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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Povos Indígenas e o direito a saúde População Indígena do Brasil No século XVI – Estima-se 5 milhões de pessoas (entre 1 a 10 milhões), mais de mil etnias. Darcy Ribeiro, 1970, considerava que esses povos iam desaparecer, pelas altas mortalidades ou pela “assimilação” na sociedade nacional. - Assimilação: apagamento de uma cultura por conta de outra, “morrer” uma cultura. - Aculturação: processo de troca e adaptação cultural, sem desaparecer os traços culturais originários. Em 2000, eram 306.849, e em 2008, 538.154, em 2010 eram 896.900 (0,4% da população). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Relação Estado e Povos Indígenas Relação dos indígenas com o Estado é de não existência. As etnias indígenas não trabalham com a figura do Estado. Do ponto de vista do indígena, o Estado é uma estrutura sem sentido, que não faz parte de sua cosmovisão. Poder Tutelar ou a “proteção dos indígenas” Década de 1920. Definido como o exercício do tipo de poder de Estado que incide sobre os povos indígenas: base da política indigenista brasileira. Regime de Tutela: proteção a um ser que não pode participar da vida civil. Envolveu a criação de administrações para definir e controlar essas populações. Segregação social. Insuficiência para a vida cívica. Vínculo de submissão/proteção. Tutor é quem tem a autoridade e o tutelado tem seu pensamento desautorizado. Sua base está na desigualdade entre sujeitos/grupos sociais. Final dos anos 1980: Processo de redemocratização O movimento da reforma sanitária se fortalece e converge com as pautas indigenistas: - 8ª. Conferência Nacional de Saúde, em 1986. - 1ª. Conferência de Proteção á Saúde do Índio, em 1986. - Revista Saúde em Debate (CEBES): Saúde do Índio, 1988. Assembleia Constituinte em 1987 - Constituição Cidadã em 1988: - Povos indígenas e União das Nações indígenas participam ativamente da emenda popular que vai desdobrar no capítulo dos direitos dos Índios: direitos socioculturais e territoriais. - Aprovado o direito a saúde e a criação do SUS. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C EQUIDADE: “As pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza”. 1ª Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio: – União das Nações Indígenas – “A saúde das populações indígenas é resultante de alguns elementos fundamentais: acesso à posse da terra; grau de contato com a sociedade nacional; liberdade para viver a sua singularidade (padrões alimentares, de educação, de moradia e de trabalho); acesso à vacinação e serviços de saúde” (UNI, 1988). Lei Arouca - Lei Nº 9.836, de 23/09/1999 – Cria o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI) – Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração institucional. - DSEI: Não respeita a divisão dos distritos/ estados; a divisão leva em conta a continuidade territorial da etnia. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas 2002. Garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política, de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura. Diretrizes do subsistema de saúde indígena: – Organização na forma de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas; – Preparação de recursos humanos para a atuação em contexto intercultural; – Monitoramento das ações de saúde; – Articulação com sistemas tradicionais indígenas de saúde; – Promoção do uso adequado e racional de medicamentos; – Promoção da ética na pesquisa e nas ações; – Promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena; – Controle Social. Atenção Diferenciada Diretriz para organizar o modelo de atenção: – Levar “em consideração as especificidades culturais, epidemiológicas e operacionais desses povos (PNASPI, 2002: 6)”, o que seria realizado mediante o desenvolvimento e uso de “tecnologias apropriadas por meio da adequação das formas ocidentais convencionais de organização de serviços (PNASPI, 2002:6)”; – Considerar “os sistemas de representações, valores e práticas relativas ao adoecer e buscar tratamento dos povos indígenas, bem como seus próprios especialistas” (PNASPI, 2002:8), dessa forma, aparecem como diretrizes a VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C preparação dos profissionais de saúde para a atuação em contexto intercultural e a articulação com os sistemas tradicionais de saúde indígenas. – A importância da participação dos indígenas na formulação, gestão e execução do sistema de saúde para garantir essa adequação e especificidade cultural. Estudos epidemiológicos e antropológicos - insucesso de políticas públicas de programação em saúde por não considerarem a “construção de sentido”, essas representações sociais sobre o processo de adoecimento entre os povos tradicionais (RODRIGUES et al, 2015). Articulação entre os serviços de saúde e as práticas de autoatenção realizadas por uma comunidade particular.
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