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Alternativas para combater a persistente cultura do estupro no Brasi1


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Alternativas para combater a persistente cultura do estupro no Brasil
Durante o Período Colonial do Brasil, a submissão dos escravos aos seus senhores acarretou diversos impactos para a construção ética do país, especialmente no que tange à naturalização dos abusos sexuais sofridos pelas escravas daquela época. Nesse viés, vê-se que, no cenário hodierno, ainda persiste a cultura do estupro, seja pelo silenciamento da voz feminina, seja pela manutenção da estrutura patriarcal. Destarte, alternativas são necessárias para reverter esse óbice. 
	É oportuno ressaltar, a princípio, a existência de uma conjuntura opressora em relação à mulher. Isso porque a formação cultural brasileira coloca a figura feminina em segundo plano, descredibilizando sua voz ao ponto de tornar a mulher inferior perante o homem. Assim, a violência sexual praticada compulsoriamente pelo gênero masculino é, para a sociedade, culpa da mulher, fator que fortalece, de maneira lastimável, a cultura do estupro. A exemplo disso, a série documental “Anitta: made in Honório” de 2020, baseada na vida da cantora pop, confessa o abuso sexual sofrido em 2014 de um ex-namorado e sofre retaliação do público, comentários como: “está querendo atenção” e “ela provocou” foram comuns, realidade que mostra, mais uma vez, o espaço silenciador que a vítima habita, tanto por medo do julgamento, quanto por descrédito da sua fala. Logo, para contornar tal problemática, é crucial quebrar esse sistema que cala mulheres.
	Outrossim, o alicerce patriarcal que sustenta, historicamente, a sociedade brasileira é nocivo e degradante. Nessa ótica, a psicanalista Clarissa Pinkola discute – em seu livro “Mulheres que correm com os lobos” – como o processo de submissão e depreciação feminina, ao longo dos anos, foi instaurado, estrategicamente, para manter a estrutura patriarcalista que permeia as relações entre os sexos opostos. Sob essa perspectiva, a mulher tem o papel de atender às necessidades sexuais do homem sem questionar, levando-a a aceitar, de forma naturalizada, condições abusivas. Por conseguinte, a aceitação dessa condição fomenta a perpetuidade da cultura do estupro, sendo fundamental a atuação de entidades educacionais para instruir, cada vez mais, as pessoas sobre o funcionamento dessa estrutura de poder. 
	Portanto, a partir dos pressupostos anteriores, evidencia-se a necessidade de combater esse problema. Para isso, urge ao Ministério da Educação criar o projeto “Escuta ética” nas instituições de ensino, por meio de psicólogas feministas com visitas semestrais, com o intuito de devolver a voz das mulheres e incentivar a mudança de comportamento nos homens. Além disso, o projeto supracitado será responsável por discutir com pais e alunos sobre patriarcalismo e a participação feminina nessa conjuntura. Enfim, será possível se desprender do passado e garantir a segurança da mulher no solo brasiliano.

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