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Disciplina: Parasitologia Humana Izael Xavier Tricomoníase Introdução O trichomonas é um protozoário flagelado que não possui forma cística (forma de resistência). Sendo isso um fator que dificulta a transmissão da tricomoníase. Apresentam três espécies, mas somente a T. vaginalis que é patogênico para a espécie humana. Ademais, essa espécie foi descrita pela primeira vez por Donné, em 1836. Morfologia É um protozoário unicelular polimorfo, sendo que as principais estruturas morfológicas que o caracterizam são: · Quatro flagelos anteriores livres e de tamanho desiguais; · Uma membrana ondulante e a costa que nascem do complexo granular basal; · Um axóstilo, estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo; · Um blefaroplasto situado anteriormente ao axóstilo, sobre o qual se inserem os flagelos, e coordena os seus movimentos; · Não apresenta mitocôndrias, mas é possível notar hidrogenossomos que auxiliam na produção de ATP. Características do T. vaginalis O ambiente da genitália feminina favorece a proliferação do T. vaginalis devido à umidade, ao pH, ao glicogênio e a temperatura. O protozoário habita o trato geniturinário no homem e na mulher, não sobrevivendo fora. O T. vaginalis é o agente etiológico da tricomoníase e a reprodução é por divisão binaria longitudinal. É um organismo anaeróbio facultativo, ou seja, a presença ou não de oxigênio é propício para a sobrevivência do parasito. IMPORTANTE: as fontes alimentares são a glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido. Ciclo biológico e transmissão Sendo uma IST, sua principal forma de transmissão é através de relação sexual e pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio, após o coito com a mulher infectada. O homem representa o principal vetor da doença: com a ejaculação, os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados à vagina pelo esperma. 1. Quando o protozoário atinge o hospedeiro e encontra condições favoráveis ao seu crescimento, ele coloniza a vagina ou a uretra. Transmissão não sexual: · Mães podem infectar filhos durante o parto; · Água ou fômites (roupas intimas, sanitários); · Material ginecológico (especulo). Patologia Por ser um parasita extracelular, ele não invade a célula. Dessa forma, o metabolismo do protozoário depende do ferro, que funciona como cofator enzimático e auxilia na síntese de enzimas que atuam como fatores de virulência. A obtenção do ferro é pela destruição de hemácias dos hospedeiros. A entrada do T. vaginalis ocorre na vagina quando há um aumento do pH. A elevação do pH vaginal na tricomoníase é evidente, com uma redução concomitante de Lactobacillus acidophilus e um aumento na proporção de bactérias anaeróbias. Lactobacillus acidophilus: são bactérias comensais que tem como função secretar fatores ácidos que inibem a ocorrência de infecções oportunistas do trato geniturinário. Um contato inicial entre T. vaginalis e leucócitos resulta na internalização e degradação das células imunes nos vacúolos fagocíticos do parasito. Na mulher, o parasita passa a se alojar, principalmente, na vagina, colo do útero e, mais dificilmente, no trato urinário. Complicações · Problemas relacionados com a gravidez: pode acontecer uma ruptura prematura de membrana, parto prematura, baixo peso do recém-nascido, natimortalidade, dentre outros. Isso acontece devido a resposta imune liberar diversas citocinas, que tem uma maior afinidade pelo tecido muscular liso. Assim, elas irão atuar no útero, promovendo contrações dessa musculatura e ocasionando um parto prematuro. · Problemas relacionados com a fertilidade: o T. vaginalis infecta o trato urinário superior, causando resposta inflamatória que destrói a estrutura tubária e danifica as células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem de espermatozoides ou óvulos através da tuba uterina. · Transmissão do HIV: a infecção típica faz surgir uma agressiva resposta imune celular local com inflamação do epitélio vaginal e da exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Assim, as células atraídas para combater o parasito, como os linfócitos (T CD4+) e macrófagos culminam para que o vírus do HIV tenha acesso facilitado para na corrente sanguínea. Sinais e sintomas Mulher Ocorre infecção principalmente no epitélio escamoso do trato genital. Cerca de 25 a 50% são assintomáticas, com o pH e flora vaginal normal. A vaginite é caracterizada pelos seguintes sinais clínicos: · Leucorreia (corrimento vaginal) de aspecto bolhoso, coloração amarelo-esverdeada, odor fétido - presente no período pós-menstrual; · Prurido (coceira) ou irritação vulvovaginal; · pH alcalino: redução de Lactobacillus sp; · Dispareunia e disúria. · A mucosa vaginal pode estar mais hiperemiada (avermelhada) e edemaciada (inchada) – acontece devido ao fluxo sanguíneo aumentado. Homem Em idade reprodutiva, pode ser assintomático. Já em mais velhos, podem ocasionar uretrite com fluxo leitoso ou purulento e prurido na ureta, além de epididimite e prostatite. Pode também apresentar: · Dores ao urinar e prurido; · Pela manhã, observa-se secreção clara, viscosa. Durante o dia, é escasso. · Alguns podem apresentar na região do prepúcio: secreção fina e branca; edemaciado; dores. Diagnóstico A investigação laboratorial é necessária e essencial para levar ao tratamento adequado e facilitar o controle da propagação da infecção. Na mulher: · Coleta de urina após 18-48h sem higienização; · Coleta com swab de fundo de saco vaginal (é um exame que utiliza lâmina); O tricomonas são mais abundantes no período menstrual. No homem: · Coleta de urina (primeiro jato); · Espermograma (menos comum); OBS: o diagnóstico no homem não é clínico devido à ausência de sintomas. IMPORTANTE: o exame microscópico de preparação a fresco e de esfregaços fixados e corados são os mais empregados comumente no diagnóstico. Tratamento Utiliza-se os seguintes medicamentos: · Metronidazol; · Tinidazol; · Ornidazol. IMPORTANTE: em gestante, não se deve utilizar medicamentos por via oral, sendo utilizado o tratamento local com cremes ou afins.
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