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CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 CASO 11- VULVOVAGINITE ID: LNRL, 44 anos, casada, natural e procedente de Salvador, ensino superior completo, advogada, católica. QP: “Mau cheiro” vaginal há cerca de 8 dias. HMA: Paciente refere que há cerca de 8 dias começou a apresentar odor desagradável em vagina. Refere aumento do corrimento vaginal, esbranquiçado, sem grumos. Nega coceira e ardência. IS: Nega dor pélvica, dispareunia, sinusiorragia febre ou outras queixas. Nega sintomas urinários. Antecedentes: Menstruais: Menarca aos 12 anos, ciclos regulares mensais, fluxo menstrual, durava 4 dias, mas há cerca de 2 anos passou a sangrar 8 a 10 dias, com fluxo intenso nos primeiros 5 dias, com necessidade de uso de absorvente noturno durante o dia. Nega sintomas de síndrome pré-menstrual, cefaléia ou dismenorréia. Sexuais: Coitarca aos 19 anos, 8 parceiros ao longo da vida. Atualmente vida sexual ativa, parceiro fixo, relacionamento exclusivo há 20 anos. Nega uso de camisinha nas relações. Refere passado de sífilis tratada durante a primeira gestação. Nega outras ISTs. Nega alterações de preventivo no passado. Nega uso de métodos contraceptivos. Último preventivo há 4 anos. Obstétricos: G3P2A1, 1 aborto espontâneo com realização de curetagem há 10 anos. 2 partos vaginais, com diagnostico de sífilis tratada na primeira gestação, sem outras intercorrências durante gestações. 2 filhos vivos, com 14 e 18 anos. Pessoais: Hipertensa, em uso de Losartana e Hidroclorotiazida, acompanhada com cardiologista com bom controle pressórico. Nega outras comorbidades. Nega história de internamentos. Nega alergias, transfusões, hemodiálise. Refere cirurgia de hérnia umbilical na infância e colecistectomia aos 28 anos. Última consulta ginecológica há 4 anos. Familiares: Pai e mãe hipertensos. Pai teve IAM aos 72 anos. Nega outras comorbidades na família. Tia materna com história de CA de mama diagnosticado aos 58 anos. Nega outros casos de câncer na família. Hábitos de vida: Tabagista, 1 carteira por dia desde os 18 anos. Etilista aos fins de semana (6 latas de cerveja ou 1 garrafa de vinho). Nega uso de drogas ilícitas. Sedentária.História psicossocial: Advogada, renda familiar de aproximadamente R$30 mil por mês. Casada há 18 anos, relacionamento afetuoso. Habita casa de 4 quartos com marido e 2 filhas. Pais vivos, boa relação com ambos, porém refere estar muito preocupada com saúde do pai, que teve um IAM há cerca de 2 anos. Calendário vacinal: Atualizado. Hábitos alimentares: alimentação rica em carboidratos, pobre em fibras e vegetais. Ao exame físico: BEG, LOTE, eupneica, normocorada, anictérica, afebril. Peso: 88kg. Alt: 1,69m, IMC = 30,8 Pele: Corada, turgor e elasticidade normais, mucosas normocoradas, não palpo linfonodos em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, sem alterações dos pelos. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe com hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, sem nódulos, consistência elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, com esforço respiratório (tiragens e uso de musculatura acessória). Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuídos, sem ruídos adventícios. Ap. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5º EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP). Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Mamas: simétricas, pendulares, mamilos extrusos, sem retrações ou abaulamentos. Linfonodos claviculares e axilares não palpáveis. Ausência de nódulos em mamas. Descarga papilar ausente. Abdome: Globoso por panículo adiposo, flácido, indolor, RHA+. Não se palpam massas ou visceromegalias. Genitália externa: tipicamente feminina, vulva trófica, tricotomizada, conformações labiais simétricas, hímen roto. Não há lesões visíveis. À manobra de Valsalva não observadas distopias ou perda urinária. Períneo íntegro. Genitália interna: Vagina de coloração rósea, rugosidades preservadas, sem lesões visíveis. Fluxo genital com odor fétido, com características conforme imagem a seguir. Colo aparentemente epitelizado, de tamanho médio, OE em fenda, secreção transparente exteriorizando-se pelo OE. Teste de schiller negativo (iodo positivo). Toque vaginal: Períneo suficiente, vagina elástica, ampla. Colo de superfície lisa, consistência habitual, indolor à mobilização. Útero em AVF, superfície regular, móvel, fundo palpável à altura da sínfise púbica. Fundos de saco livres, indolores. Anexos não palpáveis. CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 Objetivos: PRINCIPAL: VAGINOSE BACTERIANA E CAUSAS DE CORRIMENTOS VAGINAIS SECUNDÁRIO: DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PARA CORRIMENTOS VAGINAIS: TRICOMONIASE, CANDIDÍASE, CLAMÍDIA, GONOCOCO CONTEÚDO VAGINAL FISIOLÓGICO E MICROBIOTA VAGINAL NORMAL. Conteúdo vaginal fisiológico: Na vagina além do muco cervical tem-se células vaginais e cervicais, secreção das glândulas, proteínas, glicoproteínas, carboidrato, pequena quantidade de leucócitos e microrganismo da flora vaginal. Muco cervical, células vaginais e cervicais, secreção nas glândulas, proteínas, glicoproteínas, carboidrato, pequena quantidade de leucócitos e microrganismos da flora vaginal. Aeróbios (lactobacilos acidófilos, Staphylococcus epidemidis, Streptococcus spp., Escherichia coli), anaeróbios facultativos (Gardnerella Vaginalis), anaeróbios estritos (Prevotella spp., Bacteroides spp) e fungos com destaque para cândida spp. Lactobacillus sp. Representam 90% das bactérias presentes na flora normal de uma mulher sadia em idade reprodutiva, e respondem pelo pH ácido que inibe o crescimento de bactérias nocivas à mucosa vaginal. O corrimento vaginal fisiológico é estimulado pelo estrogênio e, portanto, pode ter seu volume aumentado em períodos onde há maior estimulação hormonal, como na gravidez, uso de anticoncepcionais à base de doses altas de estrogênios, no meio do ciclo menstrual, perto da ovulação. Com isso, a maior diferença entre o conteúdo normal fisiológico e o corrimento patológico está na alteração do volume, da cor e do odor, além dos sintomas que o causam. Portanto, quando o corrimento vaginal não é uma secreção transparente e tem cor branca, amarela ou verde, pode indicar diferentes problemas como infecções vaginais, por exemplo, sendo importante consultar o ginecologista para tratar o problema. No caso do corrimento infeccioso, ele costuma ter a ação de um fungo, bactéria, ou protozoário. DEFINIÇÃO (CONCEITOS) DE: VULVOVAGINITES, COLPITES E VAGINOSES. Vulvovaginite: Inflamação da vagina que pode resultar em corrimento, coceira e dor. A vaginite geralmente é causada por uma alteração no equilíbrio normal de bactérias vaginais, uma infecção ou níveis reduzidos de estrogênio após a menopausa. Colpite: A colpite corresponde à inflamação da vagina e do colo do útero provocada por bactérias, fungos ou protozoários e que leva ao surgimento de corrimento vaginal branco e leitoso. Essa inflamação é mais frequente em mulheres que possuem contato íntimo frequente e que não usam preservativo durante a relação sexual, principalmente. Vaginose: A vaginose bacteriana é uma infeção vaginal da mulher que consiste na substituição da flora normal da vagina por várias bactérias anaeróbias. Neste tipo de infeção genital há um aumento exagerado e variado das bactérias potencialmente patogénicas(que provocam doença) e uma diminuição dos Lactobacillus (bactérias que promovem a proteção da vagina), podendo estar associado a sintomas da área genital. VAGINOSE BACTERIANA Patogenia: Consiste em um desequilíbrio da flora bacteriana normal, visto que a gardnerella faz parte da flora, nesse sentido, tem-se uma diminuição de lactobacilos produtores de H2O2, consequentemente tem-se um aumento do pH e o super crescimento de bactérias anaeróbicas como gardnerella vaginalis e outras. A) AGENTES ETIOLÓGICOS A vaginose bacteriana (VB) é a desordem mais frequente do trato genital inferior em mulheres de idade reprodutiva e a causa mais comum de odor fétido no corrimento, responsável por 45% a 50% dos casos de corrimento vaginal patológico. Sua patogênese está relacionada ao desequilíbrio na flora vaginal, com perda de lactobacilos e aumento de bactérias com a Gardenerella vaginalis, patógeno frequentemente associado à VB. Outras bactérias podem também estar em supercrescimento, como a Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum e Mobiluncus spp. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Características clínicas: • Odor desagradável- AS VEZES A PACIENTE SE ACOSTUMA COM ODOR. • Corrimento (pequena intensidade, homogêneo e branco acinzentado). • Não apresenta habitualmente prurido, ardor ou queimação. • Comum recorrência. • Maior risco de DIP, DIP pós-abortamento, infecções pós operatórias da cúpula vaginal após histerectomia, citologia cervical anormal. CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 Ocorre prevalentemente em mulheres que fazem uso de creme vaginal de recorrência, pois o uso constante de creme desregula a microbiota vaginal, afetando as células que estavam normais e permitindo a produção dos anaeróbios. O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido (caracterizado frequentemente como “odor de peixe” ou amoniacal). Por vezes, a paciente refere apenas o odor, estando o corrimento ausente. O odor fétido piora com o intercurso sexual desprotegido e durante a menstruação, devido à volatização de aminas aromáticas (putrescina, cadaverina, dimetilamina) resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. Ao exame ginecológico, o conteúdo vaginal apresenta-se homogêneo, em quantidade variável (geralmente escassa, mas pode ser moderada ou abundante) e com coloração geralmente esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada. A VB isolada não é causa de disúria ou dispareunia, pois não é acompanhada de processo inflamatório. Entretanto, quando se apresenta associada a outras afecções vaginais como candidíase, os sintomas podem ser mais variados, por exemplo, queixa de prurido. QUAIS CORRIMENTOS VAGINAIS SÃO CONSIDERADOS DST? Não é uma infecção de transmissão sexual, mas pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas (o contato com o esperma, que apresenta pH elevado, contribui para o desequilíbrio da microbiota vaginal). O uso de preservativo pode ter algum benefício nos casos recidivantes. A vaginose bacteriana aumenta o risco de aquisição das IST (incluindo o HIV), e pode trazer complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez (associada com ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-cesárea). Quando presente nos procedimentos invasivos, como curetagem uterina, biópsia de endométrio e inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta o risco de DIP. EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO Vaginose bacteriana é uma afecção extremamente prevalente. Estimativas mundiais de prevalência variam de 10% a 30% (Koumans e Kendrick, 2001). Estudo realizado nos Estados Unidos, no período de 2001 a 2004, com amostra nacional representativa de 3.739 mulheres mostrou prevalência de 29,2% (IC 95% 27,2-31,3) em mulheres americanas na faixa etária de 14 a 49 anos (Allsworth e Peipert, 2007). No Brasil, dependendo da população estudada, a afecção é responsável por até 40% dos casos de queixas vaginais (Marconi et al., 2015). Os fatores de risco para VB são variados, incluindo raça negra, uso de duchas vaginais, tabagismo, menstruação, estresse crônico e comportamentos sexuais, como elevado número de parceiros masculinos, sexo vaginal desprotegido, sexo anal receptivo antes do sexo vaginal e sexo com parceiro não circuncisado. Mulheres que fazem sexo com mulheres têm alta prevalência de VB (25% a 52%), de acordo com diferentes estudos (Marrazzo et al., 2010). DIAGNÓSTICO - EXAMES COMPLEMENTARES E SUA INTERPRETAÇÃO. Para o diagnóstico, foram propostos alguns critérios, incluindo achados clínicos e laboratoriais ou apenas dados microbiológicos. Os critérios mais conhecidos e divulgados são os de Amsel (Amsel et al., 1983) e os de Nugent (Nugent et al., 1991). Os critérios propostos por Amsel requerem três dos quatro itens a seguir: • corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo aderente às paredes vaginais; • medida do pH vaginal maior do que 4,5; • teste das aminas (whiff test) positivo, ou seja, desprendimento de odor fétido após a adição de KOH 10% a uma gota de conteúdo vaginal; • presença de “células-chave” (“clue cells”), que são células epiteliais recobertas por cocobacilos Gram variáveis na bacterioscopia (Amsel et al., 1983). O escore de Nugent baseia-se em elementos avaliados na bacterioscopia com coloração pelo método de Gram, particularmente os morfotipos de Lactobacillus, de Gardnerella vaginalis e de Mobiluncus sp. O resultado da avaliação é traduzido em escores, assim considerados: • escore de 0 a 3 – padrão normal; • escore de 4 a 6 – flora vaginal intermediária; • escore de 7 a 10 – vaginose bacteriana (Nugent et al., 1991). Outros testes incluem o AFFIRM VP III, que é um teste de hibridização para altas concentrações de Gardnerella vaginalis, e o OSOM BV Blue test , que detecta a enzima CAMILLY EÇA DE BRITO/ 5° SEMESTRE/ TUTORIA 18 sialidase ativada presente no fluido vaginal de mulheres com VB; ambos são úteis e têm boa efetividade quando comparados ao Gram. PCR tem sido utilizada para detecção de microrganismos associados à VB apenas para pesquisas. Cultura para Gardnerella vaginalis não é recomendada para o diagnóstico. Cumpre acrescentar que o estudo do microbioma vaginal por métodos independentes de cultura tem sido utilizado até o momento apenas para pesquisas. TRATAMENTO Metronidazol fármaco de escolha, 2g VO, dose única 400mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias Tinidazol 2g, dose única Parceiros: não é necessário tratamento, não é DST Pacientes imunodeprimidos, vaginose bacteriana recorrentes e/ou associado a Mobiluncus → Clindamicina 300mg (VO), 2x ao dia por 7 dias ou creme vaginal (2%), uma vez à noite por 7 dias. Gestantes: Metronidazol- mesma indicação das mulheres não grávidas. QUAL A ASSOCIAÇÃO DO TABAGISMO COM O CORRIMENTO VAGINAL APRESENTADO PELA PACIENTE DO CASO?
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