Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ZAMBEZE FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL Disciplina: Estrutura e Propriedade da Madeira NIVEL II; 4º SEMESTRE Relatório da aula prática do Laboratório de Tecnologia da Madeira Docente: Eng. MSc Jeremias Benjamim Discente: Félix Rui Chicuáva Mocuba, Setembro 2022 ÍNDICE i. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1 i.1 Objectivos......................................................................................................................... 1 1.1.1 Objectivos Gerais ...................................................................................................... 1 1.1.2 Objectivos Específicos .............................................................................................. 1 ii. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 2 ii.1 Características anatómicas da árvore ............................................................................... 2 ii.2 Propriedades físicas da madeira ....................................................................................... 3 ii.2.1 Grã e textura .............................................................................................................. 3 iii. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 4 iii.1 Materiais ........................................................................................................................... 4 iii.2 Metodologia ..................................................................................................................... 4 iv. RESULTADOS....................................................................................................................... 6 iv.1 Descrição das amostras de madeira identificadas ............................................................ 6 iv.1.1 Pau-preto ................................................................................................................... 6 iv.1.2 Umbaua (Khaya nyasica/anthotheca) ....................................................................... 7 iv.1.3 Jambire (Millettia stuhlmannii)................................................................................. 7 iv.1.4 Mondzo (Combretum imberbe)................................................................................. 8 iv.1.5 Mugonha (Breonardia microcephala) ...................................................................... 8 iv.1.6 Mucarala (Burkea africana) ...................................................................................... 9 iv.1.7 Messassa (Brachystegia spiciformis) ........................................................................ 9 iv.1.8 Pau-rosa [Berchemia zeyheri (Klotzsch) Hemsley] ................................................ 10 iv.1.9 Chanfuta (Afzelia quanzensis)................................................................................. 10 iv.1.10 Pau-ferro (Swartzia madagascariensis) .............................................................. 11 iv.1.11 Muanga (Pericopsis angolensis) ......................................................................... 11 iv.1.12 Umbila (Pterocarpus angolensis) ....................................................................... 12 iv.1.13 Eucaliptos (Eucalyptus spp) ................................................................................ 12 iv.1.14 Pinus (Pinus spp) ................................................................................................. 13 v. CONSIDERAÇÕES FINAS ................................................................................................. 14 vi. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 15 Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [1] i. INTRODUÇÃO A madeira deve ser considerada um material de uso diverso, por ser um material orgânico, poroso, higroscópico e anisotrópico, essa heterogeneidade fez com que fosse abundantemente utilizado pelas sociedades ao longo dos anos, se mostrando um componente essencial para manufactura e sendo matéria-prima para as indústrias (LORENZI, 2009). A tecnologia aplicada ao uso da madeira vem acendendo nos últimos anos e ampliando ainda mais a sua utilização, o que viabiliza criar novos produtos provenientes dessa matéria-prima (BELTRAME et al., 2010). De acordo Bonduelle et al., 2015, os produtos gerados a partir da madeira exigem um padrão de qualidade cada vez mais elevado, e para que se tenha um produto final adequado, são estudadas as propriedades físicas da madeira que são fundamentais para destiná-la as diversas finalidades, dentre essas propriedades podemos citar a humidade, densidade e retratibilidade da madeira. Para além dos danos ambientais associados a má identificação de espécies de madeira, registam- se também grandes prejuízos económicos decorrentes de falsas declarações de identidade das madeiras, sobretudo nos países onde há fraca capacidade neste domínio. A identificação correcta das madeiras é parte do sistema de classificação e qualidade, pois permite uma correcta aplicação das taxas aduaneiras conforme a classe comercial assim como evita conflitos comerciais entre compradores e vendedores (AREVALO, R,et al.,2020). i.1 Objectivos 1.1.1 Objectivos Gerais Avaliar as características macroscópicas das amostras de madeiras (serrada e toros); Identificar as amostras de madeira por meio das suas características gerais. 1.1.2 Objectivos Específicos Avaliação das características macroscópicas das amostras de madeira com base no conhecimento por nós adquirido na disciplina de Estruturas e Propriedades da Madeira; Fazer uma identificação das amostras de madeira por meio das características macroscópicas e palas propriedades organolépticas. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [2] ii. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ii.1 Características anatómicas da árvore A seção transversal de uma árvore Figura 1, e um desenho esquemático de corte transversal do tronco de uma árvore Figura 2, representam as características (de dentro para fora): casca externa (a) cuja espessura varia com a espécie e a idade de árvores, e a parte interna composta por um tecido fino e vivo (floema), (b) responsável por transportar o alimento das folhas para partes crescentes da árvore. O alburno (d) contém tecidos vivos e mortos e transporta seiva das raízes até as folhas. Entre casca e o alburno existe uma camada de células denominada câmbio (c) que por divisões sucessivas formam novas camadas de madeiras e cascas aumentando o diâmetro do tronco. Assim, a medida que novas camadas de alburno são formadas, elas vão se distanciando do câmbio, adquirindo uma coloração mais escura em decorrência da decomposição e as células se tornam inactivas. A medula (f) é o núcleo do lenho, um tecido mole e esponjoso, não apresenta resistência mecânica e durabilidade. A idade de uma árvore pode ser determinada pela contagem dos anéis de crescimento (g). No entanto, se o crescimento em diâmetro é interrompido, por seca ou insectos, por exemplo, mais de uma anel por ser formado na mesma estação (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999; BUZAR, M. A. R.., et al., 2015) Figura 1 - Seção transversal do tronco de carvalho branco: (A) casca externa (tecido morto seco), (B) casca interna (tecido vivo), (C) câmbio vascular, (D) alburno, (E) cerne, (F) medula e (G) anéis de crescimento. Fonte: (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999). Figura 2 - Desenho esquemático de corte transversal no troco de uma árvore. Fonte: (BUZAR, M. A. R..,et al., 2015) Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [3] ii.2 Propriedades físicas da madeira A madeira é um produto heterogéneo originado de um processo orgânico, que pode ser explicado pela quantidade, disposição, orientação e composição química de seus elementos anatómicos. Estes, são responsáveis pelas características da madeira influenciados por vários factores tais como; condições de temperatura, aspectos de composição e humidade do solo, o que explica como suas propriedades físicas e mecânicas diferem entre espécies, entre árvores da mesma espécie e dentro de uma mesma árvore. Esta variabilidade pode, no entanto, ser medida realizando ensaios em corpos de prova isentos de defeitos tais como nós, fibras inclinadas, rachaduras, empenamentos etc (BUZAR, M. A. R, 2015; MELLO, 2007). ii.2.1 Grã e textura O termo grã é usado em referências como grã direita (reta) e grã irregular (reversam inclinada e ondulada) em que descreve a direcção longitudinal dos elementos anatómicos estruturais da madeira (fibras, vasos e tranqueídes) na árvore. A distribuição da grã reflecte no tamanho relativo dos poros, indicando uma granulação aberta (mais poros) ou granulação fechada (menos poros), termos que reflectem ao tamanho dos poros, aos quais determinam se a superfície precisa de enchimento (BUZAR, M. A. R et al, 2015). A textura descreve o grau de uniformidade nas dimensões das células. Madeiras de textura fina possuem células pequenas e com textura uniforme, e madeiras que possuem células de tamanho maior são consideradas madeiras de textura média. O melhor acabamento superficial é obtido para madeiras de textura fina que apresenta uma superfície uniforme e lisa, e com grã directa (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999; BUZAR, M. A. R et al, 2015; MELLO, 2007). Figura 2 - Principais tipos de grã: (a) direita; (b) revessa e (c) inclinada. Fonte: (BUZAR, M. A. R et al, 2015) Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [4] iii. MATERIAIS E MÉTODOS iii.1 Materiais Na abordagem da aula que teve lugar na Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal, no laboratório de tecnologia da madeira foram usados materiais como, Manual de identificação de Madeiras Comerciais de Moçambique e cada Estudante apresentava caderno ou papel e caneta, para anotar o que seria debruçado na aula. iii.2 Metodologia A aula foi conduzida no Laboratório de Tecnologia de Madeira da Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal (FEAF) em Setembro de 2022 das 13-15:35h. O método utilizado para proceder com a aula consistiu primeiramente em um breve momento introdutório onde o Docente da Disciplina junto com a turma, caracterizaram e identificaram as amostras de madeira (serrada e toros) de diferentes espécies desde as suas características gerais até as suas características macroscópicas. Após o momento introdutório, dividiu-se a turma em dois grupos onde cada grupo foi dado no máximo 30 min para entrar no laboratório e de forma individual com base nos conhecimentos teóricos obtidos na disciplina para familiarizar-se com a estrutura macroscópica (elementos estruturais e não estruturais) das diferentes amostras de madeira que ocorrem em Moçambique. No processo acima citado foram levados em conta os seguintes aspectos: Características gerais- Este aspecto preocupa-se com: Nome da espécie (científico e vernacular/local); A ocorrência (Províncias onde essa espécie ocorre em Moçambique); As utilizações (para que fins a madeira dessa espécie é usada); A trabalhabilidade (como é a trabalhabilidade da madeira dessa espécie tendo em conta as suas propriedades físicas e mecânicas) A conservação (avalia-se a sua resistência a alguns factores) Características Macroscópicas- este aspecto avalia os elementos que compõe a anatomia do tronco e os que qualificam a madeira serrada: Para anatomia do tronco (toros) temos: Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [5] Anéis de crescimento (aqui são avaliados os seguintes aspectos: nitidez e desenho); Casca (olhando mais para a cor, o desenho e a textura); Lenho (que é dividido em cerne e alburno); Raios medulares (avalia-se a sua nitidez); Para madeira serrada temos: Grã, cor, textura, desenho e cheiro. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [6] iv. RESULTADOS No âmbito do estudo decorreu, a identificação e a caracterização de 14 amostras de madeira em toros e serrada das quais procede a seguir a descrição de cada uma delas baseada nas características gerais e características macroscópicas. iv.1 Descrição das amostras de madeira identificadas iv.1.1 Pau-preto Nomenclatura Família botânica: Fbaceae/Papilionoideae; Nome científico: Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr. ; Comercial: Pau-preto; Nome vernacular: Eviko (Zambezia); Mpingo/Mico (C. Delgado) Aspectos Macroscópicos O cerne é praticamente muito escuro e nitidamente demarcado do borne branco-amarelo (com 1 cm de largura). O fio da madeira é recto, com textura muito fina e uniforme. A madeira é muito dura e pesada (1230 – 1330 kg /m3 a 12% de humidade). Apresenta uma superfície oleosa, grã direito ou irregular e textura mito fina. Trabalhabilidade Muito difícil de serrar e aplainar. Não aceita pregos nem parafusos, cola bem, dá muito bom acbamento, recebe bem a cerra e o verniz. Conservação Madeira muito resistente ao ataque de fungos e insectos, seca bem ao ar livre apesar da sua grande densidade. Utilizações Usa-se no fabrico de instrumentos musicais, trabalho de torno, mobília de luxo e esculturas artísticas Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [7] iv.1.2 Umbaua (Khaya nyasica/anthotheca) Nomenclatura Família botânica: Meliaceae Nome científico: Khaya nyasica/anthotheca (Welw.) C.DC; Comercial: Umbáua Nome vernacular: Mbaua(Zamezia) Engale(C.Delgado) Aspectos Macroscópicos O cerne é castanho-rosado a vermelho profundo e mais ou menos distinto do castanho claro do borne de até 6 cm de largura. O fio da madeira é recto ou entrelaçado, mas com textura bastante grossa. Esta madeira exibe uma figura atraente com marcas onduladas irregulares. A densidade varia entre 490-660 kg/m3 a 12% de humidade, Grã ondulado. Trabalhabilidade Fácil de serrar e um pouco revessa a plaina, prega-se bem, relativamente resistente aos parafusos porem sem rachar, cola bem recebe bem a cera e verniz. Conservação Madeira resistente ao ataque de fungos e insectos, seca facilmente sem maior degradação. Borne medianamente fácil de tratar e cerne impermeável. Utilizações Indicada para folheados e contraplacados, marcenaria e carpintaria, substitui bem a madeira de Mongo (Switenia mahogani) iv.1.3 Jambire (Millettia stuhlmannii) Nomenclatura Família botânica: Fabaceae/Papilionoideae Nome científico: Millettia stuhlmmannii Taub.; Comercial: Jambire Nome vernacular: Nambir ,panga-panga (Zambézia, Sofala) piri/npande (C. Delgado) Aspectos Macroscópicos O cerne é muito escuro, listrado tipo ―Zebra‖ em superfícies tangenciais. O borne destaca-se por uma cor amarelo-claro, com 2,5–7,5 cm de largura. O fio da madeira é recto, Grã Irregular reversa e com textura fina a média. A madeira é densa (720– 990 kg/m3 a 12% de humidade. Trabalhabilidade Difícil de serrar e aplainar, prega-se com dificuldade e resiste ao parafuso, cola bem recebe bem polimentos e cera dá bom aspecto com o verniz. Conservação Madeira muito durável, resistente ao ataque de insectos e fungos. É de fácil secagem sofrendo apenas empenamentos suaves e fendas pequenas. Borne medianamente fácil de tratarcom preservantes. Utilizações Aplca-se principalmente em marcenaria, decoração de interiores, parquetes e folheados. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [8] iv.1.4 Mondzo (Combretum imberbe) Nomeclatura Família botânica: Combretaceae Nome científi co: Combretum imberbe Wawra; Comercial: Mondzo Nome vernacular: muonzo/macossa/Mucasdo(Zambezia) Aspectos Macroscópicos Cerne é praticamente muito escuro e nitidamente demarcado do borne branco-amarelo (com 1 cm de largura). O fio da madeira é recto, Grã Irregular reversa, com textura muito fina e uniforme. A madeira é muito dura e pesada (1230–1330 kg /m3 a 12% de humidade). Apresenta uma superfície oleosa. Trabalhabilidade Muito difícil ao serrar e bastante rija a aplainar. Oferece muita resistência a perfuração de pregos e parafusos, cola bem aceita bem a cera e verniz. Conservação Madeira muito resistente ao ataque de fungos e insectos. Utilizações Usa-se mais para parquetes, objectos torneados e artesanato em geral. Por vezes é usada em substituição do Pau-preto (Dalbergia melanoxylon) iv.1.5 Mugonha (Breonardia microcephala) Nomenclatura Nome científico: Breonadia microcephala Nome commercial: Mugonha Nomes Vernaculares: Galangala; Muonha/Tugula (Zamb) Família/Subfamília: Rubiaceae Aspectos Macroscópicos Cerne castanho-claro tendendo para castanho alaranjado. Apresenta faixas onduladas mais escuras dadas pelo veio. Brilho seroso, odor característico oleoso. Grã reverso por vezes direito, textura fina. Trabalhabilidade Fácil de serrar e aplainar, aceita bem pregos e parafusos. Cola bem, encera-se bem mas perde brilho com facilidade. Aceita bem o verniz. Conservação Madeira durável, resistente ao ataque de fungos e insectos incluindo as térmites. Reportada também como resistente ao teredo. Exige uma secagem bem cuidadosa para evitar fendas e empenos. Muito difícil de impregnar Utilizações Valiosa para construção civil em geral, marcenaria e construção de vagões. Utiliza-se também pra estacaria. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [9] iv.1.6 Mucarala (Burkea africana) Nomenclatura Nome científico: Burkea africana Nome commercial: Mucarala Nomes Vernaculares: Mucarat (Manica), Nkarara (C. Delgado), Mukarala (Zambézia) Família/Subfamília: Fabaceae/caesalpinoideae Aspectos Macroscópicos O cerne é castanho com reflexos cinza, tornando-se castanho-avermelhado-escurecido quando exposto. Geralmente, o borne (2,5 cm de largura) é distintamente demarcado pela cor branco- amarelado ou rosado. O fio é entrelaçado ou ondulado, textura fina a moderadamente fina e uniforme. A madeira tem brilho e exibe uma figura listrada elegante. A madeira é pesada, com uma densidade de 735-1020 kg/m3 a 12% de humidade. Trabalhabilidade Medianamente difícil de serrar. Aplaina com dificuldades ficando com um acabamento áspero, aceita bem a lixa. Resiste ao prego e ao parafuso Cola bem, recebe bem o polimento, a cerra e o verniz. Conservação Madeira durável, não é susceptível ao ataque de fungos nem insectos xilófagos. Seca bem mas mostra alguma tendência a fendas e empenos. Medianamente fácil de tratar com preservantes. Utilizações Utilizada para vigamento, construção civil, naval e carpintaria, recomenda-se também para contraplacados decorativos. No passado foi bastante utilizada para travessas e carroçarias iv.1.7 Messassa (Brachystegia spiciformis) Nomenclatura Nome Científico: Brachystegia spiciformis Benth. Nome Comercial: Messassa Nomes Vernaculares: Tsondzo (Inham.) Murroto (Zamb.) Mutupuro/Miroto (C. Delg) Família/Subfamília: Fabaceae/caesalpinoideae Aspectos Macroscópicos Cerne castanho de tom variável desde o castanho-claro-amarelado até suavemente avermelhado ou escuro. Apresenta manchas irregulares em faixas largas ou finas orientadas longitudinalmente. Medianamente brilhante, grã reverso e textura média a grosseira. Trabalhabilidade Fácil de serrar porém difícil de plantar. Aceita relativamente bem pregos e parafusos. Da um bom acabamento, recebe bem a tinta, o verniz e a cera. Conservação Muito susceptível ao ataque de insectos, principalmente do género Lyctus. Susceptível também aos fungos manchadores. Seca lentamente fendendo e empenando, cerne resistente ás impregnações. Utilização Usado pra travessas (com prévio tratamento preservativo), esteiro de minas, construção civil e mercearia. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [10] iv.1.8 Pau-rosa [Berchemia zeyheri (Klotzsch) Hemsley] Nomenclatura Nome científico: Berchemia zeyheri (Klotzsch) Hemsley. Nome commercial: Pau-rosa Nomes Vernaculares: Patchini/Naké (Maput.) Família/Subfamília: Rhamnaceae Aspectos Macroscópicos O cerne desta espécie é tipicamente rosa acastanhado claro a um rosa brilhante, e por vezes vermelho profundo. O borne tende a ser amarelo claro a castanho claro, com uma demarcação gradual do cerne. A madeira é densa (estado anidro-1,035 kg/m3), Grã Irregular, exibindo uma textura fina, homogénea e notável brilho natural, mas com o fi o recto a entrelaçado. Trabalhabilidade Difícil de serrar e aplainar. Aceita parafusos e pregos com relativa facilmente. Proporciona muito bom acabamento. Recebe bem polimento, a cera e verniz. Conservação Madeira muito dcurável, resistente ao ataque de fungos e insectos. Seca lentamente podendo rachar nas extremidades das peças. Muito resistente à impregnação Utilização Madeira preciosa usada em obras de artesanato, estatuaria e para fins específicos. iv.1.9 Chanfuta (Afzelia quanzensis) Nomenclatura Nome científico: Afzélia quanzensis Nome commercial: Chanfunta Nomes Vernaculares: Mussosso (Zamb.) Ntama/Muoco (C. Delg.) .Chene (Inham.) Família/Subfamília: Fabaceae/caesalpinoideae Aspectos Macroscópicos O cerne é castanho-amarelado a castanho-rosa, tornando-se castanho-avermelhado após exposição prolongada, às vezes com listras um pouco escuras. O cerne distingue-se do borne branco-amarelado, com borne de até 10 cm ou mais de largura. O fio da madeira é recto a entrelaçado, Grã Irregular reversa, textura grossa, mas uniforme. A madeira é pesada, com uma densidade de 800-920 kg/m3 a 12% de humidade Trabalhabilidade Difícil de serrar quando seca, mais a plaina com certa facilidade, oferece alguma resistência ao prego rachando facilmente, resiste também ao parafuso, cola bem, recebe bem a cera e verniz Conservação Madeira muito durável, resistente ao ataque de fungos e insectos. Seca sem dificuldades. Utilização Própria para mobiliários decorações de interiores. É utilizada também em carpintaria (portas/janelas) na construção civil em geral. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [11] iv.1.10 Pau-ferro (Swartzia madagascariensis) Nomenclatura Nome científico: Swartzia madagascariensis Nome commercial: Pau-ferro Nomes Vernaculares: Nakuata/cochococho (Zamb.) Nenha (C. Delg.) Família/Subfamília: Fabaceae/faboideae Aspectos Macroscópicos O cerne é castanho-avermelhado escuro ou arroxeado com tons variados de amarelo ao castanho- escuro. O borne é amarelo, com 2–3 cm de largura. Os anéis de crescimento formam faixas variáveis em zigue-zague que tornam o cerne muito decorativo. O fio da madeira é ondulado ou entrelaçado, Grã Irregular reversa, textura média a fina e uniforme. Esta madeira é muito dura e pesada (960-1110 kg/m3 a 12% de humidade). Trabalhabilidade Muito difícil de serrar e aplanar. Difícil de pregar podendo rachar. Resistente ao parafuso. Dá bons resultados às operações de acabamento. Cola com facilidade. Recebe bem a cera e o verniz. Conservação Muito durável,imune ao ataque de fungos e insectos incluindo também as térmites. Seca lentamente mas sem problemas. Utilizações Construções pesadas, pavimentos, esculturas e trabalhos de torno. Em menor escala é também usada em mercenária. iv.1.11 Muanga (Pericopsis angolensis) Nomenclatura Nome científico: Pericopsis angolenses Nome commercial: Muanga Nomes Vernaculares: Muanga (Zamb) Muaca (C. Delg) Família/Subfamília: Fabaceae/Papilionoideae Aspectos Macroscópicos O cerne é castanho esverdeado a escuro O borne destaca-se pela cor esbranquiçada ou cinza- amarelado podendo atingir até 2,5 cm de largura. O fio da madeira é entrelaçado e com uma textura moderadamente fina, Grã irregular por vezes reversa. A madeira é oleosa no tacto e apresenta faixas notáveis e ou uma figura espiralada. É pesada (930-1030 kg/m3 a 12% de humidade). Trabalhabilidade Difícil de serrar e aplainar, resiste ao parafuso e prego porém, não racha ao pregar. Do bom acabamento com lixa. Aceita bem a cerra e o verniz. Cola bem. Conservação Durável, muito resistente ao ataque de fungos e insectos. Utilizações Tem sido usada em estacaria, pontes e construção civil em geral. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [12] iv.1.12 Umbila (Pterocarpus angolensis) Nomenclatura Nome científico: Pterocarpus angolenses Nome commercial: Umbila Nomes Vernaculares: Mbilamulombua (Zambezia); Mpila/Ntumbat (C. Delgado) Família/Subfamília: Fabaceae/caesalpinoideae Aspectos Macroscópicos O cerne é de castanho claro a escuro ou avermelhado, frequentemente com listras. O borne demarca-se pela cor cinza claro ou amarelo claro. O fio da madeira é recto a entrelaçado com grã ondulada ou reversa, textura média a grossa. É uma madeira relativamente leve (400–700 kg/m3 a 12% de humidade). Trabalhablidade Muito fácil de serrar e aplainar aceita bem pregos e parafusos. Dá bom acabamento, cola bem e recebe bem o polimento, a cera e o verniz. Conservação Muito durável, resistente ao ataque de insectos, fungos e xilófagos marinhos. Muito fácil de secar. Utilizações Madeira excelente para mercenária e carpintaria, também é própria para folheados decorativos. Construção civil e naval. iv.1.13 Eucaliptos (Eucalyptus spp) Nomenclatura Nome científico: Eucalyptus spp Nome commercial: Eucalipto Nomes Vernaculares: Eucaliptos (Inham) Família/Subfamília: Myrtaceae Aspectos Macroscópicos Cerne e alburno distintos pela cor, cerne castanho-rosado-claro, alburno bege-rosado; pouco brilho; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade baixa; macia ao corte; grã direita; textura fina a média. Trabalhabilidade Madeira excelente para serraria, no entanto, requer o uso de técnicas apropriadas de desdobro para minimizar os efeitos das tensões de crescimento. Apresenta boas características de aplainamento, lixamento, torneamento, furação e acabamento. Conservação Em geral, as madeiras de espécies de eucalipto são consideradas como difíceis de secar, podendo ocorrer defeitos como colapso, empenamentos e rachas. A secagem em estufa deve ser feita de acordo com programas suaves, combinando, por exemplo, baixas temperaturas com altas umidades relativas. É recomendável a secagem ao ar, ou o uso de pré-secador, antes da secagem em estufa. Utilizações Construção civil; Leve interna, estrutural; Leve interna, utilidade geral; Uso temporário: Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [13] Assoalhos; Mobiliário; Outros usos: lâminas decorativas, chapas compensadas, embalagens. iv.1.14 Pinus (Pinus spp) Nomenclatura Família: Pinaceae Nome comercial: pinheiro, pinheiro-americano, pinus. Aspectos Macroscópicos Cerne e alburno indistintos pela cor, branco-amarelado, brilho moderado; cheiro e gosto distintos e característicos (resina), agradável; densidade baixa; macia ao corte; grã direita; textura fina. Trabalhabilidade A Madeira de pinus é fácil de ser trabalhada. É fácil de desdobrar, aplainar, desenrolar, lixar, tornear, furar, fixar, colar e permite bom acabamento. Conservação Esta Madeira como susceptível ao ataque de fungos (emboloradores, manchadores e apodrecedores), cupins, brocas-de-Madeira e perfuradores marinhos. A Madeira é fácil de secar. Utilizações Usada na Construção civil, Mobiliário. Cabos de vassoura, palitos, chapas compensadas, lâminas decorativas, peças torneadas, artigos de esporte e brinquedos, embalagens, bobinas e carretéis, pincéis. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [14] v. CONSIDERAÇÕES FINAS Com base nos resultados apresentados, verificou-se que a maior parte das espécies em causa pertencem à família Fabaceae como é o caso de Pterocarpus angolensis, Swartzia madagascariensis, Dalbergia melanoxylon, Afzelia quanzensis, Brachstegia spiciformis Benth, Burkea africana, Milletia stuhlimani. Tem mais espécies nativas do que exóticas, porém as nativas encontram se na Lei de Floresta e Fauna Bravia como espécies preciosas ocupando a terceira e primeira classe pois, estas foram exploradas de forma irracional o que colocou algumas em via de extinção. As amostras de madeira usadas na aula são de facto benéficas pois é com base nessas amostras que consegue-se sair do teórico para o prático no que diz respeito a identificação e caracterização de Madeira Comercial de Moçambique. A maior parte dessas espécies são mais usadas na construção civil devido as suas propriedades físicas que contribuem para que sejam perfeitas para essa actividade, sendo algumas usadas mais para mobiliários e decorações de interiores entre outros. A facilidade na secagem, resistência ao ataque de insectos e fungos, a contracção de fendas e rachaduras, entre outros, são também qualidades apresentadas por essas espécies. É importante ter o conhecimento das diferentes características e propriedades químicas e físicas que compõe as diferentes essências de madeira, bem como os factores que contribuem para a composição dessas características, pois é com base nesse conhecimento que um Engenheiro Florestal poderá recomendar a madeira adequada a ser usada em uma determinada actividade sem ter sombras de dúvida. Relatório de Estrutura e Propriedade da Madeira | Félix Rui Chicuáva . Página [15] vi. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arevalo, R; Ebanyenle, E; Ebeheakey, A. A; Bonsu, K. A; Lambog, O; Soares, R & Wiedenhoeft, A.C. 2020. Field identifi cation manual for Ghanaian timbers. FPL Gen Tech. Rep. FPL-GTR-277. Madison, WI: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Forest Products Laboratory. 130 p. BELTRAME, R. et al. Propriedades físico-mecânicas da madeira de Araucaria angustifolia (bertol.) em três estratos fitossociológicos. Ciência da Madeira, v. 1, n. 2, p. 54-69, 2010. BONDUELLE, G. M. et al. Análise da massa específica e da retratibilidade da madeira de Tectona grandis nos sentidos axial e radial do tronco. Floresta, v. 45, n. 4, p. 671 - 680, 2015. BUZAR, M. A. R. ; MELO, J. E. . Fundamentos Estruturais Sustentáveis. In: Marta Adriana Bustos Romero. (Org.). Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística. 2ed.Brasília: ETB/UnB, 2015, v. 2, p. 673-756. FOREST PRODUCTS LABORATORY. Wood handbook—Wood as an engineering material. Gen. Tech. Rep. FPL–GTR–113. Madison, WI: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Forest Products Laboratory. 463 p, 1999. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, v.2. Editora Nova Odesa: Instituto Plantarum, 3 ed. 2009, 384p. MELLO, Roberto Lecomte de. Projetar em Madeira: uma nova abordagem. 2007. 198 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo,Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
Compartilhar