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Produção Gráfica para Designers

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Produção Gráfica para Designers – André Villas Boas
RESUMO
Noções Fundamentais
Impressão é a transferência de pigmentos de uma matriz para um suporte que pode ser papel, plástico, madeira, metal ou tecido no intuito de obter cópias. Para ter essa transferência, é preciso realizar os processos de produção, que para os designers é chamado de offset.
O processo de produção consiste de quatro etapas:
1. Projetação: Toda a ideia é desenhada e arquivada.
2. Pré-impressão: Digitação e edição do projeto.
3. Impressão: Produção da matriz.
4. Acabamento: Cortes, refile, aplicação de vernizes e revestimento, grampeamento e encadernação.
Maquina plana e rotativa
No processo de produção existem duas maquinas de impressão, a plana e a rotativa. A primeira já é ultrapassada e só encontrada em gráficas de porte pequeno. Já a segunda é muito mais rápida, com menos impacto durante o processo, assim tendo maior durabilidade.
Traço, retícula e meio-tom
Também dentro do processo de impressão temos o traço, retícula e meio-tom. Traço nada mais é do que traços preenchidos por cores uniformes, sem variações, como vemos nos desenhos aninhados e em histórias em quadrinhos. No dia-a-dia isso é diferente, em vez de traços são utilizadas variações de cores, chamadas de meios-tons, que podem ser abruptos ou tênues. Esse, no entanto não é tão simples de reproduzir num impresso. Para isso é preciso transformar os meios-tons em pequenos pontos que se misturam em nossa visão. Por conta disso, os pontos simulam as cores naturais das formas, que são organizadas em retículas. Se utilizarmos uma lente de aumento, será possível perceber a simulação através dos pontos.
Quando não há meio-tom, temos uma impressão a traço, que é dada pela impressão formada por apenas uma cor física. É como no caso dos grandes jornais, onde os textos são impressos a traço e as fotos por meios-tons. Nas fotos em preto e branco, os meios-tons são formados apenas com a tinta preta, e nas 
fotos coloridas são usadas outras tintas, que em nossa visão são misturadas, porem cada tinta é impressa separadamente.
Tipos de pontos
Existem formas diferentes de pontos, de acordo com a retícula. As mais comuns são formadas por quadrados, pois os meios-tons são mais satisfatórios, dependendo da maquina de impressão. Existem também retículas em forma de elipse, que reproduzem melhor os tons de pele clara e morena, muito usadas em revistas mais sofisticadas e livros de arte.
Já os pontos redondos são mais produtivos feitos em maquinas rotativas, que produzem trabalhos coloridos de boa qualidade.
Ganho de pontos
As retículas pedem um certo cuidado, pois pode ocorrer o efeito conhecido como “ganho de pontos”, que é uma variação da forma dos pontos, aumentando de tamanho. Seus efeitos são, entupimento das retículas, escurecimento das imagens, traços pesados e textos ilegíveis por perda de contraste com o fundo. Porém não há uma forma de reduzir o ganho de pontos, como no caso de jornais, cujo maquinário e papel geram variações que chegam a um terço do tamanho do original. A saída é adaptar o layout ás restrições do projeto, evitando detalhes muito pequenos.
Máximas, mínimas e neutros
Áreas de máximas (ou sombras): São aquelas com mais quantidade de pontos, que vemos como mais escuras ou com maior quantidade de tinta.
Áreas de mínimas (ou altas-luzes): São partes da imagem que possui uma pequena quantidade de pontos, que representam tons claros ou a própria cor do suporte. As imagens com reflexos, são exemplos de mínimas.
Meias tintas: são áreas entre as máximas e mínimas. As meias tintas podem também ser referidas como meios-tons.
Podemos falar também em outro termo que se classificam em três noções, são os tons neutros, que são os diversos tons de cinza, formados por mínimas (cinzas escuros), por mínimas (cinzas claros) ou por meias tintas.
Fotogravura e fotolito
A maior parte das impressões necessitam de uma matriz física para as cópias. Para esse tipo é utilizada a fotogravura. Esse precisa de um elemento que funcione como uma “máscara”, que será colocada sobre uma superfície que servira como matriz, sensível à luz. Sob a luz a máscara expõe ou esconde áreas, para que sofram ou não a ação da luz, assim determina na matriz as áreas. Que receberão tintas, reproduzindo os elementos gráficos na impressão.
A máscara é feita de acetato, e é chamada de fotolito no processo offset. O fotolito é sempre formado por áreas pretas e outros transparentes. O que dará cor ao impresso será a tinta utilizada, assim, é preciso um fotolito para cada uma das tintas. Nos anos 1990, os fotolitos eram produzidos por fotografia e montagem manual, o que era muito caro, porém, depois que surgiram os métodos eletrônicos, os preços caíram. A fotogravura e o fotolito estão sendo substituídos por processos informatizados de gravação de matrizes, como Ctp e sua variante Ctpress. Esse produzindo as matrizes utilizando feixes de laser, enviados a partir de arquivos de computador. Os processos de impressão digital não necessitam de fotolitos, pois, suas matrizes são virtuais, não precisando de máscara para a produção.
Lineatura
A resolução de imagens de computador é definida pela DPI (dots per inch –pontos por polegadas), porém, nos fotolitos, a resolução depende dá LPI (lines per inch – linhas por polegadas). Ele se refere a frequência dos pontos na retícula. Maior a frequência, menores os pontos e mais simulados serão os meios-tons. Menor frequência, pontos maiores e em menor quantidade formam as retículas, sendo mais visíveis aos olhos, resultando na deficiência dos meios-tons.
Quem define a lineatura pode ser o birô de pré-impressão ou o designer, depende do formato do arquivo que será fornecido. Em arquivos abertos quem define é o birô e em arquivos fechados, é o designer.
Há dois fatores para determinar a lineatura: o papel e o equipamento disponível. No caso do papel, quanto mais absorvente, menor deve ser a lineatura, pois, se os pontos forem muito pequenos e próximos poderá estourar por excesso de tinta.
A medida da resolução das imagens em DPI deve ser o dobro da LPI.
A matriz e seus elementos
Em todo processo de reprodução se imagina cópias e consequentemente, a matriz de onde veio. As matrizes podem ser físicas ou virtuais. As físicas recebem nomes diversos, geralmente de acordo com o material que são feitas ou com seu aspecto físico: chapa (offset), cilindro ou forma (rotogravura), tela (serigrafia), borracha (flexografia), rama e clichê (tipografia. A maioria dos processos utiliza matrizes que imprimem simultaneamente mais de uma unidade, ou seja, a matriz é maior que o produto final, por isso cabem mais de uma lâmina ou página. Para economizar tempo e mão de obra, são impressos várias páginas ou lâminas ao mesmo tempo. Uma exceção a isso são os processos digitais e equipamentos de serigrafia, no qual soa impressos cada cópia separadamente, pois a matriz e o papel são mais ou menos do mesmo tamanho que o produto final.
Por haver mais de uma lâmina ou papel na mesma matriz, é preciso ter alguns elementos que facilitem a operação durante e após a impressão. É preciso que haja indicações na matriz para ser impressa nas folhas e orientar o corte das páginas. Tais elementos são:
Formato de fábrica – É a folha de papel adquirida de fabricantes e distribuidores. Tem formas padronizadas e têm suas dimensões medindo cerca de um metro.
Formato de entrada em máquina – Nem sempre as bocas da máquina têm o tamanho do formato de fábrica, como o ideal. Quando as maquinas são menores, as folhas sofrem um pré-corte.
Margens laterais da folha – É a primeira coisa a ser observada na matriz e no aproveitamento do papel. Toda impressão que utiliza cilindros, necessita das laterais do papel para fazer correr por seus mecanismos. Além disso, o manuseio e o transporte do papel podem comprometer as bordas, correndo o risco de ficarem amassadas ou manchadas durante a impressão, o que faz serem desprezadas. Cada máquina pede uma mínima determinada margem.
Margem da pinça – Elemento exigido por váriosmodelos de impressoras, principalmente as de baixa velocidade: o papel entra na máquina através da pinça, que puxa as folhas para dentro. Muitas vezes, essa pinça, amassa, suja e até mesmo rasga o papel, sendo preciso desprezar essa área da folha. Assim, além de três margens laterais, é preciso deixar uma maior, a margem onde a pinça irá atuar.
Marcas de impressão – São elementos
Gráficos que precisam estar na matriz e que serão impressos na folha para auxiliar o acabamento, sendo desprezadas após. Existem três marcas fundamentais: as marcas de corte (que indicam onde o impresso deve ser cortado), as marcas de dobra (muito semelhante ao de corte, porém, tracejadas, indicam onde o impresso será dobrado), e as marcas de registro (é a composição de cores que se encaixam emas nas outras, para que se encaixam umas nas outras, para que não se sobreponham nem pareçam borrados).
Barra de controle – Outro elemento que é impresso nas folhas, mas descartado no final. É fundamental para que o gráfico avalie a qualidade do trabalho, como a quantidade e o registro.
Área de impressão – É a área que se dará a impressão. Do formato em máquina, se separam as margens laterais, a margem da pinça e a área onde será ocupado pelas barras de controle.
Sangramento – São impressos que ultrapassam a linha de corte, parecendo ser o próprio papel.
Caderno – Na impressão paginada, cada uma das folhas impressas é dobrada de acordo com o número e o formato das páginas e três de seus lados são aparados para que as páginas se abram. Assim uma folha que é impressa 8 páginas em cada face se transforma em 16 páginas. Elas ficam unidas por uma dobra e um dos lados, que servirá para encadernação.
Imposição de páginas – Essa etapa é a montagem da matriz. É preciso organizar os fotolitos das páginas. Fazendo que após a dobra, elas estejam na sequência correta. Isso é tarefa do montador da chapa, e é realizada na gráfica. Quando gravada digitalmente por software, porém, não é tarefa do designer.
Formato aberto / Formato fechado – Mesmo recebendo dobras, todo projeto é impresso aberto. O mesmo para as páginas de um livro ou de uma revista, são impressas lado a lado e abertas, que serão dobradas e cortadas depois, formando o caderno. Esse processo chama-se Formato aberto. Um livro que quando fechado no processo final, tem 15 cm de largura, em formato aberto possui 30 cm. A definição desses formatos é fundamental para a produção de qualquer impresso que precise de dobra, pois a montagem da chapa é feita através do Formato aberto, e o acabamento só é possível com o Formato fechado.
Meio-Tom e Cor
Impressão em P&B e Monocroma
Em um impresso P&B, o que faz os tons cinza que vemos, é apenas a tinta preta. A quantidade e o tamanho dos pontos pretos é que produz cada tom. Reticulas Fechadas são para tonalidades mais escuras. Nas partes pretas não existe reticula, não existe uma variação de tintas. As reticulas abertas, por sua vez são para tons mais claros, até o branco, que não contem tinta.
Os impressos monocromáticos usam uma tinta só. O processo de meio tom é também obtido com as reticulas.
Impressão em cores
Outro uso para reticulas é misturar tintas
Produzindo cores diferentes, para produzir cores, costuma-se usar apenas quatro cores de tinta. Essas tintas são misturadas opticamente pela quantidade de pontos pequenos e de cores variadas. Enxergamos os pontos como meios-tons que apresentam cores diferentes das que realmente foram usadas.
Por usarem apenas quatro cores de tinta, são feitas apenas quatro impressões no mesmo papel. Essas impressões simulam todas as outras cores.
Policromia
Uma impressão colorida é chamada de policromia. Estas podem ter quatro ou mais tintas diferentes.
Cor de Seleção e Cor de Escala
Um conjunto de cores básicas usadas na policromia é chamada de cores de seleção.  Escala são as cores que são criadas opticamente por essas cores básicas. Todos os meios-tons que formam a escala são chamados de cor de escala.
A escala usada na produção de policromias é formada pelas cores ciano, magenta, amarelo e preto. Muito conhecido como escala Europa.
A escala Europa e escala CMYK são a mesma coisa.
Computadores não são pré-definidos para produzir arquivos em CMYK, e sim RGB (red., Green e blue). É sempre necessário que se configure o computador para que os fotolitos fiquem corretos.
CMYK e GBR são muito diferentes. As misturas de suas cores produzem resultados opostos. As luzes vermelhas, verdes e azuis juntas, produzem feixe branco, já as tintas ciano, magenta, e amarelo juntas, produzem preto.
Especificações das cores de escala
Para um designer saber o tom exato de cada cor na hora da impressão, é preciso que tenha a escala CMYK completa em mãos. 
Todos os programas de computador usados pelos designers são em escala CMYK. Ao indicar a cor escolhida, na verdade ele está indicando o número de reticulas a serem utilizadas. 
Um exemplo: 
Para um tom de laranja com 10% de magenta e 80% de amarelo. Com essa combinação de pontos, enxergamos o laranja desejado. 
Para a identificação das cores na hora da seleção, são usadas as iniciais depois da porcentagem como 10m e 80y.
Separação de cores
A separação de cores pode ser feita por qualquer programa gráfico usados por designers. Ela é usada para que as cores dos layouts possam ser impressas separadamente.
Ajustes na policromia: os métodos VCR e GCR
Em uma foto não se pode determinar todos os meios-tons. O que é possível fazer é editar pequenos conjuntos de tonalidade.
O que irá determinar os meios-tons são feitos automaticamente pela câmera ou scanner usados. 
Quando uma imagem é convertida de RGB para CMYK ganham mais três tons. Os cinzas e os tons escuros se convertem automaticamente com as porcentagens das cores CMYK.
Com essa conversão, cria-se muitos pontos, o que provoca exagero na quantidade de tintas, causando muitas vezes rasgos durante a impressão e aumento de custos.
Para que isso não aconteça, existe um limite de soa das porcentagens, por isso é necessária uma correção nas porcentagens. Existem dois processos para realizar tal correção. O VCR (undercolor renoval, em português remoção de cores sobrepostas) e o GCR( Gray component replacement , em português substituição de componentes cinzas). Ambos os métodos tiram as três cores da escala Europa, mas de maneiras diferente. Substituindo-os por mais pontos pretos
De acordo com as especificações do design, o GCR ou o VCR farão o cálculo das porcentagens de cada tinta para que na hora da separação das tintas, as cores fiquem o mais próximo dos originais. Quanto mais GCR ou VCR for usado, menos tom e brilho haverá na imagem, ficando assim mais econômica e com menos chance de ter erros.
O UCR atua primeiramente nos tons neutros da imagem e é mais usado no dia-a-dia do designer. O GCR diminui a porcentagem de CMYK também, mas não só em tons neutros. O GCE e UCR devem ser aplicados em imagens com o padrão RGB, pois não alteram imagens já convertidas. É sempre recomendável salvar um arquivo em CMYK e outro em RGB.
HiFi Color e Hexacromia Pantone 
Alem da escala CMYK existem mais duas disponíveis no mercado. O Hi Fi Color que aumenta três cores de seleção na escala CMYK. E a outra escala pouco usada em nosso país é chamada de escala Pantone esse escala produz cores mais vivas e atinge tons que a
Escala CMYK não alcançam, porem tem alto custo.
Reticula Estocástica
O termo estatístico se refere à uma trama de pontos majoritariamente usada. Retícula estocástica é outro sistema de simulação de meios-tons que é usada nas impressoras coloridas pessoais.
As retículas FM têm melhores definições e cores mais vivas.
Cores especiais
Existem impressões que não utilizam meios-tons, mas apenas traços. As cores ou tintas utilizadas nessas ocasiões são chamadas de cores especiais.
Áreas Chapadas e Cores Chapadas
A expressão chapada significa que o impresso será feito sem variações de tom. Um retângulo vermelho que ocupa um terço da página é chapado se for impresso com tinta vermelha. Área chapada é a área ocupada na chapapor este quadrado.
Cores nos processos sem policromia
Nem todo processo consegue simular cores com reticularem ( isso inclui grande partidos e equipamentos no Brasil). Nesses casos a cor impressa será igual a tinta e para obter novas cores é necessário aplicar outra tinta.
Especificação das cores especiais
1. Uso do catálogo do fabricante de tintas
É o procedimento mais seguro, mas que não contém muitas opções de cores. Basta pedir o catálogo de cores para a gráfica.
2. Uso da escala Pantone
É o melhor procedimento para offset. É uma escala de 14 cores que produzem 1114 cores especiais.
3. Uso da escala CMYK para mistura de
tintas
É o procedimento mais popular no Brasil. O design mostra a cor que deseja segundo a escala CMYK impressa e o gráfico mistura tintas até alcançá-los. É importante lembrar-se de conhecer a cor após uma secagem no papel que é diferente da tinta pura. 
4. Mistura de tintas a partir de uma amostra de cor
É a mistura de tintas para obter a cor cedida pelo produtor ou designer. A cor poderá ficar mais clara dependendo do suporte, sendo fundamental que o produtor dê a palavra final antes da impressão. 
Entrada em máquina (Código X/Y)
Cada cor de seleção em uma publicação corresponde a uma impressão separada, igual com cores especiais. Cada uma dessas impressões chama-se entrada em máquina (termo usado pelos gráficos).
Fatores que comprometem a fidelidade das cores
Alguns erros comprometem a fidelidade da impressão. Os erros mais comuns são a nova conversão para a escala CMYK, influência do papel, o carregamento da tinta (a quantidade de tinta pode alterar a tonalidade) e a instabilidade do processo.

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