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Trabalho Dir. Familia - Marcos Vinicius Dorea Cardoso

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RESPOSTAS 
QUESTÃO 1. 
Sim. O(a) companheiro(a) sobrevivente terá seu direito sucessório resguardado, 
uma vez que, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) não 
há distinção entre cônjuge e companheiro (mediante união estável). Contudo, 
neste caso cabe a aplicabilidade do art. 1829 do Código Civil. Segue 
jurisprudência nesse sentido: 
RE 878694 Ementa: Direito constitucional e civil. Recurso extraordinário. Repercussão 
geral. Inconstitucionalidade da distinção de regime sucessório entre cônjuges e 
companheiros. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família 
legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias 
formadas mediante união estável. 2. Não é legítimo desequiparar, para fins 
sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento 
e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é 
incompatível com a Constituição de 1988. 3. Assim sendo, o art. 1790 do Código Civil, 
ao revogar as Leis nºs 8.971/94 e 9.278/96 e discriminar a companheira (ou o 
companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos conferidos à esposa 
(ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade, da dignidade 
humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente, e da vedação do 
retrocesso. 4. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o entendimento ora 
firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha havido trânsito 
em julgado da sentença de partilha, e às partilhas extrajudiciais em que ainda não haja 
escritura pública. 5. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão 
geral, da seguinte tese: “No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a 
distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser 
aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002”. 
RE 878694 ED PROCESSO ELETRÔNICO JULG-26-10-2018 UF-MG TURMA-TP 
MIN-ROBERTO BARROSO N.PÁG-006 DJe-238 DIVULG 08-11-2018 PUBLIC 09-11-
2018. 
Portanto, fica resguardado o direito real de habitação do(a) companheiro(a) em 
ação possessória que, com fulcro no art. 1831, do CC, fica estabelecido que é 
assegurado o direito real de habitação ao cônjuge, e interpreta-se que este 
direito se estende ao companheiro, tendo em vista a decisão do STF firmada, e 
exposta anteriormente. 
 
QUESTÃO 2. 
No presente caso concreto, no qual há a configuração de uma união estável, em 
que há filhos comuns entre o casal, e ainda dois bens: uma casa comprada pelo 
casal (bem comum) e um sítio herdado pelo de cujos (bem particular). Diante 
dessas informações, depreende-se que o regime dos bens será o regime parcial 
de bens, que é a regra em nossa legislação. Contudo, no que diz respeito à 
sucessão da herança, tendo em vista que já está pacificada a decisão sobre a 
equiparação do companheiro com o cônjuge no direito sucessório, o fato de 
haver um bem particular do de cujos na herança, não afasta o direito de o 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur379763/false
companheiro concorrer com os filhos comuns. Segue jurisprudência que 
corrobora com esse entendimento. 
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO NCPC. 
SUCESSÕES. AÇÃO DE HABILITAÇÃO E RECONHECIMENTO DA QUALIDADE DE 
HERDEIRA NECESSÁRIA. VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO INCISO I DO ART. 1.829 
DO CC/02. CÔNJUGE SOBREVIVENTE CONCORRE COM HERDEIROS 
NECESSÁRIOS QUANTO AOS BENS PARTICULARES DO FALECIDO. 
PRECEDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, 
aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recurso interpostos com 
fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 
2016), serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 
2. A Segunda Seção do STJ já proclamou que, nos termos do art. 1.829, I, do Código 
Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de 
bens, concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido somente quando este tiver 
deixado bens particulares (REsp nº 1.368.123/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, Rel. 
p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO, DJe de 8/6/2015). 
3. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 
878.694/MG, reconheceu a inconstitucionalidade da distinção promovida pelo art. 
1.790 do CC/02, quanto ao regime sucessório entre cônjuges e companheiros. 
Entendimento aplicável ao caso. 
4. Tendo o falecido deixado apenas bens particulares que sobrevieram na constância 
da união estável mantida no regime da comunhão parcial, é cabível a concorrência da 
companheira sobrevivente com os descendentes daquele. 
5. A teor do art. 1.830 do CC/02, deve ser reconhecido o direito sucessório ao 
cônjuge ou companheiro sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não 
estavam separados nem judicialmente e nem fato, havendo concurso quanto aos 
bens particulares 6. Recurso especial provido. 
(REsp n. 1.844.229/MT, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 
17/8/2021, DJe de 20/8/2021.) 
 
Sendo assim, a companheira sobrevivente será meeira do bem comum, ou seja, 
terá direito ao equivalente à 50% em relação à casa comprada na constância da 
união estável, e será herdeira em relação ao bem particular do de cujos. Isto é, 
a companheira terá direito a uma quota igual ao dos filhos, como herdeira do 
sítio do de cujos. No que tange à sucessão dos descentes, ambos terão 
igualmente uma quota parte em relação ao que lhe cabe na herança, tanto 
quanto ao bem comum quanto ao bem particular do de cujos.

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