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RESUMO DE DIREITO

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DIREITO COLETIVO DE TRABALHO
Conceito: O direito coletivo de trabalho normatiza não só as relações entre as entidades sindicais representativas de empregados e empregadores, como também entre as organizações de trabalhadores e empregadores diretamente.
No campo das relações coletivas, os sujeitos são, em regra, o sindicato dos trabalhadores (categoria profissional) e o sindicato de empresas (categoria econômica), que representam os interesses dos grupos de empregados e empregadores, respectivamente.
Também são consideradas coletivas as relações estabelecidas diretamente entre o sindicato de empregados e uma ou mais empresas, sem a representação da entidade sindical patronal.
Função: As mais importantes são: a produção de normas jurídicas e o poder de solucionar os conflitos coletivos trabalhistas, através de mecanismos próprios.
1) ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRA
· COMO A ORGANIZAÇÃO SE ORGANIZA?
No Brasil, a organização dos sindicatos dá-se bilateralmente, ou seja, trabalhadores agrupados de um lado e empregadores agrupados de outro, cada qual com seus sindicatos, o que reflete o reconhecimento de interesses divergentes e contrapostos.
· PIRÂMIDE HIERÁRQUICA.
Sindicatos: Na base da pirâmide estão todos os sindicatos que existem, para abrir um sindicato ele deverá atingir no mínimo um município inteiro e neste município não deve existir outro da mesma categoria. 
Seriam a representação do primeiro nível/grau das entidades sindicais.
Federação: Deverá existir uma união de cinco ou mais sindicatos e federação irá atuar com mais poder (comparado aos sindicatos normais) dentro do estado.
São constituídas por Estados e consideradas entidades sindicais de segundo grau, acima dos sindicatos da respectiva categoria.
Confederação: Deverá existir a união de três ou mais federações, a confederação irá atuar com mais poder (comparado as federações) dentro do país.
São entidades sindicais de grau superior e tem representação nacional. Atuam como órgão representativo no âmbito de uma categoria.
· Previsão legal na CLT e na CF.
Na Constituição Federal, Artigo 8º, inciso I: 
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
V - Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
Na CLT, está previsto do Artigo 570 até o 610 referente a contribuição sindical.
2) ENTIDADES SINCIDAIS (CENTRAIS SINDICAIS)
· CUT E DEMAIS ÓRGÃOS QUE POSSUEM A FUNÇÃO DE BUSCAR MELHORES CONDIÇÕES AOS TRABALHADORES.
São consideradas a maior unidade representativa de trabalhadores na organização sindical, situam-se, na estrutura sindical, acima das confederações, federações e sindicatos.
As centrais sindicais são entidades que fazem parte da estrutura sindical brasileira, de representação geral dos trabalhadores e de abrangência nacional. Surgem a partir da compreensão de que a luta dos trabalhadores não deve se limitar à pauta corporativista dos sindicatos.
São organizações intercategoriais abrangentes de diversas categorias, com a finalidade de unir, num momento necessário, forças disperças para agir perante os empregadores e também o Governo, objetivando ficar diretrizes econômicas e sociais para o país.
Definindo categoricamente o conceito dado, entende-se como uma entidade associativa pois não possui fins lucrativos, mas que busca melhorias para diversas categorias de trabalhadores, seja em políticas sociais, nas relações de trabalho, dentre outras. Com a representação de trabalhadores, e apenas de trabalhadores, não há central sindical de empregadores. De direito privado porque não é criada por lei, mas pelos próprios entes sindicais, não possuindo interferência direta do Estado, por conta disso existe o SINDICATO PATRONAL.
Exemplos: CUT, CTB e UGT.
· O QUE É O SINDICATO PATRONAL? (CONCEITO, O QUE É, O QUE REPRESENTA).
O sindicato patronal que é o responsável por negociar com o sindicato dos empregados as convenções coletivas e dissídios coletivos. Além disso, o sindicato patronal também facilita ações judiciais que visem benefícios fiscais e tributários para todas as empresas da categoria econômica que representa. Também representar a categoria econômica, ou seja, os EMPREGADORES.
3) NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO
· AVALIAR OS NÍVEIS DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA.
O nível da negociação coletiva é feito por categoria. A negociação coletiva deve ser praticada pelos sindicatos, federações e confederações. As entidades de grau superior devem negociar coletivamente, em especial, quando as categorias não estiverem organizadas em sindicatos.
· DIFERENÇA ENTRE A CCT E ACT*
ACT: Acordo coletivo de trabalho.
Envolve o pacto realizado entre o sindicato dos empregados (profissional) direto com a empresa e/ou empresas. 
É o acordo que estipula condições de trabalho aplicáveis, no âmbito da empresa ou empresas acordantes, às respectivas relações de trabalho.
CCT: Convenção coletiva do trabalho. 
É o negócio jurídico bilateral, resultante da vontade autônoma das partes convenientes, que chegaram a um consenso através da negociação coletiva.
Define convenção coletiva como “acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categoria econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho”.
Envolve o sindicato dos empregados (profissional) com o sindicato patronal (econômica).
A Convenção Coletiva ou CCT é uma negociação que é feita entre sindicatos que representam uma mesma categoria econômica e profissional. Ela promove regras que se aplicam para esse setor específico e durante um período previamente estipulado.
RESUMO DA DIFERENÇA ENTRE ACT E CCT
A CCT é a pactuação realizada entre sindicatos representantes (profissional e econômico).
O ACT é a pactuação realizada apenas entre o sindicato profissional e a(s) empresa(s).
4) DIREITO DE GREVE
· CONCEITO DO QUE É UMA GREVE.
Greve é a suspensão temporária do trabalho; é um ato formal condicionado à aprovação do sindicato mediante assembleia; é uma paralisação dos serviços que tem como causa o interesse dos trabalhadores.
· CONCEITO DO QUE É UM LOCKOUT.
Paralisação por iniciativa do empregador com objetivo de impedir a negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos trabalhadores. Acontece quando existe um conflito.
Muito incomum no Brasil.
· MODALIDADES DE GREVE.
Greve branca ou de braços cruzados: é aquela em que os empregados param de trabalhar, mas ficam em seus postos.
Greve de braços caídos ou operação tartaruga: os trabalhadores realizam o trabalho com lentidão. Consiste na redução do trabalho ou da produção, sem que haja suspensão coletiva do trabalho.
Greve de zelo: a tônica é o excesso de cuidado e capricho na prestação do serviço. É o excesso de zelo praticado nos afazeres de forma tão meticulosa que retarda a produção, causando graves prejuízos. (obs.: para alguns, a “operação tartaruga” e a “greve de zelo” não são consideradas greve em sentido técnico e jurídico, pois não há a paralisação do serviço.
Greve de advertência: durante as negociações coletivas ela dura, via de regra, umas poucas horas e fica restrita a diversas empresas.
Greve de ocupação ou de habitação: invasão da empresa para impedir o trabalho de outros trabalhadores (que se recusam a aderir ao movimento); a tentativa de paralisação da produção; a recusa de sair da empresa, mesmo após o expediente. É considerada ilícita ou abusiva (salvo posição de Godinho, que a considera lícita).
Greve selvagem: iniciada e/ou levada adiante espontaneamente pelos trabalhadores, sem a participação ou à revelia do sindicato que representa a classe. Cuidado para não confundir com sabotagem, que é a prática depredatória de bens do empregador por parte dos empregados, sendo que esta última obviamente é ilícita.
Greve ativa: consiste em acelerar exageradamenteo ritmo de trabalho.
Greve de advertência: suspensão do trabalho por algumas horas, no intuito de alertar o empregador de que um movimento maior pode ser deflagrado.
Greve intermitente: a cada dia num setor da empresa.
Greve nevrálgica ou greve-trombose ou greve tampão ou greve seletiva: greve em determinado setor estratégico, cuja inatividade paralisa os demais setores.
Greve Política: A greve exclusivamente política é vedada pela lei, sendo diferente a greve político-trabalhista, de conteúdo profissional. Assim, são permitidas desde que voltadas para a defesa de interesses trabalhista-profissionais, como por exemplo, uma greve-protesto dos trabalhadores contra a política econômica empreendida pelo governo, com claros e graves prejuízos para os trabalhadores, com diminuição do ritmo de crescimento econômico e consequente desemprego em massa. Lembrando que existem autores que não admitem sequer a greve político-trabalhista.
Greve de Solidariedade: é a greve que se insere em outra empreendida por outros trabalhadores, devendo haver relação de interesses entre as categorias. Exemplo uma paralisação de trabalho empreendida por trabalhadores de uma filial em apoio a uma greve dos trabalhadores da matriz, cujas reivindicações, sequencialmente, serão encampadas pelos empregados de uma filial, quando estes terão legitimidade para paralisar suas atividades em solidariedade aos companheiros de trabalho daquela.
· CARACTERÍSTICAS DA GREVE.
A greve possui as seguintes características: é um movimento de caráter coletivo; há uma omissão coletiva quanto ao cumprimento das respectivas obrigações contratuais pelos trabalhadores; tem o caráter de exercício coercitivo coletivo e direto, o que não autoriza atos de violência contra o empregador, seu patrimônio e contra os colegas empregados; a greve deve possuir objetivos bem definidos, que, em geral, são de natureza econômico-profissional ou contratual trabalhista; e é enquadrada, regra geral, como um período de suspensão do contrato de trabalho, mas pode eventualmente, invocando o princípio da exceção do contrato não cumprido, ser convencionado no acordo coletivo que os dias parados serão considerados como hipótese de interrupção do contrato laboral (por exemplo: quando a greve é instaurada em função de não cumprimento de cláusulas contratuais relevantes e regras legais da empresa).
· BOICOTE.
Recusa coletiva de trabalho para determinada indústria ou estabelecimento comercial, ou inibição de transações com eles.
· PIQUETE.
O piquete de greve consiste no bloqueio, por um grupo de trabalhadores em greve, dos acessos ao seu local de trabalho. O objetivo dos piqueteiros é o de convencer os não grevistas a aderirem à greve ou mesmo de impedir o ingresso no local de trabalho.
· SERVIÇOS ESSENCIAIS.
São consideradas essenciais as atividades que precisam ser mantidas diante das circunstâncias. Em outras palavras: são serviços que devem ser garantidos à população (seja comida ou informação). Como exemplo, assistência à saúde, assistência social, atividades de segurança (pública e privada), transporte e entrega de cargas em geral. Além da produção, distribuição e comercialização de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas em todo país.
O art. 10 da Lei de Greve dispõe:
São considerados serviços ou atividades essenciais:
= Tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
= Assistência médica e hospitalar;
= Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
= Funerários;
= Transporte coletivo;
= Captação e tratamento de esgoto e lixo;
= Telecomunicações;
= Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
= Processamento de dados ligados e serviços essenciais;
= Controle de tráfego;
= Compensação bancária.
PREVIDÊNCIA E SEGURIDADE SOCIAL
· CONCEITO
A noção da necessária proteção social, em virtude da ocorrência dos mais diversos infortúnios da vida, também denominados de riscos sociais, começa a ser angariada pelo Estado, especialmente sob a necessidade emergente de que em muitos casos a proteção familiar é insuficiente ou não se faz presente, pelos mais diversos motivos (familiares distantes, inexistentes, descaso, etc.). Portanto, nasce um sistema estatal securitário, coletivo, em que o Estado começa a responsabilizar-se pela assistência aos desprovidos.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estabeleceu na Convenção nº 102/1952 normas mínimas de Seguridade Social e definiu-a como sendo “a proteção que a sociedade prove a seus membros mediante uma série de medidas públicas contra a necessidade econômica e social que se produz pela cessão ou substancial redução de seus rendimentos motivados pela enfermidade, maternidade, riscos do trabalho, desemprego, invalidez, velhice e morte, a provisão da assistência médica e subsídios para as famílias com filhos”.
A marcha evolutiva do sistema de proteção, desde a assistência prestada por caridade até o estágio em que se mostra como um direito subjetivo, garantido pelo Estado e pela sociedade a seus membros, é reflexo de três reformas distintas de solução do problema: a da beneficência entre pessoas; a da assistência pública; e a da previdência social, que culminou no ideal de seguridade social.
Assim, percebe-se que as ações estatais modernas de proteção estatal, além da previdência, incluem também a saúde e o atendimento aos necessitados, formando o denominado tripé da seguridade social (previdência social, assistência social e saúde). Diretos sociais estes previstos e consagrados no art. 6º de nossa Constituição Federal e enquadrados como direitos fundamentais de segunda geração.
Logo, formam todos, Estado mais sociedade civil, uma ferramenta de proteção social com o objetivo precípuo de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes/desamparadas, trabalhadores em geral e seus dependentes, com o intuito de alcançar a manutenção de um padrão mínimo de vida. Ademais, conforme preceituado no art. 193 da Constituição Federal, a seguridade social é um dos meios apontados para se alcançar o bem-estar e a justiça social, objetivos da República Federativa do Brasil.
A seguridade social deve ser compreendida sob duas óticas diversas e complementares: inicialmente como um modelo de proteção social adotado pelos Poderes Públicos e por toda a sociedade para proteger o indivíduo contra os riscos sociais e infortúnios da vida; e também como técnica de proteção social de que se valem os Poderes Públicos para a consecução dos objetivos republicanos fundamentais (art. 3°da Constituição Federal). Isso faz com que o direito à seguridade social seja considerado um direito público subjetivo.
· MODELO
Por modelos ou sistemas de seguridade social, entende-se a forma pela qual o Estado passa a ofertar a denominada proteção social aos seus cidadãos. Proteção social esta que oferta provisões contra riscos que podem provocar uma degradação na situação dos indivíduos, como doença, acidente, velhice, etc., ou seja, o que já denominamos de riscos sociais ou infortúnios da vida.
Em 1883, nasceu na Alemanha o primeiro modelo de proteção social, denominado de modelo bismarckiano, em alusão ao seu criador, Otto Von Bismarck. Esse conjunto de normas previa a proteção dos trabalhadores mediante a instituição de seguros sociais, para a cobertura de doenças, acidentes de trabalho, invalidez e velhice e exigia a contribuição prévia, com base na folha de salários.
Como principais características, vale ressaltar:
• Modelo de seguro social, baseado no caráter contributivo;
• Contribuições dos empregadores e empregados;
• Obrigatoriedade de filiação para os trabalhadores; e
• Necessidade custeio prévio para ter direito aos benefícios (filiação deve ser pré-existente).
Nessa linha, cabe destacar que esse modelo bismarckiano era marcado por dois traços fundamentais: nenhuma proteção a quem antes não tivesse contribuído e, logo, nenhuma compensação possível para uma invalidez de partida que impedisse a pessoa de cotizar, ou, mais geralmente,nenhuma compensação por uma desvantagem decorrente de um fator genético ou de origem social menos favorável. Em oposição ao modelo bismarckiano, surgiu, na Inglaterra, em 1942, o modelo beveridgiano, que leva o nome de seu mentor, Willian Henry Beveridge. O plano de Beveridge tem o seu foco na universalidade dos benefícios/direitos, sem a exigência de prévia contribuição, a principal preocupação do modelo beveridgiano era garantir ao indivíduo uma renda mínima básica, necessária para a sobrevivência (mínimos sociais).
O seu modelo de custeio era baseado na arrecadação de taxas e impostos, ou seja, o modelo de seguridade social de Beveridge é focado no custeio indireto dos benefícios/direitos, diferentemente do modelo bismarckiano, que exigia a prévia contribuição dos trabalhadores e empregadores. O modelo beveridgiano é voltado para a concepção de distribuição universal da renda e ao acesso aos bens e serviços, como modo de enfrentamento à pobreza, diferentemente do bismarckiano, que buscava retribuir os trabalhadores no caso de ocorrência dos sinistros – riscos sociais ou infortúnios da vida.
A nossa Constituição Federal de 1988 incorporou os dois modelos de seguridade social. O modelo bismarckiano no âmbito da previdência social (seguro social) e o modelo beveridgiano no que diz respeito à saúde e à assistência social.

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