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ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
MEMORIAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO – O ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO
DAYSE DE JESUS ROCHA
GOIÂNIA 2018.
 (
PONTIFÍCIA
 
UNIVERSIDADE
 
CATÓLICA
 
DE
 
GOIÁS
PRÓ-REITORIA
 
DE
 
GRADUAÇÃO
)
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES COORDENAÇÃO DO CURSO DE
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO- ENSINO DA HISTÓRIA NO ENSINO MEDIO
Trabalho apresentado à Profa. Lúcia Rincón Afonso como requisito para aprovação na disciplina: Estágio – O ensino de história no Ensino Médio, no segundo Semestre de 2018.
Dayse de Jesus Rocha
GOIÂNIA 2018
O presente trabalho tem por objetivo tornar viável experiência que ocorreram na disciplina Estágio Supervisionado no curso de Licenciatura em História, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, localizada no município de Goiânia.
OSubpj etrivaisiocnoamdpoa, rteilhacromaos roebfjletxivõoes edsepceocrríeficnotes edvaidsenactivaird ad esvodluoçãEostádgaios
experiências perpassadas pela disciplina e enfatizar a importância da união dos conhecimentos teóricos e práticos para a formação de professores de História nas turmas de ensino médio. Nesse sentido se destacará a importância dos estágios como atividades práticas necessárias na formação profissional, social e cultural oferecidas ao estudante pela participação em situações reais de trabalho pela instituição formadora. Como procedimento metodológico este relatório teve como base o estudo bibliográfico e o campo subsidiado pelos autores Pimenta (2004; 2012), Frigotto (2004) e como instrumento para coleta de dados se utilizou a observação participante, com aplicação do projeto de ensino na turma estagiada. Como resultado final se percebeu que a execução do estágio dinamizou o processo de formação, pois proporcionou um maior
engajamento nas atividades de regência, cujas ações foram planejadas e executadas de forma colaborativa entre o estagiário, o professor da escola campo, a docente da instituição superior e os estudantes do ensino médio,
constituindo-se numa experiência colaborativa exitosa. Portanto o estágio contribuiu para o início da construção da identidade profissional dos estagiários, estimulou a reflexão sobre suas práticas, e estimulou-os ao campo da pesquisa para a aquisição de novos conhecimentos.
Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Projeto de ensino. Nova experiência
 (
RESUMO
)
INTRODUÇÃO	05
– O estado da questão do estágio curricular supervisionado na licenciatura em História	09
– Expectativas em relação à docência no Ensino Médio	10
– A atual proposta curricular do curso de formação de docentes e a relação teoria-prática	14
–	A	pesquisa como referencial teórico metodológico para o estágio supervisionado	14
– Plano Nacional de Educação (PNE)	16
– Considerações Finais	17
– Pontos para Reflexões	19
– Referências Bibliográficas	20
– Anexos	21
 (
SUMÁRIO
)
INTRODUÇÃO
O presente relatório tem por finalidade apresentar as observações, e a participação na rotina escolar bem como os conhecimentos adquiridos durante a realização do Estágio Curricular Obrigatório no Ensino Médio. O Estágio Curricular Obrigatório tem por objetivo oportunizar ao aluno estagiário, condições propícias ao desenvolvimento de sua prática docente, mediante observações do trabalho pedagógico, vivência em situações que se apresentam no campo de estágio fundamentados na teoria e nos saberes. O mesmo proporciona aos futuros docentes um maior conhecimento prático, pois possibilita o conhecimento das modalidades de licenciatura na escola. O trabalho visou relatar e refletir sobre a importância do Estágio Supervisionado no processo formativo de licenciatura em História ofertado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
O Estágio Curricular, é visto como uma atividade educativa que reúne experiência, vivência e participação efetiva na realidade do mercado de trabalho,
devendo contemplar a construção do conhecimento integrado à prática curricular da unidade escolar consolidando os conhecimentos apreendidos durante a formação acadêmica. Através dessa realidade ressalto, que as observações que fiz, deram-me oportunidade de aprender como é a prática e como ela se apresenta, pois, foi possível perceber a prática de ministrar aulas, bem como, as dificuldades de ensinar, e os desafios da vivência desenvolvida na escola, o que torna um elemento essencial na prática da docência, a qual viabiliza a realidade
educacional na direção da escola como verdadeiramente ela é.
O estágio supervisionado, embora seja um importantíssimo componente curricular do eixo profissionalizante, não se limita somente a esse eixo, e também não é somente a hora da prática. O Parecer N. º: CNE/CEB 35/2003 faz excelente resumo do alcance do estágio supervisionado ao referenciar sua importância ainda na antiga lei do estágio, a LEI Nº 6.494, DE 7 de Dezembro de 1977.
Como vemos, o estágio supervisionado, já na legislação específica, representava muito mais que simples oportunidade de prática profissional, embora tenha nascido como eminentemente
profissionalizante. Ele não pode ser considerado apenas como uma
oportunidade de “treinamento em serviço”, no sentido tradicional do
 (
10
)
termo, uma vez que representa, essencialmente, uma oportunidade de integração com o mundo do trabalho, no exercício da troca de experiências, na participação de trabalhos em equipe, no convívio sócio-profissional, no desenvolvimento de habilidades e atitudes, na constituição de novos conhecimentos, no desenvolvimento de valores inerentes à cultura do trabalho, bem como na responsabilidade e capacidade de tomar decisões profissionais, com crescentes graus de autonomia intelectual.(PARECER N.º: CNE/CEB 35/2003, p.9)
A prática profissional que um estudante realiza para exercitar os seus conhecimentos e as suas competências se dá também através do estágio. Tem por objetivo, por conseguinte, proporcionar experiência laboral, preparação para que se possa desenvolver a atividade associada à sua futura profissão. Uma das etapas que o estudante de licenciatura em História na PUC - Goiás é submetido concerne na realização das etapas de estágios, que teve por carga horária mínima de 40 horas, em específico este, em uma Instituição pública de ensino médio.
O Estágio curricular no Ensino Médio foi realizado em: Colégio Claretiano Coração de Maria. A escola é localizada na Av. Paranaíba Setor Central,
município de Goiânia. A Escola oferece: Ensino Fundamental e Ensino Médio Particular.
Sua Infraestrutura compõe:
Água filtrada
Energia da rede pública Esgoto da rede pública
Lixo destinado à coleta periódica Lixo destinado à queima
Lixo destinado à reciclagem Acesso à Internet
Banda larga
Computadores administrativos
Computadores para alunos (razoável, dois de cada sala para um computador) TV
Videocassete DVD
Antena parabólica Copiadora Retroprojetor Impressora
Projetor multimídia (datashow) Fax
Câmera fotográfica/filmadora
20 de 21 salas de aulas utilizadas 72 funcionários
Laboratório de informática
Banheiro adequado à alunos com deficiência ou mobilidade reduzida
Dependências e vias adequadas a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida
O acesso ao projeto político pedagógico foi obtido via e-mail. Todas as perguntas direcionadas ao PPP feitas a coordenação foram respondidas da
seguinte forma: “somente o Diretor pode te responder”, pelo percebido, existiu um cuidado com informações referente ao financeiro da escola. Com base na minha leitura do PPP: Chamou-me atenção algumas propostas de importância vital da cidadania embasada em princípios importantíssimos de conscientização das diferenças sociais e um tratamento de inclusão das etnias e miscigenação. O PPP demonstra uma preocupação da escola no sentido de introduzir na sua grade curricular conteúdo referente à História Cultural Afro-brasileira e indígena.
No meu modo de ver, existe um esforço por parte da escola em cumprir com o proposto. Entretanto se esbarramem questões financeiras.
Para realização deste estágio, foram necessárias 10 visitas no período matutino (7h30 as 11h30) e 2 visitas no período vespertino (13h00 as 16h30), para a observação de aulas, gestões variadas, bem como, o funcionamento de toda instituição, para o melhor cumprimento deste. A turma escolhida foi o 2º ano D. com o Professor Ivan.
Através desta experiência pude observar alguns fatores que dificultam os processos de ensino e aprendizado. A saber, a apatia, a euforia, o descaso e a desconfiança que alguns professores nos olham. Partimos, portanto, da
compreensão de que esses fatores, que tanto inquietam os agentes da educação escolar, sobretudo, professores e educadores, somente podem ser elucidados na sua relação com o contexto social em que se insere a escola, e para além de explicações de senso comum que perpassam o âmbito educacional.
Ao contrário do que é comum pensar, esses fatores não podem ser atribuídos a uma determinada formação familiar., às famílias desestruturadas, mas à formação social, que abrange os diversos arranjos familiares coexistentes. Também não são atributos específicos de uma determinada faixa etária; envolvem todas as categorias geracionais contemporâneas, desde a criança pequena até os adultos avançados em idade, de quem se poderia esperar uma formação diferenciada, condizente a uma maior maturidade. Assim, com pequenas variações, os mesmos desafios e inquietações são compartilhados por agentes da educação infantil, da educação fundamental do ensino médio, da educação de jovens e adultos e do ensino superior. Essa questão não se
restringe aos alunos; inclui também pais e os próprios professores que, não raro, em reuniões pedagógicas, expressam o quadro de euforia e apatia, desinteresse e descompromisso da vivência em sala de aula. Portanto, trata-se de uma situação presente nos diversos âmbitos educacionais, pois é engendrada na mesma formação social que envolve a todas. É para esse aspecto que se dirige nossa reflexão.
Em seu texto Educação para emanciapação? Adorno (1995) argumenta que a educação deve ter por objetivo a produção de uma ‘consciência verdadeira’ que possibilite ao indivíduo viver em sociedade com relativa autonomia. A autonomia se situa na tensão entre o momento de adaptação e o de resistência do indivíduo à sociedade. Isso significa dizer que a educação deve preparar o aluno para reproduzir a sociedade, mas também para enfrentar as contradições sociais que o envolvem. Atualmente, porém, parece-nos que a compreensão por parte da escola sobre as contradições da sociedade contemporânea tem se enfraquecido, tampouco se compreende como é afetada
por elas, de maneira que, mesmo à sua revelia, tende a reproduzi-las. Por outro lado, percebe-se uma preocupação deliberada em adequar a escola à reprodução dessa mesma sociedade, portanto, reforçando uma situação social que competiria à formação escolar enfrentar.
Conforme previsto no planejamento da disciplina Estágio Supervisionado, foram realizados três tipos de atividades na escola: reconhecimento do espaço escolar e seus sujeitos, participação nas aulas da disciplina de acordo com a habilitação pretendida e regência. No total foram observadas 40 horas/aula. O desenvolvimento das aulas ocorreu, em geral, de maneira bastante satisfatória.
Os alunos participaram das atividades propostas, interagiram entre si e com o professor estagiário, realizaram todas as tarefas e avaliações propostas (no
tempo deles). Por fim, a avaliação do estagiário sobre sua experiência docente foi positiva, pois o mesmo evidenciou uma proporção do futuro do professor. Oportunizou a chance de vivenciar o que irá encarar no seu cotidiano, aprender a lidar com as contingências diárias e conseguir atingir seu objetivo maior, que é o da promoção da aprendizagem. Esta prática ampliou, ainda, o entendimento sobre o meio em que está inserido, além de ter se deparado com as responsabilidades do meu trabalho.
1	-	O	ESTADO	DA	QUESTÃO	DO	ESTAGIO	CURRICULAR SUPERVISIONADO NA LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Esta parte do texto tem como objetivo conhecer, refletir e mapear os estudos sobre o Estágio Curricular Supervisionado na Licenciatura em História, a partir de um levantamento bibliográfico com a finalidade de perceber como se encontra o objeto de investigação no estado atual da. O mapeamento realizado
consistiu de uma fonte importante para a construção do memorial.
O Estágio é considerado um importante componente curricular e tem sua importância reconhecida, sobretudo, para acrescentar experiência aos futuros professores. Entretanto, independentemente do tipo de instituição em que é realizado o Estágio, as dificuldades existirão. São dificuldades relacionadas a recepção dos alunos na instituição, horários destinados aos estagiários. Embora existam dificuldades, não invalida a experiência e importância do estágio, a disciplina de estágio curricular supervisionado, de acordo com as experiências vividas, é fundamental para relacionar a teoria e a prática, o que vai deixar o futuro professor mais preparado para a sua atuação.
É importante a reflexão de que são promissoras para os alunos dos cursos de Licenciatura, as atividades desemprenhadas em sala de aula, oferecendo para o estagiário um crescimento importante para sua carreira.
Na formação de todo profissional se faz necessário vivenciar as experiências reais, atuando na profissão sob a forma de estágio, não só para
relacionar a teoria com a prática, mas principalmente, para que o indivíduo possa identificar-se ou não com a futura profissão, e na formação docente não é
diferente, pois o estágio segundo Pimenta (2014) é como:
Um campo de conhecimento que envolve estudos, análise, problematização, reflexão e proposição de soluções para o ensinar e o aprender, e que compreende a reflexão sobre as práticas pedagógicas, o trabalho docente e as práticas institucionais, situados em contextos sociais, históricos e culturais (PIMENTA, 2014, p. 29).
Nesse sentido os estagiários se direcionam às escolas, no período do estágio supervisionado, locais que se constituem também no local de aprendizagem e vivência das atividades inerentes à sua futura profissão, levando-os às análises e reflexões das práticas institucionais, à detecção dos problemas de ensino-aprendizagem, mediados pelo professor universitário e os docentes das escolas públicas campos de estágio.
2 – EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO À DOCENCIA NO ENSINO MEDIO
O processo de escolarização oficial no Brasil inicia-se em 1549. As primeiras escolas são criadas com a chegada da primeira ordem religiosa, a
Companhia de Jesus. A comissão que aportou, sob a liderança do padre Manuel de Nóbrega, tinha como propósito para as terras recém-tomadas pela Coroa Portuguesa a catequese dos indígenas, todavia acabou assumindo o ensino de
“Humanidades”, com a subvenção da mesma. Os estudos das Humanidades desenvolvem-se a partir do modelo de ensino aplicado pelo Colégio dos Meninos de Jesus. Fundado na vila de São Vicente, na Bahia, em 1550. Então, são organizadas, primeiro, as classes independentes de estudo, e, depois, os colégios. Deste modo, o papel atribuído à educação nos primeiros séculos se desdobrara nos vindouros. Em relação ao ensino médio, marcaram profundamente sua identidade e sua função. Afinal, um projeto de ensino
pensado e realizado para a formação das elites não se abriu às classes populares nos mesmos moldes. Inaugura-se no Brasil o ensino público, sob a responsabilidade do Estado, ao romper com o monopólio religioso. Não obstante, o sistema de ensino tarda a modificar-se, permanecendo por longo prazo tal qual na época dos jesuítas.
Na República Federativa do Brasil o discurso sobre a educação assume centralidade na cena social. O Estado, nos primeiros anos da República, ao
organizar o sistema educacional, estrutura-se a si próprio e a sociedade, e também investe na tentativa de construir a identidade nacional. A educação advém de um princípio identificação com uma nação desenvolvida. A gratuidade, a obrigatoriedade e ofinanciamento da educação pública são hoje questões levantadas pelos estudiosos como perspectiva de responderem a problemas históricos e carregam as marcas da trajetória tortuosa do direito à educação no Brasil, com suas voltas, idas e vindas, suas contradições, tensões e disputas
internas. Igualmente sinuosa é a trajetória do ensino médio, o qual sempre esteve à mercê da arbitrariedade de administradores públicos que não
demonstraram compreender que direitos se distinguem e se opõem ao clientelismo, com seus privilégios reservados aos ricos, e ao assistencialismo, com suas migalhas destinadas aos pobres.
Neste sentido, caberia ao ensino médio, enquanto principal política pública para as juventudes, a oferta de espaços e tempos que deem às jovens oportunidades reais de vivência plena nessa fase da vida. E mais, oportunizem o desenvolvimento da autonomia que permita perceber, criticar e buscar meios para emancipar-se dos processos de dominação capitalista, bem como elaborar outra concepção de sociedade. Compreende-se, ainda, que o caminho é o de investimento real, por parte dos poderes públicos constituídos, na formação integral dos sujeitos, o que exige, de antemão, reconhecer o direito de cada jovem de refletir e deliberar sobre a sua trajetória formativa individual e, então, proporcionar experiências significativas de formação intelectual e cultural.
Em 1971, segundo Frigotto e Ciavatta (2006), a tentativa de integração entre propedêutico e profissionalizante, através da profissionalização
compulsória no ensino secundário com a Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971, aparentemente poderia promover a superação do dualismo, entretanto,
interesses conflituosos distintos forçaram ajustamentos, e pôr fim a Lei n. 7.044/82 extinguiu a profissionalização obrigatória no 2º grau. Mesmo diante de todas as críticas que qualificavam como tecnicista a Lei 5.692/71, que determinava que houvesse a predominância da parte especial sobre a parte geral, foi ressaltado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais, INEP (1982) que:
[...] embora seja hoje necessário redefinir a política de profissionalização do ensino de 2º grau, é necessário fazê-lo de forma a não se perder uma das mais importantes conquistas, trazidas pela Lei 5.692/71: a idéia de que a formação integral do adolescente inclui necessariamente algum tipo de relação com o mundo do trabalho. (INEP, 1982, p.56).
Para Frigotto, em síntese, a Lei n. 5.692/71 surgiu com um duplo propósito. Assim, com o advento da Lei n. 7.044/82, as escolas técnicas federais, voltaram a valorizar a formação por elas desenvolvida, por serem instituições
mais adequadas para conferir o 2º grau o caráter profissionalizante, voltado para a formação em habilitações profissionais específicas. O Ensino Médio no Brasil
tem se mostrado, historicamente, alinhado a uma opção de Estado voltado para um ensino articulado às necessidades de um capitalismo dependente e subordinado. Funciona de forma precária, sem os recursos necessários ao cumprimento de sua função social, distribuindo o conhecimento de forma desigual, numa perspectiva de escola que se compatibiliza com situações de desemprego e trabalho precarizado. Isso é constatado pelo modo cujo, Estado brasileiro se omite no que tange às questões públicas, tendo como consequência
a manutenção de diversificadas formas de seletividade social. De acordo com Frigotto (2002), na década de 1980, o papel da escola capitalista destinada aos
trabalhadores e sua produtividade na preservação das relações sociais de produção, atribuíram ao Ensino Médio um peso unilateral na inserção do Brasil no mundo globalizado.
As reformas educacionais, incluindo as que se referem ao Ensino Médio, têm se caracterizado por processos de padronização e massificação administrativa e pedagógica, mediante uma suposta organização sistêmica e garantia da universalidade, voltada para a redução dos custos e favorecimento de uma centralização das políticas de avaliação externa e de financiamento,
valorizando um modelo focado nos resultados, em detrimento do processo. É importante ressaltar que, tanto a reforma do ensino médio quanto a do ensino médio técnico já vinham sendo pensadas e mesmo experienciadas em alguns estados da federação antes da sanção da LDB e sua regulamentação posterior. (referência?) Portanto, é preciso pensar as duas reformas como fruto do
pensamento de uma parcela de educadores, intelectuais e políticos que se organizaram de forma a viabilizar sua implementação e não como algo exógeno
a nossa sociedade. A LDB de 1996 entende o ensino médio como etapa final da educação básica e afirma, em consonância com a Constituição Federal, que é dever do Estado garantir a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade deste nível de ensino. Entre as quatro finalidades do ensino médio destacamos a preparação para o trabalho e para a cidadania, tendo como norte uma formação flexível que permita ao educando adequar seus conhecimentos à dinâmica produtiva1.
Um outro problema identificado e apontado é que muitas vezes um ensino médio deficiente acabava dificultando o aproveitamento dos discentes no ensino técnico (FRIGOTTO, Gaudêncio et al., 2005a). A outra opção aberta pela legislação para se cursar o ensino médio técnico é cursá-lo após a conclusão do ensino médio. A formação profissional no pós-médio é uma tendência mundial, além de ser uma resposta à incapacidade de oferecer uma formação sólida no ensino médio. A opção pela formação profissional no pós-médio evitaria que os alunos direcionados para escolas de formação profissional tenham sua trajetória educacional estigmatizada. O ensino médio técnico como pós-médio é visto por um percentual significativo de educadores como um dos efeitos mais deletérios da reforma, pois penaliza os alunos das camadas populares que almejam uma habilitação profissional. Tomemos como exemplo alunos que por conta da necessidade de trabalhar têm que cursar o ensino médio noturno. Se antes da
1 Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo
a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
reforma, a este aluno era facultado obter uma habilitação profissional ao longo do curso secundário (no mínimo três anos), nas condições postas pelos reformadores ele deverá terminar o ensino médio e depois se dedicar ao ensino técnico. Isto não só prolonga seu tempo na escola, como retarda sua profissionalização. Esta discussão pode ser melhor discutida e aprofundada com
as reformas todas do ensino médio, com as formas subsequentes e concomitante.
A lógica que norteou a reforma do ensino médio técnico buscou restringir o acesso de alunos das camadas médias às escolas técnicas federais e CEFETs. Estes alunos são vistos como usurpadores do dinheiro público, pois se apossariam das vagas dessas escolas para terem uma preparação de qualidade para o vestibular e não uma preparação para o trabalho. A solução encontrada pelos reformadores para este problema foi estender a todo o sistema de educação profissional o remédio aplicado nas intuições federais: desvincular o ensino médio do ensino médio técnico.
3 - A ATUAL PROPOSTA CURRICULAR DO CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES E A RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA.
Como vemos, a Proposta Curricular do Curso de Formação de Docentes vigente busca a formação profissional inicial de professores com suas
especificidades, não mais numa concepçãode imitação de modelos ideais, como no início do Ensino Normal, ou de repetição técnica de métodos treináveis do
curso Técnico em Magistério. Concepções, aliás, ainda muito presente nas práticas profissionais atuais, mas sim, trazendo a possibilidade da reflexão-da- ação e ação-da-reflexão. O Estágio Supervisionado assim apresentado é o eixo articulador da unidade teoria prática na formação do professor; é a integração entre o ensino e a aprendizagem que se dá pela investigação na compreensão de como se configuram as relações do cotidiano escolar e dos espaços de reflexão sobre as práticas pedagógicas. Nesta perspectiva, a unidade entre a
teoria e prática é explicada pelo movimento dialético em que o fazer pedagógico no e para o estágio está pautado na ação-reflexão-ação. Conceituamos “práxis”
como a constante reflexão e análise da prática à luz das concepções teóricas que a sustentam; e a partir dessas reflexões, como novas ações, novos olhares que, dialeticamente, são pontos de partida para novas leituras, discussões e análises. Pimenta (2006) chama esse fazer docente como práxis criadora, expressa no que ela chama de “[...] unidade entre os conteúdos teóricos e
instrumentais do currículo. ” (P.67). Destarte, a possibilidade de uma prática criativa se apresenta à medida que as atividades de estágio deixam de ser
reduzidas ao seu mero cumprimento legal.
No que se refere a práxis, Pimenta (2006) alerta que este termo é específico ao trabalho pedagógico do professor em serviço, e afirma:
Um curso não é a práxis do futuro professor. É a formação teórica (teóricoprática) do professor para a práxis transformadora. Isto é, é pela ação do sujeito professor, enquanto professor, que ele exerce a práxis transformadora (PIMENTA, 2006, p.106).
A práxis, assim entendida, é atividade própria do “professor em exercício” devido à sua formação escolar, aos valores adquiridos e experiências vivenciadas. Considera-se que o termo mais apropriado para a unidade entre teoria e prática do Curso de Formação de Docentes seria prática de formação.
4 - A PESQUISA COMO REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO PARA O ESTÁGIO SUPERVISIONADO.
As atividades de estágio na formação docente representam uma primeira aproximação do aluno com suas ações futuras como professor. Isto o obriga a realizar um constante exercício de análise e síntese entre teoria e prática pedagógica. O que articula estes dois espaços de formação é o conceito de pesquisa como princípio educativo e científico que fundamenta a reflexão na ação produzindo conhecimento sistematizado. A importância do exercício da pesquisa tem sido bastante mencionada, estudada e referenciada quando está em foco a atuação profissional pós-formação docente. Também é referida para
aqueles profissionais que queiram se dedicar ao estudo mais aprofundado de questões ligadas à educação e aos conhecimentos específicos de áreas ou
disciplinas, ficando a pesquisa condicionada à formação acadêmica nas situações de trabalhos de conclusão de curso ou de disciplinas e em monografias. Pouco se tem mencionado a pesquisa ao longo da formação de professores, como também a discussão deste recurso na formação de docentes realizada antes do ensino superior. A pesquisa aqui entendida é o meio pelo qual
o estagiário poderá se preparar, ir à escola campo de futura atuação profissional e dela voltar com um olhar mais crítico da realidade, buscando uma aproximação
entre essa realidade e a atividade teórica.
A atuação do professor de Estágio com a utilização teórico-metodológica da pesquisa é fundamental no processo de formação do futuro professor, pois seu envolvimento em todas as etapas das atividades propostas permite abrir espaços e construir relações e favorece novas aprendizagens. O professor não pode mais ser visto como um sujeito apenas capacitado para dar aula, embora seja este seu campo direto de atuação e sua óbvia função, mas deve ser visto com alguém que, reconstruindo seu próprio saber, é capaz de levar o aluno a também construir seu saber.
4.1 - Plano Nacional de Educação (PNE)
Se faz oportuno sublinhar que o §1º do Art. 87 da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional determinou a elaboração de um plano decenal, “com
diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial de Educação para Todos”. Assim, foi editado o PNE, aprovado na forma
da Lei n. 10.172, de 10 de janeiro de 2001, que consubstanciava num planejamento para o período de 10 (dez) anos, qual seja, 2001-2010. Esse documento legislativo inaugura um marco distintivo, pois foi o primeiro plano submetido à aprovação do Congresso Nacional com respaldo legal, em observância ao artigo da LDBEN acima citado e Art. 214 da atual Constituição Federal. Uma das maiores críticas que se faz ao referido documento, além de ter sido aprovado cinco anos após sua determinação, foi em relação à existência
dos vetos ao financiamento da educação pública, excluindo a vinculação de
receitas que estavam umbilicalmente destinadas ao cumprimento das medidas necessárias para se atingir as metas previstas no próprio documento.
A proposta do referido Plano limitou-se a reiterar a política educacional que já vinha sendo executada de MEC, implicando na compressão dos gastos públicos, na transferência de responsabilidade, cabendo à União atribuições de controle, avaliação, direção e eventualmente, apoio técnico e financeiro de caráter subsidiário e complementar. As disposições do Plano Nacional de Educação (PNE) e os documentos correspondentes não são destituídos de força normativa, mas servem como instrumento direcional para se atingir as metas exaustivamente discutidas no iter do processo legislativo, com a participação imprescindível dos integrantes dos poderes legislativo e executivo.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos no campo educacional, voltado ao estágio como ato educativo, observa-se que ainda existe um longo caminho a ser percorrido. As transformações nos processos educacionais se fazem a partir de mudanças culturais. Essas mudanças terão que ocorrer no espaço escolar bem como no mercado de trabalho e na educação dada pelos pais. As políticas e os programas públicos, tanto para o desenvolvimento econômico bem como para investimentos em educação são fatores
fundamentais
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) é um exemplo dessas transformações. A partir do programa, foi possível desenvolver esse estudo, “Pesquisa-Ação” que veio provocar, no ambiente escolar, inquietações, reflexões e quem sabe mudanças. Mesmo que pequenas essas mudanças podem ao longo do tempo se multiplicar, possibilitando assim uma nova forma de abordagem pedagógica sobre o tema proposto. Os objetivos de promover o conhecimento, a discussão e o entendimento da legislação se expressaram nos momentos de debates e estudos realizados. Pode-se perceber o quão limitado
ainda é o conhecimento sobre a legislação e os processos de estágio
supervisionado. Também foi possível evidenciar que os planos de cursos e o perfil profissional que eles propõem, passam ao largo do conhecimento da maioria dos professores envolvidos.
O estágio me proporcionou a oportunidade de observar e compreender como se dá o funcionamento da escola como um todo, promovendo a compreensão da estrutura e da articulação das atividades educacionais desenvolvidas, na forma de administrar e organizar os trabalhos pedagógicos. Em análise, segundo minhas observações, pude perceber, que o papel do professor auxilia no equilíbrio entre o pedagógico e as técnicas administrativas.
A realização do estágio é uma oportunidade maravilhosa e imprescindível. Nada melhor do que experienciar o dia a dia de quem gerencia uma instituição de ensino para perceber o que realmente acontece, como são geridas as decisões. Meu objetivo na realização desse estágio era o de compreender como
é a atuação do professor e seu desempenho frente aos, pedagógico, o nível de formação profissional e emocional que enfrentam nas diversas situações do
cotidiano.Gerir uma Instituição de ensino não é fácil, seja ela pequena ou grande. Uma Unidade de ensino com tantos problemas e carências em seu entorno é ainda mais complicado, porque quem ali trabalha compartilha das dificuldades e esperanças da comunidade. Mais do que nunca é preciso que a gestão e sua equipe seja capaz, equilibrada, preparada, corajosa e acima de tudo, democrática, que discuta os problemas com a comunidade, escute o que as
pessoas têm para dizer, as sugestões e as críticas.
Concluo o estágio dizendo que as referências encontradas aqui podem ser melhoradas. A busca de qualificação é importante para maior conhecimento da realidade do ambiente. Exercer um papel de integração com todos os envolvidos para que juntos possam identificar e minimizar os problemas, permitindo resultados positivos nas ações que poderão direcioná-los para mudanças, chamando a todos a participar dos objetivos e decisões.
Tomar decisões significa fazer escolhas, pressupor, determinar o que é melhor, correr riscos, utilizar ideias ou informes como elementos importantes nesse
processo, saber argumentar, enfrentar situações-problema, elaborar propostas, entender fenômenos, enfim partilhar como indivíduo ativo em um sistema difícil.
6 - PONTOS PARA REFLEXÃO
· A organização do trabalho pedagógico nos cursos de formação de docentes estrutura e determina a construção do saber do professor. Que possibilidades curriculares podem contemplar ações integradas que incluam a amplitude de saberes e a utilização da Pesquisa na unidade teoria-prática
· Do ponto de vista operacional, o estágio orientado pelo exercício da pesquisa exige uma postura própria, uma ação pedagógica pautada em uma atitude reflexiva, crítica e investigativa. Como encaminhar atividades significativas que levem a uma formação profissional para a cidadania, a autonomia intelectual e a responsabilidade social
· A Prática de Formação, com base na pesquisa como referencial teórico metodológico, possibilita ao futuro professor perceber que a prática atualiza e interroga a teoria, como os espaços das escolas-campo de Estágio podem ser espaços de investigações que garantam o aprendizado de conhecimentos docentes
Seu trabalho tem boa sustentação Dayse. Parece-me entretanto muito ancorado ainda no Estágio II e em elementos do estágio feito com o PIBIC. Mas é um bom trabalho.
7 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação, trad. W Leo Maar , SP: Ed. Paze Terra, 1995.
FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria. A gênese do Decreto n. 5.154/2004: um debate no contexto controverso da democracia restrita.Boletim 07, maio/junho 2006.Programa 2: CONCEPÇÃO E EXPERIÊNCIAS DE ENSINO INTEGRADO. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. TV Escola. Salto para o Futuro.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. Revisão técnica José Cerchi Fusari, São Paulo: Cortez, 2004. (Coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos).
 PIMENTA. Selma Garrido. (1943). O Estágio na formação de professores: unidade teoria e prática. 7. ed. Cortez. São Paulo, 2006.
Disponível em:http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pd f2/boletim_salto07.pdf. Acesso em: 28 abr. 2015.
INEP. A profissionalização do ensino na lei 5692/71. Trabalho apresentado pelo INEP para XVIII Reunião do Conselho Federal de Educação com os Conselhos Estaduais de Educação. Brasília: 1982.
 .Lei n. 5.692/71, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: 11 de agosto de 1971.Disponível em: Acesso em: 01 Mai. 2015.
	. Lei nº 7.044 de 18 de outubro de 1982. Altera dispositivos da Lei 5692/71, referentes à profissionalização do ensino de 2° Grau. Brasília/DF: Subsecretaria de Informações. Disponível em: Acesso em: 01/02/2014.
8 – ANEXOS

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