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Contabilidade Tributária JANAÍNA MUNIZ 1ª Edição Brasília/DF. Autores Janaína Muniz Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Introdução à Contabilidade Tributária .................................................................................................................. 7 Capítulo 2 Sistema Tributário Nacional ....................................................................................................................................12 Capítulo 3 Tributos Municipais ....................................................................................................................................................19 Capítulo 4 Tributos Estaduais ......................................................................................................................................................36 Capítulo 5 Tributos Federais ........................................................................................................................................................61 Capítulo 6 Regimes Tributários ...................................................................................................................................................89 Referências .......................................................................................................................................................................121 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORgaNIzaçãO DO LIvRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Olá! Meu nome é Janaína Muniz, mas fique à vontade para me chamar de Jana. Este módulo é um grande desafio, pois assim é a área Tributária. Apesar de militar há mais de dez anos como contadora tributária, trabalhando em diversos ramos, como escritórios contábeis, indústria (química e petróleo), prestadoras de serviços, além de ministrar diversos cursos sobre o assunto, aprendo diariamente algo novo na parte tributária. Este material visa explicar os conceitos básicos envolvendo Contabilidade Tributária, Sistema Tributário Nacional e detalhar, de forma simples e prática, todo o conceito de tributos, sejam eles municipais, estaduais e federais, além de analisar os principais regimes tributários (Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Lucro Real) e, ao final do estudo, que você avalie a situação tributária de uma empresa para que esta realize o planejamento tributário. É fundamental o alinhamento com as normas vigentes. O desafio está na complexidade que os tributos possuem, principalmente quando estes apresentam particularidades quando tratamos de municípios e estados, além da alteração constante da norma tributária, obrigando que permaneçamos atualizadíssimos. Força e coragem. Estamos juntos! Aceite este desafio e bons estudos! Objetivos » Entender o que é Contabilidade Tributária. » Conhecer a estrutura do Sistema Tributário Nacional. » Compreender os tributos e suas principais características. » Analisar os importantes fatores dos tributos municipais, estaduais e federais. » Conhecer as principais formas de tributação no Brasil: Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Lucro Real e suas particularidades, de forma a enquadrar-se no regime mais adequado. 7 Introdução Para entender a Contabilidade Tributária é fundamental entendermos os tributos, como eles funcionam, os seus reflexos no funcionamento de uma empresa, as obrigações e penalidades intrínsecas à gestão dos tributos. O objetivo do nosso estudo será a essência tributária, a lógica dos tributos, pois a legislação tributária é alterada constantemente; adicione-se a isto as variações em relação aos estados e municípios, com suas particularidades tributárias. Portanto, focaremos na teoria básica e na prática para interpretarmos e aplicarmos as normas tributárias contábeis, sem deixar de lado o viés da legislação tributária. Boa leitura! Objetivos » Conceituar Contabilidade Tributária. » Apresentar a hierarquia a ser observada na interpretação da legislação tributária. » Entender a finalidade da gestão tributária. 1 CAPÍTULO INTRODUçãO À CONTaBILIDaDE TRIBUTáRIa 8 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À CONTaBILIDaDE TRIBUTáRIa Contextualização A Contabilidade brasileira viveu inúmeras mudanças nos últimos anos, com o objetivo de adotar normas internacionais de Contabilidade, denominadas International Financial Reporting Standards (IFRS), que constituem documentos técnicos emitidos pelos International Accounting Standards Board (IASB) e que são jurisdicionados no Brasil através de pronunciamentos técnicos e interpretações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) (SILVA et al., 2014). Apesar de estas normas terem um foco contábil, a Contabilidade Tributária foi afetada com sua introdução, principalmente no que tange à apuração dos tributos federais. Por esta razão, a Receita Federal editou uma série de normas com o intuito de neutralizar os possíveis efeitos contábeis sobre a norma tributária. Atualmente, a norma vigente é a Lei no 12.973/2014 (SILVA et al., 2014). Neste mesmo sentido, os estudos de Moraes et al. (2015) concluem que as alterações na legislação societária brasileira para viabilizar a convergência dos padrões internacionais de Contabilidade trazem efeitos na mensuração de ativos e passivos, bem como receitas e despesas, afetando diretamente a tributação. Desta forma, temos que a Contabilidade Tributária é um ramo importante da própria Contabilidade, no entanto, além dos aspectos de débitos,créditos e CPCs que regem a Contabilidade, a parte tributária tem a função de demonstrar a situação da empresa em relação aos seus tributos, observando, para tanto, as normas tributárias vigentes. a Contabilidade A Contabilidade tem sido definida como uma ciência que registra e controla atos e fatos econômicos que ocorrem em uma entidade. De acordo com Fabretti (2017), a Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações dos atos e fatos administrativos com o intuito de demonstrar o resultado e a situação econômico-financeira da entidade ao fim de cada exercício social. Nesta mesma linha, Baptista e Gonçalves (2011) definem Contabilidade como ciência que objetiva o estudo do Patrimônio com a utilização de métodos específicos para coletar, registrar, acumular, resumir e analisar os fatos que afetam a situação do patrimônio da companhia. 9 INTRODUçãO À CONTaBILIDaDE TRIBUTáRIa • CAPÍTULO 1 a Contabilidade Tributária Definida como um ramo da Contabilidade que objetiva a apuração exata do resultado da entidade e alinha normas, princípios e conceitos contábeis com a legislação tributária. No entanto, a legislação tributária tem seu próprio conceito de resultado, portanto, temos um resultado contábil e um resultado para apuração dos tributos, cada qual com suas particularidades. Prova disto é o disposto no art. 58 da Lei no 12.973/2014, que visa neutralizar os efeitos contábeis sobre a apuração dos tributos federais: Art. 58. A modificação ou a adoção de métodos e critérios contábeis, por meio de atos administrativos emitidos com base em competência atribuída em lei comercial, que sejam posteriores à publicação desta Lei, não terá implicação na apuração dos tributos federais até que lei tributária regule a matéria. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, no âmbito de suas atribuições, identificar os atos administrativos e dispor sobre os procedimentos para anular os efeitos desses atos sobre a apuração dos tributos federais. Logo, a Contabilidade, por meio dos pronunciamentos contábeis do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), tem focado no alinhamento contábil com as normas internacionais e não mais no atendimento às questões e exigências tributárias. Portanto, a Contabilidade Tributária tem uma magnitude diferente da Contabilidade, sendo necessário e fundalmental entender a legislação tributária para o seu perfeito registro. Para definir legislação tributária, transcrevemos o art. 96 do Código Tributário Nacional (CTN), Lei no 5.172/1966: Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Dentre os normativos jurídicos descritos no CTN, há uma hierarquia a ser observada para interpretação da legislação tributária, sintetizada na Figura 1: 10 CAPÍTULO 1 • INTRODUçãO À CONTaBILIDaDE TRIBUTáRIa Figura 1. Hierarquia das fontes do Direito Constituição Federal e emendas constitucionais Leis complementares (Código Tributário Nacional) Leis ordinárias, medidas provisórias, Tratados e Convenções Internacionais Decretos, atos do Poder Executivo e jurisprudência Fonte: Rezende et al. (2010). Quanto à jurisprudência, esta pode ser conceituada como proferida pelos tribunais no mesmo sentido ou em casos semelhantes, valendo-se como precendente perante juízes e tribunais, no entanto, não tem valor normativo. Ainda, conforme o CTN, caso não haja previsão legal para a interpretação da regra tributária, deve-se aplicar a seguinte ordem: » Analogia; » Princípios gerais do Direito Tributário; » Princípios gerais do Direito Público; » Equidade. Destaca-se que o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei e o da equidade não poderá resultar em dispensa do pagamento do tributo devido. Sugestão de estudo Recomendo a leitura dos arts. 96 a 112 do CTN, que dispõem sobre a vigência da legislação tributária, sua aplicação e sua interpretação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm. 11 INTRODUçãO À CONTaBILIDaDE TRIBUTáRIa • CAPÍTULO 1 a gestão Tributária De acordo com Menezes et al. (2018), a Contabilidade Tributária é a fonte da gestão tributária, que poderia ser definida como a soma de esforços (procedimentos e ações) para o desempenho do recolhimentos de tributos, visando diminuir a carga tributária da empresa. Os autores ressaltam, ainda, que não importa o tamanho da empresa, mesmo que seja uma microempresa, é fundamental que os gestores implementem mecanismos de gestão tributária, tendo o contador um papel importante neste processo. Defendem, também, que tais procedimentos podem assegurar a sobrevivência das empresas diante da elevada carga tributária brasileira. Desta forma, vemos que a gestão tributária pode desempenhar um diferencial no preço dos produtos, nos custos, na competitividade, de modo geral, frente ao mercado, pois os tributos hoje ocupam uma parte fundamental na formação de preços de mercadorias e serviços. Posicionamento do autor A gestão tributária não deve ser utilizada apenas com o intuito de pagar menos tributos, esta é sim, uma consequência da implantação dos procedimentos de gestão. Acima de tudo, deve ter como princípio o recolhimento correto e adequado dos tributos, preenchimento correto e no prazo das obrigações acessórias. Dentro da gestão tributária também deve estar inserido o estudo da legislação e jurisprudência, visando a oportunidades de diminuir a carga tributária. No entanto, ressalto que evitar multas e juros por recolhimento incorreto e fora do prazo, evitar autos de infrações por erro na entrega de obrigações acessórias, constitui, sim, procedimentos de gestão tributária. Importante Para aprimorar o entendimento em Contabilidade Tributária é fundamental o acompanhamento diário das legislações referentes. Não se esqueça, leia diariamente. Sintetizando Vimos neste capítulo: » O conceito da Contabilidade Tributária. » Hierarquia e interpretação da legislação tributária. » Finalidade da gestão tributária. 12 Introdução Para entender o Sistema Tributário Nacional é fundamental compreender as competências de cada ente federativo, bem como os princípios constitucionais voltados à legislação tributária. Objetivos » Apresentar a competência tributária de cada ente federativo. » Demonstrar o entendimento sobre os princípios constitucionais. » Distinguir os tributos sujeitos à anualidade e/ou noventena. 2CAPÍTULOSISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL 13 SISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL • CAPÍTULO 2 Competência Tributária de cada ente Federativo O Sistema Tributário Nacional é formado por leis complementares, resoluções do Senado Federal e pelos limites das respectivas competências, em leis federais, na Constituição e em leis estaduais e leis municipais (art. 5o, CTN). A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) estabelece, em seu art. 145, que a União, estados e municípios poderão instituir tributos, dentre eles: impostos, taxas e contribuições de melhoria. A Figura 2 detalha as competências tributárias de cada ente federativo: Figura 2. Competências Tributárias Fonte: adaptado de Rezende et al. (2010). Teles et al. (2018) definiram, em seus estudos, que o modelo ideal de Sistema Tributário é aquele estabelecido em regras e princípios que assegurem o melhor retorno para a sociedade sem desestabilizar a economia e as finanças dos indivíduos, concluindo, 14 CAPÍTULO 2 • SISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL portanto, que o sistema tributário no Brasil é falho, pois causa terrível impacto na economia, não sendo eficiente, além de sua complexidade, falta de transparência, pois muitos contribuintes não sabem quanto pagam de tributos e a concentração de renda nas mãos de poucos indivíduos. Os autores ressaltam também que no Brasilquem ganha menos acaba sendo mais tributado. Princípios Constitucionais Além da competência tributária, a CF/1988 estabelece os limites do poder de tributar dos entes federativos (art. 150), que constituem os princípios constitucionais. Dentre eles, destacamos: » Princípio da Legalidade É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios exigir ou aumentar tributos sem que lei o estabeleça. » Princípio da Isonomia Tributária É proibido aos entes federativos instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situações equivalentes. » Princípio da Irretroatividade É vedado cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. » Princípio da Anterioridade É vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (anualidade). Sendo, também, proibido cobrar tributo antes de decorridos 90 dias da data em que haja sido publicada a lei que os institui ou aumentou (noventena). A Figura 3 apresenta um resumo dos tributos sujeitos a anualidade, a noventena ou a ambos: 15 SISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL • CAPÍTULO 2 Figura 3. Tributos sujeitos a anualidade, a noventena ou a ambos Fonte: adaptado de Pêgas (2014) e Rezende et al. (2010). Na figura, vemos que alguns tributos que, porventura, sofrerem algum tipo de alteração, esta passa a vigorar imediamente, como acontece com o Imposto de Importação e o Imposto sobre Operações Financeiras. Estes tributos têm natureza regulatória, que, conforme o nome indica, regulam a atividade econômica, constituindo instrumentos de controle e não apenas a arrecadação tributária, que é a natureza de todos os tributos (TELES et al., 2018). 16 CAPÍTULO 2 • SISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL atenção O IPI também é classificado como tributo de natureza regulatória. Princípio da Não Cumulatividade Disposto na CF/1988, nos arts. 153 e 155, para tratar especificamente da não cumulatividade do ICMS e do IPI: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] IV – produtos industrializados; [...] § 3o O imposto previsto no inciso IV: [...] II – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; [...] § 2o O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; Esta previsão constitucional confere ao sujeito passivo o direito de abater o imposto pago na operação anterior (FABRETTI, 2017). 17 SISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL • CAPÍTULO 2 Fonte: autor. Se os créditos forem maiores que os débitos, não teremos imposto a pagar, e os créditos devem ser transferidos para o próximo período de apuração (FABRETTI, 2017). Não cumulatividade do PIS e da Cofins: Incluído na CF/1988, art. 195, através da Emenda Constitucional no 42/2003. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. atenção Este item será abordado de forma detalhada mais à frente, quando tratarmos dos tributos federais PIS/Cofins. Princípio da Seletividade De acordo com Fabretti (2017), visa aos consumidores finais que suportam a carga econômica, além de considerar a natureza do produto, mercadoria ou serviço e não sua origem ou destinação. Tem-se, ainda, a seguinte definição dada pelo autor: Cumpre-se o princípio da seletividade comparando produtos, mercadorias ou serviços, para que quanto mais supérfluos forem os produtos tanto maior será 18 CAPÍTULO 2 • SISTEMa TRIBUTáRIO NaCIONaL a alíquota que sobre eles incidirá e, ao contrário, se de primeira necessidade, as alíquotas devem ser abrandadas ou, dependendo do caso, até zeradas. Assim, mercadorias e produtos essenciais, tais como os componentes de cesta básica de alimentação, devem ser menos tributados que produtos que a lei considera supérfluos ou até nocivos para a saúde. Na CF/1988, tal princípio encontra-se disposto para o IPI e o ICMS, conforme descrito: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] IV – produtos industrializados; [...] § 3o O imposto previsto no inciso IV: [...] I – será seletivo, em função da essencialidade do produto; Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; [...] § 2o O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; Importante Recomendo a leitura dos arts. 145 a 156 da CF/1988, que dispõem sobre o Sistema Tributário Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Sintetizando Vimos neste capítulo: » A competência tributária de cada ente federativo. » O entendimento sobre os princípios constitucionais, dentre eles, legalidade, isonomia tributária, irretroatividade e anterioridade. » A distinção dos tributos sujeitos à anualidade e/ou noventena. 19 Introdução Neste capítulo apresentaremos os principais tributos municipais: ISS, ITBI e IPTU, abordando, ainda, seus principais aspectos, como fato gerador, base de cálculo, alíquota, contribuinte e responsável. Objetivos » Apresentar os principais aspectos do ISS. » Apresentar os principais aspectos do ITBI. » Apresentar os principais aspectos do IPTU. 3CAPÍTULOTRIBUTOS MUNICIPaIS 20 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza Base Legal do ISS Imposto de competência dos municípios e do Distrito Federal; » Art. 147 da Constituição Federal: Art. 147. Competem à União, em território federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais. » Inciso III, art. 156 da Constituição Federal: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. § 3o Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I – fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II – excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior; III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. Sua regulamentação constitucional está prevista na Lei Complementar no 116/2003, alterada pela Lei Complementar no 157/2016. Lei Complementar no 116/2003: Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. algumas particularidades do ISSCada município tem sua própria base legal, o que acarreta algumas diferenças na legislação do ISS de cada município, apesar de termos uma legislação federal (LC no 116/2003). 21 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 Por isso, ao analisar a incidência do imposto em uma prestação do serviço deve-se atentar para a legislação do município onde está o estabelecimento do prestador do serviço. Atualmente, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) existem 5.570 municípios no Brasil. Fato gerador do ISS Conforme a Lei Complementar no 116/2003, o fator gerador do ISS é a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. A lista de serviços da LC no 116/2003 é composta de 40 itens. Explorando este conceito, temos que o fato gerador do ISS, muitas vezes, é traduzido como o ato de fazer algo, enquando o ICMS como ato de dar algo, sendo o ISS cobrado sobre a circulação de bem imaterial (serviço) (PÊGAS, 2014). Conceito de prestação de serviços Prestação de serviços compreende um negócio jurídico pertinente a uma obrigação de “fazer”. É o ato ou efeito de realizar um serviço, sob a forma de contrato estabelecido entre duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, para o qual será determinada uma remuneração. De forma geral, a prestação de serviços abrange o fornecimento de trabalho, e mesmo que haja o fornecimento de materiais, ressalvadas as exceções expressas na lista de serviço da LC no 116/2003, mantém-se a incidência do ISS. Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. [...] § 2o Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. Para que ocorra a incidência do imposto, serão irrelevantes: » a denominação dada ao serviço prestado; » a existência de estabelecimento fixo; 22 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS » o cumprimento de quaisquer exigências legais, regulamentares ou administrativas, relativas à atividade; » o resultado financeiro obtido; » o pagamento pelos serviços prestados. O ISS não incide sobre: » As exportações de serviços para o exterior; Não são considerados exportação os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior. › A prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados; › O valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras. Observe a lei Recomendo a leitura do Parecer Normativo Cosit no 01/2018 da Receita Federal, que apesar de ser de âmbito federal, traz uma definição interessante sobre exportação de serviços. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/ sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=95763. Contribuinte e Responsáveis do ISS Contribuinte é o prestador do serviço, pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem estabelecimento fixo, dos serviços elencados na lista anexa da LC no 116/2003. Já tomador de serviço é aquele que contrata determinado prestador para realizar serviço de seu interesse. Em relação ao responsável tributário, este deverá reter o imposto na fonte, o que consiste em descontar, do valor a ser pago pela prestação do serviço realizado, o montante equivalente ao imposto incidente, efetuando o recolhimento aos cofres municipais. O responsável deve ser expressamente indicado na lei municipal e pode ser o tomador ou o intermediário do serviço. 23 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 Lei Complementar no 116/2003: Art. 6o Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. § 1o Os responsáveis a que se refere este artigo estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada sua retenção na fonte. § 2o Sem prejuízo do disposto no caput e no § 1o deste artigo, são responsáveis: I – o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País; II – a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora ou intermediária dos serviços descritos nos subitens 3.05, 7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.12, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17, 7.19, 11.02, 17.05 e 17.10 da lista anexa. III – a pessoa jurídica tomadora ou intermediária de serviços, ainda que imune ou isenta, na hipótese prevista no § 4o do art. 3o desta Lei Complementar. Base de Cálculo do ISS A base de cálculo do imposto é o preço do serviço, assim considerada a receita bruta a ele correspondente, não sendo admitidos quaisquer abatimentos ou descontos, exceto os concedidos independentemente de qualquer condição. Outra questão importante é se o ISS deve estar dentro ou fora de sua base de cálculo, no entanto, algumas legislações municipais, como a do Rio de Janeiro, por exemplo, determina que o ISS é parte indissociável do preço do serviço. Decreto do município do Rio de Janeiro no 10.514/1991 Art. 14. O imposto é parte integrante e indissociável do preço do serviço, constituindo o seu destaque nos documentos fiscais mera indicação para fins de controle e esclarecimento ao usuário do serviço. Parágrafo único. O valor do imposto, quando cobrado em separado, integrará a base de cálculo. Em relação ao serviços contratados em moeda estrangeira, o preço será o valor resultante da sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador. Na falta de preço, será tomado como base de cálculo o valor cobrado dos usuários ou contratantes de serviços similares. 24 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS atenção 1. O ISS é parte integrante e indissociável do preço do serviço, constituindo o seu destaque nos documentos fiscais mera indicação para fins de controle e esclarecimento ao usuário do serviço, contudo, quando cobrado em separado, o imposto integrará a base de cálculo. 2. Não se inclui na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a LC no 116/2003. 3. Pessoas jurídicas enquadradas como sociedades de profissionais (que prestem serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte) são tributadas de forma diferenciada, conforme disposto no art. 9o do Decreto-Lei no 406/1968, em que o ISS será calculado em valores fixos, estabelecidos em lei, e não sobre o valor do preço do serviço. Art. 9o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço. § 1o Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o imposto será calculado, por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da natureza do serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a título de remuneração do próprio trabalho. Descontos condicionais e incondicionais no ISS » Os descontos condicionais são aqueles dados ao cliente sob alguma condiçãofutura e incerta e integram o preço do serviço, logo devem ser incluídos na base de cálculo do imposto municipal. » Os descontos incondicionais são aqueles em que o prestador oferece o desconto no momento da prestação de serviço e não tem condição futura. Estes não integram a base de cálculo do ISS. alíquota do ISS As alíquotas mínima e máxima devem ser estabelecidas por lei complementar, com o intuito de garantir o mínimo de uniformidade na cobrança do ISS e reduzir os efeitos da chamada “guerra fiscal” entre os municípios (FABRETTI, 2017). Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. [...] § 3o Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I – fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; 25 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 A LC no 116/2003 estabeleceu, em seus arts. 8o e 8o-A, as alíquotas máxima de 5% e mínima de 2% para tributação do ISSQ, tendo esta última sido estabelecida pela LC no 157/2016. Exemplo: Considerando o valor de R$ 10.000,00 como valor do serviço e alíquota do ISS de 5%, teríamos o seguinte cálculo no caso de ISS “por dentro”: Preço sem o ISS R$ 10.000,00 Valor total da NFS-e R$ 10.526,32 Valor do ISS R$ 526,32 (R$ 10.526,32 x 5%) ISSQN – Retenção Durante muito tempo discutiu-se sobre o local onde deve ser recolhido o ISS, se no local do prestador ou no local onde o serviço foi efetivamente prestado. A edição da Lei Complementar no 116/2003 tentou e vem tentando dirimir estas dúvidas. Em suma, a partir da LC no 116/2003 temos a seguinte definição: As exceções são os serviços listados nos incisos I a XXV do art. 3o da LC no 116/2003, que devem ser recolhidos no município onde o serviço é prestado, recaindo a obrigação do recolhimento ao tomador do serviço. Art. 3o O serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXV, quando o imposto será devido no local [...]. Local da prestação do serviço: » O art. 4o da LC no 116/2003 define como estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes 26 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS para caracterizá-lo denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato, ou quaisquer expressões que venham a ser utilizadas. » O art. 1.142 do Código Civil define que o estabelecimento é todo o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. Serviços sujeitos a retenção do ISS: Relacionamos, a seguir, todos os casos de retenção do imposto municipal, conforme determina a legislação federal (LC no 116/2003): O imposto será devido no local: » do tomador ou intermediário do serviço, nos casos de importação de serviço; » e dos serviços elencados a seguir, conforme LC no 116/2003: Código Serviço Tipo de serviço Retenção ISS LC no 116/2003 LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 3.05 Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário. SIM 4.22 Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres. SIM 4.23 Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano mediante indicação do beneficiário. SIM 5.09 Planos de atendimento e assistência médico-veterinária. SIM 7.02 Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). SIM 7.04 Demolição. SIM 7.05 Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). SIM 7.09 Varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer. SIM 7.10 Limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres. SIM 7.11 Decoração e jardinagem, inclusive corte e poda de árvores. SIM 7.12 Controle e tratamento de efluentes de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos. SIM 27 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 Código Serviço Tipo de serviço Retenção ISS LC no 116/2003 LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 7.16 Florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação, reparação de solo, plantio, silagem, colheita, corte e descascamento de árvores, silvicultura, exploração florestal e dos serviços congêneres indissociáveis da formação, manutenção e colheita de florestas, para quaisquer fins e por quaisquer meios. (Redação dada pela Lei Complementar no 157, de 2016). SIM 7.17 Escoramento, contenção de encostas e serviços congêneres. SIM 7.18 Limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas, represas, açudes e congêneres. SIM 7.19 Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia, arquitetura e urbanismo. SIM 10.04 agenciamento, corretagem ou intermediação de contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia (franchising) e de faturização (factoring). SIM 11.01 guarda e estacionamento de veículos terrestres automotores, de aeronaves e de embarcações. SIM 11.02 vigilância, segurança ou monitoramento de bens, pessoas e semoventes. (Redação dada pela Lei Complementar no 157, de 2016). SIM 11.04 armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda de bens de qualquer espécie. SIM 12.01 Espetáculos teatrais. SIM 12.02 Exibições cinematográficas. SIM 12.03 Espetáculos circenses. SIM 12.04 Programas de auditório. SIM 12.05 Parques de diversões, centros de lazer e congêneres. SIM 12.06 Boates, taxi dancing e congêneres. SIM 12.07 Shows, ballet, danças, desfiles, bailes, óperas, concertos, recitais, festivais e congêneres. SIM 12.08 Feiras, exposições, congressos e congêneres. SIM 12.09 Bilhares, boliches e diversões eletrônicas ou não. SIM 12.10 Corridas e competições de animais. SIM 12.11 Competições esportivas ou de destreza física ou intelectual, com ou sem a participação do espectador. SIM 12.12 Execução de música. SIM 12.14 Fornecimento de música para ambientes fechados ou não, mediante transmissão por qualquer processo. SIM 12.15 Desfiles de blocos carnavalescos ou folclóricos, trios elétricos e congêneres. SIM 12.16 Exibição de filmes, entrevistas, musicais, espetáculos, shows, concertos, desfiles, óperas, competições esportivas, de destreza intelectual ou congêneres. SIM 12.17 Recreação e animação, inclusive em festas e eventos de qualquer natureza. SIM 15.01 administração de fundos quaisquer, de consórcio, de cartão de crédito ou débito e congêneres, de carteira de clientes, de cheques pré-datados e congêneres. SIM 15.09 arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing). SIM 16.01 Serviços de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros. (Redação dada pela Lei Complementar no 157, de 2016). SIM 28 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOSMUNICIPaIS Código Serviço Tipo de serviço Retenção ISS LC no 116/2003 LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 16.02 Outros serviços de transporte de natureza municipal. (Incluído pela Lei Complementar no 157, de 2016). SIM 17.05 Fornecimento de mão de obra, mesmo em caráter temporário, inclusive de empregados ou trabalhadores, avulsos ou temporários, contratados pelo prestador de serviço. SIM 17.10 Planejamento, organização e administração de feiras, exposições, congressos e congêneres. SIM 20.01 Serviços portuários, ferroportuários, utilização de porto, movimentação de passageiros, reboque de embarcações, rebocador escoteiro, atracação, desatracação, serviços de praticagem, capatazia, armazenagem de qualquer natureza, serviços acessórios, movimentação de mercadorias, serviços de apoio marítimo, de movimentação ao largo, serviços de armadores, estiva, conferência, logística e congêneres. SIM 20.02 Serviços aeroportuários, utilização de aeroporto, movimentação de passageiros, armazenagem de qualquer natureza, capatazia, movimentação de aeronaves, serviços de apoio aeroportuários, serviços acessórios, movimentação de mercadorias, logística e congêneres. SIM 20.03 Serviços de terminais rodoviários, ferroviários, metroviários, movimentação de passageiros, mercadorias, inclusive suas operações, logística e congêneres. SIM Contabilização Nota: Para fins didáticos, nos exemplos utilizados para demonstrar a contabilização de cada tributo, este será tratado de maneira isolada, não demonstrando o efeito dos demais tributos. ISS normal Suponha que uma empresa preste um serviço “X” (não sujeito à retenção de ISS) no valor $ 10.526,32 sobre o qual incidirá ISS à alíquota de 5%. 29 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 ISS retido Suponha que uma empresa preste um serviço “Y” sujeito à retenção de ISS, no valor $ 10.526,32 sobre o qual incidirá ISS à alíquota de 5%. Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana Imposto de competência dos municípios e do Distrito Federal, conforme a Constituição Federal de 1988. Incide sobre a propriedade imobiliária, incluindo todos os tipos de imóveis como apartamentos, casas, boxes, lojas, prédios comerciais e industriais, terrenos e outros (PÊGAS, 2014). Base legal Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – propriedade predial e territorial urbana; § 1o Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4o, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. Fato gerador O IPTU incide sobre a propriedade, a posse ou o domínio útil de prédios e terrenos localizados na zona urbana do município, e ocorre no início de cada ano. 30 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS CTN: Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1o Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II – abastecimento de água; III – sistema de esgotos sanitários; IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2o A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. Contribuinte Contribuinte é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. CTN: Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Base de cálculo É o valor venal do imóvel, assim entendido o valor que este alcançaria para compra e venda à vista, segundo as condições de mercado. CTN: Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. 31 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade. Rezende, Pereira e Alencar (2010) elencam alguns critérios que determinam o valor de um imóvel: » tipo do imóvel (casa, apartamento, loja, etc.); » área; » ocupação; » ano e padrão de acabamento da construção; » localização; » característica da rua e da região onde se situa o imóvel; » preços correntes das transações no mercado imobiliário. alíquota A alíquota é determinada de acordo com cada município, e como determina a CF/1988 (§ 1o do art. 156), sua cobrança é progressiva, ou seja, paga mais quem tem um imóvel avaliado com valor maior. Contabilização Despesa ou Custo? Depende da destinação dada ao imóvel. A seguir, um resumo do registro contábil do gasto IPTU conforme finalidade do bem: Destinação do imóvel Registro contábil do gasto IPTU Setor de Produção Custo de produção Setor Comercial Despesa de venda Setor administrativo Despesa administrativa O valor pago entre janeiro e março de cada ano deve ser registrado em conta de despesa antecipada no ativo circulante para ser apropriado mensalmente como despesa ou custo na fração de 1/12 a cada mês. No entanto, se o valor do gasto do IPTU não for significativo, não há necessidade de controle mensal em conta do ativo circulante. 32 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS Apesar de o fato gerador ocorrer no início de cada ano, este tributo é pago por todo o exercício, logo, deve ser apropriadamente registrado na conta de ativo pago antecipadamente e apropriado mensalmente (PÊGAS, 2014). Exemplo: Suponha uma empresa localizada no município “A”, que funciona em um prédio comercial de sua propriedade, avaliado no valor $ 1.000.000,00 para fins de base de cálculo do IPTU, no ano XX. A alíquota neste município é de 1,50%. O imposto devido será $ 15.000,00 devido no ano XX. valor venal 1.000.000,00 alíquota IPTU 1,5% IPTU (ano) 15.000,00 apropriação mensal 1.250,00 1) Pelo registro do valor do IPTU: Débito IPTU a apropriar (ativo) 15.000,00 Crédito IPTU a pagar (passivo) 15.000,00 2) Pela apropriação mensal: Débito Custo ou Despesa de venda ou Despesa administrativa (resultado) 1.250,00 Crédito IPTU a apropriar (ativo) 1.250,00 Imposto sobre a Transmissão inter vivos de Bens Imóveis e Direitos a eles Relativos O ITBI é um imposto de competência dos municípios e do Distrito Federal, conforme disposto na Constituição Federal de 1988 e que incide sobre a transmissão de imóveis ou de direitos a eles relativos, desde que realizados entre vivos e de forma onerosa. Base legal Sua incidência está disciplinada no inciso II do art. 156 da Constituição Federal de 1988, conforme transcrito: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] 33 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 II – transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; [...] § 2o O imposto previsto no inciso II: I – não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nessescasos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; II – compete ao Município da situação do bem. Fato gerador » A transmissão de inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso: a. de bens imóveis, por natureza ou acessão física; b. de direitos reais sobre bens imóveis, exceto os de garantia; » A cessão, por ato oneroso, de direitos relativos à aquisição de bens imóveis. Contribuinte Qualquer uma das partes envolvidas na transação, de acordo com a lei do município. Base de cálculo É o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. alíquota Definida conforme lei municipal. Como não há dispositivo constitucional sobre a alíquota máxima, os munícipios são livres para estabelecer sua alíquota, que, em sua maioria, variam de 0,5% para transmissão de bens imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e 2% nos demais casos. Importante ressaltar que a alíquota do ITBI não é progressiva. 34 CAPÍTULO 3 • TRIBUTOS MUNICIPaIS Contabilização O valor do ITBI pago deve integrar o custo de aquisição do imóvel, conforme disciplina o CPC 27: 16. O custo de um item do ativo imobilizado compreende: (a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; No entanto, o Decreto no 9.580/2018 (RIR) traz, em seu art. 352, que os impostos pagos na aquisição de imobilizado podem ser deduzidos como despesa operacional, com exceção do imposto pago sobre a importação. Art. 352. Os impostos e as contribuições são dedutíveis, para fins de determinação do lucro real, segundo o regime de competência. [...] § 4o Os impostos pagos pela pessoa jurídica na aquisição de bens do ativo não circulante investimentos, imobilizado e intangível, poderão, a seu critério, ser registrados como custo de aquisição ou deduzidos como despesas operacionais, exceto aqueles pagos na importação de bens que serão acrescidos ao custo de aquisição. No entanto, como tal tema já está regulado pela Contabilidade com o pronunciamento do CPC 27, devendo, portanto, seguir o que determina a norma, incorporando o ITBI ao custo do imóvel (PÊGAS, 2014). Exemplo: Desta forma, trazemos um exemplo de Rezende, Pereira e Alencar (2010) que dispõem sobre a contabilização do ITBI: Uma empresa adquiriu um imóvel para instalação de uma filial em Fortaleza (CE). O valor da transação foi R$ 100.000,00, compatível com o valor venal do imóvel no cadastro do Município, razão pela qual a autoridade fiscal adotou o valor da transação como base de cálculo do imóvel. A alíquota vigente à época da transação foi de 2%. valor venal 1.000.000,00 alíquota ITBI 2,0% ITBI 2.000,00 1) Pelo registro do valor do ITBI: Débito ativo permanente (ativo) 2.000,00 Crédito Banco conta movimento (ativo) 2.000,00 35 TRIBUTOS MUNICIPaIS • CAPÍTULO 3 Sintetizando Vimos neste capítulo: » Principais aspectos do ISS. » Principais aspectos do ITBI. » Principais aspectos do IPTU. 36 Introdução Neste capítulo apresentaremos os principais tributos estaduais: ICMS, ITD e IPVA, abordando, ainda, seus principais aspectos, como fato gerador, base de cálculo, alíquota, contribuinte e responsável. Objetivos » Apresentar os principais aspectos do ICMS. » Apresentar os principais aspectos do IPVA. » Apresentar os principais aspectos do ITD. 4CAPÍTULOTRIBUTOS ESTaDUaIS 37 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 ICMS O Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Intermunicipal e Interestadual e de Comunicações está sob o amparo dos estados e do Distrito Federal. Base legal De acordo com a Constituição Federal de 1988, temos que: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; E além da previsão constitucional, o ICMS também está regulamentado através da Lei Complementar no 87/1996: Art. 1o Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Fato gerador O ICMS tem como fato gerador a operação relativa à circulação de mercadoria e à prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que a operação ou a prestação se inicie no exterior. O art. 2o da LC no 87/1996 elenca os casos de ocorrência do fato gerador, e, em seu art. 12, a norma estabelece o momento da incidência do ICMS: Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I – da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II – do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III – da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente; 38 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS IV – da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente; V – do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; VI – do ato final do transporte iniciado no exterior; VII – das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; VIII – do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços: a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios; b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável; IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; X – do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior; XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados; XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização; XIII – da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subsequente. Compensação do ICMS A norma permite a compensação do que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro estado ou pelo Distrito Federal. Constituição Federal de 1988: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] 39 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; [...] § 2o O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; Lei Complementar no 87/1996: Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação como montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. Seletividade do ICMS O ICMS poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços. Esta seletividade é aplicada tributando-se com alíquotas diferentes mercadorias diferentes. Dependendo do Estado, bebidas, fumos, energia elétrica e comunicações são oneradas pelo ICMS com alíquota de 25% a 33%, enquanto outras mercadorias são tributadas com alíquotas de 17% a 20%. Imunidade A imunidade é instituída constitucionalmente, o que resulta a impossibilidade de sua revogação, até mesmo por emenda constitucional. Em suma, é uma não incidência qualificada por disposição expressa na Constituição. Representa, ainda, uma barreira constitucional que impede a tributação pelo legislador ordinário. Só a Constituição pode instituir imunidade. » Imunidade para templos (art. 150, VI, b, da CF); 40 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS » Imunidade condicional para os partidos políticos, os sindicatos de trabalhadores, as instituições de educação e de assistência social (art. 150, VI, c, da CF); » Imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, d, da CF). Não incidência do ICMS Na não incidência há a existência do fato gerador, no entanto, uma norma legal dispensa para determinados produtos, serviços ou operação o ICMS (PÊGAS, 2014). De acordo com o art. 3o da LC no 87/1996, o ICMS não incide sobre: » Operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; » Operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência dos municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei complementar; » Operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semielaborados, ou serviços; » As operações interestaduais com petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados e energia elétrica, quando destinados à industrialização ou à comercialização; » Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie; » Operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor; » Operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário; » Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras. Equipara-se às operações de exportação a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: a. Empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa; 41 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 b. Armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro. Suspensão ICMS É a ocorrência do fato gerador do ICMS, no entanto, haverá a suspensão temporária do tributo estadual, desde que atendidas as condições estabelecidas na legislação. Gozam de suspensão: » A saída e o respectivo retorno de mercadoria destinada a conserto, reparo ou industrialização; a. Não se aplica à saída para fora do Estado de sucata e produto primário de origem animal ou vegetal; b. Deve retornar ao estabelecimento de origem no prazo de 180 dias, prorrogável por igual período se requerido à repartição fiscal, admitindo, ainda, uma segunda prorrogação. Gozam de suspensão: » A saída e o respectivo retorno de mercadoria para fim de demonstração, quando o destinatário estiver localizado neste estado e revestir a qualidade de contribuinte do imposto, excluída a saída de mostruário e a remessa para estabelecimento do mesmo titular ou de terceiro, para fim de simples exposição. a. Deve retornar ao estabelecimento de origem no prazo de 30 dias, prorrogável por igual período se requerido à repartição fiscal. Importante Não se verificando a condição ou o requisito que legitima a suspensão, torna-se exigível o imposto com base na data da respectiva saída da mercadoria, corrigido monetariamente e com os acréscimos cabíveis. Contribuinte do ICMS É qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: » importe mercadorias ou bens, qualquer que seja sua finalidade; » seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; 42 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS » adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidas ou abandonadas; e » adquira produtos lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização. Responsável A lei poderá atribuir a terceiros a responsabilidade pelo pagamento do imposto, ainda que não pratique o fato gerador. Podemos citar alguns exemplos de responsáveis pela obrigação principal (pagamento do imposto): » O leiloeiro, em relação ao imposto devido sobre a saída de mercadoria decorrente de arrematação em leilão, quando o imposto não for pago pelo arrematante; » O transportador que entregar mercadoria em local diverso do indicado na documentação fiscal. Local da operação ou da prestação de serviço no ICMS É imprescindível que os locais da operação ou da prestação estejam corretamente determinados para que o imposto seja atribuído ao estado onde tal local ocorra. A legislação define alguns locais da operação para cobrança do imposto e definição do fato gerador: » O do estabelecimento onde se encontra a mercadoria ou bem no momento do fato gerador; » Em relação à prestação de serviço de transporte aquele em que tenha início a prestação; » Em relação ao serviço de comunicação, o da prestação do serviço de radiodifusão sonora e de som e imagem, assim entendido o da geração, emissão, transmissão e retransmissão, repetição, ampliação e recepção. Base de cálculo do ICMS É a expressão econômica do fato gerador, sendo o elemento necessário para o cálculo do tributo devido. » Valores que compõem a base de cálculo: a. seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, descontos concedidos sob condição, bem como o valor de mercadorias dadas em bonificação; 43 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 b. frete, se cobrado em separado, relativo a transporte intermunicipal ou interestadual, realizado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem; c. o montante do próprio imposto (ICMS), constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle. Nos estudos de Teles et al. (2018), os autores ressaltam que o ICMS é o imposto preferido do Fisco, pois está escondido no preço do bem ou serviço e que é pago pelo contribuinte quando adquire um produto, por exemplo, no entanto, a maioria dos contribuintes não sabem que estão pagando o tributo estadual em questão. Desconto condicional e incondicional no ICMS O desconto condicional é o desconto concedido sobre determinada condição e integra a base de cálculo do ICMS. Os descontos incondicionaissão aqueles que não estão subordinados a nenhum evento futuro e incerto, e não integrarão a base de cálculo do imposto estadual. Importante Os descontos incondicionais devem ser mencionados na nota fiscal. IPI – não inclusão na base de cálculo do ICMS Não compreenderá, na base de cálculo do ICMS, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos. Representa o percentual que será aplicado sobre a base de cálculo para apurar o valor de determinado tributo. No âmbito do ICMS, as alíquotas dividem-se em: internas, interestaduais e de importação. Base de cálculo na importação Na importação de mercadorias devemos considerar, para a base de cálculo do ICMS, a soma dos seguintes valores, conforme disposto no inciso V do art. 13 da LC no 87/1996: » o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação; » imposto de importação; 44 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS » imposto sobre produtos industrializados; » imposto sobre operações de câmbio; » quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras. A norma determina ainda que o preço de importação expresso em moeda estrangeira será convertido em moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no cálculo do imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior se houver variação da taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço (art. 14 da LC no 87/1996). alíquotas do ICMS » Alíquotas Internas As alíquotas de ICMS aplicáveis nas operações ou prestações internas (dentro do estado) serão determinadas por lei estadual e, posteriormente, regulamentadas por decreto que as incluirá no RICMS. » Alíquotas Interestaduais Cabe ao Senado fixar as alíquotas máximas e mínimas nas operações interestaduais e de exportação com o intuito de estabelecer o equilíbrio entre os entes federativos. » Alíquotas do consumidor Em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro estado, deve-se adotar a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte ou não do imposto. Resumo das alíquotas interestaduais: ▪ SUL e SUDESTE, exceto ESPÍRITO SANTO SUL e SUDESTE, exceto ESPÍRITO SANTO NORTE, NORDESTE, CENTRO OESTE e ESPÍRITO SANTO NORTE, NORDESTE, CENTRO-OESTE e ESPÍRITO SANTO SUL e SUDESTE, exceto ESPÍRITO SANTO TODOS OS ESTADOS, INCLUINDO O DISTRITO FEDERAL 7% 12% 12% Fonte: Pêgas (2014). » Alíquota interestadual – bens importados Desde 1/1/2013, a alíquota ICMS, nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior, passou a ser de 4%, com a entrada em vigor 45 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 da Resolução no 13/2012, que tinha por objetivo acabar com a guerra fiscal dos portos.A alíquota aplica-se aos bens e mercadorias importados do exterior que, após seu desembaraço aduaneiro: I – não tenham sido submetidos a processo de industrialização; II – ainda que submetidos a qualquer processo de transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, reacondicionamento, renovação ou recondicionamento, resultem em mercadorias ou bens com Conteúdo de Importação superior a 40%. A alíquota de importação não se aplica: I – aos bens e mercadorias importados do exterior que não tenham similar nacional, a serem definidos em lista a ser editada pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) para os fins desta Resolução; II – aos bens produzidos em conformidade com os processos produtivos básicos de que tratam o Decreto-Lei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, e as Leis nos 8.248, de 23 de outubro de 1991, 8.387, de 30 de dezembro de 1991, 10.176, de 11 de janeiro de 2001, e 11.484, de 31 de maio de 2007; III – às operações que destinem gás natural importado do exterior a outros Estados. Importante O Conteúdo de Importação é o percentual correspondente ao quociente entre o valor da parcela importada do exterior e o valor total da operação de saída interestadual da mercadoria ou bem. Fonte: http://corsi.com.br/tabela-icms-2018-disponibiliza-aliquotas-internas-e-externas-de-todos-os-estados-brasileiros/. 46 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS Exemplo: (+) Valor da Mercadoria R$ 5.000 (+) Frete cobrado pelo vendedor R$ 250 (+) Seguro cobrado pelo vendedor R$ 50 (-) Descontos Incondicionais R$ 500 (=) Base de Cálculo R$ 4.800 ICMS destacado na Nota Fiscal (20%) R$ 960 ICMS diferencial de alíquotas A base de cálculo no recolhimento do ICMS em relação ao diferencial de alíquotas é o valor que decorrer da entrada da mercadoria no estabelecimento do contribuinte ou valor da prestação do serviço, sendo o imposto a pagar resultante da aplicação, sobre a base de cálculo, do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual. Exemplo: A Empresa X, contribuinte do ICMS, estabelecida no Rio de Janeiro, efetuou a compra de determinada mercadoria da Empresa Y, também contribuinte do imposto estadual, com sede no estado de Santa Catarina, no valor de R$ 100.000,00. ICMS destacado na NF: R$ 12.000,00 = (R$ 100.000,00 x 12%) ICMS alíquota interna RJ: R$ 20.000,00 = (R$ 100.000,00 x 20%) Diferencial de alíquota: R$ 8.000,00 = (R$ 20.000,00 – R$ 12.000,00) Emenda Constitucional no 87/2015 – Diferencial de alíquotas em operações e prestações destinadas a não contribuintes: » Alterou a sistemática de incidência do ICMS nas vendas de mercadorias e nas prestações de serviços a consumidores finais, não contribuintes, localizados em outros Estados. » Até 2015, todo o ICMS devido nessas operações cabia ao estado de origem, onde está localizado o fornecedor das mercadorias ou o prestador do serviço. Ou seja, o documento fiscal era emitido com alíquota interna do estado de origem. 47 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 » A partir de 2016, parte deste ICMS continua sendo devido ao estado de origem e parte passa a ser devido ao estado de destino, onde está localizado o consumidor final adquirente da mercadoria ou da prestação de serviço. » E em 2019, todo o ICMS será devido ao estado de destino. Principais créditos do ICMS É permitido o crédito do imposto referente à aquisição de: » matéria-prima; » produtos intermediários; » material de embalagem; » mercadorias adquiridas de terceiros para revenda; » serviço de transporte referente aos produtos adquiridos para aplicação no processo produtivo ou para revenda, bem como o transporte de mercadorias saídas do estabelecimento, que tenha o remetente como tomador de serviço; » energia elétrica aplicada no processo produtivo; ou quando sua utilização resultar operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção desta sobre as saídas ou prestações totais; » combustíveis e lubrificantes para consumo no processo produtivo ou revenda; » serviços de telecomunicações quando tenham sido prestados na execução de serviços da mesma natureza; quando sua utilização resultar operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção desta sobre as saídas ou prestações totais; » devoluções e retornos (conforme o caso). Crédito do ICMS do ativo imobilizado A legislação estadual permite o aproveitamento do crédito de bens adquiridos para o ativo imobilizado da empresa, desde que, relacionado à atividade-fim do contribuinte. A apropriação do crédito deve ser feita mediante a escrituração do CIAP – Controle de crédito de ICMS do Ativo Permanente, no EFD ICMS/IPI, e à razão 1/48 por mês, devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento. As operações de exportação são equiparadas a operações tributadas para cálculo da parcela do crédito do ICMS sobre o ativo imobilizado. 48 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS O montante do crédito a ser apropriado deverá observar a seguinte fórmula: Exemplo: Aquisição de uma máquina,com um ICMS total de R$ 48.000,00. Valor das operações de saídas tributadas e equiparadas: R$ 1.000.000,00 Valor das operações de saídas total: R$ 1.200.000,00 R$ 48.000,00 x 1/48 x 1.000.000 : 1.200.000 = R$ 833,33 Restrição ao crédito Material de uso e consumo Somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento, nele entradas a partir de 1o de janeiro de 2020 (Lei Complementar no 138/2010). Energia elétrica A partir de 1/1/2001, somente dará direito a crédito a entrada de energia elétrica no estabelecimento (LC no 102/2000): a. quando for objeto de operação de saída de energia elétrica; b. quando consumida no processo de industrialização; c. quando seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção destas sobre as saídas ou prestações totais; e d. a partir de 1o de janeiro de 2020, nas demais hipóteses (Lei Complementar no 138/2010). Serviço de comunicação A partir de 1/1/2001, somente dará direito a crédito o recebimento de serviços de comunicação utilizados pelo estabelecimento (LC no 102/2000): a. ao qual tenham sido prestados na execução de serviços da mesma natureza; 49 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 b. quando sua utilização resultar em operação de saída ou prestação para o exterior, na proporção desta sobre as saídas ou prestações totais; e c. a partir de 1o de janeiro de 2020, nas demais hipóteses (Lei Complementar no 138/2010). vedação ao crédito Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de serviços resultantes de operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se refiram a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento. É vedado o crédito relativo à mercadoria entrada no estabelecimento ou à prestação de serviços a ele feita: » para integração ou consumo em processo de industrialização ou produção rural, quando a saída do produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto, exceto se tratar-se de saída para o exterior; » para comercialização ou prestação de serviço, quando a saída ou a prestação subsequente não forem tributadas ou estiverem isentas do imposto, exceto as destinadas ao exterior. Estorno do crédito O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se tiver creditado sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no estabelecimento: » for objeto de saída ou prestação de serviço não tributada ou isenta, sendo esta circunstância imprevisível na data da entrada da mercadoria ou da utilização do serviço; » for integrada ou consumida em processo de industrialização, quando a saída do produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto; » vier a ser utilizada em fim alheio à atividade do estabelecimento; » vier a perecer, deteriorar-se ou extraviar-se; » prescrição do crédito. Não se estornam créditos referentes a mercadorias e serviços que venham a ser objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior ou de operações com o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos. 50 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS Importante O direito de utilizar o crédito extingue-se depois de decorridos cinco anos contados da data de emissão do documento (parágrafo único do art. 23 da LC 87/96). Contabilização Para fins didáticos desconsideraremos os demais tributos e faremos a contabilização isolada do ICMS. Empresa comercial comprou mercadorias para revenda no valor de R$ 2.000,00 com alíquota de ICMS 12%. Posteriormente, esta empresa comercial vendeu todo o seu estoque de mercadorias no valor de R$ 2.500,00 com alíquota de ICMS 18%. 51 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 No final do mês, será apurado o ICMS, conforme lançamento abaixo: De acordo com os registros apresentados em relação ao ICMS, a empresa terá o valor de R$ 210,00 a pagar de ICMS: ICMS Substituição Tributária O art. 128 da Lei no 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN) prevê que a responsabilidade pelo pagamento do imposto pode ser atribuída a terceira pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação tributária. Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. No regime de substituição tributária, o estado atribui a determinado contribuinte, a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto incidente nas operações que vierem a ser realizadas pelos próximos contribuintes da cadeia de comercialização com a mesma mercadoria, até que esta chegue ao consumidor final. De acordo com Pêgas (2014), o modelo do ICMS substituição tributária teve como objetivo tornar a arrecadação do ICMS mais eficiente e eficaz, pois obriga o contribuinte (responsável) a calcular, cobrar e recolher o imposto que será devido nas operações posteriores, ou seja, antecipando o imposto cobrado antes da existência do seu fato gerador, que seria a venda ao consumidor final. A Lei Complementar no 44/1983 alterou o Decreto-Lei no 406/1968 regulamentando, assim, a substituição tributária, sendo incorporada definitivamente ao nosso sistema tributário através do § 7o do art. 150 da Constituição Federal de 1988: 52 CAPÍTULO 4 • TRIBUTOS ESTaDUaIS Art. 150. [...] § 7o A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional no 3, de 1993). Os estados, para fins de substituição tributária, devem observar o disposto no Convênio ICMS no142/2018, inclusive no que se refere ao ICMS diferencial de alíquotas. Cláusula primeira Os acordos celebrados pelas unidades federadas para fins de adoção do regime da substituição tributária do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) devido nas operações subsequentes observarão o disposto neste convênio. § 1o O disposto no caput desta cláusula aplica-se também ao imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna da unidade federada de destino e a alíquota interestadual incidente sobre as operações interestaduais com bens e mercadorias destinadas ao uso, consumo ou ativo imobilizado do destinatário contribuinte do imposto. § 2o As referências feitas ao regime da substituição tributária também se aplicam ao regime da antecipação do recolhimento do ICMS com encerramento de tributação. A adoção do regime de substituição tributária nas operações interestaduais dependerá de acordo específico celebrado pelas unidades federadas interessadas. Fato gerador Na operação de substituição tributária ocorrem dois fatos geradores: » Operação própria – onde existe o fato gerador; » Operação posterior – onde o fato gerador ainda irá ocorrer. Desta forma, o imposto é cobrado de forma antecipada, presumindo-se que o fato gerador, na operação posterior, irá ocorrer no futuro (PÊGAS, 2014). Importante O regime de substituição tributária em relação às operações subsequentes será aplicável somente aos bens e mercadorias identificados nos termos da descrição contida no Convênio ICMS no 142/2018. 53 TRIBUTOS ESTaDUaIS • CAPÍTULO 4 Contribuintes Substitutos: São contribuintes a quem a legislação elegeu como responsável pela retenção e recolhimento do imposto. Contribuintes Substituídos: São aqueles que sofrem a retenção do imposto, ou seja, que promovem as citadas operações/prestações subsequentes com mercadorias/serviços. Responsável Solidário: O contribuinte que receber, de dentro ou de fora do Estado, mercadoria sujeita
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