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Ética na pesquisa cientí�ca Prof.ª Cínthia Hoch Batista de Souza Descrição Conhecimento da ética e das diretrizes vigentes para realização de pesquisa científica ou atividades de ensino envolvendo seres humanos ou animais: os comitês de ética em pesquisa com seres humanos (CEP) e comissões de ética no uso animal (Ceua), as documentações, a tramitação de protocolos de pesquisa e a dinâmica dos CEP e dos Ceua. Propósito Compreender o conceito de ética em pesquisa, bem como a necessidade de sua aplicação em trabalhos científicos ou atividades de ensino que envolvam a participação de seres humanos ou animais, é importante para você desenvolver atividades que atendam aos preceitos éticos. Preparação Acesse os sites da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e conheça esses dois órgãos que regulamentam, respectivamente, a realização de pesquisas científicas com seres humanos e animais no Brasil. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 1 of 57 17/09/2022 20:11 Objetivos Módulo 1 Ética e pesquisa cientí�ca Definir os princípios e a prática da ética da pesquisa. Módulo 2 Comitês e comissões de ética Distinguir as funções dos comitês de ética em pesquisa e das comissões de ética no uso animal. Módulo 3 Responsabilidade ética do pesquisador Relacionar o compromisso ético com a pesquisa. Introdução Toda pesquisa é realizada mediante uma metodologia específica Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 2 of 57 17/09/2022 20:11 e, em várias situações, envolve a participação de seres humanos ou o uso de animais. Em ambos os casos, os pesquisadores (professores, alunos e colaboradores) devem ter consciência da importância desses participantes na pesquisa, tratando-os com dignidade. Ou seja, se a metodologia do projeto implica etapas realizadas com humanos ou animais, é fundamental que todos, indistintamente, sejam respeitados pelos pesquisadores durante toda a condução da investigação científica. Afinal, tanto os humanos quanto os animais são peças fundamentais para que a pesquisa aconteça. É necessário que nós conheçamos o conceito de ética em pesquisa e todas as normativas (resoluções, leis e demais documentos) que devem ser seguidas. Desse modo, as nossas pesquisas acadêmico-científicas com participação de seres humanos ou com o uso de animais poderão ser realizadas dentro dos preceitos éticos. É importante lembrar que as atividades de ensino com uso de animais também devem seguir essas normativas. Os órgãos responsáveis por realizar a regulamentação ética das pesquisas com seres humanos e animais são a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), respectivamente. A Conep faz a gestão dos protocolos de pesquisa envolvendo a participação direta ou indireta de seres humanos por intermédio dos comitês de ética em pesquisa (CEP). O Concea acompanha a utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica por meio das comissões de ética no uso animal (Ceua). Os CEP e as Ceua possuem suas especificidades em relação a documentações e forma de tramitação de protocolos de pesquisa, bem como na sua dinâmica de atuação. Neste material, vamos abordar as particularidades de cada um deles. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 3 of 57 17/09/2022 20:11 1 - Ética e pesquisa cientí�ca Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir os princípios e a prática da ética da pesquisa. A necessidade da ética na pesquisa Quando pensamos em ética, muitas vezes podemos achar que se trata de um conceito distante de nossa vida diária. Mas ética nada mais é do que o conjunto de valores de um indivíduo. Mas e a ética em pesquisa? A que ou a quem ela se refere? O campo da pesquisa científica avança à medida que novos estudos, projetos, investigações e experimentos são realizados. É inegável que o progresso da ciência tem efeitos positivos sobre a humanidade, pois a sociedade se beneficia de tecnologias, insumos e outras descobertas que nos trazem conhecimento, saúde e bem-estar. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 4 of 57 17/09/2022 20:11 Mas será que o desenvolvimento cada vez maior de pesquisas científicas pode trazer algum problema para a sociedade? A resposta é sim! Vamos nos concentrar nos problemas que podem acontecer aos participantes de pesquisas científicas. Muitas pesquisas que obtiveram sucesso e que nos beneficiaram com o descobrimento de um medicamento, por exemplo, foram realizadas com a participação importantíssima de pessoas ou com o uso de animais. Aliás, os animais também colaboram na formação de profissionais, uma vez que são usados para fins didáticos em aulas. Em todas essas situações, estamos nos referindo a seres vivos. Sendo assim, no campo da pesquisa científica e das atividades de ensino, os participantes (sejam eles humanos ou animais) devem ser tratados com o máximo de cuidado e atenção, com total respeito a seus direitos, sem que ocorram danos, dores, prejuízos ou maus-tratos. Vamos ver a seguir a diferença de trato no caso de pesquisa em humanos e em animais: Em pesquisa com humanos As pessoas devem ser informadas sobre como será sua participação no estudo, ou seja, devem ser esclarecidas para que possam decidir se aceitam ou não fazer parte da investigação proposta. Aos voluntários, deve-se dar o poder da escolha por sua participação, sendo que podem, inclusive, desistir a qualquer momento. Os riscos da pesquisa devem ser avaliados e os benefícios devem superar os possíveis danos aos participantes. Eles são voluntários e nos auxiliarão no desenvolvimento da nossa pesquisa e não podem ser lesados pelo simples fato de quererem nos ajudar. Em pesquisa com animais Assim como em atividades de ensino, tal prática deve ser humanitária, ou seja, deve ser conduzida de forma que se possa diminuir ao máximo a dor e Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 5 of 57 17/09/2022 20:11 Mas será que as pesquisas científicas sempre apresentaram esse cuidado com seus participantes? Infelizmente, não foi sempre assim. A bibliografia que trata desse assunto, ao longo da história, nos apresenta registros de muitos fatos que ocorreram, em nome da ciência, sem respeitar a vida humana e a animal. Atenção! Caso o benefício da pesquisa com humanos não seja direto, ele pode ser indireto: nessa situação, o voluntário da pesquisa estará colaborando para um bem maior, um conhecimento que será aplicado em prol da sociedade como um todo. Para que possamos discutir e aplicar a ética em pesquisa atualmente e realizarmos pesquisas com total respeito aos humanos e aos animais, foi preciso aprender com os diversos estudos com graves falhas éticas ocorridos ao longo da história. Os princípios éticos violados durante a prática do que era até então definido como pesquisa científica serviram como base para nortear as pesquisas com seres humanos e com uso de animais. Assim, determinou-se o que é atualmente conhecido no mundo inteiro como ética em pesquisa. A partir daí também surgiu a palavra bioética, referindo-se à aplicação da ética no campo das ciências da vida (humana e animal). Participação de seres humanos em pesquisas cientí�cas e regulamentação ética o sofrimento dos animais por meio da oferta de todos os cuidados especiais pertinentes durante e após as ações. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 6 of 57 17/09/2022 20:11 Como tudo começou? A regulamentação ética de pesquisas científicas no mundo se iniciou em 1931, quando foram estabelecidas, na Alemanha, as 14 diretrizespara novas terapêuticas e pesquisa em seres humanos. Essas diretrizes nada mais eram do que um conjunto de normas que apresentava instruções para os pesquisadores que fossem realizar investigações com a participação de humanos. Entre essas normas, por exemplo, era exigido que as alterações do projeto inicial proposto fossem justificadas e que a participação de pessoas vulneráveis fosse detalhadamente explicada. No entanto, essas diretrizes não receberam atenção e não foram suficientes para impedir as “pesquisas científicas” realizadas durante o período do nazismo. Note que colocamos “pesquisas cientificas” entre aspas, pois o que aconteceu durante o nazismo não foram pesquisas, mas sim abusos contra seres humanos. Nazismo Regime político totalitário, de inspiração fascista, instaurado na Alemanha, a partir de 1933, pelo ditador Adolf Hitler. O regime se caracterizava também pelo nacionalismo, militarismo, imperialismo, violência e racismo (glorificação da “raça” ariana e antissemitismo). Médicos e “pesquisadores” nazistas, quando julgados após o fim da Segunda Guerra, alegaram que os atos de crueldade e horror que cometeram nos campos de concentração visavam ao aperfeiçoamento da ciência e à descoberta de remédios e terapias. Guia mostrando um recipiente contendo órgãos humanos removidos de prisioneiros, para o soldado americano Jack Levine (campo de concentração de Buchenwald, 27 de maio de 1945). O nazismo ocorreu entre os anos de 1933 e 1945. Durante esse período, Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 7 of 57 17/09/2022 20:11 foram cometidas atrocidades contra os seres humanos por meio de experimentos realizados por médicos que tinham como objetivo, supostamente, ajudar na guerra com o desenvolvimento de novas armas e na recuperação dos militares que haviam sido feridos. Para isso, seres humanos foram literalmente usados, pois eram submetidos a vários processos de experimentação. Esses procedimentos envolviam a realização de experimentos com gêmeos, congelamento de pessoas, infecções causadas de forma proposital, esterilização, vivissecção, eutanásia de doentes considerados incuráveis, entre outras práticas. Vivissecção Operações realizadas em pessoas vivas com o objetivo de estudar sua anatomia e fisiologia. Em 1947, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu na cidade de Nuremberg, na Alemanha, o julgamento de 117 pessoas acusadas de terem cometido crimes durante o período do nazismo. Elas foram chamadas de criminosas de guerra e julgadas por juízes norte- americanos. Esse evento ficou conhecido como o Tribunal de Nuremberg. Como resultado dos 12 julgamentos realizados, determinou- se 7 condenações à morte, 9 prisões e 7 absolvições. Além disso, ficou estabelecido o Código de Nuremberg, um documento considerado um marco para a humanidade, visto que por meio dele ficou estabelecida a recomendação internacional sobre os aspectos éticos de pesquisas envolvendo a participação de seres humanos. Nazistas acusados de crimes de guerra durante os julgamentos de Nuremberg. Com esse código, estabeleceu-se a necessidade de concordância por parte dos voluntários da pesquisa sobre sua participação nos experimentos propostos, após compreender seus benefícios e riscos. Em outras palavras, esse documento deixou clara a necessidade de todo pesquisador informar seu voluntário sobre todas as etapas às quais ele seria submetido, além de apresentar a ele os possíveis riscos aos quais estaria exposto e os benefícios que receberia por participar da pesquisa. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 8 of 57 17/09/2022 20:11 Resumidamente, pela primeira vez, determinou-se que as pessoas precisavam ser esclarecidas sobre a pesquisa e decidir se gostariam ou não de participar como voluntárias (ALBUQUERQUE, 2013; DINIZ; CORRÊA, 2001; MARKMAN; MARKMAN, 2007). A evolução na discussão da necessidade de se respeitar o ser humano participante de pesquisa continuou depois disso. Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou a Declaração Universal dos Direitos dos Humanos, que definia em seu primeiro artigo o seguinte: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. (ONU, 2020, n. p.) A partir dessa declaração, foram divulgadas as seguintes iniciativas a favor da ética em pesquisas científicas envolvendo humanos: Em 1964, foi publicada a Declaração de Helsinki, escrita pela Associação Médica Mundial. O objetivo desse documento era oferecer orientações aos médicos que realizassem pesquisas com seres humanos, uma vez que a importância das pesquisas clínicas para melhorar o bem-estar humano era conhecida por todos. Essa declaração foi importante para definir os processos A Declaração de Helsinki Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 9 of 57 17/09/2022 20:11 envolvidos em uma pesquisa realizada eticamente, estabelecendo que os participantes de pesquisa deveriam ser totalmente informados sobre a pesquisa. A informação completa deveria apresentar os objetivos da investigação, os métodos a serem aplicados, as fontes de financiamento, os possíveis conflitos de interesse, a instituição à qual o pesquisador pertence, os benefícios e todos os possíveis riscos inerentes à participação. A Declaração de Helsinki passou por nove revisões ao longo dos anos (sendo a última no ano de 2013, em Fortaleza, no Brasil). O nosso país deixou de ser signatário da declaração em 2008, ou seja, deixou de assinar a declaração. Portanto, parou de considerá-la nos nossos processos de regulamentação ética, pois algumas propostas da declaração não são aceitas pelo Brasil. Mesmo com a publicação do Código de Nuremberg, da Declaração dos Direitos Humanos e da Declaração de Helsinki, estudos que não valorizavam e respeitavam o ser humano ainda continuavam a ser realizados. Um caso muito famoso foi o estudo de Tuskegee, realizado entre 1932 e 1972, nos Estados Unidos, com o objetivo de documentar a história natural da sífilis não tratada. Mesmo com a descoberta da penicilina e indicação de seu uso para tratamento de casos de sífilis (ocorrido em 1947), o estudo continuou acontecendo sem ofertar o medicamento aos homens que eram participantes da pesquisa. Tudo isso foi denunciado no ano de 1972 pelo jornal norte- americano The New York Times. A partir da denúncia, houve a formação de uma comissão nacional chamada National Commission for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral Research, que, com base nas falhas éticas do Estudo de Tuskegee (e também de outras pesquisas realizadas nos EUA com idosos e crianças), apresentou um documento chamado Relatório de Belmont em 1978. O estudo de Tuskegee Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 10 of 57 17/09/2022 20:11 O Relatório de Belmont Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 11 of 57 17/09/2022 20:11 O Relatório de Belmont apresentava princípios éticos e orientações para proteção ao participante da pesquisa. Três princípios éticos foram definidos como fundamentais: o respeito às pessoas (autonomia), a beneficência e a justiça. Vejamos o que cada um desses princípios éticos determina: • Respeito às pessoas: determina que a autonomia de cada ser humano seja respeitada e que aqueles que possuem autonomia diminuída sejam protegidos. Os participantes devem ter o direito de escolher se querem ou não ser voluntários em pesquisas. Outro ponto importante é que, mesmo aceitando, ou seja, dando seu consentimento, os voluntários podem deixar de participar da pesquisa a qualquer momento. O voluntário de uma pesquisa científica deve ter o direito à informação,à compreensão e à tomada de decisão. • Beneficência: exige que os benefícios da pesquisa a ser realizada superem os riscos aos quais os participantes serão submetidos. Além disso, esse princípio determina que os riscos devam ser aceitáveis e minimizados. • Justiça: determina que os benefícios e os prejuízos resultantes da pesquisa científicas sejam distribuídos entre todos os participantes voluntários de forma justa e igualitária. Todos os participantes devem ser atendidos com os mesmos direitos e oportunidades. Depois da definição desses três princípios, no ano de 1979, o filósofo Tom Beauchamp e o teólogo James Childress publicaram o livro Principles of biomedical ethics. Houve então o acréscimo do princípio da não maleficência (determina que a pesquisa não deve causar danos aos participantes, além de minimizar os possíveis prejuízos a eles) aos conceitos éticos já apresentados no Relatório de Belmont. Esse livro apresenta, então, os quatro princípios éticos fundamentais utilizados na atualidade para nortear as pesquisas científicas com humanos: respeito às pessoas, beneficência, justiça e não maleficência, que são considerados prima facie (todos apresentam a mesma importância). Notas: Tom Beauchamp: filósofo norte-americano dedicado à filosofia moral, à bioética e à ética animal. Ele participou da comissão que elaborou o Relatório Belmont; James Childress: filósofo e teólogo norte-americano dedicado ao estudo da ética na medicina. Talvez você esteja se perguntando: como o nosso país tratava as questões éticas com pesquisas envolvendo seres humanos? Veja como se deu a evolução do tema no Brasil. 1988 Por meio da Resolução CNS nº 1, de 13 de junho de 1988, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou as normas para regulamentação de pesquisas em saúde e definiu que, para sua execução, toda investigação científica deveria ser aprovada pelo comitê de ética da instituição de atenção à saúde, devidamente credenciado pelo Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, essa resolução determinou a necessidade da composição de comitês de ética para avaliar e acompanhar as pesquisas envolvendo seres humanos. 1996 Ocorreu a substituição da Resolução CNS nº 1/1988 pela Resolução CNS nº 196, de 10 de outubro de 1996, que aprovou normas regulamentadoras para a realização das pesquisas envolvendo seres humanos. Com essa resolução, também houve a criação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que atua junto ao Conselho Nacional de Saúde na regulamentação das pesquisas com seres humanos em todo Brasil. 2012 Foi homologada no Brasil a Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012, (substituindo a Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 12 of 57 17/09/2022 20:11 Tanto a Resolução CNS nº 466/2012 quanto a Resolução CNS nº 510/2016 devem ser conhecidas pelos pesquisadores brasileiros. Existem outras resoluções do CNS que são complementares a essas duas e que devem ser consideradas, dependendo do tipo de pesquisa a ser realizada. Como vimos até aqui, todas as discussões, definições e publicações que aconteceram ao longo da história foram extremamente necessárias para que as pesquisas científicas com seres humanos pudessem ser realizadas com ética. É muito importante entender o que está implicado na eticidade da pesquisa: Resolução CNS nº 196/1996), que está em vigor até os dias atuais. 2016 Ocorreu a publicação da Resolução CNS nº 510, de 7 de abril de 2016, que apresenta as normas para pesquisas na área de ciências humanas e sociais, uma vez que essa área apresenta metodologias diferentes daquelas previstas na resolução anterior, que é adequada para a ética nas pesquisas biomédicas. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 13 of 57 17/09/2022 20:11 a. respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida; b. ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; c. garantia de que danos previsíveis serão evitados; e d. relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária. (Resolução nº 466/2012) Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 14 of 57 17/09/2022 20:11 Uso humanitário de animais em pesquisas cientí�cas e atividades de ensino Relatos históricos e a homologação da Lei Arouca no Brasil A realização de pesquisas científicas com uso de animais é uma prática histórica na civilização humana, porém esse tipo de pesquisa é sempre cercado de muitos questionamentos e até mesmo de dúvidas. As publicações que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial provocaram muitos debates e discussões que amadureceram o entendimento sobre formas de se fazer pesquisa com seres humanos. No entanto, pesquisas com animais também eram realizadas e não existia uma discussão sobre o uso deles em experimentos. O Código de Nuremberg e a Declaração de Helsinki também apresentavam determinações que levantaram questões sobre a experimentação animal. Segundo, Rezende, Peluzio e Sabarense (2008): Código de Nuremberg Determinava que os experimentos em humanos deveriam ter como base estudos prévios já realizados em animais. Declaração de Helsinki Determinava que experimentos que possam afetar o meio ambiente e o bem-estar dos animais utilizados em pesquisas científicas deveriam ser realizados sob cuidados. Como podemos ver, muito se falou na história sobre a proteção aos Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 15 of 57 17/09/2022 20:11 seres humanos, mas a proteção aos animais utilizados em pesquisa era algo que parecia não ter tanta importância. Muitos grupos envolvidos em questões ligadas à causa da proteção animal acreditam que o uso de animais em pesquisa e/ou aulas é dispensável. No entanto, tal prática ainda é defendida por pesquisadores, visto que vários itens importantes para a saúde, o bem- estar e a qualidade de vida humana, como medicamentos e vacinas, foram desenvolvidos por meio de pesquisas com experimentação animal. A experimentação animal é um conjunto de práticas intervencionistas realizadas em animais que podem estar vivos ou não. Entende-se que tal prática é realizada por pesquisadores habilitados somente com o objetivo de beneficiar o conhecimento científico. Esses procedimentos sensibilizam os humanos e despertam uma grande discussão sobre a necessidade e eficiência dos métodos aplicados para a obtenção do conhecimento científico. Contudo, a experimentação animal ainda é uma ferramenta utilizada mundialmente para atividades científicas, principalmente com foco na descoberta de medicamentos, vacinas, novas técnicas de tratamento cirúrgico ou para desvendar os mecanismos que levam ao surgimento de doenças (GUIMARÃES; FREIRE; MENEZES, 2016). As práticas de dissecação de animais para fins de ensino e pesquisa científica são realizadas desde a Antiguidade, com registros na Grécia Antiga, em experimentos realizados por Hipócrates (460 AEC-377 AEC), para a comparação de órgãos de animais e humanos. Associado a essas práticas havia o conceito de superioridade de humanos em relação aos animais, defendido pelo filósofo grego Aristóteles (385 AEC-323 AEC). Em Roma, o médico e filósofo Cláudio Galeno (129 EC-217 EC) realizava vivissecções para avaliar os efeitos de alterações orgânicas em animais. Em 1638, o médico britânico William Harvey (1578-1657) realizou observações em animais dissecados, publicando artigos com resultados científicos sobrea fisiologia da circulação em pelo menos 80 animais. O século XVII foi considerado o período em que a experimentação animal atingiu seu ápice, com a formulação da teoria do modelo animal pelo O que é experimentação animal? Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 16 of 57 17/09/2022 20:11 filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-1650). Essa teoria definia que os animais não possuíam espírito e que por isso não sentiam dor, o que os diferenciava dos humanos (SEIXAS et al., 2010). No ano de 1876, o Parlamento do Reino Unido aprovou a Cruelty to Animals Act, uma lei que estabelecia os limites permitidos para as práticas com animais para fins de ensino e pesquisa. Em 1927, publicou- se o primeiro documento abordando questões de bioética animal, no qual o teólogo alemão Fritz Jahr (1895-1953) definia que “todos os seres vivos teriam direito ao respeito”. Conforme vimos, a pesquisa com animais estava, de certa forma, fundamentada pelo Código de Nuremberg, que, em nome do conhecimento científico e em benefício da humanidade, justificava o uso de animais em pesquisas. Até então não havia nenhuma lei ou normativa legal que definisse e regulamentasse o uso de animais em experimentos. Em 1959, o zoologista britânico William Russell (1925-2006) e o microbiologista britânico Rex Burch (1926-1996) estabeleceram na publicação do livro Princípios das técnicas experimentais humanas o que foi considerado um marco na ética dos procedimentos utilizando animais (REZENDE; PELUZIO; SABARENSE, 2008). Esses dois pesquisadores estabeleceram o princípio dos três R (3 Rs) da pesquisa com animais: replacement, reduction e refinement. Em português, essas palavras significam, respectivamente: substituir, reduzir e aperfeiçoar. Assim, a pesquisa com o uso de animais deveria, a partir do surgimento desses conceitos: Substituir... ...o uso de animais por métodos alternativos (replacement). Reduzir... ...o número de animais, utilizando o mínimo necessário para os experimentos (reduction). Aperfeiçoar... ...as metodologias dos estudos, visando ao mínimo de sofrimento possível para o animal (refinement). Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 17 of 57 17/09/2022 20:11 A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) publicou, em 1978, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, postulando que “nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor” e também determinando que experimentos com animais não podem resultar em sofrimento físico ou psicológico. Além disso, o documento estabelece que a substituição por outros métodos deve ser utilizada. No Brasil, sobre esse assunto havia apenas a Lei nº 6.638, 8 de Maio de 1979, que apresentava recomendações para práticas científicas com animais, porém sem punição para casos que descumprissem o determinado em lei. Assim, observou-se a necessidade da regulamentação do uso de animais em nosso país, visando ao estabelecimento de normas e limites para a realização dessa prática a fim de evitar e impedir atos de crueldade e maus-tratos com os animais utilizados. Em 8 de outubro de 2008, foi aprovada a Lei nº 11.794, também conhecida como Lei Arouca, por meio da qual foi criado o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e as comissões de ética para uso de animais (Ceua). Certamente, a homologação dessa lei representou um avanço na legislação brasileira. Os princípios e as práticas da ética da pesquisa Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 18 of 57 17/09/2022 20:11 Conheça o contexto ético da pesquisa com seres vivos e o desenvolvimento da sua regulamentação. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ao longo da história, documentos importantes, como o Relatório de Belmont e o livro Principles of biomedical ethics, foram publicados com o objetivo de proteger os participantes de pesquisas científicas. Considerando esses documentos, assinale a alternativa que apresenta corretamente os quatro princípios éticos fundamentais que devem ser considerados em pesquisas científicas com seres humanos: Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 19 of 57 17/09/2022 20:11 Parabéns! A alternativa A está correta. Os quatro princípios éticos apresentam as definições de ações que todo pesquisador deve ter para com seus participantes de pesquisa: i) respeito à sua autonomia; ii) não lhes causar danos; iii) ofertar riscos e benefícios igualmente para todos; e iv) minimizar os possíveis prejuízos aos voluntários da pesquisa. A Respeito às pessoas, beneficência, justiça e não maleficência. B Autonomia, rigor científico, justiça e benefício. C Beneficência, justiça, pragmatismo e autonomia. D Não utilização de animais, consideração, respeito às pessoas e não maleficência. E Autonomia, risco previsto, justiça e maleficência controlada. Questão 2 O estabelecimento do princípio dos 3 Rs, pelo zoologista William Russell e o microbiologista Rex Burch, foi considerado um marco na realização de pesquisas com uso de animais. Em português, a sigla 3 Rs se refere às ações de reduzir, substituir e aperfeiçoar. Mais do que simples palavras, temos aqui importantes conceitos de ética em pesquisa com experimentação animal. Considerando o texto acima e o que você estudou neste módulo, analise as afirmações: Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 20 of 57 17/09/2022 20:11 I. A pesquisa científica ou atividade de ensino com animal é vedada ou proibida quando se considera o princípio dos 3 Rs. II. O princípio dos 3 Rs não incide sobre o aspecto quantitativo, mas sobre a dimensão qualitativa da pesquisa, por isso não importa o número de animais utilizado. III. Métodos alternativos não são recomendados para substituir a prática com animais porque a pesquisa depende de aperfeiçoamento usando metodologia tradicional. IV. As metodologias podem ser alteradas ou refinadas em benefício de menor sofrimento dos animais. Está correto o que se afirma em Parabéns! A alternativa D está correta. O princípio dos 3 Rs, apresentado na publicação da obra Princípios das técnicas experimentais humanas, estabeleceu que os pesquisadores cujos projetos aplicassem metodologias que envolvessem o uso animal deveriam: utilizar o menor número possível de animais em suas experimentações; substituir a prática com animais por métodos alternativos quando possível; e modificar as metodologias visando ao uso de técnicas que resultem em menor sofrimento para o animal. A I, II e IV. B I e III. C III e IV. D IV somente. E II somente. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 21 of 57 17/09/2022 20:11 2 - Comitês e comissões de ética Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as funções dos comitês de ética em pesquisa e das comissões de ética no uso animal. O aspecto institucional da ética na pesquisa Como vimos no módulo anterior, a participação de seres humanos ou de animais em pesquisas deve ser realizada com muito cuidado, de forma que os pesquisadores precisam se atentar a todos os aspectos éticos envolvidos nessa participação. Existem grupos específicos dentro das universidades e de outras instituições de ensino e pesquisa (como institutos e hospitais, por exemplo) que são responsáveis pela avaliação ética dos protocolos de pesquisa e por seu acompanhamento, após sua aprovação. Para as pesquisas realizadas com seres humanos, um comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, ou simplesmente CEP, é o responsável. Já as pesquisas ou atividades de ensino envolvendo o uso de animais Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html#22 of 57 17/09/2022 20:11 são avaliadas por uma comissão de Ética no Uso Animal, também chamada de Ceua. Cada um desses colegiados está ligado a uma instância superior, que é responsável por credenciamentos, renovações de credenciamentos e eventuais descredenciamentos desses colegiados, além da realização de toda gestão relativa às suas atividades. Ou seja, essas instâncias superiores fiscalizam os trabalhos desenvolvidos pelos CEP e Ceua no Brasil. Comitê de ética em pesquisa com seres humanos (CEP) Todas as pesquisas científicas que contam com a participação de humanos devem ser avaliadas por um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP). No Brasil, o CEP é subordinado à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que está vinculada ao Ministério da Saúde por meio do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sendo assim, o funcionamento de todos os CEP é gerenciado pela Conep (Sistema CEP/Conep). A seguir, estão listados pontos importantes sobre os CEP: Os CEP são colegiados interdisciplinares e independentes. São formados por um grupo de docentes ou pesquisadores da instituição na qual o CEP está alocado e também são compostos por, no mínimo, um representante de usuário. Esse representante é alguém da sociedade civil (portanto de fora da instituição que abriga o CEP) e que participa do colegiado, atuando ativamente nas reuniões, podendo inclusive realizar avaliações de protocolos de pesquisa com emissão de parecer. Sua função é defender os interesses dos participantes de pesquisa, zelando pela sua proteção e garantindo seus direitos. De preferência, a Conep solicita que esse representante seja indicado ao CEP pelo Conselho Estadual ou Municipal de Saúde. O que são Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 23 of 57 17/09/2022 20:11 Alusão aos integrantes do CEP. Atualmente, existem no Brasil 843 CEP atuando em todas as unidades da federação e no Distrito Federal, como você pode conferir na imagem a seguir. Mapa quantitativo ilustrando o número de Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) atuantes no Brasil até agosto de 2020. Fonte: Ministério da Saúde. A função principal do CEP é avaliar os protocolos de pesquisa com participação de seres humanos, protegendo o participante. Além disso, o CEP tem papel consultivo, ou seja, está à disposição da comunidade acadêmica e de toda a população para solucionar dúvidas sobre as pesquisas e sobre a participação de pessoas nesses estudos. Após aprovar uma pesquisa, o CEP deve acompanhar seu desenvolvimento por meio de relatórios enviados pelo pesquisador. O CEP pode, inclusive, suspender uma pesquisa caso considere pertinente. Atução no Brasil Função Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 24 of 57 17/09/2022 20:11 Alusão à análise feita pela CEP. Mas quais são as instituições que possuem um CEP? Todas que realizam pesquisa? Não necessariamente. As instituições que realizam pesquisa científica não são obrigadas a instituírem um CEP. A ausência de um CEP não impede que a instituição realize pesquisas científicas, porém, nesse caso, os protocolos de pesquisa precisam ser avaliados por outro CEP, determinado pela Conep. Quais pesquisas com seres humanos devem ser avaliadas pelo Sistema CEP/Conep? É muito comum os pesquisadores apresentarem dúvidas em relação à necessidade de avaliação ética de sua pesquisa. Afinal, são tantas metodologias e formas de coletas de dados, não é mesmo? Atividade discursiva Vamos pensar um pouco sobre metodologias e formas de coletas de dados! Liste no campo abaixo algumas formas de participação de pessoas em pesquisas e, em seguida, compare o que você escreveu com o feedback presente na resposta: Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 25 of 57 17/09/2022 20:11 Digite sua resposta aqui Exibir Solução Podemos ter a participação de pessoas de muitas formas, por exemplo: • Provando um sorvete em uma pesquisa na área de tecnologia de alimentos. • Cedendo sangue para análise de genes ligados à presença de determinada doença. • Ingerindo proteínas e realizando uma série de exercícios físicos determinados para avaliação do ganho de massa muscular. • Doando dentes para o desenvolvimento de novas substâncias que atuem contra o aparecimento de cáries. • Respondendo questionários sobre a atuação de profissionais em seu local de trabalho. • Sendo observados em sala de aula (professores). • Por meio do acesso de seus prontuários médicos para coleta de dados sobre determinada doença na população. • Respondendo a um questionário sobre luto. Você pode perceber nos exemplos citados na atividade proposta, que a participação de pessoas em pesquisas pode ser direta ou indireta. Sim, indireta, pois quando um prontuário médico ou outro conjunto de dados é acessado para fins de pesquisa, muitas vezes o pesquisador não tem contato com o proprietário daqueles dados. No entanto, mesmo que o prontuário esteja sob a guarda do hospital, o dono dos dados (paciente) é um participante indireto da pesquisa. Saiba mais Os estudos com participação de seres humanos também podem envolver partes, como sangue e outros líquidos corporais, ossos, músculos e material genético. Ainda utilizando os exemplos citados na atividade proposta, podemos Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 26 of 57 17/09/2022 20:11 observar que todas essas pesquisas apresentam riscos aos participantes. E é muito importante que os riscos sejam avaliados integralmente, ou seja, que se avaliem os riscos físicos e psicológicos que uma pesquisa pode trazer a um participante. Vamos avaliar duas dessas situações para esclarecer isso melhor? Pesquisa que oferecerá sorvete aos participantes Dentre outras ocorrências, pode ocorrer um problema físico. A pessoa pode ser intolerante à lactose (açúcar presente no leite), não saber que o sorvete contém leite em sua formulação e passar mal, apresentar náusea, diarreia e eventualmente precisar de atendimento médico. Pesquisa sobre luto Imagine se a pessoa que foi convidada a responder a pesquisa passou pela perda de um ente querido recentemente e esteja em um processo de superação desse momento. Você consegue perceber que esse tipo de pesquisa não traz risco físico, mas traz problemas de cunho psicológico? Portanto, é necessário ter consciência de que toda pesquisa envolve riscos aos participantes em maior ou menor grau, e isso precisa ser muito bem avaliado pelo grupo de pesquisa durante a concepção do projeto. Evitar e minimizar os riscos aos participantes da pesquisa é obrigação dos pesquisadores. Lembre-se do princípio da beneficência. Assim, ao avaliar um protocolo de pesquisa, o CEP avalia os riscos físicos e psicológicos que podem ocorrer com o participante. Mas será que existe algum tipo de pesquisa que não precisa de registro e avaliação pelo Sistema CEP/Conep? A resposta é: sim. Esse grupo de pesquisa envolve: Quais são essas pesquisas? Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 27 of 57 17/09/2022 20:11 • Pesquisa de opinião pública com participantes não identificados. • Pesquisa que utilize informações de acesso público, nos termos da Lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011. • Pesquisa que utilize informações de domínio público. • Pesquisa censitária. • Pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de identificação individual. • Pesquisa realizada exclusivamente com textos científicos para revisão da literatura científica. • Pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar o sujeito. • Atividade realizada com o intuito exclusivamentede educação, ensino ou treinamento sem finalidade de pesquisa científica, de alunos de graduação, de curso técnico, ou de profissionais em especialização. (Resolução CNS nº 510/1016) Vejamos, agora, como deve ser realizada a submissão de protocolos de pesquisa ao Sistema CEP/Conep. Como o pesquisador deve submeter seu protocolo de pesquisa ao Sistema CEP/Conep para avaliação? O protocolo de pesquisa (conjunto de documentos necessários para avaliação completa da pesquisa) deve ser submetido à avaliação do Sistema CEP/Conep somente por meio on-line, na Plataforma Brasil, como mostra a imagem a seguir: Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 28 of 57 17/09/2022 20:11 Tela inicial da Plataforma Brasil. Essa plataforma é utilizada desde 2012, quando o sistema parou de realizar avaliação de protocolos em papel. Após a submissão, o protocolo de pesquisa é recebido automaticamente por um CEP ou pela Conep para avaliação. A definição de qual instância vai avaliar o protocolo é determinada da seguinte maneira: Aproximadamente 98% dos protocolos de pesquisa são avaliados pelos CEP presentes no país. Toda documentação postada no sistema é avaliada. Depois da aprovação, o pesquisador recebe um documento chamado de parecer consubstanciado. Nele estão todas as informações que identificam a pesquisa e todas as considerações realizadas pelo CEP que fez a avaliação. Com um parecer consubstanciado de aprovação em mãos, o pesquisador poderá iniciar sua pesquisa. O protocolo de pesquisa será automaticamente direcionado para o CEP da instituição à qual o pesquisador principal está vinculado. No caso de a instituição não possuir um CEP, a Conep direcionará o protocolo ao CEP mais próximo. Aqui, cabe uma informação importante: o pesquisador principal é apenas um dos integrantes do grupo. Todos envolvidos na investigação (docentes, alunos e demais colaboradores) são igualmente responsáveis por realizar todas as etapas do estudo com ética. Para protocolos de pesquisa que se enquadrem nas áreas temáticas especiais definidas na Resolução CNS nº 466/2012, o protocolo será encaminhado automaticamente à Conep para ser avaliado por essa instância. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 29 of 57 17/09/2022 20:11 É importante destacar que aqui nos referimos às etapas que contemplam a participação de seres humanos. O pesquisador tem o dever de conduzir seu projeto de pesquisa exatamente da forma como foi proposto e aprovado pelo Sistema CEP/Conep. Caso existam alterações na metodologia aplicada aos participantes, é obrigatória a interposição de uma emenda. Ou seja, o pesquisador deve informar ao CEP, por intermédio desse instrumento, quais são as alterações necessárias na metodologia referente à participação dos voluntários. Nesse caso, a emenda passa por uma avaliação do CEP e receberá um parecer, da mesma forma que acontece com os protocolos de pesquisa. As alterações propostas somente poderão ser colocadas em prática após a aprovação pelo CEP. Saiba mais Durante a execução da pesquisa, o Sistema CEP/Conep deve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do estudo. Para isso existe um formulário específico, estabelecido na Carta Circular nº 8/11 da Conep/CNS/MS, disponível na página oficial da Conep na internet. Documentação necessária para tramitação de protocolos de pesquisa no Sistema CEP/Conep Vários são os documentos necessários para a avaliação de uma pesquisa científica pelo CEP ou pela Conep. Alguns são comuns a todas as pesquisas e outros são solicitados de acordo com o tipo de protocolo, vamos entender cada um deles a seguir. O projeto de pesquisa completo, a folha de rosto, o cronograma e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou a Comuns a todas as pesquisas Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 30 of 57 17/09/2022 20:11 justificativa para solicitação de dispensa desse termo são documentos básicos e devem estar presentes em todos os protocolos. Outros documentos devem ser também apresentados, dependendo da pesquisa, como o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), o Termo de Anuência Institucional para coleta de dados (carta de autorização), os instrumentos de coleta de dados da pesquisa (questionários, formulários e afins), a justificativa para uso de placebo, o termo de sigilo e confidencialidade, entre outros. A documentação é ampla, mas todos esses documentos são muito importantes. Entre eles, o termo de consentimento livre e esclarecido, também chamado de TCLE, merece destaque por ser um documento de informação ao participante. Esse documento deve ser redigido com o máximo de cuidado pelos pesquisadores, pois é por meio dele que o participante vai entender toda a pesquisa (tempo de duração, objetivos, o que ele como voluntário terá que fazer, quais riscos a pesquisa oferece, quais benefícios ele vai ter, quem é o pesquisador responsável, qual o meio de contato com esse pesquisador, entre outras informações). Atenção! O TCLE, seja ele redigido ou apresentado de outras formas, como permitido pela Resolução CNS nº 510/2016, deve garantir que os participantes compreendam exatamente o que vai acontecer. Por isso, não pode apresentar as informações de forma técnica, deve ser com linguagem inacessível! Vamos imaginar uma situação prática! De acordo com o tipo de protocolo Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 31 of 57 17/09/2022 20:11 Teoria na prática Vamos imaginar uma pesquisa que tenha desenvolvido um iogurte e que testará a aceitação do produto pelas pessoas. Agora vamos ver dois textos (1 e 2) que poderiam ser apresentados ao participante no TCLE explicando o produto que ele provará: Texto 1: “Você está sendo convidado a participar de uma análise sensorial de iogurte. O produto foi produzido com adição de inulina e cultura termofílica, além de uma cultura probiótica.” Texto 2: “Você está sendo convidado a participar de uma degustação de iogurte. O produto foi produzido com adição de uma fibra alimentar chamada inulina (que está presente naturalmente em alimentos como cebola e banana) e uma cultura de microrganismos que transforma o leite em iogurte (também encontrada nos iogurtes comerciais). Além disso, uma cultura probiótica foi adicionada ao produto. Probióticos são microrganismos benéficos à saúde humana (como os lactobacilos vivos que estão presentes em leites fermentados comerciais).” Você consegue perceber a diferença entre esses dois textos? É importante que o pesquisador saiba quais são os documentos exigidos para sua pesquisa, de forma que sua tramitação não atrase. O CEP tem papel consultivo e auxilia os pesquisadores com esclarecimentos sobre essas questões. E isto é muito importante: embora o papel primordial do CEP seja proteger o participante de pesquisa, os pesquisadores podem procurar a coordenação do CEP ou os membros para tirarem suas dúvidas. Resoluções aplicadas à tramitação de protocolos de pesquisa envolvendo _black Mostrar solução Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 32 of 57 17/09/2022 20:11 humanos Como vimos até aqui, a tramitação de protocolos com participação de seres humanos envolve a apresentação de vários documentos para a avaliação pelo Sistema CEP/Conep. Para que o protocolo seja completo, é necessário que os pesquisadores conheçam as resoluções vigentes, pois elas nos apresentam todas as diretrizes necessárias para a elaboração da pesquisa e da documentação. Duas resoluções precisam ser obrigatoriamente conhecidas, e já falamos delas anteriormente: Resolução CNS nº 466/2012, que trata das diretrizes regulamentadoras para pesquisas com seres humanos, e a Resolução CNSnº 510/2016, que aborda questões específicas de pesquisas na área de Ciências Humanas e Sociais. Saiba mais É importante destacar que, além dessas resoluções, dependendo da pesquisa a ser realizada, outras também deverão ser consideradas, como pesquisa com doenças ultrarraras (Res. CNS nº 563/2017), novos fármacos, vacinas, medicamentos e testes diagnósticos (Res. CNS nº 251/1997), povos indígenas (Res. CNS nº 304/2000) e que envolvam remessa de material biológico para o exterior (Res. CNS nº 292/1997). Essas e outras resoluções vigentes estão disponíveis no portal do Ministério da Saúde. Comissão de Ética no Uso Animal (Ceua) As pesquisas com uso de animais no Brasil são avaliadas pelas Comissões de Ética no Uso de Animais (Ceua). Cada instituição de ensino ou pesquisa deve possuir sua própria Ceua, que avaliará seus protocolos internos. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 33 of 57 17/09/2022 20:11 Essas comissões são formadas por biólogos, médicos veterinários, docentes ou pesquisadores que apresentem habilidades e competências técnicas para avaliar os protocolos de ensino e pesquisa com uso de animais. Além disso, um representante de sociedades protetoras de animais deve compor o quadro de membros da Ceua. Esse colegiado deve cumprir todo o disposto na Lei nº 11.794/2008, também conhecida como Lei Arouca, bem como o conteúdo dos demais documentos do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que é o órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, responsável por fiscalizar as Ceua do Brasil. Além de fiscalizar o trabalho da Ceua no Brasil, o Concea também é responsável por realizar o credenciamento de instituições para que possam criar os animais com fins de ensino ou pesquisa e realizar o monitoramento da introdução de técnicas alternativas que possam substituir o uso de animais. O funcionamento de biotérios também é controlado pelo Concea. Para que uma instituição de ensino ou pesquisa realize atividades de produção, manutenção ou utilização de animais pertencentes ao filo Chordata, subfilo Vertebrata (exceto humanos, pois sua participação em atividades de pesquisa é avaliada pelo CEP), essa instituição deve fazer o requerimento do Credenciamento Institucional para Atividades com Animais para Ensino ou Pesquisa (Ciaep) no Concea. Essa solicitação é realizada pelo Cadastro de Instituições de Uso Científico de Animais (Ciuca). Biotérios Instalações ou locais destinados à produção e manutenção de espécies de animais com finalidade de pesquisa ou experimentos científicos em diferentes áreas da ciência. Filo Chordata Também conhecidos como cordados, correspondem a um agrupamento de seres vivos (animais) com determinadas características e divididos em subfilos ou subgrupos, entre eles o subfilo vertebrata. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 34 of 57 17/09/2022 20:11 Sub�lo Vertebrata Corresponde aos animais vertebrados, tendo a coluna vertebral com principal característica. Curiosidade Em 2020, 562 instituições brasileiras de ensino ou pesquisa estavam devidamente cadastradas no Concea, de acordo com informação disponibilizada em seu site oficial. As atividades com animais devem ser realizadas corretamente, aplicando os preceitos éticos. O termo “uso de animais” refere-se a processos de captura, procedimentos cirúrgicos, exames, coleta, criação, manipulação, experimentação invasiva e não invasiva ou outros procedimentos que resultem em dor, sofrimento, mutilação, estresse ou morte. Por isso, é necessário que a equipe de pesquisa seja crítica e faça questionamentos como: Esta atividade a ser realizada é necessária? É relevante? Não estamos realizando uma repetição desnecessária? Existem maneiras de minimizar o uso animal, vamos entender um pouco mais a seguir. Tais formas devem sempre ser consideradas. Você se lembra do princípio dos 3 Rs de Russell e Burch? A determinação é que sempre haja substituição, redução e aperfeiçoamento. Assim, podemos pensar na utilização de um cadáver animal ou na utilização de filmagem de um procedimento que poderá ser utilizada em várias outras aulas com o mesmo tema, sem ter a necessidade de utilizar um animal novamente. Existem, ainda, várias metodologias alternativas ao uso animal já aprovadas em nosso país pelo Concea. A busca e a aprovação de métodos alternativos ao uso de animais são ações contínuas. Prova disso é que recentemente o Concea publicou a Resolução nº 45/2019, aprovando um método alternativo para avaliação da Formas de minimizar o uso animal Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 35 of 57 17/09/2022 20:11 contaminação pirogênica em produtos injetáveis, teste que normalmente é realizado em coelhos. Antes de submeter sua pesquisa à Ceua, o pesquisador deve conhecer a Lei nº 11.794/2008. O envio de protocolos de pesquisa ou de propostas de atividades de ensino com uso de animais deve ser realizado diretamente à Ceua da instituição na qual a prática será realizada. Os formulários específicos estabelecidos pelas instituições contemplam o fornecimento de diversas informações e devem ser entregues juntamente com o projeto de pesquisa ou proposta da atividade de ensino. O protocolo (conjunto de documentos) deve possuir informações completas com os seguintes dados: A finalidade da proposta (ensino ou pesquisa científica). Quantidade e origem dos animais. Tempo de uso na pesquisa. Espécie. Linhagem e raça. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 36 of 57 17/09/2022 20:11 O pesquisador deve avaliar, ainda, se há a possibilidade do emprego de alguma metodologia alternativa ao uso animal. Assim como ocorre com as pesquisas envolvendo seres humanos, as propostas submetidas à Ceua só podem ser iniciadas após o recebimento do parecer de aprovação. Aspectos legais e normativos na pesquisa com animais Entenda os aspectos legais e normativos na pesquisa com animais. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Sexo. Prática a ser realizada com os animais após as experimentações (por exemplo, eutanásia ou doação), entre outras. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 37 of 57 17/09/2022 20:11 Questão 1 O CEP é um colegiado formado por um grupo de pessoas comprometidas com a proteção dos participantes de pesquisas. Entre esses membros, está o representante de usuário que Parabéns! A alternativa C está correta. Os representantes de usuários devem atuar no CEP como membros efetivos, tendo o direito de se expressarem com pontos de vista e interesses dos participantes de pesquisas científicas, realizando, inclusive, avaliações de protocolos de pesquisa. Eles devem, portanto, representar os interesses e atuar na proteção dos direitos coletivos e públicos diversos. A é escolhido entre os membros da própria instituição que abriga o CEP. B deve obrigatoriamente participar ativa e diretamente da pesquisa que for avaliar. C deve atuar dentro do CEP com um olhar externo e independente, sempre focando a defesa e a proteção dos participantes. D pode participar das reuniões, mas não pode realizar avaliação de protocolos de pesquisa. E atua de forma ativa na validação dos projetos visando beneficiar os pesquisadores. Questão 2 Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 38 of 57 17/09/2022 20:11 A Ceua é um colegiado formado por pessoas com habilidades e competências técnicas para avaliar os protocolos de ensino e pesquisa com uso de animais. O Concea é o órgão responsável por fiscalizar a Ceua, credenciar as instituições para lidar com os animais, monitorar o uso de técnicas alternativas que substituamos animais e controlar o funcionamento dos biotérios. Conforme o que estabelece o Concea e o que você estudou neste módulo, é correto afirmar que Parabéns! A alternativa A está correta. A a Ceua deve obrigatoriamente ter em seu quadro médicos veterinários, biólogos, docentes e/ou pesquisadores na área específica e representante de sociedades protetoras de animais. B as atividades de produção, manutenção ou utilização de animais por uma instituição não necessitam de requerimento de credenciamento no Concea. C os protocolos de pesquisa ou as propostas de atividades de ensino com uso de animais devem ser enviados diretamente ao Concea, dispensando sua apresentação ao Ceua da instituição em que a prática será realizada. D não cabe ao Concea aprovar metodologias alternativas ao uso animal, apesar de monitorar o uso de animais e de técnicas que o substitua. E o colegiado formado para atuar no Ceua deve se pautar na Resolução CNS nº 466/2012 e/ou na Resolução CNS nº 510/2016. Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 39 of 57 17/09/2022 20:11 3 - Responsabilidade ética do pesquisador Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar o compromisso ético com a pesquisa. O compromisso ético Até aqui, estudamos os aspectos éticos das pesquisas realizadas com participação direta ou indireta de seres humanos, bem como aquelas que são realizadas com uso de animais. Como podemos ver, toda a equipe de pesquisa, ou seja, todos os envolvidos no projeto (docentes, alunos de graduação, mestrado ou doutorado e demais colaboradores) devem ter consciência e responsabilidade durante a proposta e realização dessas pesquisas, afinal, estamos tratando de vidas humanas e animais que estão sendo O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal rege o funcionamento de todas as Comissões de Ética no Uso Animal existentes no Brasil e definiu, por meio da Resolução Normativa nº 20/2014, que a Ceua deve ser obrigatoriamente composta por médico veterinário, biólogo, representante de sociedades protetoras de animais, docente (para instituições de ensino) e/ou pesquisador (para instituições de pesquisa). Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 40 of 57 17/09/2022 20:11 colocadas à disposição do projeto de pesquisa. Esses seres precisam ser enxergados pelos pesquisadores como sujeitos fundamentais para o sucesso da pesquisa. Pesquisas para a descoberta de um novo medicamento, por exemplo, precisam de etapas com testes em animais. Por outro lado, como poderíamos avaliar o sabor de uma nova formulação de sorvete desenvolvida com novos ingredientes sem a participação de pessoas provando esse alimento? Os pesquisadores não podem se esquecer dessa valiosa participação em nenhuma das fases de sua pesquisa, inclusive após a coleta dos dados. É necessário que exista um compromisso ético durante a execução dos experimentos e também depois deles. Podemos nos perguntar se há mesmo a necessidade de existir todo o sistema de regulamentação ética de pesquisas e atividades de ensino que foi apresentado nos módulos anteriores. A resposta é: sim, isso é necessário! Vamos ver um exemplo prático da importância da existência do Sistema CEP/Conep. Exemplo Imagine uma pessoa com alguma doença grave, sem cura e que se vê em situação de desespero. Essa pessoa facilmente se colocaria à disposição para participar de uma pesquisa com o teste de um novo medicamento que promete atuar justamente sobre os mecanismos dessa doença que a acomete. Considerando sua vulnerabilidade e situação, essa pessoa pode se colocar à disposição da pesquisa de uma forma em que se ponha em risco em nome de uma possível cura ou melhoria de sua saúde. Provavelmente os riscos não serão observados por ela, pois, devido à sua doença, a possibilidade de perda da vida é o que a preocupa nessa situação. Você consegue perceber nessa situação a importância do Sistema CEP/Conep na proteção desse participante de pesquisa? As pesquisas com animais, após sua conclusão, também precisam ter Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 41 of 57 17/09/2022 20:11 definidas e justificadas as ações a serem realizadas com esses animais e em que condições. Algumas perguntas para as quais a Ceua precisa ter respostas durante a avaliação ética de um protocolo são: Qual será o destino dos animais após o projeto de pesquisa? Eles podem ser doados? Serão doados? Haverá eutanásia? Qual será o método para eutanásia? Qual a forma de descarte de carcaças? Os pesquisadores não podem se esquecer dessa valiosa participação em nenhuma das fases de sua pesquisa, inclusive após a coleta dos dados. É necessário que exista um compromisso ético durante a execução dos experimentos e também depois deles. Assim, os sistemas regulatórios atuam no gerenciamento de todas essas pesquisas para que essas práticas possam ocorrer com respeito total aos direitos e à vida de cada voluntário, seja ele humano ou animal, em todas as etapas da pesquisa. O que pode acontecer com os participantes após uma pesquisa cientí�ca com seres humanos? Após a realização da parte experimental (ou seja, a parte prática de uma Ética na pesquisa científica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 42 of 57 17/09/2022 20:11
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