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1 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 2 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Sumário DOR LOMBAR ___________________________________________________________________________________ 3 ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS_______________________________________________________________________ 8 HEMORRAGIA DIGESTIVA _________________________________________________________________________ 17 HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL __________________________________________________________________ 21 HIPERTENSÃO PORTA ____________________________________________________________________________ 26 SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA HEPATOCELULAR _______________________________________________________ 31 OBSTRUÇÃO INTESTINAL _________________________________________________________________________ 34 ONCOLOGIA ____________________________________________________________________________________ 38 PER-OPERATÓRIO _______________________________________________________________________________ 52 PROCTOLOGIA __________________________________________________________________________________ 58 QUEIMADURAS _________________________________________________________________________________ 61 DOR ABDOMINAL _______________________________________________________________________________ 62 SÍNDROME DISFÁGICA ___________________________________________________________________________ 73 SÍNDROME DISPÉPTICA ___________________________________________________________________________ 76 MANEJO DE FERIDAS_____________________________________________________________________________ 81 TRAUMA ______________________________________________________________________________________ 82 3 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 CIRURGIA DOR LOMBAR OSTEOARTROSE Doença degenerativa articular a. Fisiopatologia Destruição da cartilagem > lesão subcondral (osso abaixo da cartilagem) > tentativa de regeneração > osteófitos b. Clínica – mulher, idosa, obesa Dor crônica que melhora com repouso Piora com a extensão do tronco Rigidez pós repouso < 30min Dor inicialmente uniarticular, progressiva Dissociação clínico-radiológica Sem manifestações sistêmicas Exames normais – VHS/PCR normal, FR negativo c. Diagnóstico RX: osteófitos, redução do espaço articular, esclerose subcondral, cistos subcondrais *Até 20% dos idosos tem FR em baixos títulos!!! d. Tratamento Fisioterapia – reforço muscular Perder peso AINE – oral e/ou tópico Creme de capsaicina Duloxetina – se refratário *Glicosamina e condroitina não tem benefício comprovado!! LOMBALGIA MECÂNICA / IDIOPÁTICA Contratura da musculatura paravertebral – espasmo doloroso a. Clínica Dor lombar Pode irradiar – raro Pode ser súbita Duração: 3-4 dias b. Diagnóstico De exclusão *Não precisa de exame!!! c. Tratamento Repouso Sintomáticos HÉRNIA DE DISCO Protrusão do núcleo pulposo sobre o ânulo fibroso com compressão do nervo Articulações mais acometidas: coluna vertebral, quadril, joelho, IF Sinais de alarme: > 50 anos Perda de peso Trauma recente CA Duração > 4-6 semanas Refratária Piora noturna Uso de corticoide Uso de drogas EV = RX! 4 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 a. Clínica – local mais comum: L4-L5, L5-S1 Lombociatalgia Diminuição da força, sensibilidade e reflexos Sinal de Laségue positivo – dor na região posterior da coxa com a elevação do MI entre 10-60 graus RAIZ DOR FRAQUEZA REFLEXO C5 Ombro, face anterior do braço Deltoide, bíceps Biciptal C6 Face lateral do braço, antebraço Bíceps, braquiorradial Braquiorradial C7 Face posterior do braço e antebraço Tríceps Triciptal L4 Face anterior da coxa e perna Quadríceps Patelar L5 Face lateral da coxa e perna Tibial anterior – dorsiflexão plantar - S1 Face posterior da coxa e perna Gastrocnêmio – flexão plantar Aquileu *Se a hérnia é entre L4-L5, a raiz acometida é L4! Nem sempre o nível da herniação coincide com o nível de saída da raiz nervosa!!! Ex: pode ter acometimento de L5 por protrusão discal em L3-L4 (e não em L5-S1) b. Diagnóstico RM c. Tratamento Repouso relativo Analgésico/AINE Corticoide (?) ESPONDILITE ANQUILOSANTE Entesite ascendente – coluna vertebral Sempre começa com uma sacroileíte! Homem jovem a. Clínica Lombalgia inflamatória Melhora com atividade física Rigidez matinal > 30min Posição do esquiador – coluna rígida Uveíte anterior – extra-articular mais comum Schober / Patrick-FABERE positivo Oligoartrite de grandes articulações Insuficiência aórtica – sopro diastólico Fibrose pulmonar apical Cirurgia: Refratário (6 semanas) Piora sintomática Síndrome da cauda equina – incontinência, anestesia em sela 5 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 b. Diagnóstico Clínica (> 3 meses) + Sacroileíte simétrica (imagem) HLA-B27 positivo FR e anti-CCP negativos c. Tratamento Cessar tabagismo AINE Anti-TNF alfa – infliximabe Anti-IL 17 – secuquinumabe d. Diagnóstico diferencial ARTRITE REATIVA Artrite 3-4 semanas após infecção – intestinal (Shigella, Salmonella), genital (Chlamydia) Oligoartrite de grandes articulações assimétrica + dactilite + balanite circinada + ceratodermia blenorrágica Síndrome de Reiter: artrite + uretrite + conjuntivite Tratamento: AINE + ATB MIELOMA MÚLTIPLO Tumor de plasmócitos (linfócitos B modificados) > excesso de imunoglobulinas (gamaglobulina – IgG) *O LB é produzido na MO e amadurecido no tecido linfoide – vira plasmócito ou LB de memória a. Clínica – homem, idoso, negro Anemia – invasão da MO + anemia de doença crônica Lesão óssea lítica – ativação de osteoclastos Insuficiência renal – síndrome de Fanconi pelas cadeias leves (Bence-Jones), aumento de ácido úrico, nefrocalcinose, amiloidose Compressão medular Predisposição a infecções – Ig não funcionante Laboratório: Hipercalcemia – diarreia, poliúria, confusão mental, QT curto VHS aumentado – fenômeno de Rouleaux Inversão A:G – mais globulina que albumina Eletroforese de proteínas: pico monoclonal – componente M (> 3) / paraproteina / gamopatia monoclonal EAS: proteinúria sem albuminúria – Bence-Jones não aparece no EAS! AMILOIDOSE: aglomerado de cadeias leves > proteína amiloide macroglossia, ICC, síndrome nefrótica – MM é a principal causa de amiloidose 1ª MM: proteinúria subnefrótica MM + amiloidose: proteinúria nefrótica 6 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 C Cálcio A Anemia R Rim O Osso b. Diagnóstico > 60% de plasmócitos na MO > 10% de plasmócitos na MO ou plasmocitoma + 1 CARO ou relação cadeias leves envolvidas / não envolvidas > 100 ou 1 lesão focal na RM GAMOPATIA M. DE SIGN. INDETERMINADO < 10% de plasmócitos na MO + componente M (< 3) MIELOMA INDOLENTE > 10% de plasmócitos na MO + componente M (> 3), mas sem CARO MIELOMA NÃO SECRETOR > 10% de plasmócitos + CARO, mas sem componente M MIELOMA OSTEOESCLERÓTICO – síndrome POEMS P – polineuropatia simétrica O – organomegalia (hepatoesplenomegalia) E – endocrinopatia (hipogonadismo) M – monoclonal gamopatia S – alterações cutâneas (hiperpigmentação) *As lesões ósseas são blásticas! MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTROM MO ocupada por linfócitos plasmocitoides produtores de IgM Linfonodomegalia + hepatoesplenomegalia + síndrome da hiperviscosidade + crioglobulinemia Tratamento: Rituximab +/- plasmaférese c. Classificação IgG Mais comum, melhor prognóstico IgD Pior prognóstico IgA - Cadeia leve - *Não tem aumento de IgM! d. Estadiamento – ISS B2-microglobulina – principal fator prognóstico e. Tratamento QT – RVP (lenalinomida,bortezomib, dexametasona) Transplante autólogo de MO – < 76 anos com boa resposta à QT NEOPLASIAS QUE ACOMETEM OSSOS Pulmão – lítica / blástica Mama – lítica / blástica Próstata – blástica NEFROLITÍASE Tipos de cálculos OXALATO DE CÁLCIO – 70-80% Hipercalciúria idiopática – sem hipercalcemia ESTRUVITA – 10-20% Cálculo coraliforme Fosfato amoníaco magnesiano ITU por produtores de urease (Proteus, Klebsiella) – pH > 6 *Urease converte amônio em amônia, que é uma base ÁCIDO ÚRICO – 5-10% Hiperuricosúria – pH < 5 Cálculo radiotransparente – não aparece no RX Gota FA e cintilografia óssea NORMAIS! – porque a lesão é lítica 7 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 a. Clínica – maioria assintomática Hematúria – mais comum Cólica nefrética – dor em flanco com ou sem irradiação (virilha, genitália, raiz da coxa) Náuseas e vômitos b. Diagnóstico TC de abdome sem contraste – padrão-ouro c. Tratamento 1) AGUDO Analgesia – AINE Alfabloqueador – tansulosina Evitar desidratação Intervenção urológica Indicações: > 1cm Refratário Recorrente Obstrução com insuficiência renal Cálculo coraliforme *Se ácido úrico: tentar conservador antes ▪ LECO Proximal + < 2cm + densidade < 1.000UH *CI: gestante, aneurisma de aorta, anticoagulação ▪ NEFROLITOTOMIA PERCUTÂNEA Proximal + > 2cm Proximal + densidade > 1.000UH Polo renal inferior Cálculo coraliforme ▪ URETEROSCOPIA Ureter médio/distal ▪ LITÍASE COMPLICADA – litíase + pielonefrite ou IR obstrutiva (IRA) Desobstrução imediata Nefrostomia percutânea Cateter duplo J ureteral 2) CRÔNICO Estimular ingesta hídrica OXALATO DE CÁLCIO Restrição de sódio e proteína Tiazídico – se refratário *Não restringir cálcio!!!! – aumenta absorção intestinal de oxalato ESTRUVITA Tratar infecção Ácido aceto-hidroxâmico – inibidor da urease ÁCIDO ÚRICO Restrição de purinas Citrato de potássio – alcaliniza a urina Alopurinol URGÊNCIAS UROLÓGICAS TORÇÃO TESTICULAR – 12-18 anos Testículo horizontalizado (sinal de Angel) Reflexo cremastérico ausente Doppler: ausência de fluxo Tratamento: orquidopexia bilateral ORQUIEPIDIDIMITE Dor melhora com elevação manual do testículo (sinal de Prehn) Reflexo cremastérico presente Doppler: fluxo aumentado Tratamento: cultura + biópsia DII / Gastrectomia: disabsorção > vitaminas lipossolúveis ligam-se ao cálcio > sobra oxalato > mais oxalato é absorvido > mais oxalato na urina > oxalato se liga ao cálcio > oxalato de cálcio 8 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 PRIAPISMO Alto fluxo (não-isquêmico, tipo 1) Causas: fístula arterio-cavernosa após trauma pélvico Ausência de dor Resolução espontânea Baixo fluxo (isquêmico, tipo 2) – mais comum Causas: anemia falciforme, CA, cocaína Tratamento: lavagem cavernosa com SF 0.9% / injeção de adrenalina, efedrina ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS CIRURGIA BARIÁTRICA Fisiologia Anorexígenos Orexígenos Leptina – adipócito CCK, GLP-1, PYY – intestino Grelina – estômago (fundo e corpo) Obesidade: dificuldade de induzir a saciedade – aumenta grelina, diminui leptina / CCK / GLP-1 / PYY CLASSIFICAÇÃO 25-29.9 Sobrepeso 30-34.5 Obesidade grau I 35-39.9 Obesidade grau II ≥ 40 Obesidade grau III ≥ 50 Super-obeso ≥ 60 Super-superobeso Indicações de cirurgia: IMC > 40 > 18 anos ou 16 com autorização IMC ≥ 35 + comorbidade IMC ≥ 30 + DM2 grave > 30 anos É obrigatório: Refratário à 2 anos de tratamento clínico – endocrinologia, nutricionista Controlar drogas e etilismo, distúrbios psiquiátricos Plena compreensão da cirurgia Técnicas BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL Restritiva Anel regulável na JEG Complicações: deslocamento do anel, reganho de peso SLEEVE Restritiva + hormonal Gastrectomia vertical – retira a parte do estomago que produz grelina Complicações: fístula do ângulo de His, DRGE BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX Restritiva + disabsortiva – mista restritiva Pouch gástrico (restritivo) + Y de Roux (disabsortivo) Complicações: deiscência de anastomose (gastrojejunal não tem bile, jejunojejunal tem bile), hérnia de Petersen (interna, obstrução intestinal), deficiência de ferro / B12 / B1 SCORPINARO Disabsortiva + restritiva – mista disabsortiva Gastrectomia horizontal (tira o piloro e com canal comum muito curto) + colecistectomia Complicações: + desnutrição proteica, úlcera de anastomose 9 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 SWITCH-DUODENAL Disabsortiva + restritiva – mista disabsortiva Gastrectomia vertical (deixa piloro e tem canal comum mais longo) + colecistectomia + apendicectomia Complicações: + desnutrição proteica *Independente da técnica, todos necessitam de controle e eventual reposição de vitaminas e cálcio DRGE, DM Y de Roux Deficiência nutricional prévia / tumor gástrico Sleeve COMPLICAÇÕES PÓS-BARIÁTRICA SLEEVE Fístula de His BGYR Fístula alimentar (gastrojejunal) / biliar (jejunojejunal) Coledocolitíase Hérnia de Petersen Obstrução – sem vômitos: alça biliopancreática TODAS Estenose Hemorragia Reganho de peso Intolerância alimentar Deficiências vitamínicas Estenose EDA / esofagografia > dilatação com balão *Se falha: transformar Sleeve em Y de Roux Fístula Precoce (< 6 semanas): stent +/- dilatação Tardia (> 6 semanas): septotomia + dilatação Coledocolitíase no BGYR CVL + exploração de via biliar + dreno de Kehr Reganho de peso EDA / esofagografia > plasma de argônio (reduzir lumen) VASCULAR ANEURISMA DA AORTA ABDOMINAL Aneurisma: dilatação > 50% do diâmetro (geralmente > 3cm) – diferente de ectasia a. Classificação Fusiforme – mais comum Sacular b. Etiologia Degenerativo (aterosclerose) c. Localização I – INFRARRENAL (mais comum) Segmento livre abaixo das artérias renais II – JUSTARRENAL Imediatamente após a emergência das artérias renais Verdadeiro: contém todas as camadas Pseudoaneurisma: hematoma pulsátil não contido por todas as camadas 10 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 III – PARARRENAL Engloba a emergência das artérias renais IV – TORACOABDOMINAIS Acima e abaixo da emergência das artérias renais d. Fatores de risco Formação Expansão / Ruptura Tabagismo – principal Sexo masculino Idade avançada Raça branca HF + Hipercolesterolemia HAS DPOC *DM NÃO É FR! Tabagismo Sexo feminino Diâmetro inicial, crescimento rápido HAS Transplante renal / cardíaco VEF1 diminuído Sacular Fatores de proteção DM Sexo feminino Negros e. Diagnóstico USG Rastreio, diagnóstico e seguimento Avalia diâmetro transverso e longitudinal Não avalia ruptura! AngioTC Mais preciso para delinear a anatomia e o diâmetro Classifica Avalia trombos e calcificações AngioRM Ausência de radiação e contraste iodado Não identifica calcificações Arteriografia Avalia acometimento de outros vasos Padrão-ouro, mas muito invasivo Não identifica trombos f. Rastreamento – USG 2.5-2.9 cm 5 anos 3.0-3.4 cm 3 anos 3.5-4.4 cm 1 ano 4.5-5.4 cm 6/6m ≥ 5.5 cm Cirurgia eletiva g. Tratamento ▪ CLÍNICO Seguimento com USG 11 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Suspender tabagismo – principal, diminui expansão! Controle da HAS e dislipidemia – diminui RCV, mas não a expansão! ▪ CIRÚRGICO Indicações: Diâmetro transverso ≥ 5.5 cm Sacular Aumento > 0.5cm/6m ou 1cm/1ano Sintomático Complicações – infecção, embolização Reparo aberto Reparo endovascular Complicações: IAM, IRA Indicações: Comorbidades(alto risco cirúrgico) + anatomia favorável Vantagem no pós-operatório imediato, mas resultados semelhantes a médio/longo prazo Complicações: sítio de punção (hematoma, pseudoaneurisma), endoleak Endoleak: Principal causa de falha no reparo endovascular Vazamento de sangue entre a prótese e a parede do aneurisma I – Falha na vedação proximal (A) ou distal (B) Tratamento imediato II – Enchimento retrógrado (lombares ou AMI) – mais comum Se dilatação: embolização III – Falha de 1 componente ou na vedação entre eles Tratamento imediato IV – Vazamento pelos poros da prótese Auto-limitado V – Dilatação, sem vazamento Auto-limitado RUPTURA DO ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL Clínica: massa pulsátil + dor abdominal + hipotensão – presente em 1/3 dos casos Diagnóstico: angio-TC (estável) Tratamento: endovascular (estável + anatomia favorável) / balão intra-aórtico > endovascular (instável) *Cirurgia aberta se: sem controle do sangramento, anatomia desfavorável, sangramento após a endoprótese DISSECÇÃO DE AORTA Rasgo na íntima, formando um falso lúmen da média a. Fatores de risco HAS – principal! 12 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Aterosclerose Cocaína e crack Atividade física extenuante Síndrome de Marfan, Ehlers-Danlos Valva aórtica bicúspide, coartação de aorta, sd de Turner Gestação b. Classificação Stanford A) Ascendente B) Não pega ascendente DeBakey I) Ascendente + Descendente II) Ascendente III) Descendente (a. só torácica, b. torácica + abdominal) A = I, II / B = III c. Clínica A: dor torácica, náuseas, sudorese B: dor em região toracodorsal d. Diagnóstico Estável: angioTC Instável: eco transtorácico e. Tratamento UTI + analgesia por opioide BB +/- Nitroprussiato de sódio – manter FC < 60, PAS < 120 A (I, II) Cirurgia imediata *Risco de tamponamento cardíaco, ruptura de aorta B (III) Clínico – se estável Cirurgia se: Dor persistente Dilatação aneurismática da aorta Isquemia de órgãos Propagação distal Dissecção retrógrada até aorta ascendente DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA Oclusão parcial/total de segmentos de artérias que irrigam os MMII 13 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 a. Fatores de risco Aterosclerose – tabagismo, dislipidemia, HAS, DM, hiper-homocisteinemia, negros b. Clínica Claudicação intermitente – dor na panturrilha após alguns minutos de caminhada que alivia após 2-5min em repouso Isquemia crítica – dor em repouso Úlcera isquêmica Pele seca, brilhante e sem pelos Pulsos diminuídos em MMII *Pulsos podem ser NORMAIS! SÍNDROME DE LERICHE (oclusão bilateral ao nível do segmento aorto-ilíaco): claudicação na panturrilha, coxa e nádegas + impotência sexual c. Diagnóstico ITB (PAS tornozelo / PAS braço) USG Doppler Angio TC Angiografia – padrão-ouro, pré-operatório ITB 1.1: normal 0.5-0.9: claudicação < 0.4: isquemia crítica d. Tratamento ▪ CLÍNICO Suspender tabagismo Controle do DM / HAS / dislipidemia (LDL < 100) AAS – diminui eventos CV Exercício físico supervisionado Cilostazol (inibidor da fosfodiesterase) – antiagregante + vasodilatador ▪ INTERVENÇÃO Indicações: Refratário ao tratamento clínico Isquemia crítica (dor em repouso) Úlcera que não cicatriza Endovascular Angioplastia +/- stent Revascularização Bypass Amputação Exceção OCLUSÃO ARTERIAL AGUDA DE MMII a. Etiologia Embolia Trombose O controle da PA pode piorar sintomas! 14 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 EMBOLIA TROMBOSE Sem claudicação prévia Fonte: coração (FA) Bifurcação femoral > bifurcação das ilíacas > aorta Quadro clínico catastrófico e exuberante Claudicação prévia Evolução da DAP (aterosclerose) Quadro clínico brando – colaterais b. Clínica – 6Ps Pain Palidez Parestesia Pulsos diminuídos – PODE ter pulso normal!!! Paralisia Poiquilotermia – diferença de temperatura c. Tratamento Proteção térmica (algodão ortopédico) Heparinização Rutheford I – Viável, sem ameaça Arteriografia + trombolítico Trombose IIA – Ameaça reversível com tratamento IIB – Ameaça reversível com tratamento IMEDIATO Embolectomia (Fogarty) Embolia III – Irreversível (rigidez, anestesia, paralisia!) Amputação INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA Varizes dos MMII a. Fatores de risco > 50 anos Sexo feminino Postura durante atividade profissional TVP b. Clínica – maioria assintomático Dor e sensação de peso Prurido Alterações cutâneas: telangiectasias, veias reticulares Úlceras – áreas com alterações tróficas, acima do maléolo medial, única, fundo plano, secretante (úmida) Tromboflebite e erisipela de repetição c. Classificação – CEAP (clínica, etiologia, anatomia, fisiopatologia) C0 Sem sinais visíveis C1 Telangiectasias ou veias reticulares C2 Varizes C3 Varizes + edema C4 a) Hiperpigmentação ou eczema b) Lipodermatoesclerose C5 Úlcera cicatrizada C6 Úlcera ativa S: sintomático / A: assintomático d. Tratamento ▪ CLÍNICO Elevação do membro Deambulação, atividade física 15 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Meias de compressão (20-30mmHg) - > 40mmHg se recorrência ▪ INTERVENÇÃO C1 Escleroterapia / Laser C2 Cirurgia C3, C4 Meias elásticas / Cirurgia C5 Cirurgia na insuficiência superficial / Meias elásticas (> 40mmHg) C6 Curativo / Avaliar cirurgia Úlceras ARTERIAL VENOSA Sem edema Pulso ausente Seca Melhora com membro pendente Região distal (dedos) Claudicação intermitente Edema Pulso presente Úmida Melhora com membro em elevação Quente Acima do maléolo medial CIRURGIA PEDIÁTRICA CERVICAL CISTO TIREOGLOSSO Causa: persistência do forame cego Massa indolor, móvel à deglutição e protrusão da língua, na linha média Tratamento: cirurgia de Sistrunk CISTO BRANQUIAL Cisto na borda anterior do ECM, no ângulo da mandíbula Tratamento: excisão PAREDE ABDOMINAL ONFALOCELE Umbilical, alças recobertas por membrana Associado a outras malformações Parto cesárea SNG + hidratação + ATB + proteger conteúdo + cirurgia GASTROSQUISE Paraumbilical (mais comum à direita), alças expostas Relação com atresia intestinal DIGESTÓRIO ATRESIA DE ESÔFAGO Sialorreia, engasgo, distensão (se fístula), SNG que não passa HP de polidrâmnio Associada a outras malformações (VACTREL) Tratamento: gastrostomia de urgência > anastomose ou esofagocoloplastia A) Só atresia B) Atresia com fístula proximal C) Atresia com fístula distal – mais comum D) Atresia com fístula proximal e distal E) Só fístula (em H) 16 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 ESTENOSE HIPERTRÓFICA DO PILORO 2-8ª semana de vida Vômitos NÃO biliosos + distensão abdominal com peristaltismo de luta (ondas de Kussmaul) + massa palpável (oliva) + desidratação Alcalose metabólica hipoclorêmica Diagnóstico: USG (sinal do alvo) Tratamento: pilorotomia de Fredet-Ramstedt ATRESIA DUODENAL Ao nascer Vômitos biliosos Associado a sd de Down e polidrâmnio RX: sinal da dupla bolha Tratamento: duodenoduodenostomia *A atresia mais comum é a jejunoileal ÂNUS IMPERFURADO Aguardar 24h investigando outras malformações e aparecimento de fístulas (indica a posição do ânus) Alto: colostomia Baixo: anoplastia RESPIRATÓRIO HÉRNIAS DIAFRAGMÁTICAS Morgnani: central (forame de Larry), rara, mais grave Bochdalek: esquerda (póstero-lateral), mais comum Dispneia, diminuição do MV, RHA na ausculta torácica, abdome escavado Não faz VPP! Vai direto para IOT! Tratamento: laparotomia oblíqua subcostal VIAS BILIARES ATRSIADE VIAS BILIARES Vias biliares vão sendo progressivamente substituídas por fibrose Icterícia na 2ª/3ª semana às custas de BD + acolia fecal + colúria Diagnóstico: USG + biópsia Tratamento: cirurgia de Kasai (até 8ª semana) GENITOURINÁRIO CRIPTORQUIDIA Palpável: retrátil x ectópico x inguinal Não palpável: intra-abdominal x ausente > videolaparoscopia! Tratamento: Palpável: HCG IM ou GnRH nasal Não palpável: orquidopexia (6-12m) TORÇÃO TESTICULAR Twist + isquemia Dor abrupta + Doppler sem fluxo Phren negativo + Angel positivo Reflexo cremastérico ausente Tratamento: orquidopexia bilateral (< 6h) ORQUITE Infecção Dor progressiva + Doppler normal Phren positivo Reflexo cremastérico presente Tratamento: cultura + biópsia TORÇÃO DO APÊNDICE TESTICULAR Escroto agudo mais comum Dor insidiosa com piora progressiva + nódulo firme superior ao testículo + ponto subcutâneo azulado (patognomônico!) Tratamento: conservador – é autolimitado FIMOSE Prepúcio sem retração manual Tem que melhorar até 3 anos! Complicação: parafimose > redução manual imediata!! Tratamento: 17 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 < 3 anos: corticoide tópico por 6 semanas > 3 anos / fimose cerrada / infecção de repetição: cirurgia até 10 anos HEMORRAGIA DIGESTIVA a. Conduta 1) ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA Cristaloide Hemácias – se perda > 30% (> 1500ml), Hb < 7 Plasma – se RNI > 1.5 Plaquetas – se < 50.000 *Nas primeiras 24-48h NÃO pode confiar no hematócrito, porque perde hemácia e plasma na mesma proporção, então não se altera 2) IDENTIFICAR A CAUSA – ângulo de Treitz (duodeno > jejuno) Alta – esôfago, estômago, duodeno Baixa – jejuno, íleo, cólon, reto e ânus Mais comum (80%) e mais grave Hematêmese, melena, hematoquezia SNG: sangue, borra de café Diagnóstico: EDA < 24h Menos comum (20%) Hematoquezia, enterorragia, melena SNG: bile sem sangue Diagnóstico: colonoscopia – baixa sensibilidade 3) TRATAR E PREVENIR SANGRAMENTOS HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA Causas – ÚVuLa Úlcera péptica Varizes esofágicas Laceração (Mallory-Weiss) ÚLCERA PÉPTICA Complicações: Perfuração Obstrução Sangramento (mais comum e mais grave!) Conduta: 1) TERAPIA CLÍNICA Suspender AINE Iniciar IBP Tratar H. pylori 2) TERAPIA ENDOSCÓPICA – pode tentar 2x Classificação de Forrest CLASSE ASPECTO RISCO DE RESSANGRAMENTO I – SANGRANDO A) “Em jato” B) “Babando” Alto (90%) II – NÃO ESTÁ SANGRANDO A) Vaso visível B) Coágulo C) Hematina A) Alto (50%) B) Intermediário (30%) C) Baixo (10%) III – JÁ CICATRIZOU Base clara Baixo (< 5%) Colonoscopia NÃO É BOA para sangramentos volumosos!!!! 18 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 I / IIA / IIB IBP IV Endoscopia (2 métodos!): epinefrina + eletrocoagulação IIC / III IBP VO *IIB: remoção do coágulo *Fonte não localizada: lavagem gástrica + eritromicina IV 3) CIRURGIA Indicações: Falha endoscópica – após 2 tentativas! Choque refratário (> 6U de hemácias) ou hemorragia recorrente Sangramento pequeno e contínuo (transfusão > 3U/dia) Técnicas: Úlcera duodenal – aa. gastroduodenal Pilorotomia + Ulcerorrafia + Vagotomia troncular + Piloroplastia Úlcera gástrica Gastrectomia + B1/B2/Y de Roux VARIZES ESOFÁGICAS Risco: pressão portal > 12mmHg 1) TERAPIA CLÍNICA Terlipressina / Octreotide / Somatostatina IV – antes da EDA! 2) TERAPIA ENDOSCÓPICA Ligadura ou escleroterapia *Se refratário: balão / TIPS / cirurgia 3) PROFILAXIA Primária: BB ou ligadura Secundária: BB + ligadura 19 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 LACERAÇÃO DE MALLORY-WEISS Vômitos vigorosos (etilista, gestante..) Diagnóstico: EDA – laceração na junção esofagogástrica (pequena curvatura) Tratamento: suporte (90% autolimitados) NÃO CONFUNDIR! SÍNDROME DE BOERHAAVE Ruptura do esôfago devido a vômitos vigorosos Tríade de Mackle: dor torácica + enfisema cervicomediastinal + vômitos OUTROS HEMOBILIA Sangue na via biliar História: trauma hepático, cirurgia hepatobiliar, CA hepático – fístula entre o vaso e o ducto biliar Clínica: hemorragia + dor em HD + icterícia (tríade de Sandblom/Quincke) Diagnóstico e tratamento: arteriografia ECTASIA VASCULAR Dilatação de veias na mucosa gástrica – “estômago em melancia” História: mulher, cirrose, colagenose (esclerodermia) Clínica: anemia ferropriva, sangramento pequeno e crônico Diagnóstico e tratamento: EDA com coagulação + ferro + transfusão DIEULAFOY Dilatação de uma artéria na submucosa – pequena curvatura do estômago História/clínica: homem com sangramento maciço, indolor e recorrente Diagnóstico e tratamento: EDA com coagulação GASTRITE (LAMG) Múltiplas erosões na mucosa gástrica por isquemia História: paciente internado – principalmente com coagulopatia e necessidade de VM por > 48h Tratamento: IBP – pode aumentar risco de PNM nosocomial HEMOSSUCUS PANCREÁTICO Erosão de um pseudocisto na artéria esplênica Clínica: HDA + dor abdominal + HP de pancreatite Tratamento: arteriografia SÍNDROME DE RENDU- OSLER-WEBER Telangiectasia hemorrágica hereditária Epistaxes de repetição + telangiectasias mucocutâneas + HF positiva Ectasia vascular Dieulafoy Curling: úlcera gástrica no grande queimado Cushing: úlcera gástrica no TCE Marjolin: CEC em queimadura de 2º grau 20 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA Conduta: 1) TOQUE RETAL / ANUSCOPIA Afastar doença hemorroidária 2) EDA Afastar HDA 3) TRATAMENTO Sangramento leve/moderado Colonoscopia com coagulação Lesão não visualizada Cintilografia / angiografia Sangramento maciço Angiografia (0.5-1ml/min) Se nada resolveu: colectomia Causas – DDD Divertículo Displasia vascular CA colorretal (adenocarcinoma!) Cintilografia com hemácias marcadas DOENÇA DIVERTICULAR Pseudodivertículo – não tem camada muscular FR: idoso, constipado crônico, dieta pobre em fibras Maioria é assintomática Local mais comum: cólon esquerdo Complicações: Diverticulite – mais comum em cólon esquerdo Sangramento – mais comum em cólon direito *Ou inflama ou sangra! 1) COLONOSCOPIA Embolização 2) CIRURGIA DIVERTÍCULO DE MECKEL Jovens – principal causa de HDB em < 30 anos Divertículo congênito verdadeiro – origem no ducto onfalomesentérico Localização: íleo – 40-60cm da válvula ileocecal Sangramento: mais comum em crianças / Diverticulite e obstrução: mais comum em adultos Cintilografia Mais sensível (0.1ml/min) Não trata Não localiza com precisão Serve como ponte para angiografia se não visualizou lesão na colonoscopia 21 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Associação: doença de Chron Contém tecido ectópico gástrico > secreção de ácido > úlcera em íleo adjacente > sangramento Diagnóstico: cintilografia (colonoscopia não chega até lá!) Tratamento: ressecção Cintilografia com marcador para secreção ácida DISPLASIA VASCULAR Má formação vascular intestinal > ectasia venosa na submucosa Pode ocorrer em todo o TGI Local mais comum: ceco Sangramento é mais comum no cólon direito Principal causa de HDB do intestino delgado Principal causa de sangramento obscuro – diagnóstico por cápsula endoscópica (nem a EDA nem a colonoscopia chegam no íleo) Associação com estenose aórtica (síndrome de Heyder), doença renal e doença de Von Willebrand Tratamento: colonoscopia / inibidor VEGF / embolização por angiografia / cirurgia Sangramento obscuro: repetir EDA + colonoscopia > foco não encontrado > investigar intestino delgado (angiografia, cápsulaendoscópica, cintilografia, angioTC) HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL Ao abrir o paciente: 1) Pele 2) Tecido subcutâneo – fáscia de Camper (superficial) e de Scarpa (profunda) 3) Aponeurose do m. oblíquo externo + Ligamento inguinal/Poupart (espessamento) 4) Canal inguinal 5) M. oblíquo interno 6) M. transverso 7) Fáscia transversalis 8) Gordura pré-peritoneal 9) Peritônio 10) Cavidade abdominal CANAL INGUINAL – túnel entre a musculatura da parede abdominal Vai do anel inguinal interno até o anel inguinal externo (superior > inferior, lateral > medial, posterior > anterior) 22 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Parede posterior: Fáscia transversalis – frágil, fina, esburacada Músculo transverso Músculo oblíquo interno Parede anterior: Aponeurose do músculo oblíquo externo *Ligamento inguinal (Poupart) – da crista ilíaca anterossuperior ao tubérculo púbico Passa dentro do canal inguinal: HOMEM Funículo espermático (músculo cremaster, vasos deferentes, plexo pampiniforme) + conduto peritônio-vaginal obliterado (ligamento de Cloquet) MULHER Ligamento redondo do útero + canal de Nuck obliterado Buracos da fáscia transversalis: Anel inguinal interno – início do canal inguinal Canal femoral – abaixo do ligamento inguinal Buraco na aponeurose do músculo oblíquo externo: Anel inguinal externo – final do canal inguinal Orifício miopectíneo de Fruchaud: Borda lateral do m. reto Ligamento de Cooper M. iliopsoas M. oblíquo interno 23 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 HÉRNIA INGUINAL INDIRETA – mais comum, homens a. Características Se anuncia através do anel inguinal interno Típica da infância Entre as inguinais, tem maior risco de encarceramento! Mais comum à direita – do lado esquerdo tem o sigmoide b. Causa – defeito congênito Não fechamento do conduto peritônio-vaginal – imita o caminho percorrido pelo testículo HÉRNIA INGUINAL DIRETA a. Características Se anuncia através do triângulo de Hasselbach b. Causa – defeito adquirido Enfraquecimento da parede posterior – fáscia transversalis (triângulo de Hasselbach) COMO DIFERENCIAR? INDIRETA DIRETA Vasos epigástricos inferiores Lateral Medial Toque no canal inguinal Ponta do dedo Polpa do dedo Manobra de Landivar – oclusão do anel inguinal externo Não aparece Aparece *Se dúvida: USG > RM Limites do triângulo de Hasselbach: Ligamento inguinal Vasos epigástricos inferiores Borda lateral do músculo reto abdominal Hérnia inguinal indireta se anuncia através do anel inguinal interno, típica da infância e é a que mais incarcera 24 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 HÉRNIA FEMORAL/CRURAL Se anuncia abaixo do ligamento inguinal Mais comum em mulheres Mais comum à direita – à esquerda tem o sigmoide Entre todas, tem maior risco de encarceramento! CLASSIFICAÇÃO DE NYHUS – baseado no que é mais comum I Indireta com anel inguinal interno normal II Indireta com anel inguinal interno dilatado III Defeito na parede postRESrior a) Direta b) Indireta c) Femoral/Crural IV Recidivante a) Direta b) Indireta c) Femoral/Crural d) Mista TRATAMENTO – independe do tipo REDUTÍVEL – vai e volta Cirurgia eletiva ENCARCERADA – vai e não volta Redução manual (manobra de Taxe) + cirurgia eletiva Cirurgia de urgência (inguinotomia) – se refratário / > 6- 8h / obstrução ESTRANGULADA – isquemia (irritação peritoneal, hiperemia, hipotensão) Cirurgia de emergência (inguinotomia) *Se redução espontânea: laparotomia *Expectante: homem idoso pouco sintomático com alto risco cirúrgico ▪ ABORDAGEM ANTERIOR – herniorrafia anterior + reforço posterior Formas de fazer o reforço posterior Bassini Sutura entre a fáscia e o músculo com tensão – maior risco de recidiva Shouldice Imbricação de músculos com tensão (4 planos) – mais complexa Lichtenstein – de escolha! Tela livre de tensão suturada ao longo do ligamento inguinal McVay – hérnia femoral Sutura entre o tendão conjunto e o ligamento de Cooper *Criança: não faz reforço da parede posterior, não coloca tela ▪ ABORDAGEM POSTERIOR – acesso pré-peritoneal (“por trás”) + reforço posterior Indicações: Primárias e unilaterais Mulheres Bilaterais Recidivas – tentar técnica contrária a que já foi utilizada *Recobre todo o orifício de Fruchard (corrige inguinal e femoral) Stoppa: tela bilateral gigante com incisão infraumbilical – indicação: bilateral, recidivada ou incisional Limites do canal femoral: Trato iliopúbico (Thomson) Ligamento de Cooper Veia femoral 25 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Formas de acesso: TEP – Totalmente extraperitoneal TAPP – Transabdominal pré-peritoneal Anatomia laparoscópica: Y INVERTIDO Vasos epigástricos inferiores Vasos deferentes – medial Vasos espermáticos – lateral Trato iliopúbico (ligamento inguinal) TRIÂNGULOS Hérnias diretas: medial aos vasos epigástricos inferiores Hérnias indiretas: lateral aos vasos epigástricos inferiores Hérnias femorais: abaixo do trato iliopúbico (ligamento inguinal) Triângulo de Doom – da desgraça! Triângulo da dor Entre os vasos deferentes (medial) e vasos espermáticos (lateral) Por onde passam vasos ilíacos externos Entre os vasos espermáticos (medial) e trato iliopúbico (lateral) Por onde passa a inervação NUNCA FIXAR A TELA ABAIXO DO TRATO ILIOPÚBICO OU LATERAL AOS VASOS DEFERENTES – onde estão o triângulo da Doom e da dor COMPLICAÇÕES ▪ DOR CRÔNICA Complicação mais comum nos reparos abertos com uso de tela ▪ ORQUITE ISQUÊMICA Trombose do plexo pampiniforme Dor + edema testicular Evolui com atrofia testicular Tratamento: conservador (analgesia) ▪ LESÃO DE NERVOS – mais comum na aberta ABERTA VIDEO Ilioinguinal – coxa medial, raiz do pênis/lábios maiores, reflexo cremastérico (aferente) Ilio-hipogástrico Genitofemoral (ramo genital) Cutâneo-femoral lateral Femoral Genitofemoral (ramo femoral) ▪ RECIDIVA Mais comum na direta Principal causa: erro técnico NÃO tem diferença entre o reparo aberto e o laparoscópico! 26 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 HÉRNIA UMBILICAL NA CRIANÇA – defeito congênito NO ADULTO – defeito adquirido Tratamento Conservador – resolução espontânea até 4-6 anos Indicações de cirurgia: Concomitante a hérnia inguinal Defeito > 2cm DVP Não fechamento com até 4-6 anos Tratamento Conservador Indicações de cirurgia: Sintomático Cirrose Ascite HÉRNIAS LOMBARES Características: Maioria adquirida e unilateral Idosos Encarceramento é raro HÉRNIA DE GRYNFELT HÉRNIA DE PETIT Se anuncia no triângulo lombar superior (abaixo da 12ª costela) – mais comum Se anuncia no triângulo lombar inferior (acima da crista ilíaca) HÉRNIA DE SPIEGEL Características: Se anuncia entre a borda lateral do músculo reto abdominal e a linha de Spiegel/semilunar (junção da musculatura mais lateral do abdome) Sobre ou abaixo da linha arqueada de Douglas (ao nível da cicatriz umbilical) Diagnóstico: exame de imagem OUTRAS RICHTER Pinçamento da borda antimesentérica Faz isquemia sem obstrução Mais comum na hérnia femoral LITTRÉ Divertículo de Meckel AMYAND Apêndice na hérnia inguinal GARANGEOT Apêndice na hérnia femoral EPIGÁSTRICAS Do apêndice xifoide até a cicatriz umbilical Dor desproporcional ao tamanho – orifício é muito pequeno POR DESLIZAMENTO Víscera – cólon > bexiga OBTURATÓRIA Mulheres idosas Dor na face medial da coxa (sinal de Howship-Romberg) PANTALONA Indireta + direta INCISIONAL FR: infecção da ferida cirúrgica, obesidade Colágeno 3 > 1 HIPERTENSÃO PORTAa. Anatomia ▪ SISTEMA PORTA HEPÁTICO Veia mesentérica superior + veia esplênica > veia porta > capilares dentro do fígado > veia hepática > átrio direito Também drenam para o sistema porta: Veia gástrica esquerda (esôfago, fundo gástrico) > veia porta Sistema porta: veia que se forma entre 2 redes de capilares 27 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Veia gástrica curta (fundo gástrico) > veia esplênica Veia mesentérica inferior (cólon, reto, ânus) > veia esplênica Hipertensão porta = obstrução dos sinusoides hepáticos (fibrose + nódulos de regeneração) + hiperfluxo no sistema porta (vasodilatação esplâncnica) b. Clínica Esplenomegalia Varizes – esofágica, fundo gástrico, anorretal, abdominal Cabeça de medusa – recanalização da veia umbilical Encefalopatia (amônia “by-passa” o fígado e não é convertida em ureia) Ascite – se aumento de pressão no sinusoide! c. Diagnóstico USG Doppler: veia porta > 12mm, veia esplênica > 9mm, fluxo hepatofugal Elastografia: > 15-21 kPa Gradiente pressórico entre veia porta e VCI: > 5 mmHg d. Classificação HIPERTENSÃO PORTA – pressão > 5mmHg PRÉ-HEPÁTICA Trombose de veia porta: hipercoagulabilidade (adultos), infecção de cateter umbilical (RN) Trombose de veia esplênica: pancreatite crônica (hipertensão porta segmentar) > varizes de fundo gástrico isoladas INTRA-HEPÁTICA Pré-sinusoidal Esquistossomose: reação granulomatosa no espaço porta *Pode provocar ascite se infecção muito grande ou cirrose associada Sinusoidal Cirrose: ascite + insuficiência hepática Pós-sinusoidal Doença veno-oclusiva: doença do enxerto/hospedeiro, doença do chá da Jamaica Hipertensão porta > congestão venosa > inversão do fluxo / recanalização de vasos preexistentes > varizes 28 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 PÓS-HEPÁTICA – hepatomegalia! Budd-Chiari (trombose da veia hepática) Obstrução de VCI: trombose, neoplasia Doença cardíaca: pericardite constritiva, insuficiência tricúspide Pré-hepática, intra-hepática pré-sinusoidal Muitas varizes + pouca ascite Intra-hepática sinusoidal, intra-hepática pós-sinusoidal, pós-hepática Muita ascite + poucas varizes VARIZES DE ESÔFAGO Pressão > 5 Hipertensão porta Pressão ≥ 10 mmHg Varizes Pressão ≥ 12 Risco de ruptura de varizes NUNCA SANGROU – rastrear varizes de esôfago com EDA em pacientes com clínica/risco de HP (ex: cirrose) Profilaxia primária se: - Child B ou C - Cherry red spots (pontos vermelhos) - Calibre médio (≥ 5mm) ou grande (> 20mm) BB ou ligadura elástica por EDA ESTÁ SANGRANDO Estabilização hemodinâmica Reposição volêmica com cristaloide Medicamentos Somatostatina / octreotide / terlipressina – vasoconstrição esplâncnica Omeprazol 80mg IV Ceftriaxona 1g 24/24h > após melhora > Norfloxacino (total = 7 dias) – prevenção de PBE Descobrir fonte e tratar 1) EDA – sempre! Esofágica: ligadura elástica / escleroterapia Gástrica: cianoacrilato 2) BALÃO – se sangramento refratário Usar por no máximo 24h 3) TIPS – se sangramento refratário Shunt portossistêmica intra-hepático transjugular Vantagens: controle imediato do sangramento, melhora ascite, permite o transplante Desvantagens: encefalopatia, estenose e pouca disponibilidade Contraindicação: IC grave, cistos hepáticos 4) CIRURGIA DE URGÊNCIA – se contraindicação ao TIPS Shunt não seletivo (portocava término-lateral ou latero-lateral) Mortalidade muito alta! Gastropatia hipertensiva portal (GHP): mucosa com áreas esbranquiçadas reticulares entremeadas a áreas róseas sangrantes (“pele de cobra”) > perda crônica de sangue pelo TGI > anemia 29 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 JÁ SANGROU Profilaxia secundária: BB + ligadura elástica por EDA *Se refratário: TIPS / transplante / cirurgia com shunt seletivo – esplenorrenal distal (Warren) ou desconexão ázigo- portal com esplenectomia (1ª escolha na esquistossomose) ASCITE a. Diagnóstico USG – detecta > 100ml Exame físico: piparote, macicez móvel, semicírculos de Skoda, toque retal rechaçado ▪ PARACENTESE DIAGNÓSTICA GASA = albumina soro – albumina ascite GASA ≥ 1,1 Transudato – hipertensão porta PTN > 2,5 IC, Budd Chiari PTN < 2,5 Cirrose GASA < 1,1 Exsudato – doença do peritônio PTN > 2,5 Neoplasia, TB, pâncreas PTN < 2,5 Síndrome nefrótica b. Tratamento Restrição de sódio: 2g/dia Diurético VO: espironolactona 100mg + furosemida 40mg *Não faz restrição hídrica, pois a volemia do paciente é limítrofe! – só se hiponatremia dilucional Meta: perda de 0.5kg/dia ou 1kg/dia se edema Se ascite refratária – falha, recorrência ou contraindicação ao diurético Suspender BB Paracenteses terapêuticas seriadas – se > 5 litros: repor 6-10g de albumina por litro retirado TIPS Transplante hepático c. Complicações PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA (PBE) Translocação bacteriana > infecção (bactéria no líquido ascítico) > inflamação > vasodilatação dos vasos do peritônio Etiologia: E. coli – translocação monobacteriana Clínica: ascite + febre + dor abdominal + encefalopatia Diagnóstico: PNM > 250 + cultura monobacteriana positiva Tratamento: cefalosporina de 3ª geração (cefotaxima) por 5 dias Profilaxia Primária 1) Aguda: após HDA por varizes Ceftriaxona > após melhora > Norfloxacina, total de 7 dias 2) Crônica: ascite com PTN < 1.5g (deficiência de globulina) + Cr ≥ 1.2 ou Child ≥ 9 com BT > 3 Norfloxacina até transplante hepático ou melhora da PTN Transudato: pouca proteína na ascite > GASA alto Exsudato: muita proteína na ascite > GASA baixo PNM > 250 = TRATAMENTO! 30 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Secundária Após PBE (todos!): Norfloxacina Síndrome hepatorrenal Após PBE (todos!): Albumina 1.5g/kg no 1º dia e 1g/kg no 3º dia Diagnóstico diferencial Ascite neutrofílica PNM > 250 + cultura negativa Tto = PBE Bacterascite PNM < 250 + cultura positiva Tto: sintomático > ATB / assintomático > nova paracentese Peritonite bacteriana secundária – polimicrobiana Peritonite franca PMN > 250 + 2: PTN > 1g / glicose < 50 / LDH aumentado Tto: cefalosporina de 3ª geração + metronidazol + TC + avaliar cirurgia ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Amônia produzida pelas bactérias colônicas ao entrarem em contato com bolo alimentar > amônia no sangue > sangue “bypassa” o fígado e não é detoxificado > amônia atravessa barreira hematoencefálica > ativação do sistema GABA (depressão do SNC) Causas: insuficiência hepatocelular, hipertensão porta Fatores desencadeantes: HDA, PBE, constipação intestinal, diurético, alcalose (rouba H+ do NH4), BZD Clínica: alteração do sono, agitação, desorientação, flapping, coma.. Diagnóstico: clínico – não dosa amônia! Tratamento: lactulose + ATB (rifamixina, neomicina, metronidazol) / transplante Classificação A Associada à falência hepática aguda B Associada à by-pass portossistêmico C Associada à cirrose + hipertensão porta I Confusão leve, inversão do ciclo sono-vigília, irritabilidade II Letargia, comportamento inapropriado, flapping (asterixis) III Torpor, desorientação temporo-espacial IV Coma SÍNDROME HEPATORRENAL Produção exagerada de NO > vasodilatação esplâncnica > vasoconstrição renal exagerada (tentativa de compensação) > IRA Clínica: IRA “pré-renal” que não melhora com volume + urina concentrada e com sódio baixo Diagnóstico: de exclusão! – tem que excluir outras causas de IRA (suspender diurético por pelo menos 2 dias + ausência de resposta com albumina) Tratamento: albumina + terlipressina / transplante hepático Classificação Tipo 1 Rápida progressão – sobrevida: < 2 semanas Precipitada por PBE Cr > 2.5 Tipo 2 Insidiosa – melhor prognóstico Espontânea Cr 1.5-2 Lactulose: laxativo + transforma amônia em amônio (não atravessa BHE) 31 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 SÍNDROME HEPATOPULMONAR Produção exagerada de NO > vasodilatação esplâncnica + vasodilatação pulmonar > dilatação dos capilares deixa as hemácias longe da área de troca gasosa > sangue não oxigenado “bypassa” alvéolos Clínica: platipneia (dispneia em ortostase) + ortodeóxia (queda da saturação em ortostase) Tratamento: transplante hepático SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA HEPATOCELULAR Aguda (fulminante): icterícia + encefalopatia + coagulopatia Crônica (cirrótico): “estigmas hepáticos” a. Clínica “Estigmas hepáticos”: Eritema palmar Telangiectasia (aranhas vasculares) Ginecomastia Rarefação de pelos Baqueteamento digital Contratura de Dupuytren – álcool! Tumefação de parótidas – álcool! a. Estadiamento CHILD-PUGH – Beata 1 2 3 Bilirrubina < 2 2-3 > 3 Encefalopatia - I, II III, IV Albumina > 3,5 3-3,5 < 3 TAP (RNI) < 1,7 / < 4s 1,7-2,3 / 4-6s > 2,3 / > 6s Ascite - Leve (USG) Moderada (EF) A: 5, 6 B: 7, 8, 9 C: > 10 MELD – BIC (prioridade no transplante) Bilirrubina INR (TAP) Creatinina b. Causas – VIDA Vírus: B e C Infiltração gordurosa: alcóolica, não alcóolica Depósito: hemocromatose, doença de Wilson Autoimune Hiperestrogenismo + Hipoandrogenismo = fenótipo feminino 32 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCÓOLICA a. Fisiopatologia Resistência à insulina > dificuldade de utilização da glicose > utilização de gordura > acúmulo de AGL no fígado > hipertrigliceridemia + aumento de TNF-alfa > estresse oxidativo > lesão hepática Esteatose > Esteato-hepatite/NASH (25%) > Cirrose (10-50%) *Maior risco de cirrose: > 45 anos, DM, obeso b. Clínica Hepatite alcóolica Hepatite não alcóolica AST/TGO > ALT/TGP + GGT + VCM Ocorre com a libação no bebedor crônico (>20- 40g/dia) Febre + dor abdominal + icterícia Aumento de parótidas, contratura de Dupuytren Tratamento: abstinência + corticoide (Maddrey > 32) ALT/TGP > AST/TGO + ferritina Assintomático + síndrome metabólica Diagnóstico de exclusão! Tratamento: perda de peso + pioglitazona HEPATITE B CRÔNICA a. Conceito HBsAg positivo > 6m Cronificação: adultos (5%), crianças (30%), RN (90%) b. Tratamento Indicações: Replicação viral (HBeAg ou HBV-DNA > 2.000) + > 30 anos ou lesão hepatocelular (ALT/TGP > 2x) Exame complementar (biópsia ≥ A2F2, elastografia) Coinfecção (HCV, HIV) Imunossupressão (drogas, QT) Família (HF de hepatocarcinoma) Extra-hepáticas (PAN, GN membranosa, doença de Gianotti-Crosti) Medicamentos: HBeAg positivo Interferon (alfapeg-IFN) via SC por 48 semanas HBeAg negativo / sem resposta ao IFN / HIV Tenofovir VO por tempo indefinido Nefropata / Hepatopata grave / QT Entecavir VO por tempo indefinido Meta: HBsAg negativo HEPATITE C CRÔNICA a. Conceito HCV-RNA positivo > 6m Cronificação: 80-90% Sempre solicitar genotipagem – tipo 1 é o mais comum e o que menos responde ao tratamento! *Muito mutagênico b. Tratamento – todos! Pangenotípico Sofosbuvir + Velpatasvir por 12 semanas *Se Child B/C: por 24 semanas ou + Ribavirina 1) Imunotolerância: HBeAg + TGO/TGP normais 2) Imunoeliminação: HBeAg + TGO/TGP aumentadas 3) Soroconversão: HBeAg – com anti-HBe e HBsAg + RECIFE 33 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Meta: resposta virológica sustentada (HCV-RNA negativo 24 semanas após tto) c. Controle de cura F3-F4 ou grupo de risco: HCV-RNA anual + USG 6/6m Hepatite B Hepatite C RN > criança > adulto PAN, GN membranosa, doença de Gianotti-Crosti Alguns: IFN, TDF ou Entecavir 80-90% Crioglobulinemia, GN mesângiocapilar, líquen, porfiria Todos: Sofosbuvir + Velpatasvir (SV) DOENÇA DE WILSON a. Fisiopatologia Mutação genética (autossômico recessivo) que se expressa no fígado (ATP7B) > redução da excreção de cobre pelo fígado + redução da produção de ceruloplasmina > acúmulo de cobre nos tecidos b. Clínica – jovem (5-30 anos!) Doença hepática – aguda ou crônica Alterações neurológicas – síndrome parkinsoniana, distonias, alteração da personalidade Anel de Kayser-Fleishner – córnea (membrana de Descemet) Outros: hemólise com CD negativo, lesão tubular proximal (Fanconi), catarata c. Diagnóstico Dosagem de ceruloplasmina diminuída < 20 – triagem! Dosagem de cobre urinário > 100 Teste genético Biópsia hepática – se dúvida d. Tratamento Quelantes: zinco, trientina, D-penicilamina Transplante hepático – Nazer > 9 HEMOCROMATOSE a. Fisiopatologia Mutação no gene HFE > aumento da absorção intestinal de ferro > acúmulo e deposição de ferro nos tecidos b. Clínica – caucasiano (40-50 anos), comum Hepatomegalia / hepatocarcinoma (risco 100x maior) Heart – IC, arritmias Hiperglicemia – insulina-dependente (70%) Hiperpigmentação cutânea – “DM bronzeado” Hipogonadismo – atrofia testicular Hartrite + condrocalcinose (pseudogota) *Infecção por Vibrio vulnificus: ingestão de ostras! c. Diagnóstico Saturação de transferrina > 50-60% Ferritina > 200 Teste genético: mutação C282Y e H63D + rastrear parentes de 1º grau RM: hipossinal em T2 Lesão do SNC = anéis de KF! 6Hs “DM bronzeado” 34 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Biópsia hepática – se dúvida ou ferritina > 1000 d. Tratamento Flebotomias (sangria) Transplante hepático – não cura! Meta: ferritina < 50 e IST < 50% RASTRAMENTO DO CA HEPATOCELULAR Indicações: cirrose, HB ou HC crônicas USG + dosagem de alfafetoproteína 6/6m - Nódulo < 10mm: repetir USG em 3m - Nódulo > 10mm: TC ou RM > padrão típico (wash out) > diagnóstico (não precisa de biópsia) OBSTRUÇÃO INTESTINAL Dor abdominal + parada da eliminação de gases e fezes + distensão abdominal a. Classificação Mecanismo Mecânica Funcional Agente físico – brida, tumor Comprometimento da função motora Altura Alta – até o jejuno Baixa – íleo e cólon Vômitos precoces Vômitos tardios, fecaloide Grau Total Suboclusão Não passa nada Diarreia paradoxal Gravidade Simples Complicada - Isquemia de alça – estrangulamento (febre, taquicardia, alteração do nível de consciência) *Não dá pra diferenciar pela clínica! b. Clínica Parada de eliminação de gases e fezes Dor em cólica Distensão abdominal Vômitos – precoce (alta), tardio/fecaloide (baixa) Diarreia paradoxal – se suboclusão Peristalse aumentada (de luta) – timbre metálico/borborigmos, ondas de Kussmaul Toque retal – gases, fezes, massa, fecaloma Ampola retal vazia: obstrução completa/mecânica Ampola retal cheia: obstrução funcional Deficiência de alfa1-antitripsina: cirrose + enfisema pulmonar + paniculite necrosante/psoríase 35 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 c. Diagnóstico Laboratório Alcalose metabólica hipoclorêmica – vômitos Hipocalemia – SRAA Acidose metabólica – se isquemia de alça (estrangulamento) RX – sempre (rotina de abdome agudo) 3 incidências: tórax AP + abdome em pé + abdome deitado Define o local da obstrução Delgado Cólon Distensão central (até 5cm) Pregas coniventes – empilhamento de moedas Níveis hidroaéreos em degrau – em pé Distensão periférica (grosseira) Haustrações – formato em moldura *Se RX inconclusivo: TC Delgado Cólon d. Tratamento Suporte: dieta zero, hidratação venosa, SNG, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico Parcial e não complicada / Funcional Conservador – observar por 24-48h Total ou complicada CirurgiaMECÂNICA DELGADO – local mais comum de obstrução ▪ BRIDA/ADERÊNCIA – mais comum Obstrução + cirurgia abdominal prévia (independente do tempo)!!!! – principalmente andar inferior Tratamento Não complicada Suporte (48h) + gastrografin Complicada / Refratário Lise das aderências (aberta ou vídeo) *Gastrografin: contraste hiperosmolar – ajuda na resolução do edema e na monitorização ▪ ÍLEO BILIAR Obstrução intestinal por um cálculo biliar Colecistite + fístula entre a vesícula e o duodeno > impactação no íleo distal > obstrução do int. delgado Local mais comum: íleo distal Síndrome de Bouveret: obstrução alta (impactação do cálculo no piloro ou duodeno) 36 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Diagnóstico RX/TC: pneumobilia + cálculo ectópico + distensão do delgado – tríade de Rigler Tratamento Suporte Retirada do cálculo (enterolitotomia) + colecistectomia ▪ NEOPLASIAS – mais comum distal à flexura esplênica ▪ HÉRNIAS CÓLON ▪ CA COLORRETAL – mais comum Principal: tumor carcinoide ▪ VOLVO Pode ocorrer em qualquer segmento do TGI! Sigmoide > ceco > gástrico Torção sobre o próprio eixo > obstrução em alça fechada (2 pontos simultâneos) > evolução rápida para isquemia Diagnóstico RX: “grão de café”, “U invertido” Enema baritado: afilamento (“bico de pássaro”) Obstrução em alça fechada mais comum: obstrução colônica + válvula íleo-cecal competente SÍNDROME DE WILKIE / DA AMS Compressão do duodeno pela artéria mesentérica superior Fator de risco: perda de peso (anorexia/cirurgia bariátrica) Diagnóstico: duodenografia 37 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Tratamento Não complicada Descompressão endoscópica + sigmoidectomia eletiva Complicada / Refratário Cirurgia de urgência (Hartmann) Alto risco de recorrência! *Volvo de ceco: cirurgia (colectomia direita com anastomose 1ª) INFÂNCIA ▪ INTUSSUSCEPÇÃO – mais comum Invaginação de uma alça dentro da outra Criança: idiopática / Adulto: pólipo, divertículo, tumor Local mais comum: junção ileocecal Clínica – 3 meses - 6 anos Dor abdominal paroxística e intermitente – “choro incontrolável” Massa em salsicha Fezes em “geleia de framboesa” Diagnóstico – clínico + imagem RX USG: sinal do alvo, pseudorim Enema: imagem em crescente – diagnóstico e terapêutico! Tratamento Redução com enema – bário, hidrossolúvel ou ar Refratário / Adulto: cirurgia ▪ DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG – aganglionose intestinal congênita Atraso na eliminação de mecônio + constipação desde o nascimento + ampola retal vazia + fezes explosivas após toque retal Enema: ponto de obstrução (área de constrição) + dilatação a montante Biópsia (padrão-ouro): ausência de células ganglionares Tratamento: cirurgia (Duhamel / Soave) ▪ BENZOAR Alimento não digerido – cabelo, linho.. EDA – diagnóstico e terapêutico ▪ ÁSCARIS ▪ HÉRNIA FUNCIONAL ÍLEO PARALÍTICO Todo o intestino Causas Pós operatório – é fisiológico (delgado: 24h / estômago: 48h / cólon: 72h) Drogas – opioide, DHE, inflamação Clínica Parada da eliminação de gases e fezes 38 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Dor abdominal Distensão abdominal Peristalse diminuída Tratamento Excluir causas mecânicas + suporte PSEUDO OBSTRUÇÃO COLÔNICA AGUDA (SÍNDROME DE OGILVIE) Apenas o cólon Causas Paciente grave (CTI, sepse) Clínica Parada da eliminação de gases e fezes Dor abdominal Distensão do cólon Peristalse presente Tratamento Excluir causas mecânicas + suporte Sem resposta (48-72h) / Ceco > 12cm: Neostigmina (parassimpático mimético) Sem resposta: descompressão colonoscópica Sem resposta: cecostomia percutânea ou cirúrgica ONCOLOGIA PULMÃO NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO Lesão assintomática no RX com até 3cm (6cm) – > 3cm: massa! BENIGNO – cicatriz de TB, hamartoma MALIGNO – CA de pulmão Conduta: acompanhamento com RX, TC, PET de 3-6m / 2 anos Tabagismo ≥ 35 anos > 2cm (> 0.8cm) Crescimento em 2 anos Calcificação excêntrica/salpicada Irregular, espiculado Conduta: biópsia / ressecção *Forma mais comum de apresentação do CA! Adenocarcinoma com calcificação excêntrica / Margens espiculadas Neostigmina Cuidado com bradicardia: atropina! 39 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Hamartoma (benigno – densidade de gordura) – calcificação em pipoca! CARCINOMA BRONCOGÊNICO Origem no epitélio respiratório – brônquios, bronquíolos e alvéolos *CA que mais mata! a. Classificação NÃO PEQUENAS CÉLULAS – mais comum PEQUENAS CÉLULAS (OAT CELL) Adenocarcinoma Mais comum Incidência vem aumentando Paciente atípico: mulher jovem não tabagista Acometimento periférico – derrame pleural *Bronquioloalveolar: variante do adenocarcinoma – bem diferenciado, melhor prognóstico, TC com vidro fosco, menor relação com tabagismo Epidermoide/Escamoso 2º mais comum Paciente típico: idoso tabagista Acometimento central – cavitação Grandes células Mais raro Acometimento periférico Mais agressivo, pior prognóstico Origem neuroendócrina Acometimento central Biópsia: citoplasma escasso b. Clínica Tosse – mais comum Hemoptise – central Dispneia Dor torácica SÍNDROMES COMPRESSIVAS Síndrome de Pancoast (sulco superior) – epidermoide Epidermoide Dor torácica – destruição do gradil costal Compressão do plexo braquial – parestesia em região ulnar Síndrome de Horner – ptose, miose, anidrose, enoftalmia Síndrome da VCS – oat cell Oat cell Edema de face Pletora Turgência jugular Varizes no tórax e MMSS SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS Hipercalcemia – PTH-like Epidermide QT curto 40 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Osteoartropatia pulmonar hipertrófica Adenocarcinoma Baqueteamento digital Síndrome de Cushing – ACTH ectópico SIADH Síndrome de Eaton-Lambert Oat cell Fácies de lua cheia, obesidade central, hiperpigmentação Oligúria, hiponatremia Miastenia, reflexos diminuídos, disautonomia c. Rastreamento – não é consenso! Tabagista de 50-80 anos com > 20 maços/ano: TC sem contraste anual Interromper após 15 anos sem doença d. Diagnóstico Biópsia Periférico: biópsia percutânea (core biópsia) / toracotomia / videotoracoscopia (VATS) Central: broncoscopia / USG endoscópica / escarro e. Estadiamento NÃO PEQUENAS CÉLULAS – TNM T1 Nódulo (≤ 3cm) a) ≤ 1cm b) ≤ 2cm c) ≤ 3cm T2 3-5cm ou brônquio fonte a) 3-4cm b) 4-5cm T3 5-7cm Pleura / Pericárdio parietal Parede torácica / N. frênico Nódulo satélite no mesmo lobo T4 > 7cm Coração / Traqueia / Esôfago – irressecável Nódulo satélite ipsilateral em lobo diferente – ressecável N1 Hilares N2 Mediastinais ipsilaterais N3 Contralaterais / Supraclaviculares – irressecável *Mediastinoscopia ou US endobrônquico + biópsia M1 a) Derrame pleural/pericárdico neoplásico ou nódulo satélite contralateral b) Único órgão – osso, cérebro c) Vários órgãos *RM/TC de SNC PEQUENAS CÉLULAS (OAT CELL) Limitado 1 hemitórax Extenso Bilateral f. Tratamento ▪ NÃO PEQUENAS CÉLULAS 1A (NPS): ressecção 1B ou 2: ressecção + QT 3A: ressecção + QT / QT + RT Irressecável: T4 – exceto nódulo ipsilateral N3 M1 41 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 3B: QT + RT 4: QT paliativa *Até 3A pode fazer cirurgia! ▪ PEQUENAS CÉLULAS (OAT CELL) Limitado: QT + RT Extenso: QT paliativa Tabagismo: TCC + adesivos de nicotina + Bupropiona (se depressão) / Varenicilina iniciar 1 semana antes TIREOIDE NÓDULO DE TIREOIDE – CA não altera função da tireoide! AVALIAR TSHTSH SUPRIMIDO Cintilografia Quente: adenoma tóxico – cirurgia/ablação com iodo Frio: USG TSH NORMAL USG < 1cm: acompanhar (USG 6/6m) ≥ 1cm / suspeito: PAAF SUSPEITO: < 30 anos / > 60 anos Irradiação HF Rouquidão Crescimento USG: Chamas IV e V – vascularização central! Sólido Hipoecoico, irregular Microcalcificações *Linfonodo suspeito: hipoecoico, arredondado, > 0.5cm CLASSIFICAÇÃO DE BETHESDA – resultado da PAAF 1 – Insatisfatória Repetir PAAF 2 – Benigno Seguimento 3 – Atipia indeterminada Repetir PAAF ou análise genética 4 – Folicular Cirurgia ou análise genética 5 – Suspeito Cirurgia 6 – Maligno Cirurgia CA DE TIREOIDE ▪ BEM DIFERENCIADO – mais comum, bom prognóstico, mulher jovem Características PAPILÍFERO FOLICULAR Mais comum Mulher 20-40 anos Excelente prognóstico 2º mais comum Mulher 40-60 anos Bom prognóstico Pneumectomia: VEF1 > 80% (> 2L) Lobectomia: VEF1 >1.5L Exames pré-cirúrgicos: espirometria + gasometria + capacidade de difusão do CO 42 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Disseminação linfática FR: irradiação / k-RAS Corpos psamomatosos (microcalcificações) / vidro fosco / órfã Annie Disseminação hematogênica FR: carência de iodo Células foliculares Diagnóstico PAAF Biópsia *PAAF não diferencia CA de adenoma folicular! Tratamento < 1cm: tireoidectomia parcial ≥ 1cm / < 15 anos / irradiação: tireoidectomia total ≤ 2cm: tireoidectomia parcial + análise - adenoma: ok - CA: tireoidectomia total > 2cm: tireoidectomia total Seguimento Levotiroxina – supressão do TSH USG 6/6m Tireoglobulina > 1-2 ou Cintilografia positiva: ablação com iodo *Alto risco: > 40 anos, homem Corpos psamomatosos – parece uma papila ▪ POUCO DIFERENCIADO – pior prognóstico Características MEDULAR ANAPLÁSICO Células C/parafoliculares Marcador: calcitonina, CEA Pronto-oncogente RET – se positivo em parente de 1º grau: tireoidectomia profilática Esporádico (80%) x Familiar (20%, associação com NEM2) NEM 2A: CMT + Feocromocitoma + Hiperpara NEM 2B: CMT + Feocromocitoma + Neuroma Idoso Pior prognóstico – crescimento rápido Mais raro e mais agressivo Mutação no p53 FR: carência de iodo Diagnóstico PAAF Tratamento Tireoidectomia total + linfadenectomia Traqueostomia + QT/RT Seguimento Calcitonina - PRÓSTATA CA DE PRÓSTATA a. Epidemiologia Tumor maligno mais comum no Brasil Adenocarcinoma (95%) Geralmente multifocal, localizado na zona periférica Letalidade baixa b. Fatores de risco Idade avançada CÉLULAS DE HURTHLE Variante mais agressiva e menos diferenciada do folicular Grande tamanho Citoplasma eosinofílico e granular: oncócitos Tratamento: tireoidectomia total + linfadenectomia Metástase: osso – blástica (branca!) 43 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 HF Negro Dieta gordurosa, carnes vermelhas e defumadas *Tabagismo e HPB NÃO são FR! c. Clínica Assintomático – crescimento periférico Irritativos: urgência urinária Obstrutivos: jato fraco Dor – metástase óssea d. Diagnóstico Biópsia transretal (6 quadrantes, 12 fragmentos) e. Rastreio – não é consenso > 50 anos / > 45 anos se negro ou HF: toque retal (nodulações, irregularidade, endurecimento) + PSA Indicações de biópsia: Toque retal alterado PSA > 4 (> 2.5 se < 60 anos) PSA entre 2.5 e 4: refinamento Velocidade > 0.75/ano Densidade > 15 – afastar HBP Fração livre < 25% f. Estadiamento – RM T1 Não palpável T2 Palpável T3 Extensão extracapsular T4 Extensão para estruturas adjacentes *Estadiar N + M se: PSA > 10, Gleason > 8, > T3 ou sintoma compatível com metástase BAIXO RISCO PSA < 10 + Gleason < 6 + ≤ T2a RISCO INTERMEDIÁRIO PSA 10-20 / Gleason 7 ALTO RISCO PSA > 20 / Gleason 8-10 / ≥ T3 g. Tratamento Localizada (≤ T2) Prostatectomia radical RT Vigilância – se PSA < 10 + Gleason ≤ 6 Metastática Privação androgênica – castração Cirúrgica: orquiectomia bilateral Química: análogos do GnRH (Leuprolide, Goserelina) *Principal causa de incontinência urinária em homens: pós prostatectomia GLEASON – somar as 2 histologias mais frequentes (X+Y) 1 Mais diferenciado 5 Indiferenciado ≤ 6: diferenciado – baixo risco 7: intermediário – médio risco 8-10: indiferenciado – alto risco MS: não faz SBU: faz 44 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 h. Acompanhamento PSA após 4-6 semanas: cirurgia < 0.2 (indetectável) / RT < 1 i. Diagnóstico diferencial HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB) Envelhecimento > queda da testosterona > aumenta receptores androgênicos na próstata > próstata responde desproporcionalmente a qualquer estímulo > aumento de tamanho na zona de transição Obstrução uretral Estática – mecânica Crescimento prostático exagerado – DHT Dinâmica – funcional Contração das fibras musculares do tecido prostático – receptores alfa1-adrenérgicos Resposta do m. detrusor Hipertrofia Diminuição da complacência e capacidade vesical Denervação parassimpática Instabilidade vesical – contrações involuntárias Fatores de risco Idade avançada Testículos funcionantes Obesidade / síndrome metabólica Fatores genéticos Clínica Obstrutivos – LUTS de esvaziamento Irritativos – LUTS de enchimento Jato fraco e intermitente Esforço miccional Esvaziamento incompleto – retenção urinária crônica > incontinência por transbordamento Hesitância Gotejamento Urgência miccional Polaciúria Incontinência urinária Noctúria *Os sintomas NÃO são proporcionais ao tamanho da próstata! Diagnóstico História clínica (IPSS) Toque retal EAS + Ureia / creatinina PSA (< 10) USG transretal – estima peso Complicações Retenção urinária aguda ITU e prostatite Litíase vesical IRA / DRC Hematúria Falência do detrusor Normal: 30g – 3 polpas digitais SÍNDROME DE ABSORÇÃO HÍDRICA (PÓS-RTU) Hiponatremia dilucional Prevenção: usar eletrocautério bipolar ou laser / reduzir tempo operatório < 90min 45 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Tratamento – baseado nos sintomas (IPSS) LEVE 0-7 Acompanhamento anual MODERADA 8-19 Alfa1-bloqueador (Doxasozina – não seletivo, Tansulosina – seletivo) – obstrução dinâmica Inibidor da 5-alfa-redutase (Finasterida, Dutasterida) – obstrução estática Anticolinérgico (Oxibutinina, Tolteradina) – sintomas graves de armazenamento GRAVE 20-35 Cirurgia: falha / sintomas graves / complicações RTU Cirurgia aberta (prostatectomia) – > 80g / cálculo ou divertículo vesical Alfa1-bloqueador: hipotensão postural Finasterida: queda da libido, demora 6 meses para agir – PSA real é 2x maior BEXIGA CA DE BEXIGA a. Epidemiologia Tumor urotelial / células transicionais (95%) b. Fatores de risco Tabagismo Homem > 40 anos Exposição a hidrocarbonetos – pintor, frentista, sapateiro c. Clínica Hematúria macroscópica indolor d. Diagnóstico Citologia – se negativo, NÃO exclui! Cistoscopia com biópsia (RTU com retirada do músculo adjacente!) e. Tratamento Não invade músculo (T1N0M0) RTU-B + seguimento 3/3m Recorrente / Multifocal (> 40%) / T1 > 3cm: + BCG intravesical Invade músculo (≥ T2) QT neo > cistectomia + linfadenectomia > QT adjuvante Metástase QT +/- ressecção da doença residual Tentar remissão completa! ESÔFAGO CA DE ESÔFAGO a. Fatores de risco Escamoso – externos Adenocarcinoma – internos Tabagismo Etilismo Acalásia Estenose cáustica Tilose palmoplantar HPV Médio-proximal *Mais comum DRGE (esôfago de Barret) Obesidade Distal Hematúria + > 40 anos = INVESTIGAR CA DE BEXIGA! 46 Ana BárbaraDias Lopes Urzedo – 2021 b. Clínica – evolução em meses Disfagia de condução progressiva Perda de peso c. Diagnóstico Esofagografia: sinal da “maçã mordida”, sinal do “degrau” EDA + biópsia Classificação de Siewert I 1-5cm acima da JEG, esôfago distal = CA de esôfago II 1cm proximal até 2cm distal da JEG III 2-5cm abaixo da JEG, estômago = CA de estômago d. Estadiamento T: US endoscópico +/- broncoscopia N: US endoscópico com PAAF + TC de tórax M: TC tórax e abdome T1 – precoce a) Mucosa b) Submucosa T2 Muscular T3 Adventícia T4a Estruturas ressecáveis T4b Estruturas irressecáveis Não tem serosa!!!! – facilita metástase e. Tratamento Inicial – T1a Mucosectomia por EDA Padrão – Resto QT/RT neo (≥ T2, N+) > Esofagectomia + linfadenectomia Avançado – T4b / M1 Paliativo – dilatação esofágica / RT ESTÔMAGO CA DE ESTÔMAGO Adenocarcinoma (95%) *Proximal! a. Fatores de risco Dieta – nitrogenados, defumados Tabagismo H. pylori – gastrite atrófica Gastrectomia prévia – B2 Homem idoso b. Clínica Dispepsia com sinais de alarme *Sd paraneoplásicas: acantose nigricans, tromboflebite migratória (Trousseau), ceratose seborreica (Leser-Trelat) c. Diagnóstico Exame físico EDA + biópsia Supraclavicular E – linfonodo Virchow Axilar E – linfonodo Irish Umbilical – peritoneal Irmã Maria José Prateleira retal – peritoneal Blummer Ovário – peritoneal Krukemberg Broncoscopia: avalia invasão da árvore traqueobrônquica (T4b) TC de tórax / PAAF: avalia linfonodomegalia (TB? Mx?) 47 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 d. Classificações BORRMAN – macro I Polipoide / Não ulcerado II Úlcera com bordas definidas III Úlcera com infiltração IV Infiltração / Linite plástica LAUREN – micro INTESTINAL – mais comum DIFUSO Homem Idoso Esporádico FR: gastrite atrófica (H. pylori) Bem diferenciado Estruturas glandulares Melhor prognóstico Distal Disseminação hematogênica Mulher Jovem Hereditário FR: sangue A Indiferenciado Células em anel de sinete Pior prognóstico Proximal Disseminação por contiguidade e linfática *Gene e-caderina e. Estadiamento T: US endoscópico N: US endoscópico com PAAF + TC de abdome M: TC tórax e abdome + Laparoscopia T1 – precoce, independente do N a) Mucosa b) Submucosa T2 Muscular T3 Serosa T4 Estruturas adjacentes N3b > 15 linfonodos *Tem que retirar no MÍNIMO 16 linfonodos!!! f. Tratamento Inicial – T1a + Borrman I + Intestinal + < 2cm + N0 Mucosectomia por EDA Padrão – Resto Gastrectomia total (proximal/médio) ou subtotal (distal) + linfadenectomia D2 > QT + RT adjuvante (≥ T3, N+) Avançado – M1 Paliativo – Gastrectomia + QT *Perceba que nem todo CA precoce é candidato à mucosectomia! OUTROS LINFOMA MALT Não-Hodgkin de células B Erradicação da H. pylori (regressão do linfoma!) > sem resposta > QT GIST Local mais comum: estômago Origem: células de Cajal Maioria é benigno Pronto-oncogene KIT (CD117), CD34 Diagnóstico: EDA (lesão regular submucosa) – não faz biópsia (só se for irressecável!) < 2cm e assintomático: acompanhamento > 2cm / irregular / ulcerado / heterogêneo: gastrectomia atípica sem linfadenectomia +/- Imatinibe (KIT+, metástase, irressecável, > 3cm, > 4 mitoses/campo, recorrente) Metástase transcelômica – carcinomatose peritoneal TEM QUE FAZER LAPAROSCOPIA DIAGNÓSTICA! 48 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 COLORRETAL CA COLORRETAL Adenocarcinoma Sequência adenoma-carcinoma (8-10 anos) Mutação: gene APC – adquirida (80%) ou hereditária (PAF, 20%) Sobre pólipos Não neoplásicos Neoplásicos Hiperplásicos – retossigmoide Inflamatórios Hamartomatosos Adenocarcinoma – CA in situ Adenoma – viloso! Serrilhado *Pólipo = polipectomia > adenoma > colonoscopia em 3 anos a. Síndromes hereditárias POLIPOIDE HEREDITÁRIA ▪ POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR (PAF) Pólipos adenomatosos (> 100) Gene APC mutante hereditário 100% evoluem para CCR Retinite pigmentosa (75%) Variantes: Gardner PAF + dentes extranumerários + osteomas + tumores desmoides Turcot PAF + tumores do SNC NÃO POLIPOIDE HEREDITÁRIA ▪ SÍNDROME DE LYNCH – instabilidade de microssatélites (MSH2, MLH1) Critérios de Amsterdam CA < 50 anos + ≥ 3 familiares (1 de 1º grau) + 2 gerações (autossômica dominante) Lynch I Colorretal Lynch II Colorretal + outros *Melhor prognóstico ▪ SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS Pólipos hamartomatosos Manchas melanóticas em pele e mucosa Clínica: intussuscepção (dor), melena, anemia Baixo risco para CA de cólon – colonoscopia 2/2 anos ▪ SÍNDROME DE COWDEN Pólipos hamartomatosos Hiperceratose palmoplantar, nódulos verrucosos (triquilemomas) Baixo risco para CA de cólon ▪ POLIPOSE JUVENIL FAMILAR Pólipos hamartomatosos Criança + anemia + hematoquezia b. Fatores de risco Idade HF CRONKHITE CANADA Não hereditária Japoneses idosos Alopecia + distrofia ungueal 49 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 Síndromes hereditárias DII c. Clínica Cólon direito Melena Anemia Massa palpável Cólon esquerdo Alteração do hábito intestinal Reto Hematoquezia Fezes em fita d. Diagnóstico Colonoscopia + biópsia + CEA (acompanhamento) Classificação de Haggitt 0 Não invasivo 1 Cabeça do pólipo 2 Colo do pólipo 3 Pedículo do pólipo 4 Base do pólipo – submucosa / sésseis *Cabeça, ombro, joelho e pé e. Rastreamento – colonoscopia Esporádico ≥ 45 anos – HF 1º grau: 40 anos ou 10 anos antes Colectomia segmentar HF ≥ 40 anos Lynch ≥ 20 anos Colectomia total PAF ≥ 10 anos f. Estadiamento – TC de tórax/abdome + RM de pelve + CEA Dukes A Submucosa B 1) Muscular 2) Subserosa 3) Órgãos C 1) B1 e N+ 2) B2 e N+ 3) B3 e N+ D Metástase g. Tratamento CÓLON Colectomia + linfadenectomia + QT (≥ T3, N+, M+, invasão linfovascular, margem comprometida) *Mesmo se M1, pois evita complicações futuras (obstrução, perfuração) RETO – US transrretal Inicial – T1 Excisão > 5cm (alto): endoscópica < 5cm (baixo): local Padrão – Resto QT + RT neoadjuvante > cirurgia > QT adjuvante > 5cm da borda anal: ressecção abdominal baixa (RAB) + excisão do mesorreto + anastomose coloanal 1ª + ostomia de proteção CEA NÃO SERVE PARA DIAGNÓSTICO! 50 Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo – 2021 ≤ 5 cm da borda anal: ressecção abdominoperineal (RAP, Miles) + excisão do mesorreto + colostomia definitiva Avançado – M1 Metástase hepática: QT sistêmica/intra-arterial > ressecção Metástase pulmonar: Ressecção *Mesmo com a remissão completa do tumor após QT+RT neo, TEM que operar! PÂNCREAS CA DE PÂNCREAS Adenocarcinoma ductal a. Clínica Cabeça Icterícia Sinal de Courvoisier Corpo/Cauda Dor abdominal – invasão do plexo nervoso celíaco Perda de peso Síndrome de Trousseau: paraneoplásica – tromboflebite migratória / DM súbito b. Diagnóstico TC de abdome + CA 19.9 (acompanhamento) *Se irressecável: biópsia c. Tratamento QT/RT neoadjuvante: > 180 VMS ou veia porta < 180 AMS ou tronco celíaco + Cirurgia: Sem metástase / invasão vascular (tronco celíaco, AMS) Cabeça Duodenopancreatectomia com reconstrução em Y de Roux (Whipple) Corpo/Cauda Pancreatectomia distal + esplenectomia FÍGADO TUMORES BENIGNOS ADENOMA Mulher adulta Uso de ACO, anabolizante Maioria sintomática Risco de ruptura (hemorragia) + malignização TC: wash out em fígado normal > 5cm / desejo de engravidar: cirurgia ≤ 5cm: suspender ACO HEMANGIOMA – mais comum de todos Mulher jovem Síndrome de Kasabach-Merrit: plaquetopenia TC: captação arterial periférica,
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