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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tromboembolismo Pulmonar - TEP Definição Doença comum e potencialmente fatal. A abordagem da avaliação deve ser eficiente. Evitar testes desnecessários para que a terapia possa ser iniciada prontamente e a morbidade e mortalidade potenciais evitadas. Embolia pulmonar refere-se à obstrução da artéria pulmonar ou de um de seus ramos por material (por exemplo, trombo, tumor, ar ou gordura) que se originou em outras partes do corpo. - ex: paciente com fratura gordura na circulação obstrução da artéria pulmonar ou um de seus ramos TEP. Causa comum de parada cardíaca súbita ou colapso circulatório (8%), especialmente entre pacientes com menos de 65 anos. Entre esses pacientes, dispnéia ou taquipnéia estão presentes em 91%. A EP maciça pode ser acompanhada por insuficiência ventricular direita aguda manifestada por aumento da pressão venosa jugular, terceira bulha cardíaca direita, elevação paraesternal, cianose e choque obstrutivo. Deve-se suspeitar de EP sempre que houver hipotensão acompanhada de pressão venosa central elevada que não seja explicada por infarto agudo do miocárdio, pneumotórax hipertensivo, tamponamento pericárdico ou nova arritmia. Nomenclatura – Padrão temporal de apresentação Agudo: Pacientes com EP aguda normalmente desenvolvem sintomas e sinais imediatamente após a obstrução dos vasos pulmonares. Subagudo: Alguns pacientes com EP também podem apresentar sinais e sintomas de maneira subaguda dentro de dias ou semanas após o evento inicial. Crônico: Pacientes com EP crônica desenvolvem lentamente sintomas de hipertensão pulmonar ao longo de muitos anos (isto é, hipertensão pulmonar tromboembólica crônica; HPTEC). Patogênese - Tríade de Wirchow 1. Alterações no fluxo sanguíneo (estase); 2. Lesão endotelial vascular; 3. Alterações nos constituintes do sangue (estado hipercoagulável herdado ou adquirido). Um fator de risco para trombose pode ser identificado em mais de 80% dos pacientes com trombose venosa. Muitas vezes há mais de um fator em jogo em um determinado paciente. 50% dos eventos trombóticos em pacientes com trombofilia hereditária estão associados à presença adicional de um fator de risco adquirido (cirurgia, repouso prolongado no leito – usar heparina profilática, gravidez, contraceptivos orais). Alguns pacientes têm mais de uma forma de trombofilia hereditária ou mais de uma forma de trombofilia adquirida e parecem ter um risco ainda maior de trombose. Em um estudo populacional de prevalência de TEV, 56% dos pacientes apresentavam três ou mais dos seis fatores de risco a seguir presentes no momento do TEV: > 48 horas de imobilidade no mês anterior; internação hospitalar, cirurgia, malignidade ou infecção nos últimos três meses; ou hospitalização atual. Populações especiais - Grupos de risco Pacientes com malignidade. Grávidas. Acidente vascular cerebral. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Pacientes acamados. Pacientes cirúrgicos hospitalizados. Pacientes ginecológicos hospitalizados. Pacientes com síndrome nefrótica. Pacientes com lesão medular traumática aguda. Doentes com artroplastia total ou substituição da articulação. Pacientes com distúrbios trombóticos hereditários. Apresentação clínica Ampla variedade de características de apresentação. Variando de ausência de sintomas a choque ou morte súbita. O sintoma mais comum é a dispneia súbita seguida de dor torácica (classicamente pleurítica), tosse e hemoptise (sangue vivo) / hemoptoicos (sangue misturado ao catarro). Muitos pacientes apresentam sintomas leves ou inespecíficos ou são assintomáticos Meta-análise de 19 estudos (25.343 pacientes): impressão clínica teve uma sensibilidade e especificidade de 85 e 51%. É fundamental que um alto nível de suspeita seja mantida de modo que os casos clinicamente relevantes não sejam perdidos. História Dispnéia em repouso ou com esforço (73%). Dor pleurítica (66%). Tosse (37%). Ortopnéia (28%). Dor e/ou inchaço na panturrilha ou na coxa (44%). Chiado (21%). Hemoptise (13%). Menos comuns incluem arritmias transitórias ou persistentes, pré-síncope, síncope e colapso hemodinâmico (10%). Sinais de TEP Podem ser assintomáticos. Taquipneia (54 %). Inchaço da panturrilha ou coxa, eritema, edema, sensibilidade, cordões palpáveis (47%). Taquicardia (24%). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Sons respiratórios diminuídos (17%). Hiperfonese da segunda bulha cardíaca (15%). Distensão venosa jugular (14%). Febre, imitando pneumonia (3 %). Abordagem inicial A abordagem inicial de pacientes com suspeita de embolia pulmonar (EP) deve se concentrar na estabilização do paciente enquanto a avaliação clínica e os testes diagnósticos definitivos estão em andamento. A anticoagulação deve ser iniciada mesmo antes da confirmação do diagnóstico de EP se o risco-benefício em relação à suspeita de EP e risco de sangramento parecer favorável. Uma vez confirmado o diagnóstico, a estratificação de risco é crucial. Avaliar a estabilidade hemodinâmica – Hemodinamicamente estável A maioria dos pacientes com embolia pulmonar está hemodinamicamente estável na apresentação. A abordagem inicial deve se concentrar em medidas gerais de suporte enquanto a avaliação diagnóstica estiver em andamento: Acesso intravenoso periférico com ou sem fluidos intravenosos. Suplementação de oxigênio. Anticoagulação empírica dependendo da suspeita clínica de EP, risco de sangramento e tempo esperado de testes diagnósticos definitivos. Avaliar a estabilidade hemodinâmica – Hemodinamicamente instável A abordagem inicial deve se concentrar em medidas gerais de suporte enquanto a avaliação diagnóstica estiver em andamento. As medidas de suporte incluem: Acesso intravenoso periférico com ou sem fluidos intravenosos. Suplementação de oxigênio. Anticoagulação empírica dependendo da suspeita clínica de EP, risco de sangramento e tempo esperado de testes diagnósticos definitivos. Para a maioria dos pacientes que se tornam hemodinamicamente estáveis após a ressuscitação e nos quais a suspeita clínica de EP é alta está indicada anticoagulação imediata com heparina não fracionada e exames de imagem imediatos para diagnóstico definitivo (angiotomografia). Para pacientes com suspeita moderada ou baixa de EP, o uso de anticoagulação empírica depende do momento do teste diagnóstico. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Resposta fisiológica ao TEP Infarto Em cerca de 10% dos pacientes, pequenos trombos se alojam distalmente nos vasos segmentares e subsegmentares, resultando em infarto pulmonar. Dor torácica pleurítica e hemoptise, presumivelmente devido a uma intensa resposta inflamatória no pulmão e nas pleuras visceral e parietal adjacentes. Troca gasosa anormal A troca gasosa prejudicada por EP é devido à obstrução mecânica e funcional do leito vascular alterando a relação ventilação/perfusão, e pela inflamação resultando em disfunção do surfactante e atelectasia resultando em shunt intrapulmonar funcional. Ambos os mecanismos causam hipoxemia. Acredita-se também que a inflamação seja responsável por estimular o impulso respiratório, resultando em hipocapnia e alcalose respiratória. Comprometimento cardiovascular A hipotensão decorrente de EP é devido à diminuição do volume sistólico e do débito cardíaco. Resistência vascular pulmonar está aumentada devido à obstrução física do leito vascular com trombo e vasoconstrição hipóxica no sistema arterial pulmonar. O aumento da RVP, por sua vez, impede a saída do ventrículo direito e causa dilatação do ventrículo direito e achatamento ou arqueamento do septo intraventricular. Tanto o fluxo diminuído do ventrículo direito (VD) quanto a dilatação doVD reduzem a pré-carga ventricular esquerda, comprometendo o débito cardíaco. Escore de Wells - A pontuação final irá interferir na conduta do paciente. Critérios de exclusão para TEP (Regra PERC) Esses critérios estão relacionados a uma MENOR probabilidade de diagnóstico de TEP. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Avaliação de TEP - baixa probabilidade VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Dímero D: produto de degradação da fibrina, está aumentado em situações de lesão endotelial. - Paciente com insuficiência renal: não fazer angiotomografia (usa contraste iodado). Nesse caso, fazer a ventilação- perfusão. Avaliação de TEP - probabilidade intermediária Avaliação de TEP - alta probabilidade VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Exames laboratoriais Os exames laboratoriais não são diagnósticos, mas alteram a suspeita clínica de EP, confirmam a presença de diagnósticos alternativos e fornecem informações prognósticas no caso de diagnóstico de TEP. Hemograma e Bioquímica Gasometria arterial e oximetria de pulso VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Peptídeo natriurético cerebral (BNP) Troponina D- Dímero VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Angiografia pulmonar por tomografia computadorizada ECG (sinais de sobrecarga de câmaras direitas) VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Radiografia de tórax VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Escore de PESI completo Escore de PESI simplificado O escore completo de PESI raramente é calculado na prática clínica, pois geralmente é considerado complicado. Em contraste, o escore PESI simplificado é breve, contém um número limitado de parâmetros facilmente acessíveis e, portanto, muito mais prático. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Abordagens alternativas de imagem Ultrassonografia de membros inferiores com Doppler Um novo diagnóstico de TVP no cenário de sintomas consistentes com EP é altamente sugestivo, embora não definitivo, de EP. Dessa forma, a US pode ser utilizada como exame inicial na avaliação da suspeita de EP, pois resultados positivos podem justificar o início do tratamento anticoagulante. No entanto, devido à baixa sensibilidade da US, não é suficiente para descartar EP e pode ser mais útil para pacientes com suspeita de EP, mas nos quais a imagem definitiva (CTPA, V/Q) é contraindicada, indeterminada ou demorada. Se a US de membros inferiores for positiva, os pacientes podem ser tratados. Se a ultrassonografia Doppler for negativa e a suspeita clínica de EP for baixa ou intermediária, geralmente é considerado seguro suspender a anticoagulação e monitorar TVP com ultrassonografia seriada até que a imagem do tórax possa ser realizada . Se a US for negativa e a suspeita de EP for alta, deve-se tentar mais exames de imagem e/ou anticoagulação empírica. A justificativa para essa abordagem é que a ultrassonografia pode ser negativa no cenário de EP, seja porque o trombo viajou para o pulmão ou porque coágulos na panturrilha e/ou veias pélvicas não são prontamente detectados pela ultrassonografia. Angiografia pulmonar por cateter Raras circunstâncias para pacientes com alta probabilidade clínica de EP, nos quais CTPA ou V/Q não são diagnósticos e nos quais o diagnóstico determina uma decisão clínica importante (p. uma intervenção). Angiografia pulmonar por ressonância magnética Opção de imagem para diagnóstico de EP em pacientes nos quais nem CTPA nem varredura V/Q podem ser realizadas. Ecocardiografia O trombo pode ser visualizado nas artérias pulmonares proximais ou presença de coágulo no coração (raro). SPECT Podem permitir o diagnóstico preciso de EP sem administração de contraste iodado e tem uma dose de radiação menor que o CTPA (a menos que SPECT-CT seja realizado). Pode aumentar a detecção de êmbolos pulmonares menores. Estudos preliminares sugerem que SPECT é tão sensível quanto o CTPA e mais sensível que a varredura V/Q. Diagnóstico diferencial Insuficiência cardíaca – A combinação de dispneia e inchaço das pernas devido à insuficiência cardíaca pode mimetizar a EP. A evidência de edema pulmonar pode ser apoiada por crepitações e radiografia de tórax. Embora a elevação do peptídeo natriurético cerebral possa apoiar a insuficiência cardíaca, isso também pode ser observado na EP aguda. Pneumonia – Febre, consolidação na imagem torácica e leucocitose, mas também podem ser as características de apresentação de um infarto pulmonar lobar agudo secundário à EP, principalmente à medida que evolui nos primeiros dias ou semanas. A presença de fatores de risco para EP, sintomas persistentes ou má resposta aos antibióticos, ou início abrupto de novos sintomas durante o curso da doença subaguda deve levar o clínico a investigar EP. Isquemia ou infarto do miocárdio – A dor torácica cardíaca geralmente não é pleurítica e a evidência de isquemia ou infarto do miocárdio pode ser vista no eletrocardiograma (ECG). Embora a elevação da troponina possa sugerir dor torácica cardíaca, isso também pode ser observado na EP aguda. Pericardite – A dor da pericardite pode ser pleurítica e, portanto, mimetizar a EP. A presença de um pródromo viral, doença inflamatória pré-existente e achados eletrocardiográficos de supradesnivelamento do segmento ST podem aumentar a probabilidade de pericardite. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Exacerbação de doença pulmonar crônica subjacente – Pacientes com DPOC geralmente apresentam dispneia. A presença de outro diagnóstico não exclui completamente a possibilidade de EP. A sibilância é incomum na EP e pode sugerir uma exacerbação de doença pulmonar pré-existente, como asma ou DPOC. No entanto, hipoxemia ou desconforto respiratório desproporcional aos sintomas obstrutivos ou sibilos devem levar à consideração de EP. Vasculite - A presença de um padrão intersticial na radiografia de tórax em um paciente com uma condição reumatológica subjacente (por exemplo, esclerodermia) pode distinguir vasculite de EP. Dor musculoesquelética – A dor aguda na parede torácica pode imitar a dor pleurítica da EP. No entanto, na ausência de uma história clara de lesão, a dor musculoesquelética deve ser considerada um diagnóstico de exclusão quando a EP permanece no diagnóstico diferencial. Tratamento da Embolia pulmonar (suspeita ou confirmada) Estabilização do paciente A ressuscitação volêmica intravenosa deve ser limitada, pois a distensão adicional de um ventrículo direito (VD) já dilatado pode piorar a hemodinâmica. Oxigenação Oxigênio suplementar a suporte ventilatório e hemodinâmico. Se possível, a intubação endotraqueal deve ser evitada, pois a ventilação com pressão positiva pode reduzir a pré-carga e comprimir o VD falho, levando ao colapso hemodinâmico. Base da terapia: anticoagulação, dependendo do risco de sangramento. Quando a probabilidade pré-teste de EP é alta ou o quando diagnóstico por imagem ainda não tiver sido feito , a anticoagulação pode ser iniciada antes que o diagnóstico de EP seja confirmado. Pode ou não ser tratado em ambiente hospitalar ou ambulatorial. Pacientes com risco de vida podem necessitar de tratamento adicional além da anticoagulação, incluindo trombólise, filtros de veia cava inferior e embolectomia. - Câncer que mais sangram: gastrointestinal, renal e ginecológico. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Anticoagulação Risco alto de sangramento Contraindicações absolutas: - Cirurgia recente, acidente vascular cerebral hemorrágico, sangramento ativo. - Dissecção aórtica, intracraniana ou espinhal, tumores do cordão umbilical. A anticoagulação empírica não deve ser administrada A avaliação diagnóstica deve ser acelerada para que terapias alternativas (por exemplo, filtro deveia cava inferior, embolectomia) possam ser iniciadas se a EP for confirmada. Baixo risco de sangramento Pacientes sem fatores de risco para sangramento têm risco de sangramento de três meses. Uma suspeita clínica moderada de EP (por exemplo, pontuação de Wells de 2 a 6), na qual se espera que a avaliação diagnóstica demore mais de quatro horas. Uma suspeita clínica baixa para EP (por exemplo, pontuação de Wells <2), se a avaliação diagnóstica deve demorar mais de 24 horas. Risco moderado de sangramento Pacientes com um ou mais fatores de risco para sangramento apresentam risco moderado (>3%) a alto (>13%) de sangramento. Nesses pacientes, a terapia anticoagulante empírica pode ser administrada caso a caso de acordo com a relação risco-benefício avaliada e os valores e preferências do paciente. Julgamento clínico. Podemos anticoagular empiricamente um paciente com risco moderado de sangramento se ele tiver uma alta suspeita clínica de EP, comprometimento respiratório grave ou um atraso esperado para a inserção de um filtro de veia cava. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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