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Guias Nutricionais Como saber o quanto comer para evitar carência/excesso de nutrientes? Usando guias nutricionais A pirâmide dos alimentos • Indica variedade dos alimentos a serem consumidos; • Quantidades proporcionais e frequência de consumo. Assim, traz: ✓ Manutenção adequada do organismo ✓ Funções normais ✓ Assegura variedade, quantidade e proporção de alimentos ✓ Evita excessos e carências A pirâmide garante flexibilidade. Conceitos: equilíbrio, variedade e moderação. Não é uma precisão rígida, é apenas um exemplo. Serve para auxiliar na escolha de uma dieta saudável. De acordo com a FAO/OMS, um cardápio balanceado deve conter, diariamente: • Cerca de 50 a 60% de carboidratos Grupos energéticos • 20 a 30% de lipídeos Importantes para o transporte de vitaminas lipossolúveis, síntese de hormônios, estruturas de membranas celulares, etc. • 10 a 15% de proteínas São responsáveis pela síntese dos tecidos orgânicos e são o grupo dos construtores *Além das vitaminas, sais minerais e fibras Para garantirmos que todos esses nutrientes estejam presentes na dieta, o FDA preconiza o consumo de porções diárias de alimentos, assim se dá a composição da pirâmide em diversos níveis. Via de regra: maior quantidade de alimentos do nível mais baixo – carboidratos complexos – e menor quantidade de alimentos dos níveis superiores – gorduras e açúcares. 1. Pães, cereais, arroz e massas (6-11 porções) São fontes abundantes de carboidratos complexos, fibras e minerais Fornecem a maior parte das calorias diárias 1 porção -> 1 fatia de pão, meio pão francês, 2 bolachas de água e sal, meia xícara de cereal cozido (arroz, massa, farinha de mandioca); 1 panqueca; 1 batata pequena 2. Verduras e legumes (3-5 porções) Excelentes fontes de vitaminas, minerais e fibras As verduras e legumes também têm baixo teor de gordura. Consumir verduras e legumes de cores variadas, crus e cozidos 1 porção -> 1 xícara de hortaliças folhosas; meia xícara de legumes picados 3. Frutas (2-4 porções) São excelentes fontes de vitamina A e C, ácido fólico e potássio. Consumir, se possível, com casca e/ou bagaço – alto teor de fibras. 1 porção -> 1 unidade ou 1 fatia média (usar pelo menos uma fruta cítrica ao dia) 4. 4, 5 e 6 Proteínas (2-3 porções) Peixes, carnes, aves, feijões e ovos fornecem proteínas, vitamina do grupo C, ferro e zinco. Para reduzir as gorduras, dê preferências às carnes magras, aves sem pele, peixes de água salgada, feijões e outras leguminosas, lentilham ervilha seca e grão de bico 1 porção -> 1 posta média de peixe, 1 coxa e sobrecoxa de frango ou ½ peito pequeno/ 1 bife médio, ½ xícara de feijão (ou outra leguminosa) cozido; 1 ovo 7 e 8. Gorduras e açúcar Usar moderadamente! É difícil retirar algumas goduras presentes naturalmente nos alimentos por isso se deve usar o mínimo possível no preparo dos mesmos. Usar azeite de oliva, óleo de canola, milho, girassol, soja, margarina light e evitar banha, manteiga, creme de leite e maionese Recomendações nutricionais Recomendação nutricional: as quantidades de energia e de nutrientes que devem conter os alimentos consumidos para satisfazer as necessidades de quase todos os indivíduos de uma população sadia Recomendações de energia e nutrientes -> planejamento do suprimento de alimentos -> grupos populacionais -> mesmas características (sexo, idade, dimensões corporais, perfil de atividade física) As recomendações deverão considerar: - Condições antropométricas – medida das dimensões físicas de uma pessoa (peso, circunferência abdominal, altura, IMC, percentual de gordura e índice de padrão de crescimento) + - Necessidade de energia e nutrientes médias para cada classe E assim traçar metas nutricionais para a população - cada classe Indivíduos são socialmente organizados - Diferentes trabalhos - Diferentes atividades físicas - Diferentes necessidades - Variabilidade de perfis “Dose inócua”: dose que satisfaz ou supera as necessidades de praticamente todos os indivíduos do grupo, ou seja, satisfaz a maioria do grupo. Energia -> não estabelece dose inócua: dose e excesso são prejudiciais à saúde! A energia deve ser suficiente para: • Taxa de metabolismo basal (TMB) – relacionado com as dimensões do corpo • Energia para a atividade física Em que são baseadas as recomendações nutricionais? CICLO: Gasto energético: metabolismo basal (funções vitais) + atividade física (duração e intensidade) + efeito térmico dos alimentos Necessidades: estimativas de energia e nutrientes Condição saudável: capacidade funcional Biodisponibilidade Estabelece a proporção e a razão em que uma droga é absorvida a partir da forma farmacêutica -> circulação -> local de ação. A razão na qual uma droga se torna disponível no ponto de ação depende de: • Tamanho da partícula • Forma química da substância • Absorção quanto a administração por VO Já no caso dos nutrientes: a presença do nutriente no alimento não necessariamente garante o seu aproveitamento pelo organismo • Forma química do nutriente (como ele ocorre no alimento) • Quantidade ingerida • Presença de ligantes • Presença de outros nutrientes ingeridos simultaneamente Biodisponibilidade de nutrientes e interação fármaco-nutriente • Interações com minerais entre si e com vitaminas • No caso do zinco, a proteína ligadora do retinol (RBP), responsável pelo transporte de vitamina A do fígado para os tecidos alvos é dependente de zinco – ausência de zinco -> diminuição no transporte de vitamina A • A deficiência de vitamina A prejudica a mobilização de Ferro das reservas e também a produção de hemácias, apesar de não interferir na absorção de Ferro • O excesso de vitamina C pode prejudicar a absorção de cobre • O ferro pode interagir com a vitamina C, facilitando a absorção do ferro não heme de uma refeição • O selênio é importante para o metabolismo do iodo, pois para transformar a tiroxina (T4) em tiriiodotironina (T3) há necessidade da enzima deiodinase – selenodependente Evolução do conceito de biodisponibilidade ➔ Proporção do alimento digerido, absorvido e metabolizado pelo organismo ; ➔ Proporção do nutriente que é realmente utilizado pelo organismo; ➔ Fração de qualquer nutriente ingerido que tem o potencial para suprir demandas fisiológicas em tecidos alvos; ➔ Considerar 3 aspectos: bioconversão, bioeficácia e bioeficiência. O termo biodisponibilidade representa a parte do nutriente ingerido que tem o potencial de suprir as demandas fisiológicas em tecidos alvos, por definição, não correponde, na maioria das vezes, à quantidade ingerida. Apesar da concordância entre alguns pesquisadores no que se refere ao conceito de biodisponibilidade, vários termos são comumente utilizados em trabalhos científicos como sinônimos desse, em função das peculiaridades dos métodos empregados na sua determinação Fatores que afetam a acessibilidade de um nutriente ingerido, aos processos metabólicos e fisiológicos normais • Concentração química do nutriente • Estado nutricional do indivíduo • Interações entre nutrientes • Perdas por excreção Biodisponibilidade de proteínas Sintetizadas a partir de 20 AA diferentes Estruturas e funções bastante diversificadas: • Estrutural • Hormonal • Regulador de expressão gênica • Defesa • Transporte • Contrátil • Reserva • Enzimática As proteínas podem ser: - Completas - Parcialmente completas - Incompletas Isso reflete a capacidade de fornecer os aminoácidos essenciais em quantidades adequadas para a manutenção das necessidades vitais O que influencia na biodisponibilidade de proteínas? • Conformação estrutural Estruturaquaternária mais complexa, dificulta a ação das enzimas digestivas? Aumenta a digestibilidade e consequentemente a biodisponibilidade dos aminoácidos para que o organismo possa absorver Quanto menos a complexidade da cadeia proteica, maior a facilidade de acesso das enzimas digestivas, maior a digestibilidade, e, portanto, maior a biodisponibilidade de aminoácidos • Presença de compostos anti- nutricionais - Inibidores da tripsina e quimotripsina: podem ser encontrados em batatas, ovos e algumas leguminosas, como a soja, têm a capacidade de se ligar a enzima, impedindo a sua ação sobre as proteínas - lectinas: proteínas que podem ser extraídas principalmente de sementes e raízes de leguminosas que são capazes de ligar-se a células da mucosa intestinal e provocam a diminuição na absorção de nutrientes provenientes da dieta. Indica cocção adequada - Taninos: presentes em proteínas vegetais Os taninos reagem com resíduos de lisina, impedindo a hidrólise peptídica pela tripsina Chá com leite: os taninos presentes no chá diminuem a biodisponibilidade da caseína presente no leite • Condições de processamento - Reação de escurecimento não enzimático Reação de maillard Aquecimento do alimento -> O grupo carbonila do carboidrato interage com o grupo amina do aminoácido ou proteína -> diminui a disponibilidade da proteína • Complexação com outros nutrientes Qualidade nutricional de um alimento em termos proteicos - Digestibilidade: quantidade de proteína ingerida e efetivamente absorvida no TGI - Valor biológico: integridade com que o alimento fornece os aminoácidos essenciais Não é interessante a análise da digestibilidade e do valor biológico isoladamente para identificar a qualidade de uma proteína Taxa de utilização líquida (NPU): avalia a quantidade de nitrogênio que é ingerido, absorvido e retido - QUALIDADE Taxa de eficiência proteica: relação entre um ganho em massa corporal por consumo proteico N absorvido = N ingerido – N fecal Coeficiente de digestibilidade (CD) = N absorvido / N ingerido Taxa de utilização líquida (NPU) = (N absorvido / N ingerido) x 100 Leite – 95; Ovo - 90; Leite de vaca – 81; Carne de vaca – 80; Arroz – 70; Farinha de soja – 58; Amendoim – 50; Trigo integral – 45; Milho – 40. Biodisponibilidade de carboidratos É afetada por alguns fatores 1. Estado da membrana e tempo de contato • Transito rápido pelo TG; • Baixo tempo de residência; • Diminuição acentuada na absorção dos carboidratos. Pode ser caudado por: - Hiper-motilidade intestinal - Doença intestinal: doença de Crohn, doença de Whipple, retoculite ulcerativa 2. Aproveitamento pelo organismo Insulina: aproveitamento da glicose Antagonistas da insulina: atrapalham a captação de glicose - Glucagon: estimula a glicogenólise – degradação de estoques de glicogênio – e a gliconeogênse – produção de glicose a partir de elementos que não são carboidratos – no fígado. - Adrenalina: quebra do glicogênio (glicogenólise) e liberação da glicose pelo fígado 3. Vitaminas - Especialmente do complexo B Estão envolvidas no metabolismo dos carboidratos, facilitando a digestão e absorção. Funções chaves: estimulam a liberação do suco gástrico; coenzimas em sistemas enzimáticos; oxidação de carboidratos; produção de energia. Fatores anti-nutricionais – FAN • Estão presentes em grãos e leguminosas • As enzimas digestivas são incapazes de digerir estes açúcares • Os açúcares não digeríveis são fermentados no intestino grosso por bactérias anaeróbias • Produção de gases (flatulência) • Presente no feijão, repolho, couve, couve de Bruxelas, brócolis, aspargos uvas, soja, dentre outros. Oligossacarídeos – 3 a 10 unidades de açúcares simples • Presentes em grãos de leguminosas – também conhecidos como FAN. • Reduzem a biodisponibilidade de minerais e proteínas do organismo • Rafinose (galactose + glicose + frutose), Estaquiose (galactose + galactose + glicose + frutose) Polissacarídeos Como o amido pode ser absorvido? ✓ Cozimento ✓ Amolece a parede celular ✓ Rompimento ✓ Liberação do amido ✓ Aproveitamento Condução de alimentos até o estômago Contrações -> liberação do suco gástrico (rico em HCl e em pepsinogênio) Alimento continua a ser quebrado em partículas menores Alimento chega ao duodeno – primeira parte do intestino delgado Fígado libera a bile. Composição da bile: água, saias biliares, colesterol e bilirrubina; É essencial para a digestão e absorção de gorduras e algumas vitaminas Pâncreas: libera o suco pancreático – Secreção composta por enzimas digestivas que contribuem para o processo de digestão de proteínas, carboidratos, triglicerídeos e ácidos nucleicos Biodisponibilidade de lipídeos Necessidade de digestão e absorção -> ação de lipases + bile *Comprometimento pancreáticos ou hepático Biodisponibilidade de vitaminas - Lipossolúveis Fatores que influenciam na absorção • Relacionados a própria fisiologia do indivíduo: Má absorção pode acontecer na presença de desordem intestinal • Relacionados ao alimento: Forma química e estado físico no qual as vitaminas se encontram na matriz do alimento afetam diretamente na absorção Vitamina A ✓ A absorção de vitamina A continua alta mesmo se a quantidade ingerida estiver acima das necessidades fisiológicas ✓ Aumenta na presença de vitamina E: possível efeito protetor da vitamina E nos lipídeos carreadores de vitamina A ✓ Baixa disponibilidade dos carotenóides em vegetais de folha verde-escuro: complexação com proteínas ✓ Frutas amarelas: maior disponibilidade ✓ Fitatos, fosfatos e taninos: depressores da biodisponibilidade Interação fármaco-nutriente Vasto campo de estudo Alimento x nutriente x fármaco Alimento: indispensável para a manutenção da saúde, necessita de equilíbrio, com ingestão adequada quali e quantitativamente Alimento x medicamento Podem interagir quimicamente, através da concorrência pela mesma via de administração “via oral” Nutriente Pode interferir em processos farmacocinéticos, biotransformação e excreção, modificando assim o efeito do fármaco e trazendo prejuízo terapêutico Pacientes mais susceptíveis a interação • Pacientes portadores de doenças crônicas • Pessoas que fazem uso prolongado de fármacos • Idosos • Gestantes • Lactentes • Usuários de drogas ilícitas Os fármacos são em sua maioria absorvidos por difusão passiva. A absorção e concentração sanguínea depende de vários fatores. Já os nutrientes, são absorvidos principalmente por mecanismos de transporte ativo. Bomba sódio potássio Utiliza a energia proveniente da hidrólise de ATP em ADP para transportar íons de sódio de potássio. As subunidades alfa da bomba, ao ligar ao ATP intracelular, se ligam também a 3 íons de SÓDIO que estão no ambiente INTRACELULAR. Assim o ATP é hidrolisado, causando a fosforilação da bomba, com liberação de ADP. Essa fosforilção causa mudança conformacional na bomba, transportando os íons SÓDIO para o meio EXTRACELULAR porque nessa forma a bomba possui pouca afinidade pelos íons SÓDIO. Com o sítio livre, se ligam dois íons de POTÁSSIO provenientes do meio EXTRACELULAR, causando a desfosforilação da bomba e esses íons são liberados no meio INTRACELULAR. Fatores relacionados a absorção de fármacos • Solubilidade • Tamanho da partícula • Forma farmacêutica • Efeitos do fluido intestinal • Natureza química • Ligação proteica Fatores individuais relacionados a absorção • Idade • Ingestão de fluidos • Ingestão de alimentos • Tempo de transito intestinal • Microbiota • Patologia no TGI Fase biofarmacêutica ➔ Liberação de dissolução do PA ➔ Fármaco livre para aabsorção ➔ Influem na biodisponibilidade do PA ➔ Variação na quantidade absorvida Fase farmacocinética ➔ Organismo interfere sobre o fármaco ➔ Processo de absorção, distribuição, biotransformação e excreção ➔ Levam a modificações na molécula Fase farmacocinética Fase farmacodinâmica Interações entre moléculas que regulam o reconhecimento molecular de um fármaco pelo receptor A administração de medicamentos com as refeições quando recomendada pode: • Aumentar sua absorção • Redução do efeito irritante de alguns fármacos sobre a mucosa gastrintestinal A administração de alimentos poderá afetar a biodisponibilidade do fármaco através de interações físico-químicas ou químicas • Afeta a biodisponibilidade, por modificação dos processos farmacocinéticos • Alteração da farmacodinâmica e da terapêutica Classificação das interações fármaco- nutriente quanto à consequência farmacocinética - Alteração na absorção: A interação fármaco-nutriente pode ocorrer por exemplo quando são administrados por via oral. Nesses casos, a biodisponibilidade oral do fármaco ativo pode aumentar ou diminuir como um resultado da interação - Alteração pós absorção: Ocorre após o fármaco ou o constituinte nutricional atingir a circulação sistêmica. Pode resultar em alteração da distribuição para diferentes tecidos, no metabolismo sistêmico (biotransformação), ou na penetração em um local específico - Alteração na eliminação: Numerosas vias podem estar envolvidas, como o antagonismo, modulação, ou diminuição do transporte renal ou entero- hepático A natureza das diferentes interações pode apresentar os seguintes caminhos: • Alguns nutrientes podem alterar o processo de biotransformação de algumas substâncias • Alterações na excreção de fármacos podem ocorrer por influência de nutrientes • Fármacos podem afetar o estado nutricional • O estado nutricional pode interferir sobre o metabolismo de certos fármacos, diminuindo ou anulando seu potencial terapêutico ou aumentando o seu efeito tóxico Interferência do estado nutricional e biodisponibilidade dos fármacos A influência dos nutrientes sobre a absorção dos fármacos depende de: • Tipo de alimento • Da formulação farmacêutica • Do intervalo de tempo entre a refeição e sua administração • Volume de líquido com o qual ele é ingerido Considerações importantes: • O trato gastrintestinal representa o principal sítio de interação fármaco-nutriente, uma vez que o processo de absorção de ambos ocorre por mecanismos semelhantes e podem ser competitivos • A maioria das interações clinicamente significativas ocorrem no processo de absorção Interferência do estado nutricional e biodisponibilidade dos fármacos A ingestão de alimentos é capaz de desencadear no trato digestivo a liberação de secreção que, por ação qualitativa e quantitativa dos sucos digestivos, age hidrolisando e degradando ligações químicas específicas, através da ação do ácido clorídrico e de enzimas específicas - Penicilina e eritromicina: são sensíveis a pH baixo e podem ser inativadas quando ingeridas com alimentos O nutriente pode influenciar na biodisponibilidade do fármaco através: • Modificação do pH do conteúdo gastrintestinal - Após a ingestão de alimentos ou líquidos, o pH de 1,5 do estômago se eleva para ~3,0 (afeta a desintegração de cápsulas, drágeas ou comprimidos e consequentemente a absorção do princípio ativo) – eritromicina ou de tetraciclina - Fenitoína ou dicumarol desintegram- se mais facilmente com a alcalinização do pH gástrico - O pH também interfere na estabilidade, assim como na ionização dos fármacos, promovendo uma alteração na velocidade e extensão de absorção • Esvaziamento gástrico - A presença de alimentos no estômago contribui para o retardo do esvaziamento gástrico - A composição da dieta influencia o tempo de permanência dos fármacos no trato digestivo e, consequentemente, aumenta ou diminui a absorção dos mesmos - Refeições sólidas, ácidas, gordurosas, quentes, hipertônicas e volumes líquidos acima de 300mL tendem a induzir um acentuado retardo do esvaziamento gástrico, enquanto refeições hiperproteicas têm efeito menor neste processo - O esvaziamento gástrico lento pode aumentar a absorção de fármacos, isto é, há um prolongamento do tempo de contato do princípio ativo com a superfície de absorção • Aumento do trânsito intestinal - A atividade peristáltica do intestino delgado é provocada pela entrada de quimo no duodeno - Este reflexo eleva o grau geral de excitabilidade do intestino delgado e também aumenta a motilidade e secreção - O aumento moderado da motilidade tanto pode favorecer a dissolução do medicamento, facilitando o contato das substâncias ativas com a superfície de absorção e otimizando a velocidade do processo, quanto pode diminuir a sua disponibilidade, em função da elevação da velocidade do trânsito intestinal • Competição por sítios de absorção - A presença de nutrientes pode constituir uma competição pelos sítios de absorção, cuja consequência dependerá de qual componente apresentar maior afinidade com este sítio - Levodopa (L-dopa), usada no tratamento da doença de Parkinson, tem ação terapêutica inibida por dieta hiperproteica - A levodopa é um precursor da dopamina e o principal medicamento utilizado no tratamento da doença de Parkinson. Estudos mostram qye a absorção de levodopa pode ser reduzida por dietas proteicas devido a competição entre substancias pela proteína responsável pela sua absorção - De acordo com a literatura, a recomendação de proteína para pacientes com doença de Parkinson e uso de levodopa deve ser de 0,8kg/dia A levodopa é absorvida no intestino e o seu efeito aparece em 30 minutos. Em geral, ele continua por um período de 3 a 5 horas. Porém, quando o paciente segue uma dieta muito rica em proteína (carne, frango, peixe, ovos e queijos) a absorção da medicação é prejudicada. Uma grande ingestão de proteína, principalmente carne, pode levar a períodos off longos e incômodos Como a levodopa leva, em média, duas a três horas para passar pelo intestino, o ideal é esperar este período, e, só então, consumir proteína Tomar a medicação cerca de uma hora antes da refeição pode ser uma opção interessante. Assim como manter cada nova dose distante das refeições para minimizar as questões causadas pela absorção. Outra estratégia é distribuir o consumo da proteína ao longo do dia e não concentrar em uma refeição apenas. Ou, consumir a proteína no fim do dia, quando o efeito da medicação compromete menos a rotina. • Ligação direta do fármaco com componentes dos alimentos A interação fármaco-nutriente pode ocorrer por mecanismo de complexação, resultando na diminuição da sua disponibilidade Os íons di e trivalentes (Ca 2+, Mg2+, Fe2+ e Fe3+) presentes no leite e em outros alimentos, são capazes de formar quelatos não absorvíveis com as tetraciclinas, ocasionando a excreção fecal dos minerais, bem como do fármaco A proteína e outros nutrientes podem influenciar a atividade enzimática do citocromo P450 microssomal hepático • A meia-vida plasmática de vários fármacos pode ser alterada em função dos nutrientes oferecidos pela dieta, aumentando ou reduzindo a atuação deste importante sistema enzimático • Micronutrientes (zinco, magnésio, ácido ascórbico e riboflavina) apresentam papel de grande relevância na metabolização hepática de fármacos como é o caso do zinco, essencial para enzimas específicas associadas às fases I e II no processo de biotransformação Os fármacos podem modificar o metabolismo de nutrientes Antiácidos, laxativos e antibióticos podem causar a perda de nutrientes• O uso prolongado de laxativos e estimulantes como bisacodil induz o aumento da velocidade do transito intestinal e consequentemente reduz a absorção de glicose, proteína, sódio, potássio e algumas vitaminas • Grandes doses de óleo mineral interferem na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), beta-caroteno, cálcio e fosfatos, devido à barreira física e/ou diminuição do tempo de trânsito intestinal. O uso excessivo de óleo mineral pode provocar raquitismo – carência de vitamina D causando mineralização insuficiente nos ossos - em crianças e osteomalácia – amolecimento dos ossos devido a mineralização anormal e carência de vitamina D - em adultos, por deficiência de cálcio. Aumento na excreção de minerais ocorre com o uso prolongado ou com a ingestão de altas doses de diuréticos A furosemida, diurético de alça, acarreta na perda de potássio, magnésio, zinco e cálcio. Mecanismo diuréticos de alça: A inibição do NaK2Cl resulta em aumento acentuado da excreção de Sódio e Cloro, indiretamente de Ca e Mg e com a queda de concentração de solutos no interstício medular diminui a reabsorção de água no túbulo coletor, aumentando a sua eliminação. Como o suco de pomelo pode afetar os medicamentos? Schweppes citrus e fanta citrus possuem suco de toranja Medicamento Interação/efeito Grave Mecanismo Anti-maláricos Aumento nos níveis séricos de artemeter e lumefantrina, podendo levar ao aumento dos efeitos farmacológicos e adversos como distúrbios gastrintestinais menores, tontura, neutropenia e zumbido no ouvido G Inibição CYP3A4 intestinais Bloqueadores dos canais de cálcio Aumento de até três vezes na biodisponibilidade de felodipino, anlodipino, nicardipino, nifedipino, nimodipino, nisoldipino e nitrendipino, podendo levar a efeitos adversos, como cefaleia, tontura e edema periférico M Inibição CYP3A4 intestinais Carbamazepina Pode haver aumento nos níveis séricos da carbamazepina, provocando aumento dos efeitos farmacológicos e adversos, como leucopenia, agranulocitose, eosinofilia e hiponatemia M Inibição CYP3A4 hepaticas e intestinais Ciclosporina Pode haver aumento nos níveis séricos da ciclosporina, provocando aumento dos efeitos farmacológicos e adversos, como disfunção renal, hipertensão, cefaleia, hirsutismo e distúrbios gastrintestinais M Inibição CYP3A4 hepaticas e intestinais Estatinas Toranja pode aumentar os níveis séricos de atorvastatina, cerivastatina, lovastatina e sinvastatina, provocando aumento dos efeitos farmacológicos e adversos, inclusive rabdomiólise. M Inibição CYP3A4 intestinais Itraconazol Pode haver diminuição nos níveis séricos do itraconazol, podendo levar a perda do efeito farmacológico M Diminuição da absorção de itraconazol Principais consequências farmacológicas • Perda do efeito terapêutico (antagonismo) • Aumento da toxicidade • Aumento da atividade farmacológica • Alterar o estado nutricional do doente • Efeitos benéficos (potenciação ou adição) Fármacos que podem reduzir o apetite • Antibióticos • Antineoplásicos • Fluoxetina (inibidor da recaptação de serotonina) • Anfetaminas, metanfetaminas (aumento da liberação e tempo de atuação de dopamina e noradrenalina) • Sibutramina (inibição da recaptação da noradrenalina, serotonina e dopamina) Fármacos que podem aumentar o apetite/peso • Anticonvulsivantes (ácido valproico, gabapentina) • Corticoesteroides • Anticoncepcionais com estrogênio • Antidiabéticos (insulina, sulfonilureias, tiazolinedionas) • Antipsicóticos (clozapina, olanzapina, risperidona e quetiapina) • Antidepressivos tricíclicos e inibidores da MAO *diuréticos: agem no ducto coletor, a absorção de sódio é dependente da eliminação do potássio, se o sódio não é absorvido, o potássio não é eliminado
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