Buscar

VIGILÂNCIA EM SAÚDE - LIVRO 04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Joy Ganem Longhi 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Para se enquadrar no conceito de ambiente e entorno saudável, é preciso 
reunir provisões urbanas básicas – como saneamento, espaços físicos limpos e 
estruturalmente adequados – e redes de apoio, a fim de conseguir hábitos 
psicossociais sadios e seguros (Cohen, 2003). 
Para que os riscos ambientais sejam tratados como um problema de 
saúde, ou seja, passível de solução e/ou controle, o ambiente deve ser 
internalizado à política, ao diagnóstico, ao planejamento e às ações de saúde 
(Augusto, 2003). 
TEMA 1 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL – DEFINIÇÃO E HISTÓRICO 
A vigilância em saúde ambiental caracteriza-se como um dos 
componentes da vigilância em saúde. É definida como um conjunto de ações 
que propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores 
determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde 
humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos 
fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde 
(Brasil, 2009b). 
A relação entre a saúde e o ambiente vem sendo analisada desde a 
Grécia Antiga, com Hipócrates, no início do século IV a.C. Sua obra denominada 
Dos ares, das águas e dos lugares, já trazia inquietações com aspectos 
ambientais na determinação das doenças, destacando a relação entre as 
enfermidades, principalmente as endêmicas, e a localização de seus focos 
(Ribeiro, 2004). 
O movimento ambientalista, que começou a ganhar força nos anos 1960 
e 1970, contribuiu para ampliação da compreensão dos problemas ambientais, 
antes restritos aos aspectos de saneamento e controle de vetores, bem como 
para a recuperação da dimensão política e social relacionadas a esses 
problemas (Freitas, 2003). 
As condições ambientais adversas nos países em desenvolvimento 
passaram a ser identificadas como riscos à saúde, que geraram a necessidade 
de estudar e intervir sobre novos problemas. Também foi verificada a 
necessidade de abordar antigos problemas em uma nova perspectiva 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
3 
integradora. Essa tendência apontou a necessidade de superação do modelo de 
vigilância à saúde baseada em agravos, incorporando a temática ambiental nas 
práticas de saúde pública (Barcellos; Quitério, 2006). 
Assim, em meados do século XX, foram retomados os estudos 
relacionados à saúde e ao ambiente e estruturou-se a área de saúde ambiental, 
caracterizada como um campo da saúde pública com objetivo de formular 
políticas públicas relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores do 
meio ambiente natural e antrópico (resultantes da ação humana) que 
determinam, condicionam e influenciam a saúde, com vistas a melhorar a 
qualidade de vida do ser humano, sob o ponto de vista da sustentabilidade 
(Brasil, 2009a). 
As questões ambientais ganharam destaque em 1972, com a realização 
da Conferência de Estocolmo, na Suécia, realizada pela Organização das 
Nações Unidas (ONU), com 113 nações participantes. No evento, as discussões 
resultaram em recomendações para os povos em busca de uma melhor relação 
entre o homem e o ambiente (Rohlfs et al., 2011). 
Por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde de 1975, a Lei 
n. 6.259/1975 e o Decreto n. 78.231/1976 instituíram o Sistema Nacional de 
Vigilância Epidemiológica (SNVE), com atribuição do controle e fiscalização dos 
padrões de interesse sanitário de portos, aeroportos e fronteiras, medicamentos, 
cosméticos, alimentos, saneantes e bens (Brasil, 2000b). 
Em meados da década de 1980, foram promovidas iniciativas para se 
instituir, no âmbito do setor da saúde, ações da vigilância de saúde do 
trabalhador e do meio ambiente, de acordo com a Constituição (Brasil, 1988) e 
com a Lei Orgânica de Saúde (Brasil, 1990). A questão ambiental no Ministério 
da Saúde foi incorporada à estrutura da então Secretaria Nacional de Vigilância 
Sanitária por meio de sua Divisão de Ecologia Humana e Saúde Ambiental 
(DIEHSA), em 1991. 
A relação entre ambiente e impacto à saúde ganhou forte apoio nacional 
e internacional na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD), a Rio-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, 
onde se instituiu o compromisso da definição e adoção de um conjunto de 
políticas de meio ambiente e de saúde, no contexto do desenvolvimento 
sustentável (Rohlfs et al., 2011). 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
4 
Mas foi no fim da década de 1990 que começou a construção da 
vigilância ambiental em saúde em sua dimensão sistêmica, no Sistema Único de 
Saúde (SUS) (De Seta; Reis, 2011). Assim, as ações de controle sobre o meio 
ambiente, relacionadas à saúde, como a vigilância da qualidade da água para o 
consumo humano, estiveram até o fim dos anos 1990, subordinadas à Vigilância 
Sanitária (Augusto, 2003). 
Foi a partir do ano 2000 que o Ministério da Saúde formulou a 
denominada vigilância ambiental, a qual se configura como um conjunto de 
ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de qualquer mudança 
nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na 
saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de 
prevenção e controle dos fatores de riscos e das doenças ou agravos 
relacionados à variável ambiental (Brasil, 2000c). 
No Ministério da Saúde, criou-se a Vigilância Ambiental em Saúde e, em 
10 de maio de 2000, foi publicado o Decreto n. 3.450, que instituiu no Centro 
Nacional de Epidemiologia (Cenepi) a gestão do Sistema Nacional de Vigilância 
Ambiental em Saúde (Sinvas) (De Seta; Reis, 2011). 
O Decreto n. 3.450/2000 determina que a Vigilância Ambiental em Saúde 
“prioriza a informação no campo da vigilância ambiental, de fatores biológicos 
(vetores, hospedeiros, reservatórios, animais peçonhentos), qualidade de água 
para consumo humano, contaminantes ambientais químicos e físicos, que 
possam interferir na qualidade da água, ar e solo, e os riscos recorrentes de 
desastres naturais e de acidentes com produtos perigosos” (Augusto, 2003). 
A partir de 2005, esse sistema é redefinido e passa a ter a sigla SINVSA. 
Em um primeiro momento, a Coordenação-Geral de Vigilância Ambiental 
(CGVAM/SVS) ficaria responsável também pelos fatores biológicos, mas 
atualmente eles se vinculam a outra coordenação da SVS (De Seta; Reis, 2011). 
Assim, a Vigilância em Saúde Ambiental, foi definida em documentos do 
Ministério da Saúde como: “conjunto de ações que proporcionam o 
conhecimento e a detecção de mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a 
finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco 
ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde” (Brasil, 
2005b). 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
5 
TEMA 2 – OBJETIVOS 
Segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), são objetivos da 
Vigilância Ambiental em Saúde (Brasil, 2002): 
a) Produzir, processar, integrar e interpretar informações, visando a 
disponibilizar ao SUS instrumentos para planejamento e execução de 
ações relativas às atividades de promoção à saúde e de prevenção e 
controle de doenças relacionadas ao meio ambiente. 
b) Estabelecer os principais parâmetros, atribuições, procedimentos 
e ações relacionadas à vigilância ambiental em saúde nas diversas 
instâncias de competência. 
c) Identificar os riscos e divulgar informações referentes aos fatores 
ambientaiscondicionantes e determinantes das doenças e outros 
agravos à saúde. 
d) Intervir com ações diretas de responsabilidade do setor ou 
demandando para outros setores, com vistas a eliminar os principais 
fatores ambientais de risco à saúde humana. 
e) Promover, junto aos órgãos afins ações de proteção da saúde 
humana relacionadas ao controle e recuperação do meio ambiente. 
f) Conhecer e estimular a interação entre a saúde, meio ambiente 
e desenvolvimento visando ao fortalecimento da participação da 
população na promoção da saúde e qualidade de vida. 
TEMA 3 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL NO BRASIL 
 Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil 
em 1988, o meio ambiente foi elevado ao patamar de garantia fundamental, com 
a inserção de um capítulo especialmente dedicado à matéria em seu corpo 
(Morais; Costa, 2019). 
Atualmente, com a incorporação na Vigilância Ambiental ao Sistema 
Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde (SNVA), no âmbito 
do SUS, amplia-se a compreensão de que há um ambiente maior e relacional, 
em que as ações de promoção à saúde devem ser implementadas levando-se 
em consideração o ambiente onde as pessoas residem e trabalham (Augusto, 
2003). 
 A área de Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) começou a ser 
implantada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com base no Decreto n. 
3.450/2000, que estabeleceu, dentre suas competências, a “gestão do sistema 
nacional de vigilância ambiental”. No início, as atividades da VSA foram 
centradas na capacitação de recursos humanos, no financiamento da construção 
e reforma dos Centros de Controle de Zoonoses e na estruturação do Sistema 
de Informação da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) (Rohlfs 
et al., 2011). 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
6 
 Em 2003, com a publicação do Decreto n. 4.726/2003, houve a 
restruturação do Ministério da Saúde, com a criação da Secretaria da Vigilância 
da Saúde (SVS), que passou a ter como uma de suas competências a gestão do 
Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA), 
compartilhadas com estados, municípios e Distrito Federal em articulação com 
fóruns intra e intersetoriais e o controle social (Rohlfs et al., 2011). 
 A atualização das competências da Vigilância em Saúde Ambiental se 
deu pela Instrução Normativa n. 01/2005, na qual foram estabelecidas as áreas 
de atuação do SINVSA: água para consumo humano, ar, solo, contaminantes 
ambientais e substâncias químicas, desastres naturais, acidentes com produtos 
perigosos, fatores físicos e ambiente de trabalho. Além disso, incluíram os 
procedimentos de vigilância epidemiológica das doenças e agravos decorrentes 
da exposição humana a agrotóxicos, benzeno, chumbo, amianto e mercúrio 
(Brasil, 2005a). 
No processo de consolidação, os caminhos percorridos construíram 
avanços técnicos e operacionais, com resultados positivos na implementação da 
Vigilância em Saúde Ambiental dentro da estrutura do SUS. A Coordenação 
Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM) tem várias áreas de atuação 
(Ministério da Saúde, 2019): 
 Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos 
(Vigipeq) tem como objetivo o desenvolvimento de vigilância em saúde 
visando adotar medidas de prevenção, promoção e atenção integral de 
populações expostas a contaminantes químicos. 
 Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos associados aos Desastres 
(Vigidesastres) tem como objetivo o desenvolvimento de um conjunto de 
ações a serem adotadas continuamente pelas autoridades de saúde 
pública para reduzir a exposição da população e dos profissionais de 
saúde aos riscos de desastres e a redução das doenças e agravos 
decorrentes deles. 
 Vigilância da Qualidade da Água para o Consumo Humano (Vigiagua) 
consiste no conjunto de ações adotadas continuamente pelas autoridades 
de saúde pública para garantir que a água consumida pela população 
atenda ao padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente. 
Para atender as demandas de estados e municípios, uma rede de 
Laboratórios de Referência Nacional (Lacen) realizam análises de média a de 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
7 
alta complexidade em amostras ambientais e biológicas. Essa rede é 
responsável pelas seguintes ações de vigilância: 
 Análise da qualidade da água para consumo humano. 
 Análise para a vigilância de populações humanas expostas aos fatores 
ambientais biológicos, químicos e físicos. 
 Análise para a vigilância de saúde de trabalhadores expostos aos fatores 
ambientais, biológicos, químicos e físicos. 
De modo geral, pode-se concluir que, ao longo dos últimos anos, a área 
de Saúde Ambiental no Brasil adquiriu reconhecimento institucional na estrutura 
do Ministério da Saúde, entretanto, diversos ainda são os desafios a serem 
enfrentados. 
TEMA 4 – SANEAMENTO BÁSICO 
Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as 
condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a 
saúde, melhorar a qualidade de vida da população e a produtividade do 
indivíduo e facilitar a atividade econômica. No Brasil, é um direito assegurado 
pela Constituição e definido pela Lei n. 11.445/2007 como o conjunto dos 
serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, 
esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos 
sólidos e de águas pluviais (Instituto Trata Brasil, 2019) e que, em seu capítulo 
IX, orienta a ação do governo federal por meio da definição de um conjunto 
amplo de diretrizes, objetivos e metas para a universalização e definição de 
programas, ações e estratégias para investimentos no setor (Brasil, 2007). 
O saneamento básico é item essencial para um país poder ser chamado 
de desenvolvido (Instituto Trata Brasil, 2019). 
Nos países em desenvolvimento, um percentual significativo da população 
não dispõe de condições sanitárias básicas para o lançamento adequado de 
seus resíduos, que aliadas à deficiência de educação em saúde, descartam 
esses resíduos indiscriminadamente na superfície do solo, com consequente 
poluição e/ou contaminação do mesmo e das águas superficiais e subterrâneas 
(Ministério da Saúde, 2015). 
Por ser um direito essencial da sociedade, é atribuído ao poder público a 
sua implementação, regulamentação, fiscalização e prestação. Da mesma 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
8 
forma, o princípio da universalização ganha previsão legal na regulamentação do 
serviço, a fim de se garantir o direito à igualdade (Morais; Costa, 2019). 
Desde a década de 1950 até o fim do século passado, o investimento em 
saneamento básico no Brasil ocorreu pontualmente em alguns períodos 
específicos, com um destaque para as décadas de 1970 e 1980. Em decorrência 
disso, o Brasil ainda está marcado por uma grande desigualdade no acesso ao 
serviço, principalmente em relação à coleta e tratamento de esgoto (Leoneti; 
Prado; Oliveira, 2011). 
A situação do sistema sanitário em que o Brasil se encontra é de grande 
precariedade, à semelhança de outros países em desenvolvimento. Essa 
situação é caracterizada pelo descaso às atividades de saneamento básico, o 
que resulta em diversos problemas sociais, econômicos e ambientais (Costa, 
2013). 
Enchentes, lixões a céu aberto, contaminação de mananciais, água sem 
tratamento e doenças têm uma relação estreita. A inexistência de condições de 
saneamento adequadas, muitas vezes aliada à falta de práticas de educação 
sanitária e ambiental, têm resultado na alta incidência de várias doenças, 
principalmente de veiculação hídrica. Doenças como diarreias, dengue, febre 
tifoide e malária – que resultam em milhares de mortesanuais, especialmente de 
crianças – são transmitidas por água contaminada com dejetos humanos, 
animais e resíduos sólidos dispostos de forma imprópria (Costa, 2013). 
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que cada US$ 
1 investido em saneamento básico gera um retorno de US$ 9 para a economia 
de um país, demonstrando a importância dos investimentos previstos para o 
setor de saneamento, refletindo diretamente na saúde pública (Costa, 2013). 
4.1 Água tratada 
Os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à 
melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na saúde infantil com 
redução da mortalidade infantil, melhorias na educação, na expansão do 
turismo, na valorização dos imóveis, na renda do trabalhador, na despoluição 
dos rios e preservação dos recursos hídricos etc. (Instituto Trata Brasil, 2019; 
Leoneti; Prado; Oliveira, 2011). 
Levar água potável a uma comunidade deve ser a primeira ação sanitária 
e social que um programa de saneamento deve implementar, pois constitui o 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
9 
ponto central de um conjunto de ações para promover o saneamento e, logo, a 
saúde pública (Brasil, 2015). 
Dentre as atividades de saneamento apresentadas, apenas o tratamento 
e distribuição de águas encontra-se em um nível satisfatório no Brasil, 
atendendo 81,1% da população total e 92,5% da população urbana, segundo 
dados do SNIS no ano de 2010 (Costa, 2013). 
O sistema de abastecimento de água para consumo humano consiste em 
um conjunto de infraestruturas, obras civis, materiais e equipamentos, desde a 
zona de captação até as ligações prediais, para o fornecimento coletivo de água 
potável, por meio de rede de distribuição. A solução alternativa coletiva de 
abastecimento de água destina-se a fornecer água potável a partir de captação 
subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição. 
(Brasil, 2015) 
4.2 Tratamento de esgoto 
A Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pela norma 9.648/86, 
define esgoto sanitário como: “despejo líquido constituído de esgotos doméstico 
e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária”. 
A utilização de água traz a necessidade de criar soluções para o retorno 
de uma parcela desta água ao meio ambiente. Após usada, a água tem suas 
características naturais alteradas, incorporando inúmeras substâncias cuja 
constituição está relacionada ao objetivo para a qual foi empregada (Ministério 
da Saúde, 2015) 
Segundo o Manual de Saneamento da Funasa (Brasil, 2015), os tipos de 
esgoto podem ser definidos como: 
 Esgotos domésticos: de composição essencialmente orgânica, 
compreendem as águas que contêm a matéria originada pelos dejetos 
humanos no esgotamento de peças sanitárias e as águas provenientes 
das atividades domésticas. Incluem também os efluentes das 
instalações sanitárias de estabelecimentos comerciais, de empresas e 
instituições. Podem ser divididos em águas negras: parcela proveniente 
das instalações sanitárias, contendo fezes e urina; e águas cinzas: 
parcela proveniente de banhos, lavagens e outros usos domésticos. 
 Esgotos industriais: sua composição pode variar de orgânica a 
mineral. Compreendem os resíduos orgânicos de indústrias em seus 
diversos ramos e água de refrigeração. Nos efluentes industriais há 
uma fração, associada às instalações sanitárias dos funcionários e aos 
refeitórios, usualmente com características similares aos dos esgotos 
domésticos. 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
10 
O destino adequado dos esgotos é essencial para a saúde pública, pois 
tem como objetivo o controle e a prevenção de doenças por meio de soluções 
que buscam eliminar focos de contaminação e poluição. Os fatores relacionados 
ao saneamento aumentam a vida média do ser humano (uma vez que há 
redução da mortalidade e dos casos de doenças), diminuem as despesas com o 
tratamento de doenças evitáveis; reduz o custo do tratamento da água de 
abastecimento (devido à melhor qualidade da água bruta, pela prevenção da 
poluição dos mananciais); e controla a poluição das praias e dos locais de 
entretenimento, com o objetivo de promover o turismo e a preservação da biota 
aquática (Brasil, 2015). 
4.3 Resíduos sólidos 
Resíduos sólidos são um conjunto heterogêneo de materiais, substâncias, 
objetos ou bens descartados, resultantes de atividades humanas, nos estados 
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas 
particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou 
em corpos d’água, ou exijam, para isso, soluções técnicas ou economicamente 
inviáveis em comparação com a melhor tecnologia disponível (Brasil, 2015). 
O gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos ainda é um dos 
maiores problemas do país. Como possui grande quantidade de matéria 
orgânica, os resíduos sólidos servem como meio de cultura, ambiente e alimento 
para diversos organismos vivos. Além disso, possibilita a proliferação de 
mosquitos que se desenvolvem em água acumulada em recipientes abertos. 
Assim, existe a possibilidade de contaminação do homem pelo contato direto 
com os resíduos sólidos ou por meio da massa de água poluída (Brasil, 2015). 
No Brasil, a questão dos resíduos sólidos urbanos foi regulamentada, 
estabelecendo as diretrizes para sua gestão integrada, dando ênfase à política 
de redução de resíduos gerados. Pode-se citar como principais avanços da lei: a 
responsabilização do gerador dos resíduos, desde o acondicionamento até a 
disposição final ambientalmente adequada; a elaboração de planos de gestão 
integrada de resíduos sólidos pelo titular dos serviços; a análise e avaliação do 
ciclo de vida do produto e a logística reversa (Brasil, 2015). 
Desde 2010, cidadãos, governos, setor privado e sociedade civil 
organizada passaram a ser responsáveis pela gestão ambientalmente adequada 
dos resíduos sólidos. Assim, o cidadão é responsável não só pela disposição 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
11 
correta dos resíduos que gera, mas também é importante que repense e reveja o 
seu papel como consumidor. O setor privado fica responsável pelo 
gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, pela sua 
reincorporação na cadeia produtiva e pelas inovações nos produtos que tragam 
benefícios socioambientais, sempre que possível. Os governos (federal, 
estaduais e municipais) são responsáveis pela elaboração e implementação dos 
planos de gestão de resíduos sólidos, assim como pelos demais instrumentos 
previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Brasil, 2019). 
A busca por soluções na área de resíduos reflete as necessidades de 
uma sociedade que pressiona por mudanças e a urgência de se evitar elevados 
custos socioeconômicos e ambientais. Quando corretamente manejados, os 
resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de 
novas matérias-primas ou de novos insumos (Brasil, 2019). 
TEMA 5 – DOENÇAS E A VIGILÂNCIA AMBIENTAL 
Segundo a Funasa (Brasil, 2015), o saneamento ambiental como 
instrumento de promoção da saúde proporciona redução do sofrimento humano 
e perdas de vidas por doenças que podem ser evitadas, especialmente na 
população infantil. 
A contaminação da água e a poluição são as principais causas de 
enfermidades, especialmente em populações de baixa renda não atendidas por 
sistemas de abastecimento de água e de coleta e disposição de esgotos. As 
doenças relacionadas ao uso da água causam grande número de internações 
hospitalares e são responsáveis por grande parte dos índices de mortalidade 
infantil (Brasil, 2015). 
Os fenômenos associados às mudanças climáticas podem aumentara 
incidência de doenças respiratórias, de doenças diarreicas, a desnutrição e a 
morbimortalidade – causada por eventos climáticos extremos como ondas de 
calor ou frio, tempestades, inundações, secas e incêndios. Podem também 
aumentar a incidência de enfermidades como cólera, malária e dengue – em um 
reflexo da expansão das zonas de calor e umidade para latitudes e altitudes 
mais elevadas (Brasil, 2015). 
Além da água e da temperatura, outros fatores como a umidade, o tipo do 
cultivo de safra, a densidade da vegetação e a habitação podem ser 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
12 
determinantes para a sobrevivência de espécies diferentes de vetores 
transmissores de doenças (Brasil, 2015). 
As ações necessárias para se proteger a população de doenças 
combinam manejo ambiental, promoção de proteção pessoal, educação 
ambiental, controle biológico, controle químico e melhoramento da gestão dos 
serviços públicos de controle de vetores (Brasil, 2015). 
 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
AUGUSTO, L. G. S. Saúde e vigilância ambiental: um tema em construção. 
Epidemiologia e serviços de saúde, vol. 12, n. 4, p. 177-187, 2003. 
BARCELLOS, C; QUITÉRIO, L. A. D. Vigilância ambiental em saúde e sua 
implantação no Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, vol. 40, n. 
1, p. 170-177, 2006. 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 
24 out. 2019. 
_____. Decreto n, 3.450, de 9 de maio de 2000. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 9 maio 2000a. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3450.htm>. Acesso em: 28 out. 
2019. 
_____. Decreto n. 4.726, de 9 de junho de 2003. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 10 jun. 2003. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4726.htm>. Acesso em: 28 
out. 2019. 
_____. Decreto n. 78.231, de 12 de agosto de 1976. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 ago. 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D78231.htm>. Acesso 
em: 28 out. 2019. 
_____. Lei n. 6.259, de 30 de outubro de 1975. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 31 out. 1975. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm>. Acesso em: 28 out. 2019. 
_____. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 20 set. 1990. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 28 out. 2019. 
_____. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 8 jan. 2007. Disponível em: 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
14 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. 
Acesso em: 28 out. 2019. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Instrução Normativa n. 1, de 7 de março de 2005. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 mar. 2005. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/int0001_07_03_2005_rep.ht
ml>. Acesso em: 28 out. 2019. 
_____. Portaria n. 3.252, de 22 de dezembro de 2009. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 22 dez. 2009a. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt3252_22_12_2009_comp
.html>. Acesso em: 28 out. 2019. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Subsídios para a 
construção da política nacional de saúde ambiental. Brasília, 2009b. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Curso básico de 
vigilância ambiental: Módulo I. Brasília, 2000b. 
_____. Manual de saneamento. 4. ed. Brasília, 2015. 
_____. Vigilância ambiental em saúde. Brasília, 2000c. 
_____. Vigilância ambiental em saúde. Brasília, 2002. 
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instrução 
Normativa n. 1, de 7 de março de 2005. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 8 mar. 2005. 
COHEN, S. C. et al. Habitação saudável no SUS. Uma estratégia de ação para o 
PSF: uma incorporação do conceito de habitação saudável na política pública de 
saúde. ENSP, Rio de Janeiro, p. 807-813, 2003. 
COSTA, B. V. Sistema de esgotamento sanitário. Estudo de Caso: Treviso/ 
SC. Orientador: Maria Eliza Nagel Hassemer. 2012. Trabalho de Conclusão de 
Curso (Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental) - Universidade Federal 
de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. 
DE SETA, M. H; REIS; L. G. C; PEPE, V. L. E. Vigilância do campo da saúde: 
Conceitos fundamentais e processo de trabalho. In: GRABOIS, V; MENDES 
JUNIOR, W. V; GONDIM, R. (Org.). Qualificação de Gestores do SUS. 
Fiocruz, 2011. p. 199-237. 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com
 
 
15 
FREITAS, C. M. Problemas ambientais, saúde coletiva e ciências sociais. 
Ciência e Saúde Coletiva, vol. 8, n. 1, p. 137-150, 2003. 
INSTITUTO TRATA BRASIL. Manual do saneamento básico: entendendo o 
saneamento básico ambiental no Brasil e sua importância socioeconômica. 
2012. Disponível em: 
<http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/estudos/pesquisa16/manualimpre
nsa.pdf>. Acesso em: 28 out. 2019. 
LEONETI, A. B.; PRADO, E. L.; OLIVEIRA, S. V. W. B. Saneamento básico no 
Brasil: considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século 
XXI. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 45, n. 2, p. 331-348, 
2011. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/>. Acesso 
em: 28 out. 2019. 
MORAIS, G. A.; COSTA, B. S. A universalização do serviço de saneamento 
básico e as propostas de alteração legislativa: conflitos de competência entre os 
entes federativos. Direitos Sociais e Políticas Públicas, v. 7, n. 2, p. 134-169, 
2019. Disponível em: <http://www.unifafibe.com.br/revista/index.php/direitos-
sociais-politicas-pub/article/viewFile/586/pdf>. Acesso em: 28 out. 2019. 
RESÍDUOS sólidos. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: 
<https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos>. Acesso em 28 
out. 2019. 
RIBEIRO, H. Saúde pública e meio ambiente: evolução do conhecimento e da 
prática, alguns aspectos éticos. Saúde e Sociedade, vol. 10, n. 1, p. 70-80, 
2004. 
 
A
luno: JE
F
F
E
R
S
O
N
 G
O
N
Ç
A
LV
E
S
 LO
P
E
S
E
m
ail: jefferson.g.lopes@
gm
ail.com

Continue navegando