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Hilário Oliveira T29 @hilarioof – S4 1 HIPOTIREOIDISMO LEVOTIROXINA (T4) A tiroxina tem meia-vida de 7 dias e é mais bem absorvida no duodeno e no íleo. Deve-se atentar antes da administração, pois o fármaco é modificado por fatores intraluminais, como: • Alimentos • Fármacos • Acidez gástrica • Microbiota intestinal O ideal é que o paciente faça o uso em jejum e que seja respeitado um horário mínimo de meia hora até a ingestão de algum alimento, suplementos ou até outros medicamentos, tais como antiácidos. Apresentação Comprimidos: 25, 50, 75, 88, 100, 112, 125, 150, 175, 200 (mcg). Mecanismo de ação Substituição do hormônio que não está sendo produzido → mantém a conversão periférica de T4 em T3. Posologia • O cálculo em adultos jovens se dá por 1,2 a 1,7 mcg/Kg/dia. • O cálculo em idosos se dá por 1 a 1,5 mcg/Kg/dia. • A reposição plena média é de 112 ± 19 µg/dia. A decisão do cálculo inicial de dose (entre 1,2 a 1,7) será feito de acordo com fatores como taxa hormonal, idade, fármacos em uso, doenças pré- existentes. Ex. em um paciente com cardiopatia, o mais correto seria iniciar o cálculo de dose inicial pela dosagem mais baixa (1 mcg). – Uma dose mais alta iria por o paciente em risco, visto que os hormônios tireoidianos ativam o SN parassimpático, que estimula o aumento das atividades cardiovasculares. Outra recomendação de iniciar com doses mais baixas e segurar a dose por mais tempo são idosos, visto que a taxa metabólica é mais baixa. INTERAÇÕES CaCO3, Fe e Antiácidos • Atrapalham na absorção. A ingestão de minerais, ferro e antiácidos alteram o Ph e competem por vias de absorção. Ex. paciente gestante que faz uso de levotiroxina e ferro → a conduta seria espaçar a tomada dos dois medicamentos, com a ingestão da levotiroxina ao acordar, 30 minutos antes de comer e a ingestão do ferro após o almoço. Metabolismo: • Hepático (CYP3A4). • Indutores enzimáticos da CYP3A4 aumentam a depuração de T4 → rifampicina, carbamazepina, fenitoína, sertralina. Indutores enzimáticos aumentam a depuração do fármaco. Amiodarona: • Reduz a conversão de T4 em T3 • Interfere na ligação o T3 com seu receptor Tem iodo na sua estrutura e tem uma meia vida muito longa. Alguns pacientes cardiopatas podem desenvolver o hipotireoidismo por conta do uso da amiodarona. LIOTIRONINA (T3) Seu uso clínico é mais baixo pois tem meia-vida mais curta e causa mais efeitos adversos. 3-4x mais potente que a levotiroxina. • Tem uma meia-vida de 24h, sendo necessário o uso de múltiplas doses diárias → causando dificuldade de monitorar a adequação do paciente. Evitada em pacientes com doença cardíaca. • Tem maior risco de cardiotoxicidade Associação em dose fixa de tiroxina e liotironina (liotrix). • Não apresenta vantagem em relação a T4 isolada Hilário Oliveira T29 @hilarioof – S4 2 Seu uso se dá principalmente em paciente com quadro hormonal crítico. A terapia do hipotireoidismo tende a se resumir a levotiroxina, sendo uma boa opção, com poucos efeitos adversos (exacerbação de efeitos simpatomiméticos - caso pré-existentes). Levar sempre em consideração pacientes cardiopatas. HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Níveis elevados de TSH e níveis normais de hormônio tireoidiano. • TSH <10 mUI/L • TSH >10 mUI/L → já pensar na reposição. Outros fatores a serem avaliados são: • Sintomatologia do paciente (Ex. astenia, intolerância ao frio, ganho de peso associado a diminuição do apetite, mixedema, constipação...) Porque tratar? • Evitar a progressão do hipotireoidismo. • Melhorar o perfil lipídico. • Reverter os efeitos do hipotireoidismo. • Retomar o TSH aos níveis normais. • Deve-se fazer o controle laboratorial a cada 6 semanas. • Iniciar o tratamentos em doses mais baixas e aumentar progressivamente em cerca de 15 dias. Fator de risco: • Tomada de decisão. Substâncias que podem diminuir a secreção de hormônio tireoidiano: • Amiodarona (meia-vida longa – 20-100 dias). LEVOTIROXINA (T4) NO HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO Retorno das concentrações de TSH ao normal, devendo ser feito o controle laboratorial a cada 6 semanas. Iniciar com baixas doses → 25-50 mcg/dia (aumentando a cada 15-20 dias). Reduzir dose e aumentar espaço em idosos. HIPOTIREOIDISMO DURANTE A GESTAÇÃO O hipotireoidismo durante a gestação pode levar ao aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, parto prematuro e natimorto. Recomenda-se o aumento da levotiroxina em 25 a 30%: • Aumento inicial de 25 mcg/dia. TSH: • No 1º trimestre → 0,1-2,5 mUI/l. • No 2º trimestre → 0,2-3 mUI/l. • No 3º trimestre → 0,3-3 mUI/l. Ex. paciente 30 anos, 60Kg, gestante e diagnosticada com hipotireoidismo, faz uso de levotiroxina 100 mcg/dia → a conduta a ser tomada é aumentar a dose para 125 mcg/ dia e monitorar os níveis de TSH. Obs. Em pacientes que descobriram o quadro de hipotireoidismo durante a gestação, a dose de cálculo será de 2,0-2,4 µg/Kg/dia. HIPOTIREOIDISMO NO IDOSO Idoso sem doença cardíaca → pode ser iniciada a dose de 50 mcg/dia. Idoso com doença cardíaca → iniciar com 12,5 a 25 mcg/dia durante 2 semanas e aumentar de 12,5 a 25 mcg/dia a cada 2 semanas até o eutireoidismo. Mixedema → em pacientes com grande deficiência hormonal (ex. pacientes que não sabem que tem a doença). COMA MIXEDEMATOSO Estado terminal do hipotireoidismo não tratado. Deve ser tratado na UTI: • Grandes reservas de sítios de ligação de T3 e T4 não ocupados, que devem ser ocupados para que haja tiroxina livre. • Dose de ataque de: o Levotiroxina – 300 a 400 mcg IV o Seguidos de: 50 a 100 mcg/dia • Uso de T3 IV: o Risco cardiotóxico e mais difícil de monitorar (evitar). Hilário Oliveira T29 @hilarioof – S4 3 HIPERTIREOIDISMO O tratamento para o hipertireoidismo vai se dar através do uso de drogas antitireoidianas, iodo radioativo (I131) e ressecção cirúrgica. Nenhuma delas é considerada ideal, visto que não atuam diretamente na etiologia/patogênese da disfunção. TIONAMIDAS Metimazol → Tempo de meia-vida: 6h Propiltiouracil 100mg →Tempo de meia-vida: 1,5h Mecanismo de ação Impedir a síntese de hormônio • Inibem a oxidação e ligação do iodeto intratireoideano. Ademais, o Propiltiouracil também: • Inibe a transformação periférica de T4 em T3. • Resposta mais rápida em relação ao Metimazol por também agir no hormônio já formado. PROPILTIOURACIL: Composto por comprimidos de 100mg. Uso clínico: • Hipertireoidismo recorrente da doença de graves. • Preparação para tireoidectomia. Via, dose e posologia: • 1 Cp/ 8-8h (3x/dia - 300mg/dia) o Manutenção → 1-2 Cp/dia • Hipertireoidismo grave e grandes bócios o 2 Cp/ 8-8h (600mg/dia) – dose máxima. A terapia dura algumas semanas até a estabilização e então seguem para 1 a 2 comprimidos ao dia de manutenção. METIMAZOL: Comprimidos de 5 e 10g Uso clínico: • Hipertireoidismo recorrente da doença de graves. • Preparação para tireoidectomia. • Quando a tireoidectomia é contraindicada ou desaconselhada. • Pré-terapia com iodo radioativo. Via, dose e posologia: • 15 mg/dia → leve • 30 – 40 mg/dia → moderadamente grave • 60 mg/dia → grave A manutenção é de 5 a 15 mg/dia. Conforto posológico comrelação ao Propiltiouracil: Uma vantagem sua é que até 30 mg pode ser usada a dose única, sendo preferível para alguns pacientes (hipertireoidismo leve a moderado). Geralmente 2x/dia (60 mg é a dose máxima). TIONAMIDAS NO GERAL: • Apresentam melhor resposta em bócios menos volumosos o Redução do tamanho da tireoide durante o tratamento • Em 2 semanas é observado a redução do nervosismo, palpitações e há ganho de peso • Habitualmente a melhora laboratorial é observada em 6 semanas o Afetam mais a síntese do que a liberação dos hormônios tireoidianos • Deve ser feito o acompanhamento mensal de T3, T4, TSG, TGO, TGP, Hemograma. • O tratamento dura em média 2 anos e deve ser feito o desmame na retirada. • Podem ocorrer recidivas após a retirada do fármaco. HIPERTIREOIDISMO EM GESTANTES Os fármacos atravessam a barreira placentária, causando risco de hipotireoidismo fetal, o que levaria a fatores como bócio e cretinismo. Ambos os fármacos são da categoria D de risco para a gestante. Metimazol: • Aplasia cútis O Propiltiouracil se liga mais fortemente em proteínas plasmáticas, logo, menores quantidades do fármaco estarão presentes na circulação, fazendo assim com que menores quantidades atravessem a barreira placentária. Hilário Oliveira T29 @hilarioof – S4 4 No Metimazol, além de menor ligação a proteínas plasmáticas, causando maior quantidade chegando à barreira placentária, podem causar aplasia cútis (má formação de pele). • Deve-se trabalhar com a mínima dose possível. Propiltiouracil → 200mg/dia com ajuste de dose no decorrer da gestação (a demanda da gestante vai aumentar no decorrer da gestação) – logo, o ajuste será o de diminuir a dose. • Avaliar a função tireoidiana do recém- nascido. • Doses mínimas detectadas no leite. No 1º trimestre é preferível o uso de Propiltiouracil. REAÇÕES ADVERSAS DAS TIONAMIDAS • Rash cutâneo e urticária em 4-10% dos casos • Náuseas e desconforto gastrointestinal • Artralgias, linfadenopatia, hipoprotrombinemia • Hepatotoxicidade → hepatite grave por Propiltiouracil Hematológicos: Os casos são raros. • Linfopenia e neutropenia (se abaixo de 2500 células suspender) • Agranulocitose: menos de 1% dos pacientes no início do tratamento ou em uso irregular (dor de garganta e febre) o Acompanhamento dos pacientes deverá ser feito com hemograma seriado. IODOTERAPIA NO HIPERTIREOIDISMO Indicações: • Reações adversas graves as tionamidas • Tratamento de bócios nodulares tóxicos • Tratamento de bócios difusos tóxicos Mecanismo de ação: • Diminuem tanto o tamanho quanto a vascularidade da glândula hiperplásica, podendo ser usada como preparação para ressecções cirúrgicas. • Inibem a liberação de hormônio, causando rápida melhora dos sintomas tireotóxicos → média de 2 a 7 dias. A saturação de iodo impede os processos de transporte e síntese de hormônios → inibição por feedback negativo. A administração em excesso pode causar um efeito rebot no paciente, levando ao hipertireoidismo novamente. IODO RADIOATIVO (I131): A administração é VO. Emite radiação beta de baixa intensidade (afetando somente as células foliculares tireoidianas) Uso: hipertireoidismo (1ª linha ou recidiva) ou cirurgia Terapia: • 5 mCi para bócios menores que 30g • 10 mCi para bócios entre 30-60g • 15 mCi para bócios maiores que 60g Efeito adverso: hipotireoidismo. Oftalmopatia pode ser agravada O tratamento ocorre por 6-8 semanas para surtir efeito. Dependendo da gravidade dos sintomas, administra-se Metimazol ou propranolol para alívio dos sintomas. Contraindicado para: Crianças e adolescentes. Evolução para hipotireoidismo – dose dependente. OUTROS FÁRMACOS UTILIZADOS BETA BLOQUEADORES: propranolol, atenolol, metoprolol. • Antagonizam algumas manifestações da tireotoxicose. • Pode ser utilizado quando se espera efeito das drogas antitireoidianas ou I131 AMIODARONA: • Possui estrutura análoga aos hormônios da tireoide, eliminação lenta, cada drágea possui 75 mg de iodo. • Pode causar hipotireoidismo por inibir a síntese e liberação hormonal. • Pode causar hipertireoidismo por ser fonte de iodeto.
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