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RESPOSTAS QUESTÃO 1. Sim. O(a) companheiro(a) sobrevivente terá seu direito sucessório resguardado, uma vez que, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) não há distinção entre cônjuge e companheiro (mediante união estável). Contudo, neste caso cabe a aplicabilidade do art. 1829 do Código Civil. Segue jurisprudência nesse sentido: RE 878694 Ementa: Direito constitucional e civil. Recurso extraordinário. Repercussão geral. Inconstitucionalidade da distinção de regime sucessório entre cônjuges e companheiros. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias formadas mediante união estável. 2. Não é legítimo desequiparar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é incompatível com a Constituição de 1988. 3. Assim sendo, o art. 1790 do Código Civil, ao revogar as Leis nºs 8.971/94 e 9.278/96 e discriminar a companheira (ou o companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos conferidos à esposa (ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade, da dignidade humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente, e da vedação do retrocesso. 4. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o entendimento ora firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha havido trânsito em julgado da sentença de partilha, e às partilhas extrajudiciais em que ainda não haja escritura pública. 5. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: “No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002”. RE 878694 ED PROCESSO ELETRÔNICO JULG-26-10-2018 UF-MG TURMA-TP MIN-ROBERTO BARROSO N.PÁG-006 DJe-238 DIVULG 08-11-2018 PUBLIC 09-11- 2018. Portanto, fica resguardado o direito real de habitação do(a) companheiro(a) em ação possessória que, com fulcro no art. 1831, do CC, fica estabelecido que é assegurado o direito real de habitação ao cônjuge, e interpreta-se que este direito se estende ao companheiro, tendo em vista a decisão do STF firmada, e exposta anteriormente. QUESTÃO 2. No presente caso concreto, no qual há a configuração de uma união estável, em que há filhos comuns entre o casal, e ainda dois bens: uma casa comprada pelo casal (bem comum) e um sítio herdado pelo de cujos (bem particular). Diante dessas informações, depreende-se que o regime dos bens será o regime parcial de bens, que é a regra em nossa legislação. Contudo, no que diz respeito à sucessão da herança, tendo em vista que já está pacificada a decisão sobre a equiparação do companheiro com o cônjuge no direito sucessório, o fato de haver um bem particular do de cujos na herança, não afasta o direito de o https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur379763/false companheiro concorrer com os filhos comuns. Segue jurisprudência que corrobora com esse entendimento. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO NCPC. SUCESSÕES. AÇÃO DE HABILITAÇÃO E RECONHECIMENTO DA QUALIDADE DE HERDEIRA NECESSÁRIA. VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO INCISO I DO ART. 1.829 DO CC/02. CÔNJUGE SOBREVIVENTE CONCORRE COM HERDEIROS NECESSÁRIOS QUANTO AOS BENS PARTICULARES DO FALECIDO. PRECEDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recurso interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. A Segunda Seção do STJ já proclamou que, nos termos do art. 1.829, I, do Código Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de bens, concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido somente quando este tiver deixado bens particulares (REsp nº 1.368.123/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, Rel. p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO, DJe de 8/6/2015). 3. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 878.694/MG, reconheceu a inconstitucionalidade da distinção promovida pelo art. 1.790 do CC/02, quanto ao regime sucessório entre cônjuges e companheiros. Entendimento aplicável ao caso. 4. Tendo o falecido deixado apenas bens particulares que sobrevieram na constância da união estável mantida no regime da comunhão parcial, é cabível a concorrência da companheira sobrevivente com os descendentes daquele. 5. A teor do art. 1.830 do CC/02, deve ser reconhecido o direito sucessório ao cônjuge ou companheiro sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados nem judicialmente e nem fato, havendo concurso quanto aos bens particulares 6. Recurso especial provido. (REsp n. 1.844.229/MT, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 17/8/2021, DJe de 20/8/2021.) Sendo assim, a companheira sobrevivente será meeira do bem comum, ou seja, terá direito ao equivalente à 50% em relação à casa comprada na constância da união estável, e será herdeira em relação ao bem particular do de cujos. Isto é, a companheira terá direito a uma quota igual ao dos filhos, como herdeira do sítio do de cujos. No que tange à sucessão dos descentes, ambos terão igualmente uma quota parte em relação ao que lhe cabe na herança, tanto quanto ao bem comum quanto ao bem particular do de cujos.
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