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Indaial – 2020 ExamEs Contrastados E radiologia intErvEnCionista Prof.ª Stéfany Londero 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.ª Stéfany Londero Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: L847e Londero, Stéfany Exames contrastados e radiologia intervencionista. / Stéfany Londero. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 193 p.; il. ISBN 978-65-5663-207-0 ISBN Digital 978-65-5663-208-7 1. Radiologia. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 616.0757 aprEsEntação Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao estudo dos exames contrastados e suas peculiaridades, bem como aos estudos da radiologia intervencionista. Nesta primeira unidade de estudos, você terá o histórico do surgimento desse segmento da radiologia e seus precursores. Estudará também os tipos e meios de contraste e as possíveis reações que eles podem causar. Na Unidade 2, você terá a apresentação de como acontecem esses exames e de que forma eles serão executados. Já na Unidade 3, você terá a abordagem da radiologia intervencionista, incluindo uma revisão da anatomia cardíaca e sua aplicabilidade nos exames em questão. Com isso, convido você a conhecer este mundo de contrastes, intervenções e diferentes formas de diagnóstico. Boa leitura e bons estudos! Prof.ª Stéfany Londero Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA ............................................................................................. 1 TÓPICO 1 — DESVENDANDO A RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA .............................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA ......................................................................................... 3 RESUMO DO TÓPICO 1....................................................................................................................... 5 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 6 TÓPICO 2 — O QUE SÃO EXAMES CONTRASTADOS .............................................................. 7 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 7 2 DESVENDANDO OS EXAMES CONSTRATADOS....................................................................7 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 11 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12 TÓPICO 3 — MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE ........................ 13 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 13 2 TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE ............................................................................................... 13 2.1 CONTRASTE BARITADO ........................................................................................................... 15 2.2 CUIDADOS COM O CONTRASTE BARITADO ..................................................................... 16 2.3 CONTRASTES IODADOS ........................................................................................................... 16 3 OUTROS MEIOS DE CONTRASTE .............................................................................................. 21 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23 TÓPICO 4 — MEIOS DE CONTRASTE: REAÇÕES ALÉRGICAS E ADVERSAS................. 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25 2 REAÇÕES ADVERSAS À ADMINISTRAÇÃO DE MEIOS DE CONTRASTE .................. 25 2.1 REAÇÕES ADVERSAS ................................................................................................................ 27 2.2 REAÇÕES ALÉRGICAS AOS CONTRASTES IODADOS ...................................................... 28 2.3 PREVENÇÃO A REAÇÕES ALÉRGICAS ................................................................................ 28 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 32 TÓPICO 5 — EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS ..................................................................... 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................35 2 EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS E EXAMES CONTRASTADOS ................................ 35 RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 38 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 39 TÓPICO 6 — RADIOPROTEÇÃO .................................................................................................... 41 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 41 2 EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E DO PACIENTE EM EXAMES CONTRASTADOS ......... 41 RESUMO DO TÓPICO 6..................................................................................................................... 45 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 46 TÓPICO 7 — REVISÃO DE ANATOMIA: SISTEMA DIGESTÓRIO E SISTEMA URINÁRIO ................................................................................................ 47 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47 2 SISTEMA DIGESTÓRIO ................................................................................................................. 47 3 SISTEMA URINÁRIO ...................................................................................................................... 56 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 63 RESUMO DO TÓPICO 7..................................................................................................................... 64 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 65 UNIDADE 2 — EXAMES CONTRASTADOS ................................................................................ 67 TÓPICO 1 — ESTUDOS RADIOLÓGICOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO ........................... 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 BASE RADIOLÓGICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO .............................................................. 69 2.1 ESOFAGOGRAMA / ESOFAGOGRAFIA ................................................................................. 70 2.2 SERIOGRAFIA ESÔFAGO – ESTÔMAGO E DUODENO ..................................................... 71 2.3 TRÂNSITO INTESTINAL ........................................................................................................... 73 2.4 ENEMA OPACO ........................................................................................................................... 75 2.5 DEFECOGRAMA.......................................................................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 82 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 83 TÓPICO 2 —ESTUDO RADIOLÓGICO DO TRATO BILIAR ................................................... 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85 2 ESTUDO RADIOLÓGICO DO TRATO BILIAR E DUCTOS ASSOCIADOS ..................... 85 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 87 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 88 TÓPICO 3 —ESTUDOS RADIOLÓGICOS DO SISTEMA URINÁRIO .................................. 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 ESTUDO RADIOLÓGICO DO SISTEMA URINÁRIO ............................................................ 89 2.1 UROGRAFIA EXCRETORA ........................................................................................................ 90 2.2 URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL E RETRÓGRADA ................................................... 92 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 97 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 98 TÓPICO 4 —ESTUDO RADIOLÓGICO DO ÚTERO E TUBAS UTERINAS ......................... 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 HISTEROSSALPINGOGRAFIA .................................................................................................... 99 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 106 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 107 TÓPICO 5 —ESTUDO RADIOLÓGICO DAS GLÂNDULAS SALIVARES E SEUS DUCTOS ........................................................................................................ 109 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109 2 SIALOGRAFIA ................................................................................................................................ 109 RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 115 TÓPICO 6 —ESTUDO RADIOLÓGICO DO CANAL LACRIMAL ........................................ 117 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 117 2 DACRIOCISTOGRAFIA ............................................................................................................... 117 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 122 RESUMO DO TÓPICO 6................................................................................................................... 123 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 124 UNIDADE 3 — RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA ............................................................ 125 TÓPICO 1 — ANATOMIA CARDÍACA ........................................................................................ 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127 2 CONHECENDO A ANATOMIA CARDÍACA .......................................................................... 127 2.1 ASPECTOS GERAIS DO CORAÇÃO ...................................................................................... 128 2.2 LIMITES DO CORAÇÃO .......................................................................................................... 128 3 ANATOMIA EXTERNA DO CORAÇÃO ................................................................................... 131 4 CAMADAS DO CORAÇÃO .........................................................................................................132 4.1 ENDOCÁRDIO ........................................................................................................................... 133 4.1.1 Camada Subendocárdica .................................................................................................. 133 4.2 MIOCÁRDIO ............................................................................................................................... 134 4.2.1 Camada Subepicárdica ..................................................................................................... 134 4.3 PERICÁRDIO .............................................................................................................................. 134 5 FACES E MARGENS ....................................................................................................................... 135 6 CAVIDADES DO CORAÇÃO ...................................................................................................... 138 7 VÁLVULAS DO CORAÇÃO ......................................................................................................... 140 7.1 VÁLVULA TRICÚSPIDE ........................................................................................................... 141 7.2 VALVA MITRAL ......................................................................................................................... 142 7.3 VALVA PULMONAR ................................................................................................................. 142 7.4 VALVA AÓRTICA ....................................................................................................................... 142 8 VASOS SANGUÍNEOS .................................................................................................................. 144 8.1 SISTEMA CIRCULATÓRIO OU CARDIOVASCULAR ........................................................ 144 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 150 TÓPICO 2 —PROCEDIMENTOS ANGIOGRÁFICOS .............................................................. 159 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159 2 CONHECENDO OS PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS..................................... 159 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 164 TÓPICO 3 —ARCO EM C ................................................................................................................. 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 PROCEDIMENTOS EM ARCO EM C ......................................................................................... 165 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 168 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169 TÓPICO 4 —CENTRO CIRÚRGICO ............................................................................................. 171 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 171 2 RECONHECENDO O CENTRO CIRÚRGICO ........................................................................ 171 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 174 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 175 TÓPICO 5 —HEMODINÂMICA .................................................................................................... 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 177 2 RECONHECENDO O AMBIENTE DA HEMODINÂMICA .................................................. 177 RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 179 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 180 TÓPICO 6 — INDICAÇÕES E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS ..................... 181 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181 2 ANGIOGRAFIA CEREBRAL ........................................................................................................ 181 3 ANGIOGRAFIA TORÁCICA ...................................................................................................... 182 4 ANGIOCARDOGRAFIA ............................................................................................................... 182 5 ANGIOGRAFIA ABDOMINAL ................................................................................................... 182 6 LINFOGRAFIAS ............................................................................................................................. 182 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 184 RESUMO DO TÓPICO 6................................................................................................................... 185 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 186 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 187 1 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • descrever os procedimentos que fazem parte da radiologia intervencionista; • aprender sobre a aplicação dos exames intervencionistas; • conhecer a anatomia que será estudada nos diversos exames intervencionistas; • aprender a realizar os exames intervencionistas; • entender a história dessa modalidade da radiologia; • expor fatores de biossegurança em radiologia intervencionista. Esta unidade está dividida em sete tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DESVENDANDO A RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA TÓPICO 2 – O QUE SÃO EXAMES CONTRASTADOS TÓPICO 3 – MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE TÓPICO 4 – MEIOS DE CONTRASTE: REAÇÕES ALÉRGICA E ADVERSAS TÓPICO 5 – EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS TÓPICO 6 – RADIOPROTEÇÃO TÓPICO 7 – REVISÃO DE ANATOMIA: SISTEMA DIGESTÓRIO E SISTEMA URINÁRIO 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 DESVENDANDO A RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA 1 INTRODUÇÃO Define-se Radiologia Intervencionista (RI) como os procedimentos que compreendem intervenções diagnósticas e terapêuticas guiadas por acesso percutâneo ou outros, normalmente realizados com anestesia local e/ou sedação, usando a imagem fluoroscópica para localizar a lesão ou local de tratamento, monitorar o procedimento, e controlar e documentar a terapia. Meios de contraste são utilizadospara a visualização de órgãos ou tecidos radiotransparentes na tela de um monitor, indispensáveis à realização dos exames das mais diversas naturezas. Algumas das vantagens da RI são a possibilidade de realização de procedimentos complexos com cortes cirúrgicos de pequena extensão, a diminuição da probabilidade de infecções, o rápido restabelecimento do paciente, a redução do tempo de internação e a diminuição dos custos hospitalares, tratando-se de uma técnica minimamente invasiva, segura e altamente eficaz. 2 RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Prezado acadêmico, vamos conhecer um pouco dessa área da Radiologia! A radiologia intervencionista engloba, desde os exames mais simples contrastados, como as seriografias e urografias, até os mais complexos exames e procedimentos de cateterismo. Os equipamentos, que são utilizados de forma dinâmica, auxiliam nas aquisições de imagens em movimento, destoando das imagens estáticas adquiridas nas radiografias simples. Nesta disciplina, não nos aprofundaremos nos exames de imagem dos tomógrafos e ressonadores. A tomografia computadorizada, que também pode adquirir imagens com o auxílio da utilização de contraste a base de iodo, e a ressonância magnética, que utiliza contraste à base de gadolínio na sua execução, serão matéria para outros livros. UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA 4 O marco reconhecido pelo IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria), 1960, marca o início dos estudos da radiologia intervencionista, quando Charles Dotter fez a primeira cirurgia angiológica na artéria femoral de um idoso de 82 anos. A utilização de meios de contraste para diferenciação tecidual foi iniciada bem antes, um ano após a descoberta dos raios X por Wilhelm Roentgen, em 1895, quando o físico alemão expôs a mão esquerda de sua esposa por 15 minutos para a obtenção da primeira radiografia da história. Por definição da Comissão Internacional de Radioproteção (ICRP, 2000), os procedimentos da radiologia intervencionista são: Procedimentos que compreendem intervenções diagnósticas e terapêuticas guiadas por acesso percutâneo ou outros, normalmente realizadas sob anestesia local e/ou sedação, usando a imagem fluoroscópica para localizar a lesão ou local de tratamento, monitorar o procedimento e controlar e documentar a terapia (ICRP, 2000, p. 78). A Radiologia Intervencionista (RI) vale-se da utilização de um meio de contraste, introduzido no organismo de forma minimamente invasiva ou menos invasiva que um procedimento cirúrgico. Essa capacidade reduz: os riscos de infecções, o tempo de recuperação de pacientes, o período de internação de paciente e os custos hospitalares. Sendo assim, é um método altamente eficaz, seguro e pouco invasivo. Em contrapartida a esses benefícios, é uma das especialidades que mais oferece altas doses de radiação aos profissionais e pacientes (DA SILVA, 2004). Em alguns casos, o tempo de exposição à radiação ionizante pode ser longo e causar algumas complicações, como lesões radio-induzidas severas. Nesses procedimentos, nem sempre há possibilidade de utilização de colimadores ou filtros para barrar a radiação secundária. Portanto, a preocupação com a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é de fundamental importância. Exames inseridos na Radiologia Intervencionista são considerados procedimentos invasivos e, muitas vezes, exigem saberes práticos referentes às diferentes vias de administração de um meio de contraste, assim como o conhecimento de suas reações adversas. IMPORTANT E 5 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • A realização de exames contrastados ainda desperta muitas dúvidas – e não apenas entre os pacientes, mas também nos profissionais de saúde. Isso acontece em razão da existência de vários meios de contraste, cada um com suas indicações e riscos. • É inegável a importância dos exames contrastados para um diagnóstico de qualidade usando métodos de imagem por meio de radiação ionizante. • Meios de contraste diferem em sua natureza química, o que acaba acarretando a possibilidade ou não de reações alérgicas aos pacientes considerados de risco. 6 1 Quais exames não fazem parte da radiologia intervencionista? a) ( ) Seriografia. b) ( ) Urografia. c) ( ) Mamografia. d) ( ) Cateterismo. 2 Qual é considerado o marco inicial para os estudos em radiologia intervencionista? a) ( ) Cirurgia de joelho com contraste. b) ( ) Tomografia computadorizada. c) ( ) Seriografia do esôfago. d) ( ) Cirurgia angiológica na artéria femoral. 3 A radiologia intervencionista consiste em: a) ( ) Utilizar um meio de contraste, introduzido no organismo de forma minimamente invasiva ou menos invasiva que um procedimento cirúrgico. b) ( ) Utilizar um meio de contraste, introduzida no organismo em um procedimento cirúrgico invasivo. c) ( ) Visualizar diferenças anatômicas sem o auxílio de um meio de contraste. d) ( ) Fazer procedimentos cirúrgicos para visualizar estruturas anatômicas de mesma densidade em radiografia contrastadas. AUTOATIVIDADE 7 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 O QUE SÃO EXAMES CONTRASTADOS 1 INTRODUÇÃO Exames contrastados são exames radiológicos que utilizam meios de contraste para realçar estruturas anatômicas não evidenciadas na imagem radiológica convencional. Todo local, seja clínica ou hospital, estabelece suas práticas e rotinas para a execução dos exames contrastados. O equipamento utilizado para a execução dos exames contrastados geralmente é a fluoroscopia. É importante compreender a abordagem em relação ao usuário, as características técnicas, assim como ter conhecimento da anatomia morfofuncional e das patologias que podem ser visualizadas por meio dos exames contrastados. Os exames contrastados serão apresentados com base nos sistemas que se encontram, em sua maioria na região abdominal. 2 DESVENDANDO OS EXAMES CONSTRATADOS Em uma breve definição, exames contrastados são exames radiológicos que se valem de um meio de contraste para evidenciar anatomias que as tomadas radiográficas convencionais não conseguem diferenciar. Os meios de contraste ajudam em uma melhor definição das estruturas corporais isodensas às radiografias convencionais (VIEIRA, 2010). As imagens adquiridas na medicina nuclear não são consideradas neste estudo, embora a utilização dos radiofármacos cause diferenciação de imagem. Essa área da radiologia deve ser abordada de forma diferenciada e será estudada em outro momento. Partes moles, tecidos e vasos não possuem contraste suficiente em radiografias não contrastadas para a distinção e diagnóstico de patologias e/ou anomalias, como o tecido ósseo ou mamário — no caso das mamografias. 8 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA FIGURA 1 – SERIOGRAFIA DE TGI FONTE: <http://www.irhpa.com.br/imgsite/exames/amp-contrastado.jpeg?v=2019>. Acesso em: 3 out. 2019. Além dos exames realizados na radiologia convencional, nos exames de tomografia computadorizada e na ressonância magnética também podem ser utilizados diferentes tipos de contrastes para a evidência de estruturas anatômicas. Rubens (2015) e Morsch (2018) trazem, em seus escritos, a cronologia da utilização dos meios de contraste, que inicia em 1896, quando foi realizada a radiografia do abdome de um porco, contendo subacetato de chumbo no estômago e no intestino do animal. Este foi o primeiro estudo radiográfico contrastado registrado na história (MORSCH, 2018). No ano seguinte, 1897, foi publicado um estudo inovador sobre a radiopacidade de alguns agentes de contraste, como o iodeto de potássio e o subnitrato de bismuto. Esses elementos foram utilizados em um alimento para observar a fisiologia e a atividade metabólica da digestão (MORSCH, 2018). TÓPICO 2 — O QUE SÃO EXAMES CONTRASTADOS 9 Em seguida, muitos testes foram realizados com o iodeto de potássio, como a primeira aplicação endovenosa em 1918, realizadapor E. H. Weld. Nesse mesmo ano, o cirurgião americano Walter E. Dandy utilizou a injeção de ar diretamente nos ventrículos cerebrais, através de uma fratura craniana, para evidenciar a estrutura ventricular cerebral. Isso permitiu um referencial espacial maior, frente os acidentes ósseos. Este último fato levou ao desenvolvimento da ventriculografia cerebral, em que o líquor era substituído por ar, tornando-se um grande diferencial no diagnóstico de tumores cerebrais para a época (RUBENS, 2015). Em 1927, Egaz Moniz, um neurocirurgião português, utilizou a injeção de contraste na artéria carótida em uma punção cervical, em um estudo que chamou de angiografia cerebral. Após, apresentou o seu feito para a Sociedade de Neurologia de Paris. Já no ano de 1931, J. Licord introduziu um produto radiopaco no espaço subaracnóideo lombar, desenvolvendo a mieolografia. A angiografia da artéria vertebral pela punção da artéria femoral na coxa, passando um cateter que ia até a região cervical pela artéria aorta, foi desenvolvida em 1952. Outros testes foram realizados utilizando ferro e um pó explosivo chamado tântalo. Em 1960, Wallindford, em uma série de testes, juntou três compostos: ácido metrizóico. tri-iodado e metal acetamido benzoico. Então, obteve a base dos compostos iodados contrastantes utilizados como padrão (POTTY, 2008). Nesse período, a ultrassonografia começou a ser utilizada como método diagnóstico e 10 anos depois, com a utilização de cateteres para angiografia, os estudos se voltaram para a oclusão (embolização) de vasos tumorais e de aneurismas, dando início, assim, à radiologia intervencionista e terapêutica (POTTY, 2008). Após essa, cronologia, serão abordadas diversas áreas de atuação dos exames contrastados na radiologia convencional. Os exames do trato gastrointestinal — como esofagografias e seriogra- fias sequenciais de esôfago, estômago e duodeno, enema opaco, entre outros — definem patologias e a fisiologia desse sistema, sempre que possível, utilizando contrastes baritados. Já nos estudos contrastados do sistema urinário, utilizamos contrastes endovenosos à base de iodo para urografias excretoras, uretrocistogra- fias, entre outros. Todos esses estudos radiográficos contrastados, como os procedimentos intervencionistas, serão estudados ao longo dos tópicos desta unidade individualmente. Antes de aprofundarmos essas áreas, vamos estudar os meios de contraste. 10 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Uma confusão bem comum entre os acadêmicos é a compreensão da diferença entre os conceitos de meio de contraste e radiofármaco. Enquanto o primeiro é utilizado em áreas como radiologia convencional e tomografia, o radiofármaco é utilizado na medicina nuclear. Meios de Contraste têm finalidade diagnóstica – não terapêutica – e permitem delimitações morfológicas de estruturas naturalmente isodensas, ao absorverem mais radiação do que as estruturas adjacentes, conferindo radiopacidade. Os radiofármacos são fármacos radioativos que, por afinidade fisiológica e bioquímica, demonstram o metabolismo regional de várias funções orgânicas. NOTA 11 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Exames contrastados são exames radiológicos que utilizam meios de contraste para evidenciar determinadas partes anatômicas. • Radiografias, tomografias e exames de ressonância magnética são exemplos de procedimentos radiológicos que podem utilizar meios de contraste. Essas são substâncias químicas capazes de realçar tecidos que, normalmente, não apareceriam com nitidez em uma imagem radiológica. • Realizar exames dessa natureza implica reconhecer e identificar os diferentes meios de contraste baritados e iodados. 12 1 Complete a lacuna da frase: Partes moles, tecidos e vasos não possuem _____________ suficiente em radiografias não contrastadas para distinção e diagnóstico de ____________ e/ou anomalias, como o tecido ósseo ou mamário — no caso das mamografias. Qual das alternativas a seguir completa corretamente a frase? a) ( ) Cor – alergias. b) ( ) Contraste – patologias. c) ( ) Patologias – contraste. d) ( ) Profundidade – acidentes ósseos. 2 Na angiografia da artéria vertebral desenvolvida em 1952, segundo a cronologia explicada por Rubens (2015) e Morsch (2018), qual artéria foi puncionada? a) ( ) Femoral. b) ( ) Poplítea. c) ( ) Podálica. d) ( ) Carótida. 3 Alguns compostos químicos foram utilizados ao longo da história da evolução da radiologia intervencionista, excetuando os utilizados atualmente. Entre as alternativas a seguir, qual exemplifica isso? a) ( ) Gadolínio. b) ( ) Sulfato de bário. c) ( ) Tântalo e Iodeto de potássio. d) ( ) Iodo. AUTOATIVIDADE 13 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE 1 INTRODUÇÃO Meios de contrastes são substâncias que propiciam uma melhor definição de estruturas que apresentam densidades anatômicas similares em imagens médicas. Os meios de contrastes apresentam diferentes propriedades químicas e podem ser classificados com base na capacidade de absorção da radiação ionizante e dissociação, na composição e natureza química, na solubilidade e nas vias de administração. Os usos de meios de contrastes têm o objetivo de propiciar uma avaliação funcional e estrutural de determinadas estruturas anatômicas. Por exemplo, quando o interesse for o sistema excretor, utiliza-se o contraste iodado para evidenciar os rins, ureteres, bexiga e suas funcionalidades, salvo quando houver contraindicações relacionadas à sensibilidade ao composto químico iodo. 2 TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE Em uma particular definição, contraste é uma relação entre claro e escuro, é a diferença entre tonalidades. Já nos estudos radiológicos, pode ser uma relação de tons de cinza, indicativa de intensidade da radiação que atravessa determinadas estruturas, podendo fornecer dados quanto à densidade desta estrutura. Contraste é o que visualizamos em uma imagem radiográfica (ABCMED, 2013a). Já a definição de meios de contraste vem da capacidade de algo ajudar nessa diferenciação da área estudada. Trazendo o conceito para a radiologia, os meios de contrates são elementos químicos com número atômico elevado, que objetivam barrar radiações e aumentar a radiopacidade da área ou órgãos estudados. Meio de contraste é o que nos permite visualizar o contraste em uma imagem. Os meios de contraste podem ser naturais — ossos, músculos, gorduras e ar — e artificiais — que são as substâncias introduzidas no organismo para a diferenciação de contraste (ILASLAN, 2015). 14 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA FIGURA 2 – MEIOS DE CONTRATES PERMITEM O CONTRASTE NAS IMAGENS FONTE: A autora Relacionado ao conceito de radiopacidade, que é a capacidade de atenuação através de maior absorção de radiação de uma área ou órgão em relação a estruturas adjacentes, temos a radiotransparência, que são estruturas que absorvem menos a radiação. O primeiro termo é conhecido também como agente contrastante positivo, enquanto o segundo é denominado de agente contrastante negativo. Os meios de contraste, além da classificação anteriormente apresentada (positivo e negativo), também são classificados quanto à forma de administração desse meio, à solubilidade e à sua composição química. Eles objetivam causar radiopacidade em áreas de estruturas isodensas (ILASLAN, 2015). Em relação à forma e administração, segundo Vieira (2010), temos contraste via oral (ingestão do meio de contraste), via parenteral (via endovenosa), via endocavitária (cavidades naturais do corpo humano) e via intracavitária (fístulas ou diretamente na parede da estrutura a ser estudada). Quanto à composição química, Morsch (2018) traz os contrastes à base de iodo e de sulfato de bário na radiologia convencional. Nos exames de ressonância magnética, faz-se a utilização de contraste à base de gadolínioe, nos exames tomográficos, também são utilizados contrastes à base de iodo. FIGURA 3 – RELAÇÃO DOS ELEMENTOS QUÍMICOS E SUA UTILIZAÇÃO FONTE: A autora TÓPICO 3 — MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE 15 2.1 CONTRASTE BARITADO Os contrastes ditos baritados são à base de sulfato de bário — BaSO4 — e largamente utilizados nos exames do trato gastrointestinal. O sulfato de bário é um pó branco e fino e, em algumas composições, já vem pronto, como uma solução coloidal. Nesses casos, sua administração pode ser oral ou retal, como na sua utilização para os enemas. Outras características do contraste baritado são: alta densidade e peso atômico; inodoro; insípido; e insolúvel em água. FIGURA 4 – SOLUÇÃO COLOIDAL – BARIOGEL – CONTRASTE BARITADO PRONTO PARA INGESTÃO ORAL FONTE: <https://bit.ly/3fE4Hdu>. Acesso em: 20 set. 2019. O CASO CELOBAR É grave o caso envolvendo o medicamento Celobar, fabricado pelo laboratório Enila, que teria provocado a morte de pelo menos 21 pessoas. Pelo que se apurou até agora, o mais plausível é que o laboratório tenha tentado produzir, por conta própria, o sulfato de bário, a matéria-prima do fármaco. Não tinha competência técnica para fazê-lo. NOTA 16 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA O material, que continha impurezas, ou foi utilizado na fabricação de um lote de Celobar ou contaminou-o. O Celobar é um contraste radiológico à base de sulfato de bário. Esse sal é pouco absorvido pelo organismo humano, o que torna relativamente segura sua utilização para ressaltar o tubo digestivo em exames de imagem. Ao que parece, porém, a droga continha, além do sulfato de bário, carbonato e sulfeto de bário, que são altamente tóxicos para mamíferos. O carbonato de bário é usado na fórmula de certos raticidas. Sempre que ocorrem catástrofes como a do Celobar, cresce a pressão para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) reforçar seus controles sobre os laboratórios. A agência acaba de baixar um pacote de 18 resoluções que têm por objetivo aumentar a qualidade, a segurança e a eficácia dos medicamentos comercializados no Brasil. A maioria das medidas tem sentido técnico e está de acordo com padrões internacionais. Tudo o que reforce a o sistema de vigilância sanitária só pode ser bem-vindo. A questão, porém, é que, mesmo com as novas medidas, um caso como o do Celobar dificilmente seria evitado. É impossível que o Estado controle todas as etapas da fabricação de uma droga. Basta que alguém aja irresponsavelmente em alguma fase para comprometer a segurança do fármaco. A proteção contra eventos dessa natureza se dá a posteriori. Consumada a tragédia, o Estado precisa apurar as responsabilidades e punir os culpados. A cultura da impunidade no trato com a saúde pública deve ser substituída pela certeza da seriedade e do rigor. FONTE: <https://bit.ly/30Arhj2>. Acesso em: 20 set. 2019. 2.2 CUIDADOS COM O CONTRASTE BARITADO Simões et al. (2003) cita algumas contraindicações na utilização do contraste à base de bário, entre elas: • presença ou suspeita de ruptura ou perfuração intestinal; • suspeita de apendicite; • pacientes debilitados, crianças ou idosos, pois possuem maior probabilidade de aspiração do contraste; • presença de cirurgia abdominal recente. Na existência dessas contraindicações, o contraste baritado é substituído pelos contrastes à base de iodo. Em caso de descuido com as contraindicações, o contraste encontrado fora do canal alimentar deve ser retirado cirurgicamente (SIMÕES et al., 2003). 2.3 CONTRASTES IODADOS Os contrastes iodados, como o próprio nome diz, são contrastes à base do elemento químico iodo. São substâncias químicas de alto número atômico e alta densidade. TÓPICO 3 — MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE 17 São meios de contraste com base química no elemento químico iodo e largamente utilizados em radiologia, com uso frequente em exames radiológicos convencionais e tomografias computadorizadas. São os meios de contraste utilizados em exames cardiovasculares também. A utilização do iodo como meio de contraste começou no início do século XX, com a utilização do iodeto de sódio, injetado por via intramuscular e excretado através da urina. Por volta de 1930, os meios de contraste começaram a ter amplo uso através dos compostos iodados à base de piridina. Outro grande desenvolvimento dos meios de contraste ocorreu com a substituição do anel piridinico pelo anel benzênico, que é a base dos meios de contraste atualmente em uso, dando origem a uma nova família de meios de contraste (MORSCH, 2018). O iodo, em sua forma pura, tem alta toxicidade e, ao longo dos anos, os produtos de contraste com o iodo têm evoluído a fim de se obter meios de contraste mais adequados ao uso clinico e com menor toxicidade. Esse tipo de contraste, segundo Giopatto (2011), tem como características básicas: • são hidrofílicos – possuem afinidade com a água; • possuem baixa lipofilidade – afinidade com gordura; • pouca afinidade nas ligações químicas com proteínas; • alta viscosidade e alta resistência; • não tem utilização farmacológica significativa, sendo utilizado, na maioria das vezes, somente como contraste. Toyoda (2012) descreveu em seus estudos sobre os meios de contraste iodados. Com relação à solubilidade, podem ser distintos entre hidrossolúveis e lipossolúveis. Os meios de contraste hidrossolúveis são solúveis em água e correspondem à quase totalidade dos meios de contraste em uso hoje. Esses são os meios de contraste possíveis de administração vascular venosa ou arterial e, quase sempre, é excretado via renal — pelos rins. Podem ser iônicos e não iônicos. Já os meios de contraste lipossolúveis são compostos oleosos solúveis em gorduras e de difícil eliminação. Não podem ser administrados por via vascular venosa ou arterial e são muito pouco utilizados hoje, estando quase que em completo desuso. Os modernos meios de contraste iodado hidrossolúveis são divididos em dois grupos principais: iônicos e não iônicos, no que diz respeito à capacidade de formar íons nas interações químicas. Conforme escreve Giopatto (2011), os meios de contraste iônicos são meios de contraste que, quando dissolvidos em água, têm suas moléculas dissociadas em partes carregadas eletricamente, chamadas de íons. Os íons podem ter carga 18 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA positiva ou negativa. Os de carga positiva são chamados de cátions e os de carga negativa são chamados de ânions. Já os meios de contraste não iônicos não sofrem dissociação quando dissolvidos em água, portanto não formam íons. Os modernos meios de contraste iônicos são sais tri-iodados. São três átomos de iodo ligados a um anel benzênico, formando o anel benzênico tri- iodado, que pode estar ligado ao sódio ou meglumina (GIOPATTO, 2011). FIGURA 5 – DESCRIÇÃO DO ANEL BENZÊNICO TRI-IODADO – MONÔMERO FONTE: <https://bit.ly/33y0shs>. Acesso em: 3 out. 2019. Outra propriedade dos sais é o caráter iônico. As moléculas do sal têm como propriedade o caráter iônico, sendo composta de duas partes com cargas elétricas opostas. Os sais dos meios de contraste iônicos têm, no núcleo benzênico tri-iodado, a parte negativa, constituindo o ânion. O cátion é constituído por sódio ou meglumina (GIOPATTO, 2011). Os agentes de contraste convencionais são chamados iônicos, o que significa que se dissociam quando dissolvidos em água para formar as soluções de contrastes, separando-se em duas partes: um ânion (negativo) e um cátion (positivo): ânion — anel tri-iodado; cátion — sódio ou meglumina (SANTOS, 2009). Quanto aos contrastes iônicos, podemos dividi-los em monômeros e dímeros, conforme a quantia de anéis benzênicos. Os monômeros iônicos dissociam-se em solução em duas partículas — um ânion radiopaco e um cátion não radiopaco (sódio ou meglutamina) —, possuindo, então, três átomos de iodo para duas partículas.É um meio de contraste de maior osmolalidade. São isotônicos com a mesma osmolalidade do sangeu (+/- 70 mg iodo/ml. Exemplo comercial: TELEBRIX (TOYODA, 2012). Já os dímeros iônicos também se dissociam em duas partículas. O ânion radiopaco é o LOXAGLATO. Em solução, liberam seis átomos de iodo — dois anéis benzênicos para duas partículas. Isotônicos a +/- 150 mg iodo/ml. TÓPICO 3 — MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE 19 Resumindo essas informações, pode-se dizer que os modernos meios de contraste iodados iônicos são sais hidrossolúveis, constituídos por um anel benzênico tri-iodado ligado ao sódio ou à meglumina. Os principais grupos de sais iodados benzênico em uso hoje são: acetrizoato, diatrizoato, iotalamato, metrizoato, amitriodinato (iodamida), ioxitalamato. Eles podem estar ligados ao sódio ou à meglumina. Os sais de iodado de sódio surgiram, primeiramente, com o amplo uso na radiologia, principalmente em exames do sistema urinário, permitindo grandes concentrações de iodo. Os sais de iodados de sódio mostram certa agressividade, principalmente em alta concentração, com menor tolerabilidade, níveis de dor e calor elevados, às vezes insuportável, trazendo grande desconforto para o paciente. Os sais de meglumina são mais suportáveis e trazer maior conforto para o paciente, sendo usados em procedimentos dolorosos, como nas flebografias e em procedimentos em que é exigida maior segurança, como nas angiografias cerebrais. Os meios de contraste hidrossolúveis iodados iônicos estão disponíveis no mercado em três composições básicas: sais de sódio; sais de meglumina; sais de sódio e meglumina, os quais são encontrados em soluções contendo sais de sódio e meglumina, descreve Giopatto (2011). São todos sais tri-iodados benzênicos, sendo os sais de sódio são utilizados, principalmente, em exames de sistema urinário. Os sais de meglumina são amplamente usados nos diversos exames de radiologia convencional e tomografia computadorizada por apresentar maior conforto e segurança para o paciente. As misturas de sais de meglumina e sais de sódio são utilizadas quando se deseja alta concentração de iodo e viscosidade adequada, como em exames vasculares e em exames cardíacos, em que se necessita teor de sódio próximo ao nível do plasmático, que é fator determinante para a segurança do procedimento (BONTRAGER; LAMPIGNANO, 2010). Meios de contraste não iônicos são modernos meios de contraste, cuja molécula não se desassocia em íons quando em solução aquosa. Podem também ser classificados quanto à cadeia de complexidade em monômeros não iônicos: não se dissociam em solução, mantendo uma partícula para três átomos de iodo. Isotônicos a +- 150 mg iodo/ml. Exemplo comercial: ULTRAVIST. E os dímeros não iônicos, que não se dissociam em solução, são compostos por 1 (uma) partícula para 6 (seis) átomos de iodo. Isotônicos a +/- 300 mg iodo/ml. Maior peso molecular é igual à alta viscosidade. Exemplo comercial: VISIPAQUE. A metrizamida marcou o início dessa nova era no desenvolvimento dos agentes de contraste. Surgiu em 1970, sendo o primeiro meio de contraste não iônico em uso. Era apresentada em dois frascos para preparo da solução — imediatamente anterior à administração —, podendo ser usada por via intratecal. Sendo não iônico, o meio de contraste é estável e não se desassocia quando dissolvido em água. 20 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Os principais meios de contraste não iônico em uso hoje são, em nomes comerciais: Iopamidol, Iohexol e o Ioversol. Os meios de contraste não iônicos têm como base o anel benzênico tri- iodado. A diferença entre eles está na cadeia lateral ligada ao anel benzênico. Além de sua estrutura química e apresentação, os meios de contraste possuem outras propriedades importantes a serem consideradas em seu uso clinico, como: concentração, viscosidade e teor de iodo. Outra propriedade importante dos meios de contrastes, e muito considerada hoje, é a chamada tonicidade (osmolalidade), que se constitui o objetivo maior das pesquisas no desenvolvimento dos agentes de contrastes. A tonicidade é uma propriedade dos líquidos em solução com diferentes concentrações, separados por uma membrana semipermeável (como os vasos sanguíneos), relacionada ao gradiente de pressão que determina o sentido da troca de líquidos através da membrana. A propriedade chama-se osmose, enquanto o gradiente chama-se pressão osmótica. A parede dos vasos sanguíneos e as membranas celulares são membranas semipermeáveis, que permitem a passagem de liquido somente em um sentido (osmose), o qual é determinado pela diferença de concentração entre os meios (pressão osmótica). Os líquidos orgânicos são soluções aquosas. O número de partículas em solução (concentração) deve ser igual para permitir um equilíbrio entre os diversos meios orgânicos. A diferença de concentração cria o gradiente de pressão, chamado de pressão osmótica. A osmose é o processo através do qual um líquido atravessa a membrana semipermeável. A passagem do líquido, através da membrana semipermeável, ocorre no sentido da solução de menor concentração para a solução de maior concentração. No organismo, as trocas osmóticas ocorrem em três meios líquidos: • intravascular; • extracelular; • intracelular. É muito importante, quando a opção for a de utilizar os meios de contraste iodados, que se realize uma entrevista/anamnese com o paciente para reduzir ou evitar possíveis danos ou reações ao meio de contraste utilizado. Os meios de contraste são, em geral, soluções de alta concentração que atuam no equilíbrio osmótico interno do organismo, fator que tem relação com as reações adversas que ocorrem durante os exames. A concentração de partículas osmoticamente ativas dissolvidas em solução liquida é definida como osmolalidade — concentração molecular das partículas osmoticamente ativas de uma solução por quilograma de água (mOsm/kg). TÓPICO 3 — MEIOS DE CONTRASTE: TIPOS E MEIOS DE CONTRASTE 21 Com relação à tonicidade (osmolalidade), os meios de contraste iodados também podem ser divididos como meios de contraste de alta osmolalidade ou meios de contraste de baixa osmolalidade. A osmolalidade pode ser compreendida como o número de partículas por volume de solução. Os meios de contraste de alta osmolalidade são os chamados CONVENCIONAIS. Já os novos grupos de meios de contraste são ditos de baixa osmolalidade. Meios de contraste que possuem mais partículas em solução são chamados meios de alta osmolalidade. Meios de contraste com menos partículas por unidade de volume são chamados de baixa osmolalidade. Essa classificação tem importância, já que a baixa osmolalidade dos novos agentes de contrastes tem sido associada ao seu aumentado grau de segurança para os pacientes, em especial àqueles de alto risco. Os agentes de contraste de baixa osmolalidade produzem menos reações adversas, da mesma forma que os meios de contraste não iônicos estão relacionados ao elevado grau de segurança. É sempre importante ter em mente que os meios de contraste não iônicos e de baixa osmolalidade, apesar de possuírem bem menor toxicidade que os agentes de contraste convencionais, não são absolutamente seguros e podem levar a reações adversas graves. 3 OUTROS MEIOS DE CONTRASTE Além dos contrastes citados anteriormente, e utilizados na radiologia convencional, temos também a utilização dos contrastes iodados nos exames de tomografia computadorizada (MORSCH, 2018). Nos exames de ressonância magnética, utiliza-se um meio de contraste à base do elemento gadolínio, bem diferente em administração e quantidade que os outros, mas esse assunto será abordado em outro momento. Ainda na radiologia convencional, durante os exames contrastados, os profissionais se valem dos ditos CONTRASTES NATURAIS, como o ar, presente nas cavidades corporais em estudo, que auxiliam na diferenciação de estruturas. 22 RESUMO DOTÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Os meios de contraste podem ser classificados a partir de propriedades como a capacidade de absorção e composição química. • Agentes de contraste radiopacos ou positivos aumentam a capacidade de absorção de radiação ionizante, já os radiotransparentes ou negativos a diminuem. • O bário é um meio de contraste positivo, enquanto o ar é negativo. Classificando as substâncias por composição química, existem os contrastes iodados, que contêm iodo em sua composição, e os não iodados. 23 1 Das proposições a seguir, qual delas descreve as características básicas de meio de contraste: a) ( ) Hidrofílicos; pouco lipofílico; baixa viscosidade; alta resistência e não utilidade farmacológica. b) ( ) Não tem afinidade com a água; pouco lipofílico; alta viscosidade; alta resistência e não utilidade farmacológica. c) ( ) Hidrofílicos; pouco lipofílico; alta viscosidade; alta resistência e não utilidade farmacológica. d) ( ) Tem afinidade com a água; pouco lipofílico; alta viscosidade; alta resistência e não utilidade farmacológica. 2 O que é radiopacidade? a) ( ) Capacidade de atenuação através de maior absorção de radiação de uma área ou órgão em relação a estruturas adjacentes. b) ( ) Ocorre em estruturas que absorvem menos a radiação. c) ( ) É conhecido também como agente contrastante negativo. d) ( ) É a qualidade da imagem encontrada em tomografia computadorizada. 3 O que são contrastes iônicos? a) ( ) Não se dissociam em íons, positivos e negativos. b) ( ) Dissociam-se em solução oleosa. c) ( ) Dissociam-se em água em duas partes: um ânion (negativo) e um cátion (positivo). d) ( ) São indissociáveis. AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 4 — UNIDADE 1 MEIOS DE CONTRASTE: REAÇÕES ALÉRGICAS E ADVERSAS 1 INTRODUÇÃO Os meios de contrastes podem causar reações alérgicas. Existem condições específicas que impedem o uso de meios de contrastes pelo usuário que está utilizando determinados fármacos, tenha patologias e outras condições restritivas. Não faz parte das atribuições do processo de trabalho do técnico em radiologia puncionar. Porém, é necessário ter cuidado com o usuário portador do acesso venoso e arterial para que, ao executar procedimentos, não os contamine. Os exames radiológicos com o uso de contrastes são considerados exames de risco, pois podem causar reações alérgicas. A administração desses meios de contrastes deve ser feita pelos profissionais da equipe de enfermagem, com a devida prescrição médica. Elas serão abordadas nas especificidades dos exames apresentados ao longo deste texto. 2 REAÇÕES ADVERSAS À ADMINISTRAÇÃO DE MEIOS DE CONTRASTE Este ponto é bastante relevante no que diz respeito ao cuidado com o paciente em questão durante a administração de qualquer meio de contraste. Contrastes, como já explicado, são formas de diferenciação tecidual na radiologia convencional, porém, alguns meios de contraste, além de terem alta toxicidade, tem uma facilidade considerável em causar reações. Alguns pontos nos ajudam a conceituar a reação alérgica: • reações alérgicas a medicamentos são eventos adversos, não decorrentes de propriedades toxicológicas conhecidas do fármaco, mas que resultam de reações imunológicas a ele ou a seus metabólitos (DIAS et al., 2004); • reação alérgica é uma resposta exagerada do organismo a um determinado antígeno (alérgeno); • uma manifestação de hipersensibilidade do sistema imunológico a agentes externos que normalmente não são nocivos. 26 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA A alergia ocorre porque o sistema imunológico confunde substâncias inofensivas com agentes invasores e cria anticorpos para destruí-los. Esses anticorpos são chamados de IMUNOGLOBULINAS DA CLASSE E (IgE) e são proteínas do sistema imunológico (DELUCIA, 2015). Quando um agente externo ao corpo entra em contato com o sistema imunológico, os IgE’s liberam mediadores que causam os sintomas alérgicos. Um exemplo desses mediadores bastante conhecido é a HISTAMINA. Por ser uma resposta imune, a alergia nunca se manifestará no primeiro contato com o antígeno. Ela pode ocorrer em quaisquer contatos aleatórios com o antígeno. Se houver reação no primeiro contato, então temos um diagnóstico de reação cruzada causada por um agente externo semelhante. Assim, a reação alérgica só acontecerá quando já ocorreu um contato com o anticorpo IgE. De forma bastante didática, elaboramos um esquema simples para entender o ciclo de um processo alérgico dentro do organismo. Essa forma pode esclarecer melhor o mecanismo da alergia. FIGURA 6 – ESQUEMA DIDÁTICO PARA VISUALIZAÇÃO DO CICLO DO PROCESSO ALÉRGICO FONTE: A autora Existe um conceito de pseudoalergia, em que o paciente apresenta evoluções clinicamente idênticas às reações alérgicas, mas são provocadas por mecanismos patológicos diferentes dos imunes. Geralmente são provocadas por medicamentos ou alimentos, em que a manifestação clínica ocorre imediatamente no primeiro contato com o agente desencadeante e depende da dose ingerida, o que compreende 90% dos casos (NAGAO-DIAS, 2004). Muitas medicações conhecidas podem causar essas pseudoalergias, como: TÓPICO 4 — MEIOS DE CONTRASTE: REAÇÕES ALÉRGICAS E ADVERSAS 27 • anti-inflamatórios não hormonais (diclofenaco); • derivados do ácido acetilsalisílico (AAS); • derivados dos inibidores da ECA (captopril); • relaxantes musculares; • e inúmeros antibióticos. As pseudoalergias também podem ocorrer pela ingestão de alguns alimentos com vinhos, nozes e queijos curados, estímulos físicos de calor e frio e alguns aditivos alimentares. 2.1 REAÇÕES ADVERSAS As reações adversas causam nefrotoxicidade quando acontece extravasamento de meio de contrate fora da luz do vaso ou da cavidade em que ele deveria estar (JUCHEM, 2007). Podem ser divididas entre reações não alérgicas ou reações alérgicas/alergoides. As reações não alérgicas são, na maioria das vezes, previsíveis. São reações que dependem da dose e da concentração e conhecidas também como reações Fisicoquimiotóxicas. Já as alergoides são imprevisíveis e independem de dose e concentração. São chamadas, nesse caso, de reações idiossincráticas. Algumas peculiaridades quanto aos sintomas e sobre como essas reações se diferenciam estão no quadro a seguir: TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS ENTRE CADA TIPO DE REAÇÃO Reações Fisicoquimiotóxicas Reações Idiossincráticas Sensação de calor Severa e pode ser fatal Dor vascular Hipotensão grave Hipervolemia Perda de consciência Lesões endoteliais Convulsão Alteração nas hemácias Edema pulmonar Redução da função renal Urticária Arritmia Edema laríngeo Convulsões Broncoespasmo Paralisias Parada cardíaca Alteração na coagulação sanguínea Morte FONTE: A autora As reações alérgicas também são classificadas quanto ao tempo e a sua gravidade. Em relação ao tempo de ação, Nagao-Dias (2004) fala que as reações alérgicas pode ser divididas em: • imediatas: são as que ocorrem nos primeiros 30 (trinta) minutos ou até 2 (duas) horas após a administração do fármaco; 28 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA • aceleradas: são as que ocorrem entre 2 (duas) e 48 (quarenta e oito) horas, como a urticária, o broncoespasmo, a febre ou a nefropatia; • tardias: após 48 (quarenta e oito) horas da ingestão do fármaco. São as erupções cutâneas, febre, anemia hemolítica, trombocitopenia e nefropatia. Quanto à gravidade, elas podem ser consideradas leves, moderadas, graves e fatais (NAGAO-DIAS, 2004). Reações aos contrastes com sulfato de bário (BaSO4) — utilizados largamente na radiologia convencional nos exames do trato gastrointestinal — são raras, mas podem ocorrer. Por isso, é preciso observar o paciente. Já o gadolínio (Gd), utilizado em ressonância magnética, é considerado mais seguro que os contrastes à base de iodo da tomografia computadorizada e da radiologiaconvencional, com incidência em 2 a 4% dos casos. 2.2 REAÇÕES ALÉRGICAS AOS CONTRASTES IODADOS Contrastes à base de IODO são os que mais comumente ocasionam reações alérgicas e/ou adversas. Sua formulação não iônica minimiza as possibilidades de reação, porém com um custo elevado. São largamente utilizados na radiologia convencional para evidenciar vasos sanguíneos ou quando houver contraindicação à utilização de contrastes baritados (JUCHEM, 2007). Juchem (2004) traz que o meio de contraste à base de iodo não deve ser utiliizado quando há relato a alergia à iodo, em função da ausência de anticorpos e do caráter aleatório de ocorrência de reações, já que a reação pode não se repetir em uma segunda oportunidade do uso do meio de contraste iodado. O termo mais adequado, quando se trata de meios de contraste, é REAÇÃO Alergoide. Testes cutâneos podem ser utilizados para determinar essas reações alérgicas. Quando existe história prévia de alergia ou hipersensibilidade a algum componente dos meios de contraste, recomenda-se preparo prévio com o uso de medicamentos (ALMIRO, 2016). Outros fatores esparsos que podem influenciar na ocorrência dos processos alérgicos são: a idade do paciente, já que crianças e idosos podem absorver de forma diferente os medicamentos; o sexo, pois as mulheres têm maior probabilidade de incidência de processos alergicos; paciente com 2 (duas) ou mais patologias concomitantes, como insuficiência renal, diabetes e hipertensão (ELICKER, 2008). 2.3 PREVENÇÃO A REAÇÕES ALÉRGICAS É de extrema importância que os profissionais envolvidos nos exames com utilização de contrastes estejam atentos e sejam proativos na prevenção das reações alérgicas provenientes dos meios de contraste. TÓPICO 4 — MEIOS DE CONTRASTE: REAÇÕES ALÉRGICAS E ADVERSAS 29 Com a elaboração de uma boa anamnese e investigação da história clínica do paciente, é possível detectar os fatores de risco e orientar como proceder para a execução de exames. Desde o agendamento dos exames, é importante conversar com os pacientes sobre a probabilidade de reações alérgicas. De imediato, ao detectar algum fator de risco, orienta-se o paciente a fazer um preparo antialérgico — iniciando em casa e até a utilização do meio de contraste (JUCHEM, 2004). Com essa otimização no processo, evita-se transtornos com reações surpresas, que nunca podem ser descartadas. O serviço de imagem deve ter um carrinho de emergência à disposição para qualquer intercorrência e uma sala para observação do paciente por aproximada- mente 20 (vinte) a 30 (trinta) minutos após o término do exame (BRASIL, 2013a). FIGURA 7 – CARRINHO DE EMERGÊNCIA FONTE: <https://bit.ly/31xvWBA>. Acesso em: 1º out. 2019. Algumas diretrizes do Manual Instrutivo, elaborado pelo Ministério da Saúde são: quando não for possível prevenir as reações alérgicas e elas acontecerem, dependendo do grau de gravidade, devem ser tratadas de maneira específica (BRASIL, 2013a). Quando a reação for leve ou branda — reação limitada e sem progressão — faz-se apenas observação e tratamento aos sinais sistêmicos e o tratamento sintomático (se necessário). Nas reações moderadas, com maior intensidade dos sintomas, o tratamento medicamentoso será realizado conforme sintomatologia. Já as reações graves — risco de vida — o tratamento deve ser agressivo, com equipe de apoio (código amarelo ou código azul, no caso de parada cardiorrespiratória). E, se necessário, hospitalização. 30 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA A equipe multidisciplinar em saúde tem papel primordial na logística que envolve os exames contrastados. É importante que o profissional técnico radiológico tenha em mente que a responsabilidade e poder de decisão entre administrar ou não um meio de contraste é exclusivamente clinica, ou seja, do profissional médico. A equipe de enfermagem também faz parte desse processo de trabalho e auxilia no procedimento de administração do meio de contraste, assim como na monitoração de sinais vitais. É importante que o profissional técnico radiológico não se isente de sua responsabilidade diante desse cenário e tenha conhecimentos de suportes básicos de vida, uma vez que procedimentos invasivos são realizados nessa dinâmica de exames. ATENCAO 31 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que: • Meios de contraste iodados em solução hipertônica (tipo iônico) são reconhecidos por reações adversas, que podem ser leves, moderadas ou graves. Enquanto essa substância é administrada por via intravenosa, o paciente pode sentir calor, gosto metálico e náuseas, que devem diminuir assim que a infusão acabar. • Devido ao risco de eventos graves como a parada cardíaca, exames contrastados só devem ser feitos se houver estrutura para atendimento de urgências. • Reações adversas aos meios de contraste podem incluir urticárias, edema, náuseas, vômitos, diarreia, tontura, cefaleia, convulsões, dispneia, tosse, arritmias, edema de glote e até o óbito. 32 1 Relacione o conceito com o tipo de reação: I- Reações Alérgicas. II- Pseudoalergia. III- Reações adversas. ( ) O paciente apresenta evoluções clinicamente idênticas às reações alérgicas, mas são provocadas por mecanismos patológicos diferentes dos imunes. Geralmente são provocadas por medicamentos ou alimentos; em que a manifestação clínica ocorre imediatamente no primeiro contato com o agente desencadeante e depende da dose ingerida, o que compreende 90% dos casos (NAGAO-DIAS, 2004). ( ) Causam nefrotoxicidade quando acontece extravasamento de meio de contrate fora da luz do vaso ou da cavidade em que ele deveria estar (JUCHEM, 2007). Podem ser divididas entre reações não alérgicas ou reações alérgicas/alergoides. ( ) São imprevisíveis e independem da dose e concentração. Classificadas quanto ao tempo que demoram para se manifestar, podem ser imediatas, aceleradas ou tardias. A sequência CORRETA é: a) ( ) I – II – III. b) ( ) III – II – I. c) ( ) II – III – I. d) ( ) II – I – III. e) ( ) I – III – II. 2 Complete as lacunas: As reações não alérgicas são, na maioria das vezes, _____________ . São reações que _____________ da dose e da concentração. Também são conhecidas como reações ____________________. Qual alternativa corresponde às colocações corretas? a) ( ) Imprevisíveis – independem – idiossincráticas. b) ( ) Ruins – controlam – alergoides c) ( ) Previsíveis – dependem – Fisicoquimiotóxicas. d) ( ) Idiossincráticas – contraste – comuns. AUTOATIVIDADE 33 3 Em relação ao tempo das reações alérgicas, elas podem ser classicadas como: a) ( ) Momentâneas, lentas e instantâneas. b) ( ) Imediatas, demoradas e lentas. c) ( ) Imediatas, aceleradas e tardias. d) ( ) Rápidas, imediatas e tardias. 34 35 TÓPICO 5 — UNIDADE 1 EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS 1 INTRODUÇÃO O uso de radiação ionizante para fins diagnósticos e terapêuticos tem aumentado devido ao desenvolvimento dos equipamentos, às facilidades de acesso ao exame radiológico e aos avanço da tecnologia relacionada aos equipamentos radiológicos. O exercício das atividades do profissional técnico radiológico, tais como a radiologia intervencionista, implica na exposição à radiação de pacientes e profissionais de saúde, necessitando, portanto, de cuidados de radioproteção nessas atividades, visando reduzir o nível dessas exposições. A presença de profissionais de diversas especialidades sem formação específica na área de radioproteção pode levar à exposição excessiva de profissionais de saúde presentes nos exames dessa natureza às radiações ionizantes. Por isso, o equipamento radiológico deve ser compreendido no seu processo físico de geração e emissão de imagem médica. 2 EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS E EXAMES CONTRASTADOS Prezado acadêmico, com o entendimento da parte inicial, dos princípios necessários para o estudo dos exames contrastados, vamos verificar os equipamentos radiológicos utilizados para tais exames. Nossofoco está voltado para a radiologia convencional, sendo que, neste momento, deixaremos de abordar alguns equipamentos como o tomógrafo e a ressonância magnética. Na radiologia, podemos realizar muitos exames contrastados nos equipamentos de radiologia convencional. Com algumas adaptações e dependendo dos profissionais que as realizam, não há necessidade de ter, no serviço, mais de um equipamento para a realização dos exames constratados. Contudo, existem equipamentos próprios para a realização dos exames contrastados, como os do trato gastrointestinal e do aparelho urinário. Exames contrastados das vias lacrimais e das glândulas salivares podem ser realizados no equipamento convencional. 36 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Conhecidos como seriógrafos ou telecomandados, os equipamentos permitem maior mobilidade e deslocamento do paciente na mesa de exames. O seriógrafo permite a execução de exames de radiográficos, sem movimento do paciente, com uma economia considerável de tempo e recursos e com maior segurança para o operador e o paciente. FIGURA 8 – SERIÓGRAFO COM INTENSIFICADOR DE IMAGENS FONTE: <https://sie.ag/3kq0jCP>. Acesso em: 3 out. 2019 A composição básica desse tipo de equipamento é uma mesa de exames, que tem movimentos em rotação contínua e velocidade variável a fim de evitar aceleração súbita e permitir maior precisão do posicionamento, ampola de raios x e mesa de comando, que controlam o equipamento atrás de uma parede ou biombo de chumbo. Com as imagens adquiridas nos equipamentos telecomandados, falaremos sobre a fluoroscopia ou radioscopia. Fluoroscopia, por definição básica, é quando se tem um intensificador de imagem e se adquirem imagens com a emissão de radiação, em tempo real, do corpo humano, respeitando os movimentos internos nos vasos ou no intestino, por exemplo, mediante o uso de contrastes ou com a cateterização de vasos sanguíneos (ABCMED, 2013a). Enquanto a radiologia convencional só gera imagens estáticas, a fluoroscopia produz imagens dinâmicas, com uma frequência de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) quadros por segundo, ou imagens captadas, que podem ser vistas em movimento em um monitor (BESERRA, 2018). TÓPICO 5 — EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS 37 FIGURA 9 – EQUIPAMENTO DE FLUOROSCOPIA – SERIOGRAFIA FONTE: <http://cyberspaceandtime.com/4OgfHXIYRKc.video+related>. Acesso em: 3 out. 2019. Posteriormente, serão explanados conceitos a respeito dos variados exames contrastados, com suas especificidades e protocolos de aquisição das técnicas radiológicas associadas. Através dessa abordagem, podemos refletir sobre a proteção radiológica inerente ao processo, bem como a biossegurança envolvida nesse cenário. IMPORTANT E 38 RESUMO DO TÓPICO 5 Neste tópico, você aprendeu que: • A compreensão das características físicas dos sistemas de imagem fluoroscópicos é importante para realizar os exames de maneira eficiente e segura e para definir condutas de otimização dos procedimentos. Além disso, é fundamental interpretar corretamente os testes de controle de qualidade realizados no serviço. • A fluoroscopia proporciona uma imagem em movimento, em tempo real, permitindo sua aplicação em procedimentos nos quais se deseja obter imagens dinâmicas de estruturas e funções do organismo com o auxílio de meios de contraste à base de iodo ou bário. • A imagem gerada pela fonte de raios X é formada em uma tela fluorescente de entrada de um intensificador de imagem, que converte a imagem dos raios X do paciente em uma imagem luminosa. 39 1 Qual é a composição básica de um equipamento de seriografia? a) ( ) Uma mesa de exames com movimentos em rotação contínua e velocidade variável; ampola de raios x e mesa de comando, que controlam o equipamento atrás de uma parede ou biombo de chumbo. b) ( ) Uma mesa fixa, sem movimentos, mesa de comando à frente da mesa, não havendo a necessidade de biombo de chumbo. c) ( ) Uma mesa de exames fixa; equipamento de raios x móvel e mesa de comando, que controlam o equipamento atrás de uma parede ou biombo de chumbo. d) ( ) Uma mesa de exames e mesa de comando atrás de uma parede ou biombo de chumbo. 2 Relacione os tipos de imagens geradas em cada especialidade: I- Imagens estáticas. II- Reconstrução de imagens em 3D. III- Imagens por vídeo. IV- Imagens dinâmicas. ( ) Radiologia Convencional. ( ) Fluoroscopia. ( ) Ressonancia Magnética. ( ) Endoscopia. A sequência CORRETA é: a) ( ) I – III – IV – II. b) ( ) I – IV – II – III. c) ( ) I – II – III – IV. d) ( ) IV – III – II – I. 3 Dentre os exames contrastados, quais não necessitam da utilização do equipamento de seriografia para sua execução? a) ( ) Seriografia de esôfago, estômago e duoendo. b) ( ) Dacriocistografia e sialografia. c) ( ) Urografia excretora. d) ( ) Radiografia de tórax. AUTOATIVIDADE 40 41 TÓPICO 6 — UNIDADE 1 RADIOPROTEÇÃO 1 INTRODUÇÃO A fluoroscopia é frequentemente utilizada pelos profissionais de especialidades técnicas e clínicas, sendo necessária, portanto, a formação e sensibilização desses profissionais para os riscos das radiações ionizantes, incentivos para a utilização de proteções individuais e recomendações de radioproteção para a redução das doses compatíveis com os procedimentos médicos a serem executados. A proteção radiológica é necessária em qualquer aplicação da radiação na medicina. Porém, nos procedimentos guiados por imagens fluoroscópicas, uma atenção maior deve ser dada aos demais profissionais que permanecerem na sala de exame, como técnicos, anestesistas, enfermeiros etc. A limitação da dose é uma prática bem definida na proteção radiológica dos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs). Cada IOE deve ser monitorado mensalmente para assegurar que não irá receber doses ocupacionais acima dos limites. 2 EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E DO PACIENTE EM EXAMES CONTRASTADOS Exames contrastados, diferentemente dos exames da radiologia convencional, causam maior tempo de exposição aos pacientes, aos profissionais da radiologia e aos médicos que atuam na sua execução. Por isso, exige-se que seja bem planejado e acordado com o paciente sobre todo tempo de execução, devendo ocorrer, sempre que possível, a oferta dos coletes plumbíferos, conforme legislação. As salas de exames têm paredes revestidas de material contendo chumbo ou barita, conforme legislação, e devem ter um local para os comandos do aparelho, como uma parede ou biombo de chumbo, para que o operador também esteja protegido durante a execução dos exames. 42 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS CONTRASTADOS E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Todos os profissionais que ali se encontram devem portar dosímetro para o monitoramento da dose de radiação, com algumas peculiaridades diferentes da radiologia convencional. As orientações do Comissão Internacional de Proteção Radiológica – ICRP são lembradas por Moura e Bacchin Neto (2015, p. 197): Para aumentar a acurácia da dosimetria pessoal, a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), recomenda que sejam usados dois dosímetros na altura do tórax, sendo um sobre as proteções e outro por baixo destas. Desta maneira, será proporcionada uma estimativa mais segura das doses recebidas por esses profissionais. Dosímetros adicionais podem ser utilizados para medir as doses recebidas pelos cristalinos e pelas extremidades dos profissionais. Quando possível, as salas de seriografia devem ter à disposição biombos móveis para que o profissional utilize caso precise permanecer na sala com o paciente durante os exames. Outros equipamentos de proteção radiológica indispensáveis são os coletes, óculos, protetores de tireóide e aventais plumbíferos. FIGURA 10 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA INDIVIDUAIS: LUVA, PROTETORES GONODAIS, COLETES, ÓCULOS PLUMBÍFEROS E PROTETORES DE TIREOIDE FONTE: <https://bit.ly/3fFtAFZ>. Acesso em: 3 out. 2019. A colimação correta
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