Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Restauradora II Endodontia Ciência que estuda tratamento e profilaxia do endodonto e da região periapical. O endodonto é formado por dentina, cavidade pulpar e polpa. A região apical e periapical consiste de cemento, ligamento periodontal e osso alveolar, tecidos de sustentação do dente. Surgiu como uma especialidade odontológica em 1963 (EUA) e em 1975 no Brasil e desde então têm sofrido constante evolução. Parte desse desenvolvimento deve-se à compreensão da importância de manter os dentes em boca. Requer daqueles que a exercem um máximo de habilidade manual, sensibilidade tátil (ideal é usar luvas justas), delicadeza no manuseio dos instrumentos (instrumentais frágeis), domínio técnico, concentração e paciência. Polpa Tecido frouxo de origem mesenquimal, que ocupa a cavidade interna do dente (cavidade pulpar).Tem como funções formar dentina (dentina secundária, fisiológica ou dentina terciária, reacionária), nutrir os tecidos mineralizados fornecendo também líquido tecidual e sensorial, alertando para agressões por meio de estímulo doloroso. Durante toda a vida a polpa sofrerá lentamente hipertrofia, pois sempre ocorrerá deposição de dentina secundária. Logo, a polpa de uma criança será maior do que a polpa de um idoso. Cavidade Pulpar Cavidade anatômica no interior do dente, circundada por dentina, que alojará a polpa. Se divide ainda em câmara pulpar, parte presente na coroa, e canal radicular, circundada pela raiz. É mais volumosa em pacientes mais jovens e tende a diminuir com o passar da idade, devido à deposição de dentina secundária. Seu formato acompanha a anatomia externa do elemento dentário. É constituída por paredes, teto, assoalho e corno/divertículo pulpar. Na medida em que aproxima-se da polpa, o diâmetro e quantidade de túbulos dentinários aumentam. Isso é importante pois, quanto mais profunda a restauração, maior a necessidade de proteção pulpar. Assim como, quanto maior a lesão, maiores as chances de lesar a polpa. Câmara Pulpar Uma das características gerais da câmara pulpar é o assoalho. Ele está presente em dentes multirradiculares e unirradiculares. Em multirradiculares o assoalho deve ser mantido íntegro. Muitas vezes ele auxilia na localização da entrada dos canais. Canal Radicular Acompanha o formato externo da raiz e afila-se progressivamente desde a câmara até o ápice, onde abre-se suavemente. Divide-se em terços cervical, médio e apical. Renata Munay 1 Renata Munay RestauradoraRestauradora II Forame Apical Orifício de abertura do canal radicular no ápice ou próximo a ele. O milímetro final da raiz, onde termina o canal dentinário, é chamado de canal cementário, podendo apresentar-se lateralmente. Em 68% dos casos em dentes jovens e em 80% em dentes de adultos o forame coincide com o vértice do ápice radiográfico. Importante lembrar que na porção radicular, o dente é recoberto por cemento, não esmalte. A localização correta do forame apical é descoberta durante a exploração e odontometria, por meio da sensibilidade tátil do operador. Ramificações dos Canais 1. Canal Principal : canal que será penetrado com os instrumentos. 2. Canal Colateral 3. Canal Lateral ou Adventício 4. Canal Secundário 5. Canal Acessório 6. Interconduto : interliga ramificações. 7. Canal Recorrente : desvia-se mas retorna ao canal principal. 8. Delta Apical 9. Cavo Interradicular : somente em dentes posteriores Como dito anteriormente, as limas endodônticas penetram somente no canal principal. A limpeza e desinfecção é feita nas ramificações por meio das soluções irrigadoras, meios físico (fluxo de irrigação/aspiração) e químico, nunca mecânico. Renata Munay 2 Renata Munay A ramificação cavo interradicular ocorre somente em dentes posteriores. Não é uma alteração comum, mas pode acontecer. Muitas vezes é confundida com uma perfuração do assoalho, porém é somente uma variação anatômica. Endodonto Constituído por dentina, cavidade pulpar e polpa. Região de Ápice e Periápice Constituída por tecidos de sustentação : cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. É preciso observar em radiografias se o ligamento periodontal está integro, pois o rompimento deste demonstrará perda óssea. Forame Apical Principal abertura do canal radicular na região apical. Nem sempre pode ser vista radiograficamente. O ideal é que ao final do tratamento endodôntico, a guttapercha esteja 1mm aquém (antes) do forame apical. Essa estrutura nem sempre está localizada no verdadeiro ápice dental, podendo sofrer algum deslocamento para mesial/distal. Limite CDC Ponto onde a dentina e o cemento se encontram com o canal radicular. Final do canal dentinário e início do canal cementário. O canal cementário não deve ser instrumentado. O comprimento do canal cementário é aproximadamente entre 0,52 a 0,66 mm, porém antigamente era arredondado para 1 mm. Agentes Patogênicos à Polpa Físicos : preparos cavitários em alta rotação sem refrigeração. Químicos : medicamentos/produtos odontológicos. Lembrando que em cavidades rasas é necessário sempre adicionar sistema adesivo antes do material restaurador. Em cavidades médias CIV + sistema adesivo. Em cavidades profundas cimento de hidróxido de cálcio + CIV + sistema adesivo. Caso haja exposição pulpar usar cimento de hidróxido de cálcio PA + cimento de hidróxido de cálcio + CIV + sistema adesivo. Biológicos : cáries, fraturas, traumas, etc. Alterações Patológicas Pulpares São diagnosticadas pela presença de dor. O tratamento endodôntico não deve ser um procedimento doloroso, porém a sintomatologia do paciente geralmente consiste de dor aguda, o que aumenta o medo por parte dos pacientes. Importante sempre tranquilizá-los. Pulpite Reversível Inflamação. O dente ainda está vital. O tratamento consiste na remoção do estímulo agressor. Caso não ocorra, o processo inflamatório sofrerá progressão tornando-se irreversível. Paciente apresenta sintomatologia de dor aguda somente quando houver estímulo. Localizada. Possui curta duração e rápido declínio. Pulpite Irreversível Processo inflamatório que necessitará de tratamento endodôntico. O dente ainda é vital. Nesse caso a remoção do estímulo não resolverá mais o problema. Caso o tratamento não seja realizado, o processo inflamatório evoluirá para um processo infeccioso, resultando em necrose pulpar. Sintomatologia de dor aguda e pulsátil, generalizada, que surge de forma espontânea. Dor é prolongada e de declínio lento, tende a não ser aliviada com medicação. Pode ser contínua ou intermitente, surgindo e desaparecendo. Paciente apresentará dor muito elevada e que perdure mesmo após a remoção do estímulo durante o teste térmico. É tratada por meio de biopulpectomia. Necrose Pulpar Dente não vital. É a última alteração pulpar que pode ser sofrida. Caso não seja detectado e tratado e atinja estágios mais avançados, por ser um sítio infeccioso, pode causar abcessos, infecções generalizadas (ex.:endocardite bacteriana), podendo ocasionar até morte. Renata Munay 3 Renata Munay Paciente não apresenta sintomatologia e nem responde aos testes térmicos. Seu tratamento consiste de necropulpectomia. Tipos de Tratamento Endodôntico Biopulpectomia Tratamento em dentes vitais, quando houver inflamação (pulpite irreversível). O objetivo desse tratamento é esvaziar e limpar a cavidade pulpar, combatendo possíveis infecções da polpa, removendo-a e removendo smear layer. Casos que Necessitam de Biopulpectomia Pulpite Irreversível Pulpite Crônica Indicação Protética/Cirúrgica Reabsorção Interna Necropulpectomia Tratamento em dentes com necrose pulpar ou em processo de necrose (necrose acontece no sentido coroa-ápice). O objetivo desse tratamento é esvaziar, limpar e desinfetar a cavidade pulpar devido a grande quantidade de bactériaspresentes, removendo mecânica e quimicamente o conteúdo necrótico e infeccioso do canal radicular e retirando o smear layer. Casos que Necessitam de Necropulpectomia Abscesso Periodontal Apical Granuloma Periapical Cisto Periapical Abscesso Fênix OBS.: Se o abscesso for de origem periodontal, o tratamento será periodontal. É necessário ter uma avaliação cuidadosa. Etapas do Tratamento Radiografias São necessárias entre 4 e 5 radiografias de qualidade para um bom tratamento endodôntico. Uma antes de iniciar o tratamento para diagnosticar, uma durante para realizar odontometria, outra no momento em que forem colocados os cones de guttapercha para avaliar necessidade de mais cones e/ou posição destes e uma última para avaliar a qualidade da obturação. Acesso Abertura coronária. Fase operatória inicial. Momento em que remove-se a dor aguda do paciente. Em caso de haver lesões de cárie, remoção de toda a lesão até que os canais radiculares fiquem expostos. Todo cirurgião dentista, independente de realizar tratamento endodôntico, deve saber realizar um bom acesso. Este deve ser feito com cuidado para não ocorrer a perfuração do assoalho pulpar, que pode causar grandes problemas. Ideal é iniciar a perfuração com uma ponta diamantada e trocar a broca para uma tronco cônica de ponta inativa. Preparo Químico Cirúrgico Renata Munay 4 Renata Munay Momento no qual também é feita a odontometria. Consiste na limpeza do canal. Essa é feita por meio da instrumentação (limas endodônticas) e uso de agentes desinfetantes (hipoclorito de sódio). Toda instrumentação deve ser realizada com auxílio de um líquido, não apenas para fins de limpeza, mas também para proporcionar melhor lubrificação. Para realizar a odontometria deve-se inserir a lima no dente e radiografá-lo, medindo a profundida correta do canal. Podem ser utilizados localizadores apicais. O hipoclorito de sódio costuma ser a solução irrigadora de escolha devido à sua capacidade de dissolver matéria orgânica, o que auxiliará o procedimento de limpeza. Medicação Intracanal Caso seja necessária pode ser realizada. Consiste no preenchimento do canal radicular com medicamentos que ajudem a matar a polpa e/ou tratar a dor do paciente. Obturação Ato de selar/tapar o canal com os cones de guttapercha e cimento endodôntico. Preenchimento do canal radicular em sua totalidade com materiais que permitam um selamento hermético, efetivo e biocompatível com os tecidos periapicais. O selamento deve ser bem feito para que as bactérias remanescentes não possam colonizar-se e morram devido à falta de nutrientes. A guttapercha é um material termoplástico, o que possibilita bom selamento dos canais. Realiza-se a condensação do material, o que ajuda a impedir formação de bolhas. Somente após a obturação o dente poderá ser restaurado. Tempo de Proservação Em casos de inflamação (vitalidade) deve-se acompanhar o paciente por até um ano e em casos de infecção (necrose) deve-se acompanhar por dois anos. Caso o tratamento não seja bem sucedido, e ainda hajam paredes satisfatórias, será necessário realizar um retratamento do canal radicular. Para realizar o retratamento é necessário também que não haja dor à percussão, edema e fístula. Terapia Endodôntica Boa parte das dores dentárias são de origem endodôntica. O primeiro passo na tratamento endodôntico é estabelecer o diagnóstico correto para então seguir com o planejamento. O tratamento endodôntico evoluiu muito com o passar dos anos, porém muitos pacientes referem-se à dor de dente sintomática da doença endodôntica como inerente ao tratamento, além de possuírem traumas relativos a tratamentos antigos, que eram desconfortáveis por serem longos. É possível identificar dentes que tiveram tratamento endodôntico por meio de radiografias periapicais, tendo em vista que a guttapercha é um material radiopaco. É necessário que haja acompanhamento regular dos dentes que foram tratados, para avaliar sua evolução. O tratamento de canal só deve ser feito em casos de lesões irreversíveis à polpa (pulpite irreversível ou necrose pulpar) e em casos de traumas em que a reabilitação protética necessitará de pino. Essa especialidade relaciona-se com diversas outras na odontologia, como : ● Imaginologia → auxílio diagnóstico ● Diagnóstico ● Periodontia → lesões endo perio. ● Dentística → proteção pulpar. ● Prótese e Oclusão → associação do tratamento endodôntico à reabilitações protéticas com pinos; traumas oclusais e hábitos deletérios que ocasionem lesões endodônticas. ● Implantodontia ● Anatomia ● Patologia Quando Fazer o Tratamento de Canal? O tratamento endodôntico é necessário em casos em que não há mais condições de realizar a proteção do complexo dentino-pulpar e/ou reverter a lesão na polpa, como por exemplo : (1) Cáries extensas com grande exposição pulpar (2)Fratura coronária extensa (3)Pulpite irreversível Renata Munay 5 Renata Munay (4)Necrose pulpar com ou sem fístula (5) Abscesso dento-alveolar agudo Dor A dor extremamente aguda relacionada às doenças endodônticas deve-se ao processo inflamatório. Um dos sinais da inflamação é o edema porém devido à anatomia dentária, a polpa é circundada por tecido mineralizado, não tendo espaço para expandir-se. Por isso os pacientes declaram sentir o dente “latejando”. A dor é aliviada após o acesso endodôntico, que extravasa os fluidos contidos no pequeno espaço. Fístula Sinal de infecção, é um trajeto de drenagem criado pelo organismo. É necessário fazer o rastreamento da fístula utilizando um guttapercha e realizar uma tomada radiográfica para detectar a origem do processo infeccioso. Diagnóstico Determinação da natureza de uma doença através da investigação cuidadosa dos seus sinais, sintomas e história. É necessário obter o diagnóstico correto para conseguir tratar as doenças e obter os melhores prognósticos o possível. Para alcançá-lo utilizamos de métodos, dentre elas o exame clínico e físico, exames complementares e testes auxiliares (ex.: percussão). É necessário determinar os agentes etiológicos para melhor selecionar o plano de tratamento. Inicialmente precisamo determinar se está ocorrendo um quadro inflamatório ou infeccioso e se a alteração é pulpar ou periapical. Alterações Pulpares Alterações Periapicais Pulpite Reversível Abscesso Periapical Pulpite Irreversível Granuloma Periapical Necrose Pulpar Cisto Periapical As alterações podem ainda ser reversíveis ou não. Dentre as alterações pulpares, a pulpite reversível possui indicação de tratamento conservador, pois pode a saúde pulpar pode ser reestabelecida. As alterações periapicais devem ser observadas com o máximo cuidado e atenção, sendo necessário ter conhecimentos de estomatologia, diagnóstico e patologia. Por exemplo, nem todo cisto periapical tem origem endodôntica, e estabelecer um diagnóstico errado pode causar uma iatrogenia ao paciente. Métodos Diagnósticos Exame Clínico É feita a inspeção visual, observando mudanças existentes na face e cavidade oral do paciente, além de palpação extraoral, examinando se o edema está endurecido. Além disso procuramos por alterações de cor e volume no tecido mole; se existem quaisquer inchaços, regiões isquêmicas, avermelhadas ou amareladas na mucosa. Renata Munay 6 Renata Munay É preciso também realizar a palpação intraoral, levando o dedo à região de periápice e questionar se o paciente sente desconforto na área. Após isso, partimos para o exame clínico propriamente dito, procurando principalmente pela existência de lesões de cárie e alterações de cor nos elementos dentários. Dentes que passaram pelo processo de necrose, devido ao extravasamento da câmara pulpar, comumente mostram-se escurecidos. Nem sempre a limpeza e desinfecção são capazes de remover o escurecimento dos elementos necrosados, podendoser necessário um clareamento interno. Esse procedimento só pode ser realizado em dentes desvitalizados. Utilizamos ainda do exame de percussão que pode ser vertical ou lateral. A percussão vertical é dando leves batidas na face oclusal/incisal dos dentes com o cabo do espelho. Na lateral, as batidas são dadas na vestibular do dente. O mais comum é o vertical. Realizamos também uma sondagem periodontal para saber se há uma lesão endo perio. Fazemos também testes térmicos para determinar a alteração. Pode ser com frio ou calor. Durante o teste frio é preciso haver isolamento relativo, para que haja uma resposta mais fidedigna do paciente. O teste de calor é feito com um bastão de guttapercha aquecido que é colocado sobre o dente. É importante passar vaselina no elemento, para prevenir que o material grude no dente. Outro aspecto imprescindível para diagnosticar lesões endodônticas é a tomada radiográfica. As radiografias devem possuir qualidade, serem bem processadas e guardadas por um longo período. Na endodontia elas são ainda mais importantes, pois serão utilizadas além do diagnóstico para odontometria. Renata Munay 7 Renata Munay No exame radiográfico podemos também observar formato e quantidade de raízes e condutos; acompanhar o processo de reparo após o tratamento; verificar se existem calcificações que possam dificultar o tratamento. Etapas da Biopulpectomia 1. Anestesia 2. Isolamento absoluto e antissepsia do campo operatório 3. Abertura coronária 4. Remoção da polpa coronária 5. Irrigação-aspiração da câmara pulpar 6. Exploração do canal radicular. Verificar o número, direção e calibre dos canais. 7. Odontometria. A primeira é feita com auxílio de régua milimetrada utilizando a radiografia inicial para obter o comprimento aparente do dente. Com a medida obtida, retiramos 3 mm para obter o comprimento real do instrumento (ex.: comprimento real 20mm, comprimento instrumento 17mm). Faz-se a inserção da lima até a medida obtida e depois é feita mais uma radiografia. 8. Excisão da polpa radicular. Em canais amplos a remoção é feita em bloco (polpa inteira) e pode ser feita com uso de limas H ou limas K associadas a extirpa nervos. Em canais atrésicos a remoção por fragmentação é feita por instrumentação durante o preparo biomecânico. 9. Irrigação/aspiração. São utilizadas soluções irrigadoras. A maior parte delas consiste de diversas concentrações de hipoclorito de sódio. Em alguns casos de preferência profissional ou alergia pode-se usar clorexidina 2%. A irrigação deve ser feita em todos os momentos. 10. Preparo ou modelagem do canal radicular, para obter diâmetro e anatomia desejada para finalizar o tratamento. 11. Medicação intracanal caso haja necessidade. Pode-se utilizar uma pelota de algodão embebida com Otosporin (corticosteróide e antibiótico) e realizar o selamento coronário provisório com restauradores temporários prontos (Cotosol). Sua ação é de 72h. Se também tiver sido feita a instrumentação, pode-se usar Hidróxido de Cálcio com ou sem PMCC. 12. Obturação hermética do canal radicular. 13. Limpeza da câmara pulpar. 14. Restauração e proservação. Etapas Necropulpectomia 1. Anestesiar caso seja necessário, pois nem sempre o paciente possui sintomatologia. Pode-se testar fazer o acesso sem anestesia e observar se o paciente declara sentir dor. 2. Isolamento absoluto e antissepsia. 3. Abertura coronária. 4. Irrigação/aspiração. 5. Neutralização progressiva por terços. 6. Odontometria. Renata Munay 8 Renata Munay 7. Desbridamento 8. Irrigação/aspiração com Hipoclorito. 9. Trefilação (passar 1mm do forame apical) somente em casos de lesão apical. 10. Preparo biomecânico do canal radicular. 11. Obturação. 12. Restauração definitiva. 13. Controle clínico e radiográfico. Avaliando o Sucesso do Tratamento Deve haver ausência de sinais e sintomas, como dor, edema e fístulas. Além da diminuição ou desaparecimento completo da área radiolúcida de 6 meses a 2 anos após o tratamento. Caso não dê certo, será necessário o retratamento. Se mesmo após o retratamento o agente etiológico não for removido, deve-se realizar uma cirurgia parendodôntica. É feito um retalho na região de fundo de sulco expondo o osso, para que possa ser feita a apicectomia. OBS1.: o limite apical de instrumentação varia se é um quadro infeccioso ou inflamatório. OBS2.: a medicação intracanal usada em polpa necrosada é Formocresol. Por ser um composto com potencial irritante e carcinogênico, deve-se molhar a bolinha de algodão com ele e secá-la vigorosamente com gaze. O composto é um potente germicida e bactericida. Preparo Biomecânico Associação da ação mecânica do instrumental endodôntico com a ação química das substâncias auxiliares. O instrumental deve ter qualidade e ser corretamente empregado. É feito por meio químico (soluções irrigadoras) e mecânico (brocas e limas). Instrumental Endodôntico Devido à complexidade e número de etapas envolvendo o tratamento endodôntico, utilizamos um arsenal de instrumentais, que podem ainda ser divididos entre material auxiliar (clínico, de isolamento, para anestesia) e endodôntico. Instrumental para Medicação Para utilizar medicação intracanal, exceto em Otosporin e Formocresol que são aplicados em pelotas de algodão, utiliza-se uma seringa específica, chamada Seringa Mário Leonardo. Espaçador Digital Usados para abrir espaço para inserção de cones de guttapercha secundários durante a obturação do canal radicular, principalmente na técnica de condensação lateral. O kit vem com 4 instrumentos A, B, C e D, em comprimentos de 21 e 25 mm. Instrumental para Isolamento Absoluto O tratamento endodôntico não deve ser realizado sem o isolamento absoluto, tanto para evitar contaminações quanto para proteger o paciente de acidentalmente aspirar algum dos materiais ou líquidos de irrigação. Diferentemente de dentística, em endodontia só o feito o isolamento do dente que será tratado. Não é necessário ter um campo operatório amplo, mas sim asséptico. Utilizamos pinça porta grampos, perfurador de dique de borracha, arcos de Ostby de plástico dobrável, tesoura, fio dental, grampos e lençol de borracha. Renata Munay 9 Renata Munay Brocas e Pontas Diamantadas As pontas diamantadas de haste longa são utilizadas para o acesso, normalmente em formato esférico (1014 HL ou 1012 HL) e tronco-cônicas com ponta inativa (3081). Já as brocas são utilizadas para desobturar (retratamento) ou preparar o canal para o tratamento como é o caso da Gates-Glidden (GG), usada em baixa rotação. Seu desenho em forma de chama permite o alargamento das porções retas dos canais sem risco de perfurações, por ter ponta inativa. Tem variação no diâmetro da ponta ativa (do nº 1 ao 6) e no comprimento da haste. Existem também as brocas Peeso (Largo). Elas podem ser usadas para o preparo das entradas dos canais radiculares e em desgastes compensatórios, mas seu maior uso é no preparo para cimentação de pinos e núcleos. Extirpa Nervos O extirpa nervos é um instrumento parecido com as limas, que possui um cabo de plástico colorido e haste cilíndrica. Suas farpas são levantadas em direção ao cabo, característica que faz com que ele necessite de maior cuidado ao ser manuseado, principalmente os de menor calibre, pois após serem inseridas no canal podem se prender e com movimentações intempestiva, fraturar. As de nº 25, 30 ou maiores são excelentes para a remoção de bolinhas de algodão, cones de papel e de guttapercha. Podem ser substituídos pelas limas H. São contra indicados para canais atrésicos e/ou curvos. Cinemática : 1. Penetração 2. Rotação 3. Tração Instrumental para Irrigação/Aspiração Kit de irrigação/aspiração com pontas de maior e menor calibre para aspiração. A irrigação é feita com seringas descartáveis de agulhas finas.Além disso utilizamos soluções irrigadoras, que podem tanto ser de Hipoclorito de Sódio quanto de Clorexidina. A irrigação final é feita com EDTA, uma solução quelante que remove o smear layer do canal radicular. O preparo mecânico é feito por meio de uma associação entre as soluções irrigadoras, as brocas e as limas. A secagem dos canais é feita com pontas de papel absorvente, de diferentes calibres. Possuem formato similar aos cones de guttapercha. Instrumentos para Obturação Régua Milimetrada Usadas durante a odontometria. Podem ser réguas milimetradas comuns ou calibradoras. Condensadores Também chamados de calcadores de Paiva. São usados para cortar e condensar a guttapercha hermeticamente no canal radicular. Cones de Guttapercha Existem cones principais, acessórios e cones de ProTaper. A guttapercha é um material plástico que possui características radiopacas. Renata Munay 10 Renata Munay Limas As limas endodônticas são instrumentos utilizados com finalidade de alisar e retificar curvaturas e irregulares, além de ampliar o canal permitindo melhor obturação. Trabalham contra as paredes internas do canal radicular. Atualmente as limas possuem melhor qualidade além de serem padronizadas quanto ao calibre e conicidade. A maioria delas são feitas de aço inoxidável, que possui maior capacidade de corte, resistência à corrosão e fratura; as limas de aço carbono foram retiradas do mercado em 1982 por sua rigidez e maior suscetibilidade à corrosão. Existem também limas de níquel-titânio que possuem maior flexibilidade e efeito memória de forma. Características das Limas ● Coloração do cabo ● Parte ativa com comprimento fixo (16mm). A parte ativa consiste da parte cortante da lima. Seu comprimento é fixo, o que muda é o tamanho do intermediário. Existem limas de 21, 25, 28 e 31 mm. ● Diâmetro da ponta ativa (D0) marcado no cabo. É o diâmetro da lâmina junto à base da guia de penetração. ● D16 = D0 + 0,32mm. Conicidade 0,02 por mm. Logo, a cada mm a conicidade aumenta em 0,02. ● Numeração das limas Por exemplo, em uma lima 30, seu D0 é igual a 0,30mm, seu D1 é 0,32 e seu D16 é 0,62. O cursor ou stop de borracha é usado para controlar quanto do material será inserido no canal radicular. As cores do cabo sempre seguirão a sequência : branco, amarelo, vermelho, azul, verde e preto. Somente as limas de série especial possuem cores diferenciadas. Elas são limas de calibres bem menor. Suas cores são rosa (6), cinza (8) e roxo (10); elas possuem conicidade bem menor e são mais frágeis, suscetíveis à deformação. O guia de penetração pode ser ativo com arestas cortantes, ou passivo com arestas mais arredondadas. Ele facilita a penetração do instrumento no canal. Os guias ativos possuem passagem mais fácil, pois há um ângulo de transição (passagem da guia para a hélice da lâmina). O formato da secção transversal vem desenhado no cabo do instrumento. Taper É o índice de conicidade do instrumento. É a relação entre o aumento do diâmetro por unidade de comprimento de lâmina ativa. A cada milímetro da parte ativa o diâmetro aumenta em : 0,02 mm (manuais), 0,04mm ou 0,06mm, os últimos sendo principalmente instrumentos acionados a motor. A conicidade das limas aumenta na medida em que aproxima-se do cabo. Isso acontece para que elas moldem-se melhor ao canal radicular, pois quanto mais próximo do forame apical, mais estreito é o canal. Renata Munay 11 Renata Munay Numeração das Limas As limas são classificadas ainda quanto a série, indo desde a 1ª até a 3ª. Todas mantêm o mesmo padrão de cores, porém aumentam de diâmetro. Limas Especiais São uma série a parte das comuns, de cores diferentes e mais finas do que as demais. São usadas em canais muito atrésicos, que possuem dificuldade de inserção e exploração com limas mais calibrosas. Composta pela nº06, nº08 e nº10. Séries das Limas 1ª Série : Constituídas pelas limas 15, 20, 25, 30, 35 e 40. O tamanho progride de 5 em 5. 2ª Série : Constituída pelas limas 45, 50, 55, 60, 70 e 80. Nessa série, as três primeiras limas avançam de 5 em 5, porém as restantes aumentam de 10 em 10. 3ª Série : Constituída pelas limas 90, 100, 110, 120, 130 e 140. Elas só são usadas em canais extremamente amplos. Fabricação das Limas ● Instrumentos de Aço Inoxidável : torção ou usinagem. No primeiro tipo o cabo da instrumento é preso enquanto ele vai ser retorcido, formando arestas vivas. Na usinagem a conformação é feita por uma máquina. ● Instrumentos de Níquel Titânio : usinagem. Limas Manuais Tipo Kerr (K) Possuem maior espirais por comprimento, o que as confere maior flexibilidade, permitindo seu uso em canais atrésicos e curvos. Elas parecem com os alargadores por terem secção transversal quadrangular ou triangular e serem de aço inoxidável. Podem ser identificadas pois na cabeça de seu cabo há o desenho da secção (triangular ou quadrangular). Elas podem ser usadas para exploração do canal com movimento de cateterismo, já que possuem boa flexibilidade, e a secção triangular ou quadrangular impede que sirvam de êmbolo. As limas K com secção triangular apresentam maior capacidade de corte, de acordo com trabalhos de Holland. Calibres : 06, 08, 10, 1ª, 2ª e 3ª série. Comprimentos : 21, 25, 28 e 31mm. Cinemática : 1. Introdução 2. Rotação ou Tração 3. Retirada Tipo K-Flexofile São limas de aço inoxidável comercializadas em secção triangular e quadrangular, semelhantes às tipo K. A diferença está no número de espirais por comprimento que é maior, conferindo maior flexibilidade e poder de corte. Possuem ponta inativa. Muito usada em canais curvos por sua flexibilidade. Com ela podem ser feitos os movimentos de exploração/cateterismo, alargamento, rotação alternada (¼ a ½ de volta) e limagem. Na cabeça de seu cabo, há o desenho da secção transversal com o número da lima dentro dele. Calibres : 1ª série Renata Munay 12 Renata Munay Comprimentos : 21, 25 e 31mm. Cinemática : mesma da tipo K. Tipo Hedströen (H) Diferentemente das limas K e K-Flexofile, as limas H não possuem secção quadrangular ou triangular. Sua secção é em um formato de vírgula, e sua parte ativa parece um espiral, com a forma de vários cones sobrepostos e ligeiramente inclinados. A base dos cones é a parte cortante. Possui alta capacidade de corte, mas devido a usinagem do instrumento, possui baixa flexibilidade, podendo fraturar caso usadas incorretamente. Pode ser usada em pulpectomias (remoção em bloco) e retratamentos. Calibres : 08, 10, 1ª, 2ª e 3ª série. Comprimentos : 21, 25, 28 e 31mm. Cinemática : 1. Introdução 2. Tração (não podem ser giradas) 3. Retirada Níquel Titânio São desenvolvidas a partir da liga de níquel (55-60%) e titânio (40-45%), fabricadas por usinagem. Elas possuem flexibilidade muito superior às limas de aço inoxidável, podendo acompanhar a curvatura do canal com maior facilidade, além de terem efeito memória de forma, retornando ao formato inicial mesmo após serem submetidas a uma força. ProTaper Manual Fabricadas em níquel titânio. Possuem maior resistência, flexibilidade e durabilidade quando comparadas às limas de aço inoxidável. O kit possui em torno de 6 a 8 limas, 1 auxiliar usada para iniciar a abertura do canal (SX), 2 de preparo (S1 e S2) e 3 a 5 de acabamento (F1, F2, F3, F4 e F5). As ProTapers possuem multiconicidade em um mesmo instrumento, logo não há avanço uniforme como nas anteriores. Permitem maior rapidez no tratamento, maior poder de corte, flexibilidade e eficiência na instrumentação. Higienização das Limas Durante todo o tratamento endodôntico, as limas devem ser colocadas no tamborel, que deve possuir em seu interior uma solução de Hipoclorito de Sódio, para já iniciar a desinfecção dos instrumentais. Quando o tratamento for encerrado, elas devem ser lavadas comsabonete enzimático e esterilizadas dentro da caixa metálica. Na ausência da caixa, as limas podem ser esterilizadas em gaze. Anatomia das Cavidades Pulpares Incisivo Central Superior Raiz reta e única e somente um canal na maioria dos casos. Possuem comprimento médio de 22,6 mm. É importante saber a média de comprimento para saber se há alongamento/encurtamento do elemento, se houve algum processo de reabsorção ou se ocorreu erro na tomada radiográfica. Incisivo Lateral Superior Raiz única com terço apical normalmente curvado para distal. Na maioria dos casos (97%) há somente um canal, mas podem haver dois. Isso é Renata Munay 13 Renata Munay verificado por meio da radiografia. Como a tomada radiográfica é feita no sentido vestibulo-lingual, pode ocorrer sobreposição de imagens. Observar se a imagem é ou não contínua, o que indicará que podem haver dois canais. O comprimento médio normalmente é de 22,1 mm (borda incisal ao ápice). Canino Superior Possuem raiz longa e única, com o terço apical levemente inclinado para distal, vestibular ou lingual. Na maioria dos casos tem somente um canal. Seu comprimento médio é de 27,2 mm, sendo necessário utilizar limas de 31 mm na maioria dos casos. Incisivo Central Inferior Raiz única e bem fina. A quantidade de canais pode variar, na maioria dos casos (73,4%) há somente um canal, mas podem haver também dois canais com um único forame (23,4%) ou com dois forames distintos (3,2%). Possuem comprimento médio de 21 mm. É possível observar na terceira radiografia, tomada no sentido vestibulo-lingual, que a raiz sofre um pequeno desvio no terço apical na região de bifurcação dos canais. Isso nos indica que existem dois canais. Incisivo Lateral Inferior Os incisivos laterais inferiores são ligeiramente maiores, tanto em largura quanto em comprimento, que os centrais inferiores, tendo comprimento médio de 22,3 mm. Possuem raiz única. A quantidade de canais também possui variação, na maioria dos casos (84,6%) há somente um canal, mas podem haver dois (15,4%). Canino Inferior Há uma prevalência de 94% para raiz única, mas pode ocorrer variação anatômica e terem duas raízes. O número de canais também pode variar, mas independe da quantidade de raízes (raiz e canal são coisas diferentes). Podem apresentar-se com um (82,2%) ou dois canais (11,8%). Possuem comprimento médio de 25 mm. Renata Munay 14 Renata Munay Alterações na Anatomia Interna Essas alterações só poderão ser visualizadas com auxílio de exames radiográficos. Podem ocorrer diversas variações, dentre elas : calcificações, dens in dente, fusão, geminação, hipercementose, dilaceração radicular, micro ou macrodontia e reabsorções internas/externas. Importante lembrar que quaisquer alterações anatômicas dificultam o tratamento endodôntico. ● Calcificação Distrófica : calcificações em tecidos que foram lesados, com processos regressivos ou necrose. Existem técnicas específicas para realizar esse acesso. Dependendo do grau de calcificação, o ideal é encaminhar para um endodontista. Se o dente for completamente calcificado, não há indicação de tratamento endodôntico, apenas acompanhamento. A calcificação pode ocorrer em um dos terços, em dois ou ser completa. ● Dens in Dente : podem ser classificados quanto ao nível de acometimento da invaginação. Tipo 1 é quando está restrita ao terço cervical, tipo 2 ao terço médio e tipo 3 quando chega ao terço apical. Clinicamente, em dentes anteriores apresentam-se como se houvesse uma cúspide. ● Fusão : união de dois dentes, com coroas e cavidades pulpares separadas. Realizar o tratamento endodôntico dos dois dentes. ● Geminação : um germe dentário divide-se por invaginação e origina um dente com duas coroas mas somente uma cavidade pulpar. ● Hipercementose : formação excessiva de cemento na região apical. ● Dilaceração : raízes apresentam curvaturas acentuadas no terço apical. ● Microdontia : dentes menores do que o normal, por exemplo, dentes conóides. Como a anatomia interna acompanha a externa, ocorrerá diminuição no volume pulpar. ● Macrodontia : dentes maiores que o normal. ● Reabsorção Externa : nesses casos é comum que haja histórico de traumatismo ou tratamento ortodôntico. Esse problema muitas vezes pode resultar na perda do elemento dentário. Radiograficamente observa-se diminuição da raiz, pode-se também visualizar a luz do canal em sua integralidade. ● Reabsorção Interna : radiograficamente observa-se perda de continuidade do canal radicular. Ela pode ainda ser perfurante, se houver acesso à região exterior, ou não perfurante. OBS.: Em calcificações mais profundas, pode ser utilizada a endoguide, um guia cirúrgico que guiará o acesso. A limitação desse guia é que ele só é indicado para canais retos. Deposição de Dentina ● Primária : dentina formada durante a odontogênese. ● Secundária : formada após a formação da raiz durante toda a vida, de forma fisiológica. A distância entre teto e assoalho pulpar de um dente posterior adulto é muito menor do que em um dente jovem, devido a deposição de dentina secundária. Em dentes anteriores, os canais tornam-se mais atrésicos com a deposição de dentina secundária. ● Terciária : formada em resposta a um estímulo externo, como forma de proteção à polpa. A formação desta dentina causa a diminuição do corno pulpar. ● Esclerose Dentinária : deposição de mineral nos túbulos dentinários, ocorre frente a um estímulo (dentina terciária). Princípios Básicos do Acesso Coronário Existem alguns princípios gerais que devem ser observados antes de iniciar as manobras operatórias de acesso coronário. Um deles é a realização de radiografias periapicais feitas pela técnica de paralelismo, preferencialmente em dois ângulos. Esses exames podem ajudar a obter informações como Renata Munay 15 Renata Munay inclinação do dente, presença de cáries, localização dos cornos pulpares, anatomia interna, quantidade e entrada dos canais, além de quaisquer lesões. Os exames radiográficos podem ainda contribuir na análise de espessura do esmalte e dentina a serem desgastados para atingir a câmara pulpar, evitando possíveis perfurações e danos ao assoalho. Além das tomadas radiográficas, outros cuidados devem ser tomados antes de iniciar o acesso propriamente dito : ● Verificar a inclinação do dente e das raízes; ● Remover toda dentina cariada e restaurações que impeçam o acesso aos canais; ● Alisar superfícies pontiagudas dos dentes que possam interferir na colocação do isolamento absoluto; ● Remover planos inclinados da coroa que possas interferir no estabelecimento de referências externas para a futura instrumentação e obturação; ● Estabelecer área de eleição adequada de acordo com as características do dente. Etapas Operatórias Estas etapas relacionam-se entre si e são comuns a todos os dentes, independente do grupo em que se classifiquem. Acesso à Câmara Pulpar O acesso deve começar com o estabelecimento de uma área de eleição, confecção da forma de contorno inicial e direção de trepanação. A área de eleição é o local escolhido para iniciar o desgaste. Nos incisivos e caninos superiores fica na palatina, 1 a 2 mm abaixo do cíngulo; nos inferiores fica na lingual, 1 a 2 mm acima do cíngulo; nos pré molares e molares fica na oclusal junto à fossa central. Área de Eleição Incisivos e Caninos Sup P, 1-2 mm abaixo do cíngulo Incisivos e Caninos Inf L, 1-2 mm acima do cíngulo Pré Molares e Molares (inf e O, na fossa central sup) A forma de contorno inicial é o formato obtido após o ponto de eleição, normalmente usando brocas 1557 ou similares em alta rotação, porém com velocidade lenta. Isso permitirá melhor controle operatório e evita desgastes excessivos, evitando enfraquecimento desnecessárioda estrutura dental. A conformação deve respeitar a anatomia interna do dente, reduzindo a espessura de dentina mas inicialmente sem retirar o teto da câmara pulpar. Depois de penetrar e criar o desenho inicial, com a mesma broca 1557 ou uma ponta diamantada esférica de tamanho compatível à cavidade, deve-se perfurar o teto e penetrar a câmara pulpar, preferencialmente em direção ao canal mais volumoso (caso seja um dente multirradicular). Essa manobra também é chamada de trepanação da câmara pulpar. Se a polpa for volumosa, pode haver a sensação de “cair no vazio”, o que diminui em casos de calcificação acentuada. Também pode-se conseguir detalhes sobre a profundidade a ser atingida com uma radiografia. Quando a configuração inicial estiver delimitada, a broca deve estar posicionada paralelamente ao longo eixo do dente até atingir o interior da câmara pupar, realizando a trepanação. Em dentes posteriores, a broca é Renata Munay 16 Renata Munay posicionada no ponto de eleição paralelamente ao longo eixo em direção ao canal mais volumoso, para realizar a trepanação. DicasDicas ✔ Em casos de alterações na anatomia interna (calcificações por ex.), pode-se verificar a profundidade do acesso com uma radiografia interproximal e aferir a medida correta do acesso, posteriormente posicionando um stop de borracha na broca. ✔ Realizar o isolamento absoluto após o acesso, pois a presença deste pode induzir a erros de direção e inclinação. Preparo da Câmara Pulpar Deve ser feito após a colocação do isolamento absoluto e antissepsia do campo operatório. O preparo da câmara consiste na remoção do restante do teto e no preparo das paredes laterais. Para isso podem ser utilizadas brocas e pontas diamantadas de ponta inativa. Caso sejam usadas brocas de ponta ativa, estas não devem tocar o assoalho. Se houver necessidade de trabalhar o assoalho (calcificações, nódulos ou acometimento por cárie), é preciso realizar exploração e tentar localizar a entrada dos canais antes. Sondas endodônticas do tipo Rhein ou similares, podem ser usadas para ajudar a manter as entradas dos canais sempre visíveis. Além disso, devem ser feitas lavagens durante o preparo, com a solução irrigadora, para manter o campo operatório limpo e visível. É imperioso também ter cuidado para que o conteúdo da câmara pulpar não penetre nos canais radiculares. Forma de Conveniência Essa etapa tem como objetivo de dar um formato à cavidade pulpar que facilite os próximos procedimentos. Podem ser usadas pontas diamantadas em formato de vela (tipo 1111), troncocônicas de ponta inativa (Endo Z, 3081, 3083, 4083) ou insertos ultrassônicos com ou sem diamantes em diversos formatos. A forma de conveniência visa : • Facilitar o acesso dos instrumentos ao canal radicular; • Possibilitar acesso direto e reto aos canais; • Dar paredes lisas e planas à cavidade, favorecendo a visibilidade; • Simplificar as manobras de instrumentação e obturação. Limpeza e Antissepsia da Cavidade Essa etapa preconiza colocar o elemento dentário em condições adequadas para o tratamento endodôntico. É removido todo tecido cariado, biofilme bacterianon, cálculo, gengiva hiperplásica, restauração imperfeita ou quaisquer outras condições que impeçam a manutenção da cadeia asséptica. Isso deve ser feito antes mesmo do acesso! Após a trepanação, quando já tiver sido feito o isolamento absoluto, com auxílio de gaze estéril embebida em solução de hipoclorito de sódio em concentração entre 2,5 a 5,25%, deve ser feita a descontaminação do campo operatório incluindo o lençol, grampo e dente. Depois disso, deve-se seguir aos procedimentos subsequentes sempre realizando irragações. Essas medidas são imprescindíveis para garantir limpeza e desinfecção da cavidade pulpar, evitar alterações cromáticas da coroa e prevenir que quaisquer fragmentos externos adentrem o canal radicular. A perda da cadeia asséptica, em qualquer fase do tratamento, pode comprometer severamente os resultados deste, contribuindo para um fracasso. Acesso Coronário dos Grupos Dentais { Incisivos e Caninos Superiores } Área de Eleição Região mais central da superfície palatina, próximo ao cíngulo. Direção de Trepanação A penetração inicial é feita com a broca perpendicular ao longo eixo do dente, penetrando toda a espessura do esmalte. Depois inclina-se a broca paralelamente ao longo eixo, aprofundando alguns milímetros em dentina, sem penetrar a câmara. Forma de Contorno Inicial Triangular regular, com a base voltada para a incisal e o vértice para o cíngulo. Ela estende-se até 2 e 3 mm da borda incisal e 2 mm acima do cíngulo. Nos caninos pode ser necessária maior extensão cervicoincisal, devido a presença Renata Munay 17 Renata Munay do divertículo central, que é voltado em direção à cúspide. A forma final nos caninos pode ter formado de lança ou chama devido a isso. Em dentes mais adultos pode ser que a forma de contorno fique mais ovóide também, devido às alterações na anatomia interna. Em seguida com a broca paralela ao longo eixo é feita a trepanação. Preparo da Câmara Remoção completa do teto e preparo das paredes V e P, trabalhando com a broca de dentro para fora. Remoção dos divertículos pulpares implementando, o máximo possível a forma do contorno inicial. Forma de Conveniência Remoção de quaisquer irregularidades no interior, regularização e alisamento dos ângulos mesial e distal do vértice da câmara, remoção da projeção dentinária na região de cíngulo, proporcionando acesso direto e amplo. { Incisivos e Caninos Inferiores } Área de Eleição Região mais central da superfície lingual, próximo ao cíngulo. Direção de Trepanação A penetração inicial é feita com a broca perpendicular ao longo eixo do dente, penetrando toda a espessura do esmalte. Depois inclina-se a broca paralelamente ao longo eixo, aprofundando alguns milímetros em dentina, sem penetrar a câmara. Forma de Contorno Inicial Triangular regular, com a base voltada para a incisal e o vértice para o cíngulo. Ela estende-se até aproximadamente 2 mm da borda incisal e entre 1 e 2 mm acima do cíngulo. Tem forma próxima a dos superiores, mas estende-se mais no sentido inciso lingual, devido a anatomia e formato mais achatado dos dentes anteriores inferiores. Nos caninos pode haver uma conformação mais ovalada devido a sua maior extensão cervicoincisal e pela presença de divertículo incisal mediano. Preparo da Câmara Remoção do teto e preparo das paredes laterais, sobretudo das V e L. Forma de Conveniência Remoção de quaisquer irregularidades no interior, regularização e alisamento dos ângulos mesial e distal do vértice da câmara, remoção da projeção dentinária na região de cíngulo, proporcionando acesso direto e amplo. DicaDica ✔ É importante sempre checar com sondas exploradoras a existência de quaisquer retenções. Renata Munay 18 Renata Munay Soluções Irrigadoras As soluções irrigadoras são usadas com diversas finalidades, dentre elas lubrificação, limpeza e desinfecção, remoção de smear layer e desintegração de restos pulpares (somente hipoclorito de sódio). Os microrganismos presentes na polpa variam de acordo com sua localização. Na região coronária estão presentem aeróbios e anaeróbios facultativos; no terço médio anaeróbios facultativos; e no terço apical anaeróbios estritos. A irrigação deve ser simultânea à aspiração, para evitar o extravasamento de solução. A cânula de irrigação deve ficar a aproximadamente 3 mm do ápice para evitar riscos de extravasamento. Propriedades As soluções irrigadoras devem possuir algumas propriedades, dentre elas : ● Ação antimicrobiana; ● Capacidade de dissolver material orgânico (hipoclorito); ● Atividade lubrificante e quelante; ● Ter baixa tensão superficial; ● Não ser citotóxica aos tecidos perirradiculares. OBSOBS ✔ Apesardas soluções não serem citotóxicas aos tecidos (possuírem biocompatibilidade), deve-se haver muito cuidado para que elas não extravasem para os tecidos perirradiculares, afim de evitar gerar desconforto aos pacientes. Tipos de Soluções Compostos halogenados, detergentes, quelantes, ácidos, peróxidos e associações ou misturas e outras soluções. ● Hipoclorito de Sódio – NaOCl COMPOSTO HALOGENADO ● Clorexidina COMPOSTO HALOGENADO ● EDTA 17% ● Ácido Cítrico ● Soro Fisiológico ● Anestésico ● Solução de Hidróxido de Cálcio – Ca(OH)2 ou água dycal OBSOBS ✔ O hipoclorito é a solução irrigadora mais utilizada. ✔ Pode-se usar clorexidina em casos em que o paciente apresente alergia à hipoclorito ou haja rizogênese incompleta, pois a clorexidina causará menos desconforto ao entrar em contato com os tecidos periapicais. ✔ Clorexidina e Hipoclorito JAMAIS DEVEM SER ASSOCIADOS, pois juntos eles criam uma reação que mancha o elemento dentário. ✔ Caso ocorra extravasamento de solução, dependendo da quantidade, deve ser receitado antibiótico, corticóides e analgésicos. Hipoclorito de Sódio Possui como vantagens a ação efetiva antimicrobiana, ser capaz de dissolver matéria orgânica, é desodorizante, além de possuir baixa tensão superficial e ter baixo custo. Porém essa solução possui algumas desvantagens. Dentre elas destacam-se a instabilidade ao armazenamento, o que pode fazer com que a solução perca Renata Munay 19 Renata Munay efetividade com o tempo; é irritante à pele e mucosas; além de ter odor forte e característico e manchar tecidos. De acordo com as concentrações, os líquidos de hipoclorito de sódio possuem diferentes nomes. Líquido de Dakin NaOCl a 0,5% +ÁCIDO BÓRICO Líquido de Dausfrene NaOCl a o,5% +BICARBONATO DE Na Solução de Milton NaOCl a 1% Solução de Labarraque NaOCl a 2,5% Soda Clorada 2x CONCENTRADA NaOCl de 4 a 6% Clorexidina Muito utilizada na endodontia como Digluconato de Clorexidina (sal). É uma solução incolor e inodora e apresenta-se aquosa. É mais estável (pH entre 5 e 8) o que possibilita uma boa ação residual, fazendo efeito de 48 a 72 horas após aplicada. Possui amplo espectro antimicrobiano e baixa citotoxicidade. A concentração utilizada na endodontia é de 2%. Suas desvantagens são o custo mais elevado do que o hipoclorito e o fato de que ela não dissolve matéria orgânica. Smear Layer Camada residual que fica sobre as paredes dos canais após a instrumentação, obliterando a entrada dos túbulos dentinários. Em dentística, ela é removida ou com ácido fosfórico ou com ácido poliacrílico. Na endodontia, a smear layer radicular será removida com auxílio de soluções com poder quelante, tendo em vista que não podem ser aplicados ácidos nos canais radiculares. Quelantes Soluções que possuem poder de desmineralizar, realizar descalcificação, onde os íons de cálcio são removidas da estrutura dentária por um agente químico, que se combina com eles formando um composto chamado quelato de cálcio. Devido a essa desmineralização, elas não podem permanecer nos canais por muito tempo, devendo ser utilizadas por 3 minutos no final do tratamento, para limpar os canais. A solução quelante de escolha é o EDTA 17% (Ácido Etileno Diaminotetracético), que é composto por : ● EDTA dissódico – 17 g ● Solução de NaOH 20% - 9,25 ml ● Água destilada – 100 ml Medicação Intracanal Também conhecida como curativo de demora. Não são necessárias em todas as ocasiões, apenas quando o paciente não estiver em condições de realizar o tratamento endodôntico em uma única sessão. Suas funções e objetivos de uso são : 1. Eliminar microrganismos que sobreviveram ao preparo biomecânico e impedir sua proliferação; 2. Atuam como barreira físico-química contra a infecção ou reinfecção por bactérias da saliva, preenchendo toda extensão do canal para que microrganismos da saliva não adentrem (física) e eliminando os microrganismos, impedindo-os de penetrar (química); 3. Possuem efeito analgésico, reduzindo a inflamação perirradicular; 4. Podem ainda solubilizar matéria orgânica; 5. Neutralizar produtos tóxicos bacterianos, impedindo que haja estímulo doloroso; 6. Estimular reparação, induzindo a formação de tecido mineralizado; 7. Controlar a reabsorção dentária inflamatória externa; 8. Controlar exsudato (secreção purulenta). A medicação possui ação higroscópica, que promove desidratação, absorve a umidade. Renata Munay 20 Renata Munay Medicação para Polpa Vital Otosporin Em casos em que o canal não foi instrumentado utiliza-se otosporin, associado a um selante coronário. O otosporin é um corticosteróide que possui ação antiinflamatória e está associado a antibiótico. Possui excelente ação para anaeróbios facultativos (porção coronária e terço médio). Previne infecção. ProtocoloProtocolo 1. Acesso 2. Pulpotomia – remoção de polpa coronária 3. Irrigação/aspiração 4. Pelotas de algodão embebidas com Otosporin – máx. 7 dias 5. Selamento provisório – por ex.: cotosol Hidróxido de Cálcio sem PMCC Caso tenha sido feito o preparo biomecânico, utiliza-se o Calen sem PMCC. Deve-se preencher todo o canal sem deixar extravasar, preenchendo todo comprimento real de trabalho (CRT). O calen possui ação de diminuir a inflamação dos tecidos periapicais e causa uma necrose superficial, que gerará futuramente a formação de tecido duro. ProtocoloProtocolo 1. Acesso 2. Pulpectomia e preparo biomecânico 3. Irrigação e aspiração 4. Lubrificar a agulha com o tubete de glicerina que vem juntamente à medicação 5. Calen por 7 a até 60 dias OBSOBS ✔ Calen deve ser aplicado com seringa Mario Leonardo e agulha 27g, para facilitar a inserção da medicação no canal, devido a ser um medicamento oleoso. Renata Munay 21 Renata Munay Medicação para Polpa Necrosada Formocresol Também chamado de Tricresolformalina. Usado em casos em que o canal ainda não tenha sido instrumentado. Devem ser aplicadas pelotas de algodão que foram molhadas em formocresol e bem secas com gaze, deixando só o “cheiro” do produto. Hidróxido de Cálcio com PMCC Hidróxico de Cálcio associado a Paramonoclorofenol Canforado. Usado quando já tiver sido feito o preparo biomecânico. Assim como em biopulpectomia, deve ser preenchida toda o CRT do elemento dentário, seguindo os mesmos protocolos. O hidróxido de cálcio pode ser utilizado por meio de solução aquosa (água destilada, soro, anestétisico ou metilcelulose) ou viscosa (glicerina, propileno glicol, polietileno glicol 400 ou carbowax). As soluções aquosas possuem liberação rápida dos íons de cálcio e de hidroxila, enquanto em veículos viscosos a liberação é lenta. Logo, se o próximo atendimento for demorar, o ideal é utilizar veículos viscosos. Os veículos oleosos no Calen são óleo de oliva e PMCC. Eles não devem ser extravasados. OBSOBS ✔ Podem ser associados Calen com PMCC, Clorexidina e Iodeto de Potássio Iodetado em casos de necrose. ✔ Pasta HPG → Calen c/ PMCC e glicerina. Pode ser adicionado um radiopacificador. ✔ Pasta HCx → Calen s/ PMCC e Clorexidina. Pode ser adicionado um radiopacificador. Odontometria Determinação do comprimento do elemento dental para que possa ser realizado o tratamento endodôntico. A endodontia trabalha com valores milimétricos, que devem ser seguidos para evitar causar iatrogenias para o paciente. Possíveis erros na odontometria podem ocasionar : degraus, desvios, perfuração apical, sub e sobre obturação, sub e sobre instrumentação e dor pós operatória. Logo, se a odontometria for feita errada, as próximas etapas serão erradas também. Há fatores que podem interferir na odontometria, que são, variações anatômicas, variação da posição do forame apical, forame que não coincida com vértice radicular, superposição de estruturas anatômicas,reabsorção radicular etc. Ponto de Referência Imprescindível para a realização da odontometria. É o ponto onde o cursor (stop de borracha) irá tocar. Deve ficar o mais próximo o possível do canal, ser de fácil visualização e possibilitar que a lima entre reta no canal (evitar fraturas). Esse ponto deve ser identificado na ficha. Dentes Anteriores Borda Incisal Dentes Posteriores Ponta de Cúspide Cuidados com o CursorCuidados com o Cursor ✔ Sempre deve tocar o ponto de referência ✔ Deve ser colocado no CRI (comprimento real do instrumento) ✔ Checar se a lima não saiu de posição na radiografia ✔ Usar um ou mais cursores na lima Renata Munay 22 Renata Munay Métodos de Odontometria ● Sinestésico → ou manual, técnica do “ai, menos um”. Não é utilizado. É feito colocando a lima no canal até o paciente demonstrar desconforto (passou pelo forame apical). Em caso de necrose é ineficaz, pois o paciente não apresentará dor e em casos de biopulpectomia pode gerar iatrogenias ao paciente, lesando tecidos perirradiculares. ● Ingle → Método utilizado. Nele é necessário obter alguns comprimentos do dente, dentre eles o CAD (comprimento aparente do dente), CRI (comprimento real do instrumento), CRD (comprimento real do dente) e CRT (comprimento real de trabalho). ● Eletrônico → Método realizado com auxílio de localizadores apicais. São ferramentas eletrônicas que são acopladas às limas endodônticas e possui uma haste metálica que deve ser posta na boca do paciente. Ele dirá a distância que falta para alcançar o ápice. Após localizá-lo, remove-se a lima e anota a distância percorrida pela lima. CAD – Comprimento Aparente do Dente É obtido realizando a medição do comprimento com auxílio de uma radiografia periapical, desde o ponto mais alto da coroa (centro da borda incisal para que o instrumento entre reto) até o vértice radiográfico com uma régua milimetrada. É chamado de aparente, pois podem ocorrer distorções e alterações anatômicas como forame apical não coincidir com o vértice, etc. CRI – Comprimento Real do Instrumento Subtrai-se 3 mm da medida inicialmente obtida (CAD), que equivale a uma margem de segurança. Com a medida obtida, transferimos ela para a lima, marcando-a com um cursos, inserimos a lima no canal radicular até o cursor tocar no ponto de referência. Após isso é feita a tomada radiográfica com a lima no canal. CRD – Comprimento Real do Dente Com a radiografia obtida após o CRI, observa-se a distância do final da lima até o ápice radicular, essa distância é chamada de distância A-B. Pode ocorrer desse valor ser negativo, a lima passar do comprimento do dente. O CRD é obtido somando o CRI à distância AB. Se a lima endodôntica estiver aquém do ápice, deve-se adicionar AB; se estiver além, deve-se diminuir AB. Lima Aquém CRD = CRI + AB Lima Além CRD = CRI - AB Por exemplo :Por exemplo : Se o CAD for de 20 mm, logo, o CRI será de 17 mm. Com o CRI obtido, será colocado o cursor na lima e ela será posta no dente, para realizar uma radiografia. Observa-se a distância que falta para chegar ao final do dente (AB). Supondo que essa distância seja de 2 mm aquém do ápice, esse valor será somado ao CRI, portanto resultará em CRD de 19 mm. CRT – Comprimento Real de Trabalho É o comprimento no qual será feita a instrumentação. Ele será considerado igual ao CRD. Antigamente era preconizado que o CRT deveria ser 1 mm menor do que o CRD, para preservação do coto pulpar. Logo, se o CRD for de 20 mm, o CRT também será de 20 mm. Renata Munay 23 Renata Munay SE O DENTE FOR MAIOR DO QUE 30 MM DEVE SER FEITO UM AJUSTE NA LIMA DE 30 MM, REMOVENDO PARTE DO CABO. CRI = CAD – 3 mm CRT = CRD Neutralização por Terços Consiste na limpeza do conteúdo séptico do canal radicular, gradativamente, em terços. O objetivo disso é remover restos orgânicos e detritos, inviabilizar e remover as bactérias e produtos presentes no conduto. Evita-se levar esses microrganismos para a região de periápice, que tem limpeza mais difícil. Ela é feita da seguinte forma : 1. Determinam-se o CAD e o CRI com a radiografia inicial; 2. Antes de realizar a radiografia com a lima no dente, dividir o CRI por 3. Por exemplo, CAD 18, portanto CRI 15 (3x 5); 3. Para isso é usada uma lima fina (10 ou 15) e a neutralização deve ser feita primeiro em 5 mm, depois 10 mm e finamente 15 mm, sempre com irrigação/aspiração intermitente; 4. Quando for feita a neutralização do terço final, é feita a radiografia para prosseguir com a odontometria. Desbridamento Limpeza do forame no CRD (comprimento real do dente), feito com lima mais fina feita antes, durante e após a instrumentações. Atualmente não é mais realizado pois a instrumentação já é feita no CRD. Trefilação Passar a lima pelo forame apical, com propósito de drenagem de exsudato via forame. Essa técnica só é feita em caso de necrose pulpar e jamais deve ser feita em biopulpectomias. A técnica consiste em ultrapassar 1 mm do forame apical com uma lima fina para tentar estimular a drenagem. Preparo Químico - Cirúrgico Também chamado de preparo biomecânico. Processo que visa realizar limpeza e desinfecção, dar forma e alisar as paredes dentinárias do canal, remover a polpa e criar espaço adequado para a obturação. Essa técnica de preparo envolve o meio mecânico (limas endodônticas), meios químicos (soluções irrigadoras) e físicos (ato de irrigar e sugar as soluções). OBSOBS ✔ Ao instrumentar canais curvos é necessário pré curvar os instrumentos dando-lhes a forma aproximada do canal, para evitar que as limas partam-se dentro do dente. Técnica Clássica/Convencional Técnica considerada simples. Só é indicada em canais amplos e retos, pois nessa técnica todas as limas serão utilizadas no mesmo CRT. Nesse tipo de preparo há dois diâmetros importantes a se considerar, o DA (diâmetro anatômico) e o DC (diâmetro cirúrgico), e em casos de biopulpectomia utilizamos 4-5 limas após o DA enquanto em necropulpectomia utilizam-se 5-6 limas após o DA. A lima do diâmetro anatômico deve descer até o o CRT com certa “pressão”, pois isso significa que ela está limando as paredes do canal. As limas devem ser usadas em ordem crescente. O operador instrumenta até que a lima esteja folgada no conduto para depois irrigar/aspirar e seguir para a próxima. OBSOBS ✔ Para evitar errar entre bio e necropulpectomia, é melhor estabelecer sempre usar 5 limas após a lima do DA. Técnica Escalonada Programada Indicada para canais curvos e atrésicos, justamente por esse motivo, a lima do DA sempre é uma lima fina (por ex.: 10). Inicialmente é feito o preparo apical Renata Munay 24 Renata Munay BIO → 4-5 limas após DA NECRO → 5-6 limas após DA com 3 limas em sequência da DA no CRT. Estabelecemos que a 4ª lima após o DA é o IM (instrumento de memória), que nesta técnica é o diâmetro cirúrgico. O propósito desta técnica é criar batentes por meio de um recuo programado, quanto mais calibrosa a lima, menos ela entrará no conduto. O instrumento memória deve retornar sempre ao canal para remover o smear layer que se acumulará na região não instrumentada. O escalonamento inicia e termina com o instrumento memória, porém antes deste, é necessário usar 3 limas para realizar o preparo apical. O recuo programado é de 1 mm por lima. Técnica Escalonada Programada 1ª Etapa Preparo Apical no CRT com 3 limas + IM 2ª Etapa Intercalar IM com limas da sequência Movimento dos Instrumentos • Rotação : penetrar, rotacionar e tracionar. Nem sempre pode ser feito. Esse movimento é usada para remoção pulpar, de cones de papel, algodão, detritos, etc. Esse movimento é feito por extirpa nervos e limas H. Instrumentos de aço inox não podem ser rotacionados. • Cateterismo : movimento bem leve, usado para exploração inicial do canal na odontometria e na determinação do DA. É feito com rotações discretas e leves. Inserimos a lima com rotações para direita e retrocessos sãofeitos para a esquerda. Esse movimento é feito nas limas K. • Alargamento : avanço progressivo para região apical com rotação de ¼ a ½ de volta para direita, seguida de tração de pequena amplitude. Feita com limas K. • Rotação Alternada : parecido com o alargamento, mas sempre há um retrocesso. Esse movimento é feito com forças balanceadas, e movimentos oscilatórios; rotaciona-se a lima para direita e esquerda e depois retrocede 1 mm. Feito com limas K. • Limagem : pressionar a lima nas paredes do canal. Só removê-la quando houver folga no canal. A limagem deve ocorrer em todas as paredes do conduto. • Alargamento e Limagem : movimento mais comum. ¼ a ½ de volta associado à tração com pressão lateral. Materiais obturadores A obturação consiste em preencher o espaço vazio que anteriormente foi ocupado pela polpa, com materiais que promovam selamento tridimensional e permitam a reparação biológica periapical. Esses materiais não devem ser extravasados. Para evitar isso, respeita-se o limite CDC (início do canal cementário) que é de aproximadamente 1 mm. Renata Munay 25 Renata Munay Logo, o limite de obturação é 1 mm menor do que o limite de instrumentação (CRD). A grande maioria dos insucessos endodônticos são decorrentes de falhas na obturação, que podem ser bolhas, extravasamento e material aquém ou além do CRT. A obturação deve ser realizada após o encerramento do preparo biomecânico e caso não haja mais dor, exsudato no canal, edema e mobilidade, odor. Além disso, o selamento provisório deve estar intacto. Para biopulpectomias a obturação pode ser realizada em sessão única, porém em necropulpectomia, devido ao quadro infeccioso e a necessidade de utilizar medicações intracanal, a obturação deve ser feita em duas ou mais sessões. A obturação sempre ocorrerá com materiais no estado sólido e plástico. Os materiais obturadores precisam possuir determinadas propriedades biológicas, dentre elas : boa tolerância tecidual; ser reabsorvido no periápice em caso de extravasamento acidental (somente os materiais plásticos); estimular ou permitir deposição de tecido mineralizado no ápice; ter ação antimicrobiana. As propriedades fisico-químicas desejadas são : ser de fácil inserção; selar lateral e apicalmente o canal; não sofrer alterações de volume; ser impermeável; possuir radiopacidade, bom tempo de trabalho, escoamento, viscosidade e aderência; pH próximo ao neutro (diminuir citotoxicidade); etc. Sólido • Cones de prata (desuso) • Cones de guta-percha • Cones de resina (resilon) Plástico • Cimentos e pastas OBSOBS ✔ Se ainda houver presença de sinais infecciosos (exsudato, edema, etc), deve-se reaplicar a medicação intracanal. Objetivos • Selamento do espaço vazio; • Selamento antimicrobiano; • Selamento biológico Guta-percha Padrão ouro dos materiais sólidos. Derivada do látex. É um polímero do metilbutadieno ou isopreno, portanto um isômero da borracha porém mais dura, quebradiça e menos elástica. Alguns fabricantes utilizam balata, que é extraída de árvores da família das sapotáceas (mesma utilizada para obter guta-percha) e ambas possuem características químicas e físicas essencialmente idênticas. Possui custo baixo, é bem tolerada pelos tecidos perirradiculares e ... Os cones de guta-percha dividem-se basicamente em dois tipos : os padronizados, ou cones principais (calibrados) e os auxiliares, ou secundários/acessórios, que auxiliam na condensação lateral. Os padronizados possuem diâmetros e conicidades determinados, e o diâmetro da ponta de um cone de guta é chamado de D0; eles também possuem conicidade de 0,02 mm e séries assim como as limas. O cone principal será selecionado de acordo com o DC. OBSOBS ✔ DA : diâmetro anatômico, inicial, com a primeira lima ✔ DC : diâmetro cirúrgico, da última lima utilizada (técnica convencional) e do instrumento de memória (técnica escalonada). Cones de Resina (Resilon) São indicados para substituir os cones de guta. Apresentam-se nas conicidades 0,02, 0,04 e 0,06 mm. Também são disponíveis em cones auxiliares XF, FF, MF, F, FM e M. É necessário o uso de primer condicionador e cimento resinoso para realizar essa técnica obturada. Isso tornará sua remoção mais difícil do que a dos cones de guta-percha. Renata Munay 26 Renata Munay Cimentos Endodônticos • Cimentos à base de Óxido de Zinco/Eugenol (maioria) • Cimentos contendo hidróxido de cálcio • Cimentos resinosos (resinas plásticas) Cimentos a base de óxido de zinco e eugenol Um dos mais utilizados devido a suas boas propriedades e baixo custo. A espatulação inicial do material deve ser vigorosa, para evitar deixar quaisquer grânulos. Se houver excesso de líquido, além não ocorrer a consistência correta, pode haver extravasamento (eugenol é tóxico aos tecidos periapicais), não formará o fio (consistência correta). Em uma mistura com excesso de pó, formará um fio muito espesso, e haverá dificuldade de aplicar o cimento no canal e do mesmo penetrar nos túbulos dentinários. Nome Comercial Endofill Cimentos contendo hidróxido de cálcio Nome Comercial Sealapex → apresenta-se pasta/pasta porém possui baixa radiopacidade. Umidade no canal aceleram seu tempo de presa (1 hora). CRCS → apresenta-se pó/líquido. Dependendo do calor e umidade da placa de vidro o tempo de presa pode acelerar. Sealer 26 → possui tempo de presa de 12 horas Cimentos resinosos Nome Comercial AH 26 AH plus → boa capacidade seladora, biocompatível, boa capacidade bactericida. Possui 4 horas de tempo de trabalho e 8 de presa. Apresenta- se pasta/pasta. Técnica Obturadora Antes Irrigação abundante do canal, utilização de quelante (EDTA por 3 min) para remoção de smear layer, promovendo maior permeabilização dentinária. Após utilizar o EDTA, inserimos soro fisiológico, para neutralizar e remover os excessos da solução quelante. Após lavar o canal com soro, devemos usar cones de papel absorvente. O diâmetro deste deve ser igual ao do DC, e secar toda a extensão do canal até que os cones venham secos. Se ainda estiverem úmidos isso indicará presença de exsudato, portanto, será necessário utilizar medicação intracanal. Os cones de guta-percha devem ser desinfectados, sendo imersos em hipoclorito de sódio por 1 min, para posteriormente selecionar o cone principal. Essa seleção é feita por meio de prova visual (ver se o cone chega no CRT), tátil (ver se o cone “trava” no CRT, importante para evitar extravasamento) e radiográfica (ver se está 1 mm aquém do ápice), que só deve ser feita após o sucesso das anteriores. Cone não chega no CRT Pode ocorrer caso o cone selecionado seja muito calibroso (selecionar cone mais fino). Caso hajam raspas de dentina no ápice (remover com lima 10 ou 15) ou desvios no canal (pré curvar uma lima mais fina e estabelecer odontometria correta). Cone passou do CRT Considerar que pode ser um cone muito fino, portanto, inicialmente selecionar um cone mais calibroso ou calibrar o cone fino. Renata Munay 27 Renata Munay Técnica de Condensação Lateral e Vertical Utilizada para dentes anteriores. Passos 1. Secagem do canal 2. Seleção do cone principal 3. Seleção do espaçador ou lima 4. Corte dos cones secundários no limite do crt 5. Preparo do cimento obturador. Passar cimento no canal com o auxílio da lima K 30 e depois inserir cones também embebidos em cimento no canal 6. Condensação lateral, abrindo espaço lateralmente com um espaçador digital 7. Quando o espaçador não puder entrar mais, realizar uma radiografia para avaliar a qualidade da obturação 8. Corte dos cones abaixo da cervical utilizando o calcador de paiva aquecido na chama da lamparina. Deve-se respeitar o limite coronário para evitar escurecer a coroa. 9. Condensação vertical como instrumento frio. A guta-percha deve ficar 1 a 2 mm abaixo da cervical 10. Limpeza da câmara pulpar com uma pelota de algodão estéril embebida em álcool etílico 11. Radiografia final para avaliar obturação. 12. Promover selamento coronário, que pode ser provisório (ex.: coltosol) ou definitivo (resina ou amálgama) Critérios para Avaliar o Tratamento Endodôntico • Ausência dos sintomas (dor, edema, etc); • Diminuição ou desaparecimento da área radiolúcida em torno de 6 meses a 2 anos após o tratamento. Anatomia Dentes Posteriores 1º Pré Molar Superior Geralmente possui 2 raízes (61% dos casos) e 2 canais (84,2%) e tem comprimento médio de 21,4 mm. Sua coroa é ovalada, apresentando-se maior no sentido vestibulo-palatino. A cúspide vestibular é mais alta que a palatina. As raízes podem apresentar variações, sendo uma única raízes fusionada com forame único ou com dois forames; podem haver 3 raízes; e na maioria dos casos em que há 2 raízes que podem sofrer bifurcação no terço cervical, médio ou apical. 2º Pré Molar Superior Coroa também é ovalada, mas a cúspide vestibular possui altura próxima à cúspide palatina. Na maioria dos casos possui somente uma raiz (94,6%) porém com prevalência não tão grande de haver somente um canal (53,7%). É importante observar a existência de um canal secundário. Se houverem dois canais, o forame pode ser ou não único. Renata Munay 28 Renata Munay 1º Pré Molar Inferior Coroa circular. Possui maior prevalência de raiz única (82%) e canal único (66,6%) e comprimento médio de 21,6 mm. 2º Pré Molar Inferior Coroa circular. Também há maior prevalência de raiz única e canal único (89,3% dos casos), podendo ocorrer também uma raiz com dois canais ou duas raízes com dois canais. Acesso em Dentes Posteriores Observar a inclinação dos dentes para não promover um acesso incorreto. As etapas são as mesmas para dentes posteriores e anteriores. { Pré Molares Superiores } Ponto de Eleição Centro da face oclusal, bem no meio do sulco central. Direção de Trepanação Paralela ao longo eixo do dente, com a broca direcionada ao canal de maior volume (P). Após penetrar na câmara pulpar, trocar para broca com ponta inativa para evitar danificar o assoalho da câmara. Forma de Contorno Ovalada, com maior diâmetro no sentido V-L. { Pré Molares Inferiores } Ponto de Eleição Pode ser na fóssula mesial em caso de pré molares que possuam ponte de esmalte ou no sulco central, caso não haja ponte. Direção de Trepanação Paralela ao longo eixo do dente. Como na maioria dos casos são unirradiculares, não há preocupação com danificação ao assoalho. Forma de Contorno Circular ou esférica, acompanhando anatomia coronária. Forma de Conveniência Renata Munay 29 Renata Munay Paredes ligeiramente expulsivas para O, oferecendo melhor visão do interior da câmara, além de permitir acesso livre aos canais radiculares. { 1º Molar Superior } Coroa tetracuspidada (4), com cúspides definidas e volumosas. Possui 3 raízes, duas vestibulares (MV e DV) e uma palatina. A câmara pulpar é ampla e normalmente trapezoidal, sendo estreita no sentido M-D e alongada no sentido V-P. Geralmente possui 4 canais, esse extra localiza-se entre o MV e o P, sendo chamado de MP. Na maioria dos casos ele está unido ao MV, podendo haver forame único ou independente. { 2º Molar Superior } Coroa pode ser tetra ou tricuspidada, com a cúspide palatina mais volumosa do que as outras. Possui 3 raízes e maior prevalência de 3 canais, podendo ter 4 (na raiz MV). A localização dos canais varia de acordo com a anatomia externa do dente. { 1º Molar Inferior } Dente mais volumoso da arcada, com 5 cúspides (3V e 2L). Possui 2 raízes (mesial e distal) achatadas no sentido M-D e amplas no V-L. Na maioria dos casos tem 3 canais (mesiovestibular, mesiolingual e distal). { 2º Molar Inferior } Possui 4 cúspides (2V e 2L) e 2 raízes e 3 canais na maioria dos casos. Modificações • Canal em forma de C • Raiz mesial de MI com 3 canais Ponto de Eleição em Molares Nos superiores o ponto de eleição será a fóssula mesial, da mesma forma que em pré molares, para preservar a ponte de esmalte. Nos inferiores o ponto será o centro do sulco principal. Imprescindível observar sempre a inclinação do dente na arcada. Direção de Trepanação Paralela ao longo eixo do dente em direção ao canal mais volumoso (inferiores D, superiores P), sempre com cuidado com o assoalho da câmara. Forma de Contorno Nos molares superiores terá forma triangular com base voltada para a V. Caso a coroa seja mais achatada, a forma será ovalada. Nos molares inferiores a forma também será triangular (em caso de 3 canais) com a base voltada para a M. Em caso de 4 canais, a forma de contorno é trapezoidal. Emergência x Urgência em Endodontia Em endodontia as emergências são lesões que precisam de tratamento imediato, enquanto as urgências podem receber tratamento eletivo. Princípios Químicos do Tratamento Existem basicamente dois tipos de fibras mielínicas que são estimuladas em casos de dor, as fibras A e C. As fibras A são responsáveis por dores de origem dentinária (hipersensibilidade) ou pulpite reversível em casos iniciais. Dores desse tipo não necessitam de tratamento endodôntico. Já as fibras do tipo C são amielínicas, responsáveis por dores graves, contínuas, excruciantes e espontâneas, que manifestam-se na pulpite irreversível. Essa lesão necessita de tratamento endodôntico. Emergências Antes do Tratamento Renata Munay 30 Renata Munay Hipersensibilidade Dentinária Dor transitória na dentina exposta, proveniente de estímulos químicos, térmicos, tácteis ou osmóticos. Esses estímulos provocam deslocamento dos fluidos no interior dos túbulos dentinários levando à estimulação mecânica das fibras tipo A. Não requer tratamento endodôntico. Normalmente são causados por lesões cervicais não cariosas. O tratamento para elas varia de acordo com o fator etiológico, indo desde reeducação alimentar, até tratamento restaurador e aplicação de dessensibilizantes. Alterações Pulpares ➔ Pulpite Reversível : não requer tratamento endodôntico, coma remoção do estímulo (pode ser contato prematura, cárie extensa, restauração fratura etc) a inflamação se encerrará. Não há necessidade de medicar o paciente. O prognóstico na maioria das vezes é positivo, tendo em vista que se a causa for removida a lesão melhorará. Caso não haja remoção do estímulo, a pulpite evoluirá para irreversível. ➔ Pulpite Irreversível : dentre os principais sintomas destacam-se dor pulsátil, espontânea e contínua, que persiste após a remoção do estímulo. É necessário o tratamento endodôntico, porém há duas abordagens de tratamento : mediato e imediato. O tratamento mediato deve ser feito quando não houver tempo para realizar o preparo biomecânico em uma só seção. Possui um prognóstico favorável por ser somente um caso inflamatório. Porém se não houver o tratamento, a lesão avançará para uma necrose pulpar, que pode ter envolvimento com tecidos periapicais. ➔ Necrose Pulpar : como não há dor, normalmente o paciente só procura o consultório quando há envolvimento com os tecidos periapicais, que podem apresentar abcessos. ➔ Periodontite Apical Aguda : ➔ Abscesso Periapical Agudo : possui diferentes níveis de evolução, diferenciando-se na fase inicial, em evolução e com evolução completa. Existem dois tratamentos para essa lesão : local e sistêmico. O local é primordial, pois se for feita somente a parte sistêmica a inflamação retornará. O tratamento local consiste da drenagem do abscesso e tratamento endodôntico, realizando desbridamento e trefilação, aplicando curativo de demora. A drenagem pode ser via canal ou externa. Também é necessário prescrever analgésicos e
Compartilhar