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6 - Vigilância Em Saúde

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Joy Ganem Longhi 
 
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CONCEITOS E PRÁTICAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
CONVERSA INICIAL 
O conceito de vigilância como um instrumento de saúde pública surgiu no 
final do século XIX, com o desenvolvimento da microbiologia e como 
conhecimento sobre a transmissão de doenças infecciosas (Arreaza; Moraes, 
2010) e está historicamente relacionado aos conceitos de saúde e doença 
vigentes em cada época e lugar, às práticas de atenção aos doentes e aos 
mecanismos adotados para impedir a disseminação de enfermidades. 
O termo vigilância foi utilizado pela primeira vez em abril de 1955, no 
Programa Nacional de Vigilância da Poliomielite do Center for Disease Control 
and Prevention (CDC), nos Estados Unidos. 
Em 1963, Langmuir define vigilância em saúde como: “Observação 
contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta 
sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, 
assim como de outros dados relevantes e a regular disseminação dessas 
informações a todos que necessitam conhecê-la” (Langmuir, 1963, tradução 
nossa). Verifica-se que, nessa definição, ainda não há citação das atividades de 
controle. 
TEMA 1 – A EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
A vigilância em saúde é um tema em constante discussão, atualização e 
evolução, um assunto muito estudado em todos os países e que, apesar de ser 
relativamente recente, teve um grande avanço em quase um século de debates, 
o qual se refletiu em políticas públicas de saúde cada vez mais complexas e 
amplas. 
Um dos principais fatores que contribuíram para a utilização desse 
instrumento de saúde pública, em todo o mundo, foi a campanha de erradicação 
da varíola, nos anos 1960 e 1970. Nos países em desenvolvimento, em especial, 
houve a ampliação do conceito de vigilância, que passou a abranger também as 
medidas de controle. 
Foi nesse contexto que, na 21ª Assembleia da Organização Mundial da 
Saúde (OMS) de 1968, a vigilância passou a ser configurada como uma função 
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essencial em saúde pública, sendo delineada de forma mais ampla. Raska (1966, 
tradução nossa) assim a definiu: 
O estudo epidemiológico de uma enfermidade, considerada como um 
processo dinâmico que abrange a ecologia dos agentes infecciosos, o 
hospedeiro, os reservatórios e vetores, assim como os complexos 
mecanismos que intervêm na propagação da infecção e a extensão com 
que essa disseminação ocorre. 
Na década de 1980, a vigilância passou a ser definida como a coleta, a 
análise e a interpretação dos dados referentes aos agravos específicos de saúde 
que afetam a população, estando integrada com a rápida disseminação das 
informações para todos os responsáveis pela prevenção e controle desses 
agravos (Thacker et al., 1996). 
Assim, a consolidação da vigilância, na segunda metade do século 
passado, representou um avanço significativo, uma vez que permitiu a sua 
incorporação nas atividades regulares dos serviços como um importante 
instrumento de saúde pública, sendo utilizado não só para doenças 
transmissíveis, como também para outros agravos à saúde, apresentando 
variações em sua abrangência em países com diferentes sistemas sociopolíticos 
e econômicos e com distintas estruturas de serviços de saúde (Waldman, 1998). 
A vigilância em saúde surge de questões sociais, por isso precisa ser 
construída com participação ativa dos trabalhadores de saúde e da própria 
população, na medida em que implica mudança na forma de pensar e agir. Como 
prática social, exige a participação e o comprometimento dos sujeitos 
interessados em refletir criticamente sobre suas propostas e práticas, de modo a 
reavaliarem suas ideias, noções e conceitos acerca da saúde, seja como estado 
de saúde individual ou coletivo, seja como prática, ações, serviços e sistemas de 
saúde (Silva, 2018). 
Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, a vigilância em saúde é 
responsável por ações de vigilância, prevenção e controle de doenças 
transmissíveis, pela vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de 
doenças transmissíveis, pela vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento 
de doenças crônicas não transmissíveis, pela saúde ambiental e do trabalhador e 
também pela análise da situação de saúde da população brasileira (Brasil, 2017). 
As ações de saúde devem ser guiadas pelas especificidades dos contextos, 
dos territórios, da vida cotidiana, em que se determinam práticas adequadas a 
essas singularidades. Assim, apesar de possuírem histórias de organização e 
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objetos diferentes, a vigilância epidemiológica, a vigilância sanitária, a vigilância 
ambiental em saúde e a vigilância em saúde do trabalhador produzem ações que 
devem estar cotidianamente inseridas e articuladas entre si (Silva, 2018). 
TEMA 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL 
As políticas públicas de proteção social surgem como forma de minimizar 
as distorções existentes na sociedade, assim como, também, em decorrência das 
reivindicações por melhores condições de trabalho feitas pelo movimento 
operário. Atualmente, além das demandas trabalhistas, as políticas públicas estão 
voltadas a educação, saúde, segurança, habitação, transporte, transferência de 
renda, segurança alimentar, entre outros setores. Entende-se por política pública 
o conjunto de ações realizadas pelo Estado e seus agentes, com a participação 
ou não da sociedade, visando garantir os direitos sociais previstos em lei (Sousa; 
Batista, 2012). 
Hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores programas de 
saúde pública do mundo e possui um dos maiores sistemas de atenção primária 
à saúde que é o Programa Saúde da Família (PSF), o qual propõe reorganizar a 
prática assistencial com base em ações preventivas e curativas. Além disso, o 
Brasil, com o SUS, possui o maior conjunto de procedimentos executados em 
hospitais pagos por um único financiador (Sousa; Batista, 2012). Além disso, o 
sistema público possui o maior número de estabelecimentos de saúde, é 
responsável pela maior parte dos procedimentos e pela cobertura de três quartos 
da população. Além disso, é no SUS que a população encontra cobertura para 
procedimentos de saúde coletiva, além do fornecimento de medicamentos na 
atenção ambulatorial (Menicucci, 2009). 
2.1 Histórico das políticas públicas em saúde que antecederam o SUS 
No início do século XX, a saúde foi marcada por campanhas sanitárias e 
reforma de órgãos federais. As campanhas contra a varíola, com a Lei da 
Vacinação Obrigatória (Brasil, 1904), contra a febre amarela e a peste bubônica 
marcaram suas primeiras décadas. 
O Código Sanitário de 1918 inicia campanhas de educação em saúde, 
voltadas para a questão do saneamento e controle de endemias; no entanto, 
essas ações são pontuais e fragmentadas (Sarreta, 2009). 
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Em 1921, houve um movimento pela mudança na organização sanitária 
que resultou na criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), o 
qual atuava nas áreas do saneamento urbano e rural da higiene industrial e dos 
serviços de higiene materno-infantil (Sousa; Batista, 2012). 
Em 1923, a Lei Eloy Chaves instituiu as Caixas de Aposentadorias e 
Pensões (CAP), as quais conferiram um estatuto legal às iniciativas já existentes 
de trabalhadores por fábricas, visando garantir a pensão em caso de algum 
acidente ou afastamento do trabalho por doença e também uma futura 
aposentadoria (Reis; Araújo; Cecílio, [201-]); a lei também concedia serviços 
médico-assistenciais e medicamentos aos seus “segurados” (Sousa;Batista, 
2012). 
A intervenção do Estado na saúde se iniciou efetivamente em 1930, quando 
foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública (Mesp) e organizada uma 
política nacional de saúde com base em dois eixos: da saúde pública e da 
medicina previdenciária, esta última ligada aos Institutos de Aposentadoria e 
Pensões (IAPs) e a suas categorias correspondentes. A saúde pública foi 
desenvolvida por meio de campanhas sanitárias coordenadas pelo Departamento 
Nacional de Saúde, criado em 1937. Nesse período, a assistência médica para a 
população empobrecida, que não dispunha de recursos como CAPs ou IAPs, era 
prestada pelo atendimento de caridade e filantrópico, mantido pela Igreja (Sarreta, 
2009). 
Na década de 1940, foram tomadas medidas de reestruturação e 
ampliação dos órgãos de saúde dos estados. As ações passaram a ser 
coordenadas e centralizadas pelo governo federal. Durante esse período, houve 
a criação do Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp), o qual, na década de 
1950, teria importante atuação no combate à malária, em pesquisas de doenças 
tropicais e na educação sanitária (Sousa; Batista, 2012; Sarreta, 2009). 
Em 1953, ocorreu a divisão da saúde e da educação, com a criação do 
Ministério da Saúde. Em 1965, houve a criação do Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS), resultante da unificação dos IAPs, que consolidou um 
componente assistencial (Reis; Araújo; Cecílio, [201-]). Nessa época, o sistema 
de saúde brasileiro passava por uma crise, por ser insuficiente, mal distribuído, 
descoordenado, inadequado, ineficiente e ineficaz. Para mudar essa realidade, foi 
organizado um movimento, formado pela sociedade, pesquisadores, estudantes 
e profissionais da saúde, que propôs a resolução desses problemas e a 
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democratização da saúde no país. Esse movimento foi chamado de Reforma 
Sanitária Brasileira e é a base para a proposta de criação do SUS (Sousa; Batista, 
2012). 
Em 1977, houve a criação do Sistema Nacional de Assistência e 
Previdência Social (Sinpas) e do Instituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social (Inamps): o Inamps estava inserido na estrutura do Sinpas e 
era o grande órgão governamental prestador de assistência médica (Reis; Araújo; 
Cecílio, [201-]). 
Em 1981, deu-se a criação do Conselho Consultivo de Administração de 
Saúde Previdenciária (Conasp), que propôs reorganizar a assistência médica, 
sugerir critérios para a alocação de recursos no sistema de saúde, estabelecer 
mecanismos de controle de custos e reavaliar o financiamento de assistência 
médico-hospitalar (Cordeiro, 1991). 
Em 1982, ocorreu a implantação do Programa de Ações Integradas de 
Saúde (Pais), programa que dava particular ênfase à atenção primária, sendo a 
rede ambulatorial a porta de entrada dos sistemas. Visava à integração das 
instituições públicas da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, em 
rede regionalizada e hierarquizada; propunha a criação de sistemas de referência 
e contrarreferência e a atribuição de prioridade para a rede pública de serviços de 
saúde, com complementação pela rede privada, após sua plena utilização. Previa, 
ainda, a descentralização da administração dos recursos; a simplificação dos 
mecanismos de pagamento dos serviços prestados por terceiros e seu efetivo 
controle; a racionalização do uso de procedimentos de custo elevado; e o 
estabelecimento de critérios racionais para todos os procedimentos. O Pais 
viabilizou a realização de convênios trilaterais entre o Ministério da Saúde, o 
Ministério da Previdência e Assistência Social e as Secretarias de Estado de 
Saúde, com o objetivo de racionalizar recursos utilizando capacidade pública 
ociosa (Reis; Araújo; Cecílio, [201-]). Em 1985, o Pais passou a Ações Integradas 
de Saúde (AIS). 
Em 1986, ocorreu um marco histórico para a saúde, a VIII Conferência 
Nacional de Saúde, a qual consagrou uma concepção ampliada de saúde e o 
princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado, princípios estes 
que seriam plenamente incorporados na Constituição de 1988 (Reis; Araújo; 
Cecílio, [201-]). 
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A criação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (Suds), 
em 1987, propunha como principais diretrizes: a universalização e a equidade nos 
acessos aos serviços de saúde; a integralidade nos cuidados assistenciais; a 
descentralização das ações de saúde e a implementação de distritos sanitários. 
Pela primeira vez, o governo federal começou a repassar recursos para os 
estados e municípios ampliarem suas redes de serviços (Reis; Araújo; Cecílio, 
[201-]). 
Em 1988, a Constituição Cidadã estabeleceu a saúde como “Direito de 
todos e dever do Estado” (Brasil, 1988). Já a criação do SUS se deu por meio da 
Lei n. 8.080/1990 – a Lei Orgânica da Saúde, que “Dispõe sobre as condições 
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes [...]” (Brasil, 1990). A partir desse 
período, várias iniciativas institucionais legais e comunitárias foram criando 
condições de viabilização do direito à saúde. 
Segundo a lei (Brasil, 1990), a saúde não é só ausência de doenças e é 
determinada por uma série de fatores presentes no dia a dia, tais como: 
alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, educação, 
lazer etc. (Cordeiro, 1996). Assim, são objetivos e atribuições do SUS: a 
assistência às pessoas, a vigilância epidemiológica, a vigilância sanitária, a saúde 
do trabalhador e a assistência farmacêutica. Entende-se por assistência às 
pessoas a atenção à saúde em tudo que envolve o ser humano, como ações de 
promoção, prevenção, tratamento e reabilitação (Sousa; Batista, 2012). 
Antes do SUS, a saúde era uma mistura de inúmeros componentes: 
medicina liberal, com médicos e dentistas em consultórios particulares; medicina 
previdenciária, com hospitais públicos e postos de assistência médica do INPS e, 
após 1977, do Inamps, delegacias regionais do trabalho, delegacias federais de 
saúde, programas especiais do Ministério da Saúde, centros e postos de saúde 
estaduais e municipais, além das vigilâncias epidemiológica e sanitária, entre 
outros órgãos. Paralelamente, havia estruturas ligadas à medicina de grupo, 
cooperativas médicas, de seguro-saúde, laboratórios, clínicas e hospitais 
privados, universitários, beneficentes e filantrópicos. A produção de vacinas e 
medicamentos era bastante restrita, concentrada em poucas empresas estatais e 
com dependência externa das multinacionais (Paim, 2009). 
O SUS ampliou o acesso da população aos serviços de saúde, tanto na 
atenção básica quanto na de maior complexidade; entretanto, a implementação 
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do SUS, como seria esperado em processos sociais complexos, desencadeou 
novos problemas financeiros, organizacionais e gerenciais que desafiam e 
retardam a concretização de algumas das premissas constitucionais do sistema e 
exigem reflexão e estratégias de enfrentamento por parte dos gestores e de todos 
que entendem a saúde como condição imprescindível da cidadania (Barata; 
Tanaka; Mendes, 2003). 
TEMA 3 – O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
A estratégia da vigilância à saúde apoia-se na chamada teoria da 
determinação social do processo saúde-doença, segundo a qual o processo 
saúde-doença manifesta-se em indicadores sociais e nos modos específicos de 
adoecer e morrer (perfis epidemiológicos) dos diferentes grupos sociais. O 
processo saúde-doença articula-se às condições materiais de existência, de tal 
modo que os eventos biológicos, por si só, não são capazes de explicá-lo. A 
história social condiciona os modos de adoecer e morrer dos grupos sociais, pois 
o biológico e o social são momentosde um mesmo processo (Laurell, 1983). 
Criado em 7 de abril de 1948, desde então o Dia Mundial da Saúde, a OMS 
desenvolveu o seguinte conceito de saúde: 
Saúde: estado completo de bem-estar físico, mental e social e não 
simplesmente ausência de doença ou enfermidade. É um direito 
fundamental e que a consecução do mais alto nível de saúde é a mais 
importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos 
outros setores sociais e econômicos, além do setor de saúde. 
No Brasil, em 1986, foi desenvolvida a VII Conferência Nacional de Saúde, 
na qual foi adotado o seguinte conceito sobre saúde: 
em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de 
alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, 
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços 
de saúde. É assim, antes de tudo, os resultados das formas de 
organização social da produção, as quais podem gerar grandes 
desigualdades nos níveis de vida. (Brasil, 1986) 
A doença não pode ser compreendida apenas por medições 
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado de doença é o sofrimento, a dor, 
o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que 
adoece (Brêtas; Gamba, 2006). 
Em 1978, a Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em 
Saúde, produto da I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários à Saúde, 
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realizada em Alma-Ata, na Rússia, incorporou ao processo saúde-doença as 
dimensões sociais, políticas, ambientais, culturais e econômicas como 
indispensáveis às ações e aos serviços de saúde (Brasil, 2002). 
Não existe um limite preciso entre a saúde e a doença, mas uma relação 
de reciprocidade entre ambas, entre a normalidade e a patologia, na qual os 
mesmos fatores que permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, 
habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais) podem causar 
doenças. Essa relação é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos 
determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete à 
reflexão de que, no processo saúde-doença, o adoecimento ocorre de maneira 
desigual entre os indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta 
da posição que os seres ocupam na sociedade (Brêtas; Gamba, 2006). 
O processo saúde-doença é um dos pontos centrais para profissionais da 
saúde que buscam promover a saúde, cuidando para que as pessoas possam ter, 
tanto quanto possível, uma boa qualidade de vida, mesmo quando limitações se 
estabelecem (Vianna, 2012). 
3.1 Prevenção 
Diariamente, levamos em conta nossos riscos. Protegermo-nos da morte, 
da doença, da tempestade, do frio, das decepções, dos maus êxitos nos negócios 
não é uma concepção recente. 
A base do conceito de medicina preventiva foi sistematizada no livro sobre 
o mesmo assunto publicado por Leavell e Clark (1958). A prevenção apresenta-
se em três fases: 
1. Prevenção primária: realizada no período pré-patogênese. O conceito de 
promoção à saúde aparece como um dos níveis de promoção primária, 
definido como “[...] medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima” 
(Leavell; Clark, 1958, tradução nossa). E um segundo nível de prevenção 
primária seria a prevenção específica: contra agentes patológicos ou pelo 
estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente. 
2. Prevenção secundária: também apresenta dois níveis: o primeiro, com 
diagnóstico e tratamento precoce e o segundo, à limitação por invalidez. 
3. Prevenção terciária: são as ações de reabilitação. 
 
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TEMA 4 – RISCO 
Atualmente, a definição para risco traduz tanto a probabilidade de 
ocorrência de um evento danoso, quanto se constitui em um termo não técnico, 
que inclui diversas medidas de probabilidade quanto a desfechos desfavoráveis 
(Guilam; Castiel, 2006). Risco é um conceito que se refere à 
possibilidade/probabilidade de ocorrência de eventos que tenham consequências 
negativas à saúde, ou seja, que possam causar algum tipo de agravo ou dano à 
saúde de um indivíduo, de um grupo populacional ou ao ambiente (Seta; Reis; 
Pepe, 2011). Seta, Reis e Pepe (2011) afirmam que os riscos não significam a 
certeza de que um efeito indesejado ocorrerá, mas sim a sua possibilidade de que 
aconteça. 
O significado de risco é essencial, pois é a possibilidade da ocorrência de 
uma situação que interfira negativamente no processo saúde-doença, gerando 
agravos ou danos à saúde, que devem ser minimizados. A operacionalização do 
risco é que faz com que a vigilância em saúde seja um importante componente da 
saúde coletiva (Seta; Reis; Pepe, 2011). 
A capacidade das vigilâncias é condicionada ao conceito de risco com o 
qual cada uma trabalha; à competência do serviço e da instituição que o oferece; 
à sua articulação com as demais ações e instâncias do sistema de saúde e 
também fora dele (Seta; Reis; Pepe, 2011). 
A vigilância em saúde não se resume em produzir informações. Sua 
principal função é intervir nos fatores que motivam problemas de enfrentamento 
contínuo e todo processo de vigilância lida com riscos ou fatores determinantes e 
condicionantes de doenças e agravos (Seta; Reis; Pepe, 2011). Fatores de risco 
são “[...] características ou circunstâncias cuja presença está associada a um 
aumento da probabilidade de que o dano venha a ocorrer, sem prejulgar se o fator 
em questão é ou não uma das causas do dano [...]” (Lieber; Romano, 1997). 
Pode-se dizer que a probabilidade de ocorrência de um agravo/dano está 
ligada à presença ou ausência de um conjunto de medidas preventivas que 
busquem as melhores condições para que ele seja evitado. Esse fator pode ser 
definido como “regulação do risco” (Seta; Reis; Pepe, 2011). 
 
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TEMA 5 – POLÍTICA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE (PNVS) 
Em 12 de julho de 2018, foi instituída a Política Nacional de Vigilância em 
Saúde (PNVS), por meio da Resolução n. 588/2018 do Conselho Nacional de 
Saúde (CNS). Trata-se de documento inédito, norteador do planejamento das 
ações de vigilância em saúde nas três esferas de gestão do SUS, caracterizado 
pela definição das responsabilidades, princípios, diretrizes e estratégias dessa 
vigilância. A PNVS é definida como uma política pública de Estado e função 
essencial do SUS, de caráter universal, transversal e orientadora do modelo de 
atenção à saúde nos territórios (Brasil, 2018). 
A PNVS incide sobre todos os níveis de atenção à saúde, abrange todos 
os serviços de saúde, públicos e privados. Alinhada ao conjunto de políticas de 
saúde do SUS, a PNVS salienta a necessidade da articulação dos saberes, 
processos e práticas relativos à vigilância epidemiológica, vigilância em saúde 
ambiental, vigilância em saúde do trabalhador e vigilância sanitária, haja vista a 
transversalidade das ações da vigilância sobre o processo saúde-doença (Brasil, 
2018). Assim, esse documento propõe que as diversas áreas da vigilância em 
saúde estejam articuladas entre si, para orientar o modelo de atenção a ser 
implementado em todos os serviços de saúde e, na prática, visa priorizar a 
atenção a pessoas e grupos em situação de maior risco e vulnerabilidade, a fim 
de buscar equidade de atendimento pela superação de desigualdades sociais e 
de saúde. 
Na PNVS, a vigilância em saúde é entendida como processo contínuo e 
sistemático de coleta, consolidação, análise de dados e disseminação de 
informações sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento e à 
implementação de medidas de saúde pública, incluindo regulação, intervenção e 
atuação em condicionantes e determinantes da saúde, para a proteção e 
promoção da saúde da população, prevenção e controle de riscos, agravos e 
doenças (Brasil,2018). 
A PNVS apresenta, como responsabilidades partilhadas entre União, 
estados, Distrito Federal e municípios: assegurar a oferta de ações e de serviços 
de vigilância em saúde, estabelecer e garantir a articulação entre os setores 
responsáveis pelas políticas públicas do setor, desenvolver estratégias para 
identificar e controlar situações que resultem em risco de agravos à saúde, entre 
outras. O financiamento das ações da vigilância em saúde deve ser garantido de 
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forma tripartite; então, fica determinado que esse financiamento seja específico, 
permanente, crescente e suficiente para assegurar os recursos e tecnologias 
necessários ao cumprimento do papel institucional das três esferas de gestão do 
SUS, ademais de contribuir para o aperfeiçoamento e a melhoria da qualidade de 
suas ações (Brasil, 2018). 
Portanto, o consenso define que as ações de vigilância devem ser 
exercidas sobre toda a vida cotidiana da população, abrangendo: 
a. Vigilância e análise da situação de saúde da população; 
b. Resposta às emergências de saúde pública; 
c. Vigilância, promoção, prevenção e controle das doenças transmissíveis; 
d. Vigilância das doenças e agravos não transmissíveis, incluindo o câncer; 
e. Vigilância ambiental em saúde; 
f. Vigilância da saúde do trabalhador; 
g. Vigilância sanitária dos riscos decorrentes da produção e do uso de 
produtos, serviços e tecnologias de interesse da saúde; 
h. Vigilância laboratorial. 
Leitura complementar: 
Leia a Resolução n. 588, de 12 de julho de 2018, disponível em: 
<http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2018/Reso588.pdf> (Brasil, 2018). 
 
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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Joy Ganem Longhi 
 
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INTRODUÇÃO 
Nas últimas décadas, a implementação de ações de vigilância 
epidemiológica (VE) esteve em consonância com as primeiras definições 
conceituais estabelecidas com base nas reflexões teóricas de Langmuir e Raska, 
esboçadas na década de 1960. Em 1963, Langmuir definiu a VE como 
“observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças 
mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de 
morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes e a regular 
disseminação dessas informações a todosque necessitam conhecê-las”. Em 
1966, Raska publicou um artigo no qual define vigilância como “o estudo 
epidemiológico de uma enfermidade, considerada como um processo dinâmico 
que abrange a ecologia dos agentes infecciosos, o hospedeiro, os reservatórios e 
vetores, assim como os complexos mecanismos que intervém na propagação da 
infecção e a extensão com que essa disseminação ocorre”. 
Atualmente, após cinco décadas das referidas definições, é inquestionável 
o papel da VE como um componente da monitorização do estado de saúde da 
população, na formulação, desenvolvimento e implementação de políticas de 
saúde pública e na promoção de ambientes seguros e saudáveis. 
Em face das mudanças nos padrões epidemiológicos de vários agravos, o 
surgimento de novos agentes patogênicos, os efeitos da globalização da 
economia e seu desdobramento nas relações humanas, assim como o impacto 
da ação dos seres humanos sobre o meio-ambiente, faz-se necessária a revisão 
e ampliação de suas estratégias e práticas (Hammann; Laguardia; 2000). 
TEMA 1 – HISTÓRICO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E SUA 
IMPORTÂNCIA 
As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de 
doenças, desenvolvidas sob bases científicas modernas, datam do início do 
século XX e foram orientadas pelo avanço da era bacteriológica e pela descoberta 
dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias. Essas 
intervenções consistiram na organização de grandes campanhas sanitárias e 
visavam controlar doenças que comprometiam a atividade econômica como febre 
amarela, peste e varíola (Brasil, 2009). 
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A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle 
das doenças transmissíveis na década de 1950 para designar uma série de 
atividades subsequentes à etapa de ataque da Campanha de Erradicação da 
Malária. Visava à vigilância de pessoas, com base em medidas de isolamento ou 
de quarentena, aplicadas individualmente, e não de forma coletiva (Brasil, 2009). 
No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola – CEV (1966-1973) é 
reconhecida como marco da institucionalização das ações de vigilância no país. 
O modelo da CEV inspirou a Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), 
a organizar, em 1969, um sistema de notificação semanal de doenças 
selecionadas e disseminar informações pertinentes em um boletim epidemiológico 
de circulação quinzenal (Brasil, 2009). 
Em 1968, a vigilância epidemiológica foi tema central da 21ª Assembleia 
Mundial de Saúde, ficando estabelecida a abrangência do conceito, que permitia 
a aplicação a diversos problemas de saúde pública, além das doenças 
transmissíveis, como: as malformações congênitas, envenenamento na infância, 
leucemia, aborto, acidentes, doenças profissionais, comportamentos de fatores de 
risco, riscos ambientais, utilização de aditivos, entre outros (Brasil, 2009). 
Em 1975, o Ministério da Saúde instituiu, por recomendação da 5ª 
Conferência Nacional de Saúde, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica 
(SNVE), por meio da Lei n. 6.259/1975 e do Decreto n. 78.231/1976, tornando 
obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas. Em 1977, o 
Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual da Vigilância Epidemiológica, 
“reunindo e compatibilizando as normas técnicas que eram, então, utilizadas para 
a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de controle específicos” 
(Brasil, 2009). 
A partir da década de 1980, com objetivo de superar as dificuldades 
encontradas para o bom desempenho da VE, algumas iniciativas foram tomadas 
como elaboração e/ou revisão de normas técnicas, treinamentos e supervisões, 
entre outras. Em 1983, foi estruturado um programa de treinamento em VE, com 
base em materiais institucionais desenvolvidos pela Secretaria de Recursos 
Humanos do Ministério da Saúde (Carvalho; Marzocchi, 1992). 
1.1 Definições, propósitos e funções 
O Sistema Único de Saúde (SUS) definiu, na Lei n. 8.080/1990, a vigilância 
epidemiológica como “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a 
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detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e 
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (Brasil, 
2009). 
A vigilância epidemiológica tem como propósito oferecer orientação técnica 
permanente para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir 
sobre a execução das ações de controle de doenças e agravos, tornando 
disponíveis informações atualizadas sobre essas doenças e agravos, vem como 
dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida 
(Brasil, 2009). 
São funções da vigilância epidemiológica: 
 Coleta de dados; 
 Processamento dos dados coletados; 
 Análise e interpretação dos dados processados; 
 Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; 
 Promoção das ações de prevenção e controle indicadas; 
 Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
 Divulgação de informações pertinentes. (Brasil, 2009) 
Portanto, as funções da VE estão pautadas na tríade informação-decisão-
ação. Assim, a atuação deve ultrapassar o enfoque da doença, procurando 
identificar os fatores que determinam o processo saúde-doença e, assim, 
desenvolver práticas voltadas para a promoção à saúde (Santos; Melo, 2008). 
Os serviços de saúde em um município devem ser organizados de modo a 
cumprir, simultaneamente, o atendimento de demandas das pessoas com base 
em suas necessidades e o enfrentamento, de forma programada, dos problemas 
de saúde prioritários, levando em consideração um diagnóstico epidemiológico 
(Villa et al., 2002). 
A regionalização do sistema de saúde pressupõe o conhecimento, por parte 
da equipe de saúde local, do perfil demográfico, social, econômico e 
epidemiológico da área na qual está operando (Santos et al., 1990). No nível local, 
as atividades incluem diagnóstico e tratamento, notificação de casos e resultados 
de exames, ações de controle das doenças, principalmente as de notificação 
compulsória, orientação à comunidade e educação em saúde (Rodrigues; Fracolli; 
Oliveira, 2001). 
 
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TEMA 2 – COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES 
O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da 
disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de 
informação para a ação. A qualidade da informação depende, sobretudo, da 
adequada coleta de dados gerados no local onde ocorre o evento sanitário (Brasil, 
2005). 
A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de 
saúde. A força e o valor da informação dependem da precisão com que o dado é 
gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta devem ser preparados para aferir a 
qualidade do dado obtido (Brasil, 2005). 
O Ministério da Saúde (Brasil, 2005) define as seguintes fontes para coleta 
de dados: 
 Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos: Os dados 
demográficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas à 
definição de denominadores para o cálculo de taxas. Dados sobre o 
número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser discriminados 
segundo características de sua distribuição por sexo, idade, situação do 
domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, etc. A 
disponibilidade de indicadores demográficos e socioeconômicos é 
primordial para a caracterização da dinâmica populacional e das condições 
gerais de vida, às quais se vinculam os fatores condicionantes da doença 
ou agravo sob vigilância. Dados sobre aspectos climáticos e ecológicos 
também podem ser necessários para a compreensão do fenômeno 
analisado. 
 Dadosde morbidade: São os dados mais utilizados em vigilância 
epidemiológica, pois permitem a detecção imediata ou precoce de 
problemas sanitários. Correspondem à distribuição de casos segundo a 
condição de portadores de infecções ou patologias específicas, como 
também de sequelas. Trata-se, em geral, de dados oriundos da notificação 
de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, 
de investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos 
amostrais e de inquéritos, entre outras formas. 
 Dados de mortalidade: São fundamentais como indicadores da gravidade 
do fenômeno vigiado, sendo ainda, no caso particular de doenças de maior 
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letalidade, mais válidos do que os dados de morbidade, por se referirem a 
fatos vitais bem marcantes e razoavelmente registrados. Sua obtenção 
provém de declarações de óbitos, padronizadas e processadas 
nacionalmente. 
 Notificação de surtos e epidemias: A detecção precoce de surtos e 
epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local está 
bem estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de 
saúde e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à 
notificação. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício de 
elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras 
doenças não incidentes no local e, consequentemente, o diagnóstico de 
uma situação epidêmica inicial para a adoção imediata das medidas de 
controle. Em geral, esses fatos devem ser notificados aos níveis superiores 
do sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar 
colaboração, quando necessária. 
 Fontes de dados: A informação para a vigilância epidemiológica destina-se 
à tomada de decisões. Este princípio deve reger as relações entre os 
responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utilizadas 
para o fornecimento de dados. Dentre essas, a principal é a notificação. 
 Outras bases de dados dos sistemas nacionais de informação: O registro 
rotineiro de dados sobre saúde, derivados da produção de serviços ou de 
sistemas de informação específicos, constitui valiosa fonte de informação 
sobre a ocorrência de doenças e agravos sob vigilância epidemiológica. 
Com a progressiva implementação de recursos informacionais no setor 
saúde, esses dados tendem a tornar-se cada vez mais acessíveis por 
meios eletrônicos, sendo de primordial importância para os agentes 
responsáveis pelas ações de vigilância, em todos os níveis. Seu uso para 
a vigilância epidemiológica deve ser estimulado, objetivando aprimorar a 
qualidade do registro e compatibilizar as informações oriundas de 
diferentes fontes: 
 Laboratórios: Os resultados laboratoriais vinculados à rotina da 
vigilância epidemiológica complementam o diagnóstico de 
confirmação de casos e, muitas vezes, servem como fonte de 
conhecimento de casos que não foram notificados. Também devem 
ser incorporados os dados decorrentes de estudos epidemiológicos 
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especiais, realizados pelos laboratórios de saúde pública em apoio 
às ações de vigilância. Entretanto, o uso do laboratório como fonte 
de detecção de casos tem sido restrito a algumas doenças, em 
situações especiais. Há necessidade de se organizar um sistema 
integrado de resultados das análises realizadas para diagnóstico 
das doenças sob vigilância, abrangendo, inicialmente, a rede de 
laboratórios centrais de saúde pública nos estados (Lacens) e 
também a rede de hemocentros, onde é realizada a triagem 
sorológica de doadores de sangue. 
 Investigação epidemiológica: Os achados de investigações 
epidemiológicas de casos e de surtos complementam as 
informações da notificação no que se refere a fontes de infecção e 
mecanismos de transmissão, dentre outras variáveis. Também 
podem possibilitar a descoberta de novos casos não notificados. 
 Imprensa e população: Muitas vezes, informações oriundas da 
imprensa e da própria comunidade são fontes importantes de dados, 
devendo ser sempre consideradas para a realização da investigação 
pertinente. Podem ser o primeiro alerta sobre a ocorrência de uma 
epidemia ou agravo inusitado, principalmente quando a vigilância 
em determinada área é insuficientemente ativa. 
TEMA 3 – NOTIFICAÇÃO 
Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou 
agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer 
cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes (Brasil, 
2009). 
Saiba mais: 
A listagem das doenças de notificação nacional é estabelecida pelo 
Ministério da Saúde: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0004_03_10_2017.html>
. (Anexo 1 do Anexo V) 
A escolha dessas doenças obedece a alguns critérios, razão pela qual essa 
lista é periodicamente revisada, tanto em função da situação epidemiológica da 
doença, como pela emergência de novos agentes, por alteração no Sistema 
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Sanitário Internacional, e também devido a acordos multilaterais entre países 
(Brasil, 2009). 
A notificação compulsória consiste na comunicação da ocorrência de casos 
individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados, da lista de 
agravos relacionados na Portaria do Ministério da Saúde n. 104, de 25 de janeiro 
de 2011, que deve ser feita às autoridades sanitárias por profissionais de saúde 
ou qualquer cidadão, visando à adoção de medidas de controle pertinentes. Além 
disso, alguns eventos ambientais e doenças ou mortes de determinados animais 
também se tornam de notificação obrigatória (MPEC, 2015). 
Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica, publicado pelo Ministério da 
Saúde em 2005, os parâmetros para a inclusão de doenças e agravos na lista de 
notificação compulsória devem seguir os critérios a seguir: 
1. Magnitude: aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam 
grandes contingentes populacionais e se traduzem por alta taxa de 
incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos. 
2. Potencial ou disseminação: representado pelo elevado poder de 
transmissão da doença, colocando sob risco a saúde coletiva. 
3. Transcendência: características que conferem relevância à doença ou 
agravo, como: severidade; taxas de letalidade, hospitalização e 
sequelas; relevância social, a qual se manifesta pela sensação de 
medo, repulsa ou indignação; relevância econômica, entre outros. 
4. Vulnerabilidade 
5. Compromissos internacionais: relativo ao cumprimento de metas 
continentais ou mundiais de controle, de eliminação ou erradicação de 
doenças, previstas em acordos firmados pelo governo brasileiro com 
organismos internacionais. 
6. Ocorrências de emergências de saúde pública, endemias e surtos. 
(Brasil, 2005). 
Os aspectos a serem considerados em uma notificação são: 
 Notificar a suspeita da doença ou evento: “Não se deve aguardar a 
confirmação do caso [...], pois isso pode significar a perda da oportunidade 
de intervir eficazmente” (Brasil, 2005, p. 22). 
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 “A notificação tem que ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do 
âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-
se o direito de anonimato dos cidadãos” (Brasil, 2005, p. 22). 
 “O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo 
na ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação 
negativa” (Brasil, 2005, p. 22). 
A VE das doenças de notificação compulsória tem como principal fonte de 
informação os serviços de saúde, sobretudo ambulatorial, por meio do 
preenchimento das fichas de notificação e investigação do Sistema de 
Informaçõesde Agravos de Notificação (Sinan) (Lessa et al., 2000). Desenvolvido 
no início da década de 1990, o Sistema tem como objetivos o processamento e a 
coleta de dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional. 
Fornece informações para a análise do perfil da morbidade, contribuindo, dessa 
forma, para a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal 
(Laguardia et al., 2004). 
Relatos de problemas para o bom desempenho da vigilância 
epidemiológica vêm se repetindo ao longo de décadas. A subnotificação, a falta 
de recursos humanos capacitados e as dificuldades na integração entre diversas 
atividades do controle de doenças são constatações presentes em vários 
documentos oficiais (Carvalho; Marzocchi, 1992). Além disso, o sub-registro de 
casos é decorrente de vários fatores, entre os quais se destacam: subnotificação, 
anteriormente citada; atrasos nas digitações dos dados; problemas no 
processamento e transferências das informações; e ausência de uma 
retroalimentação adequada à fonte notificadora, gerando desestímulo e 
descontinuidade do processo (Duarte; França, 2006). 
TEMA 4 – DEFINIÇÕES RELEVANTES 
4.1 Endemia 
Conforme define Duarte (2004, p. 7), endemia “é a ocorrência de 
determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços 
característicos e específicos no decorrer de um longo período (temporalmente 
ilimitada), que mantém uma incidência relativamente constante, permitindo 
variações cíclicas e sazonais”. As principais doenças endêmicas no Brasil são: 
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malária, leishmaniose, esquistossomose, febre amarela, dengue, tracoma, 
Doença de Chagas, hanseníase, tuberculose, cólera e a gripe A. 
4.2 Epidemia 
Segundo a definição de Duarte (2004, p. 7), epidemia “é a ocorrência, em 
uma região ou comunidade, de casos de natureza semelhante, claramente 
excessiva em relação ao esperado”. 
4.3 Epidemiologia 
Epidemiologia pode ser conceituada como “a ciência que estuda a 
distribuição e os determinantes dos problemas de saúde (fenômenos e processos 
associados) em populações humanas” (Almeida; Rouquayrol, citados por Duarte, 
2004, p. 7). Seus objetos dizem respeito às “relações de ocorrência saúde-doença 
em massa (em sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos 
específicos etc.). As relações são referidas e analisadas mediante os conceitos 
de risco” (Duarte, 2004, p. 7). 
A epidemiologia descritiva analisa como se comportam as doenças em 
determinada comunidade; em outras palavras, em que circunstâncias acontecem, 
conforme as características relacionadas a pessoa, local ou espaço físico e tempo 
(Duarte, 2004). Segundo a autora, desse modo ela fornece “elementos 
importantes para se decidir que medidas de prevenção e controle estão mais 
indicadas para o problema em questão e também avaliar se as estratégias 
adotadas causaram impacto, diminuindo e controlando a ocorrência da doença 
em estudo” (Duarte, 2004, p. 7). 
4.4 Pandemia 
Conforme explica Duarte (2004, p. 12), pandemia se caracteriza “por uma 
epidemia com larga distribuição geográfica, atingindo mais de um país ou 
continente”. 
4.5 Surto 
Quando acontecem dois ou mais casos relacionados epidemiologicamente, 
estamos falando de surto (Duarte, 2004). A autora comenta que se trata da 
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ocorrência de uma doença ou fenômeno que se restringe a um espaço bastante 
delimitado como escola, festa, quarteirão, favela, bairro (Duarte, 2004). 
4.6 Conglomerado 
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2010, p. 14), 
conglomerado diz respeito a 
um agrupamento de casos de um evento relativamente pouco comum 
em um espaço ou um tempo definidos em uma quantidade que se 
acredita ou se supõe ser maior a que caberia esperar aleatoriamente. 
Teoricamente, um conglomerado pode ser a expressão inicial de um 
surto e, portanto, sua identificação, após a respectiva confirmação dos 
casos, seria a maneira mais precoce de identificar um surto. Na prática, 
a busca de conglomerados, usualmente a partir de rumores locais, pode 
ser uma forma de vigiar a ocorrência de possíveis surtos subsequentes 
na população. 
De acordo com a Opas (2010), o conceito de conglomerado tem um ponto 
em comum com os de surto e epidemia: descreve uma modificação no 
comportamento de uma doença na população. Dito de outro modo, os três “são 
gerados por comparação entre o observado e o esperado: a incidência observada 
de uma doença é maior do que a incidência esperada dessa doença em um lugar 
e tempo específicos” (Opas, 2010, p. 15). 
TEMA 5 – IMUNIZAÇÕES 
As vacinas foram desenvolvidas para ser uma das mais bem-sucedidas e 
rentáveis medidas de saúde pública, no intuito de prevenir doenças e salvar vidas. 
Desde a última metade do século XX, doenças que antes eram muito comuns 
tornaram-se raras no mundo desenvolvido, devido principalmente à imunização 
generalizada (Brasil, 2014). 
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973, e por ele o 
país alcançou o êxito nas erradicações das doenças. Esse programa é referência 
mundial servindo como exemplo para outros países (Gohn, 2003). 
No Brasil, os mais de 200 milhões de cidadãos convivem em um cenário 
de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos por doenças imunopreveníveis. 
O país tem investido recursos vultosos na universalidade de atendimento e 
descentralização de ações, na aquisição de imunobiológicos com qualidade 
comprovada, na adequação de sua cadeia de frio, na vigilância de eventos 
adversos pós-vacinação, no sistema de informação e em capacitação e 
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atualização técnica dos profissionais. As campanhas nacionais de vacinação, 
voltadas para as diferentes faixas etárias, proporcionam o crescimento da 
conscientização social a respeito da cultura em saúde (Brasil, 2014). 
 A vacinação de rotina deve ser realizada conforme as normas do PNI, 
obedecendo ao calendário de vacinação estabelecido pelo Ministério da Saúde. 
Entre as diversas estratégias de vacinação utilizadas, pode-se destacar: 
 vacinação de rotina – consiste na vacinação sistemática, visando ao 
controle de doenças imunopreveníveis, mediante amplas coberturas 
vacinais, para que a população possa ser munida da proteção imunitária 
contra as doenças abrangidas pelo programa (Brasil, 2001); 
 monitoramento rápido de cobertura vacinal (MRC) – caracteriza-se por 
avaliar a situação vacinal em curto espaço de tempo, com base na 
informação do comprovante de vacinação do residente em determinada 
área geográfica, por meio de visita casa a casa. O objetivo é resgatar não 
vacinados, reduzindo prováveis suscetíveis (Teixeira; Domingues, 2013); 
 bloqueio vacinal – atividade prevista pelo sistema de vigilância 
epidemiológica, em conjunto com a equipe de imunizações, executada 
quando ocorre um ou mais casos suspeitos da doença; realizada no prazo 
máximo de até 72 horas após a notificação do caso, com intuito de 
interromper a cadeia de transmissão e, consequentemente, eliminar os 
suscetíveis no menor tempo possível (Teixeira; Domingues, 2013); 
 intensificação da vacinação – consiste na ação de vacinar com o propósito 
de atingir as pessoas em qualquer faixa etária que não foram vacinadas ou 
não completaram o esquema vacinal (Brasil, 2001). 
A segurança das vacinas é considerada uma preocupação mundial, e a 
vacinação segura é fator determinante para o sucesso ou o fracasso dos 
programas de imunizações, uma vez que devem garantir a segurança das ações 
de vacinação e estar preparados para atender a qualquer motivo de preocupação 
do público. Caso um número elevado de eventos adversos pós-vacinação 
(EAPVs) aconteça, uma crise na saúde pública pode ser desencadeada, e o 
manejo inadequado pode causarum descrédito no PNI (Brasil, 2014). 
 
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5.1 Farmacovigilância de vacinas 
Processo realizado em parceria entre a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa) e o PNI, monitora a ocorrência de eventos adversos associados 
ao uso das vacinas registradas em território brasileiro para detecção, avaliação, 
compreensão, prevenção e comunicação. O objetivo é aprimorar o conhecimento 
da relação benefício/risco desses produtos e minimizar os efeitos nocivos à 
população (Anvisa, 2019). 
5.2 Farmacoepidemiologia 
O Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-
Vacinação, divulgado pelo Ministério da Saúde, define farmacoepidemiologia 
como “uma disciplina ponte entre a farmacologia clínica, a terapêutica, a 
epidemiologia e a estatística, [cujo objetivo] é caracterizar, controlar e predizer os 
usos e efeitos dos tratamentos farmacológicos” (Brasil, 2014, p. 15). 
De acordo com o Manual, essa área de estudo analisa os medicamentos 
sob três abordagens: 
 Farmacovigilância, que providencia a informação sobre os 
efeitos/ano esperados e adversos do medicamento; 
 Estudo de utilização de medicamentos, desenvolve uma metodologia 
própria para conhecer como os profissionais e a sociedade em geral 
utilizam os medicamentos; e 
 Farmacoeconomia, que se ocupa com o impacto econômico e os 
benefícios à saúde produzidos pelos fármacos. (Brasil, 2014, p. 15) 
 
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1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content
&_101_assetEntryId=584461&_101_type=content&_101_groupId=33868&_101_
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2019. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília: 
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Vacinação. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde / Secretaria de Vigilância em 
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LAGUARDIA, J. et al. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN): 
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VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Joy Ganem Longhi 
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INTRODUÇÃO 
A Vigilância Sanitária (VISA) conforma um campo singular de articulações 
complexas entre o domínio econômico, o jurídico-político e o médico-sanitário. 
Engloba atividades de natureza multiprofissional e interinstitucional que 
demandam conhecimentos de diversas áreas do saber que se complementam de 
forma articulada. Constitutiva das práticas em saúde, o escopo de sua ação está 
situado no âmbito da prevenção e do controle de riscos, proteção e promoção da 
saúde (Costa, 2009). Ela possui um campo de convergência de várias disciplinas 
e áreas do conhecimento humano, tais como química, farmacologia, 
epidemiologia, engenharia civil, sociologia, política, direito, economia política, 
administração pública, planejamento e gerência, biossegurança e bioética 
(Rozenfeld, 2000). 
Como um serviço de saúde, a VISA desenvolve um conjunto de ações 
estratégico no sistema de saúde, com a função de regular, sob o ângulo sanitário, 
as atividades relacionadas à produção / ao consumo de bens e serviços de 
interesse da saúde, seus processos e ambientes, seja da esfera privada, seja do 
âmbito público (Costa, 2009). 
A adoção do conceito de vigilância sanitária procura simbolizar um enfoque 
ampliado, pautado na indução de uma organização de práticas que pretendem se 
configurar de forma mais sistêmica por meio da incorporação de contribuições da 
epidemiologia, da geografia, do planejamento urbano, da epidemiologia e das 
ciências sociais em saúde, produzindo e utilizando de forma compartilhada a 
informação e a comunicação, a fimde melhor instrumentalizar a intervenção 
(Silva, 2008). 
TEMA 1 – HISTÓRICO DA VISA 
Desde o nascimento das cidades, na Idade Antiga, que temos registros das 
preocupações com a vigilância sanitária. A humanidade não conhecia ainda os 
processos de contaminação que espalhavam a peste, a cólera, a varíola, a febre 
tifoide e outras doenças que marcaram a história; mas, mesmo não conhecendo 
todo o processo de transmissão de doenças, era sabido que a água poderia ser 
uma via de contaminação e que os alimentos de igual maneira poderiam ser meios 
de propagação de doenças. Com as populações aglomerando-se em cidades, 
esses problemas foram crescendo e se tornando mais complexos (Anvisa, 2002). 
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Interessante notar que o cuidado com a vigilância implicou a atividade 
profissional de especialistas voltados para o estudo da água, dos alimentos que 
eram consumidos e para a remoção do lixo produzido por cidades cada vez mais 
populosas, com diferentes condições econômicas. Assim, na Europa, por volta 
dos séculos 17 e 18, teve início a Vigilância Sanitária (Anvisa, 2002). A 
implantação de ações voltadas para a vigilância sanitária surgiu no Brasil com a 
chegada da Corte portuguesa, em 1808, e tinha a finalidade de efetuar o controle 
sanitário dos produtos a serem comercializados e consumidos, além dos 
estabelecimentos comerciais; de combater a propagação de doenças, 
principalmente as epidêmicas; de resolver as questões de saneamento e de 
fiscalizar o exercício profissional na área da saúde (De Seta, 2007). 
Em 1889, foi regularizado o serviço de polícia sanitária nas administrações 
regionais mediante a adoção de preceitos para impedir o desenvolvimento de 
epidemias, mas foi em 1914 que se regulamentou a diretoria geral de saúde 
pública, com ênfase nas ações de vigilância e polícia sanitária nos portos, nos 
domicílios e nos lugares públicos (Lucchese, 2001). 
A expressão “vigilância sanitária” aparece pela primeira vez em 1920, 
incorporada ao Regulamento Sanitário Federal, decreto que estabelecia as 
competências do Departamento Nacional de Saúde Pública. Significava, então, 
as atividades de controle sanitário de pessoas doentes ou suspeitas de moléstias 
transmissíveis, de estabelecimentos ou locais (Magalhães; Freitas, 2001). 
Em 1976 foi criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), A 
lei de sua criação determinava as seguintes finalidades: promover ou elaborar, 
controlar a aplicação e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse 
sanitário, relativos a portos, aeroportos, fronteiras, produtos médico-
farmacêuticos, bebidas e alimentos e outros produtos ou bens (Brasil, 1999). 
Com a Lei Orgânica de Saúde, a partir de 1990, definiram-se novos 
conceitos para as áreas de vigilância sanitária e vigilância epidemiológica e novas 
atribuições relativas à vigilância sobre o meio ambiente (Magalhães; Freitas, 
2001). 
A Vigilância Sanitária foi definida como: 
[…] um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos 
à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio 
ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de 
serviços de interesse da saúde, abrangendo o controle de bens de 
consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, 
compreendidas todas as etapas e os processos, da produção ao 
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consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionem direta 
ou indiretamente com a saúde (Secretaria da Saúde do Paraná, s.d.). 
Registra-se assim a ampliação das responsabilidades anteriormente 
restritas a produtos e doenças (Magalhães; Freitas, 2001). 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), primeira agência 
reguladora na área social do país, é responsável pela execução de um conjunto 
de atribuições no âmbito federal e coordenação do SNVS. Surgiu em 1999 no 
contexto da reforma geral do Estado Brasileiro. A Agência deveria substituir a 
estrutura burocrática e ultrapassada da Secretaria ministerial de vigilância 
sanitária, combater os graves e históricos problemas sanitários nacionais 
relacionados a produtos e serviços e fornecer respostas mais ágeis ao mercado 
globalizado (Moreira; Costa, 2010). 
TEMA 2 – CONCEITOS BÁSICOS 
Fiscalização: Verifica o cumprimento das normas de proteção da saúde e 
pode ser exercida por meio da inspeção sanitária, de análises laboratoriais de 
produtos, entre outras atividades (Costa, 2009). 
Controle: Termo empregado para ações sanitárias sobre pessoas, 
atividades, substâncias, produtos, serviços e órgãos para que estes não desviem 
das normas preestabelecidas. E também para designar ações sobre doenças e 
agravos, agentes nocivos ao homem, causadores de prejuízos econômicos nas 
atividades produtivas, a fim de que suas frequências não se desviem da 
normalidade (Rozenfeld, 2000). 
No campo da Vigilância Sanitária, controle e fiscalização se confundem, 
mas o conceito controle é mais amplo, pois inclui a fiscalização e se estende 
desde a regulamentação até ações educativas, e de informação ao consumidor 
(Rozenfeld, 2000). 
Inspeção Sanitária: Destinada a examinar as condições sanitárias de 
estabelecimentos, processos, produtos, meios de transporte e ambientes e sua 
conformidade com padrões e requisitos da saúde pública, que visam proteger a 
saúde individual e coletiva (Costa, 2003). 
Legislação sanitária: Normas de proteção da saúde coletiva e individual. 
Estabelece medidas preventivas e as repressivas, as regras para as atividades 
com os objetos sob controle e para a atuação da própria vigilância (Costa, 2009). 
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Monitoramento: Significa acompanhar e avaliar, controlar, mediante 
acompanhamento. Desse modo, a vigilância sanitária pode monitorar situações 
de risco, processos, qualidade de produtos e identificar risco iminente ou virtual 
de agravo à saúde, como também os resultados de ação de controle (Costa, 
2009). 
Risco: Probabilidade da ocorrência de um evento, em um determinado 
período de observação, em uma população exposta a um determinado fator de 
risco, sendo sempre coletivo (Almeida Filho, 1997). Esse conceito de risco é 
fundamental, mas insuficiente para a área de vigilância sanitária, que também lida 
com risco como possibilidade de ocorrência de eventos que poderão provocar 
danos à saúde, sem que se possa muitas vezes precisar qual o evento, e até 
mesmo se algum ocorrerá (Costa, 2009). 
TEMA 3 – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA 
A Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, definiu o Sistema Nacional de 
Vigilância Sanitária (SNVS), criou a Anvisa e estabeleceu as competências dos 
estados e dos municípios para o controle e a fiscalização dos produtos e serviços 
relacionados à saúde, atribuindo, em seu art. 7º, inciso XVIII, à Anvisa a 
competência de estabelecer, coordenar e monitorar os sistemas de vigilância 
toxicológica e farmacológica; e, em seu art. 8º, a incumbência à Anvisa de 
regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à 
saúde pública. Assim, a instituição da União responsável pela vigilância sanitária 
no Brasil é a Anvisa. Esta é responsável pela gestão de todo serviço de Vigilância 
Sanitária, que compete ao nível federal (Anvisa, 2002) 
A Anvisa é uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma agência 
reguladora caracterizada pela independência administrativa, estabilidade de seus 
dirigentes durante o período de mandato e autonomia financeira (Ministério da 
Saúde, 2014). 
A Anvisa colocou a vigilância sanitária em outro rumo, passando a 
administrar as atividades concebidas para o Estado como papel de guardião dos 
direitos do consumidor e como provedor das condições de saúde da população. 
Essa agênciatem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da 
população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização 
de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, 
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dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o 
controle de portos, aeroportos e fronteiras (Costa 2009; Rozenfeld, 2000). 
TEMA 4 – AÇÕES E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA VISA 
A vigilância sanitária, tal como foi instituída no Brasil, abrange a regulação 
de um leque muito grande de produtos e serviços, de natureza diversa, agrupados 
nos grandes ramos: dos alimentos, dos medicamentos, dos produtos biológicos, 
tais como vacinas e derivados do sangue, dos produtos médicos, odontológicos, 
hospitalares e laboratoriais; dos saneantes e desinfetantes; dos produtos de 
higiene pessoal, perfumes e cosméticos, além do controle sanitário de portos, 
aeroportos e estações de fronteiras e de ampla gama de serviços de interesse à 
saúde (Lucchese, 2001). Suas atividades surgiram da necessidade de proteção 
da população em decorrência da propagação de doenças transmissíveis nos 
agrupamentos urbanos com objetivo de eliminar situações de risco à saúde (Silva 
Junior, 2004). 
A maior parte das ações da VISA são exercidas sobre produtos, 
tecnologias, processos, estabelecimentos, meios de transportes e ambientes e 
uma fração menor sobre pessoas, principalmente os viajantes (Costa, 2009). 
A atuação da vigilância sanitária é abrangente, sendo responsável pelo 
controle de todos os processos – desde a produção ao consumo – dos bens que 
se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Essa amplitude de atuação 
coloca como tônica para a vigilância sanitária que ações gerenciais e sanitárias 
sejam desenvolvidas por meio de um exercício democrático, participativo e de 
forma articulada, de modo a garantir a qualidade dos produtos, dos serviços e dos 
ambientes, aspectos que são fundamentais para a saúde da população (De Seta, 
2007; Lucchese, 2001). 
Entre as atuais áreas de atuação da Vigilância Sanitária no país, pode-se 
citar: 
1. Locais de produção e comércio de alimentos: fábricas, restaurantes, bares, 
mercados e supermercados, frutarias, açougues, padarias, produtores de 
laticínios, entre outros. 
2. Lojas e áreas de lazer: shoppings, cinemas, ginásios de esporte, postos de 
gasolina, piscinas, clubes, estádios e academias de ginástica. 
3. Indústria: de cosméticos, medicamentos, produtos para a saúde, saneantes 
(produtos de limpeza), perfumes e produtos de higiene pessoal. 
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4. Laboratórios: banco de sangue e hemoderivados. 
5. Agrotóxico: indústria e postos de venda destes produtos. 
6. Radiação ionizante: hospitais, clínicas médicas e odontológicas que façam 
uso para fins diagnósticos. 
7. Locais públicos: escolas, cemitérios, presídios, hospitais, clínicas, 
farmácias, salões de beleza, asilos. 
8. Portos, aeroportos e fronteiras. 
Para o controle de riscos e exercício do poder de polícia, a vigilância 
sanitária aciona um conjunto de tecnologias de intervenção ou instrumentos de 
ação. Os principais instrumentos são: a legislação (normas jurídicas e técnicas), 
a fiscalização, a inspeção, o monitoramento, o laboratório, a vigilância de eventos 
adversos e outros agravos, a pesquisa epidemiológica, de laboratório e outras 
modalidades, e as ações em torno da informação, comunicação e educação para 
a saúde (Costa, 2009). 
Dentre as ações da VISA, pode-se citar: 
1. Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE): avalia se a atividade é 
permitida e de interesse da sociedade, se a empresa é legalizada e se tem 
capacidade técnica, se o local de instalação é conveniente. Essa 
autorização deve ser requerida pelas empresas produtoras de bens 
regulados pela Lei nº 6.360/1976, de farmácias e empresas que atuam em 
áreas de portos, aeroportos e fronteiras. A concessão é de competência da 
esfera federal (Costa, 2009). 
2. Licença Sanitária: Por meio de inspeção sanitária, a VISA avalia as 
condições das instalações, a capacitação técnica e operacional da 
empresa, a responsabilidade profissional e o conjunto de requisitos. Os 
serviços de saúde e os serviços de interesse da saúde necessitam da 
Licença Sanitária para seu funcionamento (Costa, 2009). 
3. Registro de produtos: Para colocar um produto no mercado, este requer o 
registro. A VISA avalia os documentos apresentados sobre a formulação, 
substâncias permitidas/proibidas, validade dos ensaios clínicos controlados 
(no caso de medicamentos) e outros testes, informes de bulas, rótulo, 
embalagens, peças publicitárias. É de competência de esfera federal 
(Costa, 2009). 
4. Pesquisas epidemiológicas, de laboratório ou de outra natureza: atividade 
fundamental para elucidar questões entre fatores de risco relacionados aos 
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objetos sob vigilância sanitária e determinadas doenças e agravos, assim 
como fundamentar a regulamentação de substâncias e produtos (Costa, 
2009). 
As ações de Vigilância Sanitária (VISA) devem promover e proteger a 
saúde da população e serem capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à 
saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da 
produção, da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da 
saúde. (Secretaria da Saúde do Paraná, s.d.) 
4.1 Ações em casos de ameaças à saúde 
Segundo Costa (2009), quando ocorrem ameaças à saúde, em situações 
de risco iminente ou dano, por nocividade do produto (suspeita ou comprovada), 
riscos aumentados (relação risco x benefício desfavorável), situações de surtos, 
por delinquência sanitária ou outros fatores, a VISA: 
1. Faz apreensão cautelar de produtos ou interdição de atividades ou 
estabelecimento de saúde ou outros. 
2. Suspende ou cancela o registro de produtos e a AFE. 
3. Impõe normas restritivas para maior controle de riscos. 
4. Impõe penalidades ou encaminha o caso para o Poder Judiciário, quando 
há crime contra a saúde pública e outros ilícitos. 
É o poder de polícia, exclusivo dos Estados e Municípios, executado 
quando ocorrem fiscalizações, aplicação de intimações e infrações sanitárias, 
impedindo irregularidades, interdições de estabelecimentos, apreensão de 
produtos e equipamentos, entre outros (Secretaria da Saúde do Paraná, s.d.). 
4.2 Controle sanitário de cargas e viajantes 
No controle sanitário de cargas e viajantes, a VISA (Costa, 2009): 
1. Faz o controle sanitário das condições sanitárias e adequação dos meios 
de transporte e seus elementos (água, ar, elementos, dejetos, controle de 
vetores etc.), da área aeroportuária e seu entorno, bem como dos recintos 
alfandegários e faz o controle sanitário das cargas de interesse da saúde. 
2. Faz controle da saúde dos viajantes relativamente a doenças de notificação 
internacional e vacinação obrigatória. 
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3. Desenvolve ações informativas de controle sanitário em situações 
epidêmicas e outras atividades de acordo com o regulamento Sanitário 
Internacional. 
As ações de controle sanitário nos portos, nos aeroportos e nas fronteiras 
visam, além da verificação da regularidade do produto e da empresa, garantir a 
armazenagem e o transporte em conformidade com as especificações técnicas 
que a carga exige para a manutenção da sua identidade e sua qualidade. Além 
disso, protegem a população dos riscos inerentes à circulação de mercadorias e 
pessoas e também a agricultura e os rebanhos contra a introdução de doenças 
exóticas que podem acarretar enormes prejuízos econômicos (Ministério da 
Saúde, 2014; Rozenfeld, 2000). 
4.3 Educação e orientação 
É o poder pedagógico e

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