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pg. 1 Políticas Públicas para Desenvolvimento Rural Carga horária: 20 horas pg. 2 2020. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL DE GOIÁS - SENAR GOIÁS 1ª EDIÇÃO – 2020 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direi- tos autorais (Lei no 9.610) FOTOS GettyImages Shutterstock INFORMAÇÕES E CONTATO Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87, nº 708, Ed. Faeg,1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP: 74.093-300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 E-mail: senar@senargo.org.br http://www.senargo.org.br/ http://ead.senargo.org.br/ CURSO POLÍTICAS PÚBLICAS PARA DESENVOLVIMENTO RURAL ESTRUTURA ORGANIZACIONAL PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO José Mário Schreiner SUPERINTENDENTE DO SENAR GOIÁS Dirceu Borges DIRETOR DO DEPARTAMENTO TÉCNICO DO SENAR GOIÁS Marcelo Lessa Medeiros Bezerra GERENTE DE EDUCAÇÃO FORMAL DO SENAR GOIÁS Mara Lopes de Araújo Lima http://senar@senargo.org.br http://www.senargo.org.br/ http://ead.senargo.org.br/ pg. 3 Apresentação Calma lá! Políticas públicas? Organização dos conteúdos Recursos educacionais Regras do jogo: como funciona o curso? Estudo offline Módulo 1 – O que são as legislações agrícolas e as políticas públicas? Aula 1 – Legislação agrícola Aula 2 – Tipos de políticas públicas Aula 3 – Definição de plano/programa/projeto Conclusão Atividade de aprendizagem Módulo 2 – O negócio em que atuo se enquadra como agricultura familiar? Quem tem direito ao crédito rural? Aula 1 – Legislação da agricultura familiar Aula 2 – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultu- ra Familiar (Pronaf) Aula 3 – Crédito rural Conclusão Atividade de aprendizagem 5 10 31 06 06 08 09 09 11 32 22 40 25 45 28 59 28 59 Sumário pg. 4 Módulo 3 – Políticas que fortalecem o agro Aula 1 – Gestão de riscos Aula 2 – Comercialização e abastecimento Aula 3 – Embrapa Conclusão Atividade de aprendizagem Jogo Módulo 4 – Confederação da Agricultura e Pecuá- ria do Brasil (CNA) Aula 1 – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Aula 2 – Lei Kandir e Convênio 100 e suas prorro- gações Aula 3 – A Lei nº 13.986 na renegociação de dívidas de produtores rurais Conclusão Atividade de aprendizagem Encerramento Referências bibliográficas 62 63 93 108 112 75 81 94 88 97 90 102 105 106 92 Sumário pg. 5 Fonte: Gettyimages Apresentação A comunidade Guarani No interior de Goiás, em uma pequena cidade com menos de 30 mil habitantes, há uma comuni- dade rural chamada Guarani. Essa região é rica e diversa, e possui propriedades rurais pequenas, médias e muito grandes. Os vizinhos vivem em harmonia, são solidários e cooperativos entre si; azem parte de uma gran- de cooperativa da região, que os auxilia na comercialização de seus produtos e lhes oferece a oportunidade de compra de insumos para produção. Costumam trocar serviços, auxiliando os demais com equipamentos que possuem e negociando entre si esse arranjo para que todos consigam plantar e colher no tempo certo: tem aquele que entra com caminhão para transporte; outro, com trator e implementos para plantio; outro, com a colhedora de grãos, garantindo que todos consigam produzir bem e sejam competitivos no mercado... E, pelas conversas, parece que as políticas públicas estão no cotidiano da comunidade Guarani! pg. 6 Calma lá! Políticas públicas? Você sabe o que é isso? Então, você está no lugar certo! Neste curso, você descobrirá o que são políticas públicas e como elas podem auxiliar o produtor em suas atividades. Vamos conversar sobre as Legislações Agrícolas e Políticas Públicas! Mas de quais leis estamos falando? E o que são políticas públicas? Mais do que isso: como produtores rurais podem se valer das políticas públicas? Você verá a resposta para essas e outras perguntas ao acompanhar os casos de Bruno, Mário, Moisés e Amanda, vizinhos da Comunidade Guarani. Eles nos mostrarão como podem utilizar diferentes políticas de acordo com as características das suas produções. Por agora, vamos entender os temas que serão estudados. Primeiro, vamos conhecer a organização do conteúdo. Pronto para trilhar esse caminho conosco? Organização dos conteúdos A nossa jornada nos caminhos da legislação agrícola e das políticas públicas percorrerá quatro módulos. Cada módulo é composto por aulas. E o que estudaremos em cada módulo? Módulo 1 – O que são as Legislações Agrícolas e Políticas Públicas? Abordaremos o que são as Legislações Agrícolas e Políticas Públicas. Aula 1 – Legislação agrícola Aula 2 – Tipos de políticas públicas Aula 3 – Definição de plano/programa/projeto pg. 7 Módulo 2 – O negócio em que atuo se enquadra como agricultura familiar? Quem tem direito ao crédito rural? Veremos quem se enquadra como Agricultor Familiar e quem tem direito ao crédito rural. Aula 1 – Legislação da agricultura familiar Aula 2 – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Aula 3 – Crédito rural Módulo 3 – Políticas que fortalecem o agronegócio Falaremos sobre algumas políticas que fortalecem o negócio rural. Aula 1 – Gestão de riscos Aula 2 – Comercialização e abastecimento Aula 3 – Embrapa Módulo 4 – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Exploraremos a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – a CNA – e falaremos sobre a luta pela manutenção dos direitos adquiridos pelo campo. Aula 1 – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Aula 2 – Lei Kandir e Convênio 100 e suas prorrogações Aula 3 – A Lei nº 13.986 na renegociação de dívidas de produtores rurais Ao concluir o curso, você conseguirá reconhecer quais políticas agrícolas estão vigentes, enten- derá a história da legislação agrícola do Brasil, compreenderá os conceitos e tipos de Políticas Públicas e saberá identificar quais programas são mais adequados para a propriedade rural em que você atua. A ideia é trazer as políticas públicas de forma simples, direta e atualizada, permitindo que você conheça as principais informações que podem auxiliar nas suas atividades. Agora que você já sabe o que estudaremos, use e abuse desta oportunidade incrível de aprendizagem. pg. 8 Recursos educacionais Ao longo do curso, você encontrará diversos recursos educacionais para tornar seu aprendizado mais interessante e prazeroso. São eles: Dentro da Porteira Este recurso é muito bacana para você relacionar os conteúdos com a sua realidade. Quando encontrá-lo, fique atento e responda às questões. No ambiente virtual, escreva sua resposta na área de texto e clique no botão “Salvar”. Você receberá um feedback e o restante do conteúdo ficará visível. Neste arquivo em PDF, o conteúdo não fica bloqueado, mas orientamos você a fazer a mesma coisa: escreva sua resposta na área de texto e, depois, siga com a leitura e com a análise do feedback. Não se esqueça de salvar o arquivo da apostila em seu computador, assim suas respostas ficarão gravadas! Olha o causo Aqui, você terá a oportunidade de conhecer exemplos dos conceitos traba- lhados. Porteira afora É sempre muito positivo aprofundar seus conhecimentos! Para isso, o Por- teira Afora apresenta materiais complementares aos assuntos estudados. Para colher resultados É muito bom receber dicas para aplicarmos no nosso dia a dia, não é mesmo? Pois é, ao encontrar este recurso, você terá acesso a dicas práticas e pontuais. Diz o papel... Aqui, você verá trechos de lei, normas e documentos que são explicados no material.. pg. 9 Regras do jogo: como funciona o curso? Para concluir o curso, no ambiente virtual, você precisará cumprir algumas etapas. Veja só: Questões Dentro da Porteira Você precisará responder às questões Dentro da Porteira para que o próximo conteúdo seja disponibilizado. Atividades de aprendizagem Para avançar no curso, você também precisará responder à atividadede aprendizagem ao final de cada módulo. Serão três questões de múltipla escolha, e você terá duas ten- tativas. Esse é um momento importante para você rever os principais conteúdos estuda- dos, então procure fazer as atividades com empenho. Pesquisa de satisfação Ao concluir os estudos dos quatro módulos, você precisará responder à nossa pesquisa de satisfação. Assim, conseguiremos melhorar cada vez mais nossos cursos, então não deixe de participar! Estudo offline No início de cada módulo, você encontrará uma apostila em PDF para fazer o download e estu- dar mesmo sem conexão com a internet. Além disso, uma apostila completa em PDF também ficará disponível no encerramento do curso, incluindo os gabaritos das atividades e a bibliografia. Assim, você conseguirá ter acesso ao conteúdo do curso em qualquer lugar. No entanto, não deixe de acessar o ambiente virtual para realizar as atividades de aprendizagem e ter acesso aos vídeos que compõem o material! Agora, vamos começar a nossa jornada? pg. 10 Fonte: Gettyimages Módulo 1 O que são as legislações agrí- colas e as políticas públicas? Neste Módulo 1, conversaremos sobre a legislação agrícola falando rapidamente sobre sua evo- lução no Brasil (de 1930 até hoje). Você também verá os diferentes tipos de políticas públicas e o que significam plano, programa e projeto. Vamos adiante! pg. 11 Fonte: Shutterstock Aula 1 Legislação agrícola Na comunidade Guarani, vivem os vizinhos Bruno, Mário, Moisés e Amanda, produtores rurais em diferentes propriedades. O grupo gosta de se reunir e trocar informações sobre o andamento dos negócios, sempre bus- cando se aprimorar e melhorar suas produções. Cada vizinho tem apoio de diferentes programas governamentais, que são fruto de políticas pú- blicas voltadas para o meio rural. Mas você sabe o que são políticas públicas? Vamos descobrir. pg. 12 Políticas Públicas Conjunto de programas, ações e decisões tomadas pelos governos, com a participação direta ou indireta de entidades públicas ou privadas, que pretendem assegurar algum direito específico de cidadania para vários grupos da sociedade ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. No nosso caso, falamos de programas, ações e decisões do governo que ajudem produtores rurais de diversos portes. Bruno, Mário, Moisés e Amanda resolveram pesquisar mais sobre o assunto, cada um contribuin- do a seu modo. Vamos conhecer esses produtores? Bruno “Seu” Bruno é pioneiro na comunidade Guarani. Chegou ainda jovem para realizar o sonho de ser agricultor. Tem uma bela propriedade, construída com a aquisição de vários pequenos lotes que foram sendo incorporados e se tornaram a bela Fazenda Timburi. pg. 13 Ele é reconhecido como referência na comunidade por ter vivenciado as mudanças que aconteceram nas políticas públicas nas últimas décadas. Agora, está na fase de orientar filhos e netos na atividade, como consultor, com toda a sua experiência acumulada pelos muitos anos de trabalho. É admirador e usuário empolgado das linhas de crédito rural, que lhe permitiram ao longo do tempo modernizar, mecanizar e adotar tecnologias que aumentaram a produtividade e diminuíram os riscos de produção. Veremos, mais à frente, que os jovens da comunidade ficaram interessados em conhecer a história do “seu” Bruno, sobre sua juventude e como foi o dia em que chegou o primeiro engenheiro agrônomo à região, no início da década de 1970, e das maravilhas das práti- cas modernas para produzir. Mário Mário é da mesma geração dos filhos de seu vizinho Bruno, está com pouco mais de 50 anos de idade e acumula experiência de uma vida toda morando na comunidade. Traba- lha com a família e faz parcerias com os vizinhos para a troca de serviços de que precisa na sua propriedade, o Sítio Solar. Procura diversificar a produção, realizando rotação de culturas e adotando tecnologias para o aumento de produtividade na sua área. Mário tem um caminhão e alguns implementos de que precisa para produzir, mas troca serviços para a colheita com seu vizinho Bruno, que entra com a colhedora de grãos en- quanto Mário devolve o favor fazendo fretes na sua colheita. Ele paga para uma empresa de planejamento agrícola fazer seus projetos de crédito rural, mas, no dia a dia, costuma observar o que os demais vizinhos fazem para copiar as ideias em seu sítio. Esse, no entanto, nem sempre é o melhor caminho, mas ele está começando a ter consciência de alguns erros do passado e procurando soluções para o presente. pg. 14 Moisés Moisés é um jovem agricultor com menos de 30 anos de idade. Cresceu na comunidade, estudou Agronomia em outra cidade e retornou com ideias inovadoras para diversificar sua propriedade. Ele buscou a entidade estadual de extensão rural, no seu caso, Ema- ter-GO, solicitando a Declaração de Aptidão (DAP) ao Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ao conseguir a DAP, Moisés começou a elaborar um projeto de longo prazo de sua propriedade, passando a produzir, além de grãos, mel, frutas e leite. Para o futuro, pensa em desenvolver uma agroindústria para a transformação do leite em derivados (queijo e doce de leite) e a produção de geleias (goiaba, laranja e morango). Ele e sua esposa realizam o trabalho no campo, e possuem equipamentos dimensiona- dos para a propriedade, mas pagam por serviços como plantio e colheita, cujas máquinas necessárias seriam inviáveis para um pequeno sítio. O Sítio do Amanhã é diversificado e organizado. Amanda Amanda é prima de Moisés e também saiu da comunidade para estudar. Formada em Engenharia Química, é uma empreendedora perspicaz. Sua propriedade, o Sítio Vida Feliz, tem exatamente o mesmo tamanho do sítio de seu primo, porém é apenas para produção de grãos, lazer e moradia. Ela e seu noivo, também engenheiro químico, cons- truíram um laboratório de análises de solo na cidade, a 8 km da comunidade Guarani. Vive no campo e trabalha na cidade. pg. 15 Amanda se animou a ir atrás do histórico das políticas públicas, e Moisés se comprometeu a estudar sobre aquelas vigentes hoje. Mário e Bruno, que são agricultores mais experientes, empolgaram-se em orientar o grupo na busca por informações, compartilhando suas vivências. Conheça um pouco da história do “seu” Bruno. Olha o causo Como tudo começou para o “seu” Bruno No início da sua experiência rural, “seu” Bruno utilizava a assistência técni- ca gratuita oferecida pela EMBRATER. Com o aumento da área, viu a necessidade de buscar uma assistência personalizada, incentivando a qualificação dos netos, que assumiram o controle do manejo das culturas e buscaram inovações, especialmente por meio do uso de tecnologias produzidas pela Embrapa. “Seu” Bruno contou também que, no início da agricultura na região, ele e seus vizinhos pensavam que, quanto mais mecanizado o plantio e o solo mais parecido com pó de café fininho, melhor seria o preparo. Esse grande erro de análise fez com que muitas fazendas da região perdessem por muito tempo a capacidade de produzir devido à erosão que se formava. Ao longo do tempo... Ao comentar sobre as práticas conservacionistas, explicou como eram as voçorocas que atingiam parte da região devido à falta de conhecimento sobre erosão. pg. 16 Mas você o que são práticas conservacionistas? Bem, são aquelas que au- xiliam na manutenção ou no aumento da fertilidade do solo, além de con- trolar a erosão. Vejamos alguns exemplos: rotação de culturas, adubação verde e plantio direto. Ah! E as voçorocas são grandes “buracos” que se formam quando a erosão não é controlada no início do processo. Ocorrem quando não há cobertura vegetal, curvas de nível ou outras técnicas de controle. Geralmente, são reforçadas pelo carregamento de partículas de solo pelo escorrimento em velocidade da água da chuva no terreno. Continuando a explicação, “Seu” Bruno disse que não há como comparar com a realidadeatual, na qual o sistema de plantio direto se apresentou como alternativa muito eficiente para evitar a erosão, junto com as curvas de nível, que garantiam que a água da chuva não escorresse com velocida- de sobre o solo. O sistema de plantio direto é o sistema no qual ocorre o plantio com pouco revolvimento do solo, mantendo a palhada da cultura anterior, que permite minimizar o impacto das gotas de chuva sobre o solo. E as curvas de nível são as linhas traçadas que delimitam as diferentes altitudes de um terreno e que, quando construídas, auxiliam a evitar o impacto da água da chuva no escorrimento sobre o terreno, ficando a água retida pela curva, diminuindo assim a ocorrência de erosão. Continuando... Chegamos à atualidade A presença das empresas de extensão rural na região, orientando sobre práticas conservacionistas de solo e técnicas de cultivo, e a boa vontade dos produtores da região em rever seu jeito de produzir, tornaram possí- vel a recuperação das propriedades, fazendo da comunidade Guarani uma referência em produtividade e cuidados com os recursos não renováveis. Percebeu que a história da comunidade Guarani já nos ensinou muitos conceitos importantes? Então, vamos em frente conhecer o histórico da legislação agrícola! pg. 17 Breve história da legislação agrícola no Brasil: de 1930 até hoje Para entender o presente e pensar o futuro do nosso Brasil e do agro, precisamos voltar um pou- quinho no tempo e relembrar os avanços que já conseguimos no amparo à produção e à renda graças às políticas públicas que foram criadas para garantir condições de manter a atividade rural. Então, veremos, a seguir, uma breve história da legislação agrícola no Brasil, de 1930 até hoje. Lembra-se de que os nossos amigos da co- munidade Guarani estão se empenhando em conhecer mais sobre as políticas que amparam o desenvolvimento rural? Pois, então, Amanda está indo fundo na pes- quisa. Ela levou ao grupo a evolução das legis- lações que amparam o desenvolvimento rural — é o que veremos a seguir. Fonte: Gettyimages Início de 1930 - Café O café reinava absoluto no cenário agro. A falta de diversificação da produção das propriedades colocou os produtores em situação de risco, dependendo da economia externa para a comercialização de seu principal produto. O excesso de oferta mundial do café gerou o problema de desequilíbrio de preços. A primeira grande política pública implantada para conter o desastre da baixa de preço e da falta de comércio para o café foi sua aquisição pelo governo. Você imagina o que foi feito de todo esse café comprado pelo nosso país? Início de 1931 e 1944 - Café O Brasil queimou mais de 78 milhões de sacas de café. Em 1932, foi criada a “Legisla- ção de controle de oferta”, que proibia a criação de novas áreas de plantio de café. Em 1937, o valor do imposto sobre cada saca de café exportada foi reduzido em 75%. Mesmo assim, até 1941 houve um volume muito grande de café oferecido. A seca e geada de 1942 conseguiram reestabelecer o equilíbrio entre a oferta do grão e a de- manda de compra pelo mercado. pg. 18 Entre 1930 e 1965 – Cana-de-açúcar e outras culturas Outro exemplo de cultura que recebeu atenção de políticas públicas entre as décadas de 1930 e 1960 foi a cana-de-açúcar, com a implantação de decreto-lei que obrigava im- portadores de gasolina a comprarem 5% do volume em álcool anidro para misturar ao combustível, garantindo assim que o produtor de cana e as usinas produtoras de álcool e açúcar comercializassem o produto. A produção de grãos recebeu tímidos investimentos até 1965. Nosso país ainda via esse tipo de cultura como agricultura de subsistência, apenas voltada para o consumo local. Mesmo assim, é importante ressaltar que foram criadas as primeiras linhas de crédito agrícola nesse período. A primeira tentativa de implantação da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) previa, em 1945, fixar preço mínimo para arroz, feijão, milho, amendoim, soja e girassol. Em 1951, tivemos os primeiros decretos sobre empréstimos de comercialização, mais tar- de aprimorados e chamados de Empréstimo do Governo Federal (EGF), para produtores rurais e cooperativas agrícolas. Entre 1965 e 1985 – Diversas culturas A modernização da agricultura começou no período de 1965 até 1985. Vamos lembrar alguns eventos marcantes? • Criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR). • Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é reformulada. • Criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). • Criação da Empresa Brasileira de Extensão Rural (EMBRATER). O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) desenvolveu sua atuação em três princípios de crédito: pg. 19 Investimento Naquela época, para modernizar a agricultura, os produtores precisavam investir em novas tecnologias, como correção de solo, sistemas de irrigação, máquinas agrícolas e mecaniza- ção do solo. Custeio O custeio surgiu para auxiliar na compra de insumos modernos, como agroquímicos para controle de pragas, doenças e plantas invasoras, adubos químicos para melhorar a capaci- dade de produção e sementes melhoradas, que permitiam maiores adaptação climática e produtividade. Nessa modalidade, o produtor tomava um valor emprestado e deixava como garantia de pagamento sua produção futura. Comercialização O crédito de comercialização permitia ao produtor vender a produção da safra em qual- quer momento do ano, podendo esperar preços melhores do que no período da colheita, quando em geral, pelo excesso de oferta no mercado, acabavam caindo. Falando sobre os créditos de comercialização, havia diversas formas, mas as principais eram os Empréstimos do Governo Federal (EGFs), oferecidos em duas modalidades: Com Opção de Venda (COV) ou Sem Opção de Venda (SOV). Em ambos os casos, o produtor precisava vender sua produção para o governo. “Com Opção de Venda (COV)” significa que, ao final do período, o produtor poderia vender sua produção para o governo por um valor combinado no momento da assinatura do con- trato. Esse modelo foi muito utilizado, pois garantia que o produtor recebesse, no mínimo, o mesmo valor da assinatura do contrato, e o governo absorvia os custos de armazenagem. A modalidade “Sem Opção de Venda (SOV)” era mais arriscada para o produtor, porque ele precisaria vender a produção para o governo pelo valor de mercado ao final do contrato. Esse valor poderia ser muito mais baixo que o esperado, e o produtor ainda deveria pagar as despesas de armazenagem. Esse modelo foi pouco utilizado. Até hoje podemos utilizar os Empréstimos do Governo Federal. Curiosidade: o trigo era tratado de forma especial, pois o governo de- sejava eliminar sua importação para nosso consumo. Para isso, exis- tiam fortes incentivos aos produtores. A consequência indireta foi o aumento da produção da soja no Brasil, já que era uma boa alternativa para a rotação de culturas em áreas que produziam o trigo no inverno. Baratear o pãozinho na mesa do brasileiro com a produção interna do trigo ajudou a desenca- dear a produção do grão, que mais tarde se tornaria um dos nossos produtos mais exportados. pg. 20 De 1990 até os dias de hoje – Diversas culturas Desde a década de 1990 até os dias de hoje, as políticas para o agro vêm sendo criadas ou reformuladas. Houve um grande aumento do número de programas para as atividades rurais. O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), criado originalmente em 1973, foi reformulado em 1995 para tornar-se sustentável economicamente, criando no- vas regras de enquadramento e teto máximo de indenização, bem como limite de números de acionamentos para a mesma cultura de forma consecutiva. Outros programas surgiram para atender à necessidade de modernização da agropecuária até chegar aos dias atuais, quando temos a cada dia descobertas incríveis que permitem produzir mais, de maneira sustentável e de modo competitivono mercado. A Cédula de Produto Rural (CPR), criada em 1997, e especificamente a CPR Financeira, em 2000, são outros dois tipos de crédito de comercialização que permitem ao produtor vender a produção para qualquer comprador, e não necessariamente para o governo. Dessa forma, o produtor pode ganhar no momento de quitar a dívida, porque, se os preços de mercado estiverem acima do previsto na contratação, bastará comercializar o produto no mercado e, com o dinheiro, pagar a dívida. Atualmente, a influência dessas políticas públicas é sentida no dia a dia no campo, princi- palmente pela contratação de créditos de custeios, investimentos e seguros rurais. Essa breve evolução histórica é para contar para você um pouco de como é necessário compreender a legislação agrícola e as políticas públicas no contexto do Brasil no momento em que são criadas. Desse modo, você percebe que elas estão em constante melhoria, sempre relacionadas aos de- safios rurais vivenciados em um determinado momento. pg. 21 As políticas agrícolas hoje Amanda descobriu que a legislação é atualizada e revista constantemente, e que essas informa- ções estão sempre disponíveis nos sites oficiais do governo. Utilizando uma ferramenta de busca na internet, é possível localizar a legislação vigente no momento. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é transparente em suas in- formações sobre a atuação no agro. Por meio dos dados cedidos pelo MAPA, nossos amigos da comunidade Guarani também aprenderam sobre a agricultura familiar e os programas de incen- tivo à produção. Porteira afora É interessante que você visite com frequência a página do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disponível em https://www.gov. br/agricultura/pt-br. Nessa página, você encontrará informações sobre políticas agrícolas como crédito rural (especialmente o Plano Safra), gestão de riscos (seguros ru- rais), comercialização e abastecimento. Também poderá aprender sobre as competências desse ministério. Legislação vigente – competências do Minis- tério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- mento (MAPA) Amanda, da comunidade Guarani, continua sua pesquisa. Ela constatou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é um importante aliado na formulação e na execução de políticas públicas para o agro, pensadas em escala federal, ou seja, para o Brasil como um todo. Dentro da estrutura do MAPA, encontramos as respostas sobre como o governo federal pode auxiliar no dia a dia do campo. De tempos em tempos, há atualização de decretos que validam a estrutura regimental do órgão, como o Decreto nº 10.253, de 20 de fevereiro de 2020. As competências do MAPA são descritas no art. 1º do Capítulo I desse decreto, e muitas delas influenciam nossas tomadas de decisão no campo. Amanda identificou sete competências que interessaram por fazerem parte do cotidiano da comunidade Guarani. São elas: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.253-de-20-de-fevereiro-de-2020-244585023 pg. 22 Aula 2 Tipos de polí- ticas públicas Estudando sobre a história da política agríco- la, Moisés e Amanda descobriram que exis- tem vários tipos de políticas públicas e entenderam que cada um tem sua influência no dia a dia no campo. Eles encontraram algumas definições importantes, que entenderemos melhor ao continuar nos- so estudo. Primeiro, vamos conversar sobre os tipos de políticas públicas. Você sabia que existem cinco tipos? Vejamos. Fonte: Shutterstock pg. 23 1. As Constitutivas ou de Infraestrutura 2. As Distributivas 3. As Redistributivas 4. As Regulamentares e 5. As Específicas Fonte: Shutterstock 1. Políticas Constitutivas ou de Infraestrutura. Esse tipo de política define as regras e responsabilidades do Governo Federal, Estadual e Municipal. Um exemplo prático é quando ouvimos falar de “Emendas Constitucionais”. Es- sas alterações na constituição mostram o que é legal no país. Fonte: Shutterstock 2. Políticas Distributivas São políticas que distribuem benefícios individuais e atendem grupos específicos. Vejamos alguns exemplos: - Bolsa Escola - Bolsa Alimentação - Auxílio Gás Posteriormente, esses programas foram unificados como Bolsa Família. pg. 24 Fonte: Shutterstock 3. Políticas Redistributivas. Políticas Redistributivas são as políticas que redistribuem recursos entre os gru- pos sociais, geralmente “universais”, que têm como exemplos os sistemas tributá- rio e previdenciário, como o INSS. Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock 4. Políticas Regulamentares. Você sabe o que são políticas regula- mentares? Bem, quando falamos de políticas regu- lamentares estamos falando de políticas que definem regras de comportamento para atender interesses gerais da so- ciedade e que não buscam benefícios imediatos para qualquer grupo. Veja exemplos: • Regras de uso de defensivos agrícolas no campo • Obrigatoriedade de uso de ca- pacetes por motociclistas • Obrigatoriedade da CNH para dirigir. pg. 25 Fonte: Shutterstock 5. Políticas Específicas Políticas Específicas são políticas para grupos específicos dentro de um seg- mento, como por exemplo, o Pronaf. O Pronaf atende agricultores familiares que se encaixem nos quesitos do Programa. Dentre outras regras, o agricultor deve ter ao menos 50% de sua receita bruta anual gerada pela atividade agropecuária. Aula 3 Definição de plano/progra- ma/projeto Nossos jovens produtores rurais aproveitaram esses novos conhecimentos para compreender como se formam novas políticas para o agro. Já pensam nas agendas com propostas regionais que podem fazer no seu município a fim de atender a demandas da comunidade Guarani. Também pensam em como contribuir para agendas estaduais. Talvez venha por aí uma nova geração do campo atuando na política de forma ativa! Moisés, como engenheiro agrônomo, desejava desenvolver sua propriedade utilizando os recur- sos disponíveis para o agro. Bruno comentou que ele deveria conhecer mais sobre o Plano ABC e sugeriu que ele montasse um projeto para transformar sua propriedade em um sistema ILPF. Fonte: Shutterstock pg. 26 Mas alto lá! Plano? Projeto? Sistema ILPF? Até parecia que Bruno falava outra língua! Moisés decidiu, então, pesquisar o que era tudo isso... E encontrou definições sobre os componentes das políticas públicas: plano, projeto e programa. Veja só: É o planejamento de longo prazo e inclui todas as grandes orienta- ções e os objetivos gerais. Exemplo: Plano ABC – Agricultura de Baixo Carbono, cujo objetivo central é promover a redução da emissão dos gases do efeito estufa. Programa é o planejamento de médio prazo e inclui objetivos e es- tratégias de implementação. Exemplo: Programa de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Projeto é a execução de etapas que permitam realizar o programa, composto por atividades, recursos e prazos para alcançar os objetivos. Exemplo: Projeto para a aquisição de sementes e mudas para a formação de pastagens e de floresta dentro do Programa de Inte- gração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O Programa de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) busca pro- duzir grãos, pastagem para o gado e madeira (componente florestal) de forma integrada na mesma área, mas não tudo ao mesmo tempo. Para que o produtor tenha acesso às políticas como crédito e seguro, em geral precisa fazer um projeto de viabilidade e encaminhar ao banco parceiro, que pode ser um banco público ou privado. Para esse projeto, ele precisa da assessoria de um técnico (engenheiro agrônomo/veteri- nário/engenheiro agrícola), entre outros profissionais habilitados para tal. Vale dizer que o técnico pode ser gratuito, como a assistência da Emater, se a pessoa se enquadrar no Pronaf. Plano Programa Projeto Olha o causo Voltando à comunidade Guarani... Ao se reunirem, os amigos Mário, Bruno e Amanda prestaram muita atenção à apresentação de Moisés. Ao final do encon- tro, “seu” Bruno pede que o amigotraga mais informações sobre o Plano ABC. É que esse plano é dividido em vários programas, e alguns deles fazem sentido na propriedade do “seu” Bruno, e ele gostaria de implantar alguns projetos na área de agricultura de baixo carbono, pensando em tornar a propriedade cada vez mais sustentável para seus sucessores. pg. 27 Neste momento, está às voltas com o sonho da geração de energia dentro da propriedade, utilizando painéis solares, e com a correção de solos, pen- sando em otimizar ainda mais o potencial produtivo de sua fazenda. E os netos do “seu” Bruno também estão realizando muitas atividades. Nos próximos dias, eles farão a coleta de solo e Amanda analisará. A partir do resultado obtido, com a ajuda de Moisés, irão elaborar um pro- jeto para encaminhar ao banco parceiro de atividades de crédito rural do “seu” Bruno há mais de 30 anos. Moisés também está montando seu projeto, pois irá organizar melhor sua propriedade dentro do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Sua observação pessoal de que as vacas de leite produzem melhor quando têm sombreamento nas horas mais quentes do dia o fez decidir seguir por esse caminho. No futuro, quer implantar uma agroindústria sustentável para transformar as frutas produzidas em geleias e doces. No sistema ILPF, além de frutífe- ras, incluirá mudas de eucalipto para a comercialização da madeira. Porteira afora Para saber como funcionam o Plano ABC, o Plano Safra e outras políticas agrícolas, acesse: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola pg. 28 Conclusão Até aqui, nossos amigos, e você, entenderam como as políticas públicas influenciam o dia a dia no agro e conheceram um pouco da história da legislação agrícola e do surgimento das políticas voltadas para o meio rural. Durante o percurso, compreenderam os tipos de políticas públicas que existem e como elas atu- am na organização do país. Aprenderam a diferenciar plano, programa e projeto, e agora sabem como buscar mais informa- ções para suas propriedades visitando a página do MAPA. A visão panorâmica que você desenvolveu permitirá que tome decisões futuras de investimentos de modo alinhado à legislação vigente no país, evitando cometer erros, por exemplo, na preser- vação ambiental (áreas de preservação permanente e reserva florestal legal) ou no uso de defen- sivos agrícolas. Agora, é o momento de rever alguns conceitos principais do módulo na atividade de aprendiza- gem. E lembre-se: em caso de dúvidas, revise o conteúdo! Siga em frente! Atividade de aprendizagem Iniciaremos agora a atividade de aprendizagem deste módulo. Leia atentamente as perguntas antes de respondê-las; caso precise volte no texto e reveja o conteúdo. pg. 29 Vamos às questões. 1. Existem estruturas que regulamentam o crédito para os produtores rurais. Uma delas faz isso com base em três princípios de crédito: custeio, investimento e comercialização. Qual é a estrutura que regula com base nesses três princípios? b. SNCR. c. Pronaf. d. Pronamp. e. Banco do Brasil S/A. f. Banco Central do Brasil (BACEN). ‘ 2. Nas alternativas abaixo, marque aquelas que possuem exemplo de item contemplado nos custeios agropecuários: a. Aquisição de trator e plantadeira. b. Aquisição de ordenhadeira e resfriador. c. Aquisição de sementes e adubos químicos. d. Aquisição de calcário para correção de solos. e. Aquisição de matrizes bovinas. Para saber se suas respostas estão certas, acesse o ambiente virtual e envie suas respostas obrigatoriamente por lá, assim, você terá os feedbacks e gabaritos correspondentes a essas questões. Você terá duas tentativas, sendo que o próximo módulo só será liberado após a conclusão dessa atividade dentro do ambiente virtual. pg. 30 3. Os tipos de políticas públicas existentes no Brasil são de natureza constitutivas, distributi- vas, redistributivas, regulamentares e específicas. Conhecendo esses conceitos, uma polí- tica pública como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é obrigatório para todas as pro- priedades rurais e uma etapa importante para a regularização ambiental das propriedades rurais, é considerada parte de uma política pública do tipo: a. Constitutiva. b. Distributiva. c. Redistributiva. d. Regulamentar. e. Específica. Agora que você já aproveitou a atividade de aprendizagem para consolidar seus entendimentos, vamos seguir para o Módulo 2 – O negócio em que atuo se enquadra como agricultura familiar? Quem tem direito ao crédito rural? Siga em frente! pg. 30 pg. 31 Fonte: Gettyimages Módulo 2 O negócio em que atuo se en- quadra como agricultura fa- miliar? Quem tem direito ao crédito rural? No módulo anterior, vimos um breve histórico da legislação agrícola brasileira, os tipos de Políti- cas Públicas que existem e aprendemos a diferenciar plano, programa e projeto. pg. 32 Também fomos apresentados ao “seu” Bruno, ao Mário, ao Moisés e à sua prima, Amanda, vizi- nhos na Comunidade rural Guarani e proprietário rurais. Estavam com muitas dúvidas, o que fez cada um deles buscar a entender as leis agrícolas, as políticas públicas, e os programas de crédito rural. Agora, após estudo do Módulo 2, você vai diferenciar as características dos tipos de produtores que se enquadram no grupo agricultura familiar; identificar as regras para obter a Declaração de Aptidão (DAP); e quem pode lhe assessorar para conseguir esta declaração. Você também terá a oportunidade de distinguir os tipos de crédito rural (crédito para custeio, crédito rural para investimento e crédito rural para comercialização). Agora, sigamos para a primeira aula do Módulo 2, para descobrir quem é o produtor que pode ser considerado do grupo da agricultura familiar e quais os créditos rurais que existem. Aula 1 Legislação da agricultura familiar Agricultura familiar. Sem dúvidas você já ouviu esse termo, não é mesmo? Mas você sabia que não basta ter a família trabalhando na propriedade para ser enquadrado como agricultor fami- liar? Vamos conhecer a situação de Amanda para entender melhor como esse enquadramento pode acontecer. Fonte: Shutterstock pg. 33 Olha o causo Em conversa com o primo Moisés, Amanda descobriu que, se participasse do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), poderia obter crédito rural com taxas de juros mais baixas do que as ofe- recidas tradicionalmente pelos bancos, já que o programa tem recursos subsidiados. Animada, fez o pedido de Declaração de Aptidão – DAP ao Pronaf, mas ele foi rejeitado. Amanda ficou pensativa: por que Moisés con- seguiu e ela não? As duas propriedades eram iguais... Inquieta, Amanda resolveu procurar informações sobre o que é agricultura familiar, qual a legislação vigente que determina quem faz parte e quais as regras de enquadramento para emissão da DAP. Com a situação da Amanda em mente, vamos entender o que é agricultura familiar! A agricultura familiar é formada por pequenos produtores rurais, silvicultores, assentados de reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, extrativistas, pescadores e aquicultores. E você sabe dizer o que são silvicultores, extrativistas e aquicultores? Vejamos. pg. 34 Silvicultores são os produtores que utilizam maneiras racionais para o uso das florestas ou reflo- restamentos. Extrativistas são os pequenos agricultores que atuam na coleta de produtos direto da natureza de maneira sustentável ou ainda cultivam respeitando o ambiente em que vivem as culturas que querem extrair. São exemplos os produtores de açaí, castanha-do-pará, entre outros. Aquicultores são os produtores que produzem organismos vivos aquáticos, tanto animais quanto plantas. São exemplos de atividades do aquicultor: produção de mariscos e peixes. É na agricultura familiar que se concentra a produção da maioria dos alimentos da mesa do bra- sileiro. São exemplos de produção: feijão, arroz,mandioca, café, trigo, leite, ovos, carne bovina, ovinos, caprinos, frangos, olerícolas e frutíferas. A gestão da propriedade é realizada pela família e a principal fonte de renda é proveniente de atividades agropecuárias. Agora, vamos conhecer os principais artigos e parágrafos da Lei nº 11.326/2006. Diz o papel... Art. 1º Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destina- dos à formulação das políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Art. 2º A formulação, gestão e execução da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais serão articuladas, em todas as fases de sua formulação e implementação, com a política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a reforma agrária. Legislação para a agricultura familiar A Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006 tem os conceitos e princípios que determinam se um produtor é ou não pertencente ao grupo da agricultura familiar. Esta lei continua vigen- te, apenas com alterações pontuais. Você pode saber mais sobre esta Lei no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm Fonte: Shutterstock http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm pg. 35 Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreen- dedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes quatro requisitos: Módulos fiscais I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fis- cais; Mão de obra II – utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; Origem da renda familiar III – tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades eco- nômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011); Direção IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. Ao estudar o art. 3º, Amanda compreendeu por que não se enquadra dentro das regras da agricultura familiar. Pelo art. 3º, ela não atende o requisito III, já que empreende na cidade e sua renda bruta anual tem mais de 50% da receita obtida do seu laboratório de solos. E Mário finalmente entendeu por que, mesmo trabalhando em família, não é considerado no en- quadramento da agricultura familiar: sua propriedade possui 5 (cinco) módulos fiscais! Diz o papel... Mas a lei não trata apenas desses aspectos, veja só o que ela ainda diz: § 1º O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, des- de que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais. § 2º São também beneficiários desta Lei: pg. 36 Silvicultores I – silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes; Aquicultores II – aquicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com su- perfície total de até 2 ha (dois hectares) ou ocupem até 500 m³ (quinhen- tos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques- -rede; Extrativistas III – extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade arte- sanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores; Pescadores IV – pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pes- queira artesanalmente; Povos indígenas V – povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previs- tos nos incisos II, III e IV do caput do art. 3º; (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011); Quilombolas rurais e demais povos e comunidades tradicionais VI – integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e de- mais povos e comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e IV do caput do art. 3º. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011). Ao conversar com Moisés sobre a lei, Amanda viu o primo se empolgar com a ideia de produzir tilápias, já que possui boas fontes de água na sua propriedade e a aquicultura é uma das ativida- des que também pode ser enquadrada como agricultura familiar. Então, vamos continuar a entender a Lei nº 11.326/2006, finalizando o art. 3º e conhecendo os arts. 4º e 5º. pg. 37 Diz o papel... Lei nº 11.326/2006 – continuação do artigo 3º e artigos 4º e 5º § 3º O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e condições adicionais de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito destinadas aos agricultores familiares, de forma a contemplar as especificidades dos seus diferentes segmentos. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009) § 4º Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e associações que atendam a percentuais mínimos de agricultores familiares em seu quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima benefi- ciada, processada ou comercializada oriunda desses agricultores, conforme disposto pelo CMN. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009). Art. 4º A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais observará, dentre outros, os seguintes princípios: I – descentralização; II – sustentabilidade ambiental, social e econômica; III – equidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de gêne- ro, geração e etnia; IV – participação dos agricultores familiares na formulação e implementa- ção da política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familia- res rurais. Art. 5º Para atingir seus objetivos, a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais promoverá o planejamento e a execu- ção das ações, de forma a compatibilizar as 12 seguintes áreas: I – crédito e fundo de aval; II – infraestrutura e serviços; III – assistência técnica e extensão rural; IV – pesquisa; V – comercialização; pg. 38 VI – seguro; VII – habitação; VIII – legislação sanitária, previdenciária, comercial e tributária; IX – cooperativismo e associativismo; X – educação, capacitação e profissionalização; XI – negócios e serviços rurais não agrícolas; XII – agroindustrialização. Agora que você conheceu os diversos artigos da lei, percebeu que é preciso analisar caso a caso, não é mesmo? Então, vamos voltar à comunidade Guarani e conhecer algumas situações. Olha o causo “Seu” Bruno e seus netos Diante desta Lei, “seu” Bruno ficou pensativo... Perguntou aos amigos se os seus netos poderiam no futuro, quando herdarem a propriedade, se en- caixar como agricultores familiares, visto que suas áreas divididas seriam menores que 4 módulos. Estudando os requisitos com seus amigos, “seu” Bruno constatou que seus netos não se encaixariam, pois sua receita bruta anual estimada, se conside- rar a média dos últimos anos, ainda seria superior a R$ 415.000,00, o que os encaixariam no máximo como médio produtores, ficando amparados pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) – Programa este que veremos mais à frente. pg. 39 Outras conclusões dos amigos sobre módulos fiscais Os amigos fizeram ainda outras comparações sobre a diferença do tama- nho de módulos fiscais para cada município... Por exemplo, eles têm um módulo de 30 hectares, igual a Rio Verde, en- quanto Goiânia tem módulo de7 ha e Campos Belos 80 ha. Analisando rapidamente, chegaram à conclusão de que um produtor rural de grãos em Campos Belos teria dificuldades de se encaixar como agricultor familiar para acesso ao crédito, mesmo se tivesse apenas 1 módulofiscal. Isso por- que, com toda essa área produtiva, sem dúvidas teria receita bruta anual acima dos valores máximos de enquadramento para o Pronaf. Porteira afora Você pode ter mais informações sobre a agricultura familiar no site oficial do governo: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/agricultu- ra-familiar-1 Até aqui, você compreendeu quem pode ser enquadrado como agricultor familiar! Agora é mo- mento de conhecer o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com mais detalhes. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/agricultura-familiar-1 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/agricultura-familiar-1 pg. 40 Aula 2 Programa Nacional de For- talecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é um programa federal que surgiu em 1995, com o objetivo de valorizar a agricultura familiar e auxiliar na melhoria de renda. Antes do Pronaf só existiam programas regionais que não ofereciam o devido amparo a atividade desempenhada pelos pequenos agricultores. A criação do Pronaf inaugura uma nova era para a agricultura familiar, com uma Política Pública Nacional que garante acesso ao crédito para investimento, custeio e industrialização em diferen- tes linhas oferecidas, que estudaremos mais à frente. Fonte: Gettyimages pg. 41 Fonte: Gettyimages Nas últimas décadas, o Pronaf também foi “fortalecido”, recebendo a cada ano valores maiores para atender de maneira satisfatória o grande número de peque- nos produtores que existem no país. Em 2020, a receita bruta anual atendida pelo Pronaf foi de até R$ 415.000,00. Lembre-se sempre de buscar as informa- ções para o ano vigente. Olha o causo É o caso do nosso amigo Moisés Para o direito ao crédito rural, Móisés é considerado Pequeno Produtor porque sua receita bruta anual gera um valor de R$ 300.000,00. Isso o deixa amparado pelo Pronaf. Mas você sabia que é necessário apresentar um documento chamado Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) para ter acesso aos benefícios do programa? Vamos entender melhor o que é esse documento. Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) A Declaração de Aptidão ao Pronaf é o primeiro passo para acessar o crédito rural destinado ao Pronaf, e sua emissão é gratuita. A DAP identifica as Unidades Familiares de Produção Agrária (UFPAs) da agricultura familiar organizadas como pessoas físicas ou pessoas jurídicas (empresas rurais). Note, então, que uma UFPA é o conjunto de pessoas que trabalham na mesma unidade pro- dutiva (por exemplo, marido, esposa e filhos) que vivem de uma determinada área. Ela também identifica as UFPAs que estejam organizadas em pessoas jurídicas. pg. 42 A DAP funciona como uma “identidade”, pois tem dados pes- soais dos proprietários da terra, territoriais e produtivos do imóvel rural e da renda da família. Fonte: Shutterstock Os pescadores artesanais, aquicultores, maricultores, silvicultores, extrativistas, quilombolas, indígenas, assentados da reforma agrária e beneficiários do Pro- grama Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) também têm direito à emissão da DAP, desde que se encaixem nas regras. A Unidade Familiar de Produção Agrária (UFPA) será identificada por uma única DAP principal, que será categorizada em um grupo: “A” (ou “A/C”), “B” e “V”. Cada grupo tem regras específicas para taxas de juros, prazos, carências e subsídios. Agora, vamos conhecer os critérios para emissão da DAP e a documentação necessária para solicitar este documento. Critérios para emissão da DAP A emissão será vinculada ao município do estabelecimento da UFPA A área do estabelecimento deve ser de até quatro módulos fiscais A atividade agrária deve ser desenvolvida em ambiente rural ou urbano A gestão do estabelecimento deve ser estritamente familiar A renda proveniente da exploração do estabelecimento deve ser igual ou superior àquela obtida fora do estabelecimento Ao menos metade da força de trabalho do processo produtivo da UFPA deve ser com- posta por trabalhadores da família. pg. 43 Documentos para solicitar a DAP Carteira de identidade (RG) e CPF; Documentos do (a) cônjuge: RG e CPF (caso a pessoa seja casada ou em união está- vel). Um documento que comprove o uso da terra (pode ser matrícula ou contrato de arren- damento, ou comodato, por exemplo). Mais documentos a serem indicados pelo parceiro que irá emitir a DAP. Olha o causo Por que Amanda não conseguiu a DAP? Na cidade de Amanda, o módulo fiscal é de 30 ha, e ela possui 31 ha, o que a torna uma pequena produtora. A sua receita bruta anual, mesmo enquadrada dentro dos limites do Pronaf (de R$ 415.000,00), é composta por R$ 180.000,00 de atividade agrícola e R$ 225.000,00 do laboratório, ou seja, tem mais de 50% do valor gerado por atividade não agrícola. Por isso, Amanda não conseguiu a emissão da DAP. Quando precisa de crédi- to rural, paga as mesmas taxas de juros de livre mercado, não ficando ampa- rada por subsídios. Agora que já entendemos o que é DAP, os critérios e os documentos estabelecidos para conse- guir este documento, fica uma pergunta que frequentemente é feita… Quem devo procurar para emitir a DAP para me tornar beneficiário? pg. 44 Veja as entidades aptas a emitir a DAP: - Os Sindicatos e Associações de Trabalhadores da Agricul- tura Familiar ou Sindicatos Rurais. - Os escritórios das Entidades Estaduais de Assistência Téc- nica e Extensão, como a Emater. - Associações e colônias de pescadores artesanais e aquicul- tores (para seu público específico). - Escritórios regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Bem, existem diversas formas de solicitar, dependendo da cidade onde fique a propriedade. Até aqui, exploramos a legislação específica da agricultura familiar e compreendemos a finalida- de do Pronaf e seus critérios de participação. Também vimos o que é a DAP, as suas regras, os documentos a serem entregues para sua solicitação e quais são as instituições aptas a emiti-la. Agora, já estamos prontos para seguir e aprender sobre o crédito rural. Vamos lá! Fonte: Gettyimages pg. 45 Aula 3 Crédito Rural Olha o causo “Seu” Bruno, Mário e Moisés e o Crédito Rural “Seu” Bruno usa o crédito rural há mais de 30 anos. Acostumado a fazer seus custeios agrícolas em sua agência de relacionamento de um famoso banco público, já realizou algumas operações de investimento, mas agora quer saber mais sobre comercialização! Mário também costuma fazer o custeio agrícola de sua área. Moisés, por enquanto, fez alguns projetos técnicos de investimentos para cor- rigir o solo e contrata custeio agrícola, no mesmo banco onde Mário e Bruno fazem os seus. Os bancos seguem a orientação dada pelo Manual de Crédito Rural (MCR), disponibilizado e atualizado pelo Banco Central do Brasil (BACEN). No manual estão todas as informações e os conceitos necessários para entender como funciona o direito ao acesso ao crédito rural. Entre os vários beneficiários do crédito rural estão os produtores rurais como pessoa física e jurí- dica e as cooperativas de produtores rurais. Para um produtor rural passar de pessoa física para pessoa jurídica, a propriedade precisa ser transformada formalmente em empresa. Para ter acesso ao crédito rural, você precisará apresentar um projeto técnico que indique de que maneira esses recursos serão utilizados. Veja quem pode dar assistência e orientação técni- ca ao nível de imóvel ou empresa: • Empresas de Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão, como a Emater. • Empresas privadas. • Profissionais devidamente registrados no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), Conselho Federal ou Regional dos Técnicos Agrícolas, Conselho Regio- nal de Medicina Veterinária (CRMV) ou no Conselho Regional de Biologia (CRB), mediante convênio com a instituição financeira ou com omutuário (beneficiário do crédito rural). pg. 46 Porteira afora Para aprofundar seus conhecimentos e se informar sobre todos os benefi- ciários do crédito rural, você pode visitar a página do BACEN e buscar pelo Manual de Crédito Rural vigente. Para sua consulta, deixamos aqui o Manual de Crédito Rural de 2020. Tipos de crédito rural Você sabia que existem diferentes tipos de crédito rural? Sim! Existe crédito rural para custeio, para investimento e para comercia- lização! Vamos entender melhor cada tipo de crédito rural. Vamos começar conversando sobre o crédito de custeio. Custeios são todos os custos com Fonte: Shutterstock insumos para produzir culturas. No crédito de custeio rural, é possível financiar a aquisição des- ses itens, seja para uso agrícola, seja para uso pecuário. É possível custear com o crédito rural para uso agrícola: Insumos de custeio agrícola: • fertilizantes de base e de cobertura, • sementes, • fungicidas, • herbicidas, • inseticidas. Serviços de custeio agrícola: • gradagem (quando não for plan- tio direto), • plantio, • pulverização, • transporte interno, • colheita. https://www3.bcb.gov.br/mcr/completo pg. 47 O custeio agrícola se refere às despesas de produção de lavouras temporárias (como soja e milho); entressafras de lavouras permanentes (como café), ou da extração de produtos vegetais espontâneos ou cultivados (como castanhas). Agora, vamos conversar sobre o custeio pecuário. O custeio pecuário é para: • insumos para manter a pastagem; • comprar complementos de alimentação, como silagem; • adquirir animais para recria e engorda; • atividades de produção da apicultura, avicultura, piscicultura, sericicultura e aquicultura. Fonte: Gettyimages Uma observação importante: em cada ano agrícola, o bene- ficiário poderá utilizar um valor total de recursos controlados pelo Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) e o teto des- se valor é a soma de todas as instituições onde o produtor realiza operações de custeio. pg. 48 Opa, ficou complicado? Isso quer dizer que há um limite de crédito total para cada ano agrícola, independentemente de onde você adquiriu o crédito rural. Olha o causo Vamos ver um exemplo: o caso do “seu” Bruno. Ele pode financiar o custeio de Soja e Milho Safrinha no Banco do Brasil e fazer um custeio pecuário no Sicredi, SE suas operações durante o ano não ultrapassarem o teto (que em 2020 = R$ 3.000.000,00). Importante: os créditos de custeio agrícola ou pecuário devem ser formalizados apenas com base em orçamento, plano ou projeto, ou seja, você precisará apresentar algum desses docu- mentos no banco para seu crédito ser analisado e aprovado. Agora, falaremos sobre o crédito rural para investimento. Mas e se o “seu” Bruno precisar de um valor superior a este? Bem, o valor a mais que o “seu” Bruno precisa será financiado com recursos livres, sem o subsídio de encargos, com dinheiro de outras fontes, como as Le- tras de Crédito do Agronegócio (LCA). Fonte: Inconfinder Os investimentos são gastos que realiza- mos em uma propriedade com o objetivo de conseguir melhores resultados na atividade desempenhada. O crédito para investimentos permite que esses gastos sejam financiados. Esse crédito vale para investimentos fixos, semifixos em bens e serviços da atividade agropecuária. pg. 49 Conforme o caso, podemos solicitar recursos para custeio, no mesmo projeto, com vencimento em menor prazo (consignação). Então, afinal, para que é o crédito para investimento? Simples! É para melhorar a propriedade. Com este crédito, você pode utilizar em investimentos fixos como... Construir, reformar, ampliar barracões, salas de ordenha, benfeitorias e instalações permanentes; Instalar sistemas de irrigação e açudagem; Realizar drenagem; Florestar ou reflorestar áreas; Destocar. Você pode utilizar em outros tipos de investimentos fixos como... pg. 50 Formar lavouras permanentes, formar ou recuperar pastagens; Eletrificar propriedade rural que ainda não tem acesso à rede elétrica e colocar telefonia; Comprar máquinas agrícolas (tratores, caminhões, colhedoras, camionetes utilitárias) e equipamentos de provável duração superior a 5 (cinco) anos; Proteger, corrigir e recuperar solo, com aquisição, transporte e aplicação dos insumos para estas finalidades. E o que são investimentos semifixos no crédito rural? São investimentos semifixos: • comprar animais para reprodução ou cria; • instalar máquinas e equipamentos de provável duração não superior a 5 (cinco) anos; • comprar veículos, tratores, colheitadeiras, implementos, embarcações e aeronaves, e equi- pamentos para medição de lavouras. Agora, vamos conversar sobre o Crédito Rural para Comercialização. O Crédito Rural para Comercialização é um crédito oferecido aos produtores rurais ou às suas cooperativas para comercializarem seus produtos. O crédito de comercialização compreende: pg. 51 • Pré-comercialização; • Financiamento Especial para Estocagem de Produtos Agropecuários (FEE); • Desconto de Duplicata Rural (DR) e de Nota Promissória Rural (NPR); • Financiamento de proteção de preços e/ou prêmios de risco de equalização de preços; • Empréstimos a cooperativas para adian- tamentos a associados, por produtos en- tregues para venda, observados os preços de comercialização; • Financiamento para garantia de preços ao produtor (FGPP). Olha o causo Vejamos o exemplo dos familiares do “seu” Bruno, produtores de trigo. Eles comercializam suas produções por cooperativas parceiras. Como a cultura tem variações de preço que poderia prejudicar o triticultor, as coo- perativas fazem financiamentos para garantir preços ao produtor (FGPP). Isso permite as cooperativas adquirirem o trigo dos produtores por valor nunca inferior ao determinado pela Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM). A cooperativa armazena este trigo e espera um momento melhor no mer- cado para vender o trigo que adquiriu. Além do FGPP, uma outra forma importante de crédito de comercialização é a Cédula de Produ- to Rural (CPR). Ela permite ao produtor a antecipação de crédito rural, representando a promes- sa de entrega futura de um produto agropecuário. Os bancos adquirem a CPR entregando recursos financeiros ao produtor ou às cooperativas. Estes se comprometem a resgatar financeiramente a cédula, ou seja, devolver o valor, no seu vencimento. pg. 52 Dependendo de quando foi contratada, a CPR vence em até 360 dias, tempo suficiente para colher e comercializar os grãos de soja. Agora que você já conhece as características dos três tipos de créditos rurais – custeio, investi- mento e comercialização –, vamos conversar sobre o Pronamp e a agricultura empresarial. Pronamp e Agricultura Empresarial Para acessar o crédito rural, o primeiro passo é enquadrar os produtores dentro do Pronaf, do Pronamp ou como agricultura empresarial. Fonte: Shutterstock Nas pesquisas, Amanda e Moisés já entenderam o que é o Pronaf e quem se enquadra no pro- grama, voltado para agricultura familiar. Mas há também outros programas importantes que enquadram nossos médios produtores: o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e a agricultura empresarial, para agricultores maiores. Olha o causo O amigo Mário se encaixa nos requisitos do Pronamp, dentro da receita e do tamanho de propriedade. Os encargos financeiros, em geral, são um pouco maiores que os praticados pelo Pronaf e um pouco menores que os da agricultura empresarial. pg. 53 100% (cem por cento) do Valor Bruto de Produ- ção (VBP). 100% (cem por cento) das demais rendas não agropecuárias. 100% (cem por cento) do valor da receita rece- bida de entidade inte- gradora e das demais rendas provenientes de atividades desenvolvidas no estabelecimento e fora dele. Pronamp O Pronamp é um programa voltado para os médios produtores rurais, então podem ser benefici- ários os proprietários rurais, posseiros, arrendatáriosou parceiros que possuam renda bruta anu- al entre R$ 415.000,00 e R$ 2.000.000,00 de reais para o ano de 2020 (lembre-se de consultar o valor para o ano vigente). Este limite considera a soma de: Olha o causo Mário, o Médio Produtor Para o direito ao crédito rural, o nosso amigo Mário é enquadrado como Médio Produtor porque sua receita bruta anual gera um valor de R$ 900.000,00, que o deixa amparado pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Por meio do Pronamp, pode-se obter financiamento para custeios, investimentos e comerciali- zação. Para o ano agrícola de 2020/2021, os limites de crédito por beneficiário do Pronamp em todo o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) foram de: 1. Custeio: R$ 1.500.000,00 de reais. 2. Investimentos: R$ 430.000,00 reais. pg. 54 Para saber os valores atualizados, consulte sempre o Plano Safra vigente. Ele é publicado em meados de junho, com iní- cio de validade a partir de 1º de julho de cada ano. Fonte: Shutterstock Lembrando que esses valores são para um ano agrícola, ou seja, é necessário dividir esses recursos para todas as ativi- dades exploradas pelo produtor ao longo do período de 1º de julho de um ano até o dia 30 de junho do ano seguinte. Pelo Manual de Crédito Rural (MCR), é possível conhecer também as especifi- cidades por cultura e as exceções com relação a prazos para pagamentos. Agricultura empresarial Embora utilize-se o termo agricultura empresarial, nesse programa se enquadram pessoas jurídicas e pessoas físicas. O produtor rural pessoa física que possui renda bruta anual com valor superior a R$ 2.000.000,00 é enquadrado como produtor empresarial, já que a forma de produ- zir adquire contornos mais profissionais, com maior utilização de tecnologia, sistemas de gestão de custos e recursos, mão de obra qualificada contratada, entre outros fatores. Olha o causo “Seu” Bruno é pequeno, médio ou grande produtor? Para o direito ao crédito rural, “seu” Bruno é enquadrado como Gran- de Produtor, porque sua receita bruta anual, ou seja, tudo aquilo que ele comercializa ao longo do ano, gera um valor superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). pg. 55 A agricultura empresarial tem limite de recursos controlados para financiamentos e utilização do crédito rural. Por exemplo, no ano de 2020, cada produtor pôde financiar até R$ 3.000.000,00 durante o ano agrícola. Se precisar de mais recursos, o produtor poderá financiar por meio de recursos não controlados, com taxas de encargos financeiros livres, geralmente maiores do que o valor subsidiado do crédito rural. Da mesma forma que o Pronaf e o Pronamp, os agricultores empresariais — popularmente co- nhecidos como “demais” — têm acesso a crédito para custeio, investimento e comercialização. Em geral, seus encargos são ligeiramente superiores aos da categoria Pronamp. Atenção! Lembre-se de salvar a apostila em seu computador! Feedback: Independentemente do programa em que você se enquadrar, lembre-se de que há políticas que irão apoiá-lo nos diferentes desafios da sua produção. Então, planeje-se e busque as oportunidades mais adequadas para o seu contexto. Dentro da porteira Você conhece dirigentes que se enquadram nesses estilos? Ou ainda: você se reconheceu em algum deles? E mais... Qual é o melhor estilo de direção? Digite sua resposta no campo de texto ao lado. Plano Safra O Plano Safra é um programa do governo federal que financia a atividade agrícola de pequenos, médios e grandes produtores bra- sileiros. Ele costuma ser divulgado pelo Minis- tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen- to (MAPA) durante o mês de junho e entra em vigor em 1º de julho de cada ano. Nele são anunciadas as taxas de encargos fi- pg. 56 nanceiros que serão utilizados durante o ano agrícola, os prazos e os valor de renda bruta anual para enquadramento no Pronaf, no Pronamp e na agricultura empresarial (demais). Os dados do Plano Safra são divulgados pelo Manual de Crédito Rural (MCR), que é atualizado periodicamente. Fica a questão: será que o Plano Safra muda tanto assim de um ano para o outro? Quando estudamos o MCR, percebemos que muitas diretrizes permanecem inalteradas, geral- mente o que muda são os valores de encargos financeiros, atualização de receita bruta anual, exigências ambientais, valores que serão disponibilizados e atualizações de programas vigentes, especialmente os voltados para investimentos. O MCR começa com uma página no diretório “00 – Índice” que trata das atualizações. Essa página é fundamental para saber quais foram as mudanças ocorridas no manual todo. Aqui entram as novas resoluções e páginas afetadas pelas alterações. Porteira afora Para consultar Planos Safra anteriores, pode-se acessar a página oficial do MAPA, disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politi- ca-agricola Exemplos de Custeio e de Investimento Até aqui, já estudamos conceitos, ideias e informações que nos ajudaram a entender as diferen- ças entre crédito de custeio, crédito investimento e de comercialização. Então, agora estamos prontos para analisar exemplos bem interessantes dos nossos amigos Mário e “seu” Bruno sobre custeio e investimento. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola pg. 57 Olha o causo Exemplo de Custeio de Mário Mário, no verão, planeja plantar soja e na sequência quer plantar milho safri- nha como sua safra de inverno. Para realizar a compra antecipada de insumos e garantir um bom preço, ele pediu ao agrônomo que lhe presta assistência para elaborar projetos que orçassem o valor de fertilizantes de base, sementes e demais insumos para produção da soja. O projeto também contempla o que Mário precisa gastar no preparo de solo (dessecação, grade, niveladora, tratamento de sementes, plantio e adubação), nos tratos culturais (adubação de cobertura e aplicação de agroquímicos – pulverizações), e na colheita. No ano de 2020, o Pronamp teve taxa de encargos financeiros de 5% ao ano, e Mário irá plantar 100 ha de soja. Seu orçamento ficou em um valor de R$ 2.200,00 por hectare, isso significa que seu projeto ficou em R$ 220.000,00. Para amparar sua lavoura contra riscos climáticos, Mário contratou o Progra- ma de Garantia Subsidiado pelo Governo – PROAGRO, cujo prêmio está em 5% para contratação no período. O prêmio é o valor pago pelo produtor para ter direito a um seguro. Sendo assim, ao contratar R$ 220.000,00, Mário irá pagar pelo PROGRO mais R$ 11.000,00 e R$ 11.000,00 de encargos pela contratação do custeio. Ao final, Mário pagará R$ 231.000,00 pelo custeio 60 dias após a colheita e terá investido R$ 11.000,00 para ter direito ao amparo ao PROAGRO, garan- tindo assim, seu sono tranquilo mesmo em condições adversas de clima, como estiagens prolongadas. pg. 58 Olha o causo Exemplo de Investimento com o nosso amigo “seu” Bruno “Seu” Bruno quer corrigir o solo de uma de suas áreas. Então, coletou amos- tras de solo e contratou Amanda para fazer uma boa análise em seu labora- tório. Quando chegou o resultado, conversou com o agrônomo que faz seus projetos de financiamentos rurais e pediu que elaborasse, com base nas análi- ses, um projeto de correção de solo, pois sua área está precisando de uma boa quantidade de calcário. Ele pediu que fosse calculado o valor necessário para corrigir 350 ha de área. O valor final do projeto ficou em R$ 550.000,00. Neste valor está incluso o insumo (calcário) e o frete do transporte da empresa vendedora até a proprie- dade. A taxa de encargos financeiros é de 6% ao ano. O projeto, feito pelo técnico, foi desenvolvido para ser pago em 5 anos, com parcelas anuais. Veja como serão os pagamentos do “seu” Bruno nos próximos cinco anos. Observe que foram pagos diferentes valores de juros porque “seu” Bruno foi quitando parte do capital todos os anos, sendo então o juros calculados ape- nas pelo valorque ele ainda ficava devendo. “Seu” Bru- no pagará no primeiro ano R$ 110.000,00 do capital mais o juro de 6% sobre o total, ou seja, mais R$ 33.000,00, totalizando R$ 143.000,00. Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 No segundo ano, novamen- te pagará R$ 110.000,00 de capital e R$ 26.400,00 de juros, porque agora o valor dos juros é calculado sobre dois anos, totalizando R$ 136.400,00. No quarto ano pagará R$ 110.000,00 de capital e mu- dar para: R$ 13.200,00 de juros, totalizando R$ 123.200,00. No quarto ano pagará R$ 110.000,00 de capital e R$ 13.200,00 de juros, totalizando R$ 123.200,00. No último ano pagará R$ 110.000,00 de capital e R$ 6.600,00 de ju- ros, totalizando a última parcela de R$ 116.600,00. pg. 59 Conclusão Mário, “seu” Bruno, Moisés, Amanda e nós aprendemos juntos as regras para enquadramento no Pronaf, Pronamp e Agricultura Empresarial. Percebemos a importância de conhecer a legislação vigente e aprender onde buscar estas informações. Ao entender o conceito de crédito de custeio e de investimento, vimos as facilidades que podem ser utilizadas tanto para viabilizar a produção anual quanto para investimentos de longo prazo. Estes créditos lhes permitem melhorar o solo, aumentar a eficiência produtiva com aquisição de máquinas modernas, investir em tecnologias adequadas para suas áreas e investir na aquisição de animais para produção pecuária. Além disso, nossos amigos nos ensinaram que todas as informações estão disponíveis de ma- neira pública e que podemos visitar o Manual de Crédito Rural sempre que aparecerem dúvidas sobre algo que desejamos pleitear. Agora, este é momento de rever alguns pontos importantes de estudo. Siga em frente e faça a atividade de aprendizagem. Atividade de aprendizagem Iniciaremos agora a atividade de aprendizagem deste módulo. Leia atentamente as perguntas antes de respondê-las, caso precise volte no texto e reveja o conteúdo. Fonte: Gettyimages pg. 60 Para saber se suas respostas estão certas, acesse o ambiente virtual e envie suas respostas obrigatoriamente por lá, assim, você terá os feedbacks e gabaritos correspondentes a essas questões. Você terá duas tentativas, sendo que o próximo módulo só será liberado após a conclusão dessa atividade dentro do ambiente virtual. 1. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é um programa federal com o propósito de valorizar a agricultura familiar e auxiliar na melhoria de renda. Sobre os critérios para o produtor ser beneficiado pelo Pronaf, uma das regras é que sua propriedade não ultrapasse quantos módulos fiscais? a. dois módulos fiscais b. três módulos fiscais c. quatro módulos fiscais d. cinco módulos fiscais e. seis módulos fiscais pg. 61 2. O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) ampara nossos médios produtores. Segundo suas regras, para ser enquadrado no programa um produtor pode ter como receita bruta, somando todas as fontes de renda, no máximo qual valor? a. R$ 1.500.000,00 b. R$ 430.000,00 c. R$ 800.000,00 d. R$ 3.000.0000,00 e. R$ 2.000.000,00 3. O Plano Safra é um programa federal que oferece recursos financeiros para atividades agrí- colas de pequenos, médios e grandes produtores brasileiros. O ano agrícola que contempla o período de vigência do Plano Safra corresponde ao período: a. 1º de janeiro até 31 de dezembro de cada ano. b. 1º de abril até 31 de março de cada ano. c. 1º de junho até 31 de maio de cada ano. d. 1º de julho até 30 de junho de cada ano. e. 1º de agosto até 31 de julho de cada ano. Continua com alguma dúvida? Valerá muito retomar os conteúdos que a atividade de aprendi- zagem mostrou que você precisa fixar melhor. Depois disso, nos encontraremos no Módulo 3 – Políticas que fortalecem o agro. Vamos nessa? pg. 62 Fonte: Gettyimages Módulo 3 Políticas que fortalecem o agro Este é o momento de conhecer as políticas que fortalecem o agro! Aceita o convite para estudar esse tema? Vamos nessa! Lembra-se dos amigos da comunidade Guarani? Pois é, até aqui, os primos Moisés e Amanda nos ajudaram a aprender sobre o crédito rural, o Pronaf, o Pronamp e a agricultura empresarial. Agora, eles conversam com o “seu” Bruno porque querem informações sobre a gestão de riscos, pois se acostumaram a ouvir sobre o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROA- GRO) e o Seguro Rural, e achavam que eram a mesma coisa. E você? Acha que PROAGRO e Seguro Rural são a mesma coisa? pg. 63 Veremos isso no decorrer do nosso estudo, mas já de início uma notícia: podemos dizer que o Seguro Rural, o PROAGRO e a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são exemplos de ações de política agrícola que têm forte influência na vida do produtor rural. Então, após estudo deste Módulo 3, você analisará o que é política de gestão de riscos e como ela funciona; diferenciará o Seguro Rural do PROAGRO; conhecerá a Política de Garantia de Pre- ços Mínimos, e reconhecerá a importância da atuação da Embrapa na participação da elaboração de políticas públicas. Siga adiante! Fonte: Gettyimages Aula 1 Gestão de riscos Você, sem dúvida, sabe que as atividades agropecuárias envolvem riscos que podem atrapalhar a produção, não é mesmo? Pode ser um período de estiagem ou uma praga, por exemplo. Mas você sabia que é possível se preparar para esses riscos? Isso é a chamada gestão de riscos, e existem políticas para apoiar nessa ação. Moisés e Amanda queriam mais informações sobre isso e procuraram em fontes oficiais. Desco- briram que, quando realizamos a atividade agropecuária, podemos encontrar três tipos de riscos: biológicos, climáticos e de mercado. Vamos conhecer cada um deles. pg. 64 1 2 3 Riscos de mercado São exemplos de riscos de mercado oscilação de preço causada pelo excesso de oferta ou baixa demanda do produto nos mercados nacional e internacional. São exemplos de riscos biológicos ataque de pragas, doenças e infestação de plantas invasoras resistentes. São exemplos de riscos climáticos estiagem prolongada, granizo, chuva em excesso, variação extrema de temperatura, entre outros Para manter os riscos em níveis aceitáveis, foram criados programas para auxiliar a manutenção das atividades, mesmo que o produtor tenha algum fator de risco atuando na propriedade, como a possibilidade de uma estiagem prolongada, por exemplo. Então, vamos conhecer o Seguro Rural e o PROAGRO. O que é o Seguro Rural O Seguro Rural teve início na década de 1950. As tentativas de emplacar uma contratação de seguro sempre esbarraram na viabilidade econômica para as seguradoras e no alto preço de prêmio pago pelo produtor. Esse prêmio é o valor pago pelo produtor rural (chamado de segura- do) para contratar o seguro. Foi apenas a partir da regulamentação, pela Lei nº 10.823, de 2003, que o processo de contrata- ção cresceu, sendo incentivado ano a ano. Essa lei trata da subvenção econômica ao prêmio do Seguro Rural e dá outras providências, ordena e organiza o funcionamento do Seguro Rural no Brasil. A partir dela, a melhoria dos tipos de seguro ofertados também os tornou mais atrativos e gerando novos adeptos a cada ano. Riscos biológicos Riscos climáticos pg. 65 Fonte: Shutterstock O Seguro Rural é um instrumento de política agrícola muito importante para o produtor rural. É um seguro de vida dos produtores e também cobre atividades pecuárias, aquícolas e florestais, o patri- mônio do produtor e os produtos, e lida com crédito para a comercialização dos produtos. O seguro de vida tem vigência durante a operação de crédito rural e garante a quitação da operação se o produtor falecer, não deixando a dívida para os herdeiros. O governo mantém o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), criado para oferecer incentivo à contratação de seguros para reduzir os riscos a níveis aceitáveis. Essa sub- venção varia de acordo com cada cultura e é atualizada periodicamente.
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