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ASPECTOS GERAIS DE AÇÃO DE FÁRMACOS Estereoquímica e as Interações envolvidas no reconhecimento molecular: Ligante/Sítio Receptor Prof. Dr. Fernando Fumagalli Aula Passada • Propriedades físico-químcas • Lipofiliciade (logP e logD) • Grau de ionização (pKa) • Existem guias para auxiliar no desenvolvimento de fármacos biodisponíveis por via oral • O mais conhecido é a Regra dos cinco de Lipinski • PM < 500 • logP < 5 • < 5 doadores de H • < 10 aceptores de H • Regra adicional proposta por Veber • < 10 ligações rotacionáveis • Meio Aquoso • Meio Lipídico • Meio Aquoso Bibliografia Cap. 1 e 13 Cap. 1 e 5 Cap. 2 e 4 Fatores que interferem na ação dos fármacos Propriedades físico-químicas Lipofilicidade Grau de ionização Propriedades estruturais Estereoquímica e conformação Tipos de interações entre o ligante e sítio receptor Farmacocinética Farmacodinâmica Porque a estereoquímica de um composto é importante na química medicinal? Talidomida Mutagênico Porque a estereoquímica de um composto é importante na química medicinal? Enzima DNA Porque a estereoquímica de um composto é importante na química medicinal? Porque a estereoquímica de um composto é importante na química medicinal? Porque a estereoquímica de um composto é importante na química medicinal? • Custo Omeprazol vs Esomeprazol R$ <10,00 vs R$ > 90,00 Esomeprazol (Nexium®) Estereoquímica clássica Isômeros Isômeros constitucionais Estereoisômeros Enantiômeros (Imagem especular) Diastereoisômeros (não são imagem especulares) Diastereisômeros configuracionais Diastereoisômeros cis-trans Estereoisômeros são isômeros que possuem a mesma conectividade, mas diferem um do outro na disposição dos átomos no espaço. Estereoisômeros podem ser enantiômeros ou diastereoisômeros. ENANTIÔMEROS – propriedades físico-químicas idênticas, exceto pelo desvio do da luz-planopolarizada Quando introduzidos num ambiente assimétrico, podem apresentar propriedades físico-químicas diferentes, o que pode levar a diferenças na farmacocinética e farmacodinâmica DIASTEREOISÔMEROS – todos os estereoisômeros que não são enantiômeros Apresentam diferenças nas propriedades físicas e químicas (PF, PE, solubilidade, comportamento cromatográfico) Diastereisômeros configuracionais Diastereoisômeros cis-trans Estereoquímica não-clássica •Atropoisomerismo (efeito orto) • Enquanto estereoisômeros clássicos geralmente necessitam de um evento de quebra de ligação para a interconversão de isômeros, atropoisômeros são dependentes de tempo e temperatura para sua interconversão via rotação da ligação, a qual é determinada pelo impedimento estérico e efeitos estereoeletrônicos. Estereoquímica não-clássica •Atropoisomerismo (efeito orto) Future Med. Chem., 2018, 10(4):409-422 Estereoquímica não-clássica •Atropoisomerismo (efeito orto) Future Med. Chem., 2018, 10(4):409-422 Estereoquímica não-clássica •Atropoisomerismo Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters 28 (2018) 53–60 Estereoquímica clássica • Identifique os centros de quiralidade Configuração absoluta e a atividade biológica • Reconhecimento molecular ligante receptor 1933- Modelo de Easson e Stedman: o reconhecimento molecular de um ligante contendo um centro estereogênico envolveria a participação de 3 pontos no receptor Configuração absoluta e a atividade biológica • Reconhecimento molecular ligante receptor 3 interações entre ligante-receptor, maior interação, maior potência (S) (R) Configuração relativa e a atividade biológica Configuração relativa e a atividade biológica Conformação e a atividade biológica • As variações de arranjo espacial envolvendo a rotação de ligações covalentes sigma, associadas a energias inferiores a 10 Kcal/mol, caracterizam as conformações. Conformação farmacofórica e conformação bioativa Restrição Conformacional - Seletividade Conformação farmacofórica e conformação bioativa Os compostos abaixo são capazes de se ligarem à cavidade menor do DNA, conferindo uma importante atividade anti-proliferativa. Considerando que o composto 1 pode apresentar duas possíveis configurações, E e Z, e, tomando como referência seu o composto ativo rígido 2, qual isômero de 1 é o mais ativo, 1a ou 1b? Justifique sua resposta Os compostos abaixo são inibidores duais, apresentam capacidade de inibir tanto enzimas ciclooxigenases 1 e 2, quanto as enzimas lipoxigenases 5 e 15.baseados nos dados de atividade dos compostos 17 e 19, frente às enzimas COX-1 e COX-2, responda as perguntas abaixo, justificando baseando-se em preceitos da relação estrutura e a atividade desta série de compostos. a) Você diria que há algum tipo de impedimento estérico envolvido na interações dos compostos 17-19 com a COX-1? E com a COX-2? b) Baseado na resposta anterior, os sítios de ligação das enzimas COX-1 e COX-2 apresentam o mesmo tamanho? Se forem diferentes, qual enzima teria o maior sítio ativo? c) Substituições nas diferentes posições do anel A às quase estão ligados substituintes (posições orto e meta, ligadas ao anel B e posição para, ligada a um grupo n-propila) possuem o mesmo efeito? Este efeito é igual ou diferente para as enzimas COX-1 e COX-2? Relação estrutura atividade - REA Uma vez estabelecido quais os grupos são importantes para a atividade de um fármaco, a próxima etapa é identificar o farmacóforo. O Farmacóforo são os grupos importantes na interação com o alvo responsáveis pela atividade e a posição relativa desses grupos no espaço (a distância entre cada grupo funcional) A relação estrutura-atividade (REA) é a relação entre a estrutura química de uma molécula e sua atividade biológica. • A análise da REA permite a determinação dos grupamentos químicos responsáveis por um efeito biológico; • A REA é determinada após a obtenção de diversos compostos, com diferentes padrões de substituição pata verificar como essas modificações interferem na atividade biológica. a) Comparando os compostos 1e e 9g, qual o efeito pela adição de um grupo metila na cadeia alquila lateral (aumentando de C3H9 pra C5H11)? b) Comparando os compostos 1e vs 12c, 9b vs 12b e 9d vs 12d você concluiria qual dos isômeros E (trans) e Z (cis) seria o mais ativo frente ao receptor de interesse? c) Analise a influencia dos anéis ligados em 1´ Os derivados 1-12, apresentados abaixo, são inibidores do receptor canabinóide CB1 e foram descritos na literatura (J. Med. Chem., 2007, 50, 4048-4060). Suas atividades, representadas em valore de Ki (lembrete: quanto menor o balor, maior a afinidade do compostos por seu receptor alvo), demonstram a importância do grupamento R para a referida atividade. Analisando cuidadosamente os compostos e suas estruturas, responda as questões: ASPECTOS GERAIS DE AÇÃO DE FÁRMACOS Estereoquímica e as Interações envolvidas no reconhecimento molecular: Ligante/Sítio Receptor Prof. Dr. Fernando Fumagalli Interações envolvidas no reconhecimento molecular: Ligante/Sítio Receptor Ligação de H Ligação Covalente Íon-Íon Dipolo-dipolo Interações de van der Walls π stacking Interações hidrofóbicas Ligação de halogênio Íon-dipolo Como os fármacos se ligam aos alvos terapêuticos? Fármacos se ligam a alvos particulares em enzimas, receptors, etc. No caso de enzima – sítio ativo. Receptores tem bolsos de ligação formada entre hélices transmembranares, onde os fármacos normalmente se ligam (nem sempre é o ponto de ligação de agonistas). Estes sítios compreendem uma variedade grande de ácidos aminados, que proporcionam características específicas de forma 3-D e propriedades moleculares: • Carregados: CO2 - , NH3 +, =NH-+ • Grupos polares: OH, C=O, CONH • Grupos hidrofóbicos: Ph, Alkyl, SMe Em enzimas, centros de reação estão também presentes: • Asp-His-Ser em esterases • SH em algumas proteases • Íons metálicos (CYP-450, iNOS). N H O N H N H O O OO O SER S GLU E PHE F N N NN Fe CO 2 H HO 2 C Grupo Heme – iNOS, CYP-450 Pequenas moléculas se ligam a esses bolsos através da combinação de: - Complementariedade - Interações energicamente favoráveis Complementariedade NH N S N H N H CN NH N NH 2 Cimetidina Histamina Antagonista de receptor H2Inibidor da enzima iNOS AZ10896372 Arginina N N + N H NH 2 F F H O N N NH 2 N + NH 2 H NH 3 + O O O fármaco deve encaixar no Sítio de ligação e a complementaridade é uma importante característica da molécula de fármaco. Inibidor enzimático competitivo normalmente se assemelha ao substrato, visto que se ligam ao mesmo Sítio ativo. O que é verdade para alguns antagonistas de receptores, mas nem todos. A força de interação depende da complementaridade das propriedades físico-químicas de átomos ligantes – superfície de proteína e estrutura do ligante. Os Sítios de ligação não são rígidos. A cadeia lateral de ácidos aminados proporcionam mobilidade ao alvo macromolecular. Uma variedade de estruturas correlacionadas podem então ser acomodados por movimentos que mudam a forma do sítio ativo. Isto é conhecido por ‘Hipótese do Encaixe Induzido’. Forças de interação – por definição é reversível, porém... • Covalente • Eletrostáticas • Interação de hidrogênio • Interações hidrofóbicas Interação Fármaco-Proteína Quando o fármaco se desloca do meio aquoso para dentro do sítio de ligação ocorre uma quebra de ligações-H com a água, desolvatação, etc. Este processo requer energia, então a ligação de energia total é apenas uma fração das energias acima Ligação Exemplo kJ/mol Van der Waal grupos alquílicos 2 Hidrofóbica Ph…Ph (p-stacking) 5 Dipolo – Dipolo C=O…HN-R (d+/d-)...(d+/d-) 5 Hidrogenio H2O…H2O (X-H) …(Y-R) 35 Ion - Dipolo F-…H2O (+/-ve)…(d+/d-) 170 Ion - Ion H+…Cl- (+ve)…(-ve) 450 Covalente C-O 350 Interação Fármaco-Proteína Interações eletrostáticas (íon-dipolo; dipolo-dipolo; íon-íon) Neuraminidase Inhibitor (Antiviral GSK) O O OOH OH OH R R N N N H H H H H ARG - + AZ-10896372 iNOS Inhibitor N N N H O N N F H + N H H O O GLU F • Resultado da atração entre moléculas com cargas eletrônicas opostas. • Interações iônicas fortes podem contribuir muito para ligação ao alvo. • Proteínas contendo resíduos de CO2 - e NH3 + podem estar presentes no sítio de ligação para interagir com cargas opostas no fármaco. Interações eletrostáticas (íon-dipolo; dipolo-dipolo; íon-íon) pKa = 12.48 pKa = 10.48 pKa = 6.00 pKa = 3.65 pKa = 4.25 Interações eletrostáticas (íon-dipolo; dipolo-dipolo; íon-íon) Ligação de halogênio (dipolo-dipolo) • Em ambiente de interação proteína-ligante, ligações de halogênio podem ser formadas entre o ligante halogenado e qualquer base de Lewis acessível no bolso de ligação. J. Med. Chem. 2013, 56, 1363−1388 Interações de Ligação de Hidrogênio D-X-H….Y-A ex. R-O-H…..O=C N N N O N N F H + N H H O H N H O N H H O H H O OH OOH O O R R H HO O GLU AZ10896372 - iNOS complex Ligação de H entre amida e tirosina Inibidor de Neuraminidase Ligação de H reforçada ppor carga Uma interação de hidrogênio acontece quando o átomo de hidrogênio é compartilhado por dois átomos eletronegativos O Doador fornece o H, enquanto o Aceptor fornece o par de elétron Interações de Ligação de Hidrogênio HBA = Aceptor de ligação de hidrogênio HBD = Doador de ligação de hidrogênio Interações de Ligação de Hidrogênio Interações de Ligação de Hidrogênio Forças de interação – por definição é reversível, porém... • Covalente • Eletrostáticas • Interação de hidrogênio • Interações hidrofóbicas Interações hidrofóbicas • Fármacos, em geral, são moléculas hidrofóbicas • Os Sítios de Interação de proteínas também tem características hidrofóbicas • Atração mútua resultante. • O que direciona esta atração? ❑ Ganhos de Entalpia resultantes de ligações de van der Waals: • Entre Alquil e Aril • π-π Stacking é um tipo importante ❑ Ganhos de Entropia alcançado quando a molécula de água é deslocada do Sítio Ativo, e retorna a um estado mais aleatório (alta S). • Cada -(CH2)-pode contribuir >1 kJ/mol para a ligação • Cada -Ph pode contribuir >2 kJ/mol para a ligação • Estes efeitos são aditivos e gera Interação hidrofóbica • Pode ter alta contribuição para a ligação Interações hidrofóbicas Interações hidrofóbicas Moléculas de água estão em alto estado de desorganização. Cada molécula maximiza as Ligações-H com outras moléculas de água Quando um fármaco hidrofóbico está em água, a estrutura da água em torno do fármaco é mais organizado. Isto permite que as interações De H entre H2O-H2O sejam mantidas. Isto reduz a entropia e não é favorecido. Interações hidrofóbicas F E FE • Interação hidrofóbica entre Fármaco e Proteína é favorecida pelo ganho de entropia: • Moléculas de água retornam para um estado desorganizado • Moléculas de água são repelidas do sítio de interação. • Além disso, ocorre ganho de entalpia devido às novas ligações formadas (por exemplo, interações de van der Waals) Complexo de transferência de carga π- π Stacking Complexos entre grupos ricos em elétrons (doadores) e grupos pobres em elétrons (aceptores) –Doadores: alcenos, alcinos ou aromáticos com substituintes doadores de elétrons, oxigênio, nitrogênio, etc... –Aceptores: alcenos, alcino e aromáticos com grupos retiradores de elétrons Forças de interação – por definição é reversível, porém... • Covalente • Eletrostáticas • Interação de hidrogênio • Interações hidrofóbicas Ligação Covalente • Raramente formado entre fármacos e receptores; • Quando irreversível: destruição da macromolécula por endocitose ou via química Ligação Covalente Exemplo Geral Considerando a estrutura do composto A, e sítio ativo de uma enzima X apresentados abaixo, responda: a) Qual a melhor forma de interação deste fármaco com seu receptor? b) Identifique cada tipo de força de interação possíveis para esse composto e essa porção enzimática representada. Qual a interação mais forte das apresentadas.
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