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Aula 05 - Procedimentos Processuais Penais

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PROCESSO PENAL APLICADO – ARA1054 
PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS PENAIS 
Processo é o instrumento para se conseguir a prestação jurisdicional, com uma sucessão de atos processuais específicos. 
Já procedimento é o modo pelo qual esses atos processuais devem ser cumpridos, ou seja, qual rito seguirão. 
Com o advento da Lei 11.719/2008, foi mudado drasticamente o procedimento penal, agora existe o procedimento penal 
ordinário e o especial. Analisaremos a seguir a particularidade de cada procedimento. 
Novos Procedimentos: Ordinário, Sumário ou Sumaríssimo 
O PROCEDIMENTO COMUM será ordinário, sumário ou sumaríssimo. Basicamente, ele será tratado pela quantidade de 
pena máxima aplicada para cada crime, ou seja, quando a pena máxima privativa de liberdade aplicada no tipo penal for 
igual ou superior a 4 (quatro) anos, o procedimento a ser empregado é o ordinário. 
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 
Oferecimento da Denúncia ou Queixa (Art. 41, CPP)→ Recebimento da Denúncia ou da Queixa (Art 395 e 396 CPP) → Citação 
do Acusado → Resposta à acusação → Absolvição Sumária (se for o caso) → Audiência de Instrução e Julgamento (8 
testemunhas) → Memoriais → Sentença 
O PROCEDIMENTO SUMÁRIO será utilizado quando a pena máxima em abstrato for inferior a 4 (quatro) anos e superior a 2 
(dois) anos de pena privativa de liberdade. 
Oferecimento da Denúncia ou Queixa → Recebimento da Denúncia ou Queixa → Citação do Acusado → Resposta à Acusação 
→ Absolvição Sumária (se for o caso) → Audiência de Instrução e Julgamento (Prazo máximo 30 dias/no Máximo 5 
testemunhas/Alegações finais orais) Artigo 531 a 534 do CPP → Sentença (em audiência, segundo Artigo 534, CPP) 
O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO será utilizado nos crimes de menor potencial ofensivo que tem pena de até 02 (dois) 
anos de reclusão, ou seja, continuam sendo tratados pela Lei 9.099/95 (Juizado Especial). 
Termo Circunstanciado → Audiência Preliminar (Art. 26) → Oferecimento da Denúncia ou Queixa →Citação do Acusado→ 
Audiência de Instrução e Julgamento (Nova tentativa de conciliação transação penal/Resposta à acusação/Recebimento da 
Denúncia ou Queixa / Oitiva da Vítima/Testemunhas, no máximo 5) e intimação do réu / Debates orais / Sentença)→ 
É muito importante que o advogado esteja atento a estas mudanças porque sua defesa deve-se pautar conforme cada 
procedimento e na forma específica. 
Questões Relevantes 
- Influências de Qualificadoras: A qualificadora altera as penas mínima e máxima do tipo, além de trazer novas elementares 
para o tipo, caracterizado por ser um tipo derivado autônomo ou independente. 
- Influências de causas de aumento ou diminuição: é conhecida como majorante e nada mais é do que uma hipótese em 
que a pena será aumentada, aplicando-se uma fração à sanção estabelecida no tipo penal, sendo analisada na 3ª fase da 
dosimetria da pena. 
- Influência de Agravantes e Atenuantes: são aquelas circunstâncias que devem ser levadas em consideração na segunda 
fase da dosimetria da pena, após a fixação da pena base e da consideração das atenuantes. 
- Conexão entre infrações de procedimentos distintos 
Os procedimentos informados acima estão nos artigos 394 e seguintes do Código de Processo Penal. Veremos a seguir as 
nuances dos procedimentos, já que em alguns pontos eles se identificam. 
Com a reforma do procedimento processual penal, foi instituída a possibilidade de o juiz rejeitar a denúncia ou a queixa 
liminarmente, ou seja, sem ser feita toda a instrução do processo e mesmo sem a citação do réu. Quando não rejeitar 
 
liminarmente a denúncia ou queixa, o juiz a receberá e, nesse caso, ordenará a citação do acusado, para que este apresente 
sua defesa no prazo de 10 (dez) dias (art. 396, CPP). 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for 
igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído 
pela Lei nº 11.719, de 2008). 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja 
inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na 
forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições 
em contrário deste Código ou de lei especial. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
§ 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento 
observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os 
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste 
Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e 
sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão 
prioridade de tramitação em todas as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, 
de 2016). 
Outra inovação na lei, foi que o prazo para apresentar a defesa quando a citação for por edital, será contado do 
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (art. 396, § único do CPP). 
O advogado deve ficar atento à nova forma de apresentar sua defesa, ou seja, assim que citado no prazo de 10 (dez) dias, 
o defensor deverá apresentar defesa e no texto poderá arguir preliminares, apresentar documentos, justificativas, 
especificar provas, arrolar testemunhas, exceção, etc. 
Como a defesa no processo penal é ampla, o advogado tem um bom caminho para produção de sua defesa. Não é adequado 
que o advogado exponha toda sua defesa em sede de Resposta Escrita, pois o momento mais adequado é futuramente, ou 
seja, em sede de alegações finais. 
A defesa preliminar é obrigatória, e se não for apresentada no prazo legal, o juiz nomeará outro advogado para fazê-la. 
Apresentada a defesa preliminar, os autos serão conclusos ao juiz, para análise do que foi descrito na denúncia e defesa 
preliminar. Nesse momento processual, o juiz pode tomar as seguintes decisões: 
Absolver sumariamente o acusado quando verificar a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato, 
entender que houve excludente de culpabilidade, salvo inimputabilidade, quando o fato narrado evidentemente não 
constituir crime, ou quando for extinta a punibilidade do agente. Se o juiz entender que não houve nenhuma adequação 
nos casos citados no parágrafo anterior, designará audiência de instrução e julgamento. 
 
Nessa audiência foi aglutinado quase todo o procedimento penal, sendo este o momento de produção de quase todas as 
provas. Com o novo procedimento, a parte inclusive poderá requerer o esclarecimento do perito, desde que o arrole e de 
imediato apresente as perguntas por escrito, antes da audiência. 
Outra importante inovação foi o deslocamento do interrogatório do réu para o final da audiência, ou seja, são ouvidas todas 
as testemunhas e apresentadas todas as provas e ao final o réu é interrogado. 
Nessa audiência serão ouvidas primeiro as testemunhas da acusação, e depois as testemunhas do réu, será feita acareação 
(pôr cara a cara, frente a frente. Ato pelo qual se apura a verdade no depoimento das partes e das testemunhas, colocando 
uns na presença dos outros, para que sejam esclarecidas contradições e divergências) quando necessário, reconhecimento 
de pessoas ou coisas e, no final, o interrogatório do acusado. 
Ocorreu uma mudança importante na forma de inquirição das testemunhas, ou seja, a parte deve formular as perguntas 
diretamente para as testemunhas. Essa foi uma boa inovação no procedimento. Vejamoso dispositivo legal: 
“Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à 
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, 
não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já 
respondida.” (Código de Processo Penal) 
O citado artigo trouxe uma maior amplitude de defesa para o réu, ou seja, o seu defensor pode fazer suas perguntas 
livremente, sem precisar dirigir a pergunta ao juiz e este repetir tal pergunta para a testemunha, o que muitas vezes é feito 
de maneira distorcida. 
 
No interrogatório, o réu pode se defender apresentando sua versão sobre os fatos narrados na denúncia ou queixa, poderá 
também, se for o caso, confessar o ocorrido, o que às vezes é a solução mais adequada. Caso o réu confesse o crime, terá 
um abatimento na pena (Art. 65, III, alínea d) Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
Código Penal), mas o juiz deverá levar em consideração as demais provas carreadas aos autos, como testemunhais, 
periciais, verificando entre elas se existem correlação com o fato confessado e se pode realmente chegar à conclusão que 
o acusado é mesmo o autor do crime. 
Terminada a inquirição das testemunhas, nesta ordem, o Ministério Público, o querelante e o assistente e a seguir o 
acusado, poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução (art. 
402, CPP). 
Não havendo diligências ou sendo estas indeferidas, as partes apresentarão suas alegações finais orais pelo prazo de 20 
(vinte) minutos, respectivamente a acusação e a defesa prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos, proferindo a seguir o juiz 
a sentença. 
No procedimento de Tóxico, Lei 11.343/06, possui procedimento próprio e não tem o requerimento de diligências devendo 
o advogado ficar atento ao procedimento previsto em lei. 
Na prática, como na maior parte das comarcas, a pauta de audiências é extensa e o tempo do juiz é pouco. Na maioria das 
vezes, a apresentação de alegações finais vem sendo realizada por memoriais. 
Também no caso do juiz entender que o caso é complexo, ou for muito grande o número de acusados, conceder-se-á às 
partes o prazo de 5 (cinco) dias, sucessivamente, para a apresentação de memoriais (Memorial tem o mesmo sentido de 
petição escrita) (art. 403, § 3º do CPP). 
 
 
 
 
 
Exercício 
Questão 1. Em processo sujeito ao rito ordinário, ao apresentar resposta escrita, o advogado requer a absolvição sumária 
de seu cliente e não propõe provas. O juiz, rejeitando o requerimento de absolvição sumária, designa audiência de instrução 
e julgamento, destinada à inquirição das testemunhas arroladas pelo Ministério Público e ao interrogatório do réu. Ao final 
da audiência, o advogado requer a oitiva de duas testemunhas de defesa e que o juiz designe nova data para que sejam 
inquiridas. 
Considerando tal narrativa, assinale a afirmativa correta. 
A ( ) O juiz deve deferir o pedido, pois a juntada do rol das testemunhas de defesa pode ser feita até o encerramento da 
prova de acusação. 
B ( ) O juiz não deve deferir o pedido, pois o desmembramento da audiência una causa nulidade absoluta. 
C ( ) O juiz só deve deferir a oitiva de testemunhas de defesa arroladas posteriormente ao momento da apresentação da 
resposta escrita se ficar demonstrado que a necessidade da oitiva se originou de circunstâncias ou fatos apurados na 
instrução. 
D ( ) O juiz deve deferir o pedido, pois apesar de a juntada do rol de testemunhas da defesa não ter sido feita no momento 
correto, em nenhuma hipótese do processo penal, o juiz deve indeferir diligências requeridas pela defesa.

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