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__________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG DISCIPLINA DE ENDODONTIA Professores: Ana Cecília Diniz Viana Antônio Paulino Ribeiro Sobrinho Elen Marise Castro de Oliveira Francine Benetti Faria Isabella Faria da Cunha Peixoto Juliana Vilela Bastos Warley Luciano Fonseca Tavares . 2022 Manual de Endodontia __________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG SUMÁRIO Volume I Orientações Gerais Disciplinas da graduação...................................................................................................... 02 1 Conteúdo Programático teórico/prático............................................................................ 02 2 Atividades didáticas teóricas............................................................................................. 02 3 Atividades didáticas práticas............................................................................................. 02 4 Avaliação........................................................................................................................... 02 5 Normas gerais de funcionamento das aulas práticas......................................................... 04 6 Atividade pré-clínica......................................................................................................... 05 7 Atendimento de pacientes................................................................................................. 07 8 Documentação radiográfica.............................................................................................. 10 9 Bibliografia recomendada pela disciplina......................................................................... 11 10 Material solicitado pela disciplina.................................................................................. 12 Ficha de Endodontia............................................................................................................. 14 Volume II Controle de Infecção em Endodontia 1 Introdução......................................................................................................................... 16 2 Orientações Gerais para controle de infecção em Endodontia.......................................... 16 3 Organização da bandeja clínica......................................................................................... 19 4 Controle de microorganismos........................................................................................... 20 Volume III Topografia e Anatomia da cavidade pulpar/Preparo Intracoronário 1 Introdução......................................................................................................................... 22 2 Topografia e anatomia da cavidade pulpar....................................................................... 22 3 Número e localização dos canais radiculares.................................................................... 24 4 Preparo intracoronário....................................................................................................... 25 Volume IV Preparo químico-mecânico e Obturação do Sistema de Canais Radiculares 1 Preparo químico-mecânico............................................................................................... 33 1.1 Objetivos........................................................................................................................ 33 1.2 Classificação dos canais radiculares.............................................................................. 33 1.3 Irrigação......................................................................................................................... 34 1.4 Odontometria.................................................................................................................. 35 1.5 Técnica de Instrumentação............................................................................................. 37 1.6 Remoção da smear layer................................................................................................ 38 1.7 Curativo de Demora....................................................................................................... 38 2 Obturação do SCR............................................................................................................. 39 1 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG MANUAL DE ENDODONTIA VOLUME I ORIENTAÇÕES GERAIS 2 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG DISCIPLINAS DA GRADUAÇÃO ENDODONTIA I 5º período ENDODONTIA II 7º período Código: ODR044 Código: ODR048 CARGA HORÁRIA: Teórica: 15 h CARGA HORÁRIA: Teórica: 0 h Prática: 45 h Prática: 45 h 1 Conteúdo Programático teórico/prático Topografia e anatomia da cavidade pulpar Preparo intracoronário Preparo químico-mecânico do Sistema de Canais Radiculares Medicação intracanal Obturação do Sistema de Canais Radiculares Diagnóstico em Endodontia Tratamento endodôntico em dentes com rizogênese incompleta Traumatismo dentário Etiopatogenia das alterações perirradiculares Acidentes e complicações em Endodontia Controle pós-tratamento 2 Atividades didáticas teóricas Aulas teóricas expositivas Seminários Grupos de estudo/discussão 3 Atividades didáticas práticas Pré-clínico em dentes extraídos Atendimento clínico 4 Avaliação 4.1. Atividades avaliativas Disciplina Endodontia I: 3 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG Avaliação Teórica I- 20 pontos Avaliação teórica II (Cumulativa) – 20 pontos Avaliação Prática pré-clínica: 10 pontos Avaliação Prática Clínica: 50 Conhecimentos Teóricos/Planejamento: 10 Biossegurança/Organização: 05 Evolução da Ficha Clinica/Produtividade: 05 Casos clínicos conduzidos pelo aluno: 30 Disciplina Endodontia II: Avaliação Prática pré-clínica: 10 pontos Avaliação Prática Clínica: (Atualizar de acordo com o definido na última reunião) Conhecimentos Teóricos/Planejamento: 10 Biossegurança/Organização: 05 Evolução da Ficha Clinica/Produtividade: 05 Casos clínicos conduzidos pelo aluno: 30 4.2. Critérios de Avaliação: • Comportamento: Frequência, interesse, participação, pontualidade e disponibilidade. • Relacionamento: Colegas, professores, funcionários, pacientes. • Organização: Apresentação de plano de trabalho, relatório, organização do instrumental/material, biossegurança, evolução da ficha clínica, registro de produtividade. • Desempenho teórico: Capacidade para avaliar as variações anatômicas e diagnosticar patologias pulpo-periapicais, através da anamnese e métodos auxiliares de diagnóstico; planejar e realizar todas as etapas do tratamento endodôntico, prescrever medicação tópica e/ou sistêmica, quando necessário, e orientar o paciente sobre o pós-operatório. • Desempenho clínico: Desenvolvimento das habilidades durante os procedimentos clínicos, tais como seleção de anestésico e anestesia, execução dos procedimentos auxiliares de diagnóstico incluindo técnica e processamento radiográficos,isolamento do campo operatório e selamento provisório. Serão avaliadas as habilidades técnicas pertinentes à terapêutica endodôntica, tais como abertura coronária; localização, exploração, limpeza e instrumentação dos canais radiculares; uso de medicação 4 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG intracanal; seleção e adaptação dos cones de guta-percha (principais e secundários), e realização da obturação pela técnica da condensação lateral. 5 Normas gerais de funcionamento das aulas práticas a) O aluno deverá chegar à clínica de atendimento com uma antecedência mínima de 15 minutos, para preparar os equipamentos e materiais a serem utilizados, respeitando o horário de atendimento e as normas de biossegurança descritas no volume II deste roteiro; b) Cada grupo de alunos será orientado por um professor da disciplina. O paciente será autorizado a adentrar a clínica após a anuência do professor orientador; c) O acolhimento do paciente deverá ser feito de maneira digna. O respeito aos princípios éticos que regem a prática odontológica é conduta que se espera do aluno; d) O não comparecimento do paciente, no horário agendado, não dispensa o aluno da aula prática, devendo o mesmo comunicar ao seu professor orientador o ocorrido para que ele possa redirecionar a sua prática diária; e) Durante o atendimento clínico, o aluno receberá do atendente responsável o material de consumo. O respeito e a educação no relacionamento com este profissional deverão ser priorizados; f) É vedada a retirada de material e equipamentos do recinto; g) Acidentes e desperdício de material devem ser evitados; h) Em caso de pane nos equipamentos, a atendente deverá ser comunicada para que possa solicitar a presença do técnico responsável; i) Após a conclusão do tratamento endodôntico e alta do paciente, o encaminhamento do paciente para a sequência do seu tratamento odontológico deverá ser feito pelo aluno; j) Nos 30 minutos finais da prática clínica o aluno deverá dispensar o paciente, preencher adequadamente a ficha clínica, os relatórios de produtividade, dentre outros; lavar e acondicionar o seu material. k) O horário de funcionamento da clínica deverá ser respeitado para permitir que os profissionais responsáveis pela limpeza e manutenção do espaço clínico possam atuar de forma adequada, no horário previsto para tal. *É importante que o aluno pratique cidadania: cuide do bem público. 5 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 6 Atividades pré-clínicas O objetivo do ensino pré-clínico em Endodontia é propiciar ao aluno o treinamento e desenvolvimento de suas habilidades técnicas na execução da terapia endodôntica, prévios ao atendimento do paciente. O pré-clínico será realizado em laboratório, utilizando plástico de bancada, mini torno, e dentes humanos extraídos, obedecendo a normas de biossegurança como: uso de máscaras, óculos, gorro, avental e luvas. Serão desenvolvidas as seguintes atividades: • Abertura coronária • Reconhecimento do instrumental endodôntico– e preparo químico-mecânico utilizando técnica automatizada • Obturação do canal radicular utilizando a técnica de Condensação Lateral Na última semana de atividade pré-clínica, o aluno deverá entregar ao seu orientador um relatório que deverá constar: a) descrição dos dados radiográficos dos dentes selecionados; b) descrição da abertura coronária para os dentes selecionados; c) descrição da técnica de instrumentação escolhida e utilizada. Deve ser mencionado o calibre e sequência das limas empregadas em cada etapa, as medidas encontradas para o CDR, CTP, CPC e CT; as referências externas utilizadas e as soluções irrigadoras empregadas; d) justificar a escolha da técnica de instrumentação e das soluções irrigadoras utilizadas; e) descrição das etapas da técnica de obturação utilizada e os objetivos pretendidos; f) a documentação radiográfica de cada etapa pré-clínica deverá estar anexada ao relatório em ordem de utilização e deverão ser relatadas as dificuldades encontradas durante a realização destas atividades. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: *O pré-clínico é a base para a realização das atividades clínicas. Utilize este momento para desenvolver suas habilidades e esclarecer suas dúvidas. O aluno que não cumprir essa etapa não poderá passar para à Fase Clínica, ou seja, não poderá atender pacientes. *O material solicitado, incluindo dentes humanos extraídos, será de responsabilidade do aluno, devendo, impreterivelmente, ser apresentado no primeiro dia da atividade pré-clínica (ver lista de material – pág. 12 a 13). 6.1. Seleção dos dentes Os alunos deverão apresentar dentes suficientes para executar as atividades pré-clínicas, sendo ao menos: 3 incisivos, 3 caninos e 3 pré-molares, podendo ser superiores e/ou inferiores, para as práticas de Endodontia I; e 3 molares superiores e 3 inferiores, para as 6 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG práticas de Endodontia II. Os dentes deverão apresentar as raízes completamente formadas e sem destruições coronárias extensas e ainda, raízes que apresentem canais visíveis radiograficamente (sem calcificações na câmara ou nos canais radiculares). *Os terceiros molares devem ser evitados. 6.2. Preparo prévio e armazenamento dos dentes O preparo e armazenamento dos dentes extraídos deve seguir o protocolo descrito nas Normas Técnicas para Controle da AIDS e Outras Infecções Virais na Prática Odontológica - Ministério da Saúde - 1989): os dentes extraídos deverão ser lavados com água e sabão e mantidos em solução de formol a 10%, por 48 horas (um período maior prejudica o trabalho, enrijecendo as estruturas dentárias). Em seguida os dentes deverão ser lavados em água corrente e armazenados em solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) por 24 horas. Esta etapa promoverá o clareamento e a dissolução dos restos orgânicos, principalmente aqueles presentes na superfície radicular. Se necessário, o material aderido deverá ser raspado utilizando-se instrumentos adequados. Em seguida, os mesmos deverão ser limpos e secos com gaze cirúrgica e armazenados durante todo pré-clínico em solução de hipoclorito de sódio a 1% associado à glicerina (proporção de 1:9). 6.3. Abertura Coronária Um dente de cada grupo será escolhido e num mesmo filme radiográfico, duas tomadas serão realizadas (vestíbulo-lingual e mesio-distal). As radiografias serão realizadas utilizando sensor radiográfico (radiografia digital) e computador disponibilizados pela disciplina de Endodontia, e aparelho de raio-x portátil, sob supervisão de um professor ou pós-graduando para auxílio e cuidado no manuseio destes aparelhos. Os dentes serão fixados sobre o sensor radiográfico com o auxílio de cera utilidade. A abertura coronária deverá ser realizada como especificado no item preparo intracoronário descrito no Volume III deste roteiro. O aluno deverá realizar a abertura coronária em pelo menos um dente de cada grupo. 6.4. Preparo químico-mecânico Será utilizada técnica de instrumentação e automatizada, com o Sistema Rotatório Protaper Next, como descrito no Volume IV deste manual. Os dados obtidos durante os 7 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG procedimentos deverão ser anotados na ficha que contém um quadro análogo a esse, onde dois exemplos foram preenchidos (1 incisivo central superior e 1 molar inferior): CANAL CDR CTP REFERÊNCIA CPC CT M2 ICS 21 20 Borda Incisal 22 21,5 X5 MV 18 17 Cúspide MV 19 18,5X2 ML 18 17 Cúspide ML 19,5 19 X2 D 20 19 Cúspide DV 20 19,5 X3 CDR: comprimento do dente na radiografia CTP: comprimento de trabalho provisório CPC: comprimento de patência do canal CT: comprimento de trabalho M2: lima de memória 2 6.5. Obturação dos canais radiculares O aluno deverá obturar os canais radiculares dos dentes instrumentados, utilizando a técnica da condensação lateral descrita no Volume IV. 7 Atendimento aos pacientes A triagem dos pacientes acontecerá em um momento próprio, definido pela disciplina, e em consonância com o CASEU. A mesma será realizada pelo aluno sob a supervisão do professor orientador e demais membros da equipe (estagiário de graduação e pós-graduação). O atendimento aos pacientes iniciar-se-á após as atividades pré-clínicas. Inicialmente, o aluno deverá preencher a ficha clínica e confeccionar o planejamento das atividades clínicas a serem realizadas. Espera-se que, ao final do estágio clínico, o aluno conclua, no mínimo, dois tratamentos endodônticos. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: É imprescindível que o aluno faça, por escrito, o plano de tratamento, antes do início do atendimento do paciente, que deverá conter o passo-a-passo dos procedimentos que serão realizados. 8 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 7.1. Anamnese, exame clínico e complementares • Exame subjetivo: anotar os dados semiológicos de interesse, relatados pelo paciente, nos respectivos tópicos da ficha clínica: queixa principal ou motivo da consulta, história da moléstia atual (principalmente dados sobre dor: natureza da dor, provocada ou espontânea, início, duração, estímulo desencadeante, alívio, localização), história médica pessoal e familiar; • Exame objetivo extraoral: anotar a presença de assimetrias faciais, edemas, fístulas e hematomas observados durante o exame, a normalidade ou não dos movimentos mandibulares, bem como os dados obtidos durante a palpação da região extraoral; • Exame objetivo intraoral: Anotar as características observadas durante a inspeção visual e palpação dos tecidos moles, tais como a presença de dor, alteração de volume, presença de fístulas ou cicatrizes. Avaliação dos tecidos duros, incluindo extensão de cáries, exposições pulpares, restaurações defeituosas, recidiva de lesões cariosas, alteração da coloração, presença de mobilidade, etc. Neste momento, realizam-se alguns exames complementares de diagnóstico, tais como os testes de percussão vertical e horizontal; • Exames complementares: o Testes de sensibilidade pulpar: Térmicos: a) Frio - sob isolamento relativo, utilizar gás refrigerante, aplicado no centro da face vestibular do dente em questão. b) Calor – sob isolamento relativo, utilizar bastão de guta-percha aquecido aplicado no centro da face vestibular do dente em questão, devidamente lubrificada com vaselina. Elétrico: Sob isolamento relativo, utilizar o aparelho Pulptester colocando-se a ponta do eletrodo no centro da face vestibular lubrificada com pasta profilática. *Os testes de sensibilidade pulpar deverão ser realizados anteriormente nos dentes homólogos e/ou vizinhos, para que se proceda a comparação dos resultados. *Este teste é contraindicado para pacientes que utilizam aparelhos vitais como marcapasso. 9 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG OBS: As respostas aos testes de sensibilidade, percussão e palpação devem ser classificadas como positivas ou negativas de acordo com a informação do paciente. o Exame radiográfico: Durante a confecção e análise da ficha clínica, o aluno deverá realizar a radiografia periapical inicial (Radiografia de Estudo) para o diagnóstico, e estudá-la cuidadosamente sob o uso de lupa e negatoscópio, observando: localização e diâmetro da câmara pulpar, relação teto-soalho, exposições pulpares, profundidade e adaptação das restaurações presentes, presença de cáries e possíveis alterações fisiopatológicas na cavidade pulpar, a luz dos canais radiculares e suas trajetórias e curvaturas, simetria ou assimetria da lâmina dura, alargamento do espaço periodontal, presença de áreas radiolúcidas perirradiculares (circunscritas ou difusas), e de dentes tratados endodonticamente. O diagnóstico será concluído associando-se os dados relevantes obtidos durante o exame clínico-radiográfico, com o conhecimento teórico acumulado pelo aluno durante o seu curso. 7.2. Anestesia Uma boa e completa anestesia é fundamental para a condução do tratamento endodôntico! É oportuno fazer uma revisão do conhecimento adquirido previamente sobre ass técnicas anestésicas apropriadas para os diferentes dentes. 7.3. Preparo inicial do dente O primeiro passo neste procedimento clínico será a realização da raspagem e/ou polimento coronário do dente. Tecidos cariados e restaurações mal adaptadas devem ser rigorosamente removidos, assegurando a manutenção da cadeia asséptica e também a remoção das estruturas de esmalte sem sustentação dentinária. O dente deverá, neste momento, ser avaliado quanto à necessidade de reconstrução coronária ou de encaminhamento para a realização da cirurgia periodontal para aumento de coroa clínica, a fim de se obter o isolamento absoluto adequado. 7.4. Abertura Coronária O aluno deverá obedecer aos princípios descritos no Volume III deste manual. 7.5. Isolamento absoluto Para realizar o isolamento absoluto, o aluno deverá ter em mãos: 10 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG • Lençol de borracha • Arco de Young ou de Ostby não metálico • Grampos para isolamento • Perfurador de lençol de borracha • Pinça porta grampo • Fio dental • Barreira gengival fotopolimerizável Na Endodontia, isola-se apenas o dente que receberá o tratamento endodôntico. O procedimento inicia com a seleção do grampo adequado e testá-lo, devidamente amarrado a um fio dental. Antes de perfurar o lençol de borracha, marcar a posição de modo que este fique centralizado. Para facilitar a colocação do lençol, o mesmo poderá ser lubrificado. Após a colocação do conjunto grampo, lençol e arco, o aluno deverá fazer a invaginação do lençol com o fio dental, nas faces distal e mesial, amarrando-o firmemente na região cervical para garantir uma melhor adaptação do lençol às paredes do dente a ser isolado. A seguir, uma camada de barreira gengival fotopolimerizável deve ser aplicada ao redor do dente, na região em contato com o lençol, para garantir o isolamento apropriado. Após a realização do isolamento absoluto, realizar a antissepsia e desinfecção do campo operatório com hipoclorito de sódio 2,5%, por 5 minutos. O procedimento deverá abranger a coroa do dente, o grampo e toda a área do lençol da borracha. * Após o isolamento absoluto não se deve realizar procedimentos que contaminem o campo operatório. 8 Documentação radiográfica As radiografias fazem parte da documentação do paciente e representam um meio auxiliar de diagnóstico imprescindível para o planejamento, acompanhamento e proservação do tratamento endodôntico. Todo o empenho deverá ser feito para uma radiografia com posicionamento adequado, evitando repetições e agilizando o tratamento. Estas deverão ser identificadas no computador para arquivá-las adequadamente. • Antes da tomada radiográfica: a) Preencher a requisição para a revelação radiográfica pelo setor de radiologia, que deverá ser assinada pelo professor orientador; 11 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG b) Ter em mãosa película a ser sensibilizada, já protegida com o plástico para inserir na boca do paciente. • No momento da radiografia: a) Conduzir o paciente até a cadeira da sala de Rx somente quando esta estiver liberada; b) Se necessário, o arco do isolamento absoluto poderá ser removido, no momento da tomada radiográfica, mas deverá ser recolocado com o paciente ainda na cadeira do Rx; c) Utilizar luvas plásticas de proteção para manusear a ampola do aparelho de Rx, avental de chumbo, cadeira e o disparador do aparelho. • Após a radiografia: a) Reconduzir o paciente até o equipo, reposicionando o sugador de saliva de imediato. Em se tratando de radiografia de odontometria, fazer as anotações pertinentes como: comprimento de trabalho provisório, referências externas dos cursores, variação do ângulo de incidência horizontal utilizado para tomada radiográfica; b) Remover o plástico ao redor da película sensibilizadora, para entregá-la ao setor de radiologia para devida revelação; c) Analisar a radiografia com o orientador, no computador presente na clínica. 9 Bibliografia recomendada: 1) ANDREASEN, J.O.; ANDREASEN, F.M.; ANDERSSON, L., eds. Textbook and Color Atlas of Traumatic Injuries to the Teeth. 5ª ed. John Wiley & Sons; 2019. 2) DE DEUS, Q. Endodontia. 5ª ed. Medsi: Rio de Janeiro; 1992. 3) ESTRELA, C. Ciência Endodôntica. Livraria Editora Artes - Médicas: São Paulo; 2004. 4) HARGREAVES, K.M.; BERMAN, L.H. COHEN Caminhos da polpa. 11ª ed. Elsevier, 2017. 5) LEONARDO, M.; LEONARDO, R. Endodontia: conceitos biológicos e recursos tecnológicos. São Paulo: Artes Médicas; 2009. 6) LOPES, H.P.; SIQUEIRA-Jr, J.F. Endodontia: Biologia e Técnica. 4ª ed. Guanabara Koogan; 2015. 7) MACHADO, M.E.L. Endodontia: Ciência e Tecnologia. 3ª ed. São Paulo: Quintessence Publishing Brasil; 2007. 12 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 10 Material para as atividades pré-clínicas e clínicas: N° Qtde Especificação de Instrumentais 1 01 Pinça clínica (para uso específico em Endodontia) 2 01 Espelho clínico de Primeiro Plano 3 01 Colher de dentina 4 01 Sonda exploradora nº 5 5 01 Hollemback nº 3 6 01 Seringa de anestesia carpule 7 01 Placa de vidro 8 02 Potes dappen de vidro 9 01 Cuba de vidro (para solução irrigadora) ou copo de vidro (aprox. 60 mL) 10 01 Tesoura cirúrgica reta 11 01 Alicate para pré-curvar limas 12 01 Sonda endodôntica - Odous ou similar 13 01 Escavador pescoço longo n·29/30 (Maillefer ou similar) 14 01 Espátula metálica para cimento nº 24 (ODOUS ou similar) 15 01 Condensador para obturação nº 2 (ODOUS, JR, Endomil, Ápice) 16 01 Condensador para obturação nº 3 (ODOUS, JR, Endomil, Ápice) 17 01 Instrumento de Lucas /condensador nº 4(ODOUS, JR, Endomil, Ápice) 18 01 Condutor de calor metálico nº 22E (ODOUS, JR, Endomil, Ápice) 19 01 cx Seringas hipodérmicas descartáveis – 5 mL 20 Agulhas para irrigação 25 x 4 (25 unidades) 21 01 Arco de Young ou Nigaard-Ostby de plástico 22 01 Perfurador de Ainsthworth 23 01 Pinça porta-grampo de Brewer 24 Grampos para isolamento absoluto: (1 de cada: 210, 211, 212, 209, 207, 206, 201, 26, W8A, KSK-DENCO ou IVORY 04, 12A, 13ª, 14 e 14A) 25 15 Vidros tipo penicilina 26 01 Kit de Posicionador Radiográfico Endodôntico 27 01 Pontas Easy Clean, para agitação de solução irrigadora (blister com 6 unidades) 28 01 Plástico para proteção de bancada (aulas laboratoriais) 29 01 Pacote luvas para procedimentos (tipo ginecológico) 13 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 30 01 Par de luvas de borracha p/ faxina (tipo mucambo) 31 01 Avental Plástico para proteção do paciente 32 01 Óculos de proteção para o paciente 33 02 Brocas 1557 AR 34 01 Broca 1558 AR 35 02 Réguas endodônticas metálicas 36 01 Tamborel (Clean stand) 37 01 pcte Cursores endodônticos de silicone 38 01 Broca de tungstênio esférica nº 4 - 28 mm 39 01 Broca de tungstênio esférica nº 6 - 28 mm 40 01 Broca de tungstênio esférica nº 8 - 28 mm 41 01 Broca esférica diamantada n°2 42 02 Brocas Endo-Z AR 43 02 Broca Gates Glidden nº 2 - 32 mm 44 02 Brocas Gates Glidden nº 3 - 32 mm 45 01 Espaçador Digital A 25 mm 46 01 Espaçador Digital B 25 mm 47 01 Espaçador Digital C 25 mm 48 01 cx Lima Tipo K 06 - 21 mm 49 01 cx Lima Tipo K 08 – 21 mm 50 01 cx Lima Tipo K 08 - 25 mm 51 03 unid Lima Tipo K 08 - 31 mm 52 01 cx Lima Tipo K 10 – 21 mm 53 01 cx Lima Tipo K 10 - 25 mm 54 03 unid Lima Tipo K 10 – 31 mm 55 01 cx Lima Tipo K 15 - 25 mm 56 01 cx Lima Tipo K 15/ 40 - 25 mm 57 01 cx Lima Tipo K 45/80 - 25 mm 58 01 cx Lima Tipo K 15/40 - 31 mm 59 01 cx Lima Tipo K 45/80 - 31 mm 60 02 cx Limas Protaper Next – 25 mm – Kit X1-X2-X3-X4-X5 61 01 Maçarico 62 01 Mini torno de bancada – Sugestão: Torno Acadêmico Tornim 63 01 Placas de fósforo para Radiologia Digital (necessariamente marca DURR) 14 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG *Além dos materiais listados na tabela, os alunos deverão adquiris os dentes extraídos para treinamento pré-clínico, como citado anteriormente no item 6.1. 15 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG FICHA DE ENDODONTIA Aluno: Nº. Professor Responsável: Paciente: Registro: Pais ou responsável: Endereço: CEP.: Cidade: Telefone: Contato: Dente: Diagnóstico: Técnica de instrumentação: Medicação intracanal: Técnica de obturação: Selamento provisório: Nº total de sessões: Início do tratamento: / / Término do tratamento: / / CANAL CDR CTP REFERÊNCIA CPC CT M2 16 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG MANUAL DE ENDODONTIA VOLUME II CONTROLE DE INFECÇÃO EM ENDODONTIA 17 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1 Introdução O controle de infecção visa impedir a penetração de microrganismos em locais onde eles não se encontram, bem como evitar a incorporação de novos agentes à área já contaminada. Tais medidas visam garantir a segurança dos pacientes e da equipe de saúde. É importante salientar que o controle de infecção emprega um conjunto de medidas de precaução-padrão, adotadas universalmente, como forma eficaz de redução do risco ocupacional e da transmissão de agentes infecciosos nos serviços de saúde. Essas precauções auxiliam a equipe de saúde na adoção de condutas técnicas adequadas, enfatizando a necessidade de se tratar todos os pacientes em condições biologicamente seguras (Brasil, 2000). 2 Orientações gerais para o controle de infecção em Endodontia O sucesso do tratamento endodôntico está condicionado à manutenção da cadeia asséptica durante todo o procedimento. Para isso, devem ser observadas algumas normas básicas: 2.1 Manter as mochilas ou outros acessórios em local apropriado, e não acondicioná-los junto ao local do atendimento; 2.2 É imprescindível a utilização de barreiras protetoras (equipamento de proteção individual) durante os procedimentos clínicos, tais como o avental, gorro, máscara, óculos de proteção, faceshield e avental descartável e luvas. Seu uso está restrito ao ambiente da clínica; 2.3 Os cabelosdevem estar completamente cobertos pelo gorro e este deve ser descartado após cada período de atendimento. Relógio, pulseiras, brincos e anéis devem ser removidos; 2.4 As máscaras protegem as vias aéreas superiores do contato direto com partículas de aerossóis ou fluidos orais do paciente e deverá ser trocada após o atendimento de cada paciente; 2.5 Os óculos de proteção são importantes barreiras para os operadores e para os pacientes, evitando-se a contaminação da conjuntiva ocular por microrganismos, respingos de sangue e/ou secreções. Protegem também contra acidentes ocupacionais. Deverão ser colocados e ajustados sobre a máscara. Após o uso, lavá-los com água e sabão, enxaguá-los bem e secá- los com toalha de papel; 2.6 As luvas protegem as mãos do contato direto com a saliva, sangue, fluidos orgânicos, mucosas e instrumentos contaminados. São essenciais no controle da infecção cruzada nos ambientes de atendimento clínico. As luvas de látex são de uso individual e exclusivo para 18 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG cada paciente atendido. Evitar manuseio de objetos fora da área de intervenção clínica com as mãos enluvadas; se for necessário, usar sobreluvas de proteção (vinil, plástica, etc.). As mãos deverão ser lavadas antes e após sua utilização. O material utilizado durante o atendimento deverá ser lavado utilizando luvas de borracha. OBSERVAÇOES IMPORTANTES • Verificar a integridade das luvas de látex e de borracha antes da sua utilização; • Lavar as luvas de borracha, a cada turno, por fora, com água e sabão: proceder à desinfecção, por fora, com hipoclorito de sódio a 1%, secá-las prendendo-as pelas pontas dos dedos. Armazená-las em sacos plásticos, isolando-as de outros materiais; • Durante o atendimento, o paciente deverá utilizar óculos de proteção, gorro e avental de plástico. 2.7 Os alunos deverão orientar os pacientes a trazerem suas escovas dentais, a fim de que seja feita a higienização da cavidade bucal antes do atendimento. Essa medida, embora simples, reduz, significativamente, a presença de aerossóis nas clínicas, bem com reforça o conceito de atendimento global às necessidades do paciente; 2.8 Cuidados com os equipamentos e instrumentais: • Deverá ser realizada a desinfecção das pontas do equipo (contra-ângulo e seringa tríplice), no início de cada aula: envolvê-las por 10 min. em gaze embebida, em álcool iodado a 2% ou compostos fenólicos. Após este período, deve-se fazer a neutralização com álcool 70%. A caneta de alta-rotação deverá ser preferencialmente autoclavada. Não sendo possível, deverá ser desinfetada à semelhança das outras e recoberta com plástico tipo PVC ou similar. A seringa tríplice deverá receber uma cobertura similar; • Deve-se desprezar o primeiro jato de água e spray das canetas de alta-rotação e seringas tríplices; • Superfícies passíveis de contaminação e de difícil descontaminação devem ser encobertas com plástico PVC: botões de acionamento da cadeira, encosto para cabeça e braços da cadeira, alça do refletor e da bandeja clínica; • A organização de sua mesa clínica é fundamental para a racionalização do seu trabalho. Coloque na bandeja todo o instrumental necessário à execução das tarefas planejadas; 19 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG • As bancadas deverão ser limpas com água e sabão, seguido da aplicação de álcool a 70%. Deve-se protegê-las com um pano de campo estéril e organizá-las de acordo com o modelo proposto na Figura.1 deste manual; • Em consonância com os protocolos de biossegurança e de controle de infecção cruzada, o trabalho em equipe aumenta a produtividade e diminui o estresse do operador. Durante a prática endodôntica, o auxiliar deve passar o tamborel contendo as limas para que o operador as retire, evitando-se acidente; • A partir do momento em que as mãos estão enluvadas, o campo de ação do cirurgião-dentista se restringe ao campo operatório e o do auxiliar à bandeja operacional. Sendo necessário sair deste “campo de ação”, por exemplo, para pegar algum material de consumo, analisar radiografias, preencher ficha clínica, etc., os alunos deverão utilizar luvas de proteção; • Jamais toque com as mãos, mesmo enluvadas, na ponta ativa dos instrumentos e cones de guta percha. Para colocar e posicionar cursores, pré-encurvar limas e acomodar brocas, utilize gaze estéril. O posicionamento dos cursores deve ser realizado em dois tempos. Coloque o cursor sobre régua endodôntica, no furo específico para tal, pressione-o e, posteriormente com a parte graduada da régua determine a posição desejada; • Sobre o campo operatório devidamente isolado, dever-se-á utilizar uma cânula aspiradora (sugador endodôntico); • A agulha para anestesia e as agulhas das seringas de irrigação, descartáveis, serão desprezadas em recipientes próprios; • Para prevenir acidentes com os instrumentais perfurocortantes, deve-se realizar a descontaminação prévia dos mesmos ao término da sessão, colocando-os em solução desinfetante (água sanitária diluída em água, na proporção 1:3 ou detergente enzimático) antes da sua limpeza. Remover, com escovas, cuidadosamente, resíduos de cimento e outros detritos que possam comprometer o processo de esterilização e a vida útil dos instrumentos; • Ao sair deixe o seu equipamento limpo. É de responsabilidade do aluno a remoção das barreiras colocadas no equipo. 20 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 3 Organização da bandeja clínica A Figura.1 ilustra a distribuição na bandeja clínica do instrumental utilizado em endodontia. Figura.1 - Distribuição do instrumental endodôntico na bandeja clínica. 21 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 4. Controle de microrganismos PARA A ESTERILIZAÇÃO, É IMPRESCINDÍVEL A DESCONTAMINAÇÃO PRÉVIA DO MATERIAL CONTAMINADO. A LIMPEZA É O MAIOR POTENCIALIZADOR DO AGENTE ESTERILIZANTE OU DESINFETANTE. O INSTRUMENTAL DEVE ESTAR RIGOROSAMENTE LIMPO E SECO ANTES DE INICIAR ESTE PROCESSO. AS BROCAS E CURETAS SOLICITADAS SERÃO DE USO EXCLUSIVO DA DISCIPLINA. TODO O INSTRUMENTAL ENDODÔNTICO SERÁ AUTOCLAVADO. ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DA CARGA (deverão ser atendidas as orientações da CME). ALGUNS INSTRUMENTOS E MATERIAIS ENDODÔNTICOS DEVERÃO SER ESTERILIZAD0S EM VIDROS TIPO PENICILINA E ARMAZENADOS DA SEGUINTE FORMA: Vidro Instrumentos Quantidade 01 Limas tipo K #06, 21 mm 01 jogo 01 Limas tipo K #08, 21 mm 01 jogo 02 Limas tipo K #08, #10, e #15,25 mm 02 unidades de cada 01 Limas tipo K #15 a #40, 25 mm 01 jogo 01 Limas tipo K #45 a #80, 25 mm 01 jogo 01 Limas tipo K #15 a #40, 31 mm 01 jogo 01 Limas tipo K #45 a #80, 31 mm 01 jogo 01 Limas Protaper Next 01 jogo 01 Limas Protaper Next 01 jogo 01 Espaçadores digitais A, B, e C 01 unidade de cada 01 Brocas Gates Glidden, 2, 3, 4, 5 01 unidade de cada 01 Brocas de alta rotação (esférica diamantada, 1557, Endo Z) 01 unidade de cada 01 Brocas de baixa rotação XX 01 Cursores 01 pacote 22 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG MANUAL DE ENDODONTIA VOLUME III TOPOGRAFIA E ANATOMIA DA CAVIDADE PULPAR/PREPARO INTRACORONÁRIO 23 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1Introdução A abertura coronária é a primeira fase do tratamento endodôntico e tem por finalidade permitir o acesso ao sistema de canais radiculares de uma forma direta, possibilitando e facilitando as fases subsequentes. Para tal, torna-se indispensável o conhecimento da anatomia dentária, da posição do dente no arco e da sua relação com os tecidos vizinhos. Sugere-se ao aluno, que faça uma revisão na literatura pertinente. 2 Topografia e anatomia da cavidade pulpar A cavidade pulpar se divide em câmara pulpar e canal radicular. É preenchida por um tecido conjuntivo frouxo, a polpa dentária, e é circundada pelos tecidos mineralizados, sendo dentina e esmalte na sua porção coronária, e dentina e cemento na sua porção radicular. A câmara pulpar geralmente acompanha a forma externa da coroa do dente. Possui o teto, o assoalho, e as paredes laterais. Nos dentes posteriores, o assoalho da câmara é bem definido e apresenta uma ligeira convexidade que conduz às entradas dos canais radiculares (Figura. 1). Nos dentes anteriores, o canal radicular é um prolongamento da câmara pulpar. Figura. 1 Assoalho da câmara pulpar. No teto da câmara pulpar, observam-se os divertículos, que se encontram subjacentes às cúspides e que são ocupados pelos cornos pulpares. Nos dentes anteriores jovens, esses divertículos são muito proeminentes, correspondendo aos mamelões observados na coroa. Nos caninos, este divertículo é único e muito pronunciado, correspondendo à cúspide (Figura. 2A e B). 24 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG A B Figura. 2 Divertículos do teto da câmara pulpar de dentes anteriores: (A) incisivos centrais superiores (vista vestibular); (B) Caninos (vista proximal). Observam-se projeções de dentina nas paredes laterais da câmara pulpar, tanto nos dentes anteriores quanto nos posteriores. Contudo, estas são mais evidentes à medida que há um achatamento mésio-distal da câmara pulpar com o envelhecimento e/ou a deposição de dentina secundária. O canal radicular se estende por toda a raiz. Suas extremidades são os orifícios do assoalho da câmara pulpar e o forame apical (ápice radicular). Um canal radicular único, cônico e que termina em um forame apical distinto, deve ser considerado uma exceção e não uma regra. Na realidade, o canal radicular é definido como um SISTEMA DE CANAIS RADICULARES (SCR), dada a variedade e complexidade da topografia interna da cavidade pulpar. O SCR é constituído pelo canal principal, canais laterais, canais secundários, acessórios, colaterais, intercondutos, recorrentes, deltas apicais e canais reticulares (Figura.3) Figura. 3 Ramificações do canal radicular (Fonte: De Deus, 1992) P r i n c i p a l Colateral Lateral Recorrent e Canais Reticula res Delta Apical Secundá rio Acessório Inter conduto 25 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 3 Número e localização dos canais radiculares Os canais radiculares podem apresentar variações quanto ao número, forma, direção e tipos de ramificações. O conhecimento prévio das possíveis configurações anatômicas dos diferentes elementos dentários é de suma importância para a localização de canais radiculares. Quadro 1 – Comprimento médio e variações na distribuição, localização e frequência dos canais radiculares para cada elemento dental Maxila Dente Comprimento médio Número /localização canais /frequência Incisivo central 21,0 m 1 canal central (100%) Incisivo Lateral 22,1 mm 1 canal (97%) 2 canais - 1V + 1L (3%) Canino 25,0 mm 1 canal central (100%) 1º. Pré-Molar 21,6 mm 1 canal central (8,3%) 2 canais - 1V + 1L (84,2%) 3 canais - 1MV + 1DV + 1P (7,5%) 2º. Pré-Molar 22,1mm 1 canal central (53,7%) 2 canais - 1V + 1L (46,3%) 1º. Molar 21,0 mm 3 canais - 1MV + 1DV + 1P (30%) 4 canais – 1 MV + 1 MV2 + 1 DV + 1P (70%) 2º. Molar 21,7 mm 3 canais - 1MV + 1DV + 1P (50%) 4 canais – 1 MV + 1 MV2 + 1 DV + 1P (50%) Mandíbula Dente Comprimento médio Número /localização canais /frequência Incisivo central 1 canal (73,4%) 2 canais - 1V + 1L (26,6%) Incisivo Lateral 1 canal (84,6%) 2 canais - 1V + 1L (15,4%) Canino 1 canal (88,2%) 2 canais - 1V + 1L (11,8%) 1º. Pré-Molar 1 canal (66,6%) 2 canais - 1V + 1L (31,3%) 3 canais - 1MV + 1DV + 1L (21%) 2º. Pré-Molar 1 canal (89,3%) 2 canais - 1V + 1L (10,7%) 1º. Molar 2 canais - 1M + 1D (8%) 3 canais - 1MV + 1ML + 1D (56%) 4 canais 1MV + 1ML + 1DV + 1D (36%) 2º. Molar 2 canais - 1M + 1D (16,2%) 3 canais - 1MV + 1ML + 1D (72,5%) 4 canais - 1MV + 1ML + 1DV + 1D (11,3%) Fonte: De Deus, 1992 26 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 4 Preparo intracoronário O preparo intracoronário compreende uma série de etapas operatórias para se obter uma cavidade que possibilite um acesso direto e sem interferência ao sistema de canais radiculares. Para cada grupo de dentes, realiza-se uma cavidade específica em função de suas peculiaridades anatômicas. Dessa forma, torna-se necessário o conhecimento prévio da anatomia dentária. É importante ressaltar que a maior parte das iatrogenias observadas durante o tratamento endodôntico resulta do preparo incorreto da cavidade de acesso. O preparo intracoronário consiste das seguintes etapas: A) Acesso à câmara pulpar: Trepana-se a coroa do dente até atingir o teto da câmara pulpar, rompendo-o. A trepanação deve ser iniciada na área de eleição, seguida de uma forma de contorno inicial da cavidade intracoronária, de acordo com as características da câmara pulpar de cada dente. B) Forma de conveniência: Com esta manobra objetiva-se a visualização e o acesso diretos à câmara pulpar e às embocaduras dos canais radiculares. Nessa etapa, removem-se todas as interferências ao livre acesso radicular, em especial o teto da câmara pulpar e as projeções dentinárias. 4.1 Incisivos e caninos superiores e inferiores Para realizar a abertura coronária, divida a superfície lingual/palatina do dente em terços (tanto no sentido mésio-distal quanto no cérvico-incisal). O terço central desta superfície será a área de eleição. Para os incisivos, essa área será triangular, com ângulos arredondados, com sua base voltada para a incisal e o seu vértice para a cervical. Para os caninos, será em forma de lança, com a ponta menor voltada para a incisal (Figura. 4 - A, B, C, D, E). 27 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG A. Incisivo Central Superior B. Incisivo Lateral Superior C. Incisivo Central Inferior D. Canino Superior E. Canino Inferior Figura. 4 - Localização da cavidade de acesso nos dentes anteriores. Inicia-se a abertura coronária utilizando a ponta esférica diamantada ou broca 1557 em alta rotação e com irrigação constante, perpendicular ao longo eixo do dente (Figura. 5) para realizar a forma de contorno ainda em esmalte. Ao atingir a dentina, mude a angulação da broca para 45°, em sentido paralelo ao longo eixo do dente, e continue a trepanação até atingir a câmara pulpar (Figura. 6). Lembre-se que a câmara pulpar dificilmente se encontra além da linha cervical. Se você encontrar dificuldades em alcançá-la, verifique a direção da trepanação e avalie a radiografia de estudo. 28 _________________________________________________________________________________MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG Figura. 5 - Direção de trepanação inicial em dentes anteriores (90°). Figura. 6 - Direção de trepanação final em dentes anteriores (45°). Após a exposição da câmara pulpar, remova o teto remanescente utilizando-se a broca Endo-Z em alta rotação e sob irrigação constante. Com esta mesma broca, realizar-se-á a forma de conveniência (Figura. 7). Para avaliar a permanência de teto remanescente na câmara pulpar utilize a ponta angulada da sonda exploradora (Figura. 8). Figura. 7 - Remoção do teto da câmara pulpar. Figura. 8 - Verificação da presença de teto remanescente utilizando a sonda clínica. 29 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG Para proceder à remoção do ombro lingual, utiliza-se a broca Endo-Z ou Gates Glidden, de calibre proporcional ao diâmetro do canal radicular no terço cervical (Figura. 9). Figura. 9 - Remoção do ombro lingual. 4.2 Pré-molares superiores e inferiores Divida a superfície oclusal em terços, tanto no sentido mésio-distal, como no sentido vestíbulo-lingual. Na fossa central, faça a forma de contorno que deverá ser elíptica nos pré- molares superiores e oval nos inferiores (Figura. 10 A, B, C). A) 1 Pré-molar Superior B) 2 Pré-molar Superior C) 1 Pré-molar Inferior Figura. 10 - Localização da cavidade de acesso em pré-molares. Inicie a abertura na fossa central com ponta esférica diamantada ou broca 1557, em alta rotação e sob constante irrigação, em posição perpendicular à superfície oclusal, até atingir a dentina (Figura. 11A). Continue a penetração com a broca 1557 (Figura. 11B). Em casos de 30 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG canal único, mantenha a broca paralela ao longo eixo do dente, enquanto nos dentes com dois canais, incline a broca ligeiramente para o lado lingual. Penetre com a broca até sentir “sua queda” na câmara pulpar. Figura. 11 - A) Trepanação inicial em PM. Figura. 11 - B) Forma de contorno em PM. Para dar a forma de conveniência, remova o restante do teto da câmara pulpar com a broca Endo- Z, que deverá ser utilizada também para remover as projeções laterais de dentina (Figura. 12). Figura. 12 - Forma de conveniência em PM. 31 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 4.3 Molares superiores e inferiores O centro da fossa mesial da superfície oclusal é a área de eleição para se iniciar a abertura coronária dos molares. Nos molares superiores ela será trapezoidal, com a base voltada para a face vestibular (Figura. 13A e B). A) 1 Molar Superior B) 2 Molar Superior V D M P V D M P Figura. 13 - Localização da cavidade de acesso nos molares superiores. Nos molares inferiores ela será trapezoidal, com a base voltada para a mesial (Figura. 14A e B). A) Molar Inferior c/ 3 canais B) Molar Inferior c/ 4 canais V D M L V D M P Figura. 14 - Localização da cavidade de acesso nos molares inferiores. 32 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG Inicie a abertura no centro da fossa mesial com uma ponta diamantada esférica ou broca 1557 em alta rotação e sob irrigação constante, em posição perpendicular à superfície oclusal, fazendo a forma de contorno no esmalte. Ao atingir a dentina, continue a penetração com a broca 1557 até sentir “sua queda” na câmara pulpar. Nos molares superiores, incline a broca ligeiramente para o lado palatino. Nos molares inferiores incline-a para a lingual, em direção aos cornos pulpares mais proeminentes. Remova o restante do teto da câmara com a broca Endo- Z, que será também utilizada para dar a forma de conveniência. ➢ Em dentes portadores de restaurações de amálgama, sempre se deve removê-las totalmente antes da realização da abertura coronária. Remanescentes desta obturação podem se soltar no transcurso do tratamento endodôntico, contaminando o SCR. ➢ Ao final da etapa de abertura da câmara pulpar, após o isolamento absoluto do dente, e antes de introduzir qualquer instrumento dentro do canal radicular, irrigue abundantemente a câmara pulpar com hipoclorito de sódio a 2,5%, evitando a obliteração do canal radicular com restos de dentina e fragmentos teciduais, e de detritos remanescentes dos curativos ou material restaurador. ➢ Faça a localização das embocaduras dos canais radiculares utilizando a sonda endodôntica (sonda de Rhein). ➢ Ao realizar a abertura coronária, lembre-se que muitas variações podem ocorrer. Somente uma boa radiografia, associada ao conhecimento anatômico, proporcionará condições seguras para se realizar um preparo intra-coronário correto. 33 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG MANUAL DE ENDODONTIA VOLUME IV PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO E OBTURAÇÃO DO SISTEMA DE CANAIS RADICULARES 34 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1 Preparo químico-mecânico do SCR 1.1 Objetivos: Limpar e modelar o SCR, permitindo a obturação tridimensional do mesmo. Formatação do SCR: Schilder (1974) propôs cinco princípios mecânicos a serem utilizados durante o preparo dos SCRs, que ainda hoje são atuais: - Desenvolver uma forma cônica e contínua; - Manter o canal apicalmente estreito; - Realizar preparações em múltiplos planos; - Nunca transportar o forame apical; - Manter o forame tão pequeno quanto prático. * O canal cirúrgico deve conter o canal anatômico. Para que os objetivos do preparo da cavidade endodôntica possam ser alcançados, utilizam-se técnicas de instrumentação (manuais e/ou automatizadas) associadas à irrigação. As técnicas manuais possuem particularidades que fazem com que a sua utilização dependa da topografia e anatomia dos SCRs. 1.2 Classificação dos Canais Radiculares (De DEUS, 1992): Esta classificação considera o diâmetro, o acesso à região apical e o grau de curvatura para classificar os sistemas de canais radiculares. Classe I: - amplo, mediano ou ligeiramente constrito; - reto ou com curvatura gradual discreta (< 25º); - acessível à região apical com a lima #15. Classe II: - constrito; - curvatura gradual acentuada (26 a 40º); - acesso à região apical dificultado; - penetração da lima #10 com dificuldade. Classe III: - mediano ou constrito; - curvatura acentuada (41 a 70/90º); - acesso difícil com a lima #08 e às vezes com #06. 35 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1.3 Irrigação Irrigar é o ato de limpar o campo operatório, e mais especificamente o SCR, pela movimentação e renovação frequentes de líquido em sua superfície. 1.3.1 Objetivos: • remover restos orgânicos; • remover raspas de dentina; • remover smear layer; • eliminar microrganismos; • facilitar o uso dos instrumentos. 1.3.2 Soluções irrigadoras: - Hipoclorito de Sódio (NaOCl): É a solução irrigadora mais utilizada em Endodontia. Apresenta propriedades que a qualificam para tal: é bactericida,solvente de matéria orgânica, clareadora, desodorizante e possui baixa tensão superficial. A irrigação com o NaOCl é preconizada durante todo o preparo do SCR. A concentração preconizada na FAO-UFMG pelas disciplinas de Endodontia é de 2,5%. - EDTA 17% (Ácido Etilenodiaminotetracético): Solução quelante que é utilizada para a remoção da smear layer. A smear layer é uma matéria amorfa formada pelo contato dos instrumentos com as paredes dentinárias e remanescentes teciduais, possuindo, portanto, em sua composição componentes orgânicos e inorgânicos. O EDTA dever ser utilizado em dois momentos: • após o término do término do preparo químico-mecânico; • antes da obturação do SCR. 36 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1.3.3 Técnica de irrigação: • A seringa de irrigação descartável é a ideal. Para facilitar sua utilização a agulha deverá ser angulada em 45º; • A técnica de irrigação consiste em inserir a agulha no interior do canal radicular, com movimentos delicados de vaivém à medida que é introduzida, proporcionando espaço para o refluxo da substância irrigadora. Tal manobra evita acidentes indesejáveis como o extravasamento da solução para os tecidos periapicais; • A agulha de irrigação deve atingir o terço apical do canal radicular, para promover a limpeza também deste terço, ao mesmo tempo que deve ser mantida 3 mm aquém do comprimento de trabalho para evitar o extravasamento nos tecidos periapicais; • Deve-se manter a câmara pulpar sempre inundada e, constantemente, deve-se renovar a solução; • A solução irrigadora deverá ser aspirada utilizando-se uma cânula de aspiração endodôntica (sugador endodôntico). 1.4 Odontometria 1.4.1 Objetivos: • Definir o comprimento real do dente e, consequentemente, o limite apical de instrumentação. Nomenclatura utilizada em endodontia: CDR: Comprimento do dente na radiografia – medida “aparente” que vai da referência externa do dente até o ápice radiográfico; CTP: Comprimento de trabalho provisório; CPC: Comprimento de patência do canal – comprimento real do canal desde o ponto de referência externa do dente até o seu término, que é definido pela linha imaginária que tangencia as bordas do forame apical. CT: Comprimento de trabalho – 0,5 a 1,0 mm aquém do comprimento de patência do canal. 1.4.2 Método de obtenção da odontometria: • A odontometria pode ser realizada no início do tratamento endodôntico, após o procedimento de exploração do canal radicular. Dependendo da dificuldade de acesso ao 37 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG terço apical do canal radicular, a odontometria pode ser realizada após o preparo dos terços cervical e médio. • De posse de uma radiografia inicial de diagnóstico de qualidade, medir o CDR e calcular o CTP. Demarcar a medida pré-estabelecida numa lima tipo K e introduzi-la no canal e executar nova radiografia. Nesta radiografia deverá ser verificada a relação entre a ponta do instrumento e o término do canal e ser definido o CPC. Se necessário confirme esta medida com uma nova tomada radiográfica. • A odontometria também poderá ser obtida através de aparelhos eletrônicos, os localizadores apicais, que embora sejam confiáveis, possuem limitações circunstanciais em presença de reabsorções radiculares e calcificações e outras alterações. Os métodos radiográfico e eletrônico são complementares. 38 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1.5 Técnica de Instrumentação Técnica automatizada - Sistema Rotatório Protaper Next (PTN) FASE I - EXPLORAÇÃO E DILATAÇÃO INICIAL Exame Radiográfico Inicial (Radiografia Periapical) → CDR = CTP Lima K #8, #10 e #15 → CTP FASE II – ODONTOMETRIA → RX (Lima #15) → CPC/CT FASE III – DILATAÇÃO DOS TERÇOS CORONÁRIO E MÉDIO PROTAPER NEXT X1 → CT – 3mm PROTAPER NEXT X2 → CT – 3mm FASE IV – PREPARO DO CANAL RADICULAR Movimento Apical (pequenos “strokes” sem pressão apical) PROTAPER NEXT X1 → CT PROTAPER NEXT X2 → CT PROTAPER NEXT X3→ CT (Canal Distal e Palatino retos) PROTAPER NEXT X4, e se necessário, até X5 → CT (Dentes anteriores) OBS: A odontometria pode ser realizada após a exploração (FASE I) ou após a dilatação dos terços coronário e médio (FASE III), quando o acesso à região apical estará facilitado pela remoção das interferências coronárias. Recapitulação com lima K #10 →CPC TÉCNICA DE INSTRUMENTAÇÃO ROTATÓRIA PROTAPER NEXT (PTN) 39 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 1.6 Remoção da smear layer: Utiliza-se a irrigação com a solução de EDTA 17% para remover a smear layer. Coloca- se a solução de EDTA em um pote Dappen e, utilizando-se uma seringa descartável (específica para este fim), irriga-se o canal radicular (mantenha a câmara pulpar inundada). A solução de EDTA deverá ser agitada como descrito abaixo utilizando-se pontas Easy Clean. A remoção da smear layer deve ser realizada sempre em dois momentos: após o término do preparo químico- mecânico, e antes da obturação. Protocolo de uso do EDTA: ❖ Preencher o canal radicular com NaOCl 2,5%, inserir a Easy Clean 3 mm aquém do comprimento de trabalho, acionada à baixa rotação, por 20 segundos; ❖ Renovar a solução de NaOCl 2,5 %, e agitar novamente com a Easy Clean, como descrito acima, por mais 2 vezes, totalizando 60 segundos de agitação de NaOCl 2,5%; ❖ Preencher o canal radicular com EDTA 17%, e agitar utilizando a Easy Clean, como descrito para NaOCl, também por 20 segundos; ❖ Renovar a solução de EDTA 17% no interior do canal radicular, agitar novamente com a Easy Clean, como descrito acima, por mais 2 vezes, totalizando 60 segundos de EDTA; ❖ Repetir 3 renovações com agitação de NaOCl 2,5%, por 20 segundos cada, como descritos nos 2 primeiros itens, totalizando mais 60 segundos de aplicação do NaOCl 2,5%; ❖ Aspirar o canal utilizando um aspirador endodôntico e secar com cones de papel absorvente. 1.7 Curativo de demora: As indicações de cada medicamento utilizado como curativo de demora em Endodontia devem ser estudadas na literatura pertinente. Segue-se, de forma objetiva, a indicação e técnica dos medicamentos rotineiramente utilizados na clínica: 40 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG • Dentes que apresentam polpa vital: não havendo tempo hábil para a realização do preparo químico-mecânico do canal radicular, aplicar sobre a área da exposição pulpar uma bolinha de algodão estéril embebida em Otosporin. A seguir, realizar o selamento provisório da cavidade coronária. • Dentes que apresentam necrose pulpar: não havendo tempo hábil para a realização do preparo químico-mecânico do canal radicular, o curativo deverá ser feito com bolinha de algodão estéril umedecida em Paramonoclorofenol canforado. Em seguida, realizar o selamento provisório coronário. • Dentes em que o preparo químico-mecânico foi concluído: o canal radicular deverá ser totalmente preenchido com pasta de hidróxido de cálcio e soro fisiológico (consistência firme). Pastas comerciais de hidróxido de cálcio, como Ultracal, também poderão ser utilizadas. Este curativo deverá ser condensado no interior do canal utilizando-se condensadores e/ou limas endodônticas. Após o completo preenchimento do canalcom essa medicação e limpeza da câmara pulpar, uma pequena bolinha de algodão estéril seca deverá ser colocada sobre o mesmo. Em seguida realizar o selamento provisório da cavidade coronária. 2 Obturação do SCR 2.1 Momento da obturação: Deve-se obturar os SCR: quando houver a completa ausência de sinais e sintomas clínicos; ausência de exsudato; tempo hábil para realizar o procedimento de forma correta. 2.2 Remoção do curativo de demora à base de Ca(OH)2: Irrigar abundantemente o SCR com a solução de hipoclorito de sódio e, de posse do último instrumento utilizado durante o preparo químico-mecânico (lima M2), em associação a lima de patência #10 ou #15 (lima M1), remova a pasta de hidróxido de cálcio. 2.3 Remoção da smear layer Ver pag. 38. 41 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG 2.4 Seleção dos cones de guta-percha: Utilizar-se-á a técnica de obturação da Condensação Lateral. Cones de guta-percha padronizados (cone principal), deverão ser selecionados de acordo com o calibre do último instrumento utilizado no CT (M2). Cones acessórios também deverão ser selecionados para executar a condensação lateral. IMPORTANTE: Os cones de guta percha, antes de serem levados ao interior do canal radicular, devem permanecer por cinco minutos em uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, para se proceder a esterilização dos mesmos (da Motta et al. Efficacy of chemical sterilization and storage conditions of gutta-percha cones. Int Endod J. 2001 Sep; 34(6):435-9). 2.5 Adaptação apical do cone principal O canal radicular deverá estar úmido no momento da seleção do cone principal. Introduz- se o cone de guta percha, previamente selecionado, no canal radicular, certificando-se de que o mesmo atingiu o CT. Testa-se sua adaptação ao longo das paredes do canal através da sensibilidade tátil. Caso o cone não esteja adaptado, devem-se seguir os seguintes passos: com uma tesoura ou lâmina de bisturi nº 15, estéril e bem afiada, corta-se 1 a 2 mm da extremidade afilada do cone e novamente introduzi-lo no canal radicular de modo que atinja o CT e se adapte melhor às paredes do canal. Aprisiona-se o cone com uma pinça clínica, na mesma posição e é feita a remoção. A seguir, algumas situações podem ocorrer: • A medida obtida do local de apreensão do cone (ponto de referência no dente) até a ponta do cone corresponder ao CT – se o cone também estiver adaptado, pode-se dar continuidade ao procedimento de obturação; • A medida obtida do local de apreensão até a ponta do cone ultrapassar o CT - faz-se novo corte até que se consiga o CT; • A medida obtida do local de apreensão até a ponta do cone estiver aquém do CT - um novo cone será utilizado, cortando-o, em menor proporção que aquela realizada previamente. Se persistir, a reeinstrumentação do canal radicular deverá ser realizada para nova prova do cone; • O cone com irregularidades na sua configuração deverá ser substituído; 42 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG • O cone deformado em sua extremidade após uma leve compressão vertical - entende-se que o diâmetro do preparo apical é maior que o diâmetro do cone, e sua extremidade deverá ser cortada um pouco mais. * O cone deverá alcançar toda a extensão do comprimento de trabalho (CT) de maneira firme e sem distorções, observado pelo tato e inspeção. Em seguida realizar uma tomada radiográfica, denominada, neste momento, de radiografia de prova do cone. 2.6 Acondicionamento dos Cones de Guta-percha Após a adaptação do cone principal, o mesmo será removido do canal e colocado sobre uma gaze estéril. Os cones secundários (acessórios) R7 e/ou R8, após o processo de desinfecção, deverão também ser colocados sobre uma gaze estéril. Os cones deverão estar completamente secos no momento da obturação propriamente dita. A manipulação dos cones de guta percha deverá ser sempre realizada utilizando pinça clínica (não pegar os cones com as pontas dos dedos). 2.7 Preparo do Cimento Obturador O cimento endodôntico deverá ser manipulado de acordo com suas as características obedecendo-se as instruções do fabricante. O cimento de escolha será à base de óxido de zinco e eugenol, de presa lenta. 2.8 Obturação propriamente dita A secagem do canal radicular será realizada com cones de papel absorvente até o CT. A colocação do cone principal será feita após a lubrificação das paredes do canal com o cimento obturador, utilizando uma lima de menor calibre que a M2, levando pequenas porções do cimento em toda a sua extensão. Em seguida, apreender o cone principal com uma pinça clínica e também lubrificá-lo, no seu terço apical, com o cimento obturador (não se faz necessária uma grande quantidade de cimento, uma vez que as paredes do canal foram lubrificadas previamente). Introduzir o cone, com movimentos curtos de vai e vem até que o mesmo atinja o CT. Atenção: em dentes multiradiculares, colocam-se todos os cones principais e, só então, inicia-se a condensação lateral. 43 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG A condensação lateral será auxiliada pelo uso dos espaçadores digitais que serão introduzidos no interior do canal, lateralmente e em direção apical, aplicando-se leve pressão até que se encontre resistência. Realizar-se-á movimentos delicados de oscilação ou rotação com o objetivo de abrir espaço para se inserir os cones secundários (R7 e/ou R8). Numa manobra sincronizada, remover o espaçador com uma das mãos e, com a outra, inserir imediatamente o cone secundário (devidamente lubrificado com o cimento), no espaço proporcionado pelo espaçador. Repete-se essa manobra até preencher lateralmente o canal. Nesse momento, uma tomada radiografia deverá ser realizada para se confirmar a qualidade da obturação. Atenção: Não force o espaçador! O cone principal poderá ser danificado de forma irreversível e, como consequência, ficará espaço no corpo da massa obturadora. O seccionamento dos cones após a condensação lateral será feito com um instrumento aquecido ao rubro (Instrumento de Lucas), na altura da embocadura do canal. Para aquecer o instrumento, deve ser utilizado um maçarico! Com um condensador frio (compatível com o diâmetro da embocadura), faz-se a adaptação da guta-percha ainda plastificada pelo calor, com compressão vertical por aproximadamente 10 a 15 segundos (sem exercer pressão excessiva). A limpeza da cavidade de acesso será feita com bolinha de algodão estéril embebida em álcool-éter. Após a secagem, será realizado o selamento coronário provisório, com uma pequena porção de guta percha branca na câmara pulpar e, posteriormente, com um cimento à base de óxido de zinco e eugenol de presa rápida (ou similar). Verificar a oclusão e realizar a radiografia final. 44 _________________________________________________________________________________ MANUAL DE ENDODONTIA - Faculdade de Odontologia - UFMG Preencher todas as fichas de encaminhamento. Orientar seu paciente: o tratamento endodôntico não se encerra com a obturação do canal radicular. Torna-se imprescindível a restauração definitiva da coroa dentária e o controle clínico-radiográfico tardio. Professores: Elen Marise Castro de Oliveira SUMÁRIO DISCIPLINAS DA GRADUAÇÃO ENDODONTIA I 5º período ENDODONTIA II 7º período CARGA HORÁRIA: Teórica: 15 h CARGA HORÁRIA: Teórica: 0 h Aulas teóricas expositivas Seminários Pré-clínico em dentes extraídos Atendimento clínico OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: OBSERVAÇãOIMPORTANTE: 1 Introdução 2 Orientações gerais para o controle de infecção em Endodontia 3 Organização da bandeja clínica A Figura.1 ilustra a distribuição na bandeja clínica do instrumental utilizado em endodontia. 4.2 Pré-molares superiores e inferiores 4.3 Molares superiores e inferiores 1.4 Odontometria 1.5 Técnica de Instrumentação
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