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BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS

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AULA 1 
Introdução às Boas Práticas Laboratoriais 
DESCRIÇÃO 
Conceitos básicos, Sistemas de tratamento de água em laboratórios clínicos, Contenções laboratoriais, Descartes de resíduos. 
PROPÓSITO 
Apresentar os requisitos básicos para garantir as Boas Práticas Laboratoriais, de modo a objetivar processos seguros e de qualidade 
ao se minimizar erros e garantir a confiabilidade dos resultados laboratoriais. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Descrever os conceitos básicos de boas práticas aplicados aos laboratórios clínicos. 
MÓDULO 2 
Identificar as técnicas de purificação de água e a descontaminação de acordo com as boas práticas de laboratório. 
INTRODUÇÃO 
O estudante que escolhe a área de Saúde como profissão precisa compreender logo de início que, mais cedo ou mais tarde, ele 
estará dentro de um laboratório, seja este voltado para o ensino, para a pesquisa ou para as práticas laboratoriais. E os laboratórios 
podem ser considerados áreas de trabalho complexas, uma vez que convivem ali os mais diferentes tipos de artefatos, desde 
pessoas a equipamentos, reagentes, solventes, vidrarias, microrganismos e documentos. Dessa forma, é preciso garantir a 
segurança de todos no dia a dia de trabalho, evitando os riscos de acidentes e contaminação com agentes biológicos e químicos. 
Esses cuidados são conhecidos como Boas Práticas Laboratoriais (BPL) e se aplicam a todos os tipos de laboratórios – químicos, 
biológicos, físicos e clínicos. 
Neste tema, abordaremos as boas práticas de laboratórios clínicos voltados mais especificamente para os laboratórios de análises 
clínicas. Nesse contexto, é necessário observar as interações que contribuem para o sistema, tais como os fatores humanos, 
ambientais, tecnológicos, educacionais e normativos. Geralmente, isso tudo está associado a um conceito mais abrangente 
relacionado à biossegurança em laboratórios clínicos. Assim, as Boas Práticas Laboratoriais caminham juntas com a biossegurança 
em laboratórios clínicos. 
Para compreendermos melhor esses conceitos, abordaremos as instalações físicas de um laboratório clínico, suas acomodações e 
infraestrutura, as condutas e as contenções laboratoriais. 
Conheceremos os processos de desinfecção e esterilização e os sistemas de tratamento de água utilizados na prática analítica e 
clínica. Falaremos ainda sobre os tipos de riscos químicos e biológicos e o descarte de resíduos gerados pelos laboratórios. Por 
fim, conheceremos a legislação e as regulamentações que abrangem as atividades laboratoriais no Brasil. 
MÓDULO 1 
Descrever os conceitos básicos de boas práticas aplicados aos laboratórios clínicos 
INTRODUÇÃO ÀS BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS (BPL) 
As boas práticas de laboratório são definidas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária.) como um: 
SISTEMA DA QUALIDADE RELATIVO À ORGANIZAÇÃO E ÀS CONDIÇÕES SOB AS QUAIS OS ESTUDOS EM LABORATÓRIO 
E NO CAMPO SÃO PLANEJADOS, REALIZADOS, MONITORADOS, REGISTRADOS, RELATADOS E ARQUIVADOS. ANVISA 
(2001) 
Esse conceito abrange todos os tipos de laboratórios de forma geral sem focar em nenhum tipo específico, contemplando os 
produtos para a saúde humana, vegetal, animal e ao meio ambiente, como nos seguintes casos: Concessão, renovação ou 
modificação de registro e pesquisa de produtos químicos, biológicos ou biotecnológicos, tais como produtos farmacêuticos, 
correlatos, agrotóxicos e afins; produtos veterinários; cosméticos; aditivos de alimentos e rações; e produtos químicos industriais. 
Testes de produtos químicos, biológicos ou biotecnológicos para obtenção de propriedades físicas, químicas e físico-químicas. 
De forma resumida, portanto, podemos observar o seguinte: 
DEFINIÇÃO PRINCÍPIOS ABRANGÊNCIA DEFINIÇÃO 
Boas práticas de laboratório são o conjunto de normas que dizem respeito à organização e às condições sob as quais estudos em 
laboratórios e/ou campo são planejados, realizados, monitorados, registrados e relatados. 
PRINCÍPIOS 
Fixar os padrões mínimos para um laboratório funcionar adequadamente visando o homem/vegetais/animais e o meio ambiente. 
ABRANGÊNCIA 
Os princípios das BPL são aplicáveis a estudos relacionados à saúde humana, vegetal, animal e ao meio ambiente, nos casos 
previstos nas respectivas normas. 
INFRAESTRUTURA LABORATORIAL 
Para garantir a segurança dos laboratórios é necessário o planejamento adequado de toda a sua área com as regulamentações 
específicas e com o nível de biossegurança exigido para cada tipo de laboratório, de acordo com os diferentes níveis de riscos 
existentes. 
Atualmente, no Brasil, a legislação que regulamenta esse setor é a RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o 
regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais 
de saúde. O layout de um laboratório pode também ser considerado um tipo de contenção laboratorial conhecida como barreira 
secundária. Os níveis de riscos em biossegurança são estabelecidos de acordo com o agente patológico de maior classe de risco 
envolvido, e as características físicas, estruturais e de contenção de um laboratório estão relacionadas justamente ao nível de risco 
que será manipulado naquele local. 
De acordo com a legislação atual, os níveis de biossegurança estão classificados em 4 grupos e os projetos de laboratórios podem 
ser planejados segundo esta classificação de risco, como veremos a seguir (BRASIL, 2002): 
NÍVEL 1 DE BIOSSEGURANÇA (NB-1) 
É o nível de risco mais baixo para o indivíduo e a comunidade, no qual podem ser manipulados agentes biológicos conhecidos por 
não causarem doenças no homem ou nos animais adultos sadios, como por exemplo: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis. 
Laboratório NB-1: todo o laboratório deve apresentar a identificação do seu nível de segurança e dos agentes 
biológicos respectivos, como na Figura 1. 
RISCO BIOLÓGICO 
Organismo: 
Classe de Risco: 
Pesquisador responsável: 
Telefone para contato: 
PROIBIDA A ENTRADA DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS 
Deve apresentar acesso controlado e separação do acesso ao público. As paredes, pisos e tetos devem ser impermeáveis e 
resistentes à desinfecção. A autoclave deve estar próxima do laboratório e ter local para armazenar os equipamentos de proteção 
individual (EPI) de uso exclusivo do laboratório (Figura 2). 
 
1 Controle de acesso 
2 Pia para lavar as mãos 
3 Mapa de Risco 
4 Equipamentos de proteção 
individual 
5 Bancadas impermeáveis e 
resistentes 
6 Autoclave (deve estar 
próximo ao laboratório) 
 
 
 
NÍVEL 2 DE BIOSSEGURANÇA (NB-2) 
É o nível de risco moderado para o indivíduo e limitado para a comunidade, no qual podem ser manipulados os agentes biológicos 
que provocam infecções no homem ou nos animais, de forma limitada e para os quais existem medidas profiláticas e terapêuticas 
conhecidas, como por exemplo: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola. 
Laboratório NB-2: esse laboratório deve apresentar todos os critérios recomendados nos laboratórios NB-1 e também: pia lavatório 
próxima à entrada do laboratório com acionamento sem uso das mãos; sistema central de ventilação com janelas vedadas; sistema 
de geração de emergência elétrica; antecâmara e cabine de segurança biológica. Mais adiante, compreenderemos melhor o uso 
desses equipamentos (Figura 3). 
1 Controle de acesso 
(laboratório com portas 
trancadas) 
2 Pia para lavar as mãos 
3 Mapa de risco 
4 Cabine de segurança biológica 
5 Equipamentos de proteção 
individual 
6 Bancada 
7 Autoclave (deve estar próximo 
ao laboratório) 
 
 
SAIBA MAIS 
Os laboratórios clínicos para diagnóstico simples, tais como os laboratórios de análises clínicas que fazem exames parasitológicos, 
são classificados como NB-2. 
NÍVEL 3 DE BIOSSEGURANÇA (NB-3) 
É o nível de risco alto para o indivíduo e moderado para a comunidade, no qual podem ser manipulados os agentes biológicos que 
possuem capacidade de transmissão, em especial por via respiratória,e que causam doenças em humanos ou animais 
potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas. Representam risco se disseminados 
na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa, como por exemplo: Bacillus anthracis e Vírus da 
Imunodeficiência Humana (HIV). 
Laboratório NB-3: local em que são manipulados agentes biológicos patogênicos que podem causar danos à saúde humana, 
animal e ao meio ambiente. Esse tipo de laboratório pode ser designado para análises clínicas, laboratórios universitários ou de 
pesquisa. A equipe de trabalho desse tipo de laboratório deve usar os equipamentos de proteção individual (EPI) específicos para 
essas atividades e deve passar por treinamentos periódicos sob a supervisão de profissional qualificado (Figura 4). 
 
1 Acesso ao laboratório com porta dupla com 
fechamento automático 
2 Controle de acesso 
3 Chuveiro 
4 Mapa de riscos 
5 Pia para lavar as mãos 
6 Tubulação selada 
7 Cabine de segurança biológica 
8 Equipamentos de proteção individual 
(máscaras com filtro HEPA) 
9 Bancada 
10 Autoclave (deve estar próximo ao 
laboratório) 
11 Exaustão com filtro HEPA 
12 Descontaminação dos efluentes 
 
NÍVEL 4 DE BIOSSEGURANÇA (NB-4) 
É o nível de risco mais alto, tanto para o indivíduo como para a comunidade, no qual podem ser manipulados os agentes biológicos 
com alto poder de transmissibilidade, em geral a via respiratória, ou de transmissão desconhecida. Não costumam existir medidas 
profiláticas ou terapêuticas eficazes contra essas infecções. Exemplos: o vírus Ebola e o da varíola. 
Laboratório NB-4: este é o laboratório mais complexo que trata de agentes patológicos de alto risco de contágio, podendo causar 
a morte. Nesses laboratórios, há o maior nível de contenção, no qual requer, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis 
1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho e equipamentos de procedimentos especiais de segurança). 
Esse laboratório deve ser separado ou estar em uma zona isolada de outros prédios, com porta dupla de entrada, escoamento 
interno do ar unidirecional, sistemas aperfeiçoados para suprimento, exaustão do ar, formação de vácuo e descontaminação. A 
antessala deve ter a entrada fechada, com pisos, paredes e tetos vedados de forma a se obter espaço lacrado. Os profissionais 
devem trabalhar com equipamentos de proteção pressurizados e devem ter no laboratório sempre 02 funcionários trabalhando 
(Figura 5). 
1 Acesso ao laboratório com porta dupla 
com fechamento automático (antessala) 
2 Controle de acesso 
3 Mapa de riscos 
4 Pia para lavar as mãos 
5 Instalação do sistema de esgoto seguro 
de comunicação com a parte interna do 
laboratório. 
6 Cabine de segurança biológica 
7 Equipamentos de proteção individual 
(pressurizados) 
8 Bancada 
9 Autoclave (deve estar próximo ao 
laboratório – de porta dupla) 
10 Chuveiro de descontaminação por 
produtos químicos ou vapor em 
temperaturas elevadas 
11 Chuveiro 
12 Exaustão com filtro HEPA 
13 Descontaminação dos efluentes 
EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E REAGENTES EQUIPAMENTOS 
Todo laboratório, para ter um bom funcionamento, necessita de uma série de equipamentos, os quais devem ser instalados em 
locais seguros com os devidos cuidados em sua rede elétrica, livres de vibrações, correntes de ar, incidência de luz solar, umidade 
e calor. 
Para que os equipamentos funcionem corretamente, é necessário seguir as recomendações dos fabricantes, elaborar o 
procedimento operacional padrão (POP), seguir o plano de validação, qualificação, calibração e manutenção. É recomendado 
também um plano de manutenção preventiva para os equipamentos científicos de uso rotineiro, a fim de se garantir uma maior vida 
útil deles, segundo Molinaro (2009). 
Dentre os muitos tipos de equipamentos necessários para um laboratório clínico, destacaremos aqui as capelas de exaustão e as 
câmaras de segurança. 
Capelas de exaustão 
As capelas de exaustão são, na verdade, consideradas Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) dentro de um laboratório e, 
portanto, são praticamente de uso obrigatório. 
Existem muitos tipos de capelas diferentes, com tamanhos, formas e materiais que variam de acordo com a sua funcionalidade. 
Entretanto, a função básica de todas elas é atuar como um sistema de exaustão, eliminando impurezas e gases tóxicos do laboratório 
e evitando o contato com o manipulador. A escolha da capela dependerá do projeto e da função do laboratório, mas dificilmente 
existirá um projeto que não contemple ao menos algum tipo de capela. 
Figura 6: Capelas de exaustão. 
 ATENÇÃO 
A capela de exaustão geralmente é constituída por um gabinete com uma janela envidraçada de abertura vertical e pode ser nivelada 
de acordo com a altura desejada. Internamente, ela possui um sistema de ventilação forçado, acoplado a um sistema de filtração 
de modo que ambos protejam o operador e o meio ambiente das impurezas e gases tóxicos manipulados em sua área interna. 
Câmaras de segurança biológica e fluxos laminares 
Muito parecidos com as capelas de exaustão, as câmaras de segurança biológica e os fluxos laminares são utilizados para a 
manipulação de agentes biológicos, meios de cultura e diluentes que necessitem de um ambiente estéril. 
 COMENTÁRIO 
Muitas vezes é difícil para o estudante diferenciar uma capela de um fluxo laminar olhando-os rapidamente ou a certa distância. A 
grande diferença entre eles é justamente a capacidade que os fluxos laminares possuem de produzir um ambiente estéril, 
protegendo tanto o operador quanto o produto manipulado da contaminação biológica. 
Essas cabines de fluxo laminar utilizam filtros absolutos ou HEPA, os quais são capazes de reter 99,97% das partículas, sendo 
considerados, portanto, filtros de alta eficiência. 
HEPA 
Do inglês (High Efficiency Particulate Arrestance). O filtro HEPA retém 99.97% das partículas de 0.3 μm de diâmetro e 99.99% das 
partículas maiores ou mais pequenas. Existem basicamente 2 tipos de cabines de fluxo laminar: 
FLUXO VERTICAL 
Tipo de cabine que tende a apresentar maior eficiência de proteção tanto ao operador quanto ao produto manipulado. Geralmente, 
ocorre 100% de recirculação do ar. 
FLUXO HORIZONTAL 
Tipo de cabine na qual ocorre apenas a proteção do produto manipulado e só deve ser utilizada com materiais que não tragam risco 
de contaminação para o operador. Geralmente ocorre 100% de renovação do ar. 
Já as câmaras de segurança biológica (ou cabines de segurança biológica) são equipamentos mais completos e garantem tanto a 
proteção do operador quanto a do produto e a do meio ambiente. Isso ocorre porque esse tipo de equipamento funciona com pressão 
negativa, evitando a saída do ar para o meio ambiente. As cabines de segurança biológica são classificadas em 3 tipos: 
CLASSE I 
Esta é a menos utilizada, pois funciona basicamente como uma capela de exaustão, protegendo apenas o operador e o ambiente, 
mas não protegendo o produto. Utiliza um filtro HEPA para proteger o meio ambiente. Utilizada para a manipulação de produtos 
químicos voláteis. 
CLASSE II 
Esta é a classe mais utilizada, apresentando várias subdivisões: A (A1, A2) e B (B1, B2) e pode ser usada para manipular agentes 
biológicos dos grupos de risco 2 e 3. Esse tipo de cabine possui uma grelha frontal por onde o ar entra e passa por um filtro HEPA, 
protegendo o operador e proporcionando uma diminuição na contaminação da área de trabalho interna. Na cabine tipo A1 ocorre a 
recirculação de 70% do ar e 30% da renovação do ar liberados para o interior do laboratório. No tipo A2 ocorre o mesmo processo 
da A1, mas os 30% de ar renovado são liberados para o meio externo por meio de um sistema de dutos. Por outro lado, nas cabines 
do tipo B há uma pequena diferença: na do tipo B1, 30% do ar recircula e 70% é expelido por exaustão externa assim como 30% 
do ar é renovado, formando, portanto, uma cortina protetora na parte frontal do equipamento. Já nas do tipo B2, ocorre 100% da 
renovação do ar comdois filtros HEPA, sendo um utilizado para o insuflamento de ar e o outro para a exaustão, conduzindo o ar 
para fora do laboratório por meio de um sistema de dutos. 
CLASSE III 
Esta é a cabine de segurança biológica mais completa, na qual pode-se operar com um nível 3 e 4 de biossegurança. O sistema é 
todo fechado, ventilado e controlado por filtros HEPA, com pressão negativa, e a operação ocorre por meio de braços com luvas de 
borracha. Todo o material utilizado segue para a esterilização antes de ser descartado. 
 COMENTÁRIO 
No Brasil, as cabines do tipo A1 são as mais utilizadas devido ao preço e o melhor custo benefício. É preciso observar que tal 
sistema não pode ser utilizado para produtos tóxicos ou voláteis, uma vez que o ar contaminado não é eliminado para o ambiente. 
MATERIAIS E REAGENTES 
Os materiais e reagentes utilizados no dia a dia de um laboratório clínico deverão ser de boa procedência e qualidade. Para isso, é 
preciso que haja a qualificação dos fornecedores, apresentando toda a documentação necessária e as informações pertinentes aos 
materiais e reagentes, tais como origem, identidade, composição, data de fabricação, validade, condições de armazenamento e 
informações de periculosidade. 
ATENÇÃO 
Por se tratarem, na sua maioria, de reagentes químicos e biológicos, um dos pontos críticos diz respeito à estocagem e ao 
armazenamento desses produtos, que devem seguir rigorosamente as normas técnicas e regulações dos órgãos competentes. 
A fim de se garantir a segurança no laboratório e minimizar riscos de acidentes, todos os laboratórios deverão ser sinalizados de 
forma a orientar e advertir quanto aos potenciais riscos ali presentes. Para isso existe um padrão de sinalização com símbolos que 
representam riscos e prevenções. Vejamos algumas simbologias de riscos a seguir: 
 
 
 
 
PISO MOLHADO CHOQUE ELÉTRICO NÃO FUME RADIAÇÃO PERIGOS VÁRIOS 
 
 
 
 
 
EXTINTOR TÓXICO CORROSIVO NOCIVO INFLAMÁVEL 
 
 
 
 
 
EXPLOSIVO OXIDANTE 
 SAIBA MAIS 
Além da simbologia, também é utilizado um sistema padrão de cores, regulamentado pelo Ministério do Trabalho, visando a 
prevenção de acidentes e identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas de risco, identificando os sistemas de 
condução de líquidos e gases nas indústrias e, principalmente, advertindo contra os possíveis riscos de acidentes. 
É importante ressaltar, porém, que somente a utilização de um sistema de cores não é suficiente para garantir a qualidade de um 
sistema de segurança e que este deve estar associado a outras estratégias de prevenção de acidentes. Dessa forma, é possível 
compreendermos que para cada material deverá existir um local definido e identificado para o armazenamento, assim como um 
fluxo de entrada e saída de materiais, a fim de se garantir a segurança e o armazenamento desses produtos. Esses ambientes 
geralmente necessitam de controle de temperatura e umidade. Alguns produtos de origem biológica também precisam de 
armazenamento sob refrigeração para se garantir uma estocagem segura e sem riscos para a comunidade e para os trabalhadores. 
 ATENÇÃO 
Um ponto de destaque nesse contexto são os produtos considerados inflamáveis ou explosivos, como os solventes orgânicos e 
algumas substâncias químicas. Estes precisam ser armazenados em local devidamente demarcado, sinalizado e livre de quaisquer 
outras interferências. 
AGENTES DE RISCOS 
Podemos perceber que os laboratórios são considerados ambientes de risco, pois envolvem uma série de atividades como a 
utilização de equipamentos, materiais e reagentes que podem gerar acidentes e doenças para o profissional que trabalha na rotina 
diária desses locais. Portanto, a constante capacitação do pessoal é fundamental para se evitar os riscos inerentes a esse tipo de 
trabalho e o possível desenvolvimento de doenças. 
Dentre os principais agentes de riscos desse tipo de trabalho destacam-se os agentes físicos, os químicos e os biológicos. Existem 
também os riscos ergonômicos, mas estes são considerados riscos ocupacionais, relacionados às situações de trabalho que 
envolvam o equilíbrio físico, o mental e o social, e não necessariamente acidentes ou enfermidades. 
No Quadro 1, a seguir, é possível observar melhor, de acordo com a NR-5, os principais grupos de riscos ambientais e ocupacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1: Classificação de riscos ambientais 
 
Neste tópico, abordaremos apenas os riscos químicos e biológicos. 
AGENTES DE RISCOS BIOLÓGICOS 
Os agentes de riscos biológicos são, na sua grande maioria, agentes patogênicos como vírus, bactérias, fungos e parasitas. 
Esse tipo de risco está relacionado à probabilidade de infecção do profissional por um desses agentes patogênicos. Toda a equipe 
de trabalho desse tipo de laboratório precisa estar ciente, treinada de acordo com o agente biológico usado e, preferencialmente, 
ser imunizada. 
No item Infraestrutura laboratorial, vimos que os laboratórios são classificados de acordo com o seu grau de risco e que essa 
classificação está justamente relacionada à classificação do grau de risco dos microrganismos. De acordo com o Ministério da Saúde 
(2017), os graus de risco são: 
Quadro 2: Classificação de Riscos 
 
A ausência de um determinado agente biológico nas classes de risco 2, 3 e 4 não implica na sua inclusão automática na classe de 
risco 1. 
AGENTES DE RISCOS QUÍMICOS 
Os reagentes químicos utilizados em laboratório são os produtos que mais contribuem para riscos químicos à saúde do homem e 
ao meio ambiente. Para se evitar possíveis acidentes e contaminações são necessários cuidados rigorosos em relação ao 
armazenamento, à movimentação dentro do laboratório e, o mais importante, ao descarte desses resíduos. 
SAIBA MAIS 
Geralmente, os fornecedores de reagentes químicos concedem as Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico 
(FISPQ), documento este que contém indicações sobre os cuidados em relação à proteção, à segurança, à saúde e ao meio 
ambiente, além das recomendações de ações necessárias para os casos de emergência. Além disso, os reagentes químicos 
também apresentam características diversas e podem ser carcinogênicos, corrosivos, irritantes, tóxicos, teratogênicos, mutagênicos, 
alergênicos, explosivos e espontaneamente combustíveis. Todas essas características apresentam possibilidades de risco à saúde 
humana e ao meio ambiente e devem ser tomadas medidas preventivas a fim de se evitar possíveis acidentes. 
Dentre todas as características apresentadas, o risco de explosão e combustão é o mais comum e o que merece maior atenção. Os 
produtos químicos com capacidade de combustão possuem características distintas e, dessa forma, são classificados de acordo 
com o tipo de material e a classe de incêndio. Existem, portanto, 5 classes de incêndio distintas, e para cada uma delas deve-se 
utilizar um extintor de incêndio específico. Os extintores de incêndio podem também ser considerados equipamentos de proteção 
coletiva (EPC). Veja no quadro a seguir as classes de incêndio e os tipos de extintores utilizados em cada uma delas. 
Quadro 3: Classes de incêndio e tipos de extintores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTENÇÃO LABORATORIAL 
De acordo com o Ministério da Saúde, a contenção laboratorial pode ser classificada de duas formas: 
CONTENÇÃO PRIMÁRIA 
Também conhecida como barreira primária. Visa garantir a proteção do ambiente interno do aboratório, assim como dos 
trabalhadores. 
CONTENÇÃO SECUNDÁRIA 
Também conhecida como barreira secundária. Está relacionada à proteção do ambiente externo por meio das práticas operacionais 
e da infraestrutura planejada para o laboratório. Entende-se por contenção laboratorial todas as práticas realizadas com o objetivo 
de reduzir os riscos de acidentes e proteger a equipe de profissionais que trabalham no laboratório contra a exposição aosriscos 
da ação de agentes químicos e biológicos. Tudo isso depende de um complexo planejamento das análises de riscos que envolvem 
o laboratório e do conhecimento técnico dos profissionais que ali trabalham. 
CONTENÇÃO PRIMÁRIA 
A contenção primária ou barreira primária é mais conhecida como o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e de 
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) 
Os EPI visam primariamente a proteção individual do trabalhador, garantindo a sua saúde e integridade física. Os EPI variam de 
acordo com a análise de risco do laboratório e os níveis de biossegurança determinados. 
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC) 
Os EPC estão associados à proteção do ambiente, mas também visam garantir a manutenção da saúde e integridade física dos 
trabalhadores de um determinado setor ou área específica. 
Vejamos a seguir alguns dos principais EPI e EPC utilizados em laboratórios clínicos. 
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 
Jaleco 
O uso de jaleco ou avental nos laboratórios clínicos é obrigatório e serve como uma barreira de proteção para o trabalhador. Ele 
deve ser feito, preferencialmente, de algodão ou fibra sintética e obrigatoriamente não inflamável. 
Os jalecos devem ser utilizados de forma restrita aos laboratórios e não devem ser levados para as áreas comuns, banheiros ou 
refeitórios. 
Máscaras e protetores faciais 
São equipamentos que protegem a face do trabalhador contra impactos, substâncias tóxicas e radiação, protegendo as vias aéreas 
superiores. A seguir, conheceremos os diversos tipos disponíveis e suas funções: 
PROTETORES FACIAIS OU FACE SHIELDS 
São fabricados em plástico resistente como propionatos, acetatos e policarbonatos, podendo ser revestidos com metais para a 
absorção de radiações infravermelhas. Protegem o profissional contra partículas sólidas (impacto), substâncias tóxicas (líquidos e 
vapores químicos) e radiação (ultravioleta e infravermelha). 
MÁSCARAS DE PROTEÇÃO 
São fabricadas em tecido ou fibra sintética e geralmente são descartáveis. Servem para proteger as vias aéreas (nariz e boca) do 
profissional, evitando os respingos de perdigotos e a contaminação. Existem vários tipos de materiais para a confecção de máscaras 
de acordo com o risco ao qual o trabalhador será exposto, como as chamadas N95 ou PFF2. Essas máscaras possuem filtro e são 
capazes de reter cerca de 95% de partículas maiores que 0,3 μm, além de vapores tóxicos e contaminantes na forma de aerossóis, 
como alguns vírus e bactérias. 
MÁSCARA DE PROTEÇÃO MÁSCARA N95 
MÁSCARAS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA 
São utilizadas quando se manipulam substâncias químicas que geram gases tóxicos (formaldeído, amônia, cloreto de hidrogênio). 
Elas possuem filtros que podem ser mecânicos, químicos ou combinados. 
Luvas 
As luvas são utilizadas com o objetivo de prevenir a contaminação por agentes químicos, físicos (cortes, calor, radiações) e 
biológicos. Elas devem ser sempre utilizadas quando houver um procedimento com exposição a sangue, hemoderivados e fluidos 
orgânicos. As luvas podem ser confeccionadas com materiais diversos e devem ser escolhidas de acordo com a finalidade de uso: 
LUVAS DE PROTEÇÃO PARA O MANUSEIO DE MATERIAL BIOLÓGICO 
São também conhecidas como luvas de procedimento, quando não estéreis, ou luvas cirúrgicas, quando estéreis. Geralmente são 
de látex e descartáveis, mas podem também ser de vinil ou PVC (cloreto de polivinil). 
LUVAS DE PROTEÇÃO AO FRIO E CALOR 
Luva térmica importante no manuseio de autoclaves, por exemplo. São de tecido resistente ou revestidas com algum material à 
prova de calor. As mais comuns são as luvas de amianto e as do tipo kevlar, resistentes a altas temperaturas. As luvas de proteção 
ao frio podem ser de lã ou de tecido emborrachado com revestimento interno de fibras naturais ou sintéticas. 
LUVAS DE PROTEÇÃO PARA O MANUSEIO DE PRODUTOS QUÍMICOS 
Podem ser de borracha natural, neoprene, PVC, PVA (álcool polivinílico) e borracha de butadieno. A escolha do tipo de luva deverá 
ser feita de acordo com o produto químico a ser manipulado. 
Toucas ou gorros 
São equipamentos de proteção individual mais utilizados em áreas estéreis e de manipulação de produtos e servem para evitar que 
os cabelos contaminem uma determinada área ou produto, ou ainda, para protegê-los de respingos, líquidos ou aerossóis. Podem 
ser confeccionadas nos mais diferentes tipos de materiais e devem ser de fácil lavagem e desinfecção. 
Protetores oculares e protetores auriculares 
São mais conhecidos como óculos de proteção e protetores de ouvido. 
ÓCULOS DE PROTEÇÃO 
Os óculos de proteção funcionam como uma barreira contra respingos de produtos químicos e corrosivos, além de atuarem também 
como uma barreira biológica, evitando as lesões oculares. 
PROTETORES AURICULARES 
Já os protetores auriculares têm a função de proteger os ouvidos de ruídos oriundos de equipamentos e processos produtivos. 
Propés 
Esses equipamentos são sapatilhas utilizadas em áreas estéreis e geralmente são descartáveis, confeccionadas em algodão. 
Calçados de segurança 
São mais utilizados pelos trabalhadores das áreas de limpeza dos laboratórios e devem ser resistentes aos produtos químicos e 
corrosivos, além de possuírem solado antiderrapante. Podem também ser utilizados de acordo com outras atividades 
desempenhadas pelos laboratórios. 
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) 
Os equipamentos de proteção coletiva servem para a proteção de toda a equipe do laboratório e também do meio ambiente. 
 ATENÇÃO 
As capelas de exaustão e as cabines de fluxo laminar ou cabines de segurança biológica são EPC já mencionados anteriormente 
no item Equipamentos, materiais e reagentes. Todo laboratório deve conter o chuveiro de emergência e o lava-olhos para lavagem 
e eliminação de contaminantes químicos e biológicos em caso de acidentes. 
O chuveiro de emergência deve ter aproximadamente 30 cm de diâmetro, deve ser acionado por meio de alavancas e deve estar 
instalado em local de fácil acesso. 
O lava-olhos é um equipamento formado por uma bacia metálica, geralmente associada ao chuveiro de emergência, com dois 
dispositivos que emitem jatos de água direcionados à região dos olhos. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. APRENDEMOS QUE AS BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS (BPL) SÃO UM CONJUNTO DE NORMAS QUE DIZEM 
RESPEITO À ORGANIZAÇÃO E ÀS CONDIÇÕES SOB AS QUAIS ESTUDOS EM LABORATÓRIOS E/OU CAMPO SÃO 
PLANEJADOS, REALIZADOS, MONITORADOS, REGISTRADOS E RELATADOS. AS BPL ABRANGEM DIFERENTES ÁREAS. 
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO REPRESENTA UMA ABRANGÊNCIA DAS BPL: 
A) Produtos farmacêuticos B) Aditivos de alimentos C) Produtos veterinários 
D) Produtos químicos E) Produtos têxteis 
2. OS EXTINTORES DE INCÊNDIO PODEM TAMBÉM SER CONSIDERADOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA 
(EPC). EXISTEM CINCO TIPOS DE EXTINTORES CLASSIFICADOS DE ACORDO COM O TIPO DE MATERIAL E A CLASSE 
DE INCÊNDIO. SE DURANTE O TRABALHO NO LABORATÓRIO UMA CENTRÍFUGA EM FUNCIONAMENTO PEGA FOGO, 
QUAL TIPO DE EXTINTOR DEVE-SE UTILIZAR? 
A) Areia B) Espuma física C) Espuma química 
D) Neve carbônica E) Pó normal 
GABARITO 
1. Aprendemos que as Boas Práticas Laboratoriais (BPL) são um conjunto de normas que dizem respeito à organização e 
às condições sob as quais estudos em laboratórios e/ou campo são planejados, realizados, monitorados, registrados e 
relatados. As BPL abrangem diferentes áreas. Assinale a alternativa que não representa uma abrangência das BPL: 
A alternativa "E " está correta. 
As BPL apresentam como princípios os padrões mínimos para um laboratório funcionar adequadamente visando a proteção do 
homem/vegetais/animais e o meio ambiente. São aplicáveis a estudos relacionados à saúdehumana, vegetal, animal e ao meio 
ambiente, nos casos previstos nas respectivas normas, não se enquadrando a produção têxtil. 
2. Os extintores de incêndio podem também ser considerados Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Existem cinco 
tipos de extintores classificados de acordo com o tipo de material e a classe de incêndio. Se durante o trabalho no 
laboratório uma centrífuga em funcionamento pega fogo, qual tipo de extintor deve-se utilizar? 
A alternativa "B " está correta. 
Espuma física (mistura de água e substâncias tensoativas por injeção mecânica de ar) é o extintor preconizado para apagar fogos 
da classe de incêndio C, que ocorre em equipamentos energizados. 
MÓDULO 2 
Identificar as técnicas de purificação de água e a descontaminação de acordo com as boas práticas de laboratório 
SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA 
A água é o solvente mais utilizado na prática laboratorial e, por isso mesmo, é chamada de solvente universal. Devido ao seu grau 
de importância, a água para uso laboratorial deve atender aos requisitos de qualidade de acordo com a sua finalidade de uso. 
 SAIBA MAIS 
Uma boa forma de se orientar é lendo as determinações e os padrões de qualidade para a utilização da água nos laboratórios 
clínicos e patológicos que estão descritos no capítulo 8.5 da Farmacopeia Brasileira, 6a Edição (2019) e que devem ser 
rigorosamente atendidos e seguidos. A água potável abastece as cidades e a maioria das casas e é considerada uma água tratada. 
Esse tipo de água não deve ser utilizado no trabalho laboratorial, pois apresenta possíveis incompatibilidades entre os contaminantes 
presentes e os procedimentos laboratoriais que serão realizados. 
A água potável não é regulamentada pela ANVISA e nem pela Farmacopeia Brasileira. Ela deve atender aos órgãos responsáveis 
regionais, tais como o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), no Rio de Janeiro, e a Agência Nacional de Água (ANA), no Distrito 
Federal. 
PARA A ÁGUA SER CONSIDERADA POTÁVEL ELA DEVE APRESENTAR MENOS DE 0,1% DE SÓLIDOS TOTAIS. ISSO É 
OBTIDO A PARTIR DA EVAPORAÇÃO DE UMA AMOSTRA DE 100 ML DE ÁGUA ATÉ COMPLETA SECAGEM E PESAGEM 
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS QUE DEVEM SER INFERIORES A 100 MG. 
CONTAMINANTES DA ÁGUA 
Os principais contaminantes da água potável são de origem física, química ou biológica. Os contaminantes físicos são os mais 
facilmente eliminados por meio do processo de filtração, já os contaminantes químicos e biológicos são difíceis de serem eliminados 
e comprometem a qualidade final da água, podendo alterar as análises laboratoriais, gerando resultados falhos e até mesmo 
comprometendo anos de pesquisas e de estudo. O controle de contaminantes da água para uso laboratorial é, portanto, fundamental 
para atender às especificações estabelecidas pelos órgãos reguladores. Observe a figura a seguir para entender quais são os 
principais contaminantes da água: 
Os contaminantes químicos podem ser 
orgânicos ou inorgânicos e precisam ser 
removidos por dois motivos principais: 
Primeiro, para se evitar que interfiram nas 
fases de pré-tratamento dos sistemas de 
purificação de água. 
Segundo, para proteger a saúde das 
pessoas. 
 VOCÊ SABIA 
Esses contaminantes químicos apresentam 
diversas origens, por exemplo, a fonte de 
alimentação; da extração de materiais com 
os quais a água entra em contato; da absorção de gases da atmosfera; de resíduos poluentes, ou resíduos de produtos utilizados 
na limpeza e sanitização de equipamentos, dentre muitos outros. 
Podem ser removidos por um sistema de osmose reversa ou por técnicas associadas como deionização, carvão ativado, ozônio e 
radiação ultravioleta. Falaremos sobre essas técnicas adiante. 
Os contaminantes microbiológicos podem ser fungos, bactérias e vírus, sendo que a contaminação bacteriana é a mais preocupante 
e apresenta um grande desafio à qualidade da água. 
O controle microbiológico da água é certamente o mais importante e prioritário e deve ser constantemente verificado e atualizado 
de acordo com os parâmetros legais. 
TIPOS DE ÁGUA PARA USO LABORATORIAL 
Existem 3 métodos principais utilizados para a obtenção de água purificada: 
DESTILAÇÃO DEIONIZAÇÃO OSMOSE REVERSA 
A escolha de um método específico depende do tipo e da qualidade de água desejados, e também do volume necessário. 
Um projeto de instalação de um sistema de purificação de água depende de algumas condições específicas listadas a seguir: 
A qualidade da água de fornecimento e da água desejada ao final. 
A vazão necessária. 
A distância entre o sistema de produção e os pontos de uso. 
O layout da tubulação e conexões. 
O material empregado. 
Facilidades de assistência técnica e manutenção. 
Os instrumentos adequados para o monitoramento. 
 ATENÇÃO 
Na realidade, a escolha de um sistema de purificação eficiente depende da qualidade da água de entrada, ou seja, das 
características da água potável que irá alimentar o sistema e também do tipo e da qualidade da água que se deseja. 
Apresentaremos a seguir, em uma ordem sequencial lógica, as principais tecnologias de purificação de água encontradas para a 
remoção dos diversos tipos de contaminantes seguindo etapas na sequência de purificação. 
PRÉ-FILTRAÇÃO 
A pré-filtração, segundo Brasil (2019), destina-se a remover sólidos particulados com tamanhos entre 5 e 10 μm, essencialmente 
para proteger as tecnologias subsequentes, utilizando filtros de areia ou uma combinação de filtros. Deve estar associada a todos 
os sistemas de purificação de água com o objetivo de proteger os equipamentos mais sensíveis e caros. 
FILTRAÇÃO POR ADSORÇÃO POR CARVÃO VEGETAL ATIVADO 
Pode ser considerada também uma técnica de pré-filtração, mas, nesse caso, o carvão vegetal ativado tem a capacidade de remover 
compostos orgânicos como as cloraminas e o cloro livre, os quais adsorve em sua superfície. Essa tecnologia é muito importante 
para, por exemplo, proteger as membranas da osmose reversa. Deve-se tomar cuidado com a formação de biofilme, que implica na 
necessidade de sanitização do carvão ativado com vapor quente ou da troca do material filtrante. 
FILTRAÇÃO POR ADSORÇÃO POR CARVÃO VEGETAL ATIVADO 
Pode ser considerada também uma técnica de pré-filtração, mas, nesse caso, o carvão vegetal ativado tem a capacidade de remover 
compostos orgânicos como as cloraminas e o cloro livre, os 
quais adsorve em sua superfície. Essa tecnologia é muito importante para, por exemplo, proteger as membranas da osmose reversa. 
Deve-se tomar cuidado com a formação de biofilme, que implica na necessidade de sanitização do carvão ativado com vapor quente 
ou da troca do material filtrante. 
TRATAMENTO COM ABRANDADORES (SOFTENERS) 
Em muitos lugares que utilizam água de poço como fonte primária para o abastecimento do sistema de purificação, é necessária a 
utilização de abrandadores, uma vez que essa água é rica em íons de cálcio, ferro e magnésio – também conhecida como água 
“dura”. O tratamento com abrandadores é muito parecido com a deionização e utiliza também resinas de troca iônica que capturam 
os íons metálicos e liberam íons sódio na água. É importante observar a necessidade desanitização ou troca das resinas 
periodicamente, evitando a formação de biofilme e contaminação da água. 
DEIONIZAÇÃO 
A técnica de deionização ou desmineralização é muito utilizada para a obtenção de água purificada para uso rotineiro no laboratório. 
Ela remove apenas sais inorgânicos através de resinas de troca iônica específicas para cátions e ânions. Nesses casos, as resinas 
catiônicas capturam os íons catiônicos, liberando H+, e as resinas aniônicas capturam os íons aniônicos, liberando OH-. Observe a 
figura abaixo e entenda melhor como essa troca acontece. 
Apesar de ser uma técnica relativamente simples, rápida e barata, a deionização não produz uma água de alta pureza e deve ser 
associada a outras tecnologias, a fim de melhorar a qualidade da água e atender às exigências da legislação específica e 
necessidadede algumas metodologias empregadas no laboratório. Outro problema é a necessidade de regeneração das resinas 
devido à possibilidade de formação de biofilme. Existem dois tipos de deionizadores no mercado: o de leito misto (uma única resina 
mista) e o de leito separado (com duas resinas, uma catiônica e uma aniônica). 
OSMOSE REVERSA 
Atualmente, a osmose reversa vem se tornando a tecnologia de primeira escolha como sistema de purificação de água devido à sua 
alta versatilidade. Essa tecnologia atende a todo tipo de demanda, existindo equipamentos para larga escala industrial (1.000 L/hora) 
e pequenos equipamentos para a escala laboratorial, com capacidade de cerca de 10 L/hora, por exemplo. 
Essa tecnologia se baseia na utilização de membranas semipermeáveis com propriedades específicas utilizadas para a remoção 
de íons, microrganismos e endotoxinas bacterianas. É um processo altamente eficiente e que remove de 90% a 99% dos 
contaminantes. Justamente por isso, diversos fatores podem afetar significativamente essa tecnologia, tais como o pH, a pressão 
diferencial ao longo da membrana, a temperatura, o polímero da membrana e a construção dos cartuchos de osmose reversa. Para 
entendermos melhor como ocorre o processo de osmose reversa, vamos primeiro recordar o que é um processo de osmose. 
 RELEMBRANDO 
A osmose é um processo celular que ocorre naturalmente, ou seja, sem gasto de energia. Ela consiste na passagem de um solvente 
através de uma membrana semipermeável de um meio hipotônico para um meio hipertônico. Fica fácil entendermos agora que a 
osmose reversa seria um processo contrário ao da osmose, ou seja, a passagem do solvente do meio hipertônico para o meio 
hipotônico. O problema é que isso não aconteceria naturalmente ou sem gasto de energia. Dessa forma, é necessário pressurizar 
o sistema para que o processo de osmose reversa possa acontecer. 
ATENÇÃO 
É importante que se compreenda que o processo de osmose reversa nada mais é do que um processo de filtração, utilizando as 
membranas semipermeáveis como elemento filtrante. Sendo assim, é fundamental que exista um sistema de pré-tratamento que 
remova particulados, agentes oxidantes e contaminantes que favoreçam incrustações como cálcio e magnésio, a fim de proteger e 
preservar as membranas. Outro ponto importante é a sanitização do sistema, evitando a formação de biofilme e a contaminação 
microbiana. O sistema de purificação de água por osmose reversa vem se tornando tão acessível, de fácil instalação e baixo custo 
de manutenção que já existem sistemas de osmose reversa de duplo passo, no qual a água purifica em uma primeira etapa e 
alimenta o sistema em uma segunda etapa, aumentando a capacidade de purificação. 
ULTRAFILTRAÇÃO 
Assim como a osmose reversa e como o próprio nome diz, a ultrafiltração utiliza uma tecnologia de filtração com membranas 
especiais que têm a capacidade de reter endotoxinas e moléculas de acordo com o seu peso molecular e sua estereoquímica. Um 
dos sistemas de ultrapurificação de água mais conhecidos do mundo é o chamado do tipo Milli-Q. 
 COMENTÁRIO 
Na verdade, uma água conhecida como do tipo Milli-Q é uma água ultrapurificada (AUP) obtida por essa marca de sistema que é 
registrada pelo grupo Merck. Assim como outros sistemas de purificação que envolvem alta tecnologia, esse sistema deve ser 
validado, passar por um pré-tratamento, ter suas condições operacionais controladas e procedimentos adequados de limpeza e 
sanitização. Essa técnica pode estar associada a outras, mas geralmente é mais utilizada em laboratórios que envolvem alta 
tecnologia como biologia molecular e espectrometria de massas. 
MICROFILTRAÇÃO 
Assim como a ultrafiltração, esta tecnologia também pode estar associada a outros sistemas de purificação de água. Trata-se de 
um processo que utiliza membranas filtrantes microporosas de poros de diâmetro de 0,22 μm, e pode ser considerada uma filtração 
esterilizante por causa disso, mas, para tanto, precisa ser validada. Essas membranas podem estar associadas a um sistema de 
osmose reversa, mas também podem ser utilizadas de forma individualizada em pequenos filtros isolados. 
RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA 
Esta é uma tecnologia que deve ser utilizada sempre de forma associada a outro sistema. Isoladamente, esta técnica não produz 
água purificada. 
A radiação ultravioleta é utilizada em 2 comprimentos de onda que promovem efeitos distintos. São eles: 
185 NM + 254 NM 254 NM 185 NM + 254 NM 
Oxidação de compostos orgânicos e consequente redução de sua concentração para atender aos limites da água purificada (AP), 
água para fabricação de produtos injetáveis (API) e água ultrapurificada (AUP). 254 NM 
Ação germicida nos diversos pontos da sequência de purificação para reduzir a contagem microbiana. De acordo com Brasil (2019), 
esta técnica é muito utilizada ao longo dos tanques de armazenamento de água para reduzir a contaminação microbiana e é 
associada a capelas de fluxo laminares. 
DESTILAÇÃO 
Este sistema de purificação de água é certamente o mais antigo do mundo. Como já sabemos, a destilação é um processo de 
separação de líquidos por meio do vapor. O princípio da destilação consiste em evaporar a água por aquecimento e, por resfriamento 
e através de um duto condensador, liquefazer o vapor d’água novamente. 
Durante centenas de anos esse foi o principal método de escolha como sistema de purificação de água e o mais utilizado para a 
prática laboratorial, a indústria farmacêutica, as farmácias magistrais, dentre outras áreas da Saúde. Um sistema de destilação de 
água consiste num método de fácil instalação e reutilizável, com baixo custo de instalação e alta eficiência. Pode produzir inclusive 
água API por meio de um processo de bidestilação. Apesar disso, esta técnica apresenta algumas desvantagens, tais como os altos 
custos de consumo de água e eletricidade, a difícil manutenção, o arraste de contaminantes pelo processo de condensação e o 
arraste de impurezas voláteis. Por esses motivos, atualmente a substituição de destiladores por sistemas de osmose reversa tem 
se mostrado uma opção mais eficiente e econômica. 
SISTEMAS DE DESCONTAMINAÇÃO DE LABORATÓRIOS 
Já aprendemos que os laboratórios são classificados de acordo com as suas classes de riscos e essa classificação serve também 
para direcionar o sistema de descontaminação de material, pessoal e do laboratório. É preciso, portanto, existir uma rotina de 
higienização bem descrita e consolidada através de procedimentos operacionais padrão (POP) a fim de garantir as boas práticas 
de laboratório e evitar o risco de acidentes e contaminações. 
 ATENÇÃO 
Quando se trata de laboratórios clínicos, os riscos maiores envolvem a contaminação microbiana, então a descontaminação deve 
acontecer periodicamente, sempre após cada uso. É fundamental a conscientização e o treinamento do pessoal envolvido na rotina 
sobre os riscos de infecções e das ações preventivas necessárias para garantir as boas práticas de laboratório e a biossegurança 
do local, da equipe e do meio ambiente. 
O processo de descontaminação é definido como a técnica utilizada para a eliminação total ou parcial de microrganismos ou ainda 
a remoção e neutralização de produtos químicos perigosos e material radioativo. O objetivo principal é tornar o material biológico 
seguro para o descarte ou para a sua reutilização. 
As etapas de descontaminação dependem do nível de contaminação e podem ser resumidas como: 
LIMPEZA DESINFECÇÃO ESTERILIZAÇÃO 
Além dos processos de descontaminação, as atividades dos laboratórios geram diferentes tipos de resíduos que devem ser 
armazenados e descartados de acordo com a legislação vigente. Atualmente, a legislação que regulamenta e classifica os tipos de 
resíduos é a RDC nº 222/2018 da ANVISA. A partir de agora, conheceremosas principais etapas do processo de descontaminação 
e o os cuidados relacionados ao armazenamento e ao descarte de resíduos biológicos e químicos. 
LIMPEZA 
A limpeza é o processo de remoção de partículas ou de material orgânico e pode estar associada tanto aos materiais contaminados, 
como ao pessoal e ao ambiente. É o primeiro passo num processo de descontaminação e inclui ações e cuidados de higiene dos 
materiais e dos ambientes. Os procedimentos de limpeza devem ser padronizados, incluindo o tipo de água usada, além do sabão 
e o detergente neutro que serão utilizados. Deve-se usar pano úmido para retirar poeiras e impurezas das superfícies. 
Os funcionários da limpeza poderão ser terceirizados, mas é preciso realizar treinamentos contínuos e específicos a fim de garantir 
a eficácia dos procedimentos de limpeza. 
DESINFECÇÃO 
A desinfecção é a etapa do processo de descontaminação que visa a eliminação dos microrganismos em sua forma vegetativa, de 
ambientes, dos materiais, da pele e das mãos. Esse processo não elimina as formas esporuladas dos agentes infecciosos e pode 
ser realizado por meios físicos e químicos. Os procedimentos de desinfecção por meios físicos basicamente utilizam o calor como 
técnica para a desinfeção. Já os procedimentos químicos podem ser líquidos ou gasosos utilizando-se desinfetantes ou germicidas. 
Os agentes germicidas agem sob as bactérias por dois métodos distintos: 
AÇÃO BACTERICIDA 
Elimina as bactérias e estas não são mais capazes de se reproduzirem. 
AÇÃO BACTERIOSTÁTICA 
Inibe a multiplicação das bactérias. A seguir, conheceremos os principais desinfetantes utilizados no processo de descontaminação 
dos laboratórios: 
ÁLCOOIS 
Os álcoois mais utilizados nos processos de desinfecção são o álcool etílico (etanol) e o álcool isopropílico (isopropranol). Embora 
ambos apresentem ação desinfetante, o etanol é mais utilizado, pois possui maior ação germicida, menor custo e menor toxicidade. 
Os estudos demonstram que a melhor faixa de concentração do etanol em água é entre 60% e 80% para a ação sobre os 
microrganismos. Utiliza-se, usualmente, o álcool etílico a 70% como agente desinfetante e esse é o mais importante dentro do 
laboratório para desinfecção de superfícies e materiais. Até hoje o mecanismo de ação desinfetante do álcool não está muito 
esclarecido, mas acredita-se que ocorra por desnaturação das proteínas de membrana. Dessa forma, é necessário que o álcool 
esteja diluído, uma vez que na ausência de água as proteínas não são desnaturadas tão rapidamente, por isso o álcool absoluto 
não é tão eficaz quanto o diluído a 70%. 
COMPOSTOS À BASE DE CLORO 
O cloro inorgânico é um agente germicida altamente potente, entretanto, não deve ser utilizado em sua forma pura devido ao seu 
alto poder oxidante, alta volatilidade e toxicidade. Assim, ele é usado na forma de hipoclorito de sódio em concentrações de 2% a 
4%. Nos laboratórios, é muito utilizado na desinfecção de superfícies e materiais, inclusive quando contaminados com sangue, e 
para recipientes de descarte como, por exemplo, ponteiras de pipetas e swabs. É muito ativo para agentes infecciosos em sua forma 
vegetativa, como bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, fungos, vírus e micobactérias. O tempo de exposição necessário para 
sua ação de germicida é de cerca de 10 minutos, com 1% de cloro ativo livre. Mesmo quando diluído, é necessário tomar os devidos 
cuidados na manipulação do hipoclorito de sódio, utilizando EPI adequados e seguindo os procedimentos corretos de diluição, pois 
o produto possui uma série de efeitos adversos, causando irritação severa do trato respiratório. 
FORMALDEÍDO 
Ainda nos dias atuais o formaldeído pode ser utilizado em áreas (cabines de segurança biológica) e superfícies de laboratórios para 
o processo de desinfecção por meio do método da fumigação, apesar de sua alta toxicidade. Ele possui atividade para bactérias 
Gram-positivas e Gramnegativas, fungos e vírus. Devido à sua alta toxicidade, o operador deverá utilizar EPI com proteção ocular, 
máscara de gás com filtro adequado e manter os devidos cuidados para o trato respiratório. 
COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO 
Recentemente, esta classe de agentes desinfetantes tem sido bastante difundida devido à sua baixa toxicidade. Essa substância foi 
amplamente empregada na descontaminação de superfícies e ambientes, como pontos de ônibus e ambientes das comunidades, 
durante a pandemia do coronavírus. 
Apesar disso, é necessário avaliar as concentrações de uso e eficácia desses agentes a fim de garantir a eficácia do processo de 
desinfecção. Exemplo de desinfetante: Cloreto de cetil trimetil amônio. 
Desinfecção por agentes físicos 
Conforme citado anteriormente, os processos de desinfecção podem ser realizados por meios físicos, utilizando-se basicamente o 
calor. Dentre essas técnicas, destacam-se a pasteurização e a tindalização. 
PASTEURIZAÇÃO TINDALIZAÇÃO PASTEURIZAÇÃO 
É muito utilizada para alimentos como leite e sucos de frutas, porém, mais especificamente, para produtos suscetíveis a altas 
temperaturas. Foi desenvolvida pelo cientista Louis Pasteur em 1864 e consiste em aquecer os produtos a 60°C por um determinado 
tempo e depois resfriá-los. Dessa forma, reduz-se o número de microrganismos presentes evitando a deterioração do produto. 
TINDALIZAÇÃO 
É um tipo de esterilização fracionada na qual é aplicado vapor d’água contínuo (entre 60°C e 90°C) durante 30 a 60 minutos, 
repetidas vezes, resfriando-se entre cada aquecimento. O número de operações varia de 3 a 12 ciclos dependendo do grau de 
contaminação. Durante o período de resfriamento (cerca de 24 horas), as formas esporuladas passam novamente às formas 
vegetativas e podem ser eliminadas quando submetidas ao vapor contínuo mais uma vez. Esse processo é muito utilizado na 
indústria de alimentos e na indústria farmacêutica em produtos sensíveis à temperatura. 
ESTERILIZAÇÃO 
A esterilização é um processo de eliminação de todas as formas de microrganismos, incluindo as esporuladas. Dessa forma, este 
processo promove a eliminação completa de todos os microrganismos em um determinado material, superfície ou ambiente. É 
possível afirmarmos que geralmente os processos de esterilização utilizam métodos físicos, e os de desinfecção, métodos químicos. 
Entretanto, isso não necessariamente é uma regra, já que os métodos químicos também podem ser utilizados para o processo de 
esterilização, principalmente os gasosos. Os métodos de esterilização podem ser classificados em 3 tipos: 
Processos físicos (calor e radiação). Processos mecânicos (filtração). 
Processos químicos (agentes bactericidas). 
Dentre os métodos mais utilizados para a esterilização em laboratórios estão os métodos físicos, que podem ser por calor seco ou 
úmido, ou ainda por irradiações. 
Calor seco 
Esta técnica pode ser dividida em flambagem e circulação de ar quente. 
FLAMBAGEM OU INCINERAÇÃO 
Muito utilizada em laboratórios para eliminar microrganismos por calor direto, utilizando-se a alça bacteriológica e o bico de Bunsen. 
Quando a alça estiver totalmente incandescente, é sinal de que ocorreu a esterilização. 
ESTUFAS DE ESTERILIZAÇÃO OU FORNO DE PASTEUR 
Utilizada geralmente para materiais que não suportam calor úmido e que são resistentes a altas temperaturas, tais como o aço, o 
vidro e os pós (termorresistentes, óleos e gorduras). As estufas de ar circulante são as mais utilizadas, apresentando temperaturas 
que variam de 160°C a 250°C. 
Calor úmido 
Este processo consiste em submeter os produtos ao contato com calor úmido e à alta pressão, utilizando-se uma autoclave. É 
considerado o método de esterilização mais eficiente e deve ser sempre o de primeira escolha. Conforme ocorre um aumento da 
pressão, maior será o ponto de ebulição da água. 
0,5 atm............... 110°C 1 atm................. 121°C 1,5 atm .............. 127°C 
 SAIBA MAIS 
É possível esterilizar os mais diversos tipos de materiais como borracha, látex, ampolas cheias, meios de cultura, roupas e 
equipamentos diversos. Para controlar e garantir a eficácia do processo de esterilização, é possível utilizar-se de indicadores 
químicos e biológicos durante a autoclavação, como as fitas ou etiquetas adesivas e o Bacillus stearothermophilus. 
Irradiação 
Ainda dentro dos processos de esterilização por métodos físicos, a irradiação é uma alternativa aos processos que utilizam calor. 
Existem dois tipos de irradiação: as ionizantes, que utilizam comprimentos de onda mais curtos e de maior energia (como os raios 
gama, por exemplo), e as não ionizantes (como a radiação ultravioleta). 
RAIOS GAMA 
É um tipo de radiação ionizante que pode ser utilizada para a esterilização de grandes lotes de produtos, tais como seringas, agulhas, 
luvas, cateteres etc. Elimina os microrganismos sem aumento de temperatura. Ainda representa alto custo para as empresas. 
RAIOS UV 
É um tipo de radiação não ionizante e que, apesar do seu baixo poder de penetração, é muito eficiente em processos de purificação 
de água, no âmbito hospitalar e nas câmaras de segurança biológica como lâmpadas UV, auxiliando no processo de esterilização 
após a desinfecção das superfícies. Deve-se tomar cuidado, pois pode causar danos aos olhos e à pele. 
Filtração 
É um processo mecânico de esterilização que depende do tipo de material filtrante utilizado. Para filtrações esterilizantes é 
necessário que as membranas filtrantes apresentem tamanho de poro de 0,22μm. 
 COMENTÁRIO 
Esse método pode ser utilizado para esterilizar pequenos volumes, quando é conhecido como microfiltração, mas é mais comum 
ser usado para a filtração do ar em ambientes estéreis, utilizando os filtros HEPA, como nas câmaras de segurança biológica. 
Conforme visto anteriormente, os agentes químicos geralmente são mais utilizados para os processos de desinfecção. Entretanto, 
os agentes químicos gasosos como o óxido de etileno também podem ser usados como método de esterilização. Isso se deve ao 
seu alto poder de penetração e ação esporicida. Ainda assim, seu uso é bastante restrito por se tratar de gás explosivo e de alto 
custo de processo. 
DESCARTE DE RESÍDUOS 
As atividades de rotina dos laboratórios clínicos geram diferentes tipos de resíduos que devem ser armazenados e descartados de 
acordo com a legislação vigente. Atualmente, a legislação que regulamenta e classifica os tipos de resíduos é a RDC nº 222/2018 
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os grupos de resíduos de saúde podem ser classificados da seguinte maneira: 
GRUPO A 
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção (A1, 
A2, A3, A4, A5). 
GRUPO B 
Resíduos contendo produtos químicos que apresentam periculosidade à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas 
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade, mutagenicidade e 
quantidade. 
GRUPO C 
Qualquer material que contenha radionuclídeo em quantidade superior aos níveis de dispensa especificados em norma da Comissão 
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. 
GRUPO D 
Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos 
resíduos domiciliares. 
GRUPO E 
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas 
endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas tubos capilares, ponteiras de micropipetas, lâminas e lamínulas, 
espátulas, todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros 
similares. Com exceção do grupo C, a maioria dos laboratórios clínicos apresentam resíduos pertencentes a todos os outros grupos. 
Uma vez que os resíduos do grupo D não apresentam riscos à saúde e podem ser equiparados aos resíduos domiciliares, devemos 
focar, portanto, nos grupos A, B e E. 
GRUPO A GRUPO B GRUPO E GRUPO A 
O grupo A ainda é subdivido em A1, A2, A3, A4 e A5. Neste grupo, destacam-se os subtipos A1 e A4. O descarte de resíduos do 
grupo A1 deve sofrer tratamento prévio para a redução e eliminação da carga microbiana e, ainda no caso de materiais de Nível III, 
inativação total da carga microbiana. Os resíduos sólidos de saúde (RSS) do grupo A4 não necessitam de tratamento prévio e 
devem ser embalados em saco branco leitoso devidamente identificado para descarte final em ambiente adequado. 
 SAIBA MAIS 
Segundo a RDC n° 222/2018, alguns exemplos de RSS do grupo A4: Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência 
à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; Cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros 
resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos. 
Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. 
Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não 
contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes classe de risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de 
disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo 
de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons. 
GRUPO B 
Para o descarte dos RSS do grupo B é necessário avaliar a periculosidade das substâncias presentes de acordo com as FISPQs 
(Ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ).) respectivas, respeitando suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Esses resíduos devem ser previamente tratados de acordo com as suas 
características químicas e é proibido o encaminhamento de RSS na forma líquida para disposição final em aterros sanitários. 
GRUPO E 
Os materiais perfurocortantes do grupo E devem ser descartados em recipientes identificados, rígidos, providos com tampa, 
resistentes à punctura, ruptura e vazamento. O recipiente de acondicionamento deve conter a identificação de todos os riscos 
presentes. As seringas e agulhas devem passar por tratamento prévio antes do descarte final. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. QUAL O CONCEITO DE LIMPEZA E POR QUE ELA DEVE PRECEDER OS PROCEDIMENTOS DE DESINFECÇÃO E 
ESTERILIZAÇÃO DE PRODUTOS LABORATORIAIS? 
A) É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para manter os artigos em estado de asseio, reduzindo a população 
microbiana. A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou de esterilização, pois reduz a carga microbiana por meio 
da remoção da sujidade e da matéria orgânica presentes nos materiais. 
B) É o processo em que se deixa os artigos em soluções descontaminantes, realizado antes da desinfecção para reduzir as sujidades 
e facilitar o processo de empacotamento e autoclavagem. 
C) Processo de limpeza em soluções desinfetantes, utilizado antes da descontaminação para diminuir os riscos na manipulação 
desses artigos pelos profissionais. 
D) Processo de imersão em água destilada, usado antes da descontaminação e esterilização para não correr o risco de reinfectar 
os artigos hospitalares. 
E) O conceito de limpeza é o mesmo conceito de assepsia ou antissepsia. 
2. OS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE (RSS) SÃO CLASSIFICADOS PELA ANVISA EM GRUPOS A, B, C, D E E. O GRUPO 
A COMPREENDE: 
A) Resíduos recicláveis. 
B) Materiais perfurocortantes ou escarificantes. 
C) Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. 
D) Resíduos que não apresentamrisco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados 
aos resíduos domiciliares. 
E) Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de 
suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. 
GABARITO 
1. Qual o conceito de limpeza e por que ela deve preceder os procedimentos de desinfecção 
e esterilização de produtos laboratoriais? 
A alternativa "A " está correta. 
O processo de descontaminação é definido como a técnica utilizada para a eliminação total ou parcial de microrganismos, ou ainda 
a remoção e neutralização de produtos químicos perigosos e material radioativo. O objetivo principal é tornar o material biológico 
seguro para o descarte ou para a sua reutilização. As etapas de descontaminação dependem do nível de contaminação e podem 
ser resumidas como limpeza, desinfecção e esterilização. A etapa de limpeza precede a de desinfecção e esterilização a fim de se 
reduzir a carga microbiana e auxiliar a eficiência dos demais processos. 
2. Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) são classificados pela ANVISA em Grupos A, B, C, D e E. O Grupo A compreende: 
A alternativa "C " está correta. 
De acordo com a RDC nº 222/2018 ANEXO I, a classificação dos resíduos de serviços de saúde para o grupo A é a seguinte: 
resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção. 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao longo deste tema, estudamos os conceitos de boas práticas de laboratórios, suas aplicações e abrangências na área de Saúde. 
Foi possível também compreender os sistemas de purificação de água, os tipos de água obtidos e sua utilização nos laboratórios 
clínicos. Aprendemos sobre os procedimentos de descontaminação em laboratórios a partir da limpeza, desinfecção por agentes 
químicos e físicos e as principais técnicas de esterilização. Por fim, conhecemos a atual legislação de descarte de resíduos sólidos 
de saúde, fechando o ciclo de conhecimento sobre as BPL para que possamos estar preparados para exercer as atividades 
laboratoriais com eficiência e segurança. 
 
 
AULA 2 – BIOSSEGURANÇA 
 
DESCRIÇÃO 
Introdução à biossegurança: conceitos básicos, sistemas de gestão da qualidade em laboratórios clínicos e processos de coleta de 
amostra biológica. 
PROPÓSITO 
Apresentar os requisitos de biossegurança em um laboratório clínico, fundamental para o desenvolvimento de processos seguros e 
de qualidade nos laboratórios de análises clínicas e minimizar possíveis erros. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Reconhecer os principais conceitos de biossegurança aplicados a laboratórios clínicos 
MÓDULO 2 
Identificar os requisitos fundamentais para gestão de qualidade em laboratórios 
MÓDULO 3 
Identificar variáveis causadoras de erros nos processos de coleta de amostra biológica 
INTRODUÇÃO 
A ideia de ter contato com microrganismos patogênicos ou materiais contaminados por eles causa certo pânico em pessoas que 
não conhecem a fundo um laboratório clínico. Sempre que pensamos nessas situações, as cenas dos filmes com profissionais 
vestindo equipamentos de proteção individual da cabeça aos pés nos vêm em mente. Será que tudo aquilo acontece na chamada 
“vida real”? 
Boas práticas adotadas em laboratórios clínicos são empregadas para proteger os profissionais de riscos comumente encontrados 
nesses ambientes, além de serem essenciais para emissões de resultado com alta qualidade. Esses riscos vão muito além daqueles 
ligados à contaminação por microrganismos e podem até mesmo afetar animais e o meio ambiente. 
Encontraremos, ao longo deste tema, os principais conceitos relacionados a biossegurança em laboratórios clínicos, como estes 
são estruturados e como são realizados processos de coleta de material biológico. Além disso, entenderemos quais são os requisitos 
necessários para que os laboratórios possam ser acreditados pelos órgãos regulamentadores e apresentem excelência na prestação 
de serviços. 
MÓDULO 1 
 Reconhecer os principais conceitos de biossegurança aplicados a laboratórios clínicos 
BIOSSEGURANÇA 
Biossegurança é um termo utilizado para definir ações realizadas com a finalidade de proteger vidas, sendo elas humanas ou não. 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define o termo como: 
 
CONDIÇÃO DE SEGURANÇA ALCANÇADA POR UM CONJUNTO DE AÇÕES DESTINADAS A PREVENIR, CONTROLAR, 
REDUZIR OU ELIMINAR RISCOS INERENTES ÀS ATIVIDADES QUE POSSAM COMPROMETER A SAÚDE HUMANA, ANIMAL 
E O MEIO AMBIENTE” 
ANVISA/2010 
O conceito de biossegurança começou a ser desenvolvido na década de 1970, com observação de casos de doenças infecciosas 
como tuberculose e hepatite B, entre profissionais da saúde que lidavam com pacientes doentes. O número de profissionais de 
saúde que apresentavam essas doenças era de cinco a sete vezes maior que o observado na população. Assim, foram propostas 
normas e elaborados manuais de biossegurança com o intuito de frear a aquisição de doenças infecciosas e garantir uma proteção 
a esses profissionais em suas atividades. 
Quando falamos de segurança dos profissionais de saúde, temos que trazer a importância das boas práticas laboratoriais, que 
contam com procedimentos − como práticas de higiene pessoal − e ações de segurança − tais como utilização de equipamentos de 
proteção individual (EPI) pelos profissionais e instalação de equipamentos de proteção coletiva (EPC) nos estabelecimentos de 
saúde. 
BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS CLÍNICOS 
ESTRUTURA FÍSICA DOS LABORATÓRIOS 
DE ANÁLISES CLÍNICAS 
Todos os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) precisam obedecer a regras estabelecidas pela ANVISA (RDC Nº 50, de 
21 de fevereiro 2002) no que diz respeito à infraestrutura do EAS, para que possa ser garantida a segurança de todos que trabalham 
e transitam nas dependências do estabelecimento. O documento traz uma regulamentação técnica para planejamento, 
programação, elaboração e avaliação dos projetos físicos dos EAS, e pode variar conforme atividades desenvolvidas por estes. 
Antes de seguir as regras descritas nessa resolução para o projeto, deve-se listar as atividades que serão desenvolvidas pelo EAS 
para que os ambientes necessários e obrigatórios para realização de cada atividades sejam identificados e incluídos no projeto 
físico. 
Apesar das regras listadas pela RDC 50, não existem projetos físicos pré-definidos e, sim, listagem de ambientes que deverão estar 
no planejamento do EAS para que possa ser aprovado. 
Dentro dessa listagem, os laboratórios de análises clínicas estão classificados nas atividades de número 4 e incluem, dentre outros, 
análises bioquímicas, imunológicas, hematológicas, microbiológicas e parasitológicas, onde nas quais ocorrem análises de 
substâncias e material biológico para fins de diagnóstico. 
Cada um desses laboratórios precisará de áreas que possam garantir o funcionamento e o desenvolvimento dos processos que 
neles ocorrem. No entanto, podemos listar uma estrutura mínima necessária e obrigatória, como: 
Recepção e sala de espera, onde há acolhimento e identificação dos 
pacientes. 
Sanitários, tanto para pacientes quanto para funcionários; sala da 
administração. 
Sala de coleta. 
Sala de classificação e distribuição das amostras pelas diferentes 
áreas de análises. 
Salas para preparo de reagentes e de soluções. 
Sala de esterilização de materiais. 
Sala para realização de processos biomoleculares, como amplificação 
de ácidos nucleicos. 
Antecâmara de paramentação, onde o profissional coloca os EPIs 
necessários para as atividades. 
Além da necessidade de áreas específicas, o acabamento de todo o 
laboratório deve seguir recomendações para que a limpeza seja 
realizada de forma mais segura e eficiente. Não é permitido uso de 
forro inflamável e que possa permitir absorção de umidade; os pisos 
devem ser colocados de forma a evitar que se formem obstáculos entre 
eles, precisam ser antiderrapantes e resistentes a abrasão;paredes 
devem permitir lavagem; armários precisam ser feitos de material que 
permita sua limpeza, além de irem até o teto; bancadas devem ser 
feitas de material resistente a umidade e produtos químicos, e que 
possa ser facilmente limpo. 
 
 
FORMULÁRIOS E PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP) ÚTEIS AS CIBIO E CIPA 
A) MODELOS DE FICHAS DE INSCRIÇÃO/DADOS DO TÉCNICO 
Para regulamentação e estabelecimento das normas de segurança, o EAS deve possuir sua comissão interna de prevenção de 
acidentes (CIPA), que irá atuará buscando a preservação da saúde e a integridade física dos trabalhadores. 
FORMAÇÃO DA CIPA 
A CIPA deverá ser formada por representantes do empregador, selecionados por este, e de empregados, que serão selecionados 
por processo eleitoral secreto. 
ATRIBUIÇÕES DA CIPA 
Regulamentada pela NR 5, publicada em 1978 e com a última atualização realizada em 2019, possui algumas atribuições, são elas: 
identificar riscos do processo de trabalho e elaborar mapas de riscos; elaborar plano de trabalho que possibilite ações preventivas; 
realizar verificações nos ambientes de trabalho; divulgar informações relacionadas à segurança e saúde do trabalho; dentre outras. 
Inicialmente, a CIPA levanta informações necessárias sobre os funcionários para elaboração de planos de ação e dados 
relacionados a possíveis eventos ocorridos ou ligados as atividades desenvolvidas. Dentre os dados levantados, estão aqueles de 
âmbito pessoal, como filiação, formação acadêmica, utilização de medicamentos e visitas ao médico. Além deste, o EAS também 
elabora formulários que tem têm por finalidade registrar os acidentes ocorridos durante o expediente. Ambos os formulários podem 
ser acrescidos de perguntas não contempladas nos modelos, para que se ajustem às necessidades dos EAS. 
 SAIBA MAIS 
Em 1995, a partir da legislação Nº 8.974/95, tornou-se obrigatório para os EAS que trabalham com organismos geneticamente 
modificados (OGM) a composição de uma comissão interna de biossegurança (CIBio). A CIBio tem como atribuições: fazer o 
monitoramento e a vigilância dos trabalhos de engenharia genética, manipulação, produção e transporte de OGM; informar qualquer 
pessoa e coletividade sobre todas as questões relacionadas a saúde e segurança e procedimentos em caso de acidentes; 
estabelecer programas preventivos e de inspeção às instalações sob sua responsabilidade; manter registro do acompanhamento 
de atividades e projetos que envolvam OMG; notificar às autoridades de saúde pública resultado de avaliações de risco; investigar 
a ocorrência de acidentes e enfermidades possivelmente relacionadas a OGM. 
Essa legislação foi revogada pela Lei Nº 11.105/2005. Ela, além da CIBio, cria o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), 
reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança (PNB) e 
estabelece normas de segurança para manipulação dos OGNS. 
B) CONFECÇÃO DE MAPA DE RISCO 
Na busca de condições seguras aos trabalhadores, cada CIPA deve estabelecer um programa de prevenção de riscos ambientais 
(PPRA), no qual consta a elaboração e execução de mapa de riscos 
como medida preventiva de acidentes. Esse documento aponta as 
ameaças presentes em determinado ambiente, alertando os 
trabalhadores de sua presença e intensidade. Os riscos devem ser 
simbolizados por círculos de três tamanhos diferentes, conforme a sua 
gravidade, no qual tamanho do disco é diretamente proporcional ao 
grau de risco. Veja a seguir as especificações de cada círculo: 
CÍRCULO PEQUENO 
Círculo com diâmetro de 2,5 cm. 
CÍRCULO MÉDIO 
Círculo com diâmetro de 5 cm. 
CÍRCULO GRANDE 
Círculo com diâmetro de 5 cm. 
Além disso, os riscos devem ser indicados em cores, conforme o tipo, 
de acordo com a planta de cada ambiente analisado de maneira 
individual, como mostra a figura abaixo: 
 
O gráfico gerado após as análises deve ser afixado, em cada ambiente analisado, em um local visível e de fácil acesso aos 
trabalhadores daquele setor. Isso serve para evitar acidentes por meio da informação e conscientização da equipe de trabalho 
quanto a necessidade da utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPC). 
QUAIS OS DADOS NECESSÁRIOS PARA ELABORAR UM MAPA DE RISCO? 
Um profissional técnico responsável pelo setor documenta as informações e elabora o mapa de risco ocupacional setorial. As 
atividades dos diferentes setores são levantadas e identificadas na planta baixa da instituição. Cabe dizer que setores como 
secretaria e recepção também estão incluídos. Informações dos trabalhadores, já discutidas anteriormente, assim como 
instrumentos, equipamentos e materiais utilizados no desenvolvimento das atividades e informações sobre o ambiente são cruciais 
para a elaboração do mapa de risco. 
Após análise dessas informações, os riscos são identificados e graficamente apontados na planta de cada setor, variando conforme 
sua classificação nos grupo de risco ocupacional, que varia de 1 a 5. 
CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO DE RISCO OCUPACIONAL 
O grupo de risco ocupacional 1 inclui agentes físicos que podem causar irritação, dores de cabeça, fadiga, queimaduras e 
alterações de pressão arterial. Agentes: ruídos, vibrações, calor ou frio extremos, radiações, pressões e umidade. 
O grupo de risco ocupacional 2 inclui agentes químicos que podem causar doenças do sistema respiratório, como doenças 
pulmonares obstrutivas crônicas e enfisema pulmonar. 
Agentes: gases, vapores e névoas, poeiras e fumos. O grupo de risco ocupacional 3 inclui agentes biológicos como bactérias, 
fungos, protozoários, parasitas e vírus que podem causar doenças infecciosas, além de animais peçonhentos como cobras. 
O grupo de risco ocupacional 4 inclui agentes ergonômicos que podem causar dores musculares, fraqueza, cansaço, alterações 
no aparelho digestivo, desconforto. Agentes: repetitividade, ritmo excessivo, levantamento de peso, trabalho físico excessivo. 
O grupo de risco ocupacional 5 inclui a inadequação física (arranjo físico, instalações elétricas e edificações) e de equipamentos 
(maquinário e ferramentas defeituosas) nos ambientes de trabalho, que causam acidentes graves, como choque elétrico, 
queimaduras, incêndios, podendo resultar até mesmo na morte de funcionários. 
C) PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP) 
VOCÊ CERTAMENTE JÁ OUVIU FALAR EM POP, MAS SABE O QUE ISSO SIGNIFICA E PORQUE ELE É ESSENCIAL NA 
ROTINA DE UM LABORATÓRIO? 
POP significa procedimento operacional padrão e é um documento que tem por finalidade orientar os trabalhadores do EAS sobre 
a utilização de equipamentos e operacionalização de sistemas. Ele é composto de informações detalhadas sobre determinado 
processo: desde o nome dele, local de aplicação e responsáveis pelo equipamento até informações sobre como manuseá-lo, 
materiais utilizados e descrição detalhada de todas as etapas do processo. Toda essa elaboração tem o objetivo principal de 
minimizar erros nos processos, garantindo os padrões de qualidade daqueles resultados gerados, assegurando uma padronização 
e menor variabilidade possível das atividades, além de poder atuar nas questões de preservação física dos equipamentos, reagentes 
e materiais de uso laboratorial. 
Quando elaboramos um POP, precisamos conhecer seus objetivos principais, assim como os processos que nele serão descritos. 
Os manuais que acompanham os equipamentos são uma boa fonte de informação para a elaboração do POP. Neles estão contidas 
as formas de manipulação dos mesmos, possibilitando ainda que as recomendações do fabricante sejam seguidas, o que pode 
garantir uma maior eficiência e durabilidade. 
 ATENÇÃO 
É importante enfatizar que nenhum processo é óbvio e deve ser considerado como intuitivo ao elaborarmos um POP. Não podemos 
esquecer que o POP deve ser de fácil entendimento, levando informações compreensíveis até mesmo para funcionários novos e 
com pouca experiência. Por isso, o uso de palavras difíceis deve ser evitado e siglas devem ter seu significado

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