vão garantir o consenso e a hegemonia. Essa definição dos conhecimentos, portanto, está diretamente ligada a um momento histórico, a uma determinada sociedade e às relações que esta sociedade elabora como conhecimento. Ela é a representação oficial daquilo que se estipulou como conhecimento válido e importante. Silva (2001) ressalta, entretanto, que quem define esses conhecimentos pode, além de produzir conhecimentos que distorcem a realidade, também produzir uma versão particular da verdade. Essa definição expressa, então, os interesses dos grupos e classes que estão em vantagem, ajudando a reforçar as relações de poder já existentes. Para a autora, o poder existe e está presente no currículo e nas relações sociais da escola. Muitas vezes, ele não se manifesta de uma forma clara. Ele se manifesta sutilmente, reproduz e perpetua as identidades sociais da relação de poder. Assim, por trás da faceta do currículo oficial, vêm outros currículos que se impõem, veladamente, pela própria característica não reveladora. São os chamados currículos silenciado e oculto que estão presentes desde a elaboração do currículo oficial até sua execução em sala de aula. O currículo silenciado refere-se ao currículo não incorporado ao currículo oficial. Ele representa o conjunto de conhecimentos, habilidades, crenças e valores que são omitidos aos professores e alunos, uma vez que as informações nele contidas poderão, de alguma forma, comprometer o poder vigente. “O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial explícito, contribuem, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes” (p.78). Os dois currículos, oculto e silenciado, apresentam grande poder social/cultural porque contribuem, inexoravelmente, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes. Manifestam-se nas relações de poder em várias esferas da instituição de ensino, além de perpetuar atitudes, comportamentos, valores e orientações. (Sacristán, 2000, p. 172). Assim, as escolas não ensinam apenas a ler, escrever, calcular e outros conteúdos, em geral, mas, também são espaços de socialização, onde convivem perfeitamente o currículo formal, o currículo silenciado e o currículo oculto ou informal (Silva, 2005). Tomando ciência do currículo oculto e de suas implicações na vida escolar do aluno, o professor pode redirecionar sua prática e estimular seus alunos a refletirem criticamente para poderem atuar no mundo de forma mais eficaz. Através de discussões conscientes, 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R 0ÁG OR LG LFD UDO desenvolver metodologias que liguem a teoria à prática, valorizem a utilidade social dos conteúdos e estimulem a consciência da importância social e pessoal da participação ativa e do pensamento crítico. De acordo com Giroux (2005, p. 68), “Os valores e processos sociais que fornecem o sustentáculo teórico da educação social incluem o desenvolvimento nos alunos de um respeito pelo compromisso moral, solidariedade de grupo e responsabilidade social”. Freire (1978) ainda argumenta que se deve ensinar aos alunos a prática de refletir sobre a prática, ou seja, não só refletir ou criticar, mas também transformar as experiências em ações concretas para que o discurso não caia no vazio. 3.3. Metodologia Metodologias são as estratégias selecionadas para alcançar o objetivo. Representa, então, o que fazer para articular concepções, objetivos e conteúdos, professor e aluno a fim de gerar desenvolvimento e aprendizagem.Como já vimos anteriormente, qualquer definição pedagógica está ciclicamente relacionada às nossas concepções. Para se definir metodologias de ensino e aprendizagem, portanto, faz-se necessário pensarmos sobre nossas concepções de homem, mundo, educação, desenvolvimento, aprendizagem, objetivos, conhecimentos etc. Importante também pensarmos em nossos valores e crenças, nossas histórias, bem como na figura do nosso aprendiz, como alguém que precisa estar em constante interação conosco. Só para que você tenha uma dimensão de como essa relação acontece, trazemos o exemplo de uma concepção de desenvolvimento específica para compreender o que se depreende dela no que se refere ao papel do professor, à aprendizagem do aluno e seu papel e, especificamente, sobre as metodologias de ensino A abordagem teórica escolhida foi a abordagem histórico-cultural, que tem como principal representante o russo Lev Vygotsky (1896-1934). Essa é uma abordagem interacionista e, nesse sentido, o homem é reconhecido como produto da interação dos aspectos biológicos e sociais, dentro de um tempo e espaço determinado e num processo permanente de construção histórica. Vygotsky dedicou-se a estudar, prioritariamente, as funções psicológicas superiores, também chamadas de processos mentais superiores. Segundo Vygotsky as funções psicológicas superiores representam a capacidade estritamente humana de pensar em objetos ausentes, imaginar eventos nunca vividos ou planejar ações a serem realizadas em momentos posteriores, de maneira intencional e voluntária. Tais funções, segundo o teórico, são desenvolvidas permanentemente ao longo da história do indivíduo, por meio da sua interação com uma determinada cultura, em um momento histórico determinado. Vygotsky trabalha com a noção de que a relação do homem com o mundo não é uma relação direta. Essa relação, de acordo com o teórico, é uma relação mediada por instrumentos e signos, que representam instrumentos auxiliares da atividade humana. O instrumento é entendido como um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de transformação da natureza. Um machado, por exemplo, representa um instrumento mediador da relação do indivíduo com o mundo uma vez que o mesmo corta mais e melhor que a mão humana. Os instrumentos são, pois, elementos externos ao indivíduo que têm como função provocar mudanças nos objetos e controlar processos da natureza. Os signos, por sua vez, são orientados para o próprio sujeito. Eles dirigem-se ao controle de ações psicológicas, seja do próprio indivíduo, seja de outras pessoas. São interpretáveis como representação da realidade e podem referir-se a elementos ausentes do espaço e do tempo presentes. Fazer uma lista de compras por escrito, utilizar um mapa para encontrar um determinado local ou dar um nó no lenço para não esquecer um compromisso são exemplos de como recorremos à mediação de signos para melhorar nossa possibilidade de armazenamento de informações e de controle da ação psicológica. A invenção e o uso de signos como meios auxiliares para solucionar um dado problema psicológico (lembrar, comparar coisas, relatar, escolher etc.), é análoga à invenção e ao uso de instrumentos, só que agora no campo psicológico. O signo age como um instrumento da atividade psicológica de maneira análoga ao papel de um instrumento no trabalho(VYGOTSKY, 1984, p.59-60). O conceito de mediação, nesse sentido, torna-se o centro da explicação vygotskyana sobre o funcionamento psicológico e é reconhecido como o processo essencial para tornar possíveis atividades psicológicas voluntárias, intencionais e controladas pelo próprio indivíduo. Segundo o teórico, ao longo do desenvolvimento de cada indivíduo, a utilização das marcas externas vai se transformar em processos internos de mediação, ou seja, o indivíduo constrói ao longo de sua história representações mentais que substituem os objetos do mundo real. Esse mecanismo é chamado por Vygotsky de internalização. Para ele essa capacidade de lidar com representações que substituem o próprio real é que possibilita ao homem libertar-se do espaço e do tempo presentes, fazer relações mentais na ausência das próprias coisas, imaginar, fazer planos e ter intenções. De acordo com Vygotsky, ao longo da história da espécie humana os signos passam 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R 0ÁG OR LG LFD UDO a ser compartilhados pelo conjunto dos membros do grupo social, permitindo a comunicação entre os indivíduos e o aprimoramento da interação social. Os sistemas de representação da realidade, portanto, são socialmente dados, ou seja, “é o grupo cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe fornece formas de perceber e organizar o real, as quais vão constituir os instrumentos psicológicos que fazem a mediação entre o indivíduo e o mundo” (OLIVEIRA, 1997, p. 36). Nesse sentido, a interação face a face entre indivíduos particulares desempenha um papel fundamental na construção do ser humano: é através da relação interpessoal concreta com outros homens que o indivíduo vai chegar a interiorizar as formas culturalmente estabelecidas de funcionamento psicológico. Entretanto, o processo pela qual o indivíduo internaliza as informações, conceitos e significados culturais não é um processo de absorção passiva, mas de transformação e síntese. Tal processo ocorre num constante movimento de recriação e reinterpretação, onde cada sujeito é ativo e onde acontece a interação entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um. Pensar o processo de desenvolvimento do ser humano marcado por sua inserção em determinado grupo social é reconhecer que o mesmo se dá ‘de fora para dentro’. Em outras palavras, nessa perspectiva, o indivíduo primeiramente realiza ações externas, que serão interpretadas pelas pessoas ao seu redor, de acordo com os significados culturalmente estabelecidos. Em seguida o indivíduo poderá atribuir significados para suas próprias ações e desenvolver processos psicológicos internos que podem ser interpretados por ele próprio. Essa perspectiva de desenvolvimento explicitada por Vygotsky enfatiza a importância do aprendizado. Nessa perspectiva, existe um percurso de desenvolvimento, em parte definido pelo processo de maturação do organismo individual, pertencente à espécie humana, mas é o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento que, não fosse o contato do indivíduo com certo ambiente cultural, não ocorreriam. Afirma: “o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores culturalmente organizadas e especificamente humanas” (VYGOTSKY, 1984, p. 101). Essa concepção de aprendizagem reforça a importância que Vygotsky dá ao papel do outro social no desenvolvimento dos indivíduos, uma vez que, segundo o teórico, não há desenvolvimento pleno sem suporte de outros indivíduos da mesma espécie. Para explicar essa relação com o outro Vygotsky oferece um conceito específico essencial de sua teoria: zona de desenvolvimento proximal - ZDP. Segundo Vygotsky (1984) A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (p. 97). A ZDP refere-se, então, ao caminho que o indivíduo percorre para desenvolver suas funções mentais superiores. Ela está em constante transformação num movimento em que o processo de aprendizagem desperta processos de desenvolvimento. Fundamental lembrar, ainda, que para Vygotsky o adulto ou a criança mais experiente devem interferir constantemente nessa ZDP a fim de movimentar o processo de desenvolvimento da criança. Apresentamos um exemplo de como podemos agir na ZDP: Vamos supor que uma criança esteja aprendendoa andar e o nível real do seu desenvolvimento, ou seja, o que ela consegue fazer sozinha, é representado pela sua capacidade de engatinhar. Nessa fase, se um adulto ou uma criança mais velha pegar a mão da criança ela conseguirá andar, partindo inicialmente de um processo de imitação do adulto. Essa capacidade de andar com a ajuda de um outro ser social mais competente representa o nível de desenvolvimento potencial da criança e a distância entre engatinhar e andar é a ZDP. À medida que a criança vai sendo mediada por um ser outro social, ela vai internalizando o andar num plano intrapsicológico até conseguir desenvolver a atividade sozinha. No momento em que a criança conseguir andar sozinha, seu nível de desenvolvimento real passa a ser ‘andar’, e o potencial será uma outra atividade mais difícil, como ‘correr’ ou ‘saltar’, por exemplo. Importante, então, que o mediador esteja sempre atento àquilo que a criança já faz sozinha a fim de conduzi-la a níveis mais avançados de desenvolvimento, por meio de processos de aprendizagens. Segundo a abordagem histórico-cultural de Vygotsky, a escola tem um papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. Caberá a ela conhecer o nível de desenvolvimento real dos alunos e dirigir o ensino para estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando como um motor de novas conquistas psicológicas. Vygotsky destaca, então, a necessidade de a escola fazer a ponte entre os conhecimentos espontâneos gerados pela observação e experiências dos alunos, com os conteúdos científicos, desenvolvidos pelo homem nas diversas áreas de conhecimento. O processo de ensino na escola deve ser construído tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança e como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequados ao grupo de crianças. O percurso será balizado pelo nível de desenvolvimento potencial da criança, de forma que ela possa avançar em sua compreensão de mundo a partir dos conhecimentos já consolidados e tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas. Nesse 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R 0ÁG OR LG LFD UDO sentido, o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento. O , nesse processo, assume um papel especial de mediador das relações interpessoais e o conhecimento construído historicamente. Em outras palavras ele será um intermediário entre o conteúdo em si e a atividade construtora dos alunos determinando em grande parte que esta esteja estabelecida de tal forma que o aluno possa produzir determinadas atividades (COLL e COL, 1996). Além disso, ele terá um papel explícito de interferir na ZDP dos alunos, provocando avanços que não aconteceriam espontaneamente. O professor poderá usar, então, diferentes procedimentos de ensino, como demonstrações, assistência, fornecimento de pistas, instruções etc., todos eles essenciais para a promoção do ‘bom ensino’. Vygotsky também sugere que se faça uso da imitação, não como mera cópia do modelo, mas como uma reconstrução individual daquilo que é observado nos outros. Segundo o teórico esse procedimento possibilita que a criança realize ações que estão além de suas próprias capacidades, o que contribui para o seu desenvolvimento. Por fim, destacamos outro aspecto muito enfatizado na teoria, que se refere à interação entre os alunos. Segundo o teórico, os grupos de crianças são sempre heterogêneos quanto ao conhecimento já adquirido nas diversas áreas e uma criança mais avançada num determinado assunto pode contribuir para o desenvolvimento de outras. Assim como o adulto, uma criança também pode funcionar como mediadora entre outra criança e as ações e significados estabelecidos como relevantes no interior da cultura (OLIVEIRA, 1997, p. 64). Apesar da avaliação também fazer parte do planejamento como um componente fundamental, deixamos para ela um capítulo especial por reconhecermos sua natureza e especificidade no processo de ensino-aprendizagem. Por reconhecermos a importância da visão cíclica na escolha de opções metodológicas e de quaisquer outros componentes do processo pedagógico, deixamos para você alguns exemplos de método/estratégias de ensino com base em Anastasiou (2004), referências que poderão ser significativas na organização de seu trabalho pedagógico. 3.2.1. Métodos/estratégias de ensino. Estudo de texto Descrição Estudo crítico de um texto e/ou busca de informações e explorações de idéias dos autores estudados Operação de pensamento Identi cação/ Obtenção d dados/ Interpretação/ Crítica/ Análise/ Reelaboração/ resumo Dinâmica de atividade. • Contexto e texto – data, tipo de texto, autor e dados sobre ele; • Análise textual – preparação do texto: visão de conjunto, busca de esclarecimento, veri cação de vocabulário, fatos autores citados, esquematização; • Análise interpretativa/ exploração de texto – levantamento e discussão de problemas relacionados com a mensagem do autor; • Problematização – interpretação da mensagem do autor: corrente losó ca e in uências, pressupostos, associação de idéia, crítica; • Síntese – reelaboração da mensagem, com base na contribuição pessoal; Avaliação Produção, escrita ou oral, com comentários do aluno tendo em vistas as habilidades de compreensão, síntese, julgamento, inferências interpretação dos conteúdos fundamentais e as condições a que chegou. 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R 0ÁG OR LG LFD UDO Mapa conceitual Descrição Construção de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes à estrutura do conteúdo. Operação de pensamento Interpretação/ Classificação/ Crítica/ Organização de dados/ resumo Dinâmica de atividade. O professor poderá selecionar textos, dados, objetos, informações sobre uma temática e propor as seguintes atividades: • Identi car conceitos chaves do objeto ou texto estudado; • Selecionar os conceitos por ordem de importância; • Incluir conceitos e idéias mais especí cas; • Estabelecer relações entre conceitos por meio de linhas e identi cá-las com uma ou mais palavras que expliquem essa relação; • Buscar estabelecer relações horizontais e cruzadas, traçá-las; • Perceber que há várias formas de traçar mapa conceitual • Compartilhar o mapa conceitual coletivamente, comparando-os e complementando-os; • Justi car a localização de certos conceitos, verbalizando seu entendimento. Avaliação Acompanhar a construção do mapa conceitual a partir da de nição coletiva dos critérios de avaliação: • Conceitos claros; • Relação justi cada; • Riqueza de idéias; criatividade na organização; • Representatividade do conteúdo trabalhado. Estudo dirigido Fórum Descrição É o ato de estudar sob a orientação e diretividade do professor, visando sanar di culdades especí cas. Operação de pensamento Identi cação/ Obtenção e organização de dados? Busca de suposições? Aplicação de fatos e princípios a uma nova situação. Dinâmica de atividade Prevê atividades individuais ou grupais, podendo ser socializadas: • Leitura individual a partir de um roteiro elaborado pelo professor; • Resolução de questões e situações-problemas, a partir do material estudado; • No caso de grupo de atendimento, debate sobre o tema estudado, permitindo socialização dos conhecimentos, a discussão de solução, re exão e o posicionamento dos alunos antes a realidade vivida. Avaliação Será realizada pelo acompanhamento da execução da atividade realizada Descrição Espaço “tipo” reunião onde todos os participantes têm oportunidade de participar do debate sobre determinado tema ou problema. Operação de pensamento Busca de suposições/ Hipótese/ Obtenção de organização dados/ Interpretação/ Resumo. Dinâmica de atividade • O professordeve explicar os objetivos do fórum; • Delimitar o tempo total (40 min) ou parcial de cada participante; De ne as funções dos participantes: Coordenador Grupo síntese Público participante • Ao nal um membro do grupo de síntese relata resumo elaborado. Avaliação A avaliação, estabelecida previamente, levará em conta: Participação dos alunos debatedores e/ou como participante; • A habilidade de atenção e concentração; • A síntese das idéias apresentadas; • A apresentação de argumentos consistentes; • A produção de síntese. 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R 0ÁG OR LG LFD UDO Estudo de caso Descrição Análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é desa adora para os alunos. Operação de pensamento Análise/ Interpretação/ Crítica? Levantamento de dados? Busca de suposições/ Decisão. Dinâmica de atividade. • O professor expõe o caso a ser estudado e apresenta o roteiro de orientação do trabalho e o instrumento de avaliação a ser utilizado. • O grupo analisa o caso, expondo pontos de vista e os aspectos sob os quais o problema pose ser enfocado; • O grupo debate a solução, discernindo a melhores conclusões. Avaliação Será realizada por meio de cha com critérios a serem considerados, tais como: 1. Aplicação do conhecimento – argumentação; 2. Coerência da prescrição; 3. Riqueza dos argumentos. Descrição Debater à distância um tema Operação de pensamento Comparação? Organização/ Busca de suposições? Construção de hipótese? Obtenção e organização de dados. Dinâmica de atividade. • Debate realizado em fórum, com a intervenção do professor. Não é um momento de perguntas ou respostas entre o aluno e o professor, mas entre todos os componentes do grupo. Avaliação Acompanhamento das participações, qualidades das inclusões, da elaboração apresentada. Solução de problemas Descrição Pensamento re exivo a partir de dados expressos em problemas; demanda a aplicação de princípios, leis que podem ou não ser expressas em fórmulas matemáticas. Operação de pensamento Identi cação/ Obtenção e organização de dados? Planejamento? Imaginação/ Elaboração de hipótese/ Interpretação? Decisão. Dinâmica de atividade. • Apresentar ao aluno um determinado problema, mobilizando-o para a busca de solução; • Orientar o aluno no levantamento de hipótese e na análise de dados; • Executar as operações e comparar soluções obtidas; • A partir da síntese, veri car a existência de leis e princípios que possam se tornar norteadores de situações similares. Avaliação Observação das habilidades dos alunos na apresentação das idéias quanto a sua concisão, logicidade, aplicabilidade e pertinência, bem como seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas ao problema apresentado. Descrição É uma atividade grupal quando se realiza a discussão de um tema/problema Operação de pensamento Análise/ Interpretação? Crítica/ Levantamento de hipótese/ Busca de suposições/ Obtenção de organização de dados Dinâmica de atividade. • Dividir os alunos em grupo de seis membros, que durante 6 minutos podem discutir um assunto, tema, problema na busca de resolução ou síntese provisória. A síntese pode ser exposta, durante seis minutos; • Os grupos podem ter como suporte um texto ou simplesmente aporte teórico; • Todos os grupos devem explicitar o resultado pelo seu representante. Avaliação A avaliação deve ser realizada em relação aos objetivos pretendidos, destacando-se: • O envolvimento dos membros dos grupos; • A participação conforme os papéis estabelecidos; • A pertinência das questões e/ou síntese elaborada; • O processo de autoavaliação dos participantes. 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R 0ÁG OR LG LFD UDO Não podemos mais desconsiderar a importância das tecnologias no processo educativo. Portanto, no contexto da educação, elas não devem ser consideradas apenas como uma alternativa metodológica, mas como forma de interação humana, educativa e social. Hoje, o ensino aprendizagem mediado por tecnologias é uma realidade, a Educação a Distância – EaD - está cada vez mais presente na vida das pessoas. Por meio da internet, surgem outras formas e possibilidades e formas de socializar o conhecimento e de fazer educação. A EaD possui natureza e especificidades que a diferencia da educação presencial. Nessa modalidade de educação os professores e os alunos estão distante fisicamente, porém mediados e conectados por meio de tecnologias tais como: internet, rádio, televisão, videoconferências, CD-ROM, telefone, fax, entre outras. Uma das opções que temos nos cursos a distância é a utilização de ambientes on-line de aprendizagem, que também podemos chamar de plataformas de aprendizagem. Pietro (1996) considera como características da EaD: A “distância” física professor-aluno - a interatividade e realizada virtualmente; Estudo individualizado e independente: o aluno constrói seu próprio caminho; Processo de ensino-aprendizagem mediatizado: realizada em ambientes virtuais de aprendizagem, por meio de materiais didáticos e tutoria; O uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio, TV, audiocassete, hipermídia interativa, internet), permitem romper com as barreiras das distâncias; A comunicação bidirecional: são estabelecidas as relações dialogais, criativas, críticas e participativas no ambiente virtual de aprendizagem. Mas como usar as tecnologias no ensino presencial no dia a dia da sala de aula? As tecnologias podem ser utilizadas de diversas maneiras, em todos os níveis de ensino. Portanto, não podemos desconsiderar que, para o uso pedagógico das tecnologias na escola e mais especificamente em sala de aula, é preciso, sobretudo, oportunizar espaços de formação continuadas do educador. Isso é fundamental, pois não se ensina aquilo que não se sabe. Entendemos as tecnologias como meio de conexão dialética entre os pares homem/ máquina, técnica/educação, tecnologia/emancipação. No entanto, quando falamos em tecnologia não estamos nos referindo apenas ao computador e à internet. Embora concepção seja muito comum entre nós, é uma compreensão muito restrita de tecnologia e precisa ser ampliada. Romper com a concepção da tecnologia apenas como recurso externo ao homem. As tecnologias não são recursos totalmente externos ao homem, pois é inerente ao homem. Podemos dar como exemplo dessa premissa a linguagem, considerada como uma tecnologia de comunicação. Ela proporciona ao ser humano sua interação com o outro, com o meio e consigo mesmo. O corpo também é considerado como uma tecnologia estética e rítmica. Ambas são fundamentais na vitalidade social, subjetiva e cultural do homem. A utilização dessas tecnologias no desenvolvimento do trabalho pedagógico pode contribuir, significativamente como o processo de formação dos alunos do Ensino Médio. O cinema é uma rica alternativa metodológica. Conforme Coutinho (2005, p. 1), “a presença do cinema na escola pode se constituir em momentos de reflexão que transcendam os próprios filmes ao incluir o olhar de cada um à narrativa que o diretor propôs e nos ofereceu, em imagens e sons”. Eles podem tanto enriquecer os conteúdos como também introduzir novas linguagens à experiência escolar. A fotografia é outra importante alternativa didática. Podem ser consideradas como espelho da realidade, por meio do qual podemos transpor distância e tempo. A análise realizada com fotografia possibilita a ampliação da análise de mundo, enriquece as possibilidades de representação dos fatos, objetos, pessoas e acontecimentos. A dança, a expressão do corpo, não pode estar ausente em uma educação que considera a complexidade e a totalidade do ser em formação. A importância estético – social da dança e porque não dizer da música pode ser percebida com nitidez em dois filmes magníficos e de nacionalidades diferentes:Vem dançar (EUA, 2006) e No ritmo do amor (ISRAEL, 2006), ambos retratam problemas na adolescência ou na juventude em que a escola auxiliada pela arte da dança pode, magnificamente, ajudar a educação a transformar vidas (SOARES, 2009). Agora sim, vamos falar do computador, da internet e outras tecnologias e de seu uso no Ensino Médio presencial e virtualmente. O computador, a internet podem ser usados de diversas maneiras em inúmeras situações. Desde a criação de página virtual até a elaboração colaborativa de tarefas. A página virtual é um recurso pedagógico que pode ser criado pelo professor ou pelos alunos. Nesse espaço, o professor pode comunicar-se com seus alunos e os alunos com os demais alunos da turma. Podem também ser realizadas discussões acerca de temáticas relacionadas às disciplinas da série com a participação de todos os alunos e educadores, o que torna as atividades virtuais mais ricas e dinâmicas. O uso das tecnologias de informação e comunicação na organização do trabalho pedagógico ampliam significativamente o papel do professor, que deixa de ser o informador e se transforma em orientador de aprendizagem (MORAN, 2000). Porém, não se pode esquecer que, primeiramente, devemos proporcionar aos alunos o domínio 8 LGDG RPSR V GR 3OD MDP R
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