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Panorama de Saneamento - Mundo, Brasil e Estado de Alagoas (2)

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1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o saneamento é a administração ou controle dos fatores físicos que podem exercer os efeitos nocivos aos homens, afetando seu bem-estar físico, mental e social. Ou seja, o saneamento seguro é essencial para a saúde, desde a prevenção de infecções até a melhoria e manutenção da saúde mental e bem-estar social.
Segundo Ribeiro & Rooke (2010), a oferta do saneamento correlaciona sistemas constituídos por uma infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional, que envolve os seguintes serviços: abastecimento de água à população; coleta, tratamento e disposição adequada de águas residuais (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas); acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos; coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações; controle de vetores de doenças transmissíveis; saneamento dos alimentos; saneamento dos meios de transportes; saneamento e planejamento territorial; saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação, de recreação e dos hospitais; controle da poluição ambiental.
No Brasil, os investimentos na área de saneamento básico tiveram início na década de 1950, mas foi apenas durante as décadas de 1970 e 1980 que esses investimentos ganharam destaques, uma vez que, surgiu o predomínio da visão de que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos países em desenvolvimento resultariam na diminuição das taxas de mortalidade; a partir disso, consolidou-se o Plano Nacional de Saneamento – PLANASA. (LEONETI et al. 2011)
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma investigação acerca dos cenários de saneamento básico no mundo, no Brasil e no Estado de Alagoas, tendo como referência a aquisição de informações por meio de pesquisas bibliográficas.
2. FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS
2.1. Panorama de Saneamento no Mundo
De acordo com informações contidas no relatório elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para infância (UNICEF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, cerca de 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo não têm serviços de água tratada, 4,2 bilhões de pessoas não têm serviços de saneamento adequado e 3 milhões não possuem estruturas básicas para a realização da higienização das mãos. Não obstante, este documento revela que, embora tenham sido feitos importantes progressos para alcançar o acesso universal à água, ao saneamento básico e à higiene, ainda há enormes falhas na qualidade dos serviços ofertados.
Conforme apresentado na figura 1, nem todos os países do mundo possuem o sistema de abastecimento de água para toda a população.
Figura 1 – Países com universalização de acesso à água e saneamento
Fonte: Projeto Colabora (2019).
Quando se trata de uma análise voltada para os serviços de saneamento a nível mundial, estima-se, conforme este relatório que 1 em casa 10 pessoas (785 milhões) são carentes de serviços básicos, incluindo os 144 milhões que bebem água não tratada. Os resultados deste estudo indica que 8 em cada 10 pessoas vivendo em áreas rurais não têm acesso aos serviços de saneamento e que, em 25% dos países que apresentam estimativas de diferentes grupos de poder aquisitivo, a garantia de serviços básicos para os grupos mais ricos é pelo menos duas vezes maior do que para os mais pobres. (UNICEF & OMS, 2019).
2.2. Panorama de Saneamento no Brasil
No Brasil, para que o serviços de saneamento básico sejam prestados adequadamente a preços acessíveis à população, existem cerca de 60 agências regulamentadoras que ditam normas e fiscalizam a prestação desses serviços, sendo elas, 25 estaduais, uma distrital, 28 municipais, e seis intermunicipais. Entretanto, 65% dos munícipios brasileiros estão ligados a essas agências. (ANA, s.d.)
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (2018), no Brasil o saneamento Básico compreende os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, tratamento de resíduos sólidos, e drenagem e manejo de água pluviais. 
Com relação aos serviços de abastecimento de água, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), afirma que, 83,6% dos brasileiros possuíam acesso aos serviços de abastecimento de água, enquanto que o serviço de esgotamento sanitário apenas 53,2% da população era atendida com coleta de esgoto (conforme mostra a figura 2), e 46,3% possuía tratamento de esgoto. Em 2017 foi lançado pelo atual Ministério do Desenvolvimento Regional, o Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas mostra que 38,6% dos esgotos produzidos no Brasil não são coletados e nem tratados, caracterizando as situações de esgotos a céu aberto; 18,8% dos esgotos são lançados nos corpos hídricos sem tratamento e os outros 42,6% são coletados e tratados antes de serem destinados aos corpos d’água. (ANA, s.d)
Figura 2 – Índice de atendimento total de água e esgoto no Brasil
Fonte: SNIS (2018)
	Quando se trata dos serviços de saneamento voltados para resíduos sólidos, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (2018), afirma que, a cobertura de serviços de coleta de resíduos domiciliares é de 98,8% da população urbana (levando em consideração uma amostra de 3.468 municípios do País). Além disso, cerca de 38,1% desses municípios têm coleta seletiva. Quanto às unidades de processamento de resíduos sólidos urbanos, o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos aponta que existem 1.037 lixões, 540 aterros controlados, 607 aterros sanitários e 1.030 unidades de triagem.
	Ainda de acordo com SNIS (2018), o Diagnóstico de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbana, registrou que 3.603 municípios participantes, o que corresponde a 54,8% dos municípios do país, têm sistemas de águas pluviais exclusivos para drenagem, e 24,6% possuem sistemas de águas pluviais unitários. Conforme esse diagnóstico, 566 municípios possuem soluções de drenagem natural, 370 possuem parque lineares ao longo dos rios e 150 utilizam reservatórios de amortecimentos de vazão de cheias e inundações. De todos os municípios investigados apenas 719 possuem Plano Diretor de Drenagem Urbana.
2.3. Panorama de Saneamento no Estado de Alagoas
De acordo com o estudo da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mais de 80% dos alagoanos não tem acesso ao saneamento básico. A CNI continua afirmando que 58 cidades registram doenças relacionadas à ausência de saneamento básico, como: diarreia, verminoses e as transmitidas pelo Aedes aegypti. Os levantamentos publicados pelo G1 AL aponta que somente 12 dos 102 municípios do estado de Alagoas tem política de saneamento. Diante disso afirma-se que, o saneamento básico no estado de Alagoas não é uma realidade para maioria, o que chega a ser algo caótico, uma vez que, o saneamento está totalmente relacionado à saúde.
Grande parte do dado dos alagoanos que não possuem saneamento básico está situada nos interiores do estado. No mais, em Maceió (capital do estado de Alagoas) existem diversos casos gritantes pela falta de saneamento, exemplo disso é o caso da Bacia Hidrográfica do Riacho Reginaldo.
A bacia hidrográfica do Riacho Reginaldo localiza-se na área urbana do município de Maceió com área de drenagem de 27 km2 e apresenta grandes problemas de degradação ambientais e de deficiências na infraestrutura urbana, especialmente de saneamento básico, pois tem sofrido com problemas ligados ao escoamento das águas de chuva e com alagamentos frequentes em vários pontos (SILVA et al., 2017). Segundo Pimentel (2019) e Silva (2017), as vazões permanentes na foz do Riacho Reginaldo caracterizam-se como esgoto sem tratamento (Ilustrado na figura 3), comprometendo assim qualidade do ambiente e colocando em risco a saúde da população que convive com esse ambiente. 
Figura 3 – Poluição presente no Riacho Reginaldo
Fonte: Folha de Alagoas (2017).
Os impactos sobre a drenagem urbana são evidentes, uma vez que a impermeabilização do solo é consequência direta da urbanização, tendo em vista que o crescimento urbano foi muitomais intenso que a capacidade de planejamento e ordenamento urbanos. É válido ressaltar também que, a poluição presente no riacho Reginaldo comprometeu a vida de peixes e a economia dos que viviam da pescaria. No mais, com a falta de estrutura na rede de esgotos de Maceió (que chega a ser uma das mais precárias do Brasil), devem-se levar décadas até conseguirem revitalizar o velho riacho (JÚNIOR, 2009).
3. METODOLOGIA
Para a construção deste artigo científico foram realizadas pesquisas bibliográficas e análises preliminares sobre o tema abordado. Foram coletadas informações em artigos, revistas e trabalhos acadêmicos, publicados entre os anos de 2010 à 2020. Para obter os dados desta pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: OMS – Organização Mundial da Saúde, SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, Panorama de saneamento no mundo, saneamento básico no Brasil, saneamento básico no Estado de Alagoas. Este estudo teve como base uma estratégia de pesquisa qualitativa de caráter descritivo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao se tratar da rede de saneamento básico no estado de Alagoas, mais especificamente a cidade de Maceió, dados do IBGE 2017 apontam que existe uma extensão total da rede de distribuição de água de cerca de 1.444 km, uma distribuição de 194.640 m3 de volume de água tratada distribuída por dia, o volume de água consumido por dia chega a cerca de 83.388 m3, além do índice de perdas calculados de 57,2%, o que acarreta a uma grave situação, tendo em vista que a água doce e potável é um bem legal que pode entrar em escassez daqui a uns anos, portanto faz-se necessário o uso da mesma com consciência.	
Em relação ao esgotamento sanitário por rede por rede coletora 26.115 m3 é a média do volume de esgoto tratado por dia.
Hodiernamente um caso mais específico ocorre na cidade de São Miguel dos Campos, alagoas, segundo dados do IBGE 2010, 15% da população não possuía rede de esgotamento sanitário (figura 4), o que acarretava diversos problemas principalmente na saúde, sucedendo a um contratempo secundário, existindo a necessidade de um maior investimento na saúde publica, tendo em vista o aumento de pessoas doentes, além de esgotos a céu aberto (figura 5), podendo agravar em situações futuras, existindo surtos de epidemias como, dengue, chikungunya e zika vírus. A população sofria também em época de chuvas com enchentes, muitas das vezes levando a perdas dos seus bens materiais.
Figura 4 – Dada de São Miguel dos Campos - AL
Fonte: Censo – IBGE/Rural – PNSR
Figura 5 – Esgotos a céu aberto em São Miguel dos Campos –AL
Falta imagem
Fonte: Mariana Salvador 
	Na gestão atual (2022), a prefeitura municipal de São Miguel dos Campos em parceria com o governo federal, está encaminhando uma obra com finalidade de construir uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) (fiura 6), a mesma irá receber o esgotamento sanitário da parte com déficit nesse sistema. 
Figura 6 – Local da ETE
Fonte: Prefeitura Municipal de São Miguel dos Campos
A ETE contará com: dois reatores UASB, uma lagoa de polimento e um leito de secagem com oito células. Vale ressaltar que apenas será tratada na ETE as aguas de esgoto, as águas pluviais (da chuva) já são tratadas em outra estação.
5. CONCLUSÃO
(Fazer conteúdo)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA). Programa de Saneamento do Brasil. (s.d.)
BRASIL. Diagnósticos SNIS 2018. Ministério do Desenvolvimento Regional. Out, 2019.
LEONETI, A. B.; PRADO, E. L.; OLIVEIRA, S. V. W. B. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de Administração Pública (RAP), Rio de Janeiro, 45(2):331-48, Mar/Abr. 2011.
MILHORANCE, F. Saneamento, uma triste exceção. Projeto Colabora, 2019.
OMS. Diretrizes sobre saneamento e saúde. 2018.
RIBEIRO, J. W.; ROOKE, J. M. S. Saneamento básico e sua relação com meio ambiente e a saúde pública. Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2010.
UNICEF & OMS. Progresso sobre a água, saneamento e higiene: 2000-2017: Foco especial nas desigualdades. Nova Iorque, Genebra, 2019.
Ferreira, Arnaldo. Gazeta de Alagoas. MAIS DE 80% DOS ALAGOANOS NÃO TÊM SANEAMENTO BÁSICO, DIZ CNI. 2020. Disponível em: < https://www.gazetadealagoas.com.br/economia/276308/mais-de-80-dos-alagoanos-nao-tem-saneamento-basico-diz-cni?_=amp >. Acesso em 22 de abril de 2022.
Folha de Alagoas. Força-tarefa faz levantamento dos principais problemas encontrados no Riacho Reginaldo. 17 de fevereiro de 2017. Disponível em: < https://folhadealagoas.com.br/2017/02/14/forca-tarefa-faz-levantamento-dos-principais-problemas-encontrados-no-riacho-reginaldo/ >. Acesso em 22 de abril de 2022.
JÚNIOR, Rubens. Evolução da urbanização e seu efeito no escoamento superficial na bacia do riacho regional, Maceió - AL. 2009. Disponível em: < https://folhadealagoas.com.br/2017/02/14/forca-tarefa-faz-levantamento-dos-principais-problemas-encontrados-no-riacho-reginaldo/ >. Acesso em 21 de abril de 2022.
INFOSANBAS. Visualização de dados de saneamento básico, São Miguel dos Campos. Alagoas. Disponível em:< https://infosanbas.org.br/municipio/sao-miguel-dos-campos-al/ > Acesso em 22 de abril de 2022.
4 PROBLEMAS GERADOS PELO SANEAMENTO BÁSICO INADEQUADO NO BRASIL. Summit saúde. Disponível em: <https://summitsaude.estadao.com.br/desafios-no-brasil/4-problemas-gerados-pelo-saneamento-basico-inadequado-no-brasil/amp/ > Acesso em 21 de abril de 2022.
Casal. DOIS CONSÓRCIOS OFERECEM R$ 1,645 BILHÃO POR LEILÕES DE SANEAMENTO EM ALAGOAS. 2016. Disponível em: <https://www.casal.al.gov.br/2021/12/dois-consorcios-oferecem-r-1645-bilhao-por-leiloes-de-saneamento-em-alagoas/ > Acesso em 23 de abril de 2022.
IBGE. Pesquisa nacional de saneamento básico. 2017. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/al/maceio/pesquisa/30/84366. > Acesso em 22 de abril de 2022.

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