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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA PSICOLOGIA ANA JULIA SILVA MORINO TIRELLI ANDREIA DA SILVA SANTANA BEATRIZ DURAM GONÇALVES GUILHERME CHAVES CINTRA MARIA HELENA FRANÇA FERREIRA PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA JOGO DAS CORES PROIBIDAS - VYGOTSKY São José do Rio Preto 2019 1 ANA JULIA SILVA MORINO TIRELLI RA:N30571-1 ANDREIA DA SILVA SANTANA RA:D620FH-7 BEATRIZ DURAM GONÇALVES RA:N36384-3 GUILHERME CHAVES CINTRA RA:N307JC-8 MARIA HELENA FRANÇA FERREIRA N228CJ-7 PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA JOGO DAS CORES PROIBIDAS - VYGOTSKY Trabalho realizado pelos alunos do curso de Psicologia, com o objetivo de aplicar o Jogo das Cores Proibidas, de Vygotsky, em crianças de 4 à 9 anos, e analisar os resultados obtidos. Orientadora: Prof.ª Lara Cucolicchio Lucatto São José do Rio Preto 2019 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………..…………….4 2 DESCRIÇÃO DO TRABALHO.....................................................................6 2.1 OBJETIVO……………………………………………………………………....6 2.2 SUJEITOS .................................................................................................6 2.3 LOCAL DE PESQUISA.............................................................................6 2.4 MATERIAL USADO...................................................................................7 2.5 REGRAS E ETAPAS DO JOGO ..............................................................7 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................9 4 CONCLUSÃO ............................................................................................15 5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..............................................................16 6 ANEXOS ....................................................................................................16 3 1 INTRODUÇÃO Lev Vygotsky (1896-1934), é considerado o teórico da abordagem da Psicologia Sócio Histórica. Vygotsky defendeu que o desenvolvimento do ser humano ocorre somente através das interações que cada um estabelece em determinado ambiente. Sendo um desenvolvimento dialético entre o homem e a sociedade, ficando o homem capaz de modificar o ambiente e o ambiente também capaz de o modificá-lo. Desta forma, define que a aprendizagem do homem é um processo de formação resultante do contato da sociedade, que interfere no desenvolvimento do pensamento e do raciocínio de cada um. Dando valor às relações sociais no processo de construção do indivíduo. Sua corrente teórica sustentou o sócio construtivismo ou sócio interacionismo. Explicando que ao nascermos possuímos funções psíquicas elementares, e através da aprendizagem cultural provocamos a formação das funções psíquicas superiores. Justamente essa função psíquica superior nos diferencia dos animais, e entre elas estão a consciência e o discernimento, por exemplo. Fatores importantes da teoria de Vygotsky: - Mediação, que é a obtenção do conhecimento por meio de um elo estabelecido entre o indivíduo e o ambiente. Existindo dois tipos de mediadores, instrumentos que mediam a ação sobre objetos e os signos que regulam a ação sobre o psiquismo. - Linguagem, que pode ser vista como uma aquisição de um sistema representativo dado através dos signos que são construídos culturalmente e se tornam capazes de transformar os processos psicológicos de origem sócio cultural. - Cultura, universo de significações capaz de permitir a construção a interpretação do mundo real. - Processo de interiorização, que envolve um componente interno e outro externo e que sendo interpessoal se torna intrapessoal. 4 Vygotsky desenvolveu através de seus estudos os conceitos de nível de desenvolvimento real, que se refere à capacidade de realizarmos tarefas de forma independente que são resultados de um processo de desenvolvimento já completo e consolidado. O nível de desenvolvimento potencial, que se refere à capacidade de desempenharmos tarefas com a ajuda de pessoas mais experientes. E o nível de desenvolvimento proximal como a distância entre o nível de desenvolvimento real, através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em sua colaboração com pessoas mais experientes. 5 2 DESCRIÇÃO DO TRABALHO 2.1 OBJETIVOS - Verificar a habilidade da criança na utilização de instrumentos e signos culturais como auxiliares na lembrança (memória) de instruções em situações de jogos. - Observar a existência e a freqüência da fala egocêntrica usada pela criança na tentativa de dirigir e organizar suas ações. - Observar como a capacidade das crianças de memorizar instruções, oferecidas em três situações de jogo, vai se construindo no decorrer de seu desenvolvimento físico e intelectual. 2.2 SUJEITOS Criança 1: Matheus, 9 anos, masculino, 4° ano ensino fundamental. Criança 2: Enzo, 6 anos, masculino, 2° ano ensino fundamental. Criança 3: Antonella, 9 anos, feminino, 4° ano ensino fundamental. Criança 4: Alice, 6 anos, feminino, 1° ano ensino fundamental. 2.3 LOCAL DE PESQUISA Criança 1 - Matheus local da pesquisa: Sala de jantar da casa do entrevistado quem jogou: Ana Julia Morino quem anotou: Andreia Santana quem observou: Guilherme Chaves Cintra Criança 2 - Enzo local da pesquisa: Sala de jantar da casa do entrevistado quem jogou: Andreia Santana quem anotou: Ana Julia Morino quem observou: Maria Helena França 6 Criança 3 - Antonella local da pesquisa: Sala de estar da casa do entrevistado quem jogou: Beatriz Duram quem anotou: Maria Helena França quem observou: Guilherme Chaves Cintra Criança 4 - Alice local da pesquisa: Quarto da entrevistada quem jogou: Guilherme Chaves Cintra quem anotou: Maria Helena França quem observou: Beatriz Duram 2.4 MATERIAL UTILIZADO Ficha de orientação; Roteiro com perguntas; Caneta e papel para anotações; Objetos citados na ficha de orientação. Oito cartões (nas cores azul, vermelho, verde, amarelo, alaranjado, marrom, branco, preto). 2.5 REGRAS E ETAPAS DO JOGO Regras do Jogo: O jogo consiste em pedir à criança que responda a um conjunto de questões relativas a cores, seguindo dois tipos de instruções: não mencionar duas cores estabelecidas no início como proibidas; não repetir cores que já tenham sido mencionadas no decorrer da tarefa. Vence o jogo quem obedecer rigorosamente as duas regras acima: responder às 18 questões sem falar as cores proibidas e sem repetir as cores já faladas. A criança deve ser orientada a responder “eu não posso falar essa cor”, para as situações em que ela seja proibida ou repetida. As três tarefas devem ser aplicadas individualmente numa única vez. Etapas do Jogo: TAREFA 1 - Jogo sem cartões auxiliares e sem ajuda dos pesquisadores. Responder a um total de 18 questões sem repetir cores e nem falar as duas cores proibidas. 7 TAREFA 2 - Jogo com cartões auxiliares e sem ajuda dos pesquisadores. As regras são as mesmas da tarefa 1; no entanto, fornecer à criança 8 cartões coloridos que pode ser utilizado da forma que desejar. Sinalizar para a criança que os cartões podem ajudá-la a ganhar o jogo. TAREFA 3 - Jogo com cartões auxiliares e com ajuda dos pesquisadores. Os pesquisadores sugerem o uso dos cartões com o objetivo de ganhar o jogo e mostram à criança, por exemplo, como virar o cartão da cor correspondente na medida em que cada uma é mencionada. Entre uma questão e outra, são feitas outras questões para não “cansar” a criança. 8 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS TAREFA 1 – SEM cartões e SEM ajuda. Primeira regra: cores proibidas – amarelo e verde. Segunda regra: não repetir as cores. Tabela 1 - análise dos resultados obtidos na Tarefa 1 Fonte: elaborada pela autora. Legenda: Erro A - falar cores proibidas. Erro B - repetir uma cor dita antes. Errado - respondeu a cor errada. Certo - criança respondeu a cor correta ou disse “não posso dizer” nas cores proibidas e/ou repetidas. Gráfico 1 - análise quantitativa dos resultadosobtidos na Tarefa 1 Fonte: elaborada pela autora 9 TAREFA 2 – COM cartões e SEM ajuda. Primeira regra: cores proibidas – azul e vermelho. Segunda Regra: não repetir as cores. Tabela 2 - análise dos resultados obtidos na Tarefa 2 Fonte: elaborada pela autora. Legenda: Erro A - falar cores proibidas. Erro B - repetir uma cor dita antes. Errado - respondeu a cor errada. Certo - criança respondeu a cor correta ou disse “não posso dizer” nas cores proibidas e/ou repetidas. Gráfico 2 - análise quantitativa dos resultados obtidos na Tarefa 2 Fonte: elaborada pela autora 10 TAREFA 3 – COM cartões e COM ajuda. Primeira regra: cores proibidas – marrom e alaranjado. Segunda Regra: não repetir as cores. Tabela 3 - análise dos resultados obtidos na Tarefa 3 Fonte: elaborada pela autora. Legenda: Erro A - falar cores proibidas. Erro B - repetir uma cor dita antes. Errado - respondeu a cor errada. Certo - criança respondeu a cor correta ou disse “não posso dizer” nas cores proibidas e/ou repetidas. Gráfico 3 - análise quantitativa dos resultados obtidos na Tarefa 3 Fonte: elaborada pela autora 11 Como se apresenta o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas? Matheus, apresentou um ótimo desempenho ao executar corretamente grande parte da atividade apresentada, demonstrando um bom uso da memória e atenção. Já Enzo, Antonella e Alice, apresentaram um menor desempenho. Enzo cometeu com frequência os dois erros possíveis, se preocupando mais em acertar as cores dos objetos do que cumprir as regras oferecidas pelo jogo, mesmo afirmando ter entendido elas. Antonella apresentou um pouco mais de evolução pois seu erro mais frequente foi repetir as cores ditas anteriormente, mas se manteve atenda as cores que eram proibidas. E Alice apresentou baixo desempenho quanto à memorização das regras do jogo, se recordando apenas no final que haviam cores proibidas e que também não podia repetir as já ditas. Como se apresenta o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos consistindo em cartões coloridos? Matheus consultou com mais frequência os cartões, que os serviu para ajudá-lo a responder corretamente a maioria das perguntas. Já Enzo não utilizou os cartões com tanta frequência, quando ele os utilizou serviram para auxiliá-lo na resposta, mas ele pareceu não estar atento completamente à eles. Antonella embaralhou os cartões de uma forma que para ela se mostrou mais simples em sua memorização, e quando teve acesso aos cartões seu desempenho foi melhor do que na tarefa em que não teve acesso à eles. Alice utilizou os cartões para auxiliar na sua organização com as cores que já haviam sido ditas. 12 Como se apresenta o desempenho da criança nas tarefas envolvendo memória de instruções que lhe são oferecidas em que ela pode utilizar recursos externos, consistindo em cartões coloridos, e contar com a ajuda do adulto? Matheus contou com a ajuda dos cartões e do adulto, consultando os cartões com alta frequência e inquirindo o adulto em questões pontuais a respeito dos objetos apresentados. Enzo não apresentou um desempenho melhor nas tarefas em que pode receber auxílio do adulto, a utilizando poucas vezes, e fazendo corretamente a atividade nessas vezes em que solicitou a ajuda. Antonella alterou a ordem dos cartões e não solicitou a ajuda do adulto, mantendo um desempenho parecido no segunda teste onde tinha apenas o uso dos cartões, mas apresentando melhora em relação ao primeiro, onde não tinha ajuda nenhuma. Alice apresentou uma melhora no seu desempenho quando entendeu a ajuda dos cartões e do adulto. Há variação do desempenho da criança, quando comparada consigo mesma nas três diferentes condições estudadas? Sim, por exemplo com Matheus, das três tarefas ele apresentou o menor rendimento na segunda, apesar da ajuda oferecida pelos cartões. Mesmo ele tendo achado que havia perdido, foi a criança que apresentou o melhor desempenho nas três tarefas propostas. Já com Enzo notamos que ele obteve melhora no desempenho quando optou por pedir ajuda ao adulto, mas ele solicitou poucas vezes essa ajuda, inferindo na quantidade pequena de acertos. Antonella ao decorrer das tarefas foi compreendendo melhor seu objetivo e funcionamento, havendo assim uma variação no seu desempenho comparada consigo mesma nas atividades anteriores. E Alice apresentou um melhor desempenho quando pode contar com a ajuda dos cartões e do adulto, aumentando gradativamente seu número de acertos. 13 Que estratégias verbais e não verbais a criança utiliza durante a execução das tarefas propostas nas condições estudadas? Notamos que as estratégias de Matheus foram levar as mãos a boca quando pensava e fazer gestos em negativa, indicando para si mesmo que a cor não poderia ser dita. Estava tranquilo, ouviu atentamente as perguntas e observou todos os cartões com atenção antes de responder algo, além de questionar o adulto quando surgiam suas incertezas. Enzo ao tentar se recordar das cores proibidas sem o auxílio dos cartões gesticulava com o intuito de seus movimentos o fazer recordar quais eram, demonstrou nervosismo no início e questionou sobre a que parte dos objetos nos referimos, por exemplo: Qual a cor da maçã? e ele perguntou: a cor da casca ou do meio?. Também gesticulou com a cabeça em sinal de negação indicando que não poderia responder pois era uma cor proibida. Antonella se manteve quieta durante todo o jogo, não expressando reações e nem gestos, sua única estratégia foi o uso dos cartões, organizando-os sempre de uma forma que facilitasse sua resposta. Alice no momento em que não tinha ajuda do adulto se mostrou extremamente confusa, questionando muito sobre as cores e falava que não sabia responder a pergunta. Fez muitos sinais negativos e expressou ansiedade e inquietação. Quando obteve ajuda ela demonstrou alívio e segurança, organizando seus cartões sozinha e dava gargalhadas quando tinha certeza que havia acertado por não dizer a cor proibida. Como se dá à interação com o adulto na condição em que a criança pode contar com sua ajuda? Em qual faixa etária essa atuação é mais eficiente? Matheus ao interagir com o adulto demonstrou curiosidade acerca dos objetos e do jogo em si, e recebeu bem a contribuição do adulto, o que pode ter contribuído para seu bom desempenho. A ajuda do adulto beneficiou Enzo, ele possuía dúvidas simples em relação aos objetos, mas por ter solicitado poucas vezes a ajuda isso pode ter prejudicado seu desempenho, podendo ele ter sido melhor. Antonella não utilizou a ajuda do adulto, mesmo sabendo que a teria. E Alice usou a ajuda do 14 adulto, porém não em todas as perguntas, ela intercalou entre a ajuda dele e seus cartões, para ter certeza ao responder, quando não conseguia ter certeza ela falava em voz baixa e esperava que o adulto completasse o nome da cor. A faixa etária de Matheus, 9 anos, foi a que melhor aproveitou a ajuda do adulto. 4 CONCLUSÃO A teoria de Vygotsky oferece uma nova lógica e a partir dela podemos entender o desenvolvimento interno da aprendizagem e do conhecimento. Concluímos que na atividade proposta do Jogos das cores proibidas, as crianças entrevistadas se saíram melhor quando obtiveram o auxílio dos cartões do adulto, do que quando dependiam apenas de si mesma. Porém nessa atividade realizada, na qual ela precisou de ajuda, futuramente conseguirá realizá-la sem auxílio. Colocando a relação de erro e acerto em outra perspectiva, a de que o ato de errar não deve ser encarado como incapacidade, e sim como indicador de que certos conhecimentos necessitam ser estimulados. Através da importância da cultura, da linguagem e das relações sociais, Vygotsky fornece uma base para a educação, na qual o indivíduo é visto em sua totalidade, na multiplicidade de suas relações com os outros, e na sua especificidade cultural, em toda sua dimensão histórica, estandoem um processo de construção e reconstrução permanente. 15 5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BERNI, Regiane Ibanhez Gimenes. Mediação: o conceito Vygotskyano e suas implicações na prática pedagógica. São Paulo. Disponível em: http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_334.pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2019. MALUF, M. R.; MOZZER, G. N. S. Operações com signos em crianças de 5 a 7 anos. In: Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, vol. 16, nº 1, jan./abr. 2000. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ptp/v16n1/4389.pdf. Acesso em: 6 de outubro de 2019. OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª ed. São Paulo: Scipione, 1997. 6 ANEXOS Cartas de apresentação Consentimentos informados Roteiro de perguntas Ficha de horas 16
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