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TCC PROJETO FINAL

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1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAÇÃO
Tema: Violência doméstica e a responsabilização do estado
A violência doméstica é um mal a ser enfrentado desde muito tempo, devido a cultura machista e ao patriarcado inserido nas sociedades cujo predomínio masculino foi considerado natural. Levando em consideração a complexidade do tema, devemos discutir as razões para a disseminação da ideia do predomínio do homem sobre a mulher e a naturalização da violência contra esta.
Na minha família, vimos quão danoso a violência doméstica pode ser. Minha tia conseguiu sair de um casamento, em que era espancada quase que diariamente, e que por diversas vezes o mesmo tentou ceifar sua vida. Nessa época, ainda não existia a Lei Maria da Penha o que tornava o processo mais dificultoso do que é atualmente.
Parte da minha infância transcorreu no Rio de Janeiro, e outra parte em Crateús, cidade no interior do Ceará, onde a cultura machista e misógina é disseminada em pleno ano 2020, quando um vereador da cidade agride a sua amante, e mesmo assim foi candidato a reeleição recebendo 1.366 votos que não foram bastante para que garantisse a vaga. Levando em consideração seu histórico de sempre ser eleito foi uma resposta da população que não aceitou um agressor como vereador, porém o mesmo nunca foi preso. Como acreditar em uma justiça igual para todos e todas? 
Recentemente, a série brasileira “Bom dia, Verônica” (Netflix, 2020) teve destaque na mídia nacional, e seu enredo me chamou bastante atenção. A mesma conta a história de uma policial civil, que tenta de várias formas, ajudar uma mulher que sofre violência doméstica do seu companheiro que é um coronel da polícia militar, e por temor do que ele pode fazer com ela não consegue denunciá-lo. A série transmite ao telespectador, impacto e comoção com o assunto, mas quantas vezes nos comovemos com situações assim na realidade?
A violência doméstica não atinge só mulheres e seus companheiros, como também atinge adolescentes, idosas, crianças e até homens de uma forma menos comum que as mulheres; muitas vezes essa violência é silenciosa, e passa desapercebida na sociedade e das pessoas que cercam esse ambiente familiar. As desculpas são sempre as mesmas, “caí da escada”, “bati em um móvel” ou ele “só faz isso quando bebe”. 
Essas violências são tipificadas na lei como crime, e prevê a devida punição aos seus agressores, mas para que a mesma seja aplicada se necessita a denúncia. E por qual motivo não é feita essa denúncia? A grande maioria dessas mulheres não conseguem por medo, amor, vergonha e por acreditarem na mudança do agressor.
O machismo e o patriarcado, e toda a burocracia que estão instaurados na polícia, na justiça, na sociedade, de forma geral, dificultam as ações de apoio à mulher, por ainda internalizarem a ideia de que “eles acabam se entendendo”. 
A mídia nacional vem mostrando em jornais, programas de televisão que com o isolamento social os casos de violência doméstica infelizmente tiveram um grande aumento. A mulher, que tinha muitas vezes a casa como seu refúgio, agora a vê como um cativeiro em que fica encarcerada com seu agressor sem conseguir pedir ajuda. Isso torna as coisas mais fáceis para o agressor, faz com que o mesmo tenha mais poder sobre a vítima, e a intimide facilmente. Outro ponto que se deve levar em consideração, é o de dependência financeira já que com o isolamento ocasionou muito desemprego para essas vítimas, dificultando ainda mais a denúncia. 
 Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FPSB), os casos de feminicídio cresceram 22,2% entre março e abril do ano de 2020, em 12 estados do país, comparativamente ao ano de 2019. Alguns registros públicos confirmam a queda na abertura de boletins de ocorrência, deixando ainda mais claro, que ao mesmo tempo em que as mulheres estão mais vulneráveis durante a pandemia, elas têm maior dificuldade para formalizar queixa contra os agressores. 
O ato da violência é praticado por agressores que possuem um relacionamento amoroso com a vítima, e entre suas características associadas estão à presença do uso de álcool ou drogas, e a demora de realização da denúncia. Como fazer uma denúncia contra alguém que faz parte do seu convívio familiar?
O debate é necessário para que a nova geração, tenha no seu seio familiar uma educação menos machista, e com mais mulheres praticando a sororidade umas com as outras.
2 OBJETIVOS
Geral
Analisar a violência doméstica e a responsabilização do Estado.
Específicos
1. Discutir historicamente a criminalização da violência contra mulher no âmbito da vida privada;
2. Entender os obstáculos impeditivos da não denúncia do agressor;
3. Refletir como as relações de patriarcado e de gênero são definidoras de casos de violência contra a mulher.
3 METODOLOGIA
A pesquisa será realizada de forma bibliográfica, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o tema proposto, e assim contribuir para o estudo. A construção desse trabalho bibliográfico busca relatar a importância da discussão do tema, o abuso e agressão que as mulheres sofrem no seio familiar denominada de violência doméstica e a negligência da parte do estado e da mobilização da sociedade.
O estudo é centrado num levantamento bibliográfico já publicado sobre o assunto em formas de livros, revistas, periódicos, publicações avulsas, artigos científicos, legislações, imprensa escrita, e a internet como instrumento de pesquisa e aprofundamento.
De acordo com Lakatos e Marconi (1995, p. 43), "a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras".
	Assim, para o melhor aproveitamento dessa metodologia de pesquisa, será adotada a análise de diversas publicações de diferentes autores, o que possibilitará a partir das leituras realizadas a identificação de informações e conhecimentos acerca do tema abordado.
4 CRONOGRAMA
O trabalho de pesquisa seguirá o cronograma previsto que poderá sofrer alterações, e se estender ou abreviar caso seja necessário.
	Atividades
	Fev. 2021.1
	Mar. 2021.1
	Abril 2021.1
	Maio 2021.1
	Junho 2021.1
	Julho 
2021.1
	Levantamento
Bibliográfico
	 X
	
	
	
	
	
	Fichamento de textos
	
	 X
	
	
	
	
	Tabelamento de informações 
	
	 X
	
	
	
	
	Elaboração de textos
	
	
	 X
	
	
	
	Revisão ortográfica
	
	
	
	 X
	
	
	Apresentação
	
	
	
	
	 
	 X
 1 DISCUSSÃO HISTÓRICA SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ÂMBITO DA VIDA PRIVADA 
Vamos iniciar a discussão levando em consideração, a experiência adquirida durante o curso de direito, e as causas feministas que tanto busco entender a cada dia. Diante disso devemos entender a história e as conquistas alcançadas até hoje, por mulheres que se mobilizaram politicamente diferentemente daquelas que nunca saberão a quão árdua foi a luta para garantia destes direitos. 
Desde a colônia ao período de império, a mulher era tratada como objeto, usada apenas para sua função biológica. Com inúmeros filhos, e com direitos garantidos apenas para os homens, as mesmas sofriam castigos severos se houvesse apenas um boato de que a mesma fosse adúltera. E o homem tinha o direito de até mesmo matar como forma de castigo.
 Segundo Souza; Brito e Barp (2009, p.16) “O tratamento dispensado pela sociedade em geral à violência praticada contra a mulher considerada adúltera se mantém extremamente conservador e tradicional apesar das alterações na lei, ou seja, compreende-se o ato de violência praticado pelo homem. ” O adultério quando é praticado pelo homem chega a ser aceitado na sociedade, porém quando parte de uma mulher a mesma é julgada pela sociedade e o companheiro se sente no direito de “lavar sua honra”.
 Ao se tornar república, com a sua primeira Constituição, as mulheres estavam sendo introduzidas ideais feministas trazidos da Europa e Estados Unidos, aumentavam o sentimento de inquietação de não participação política das mulherescom direito a voto na Constituição de 1891. Durante a Era Vargas, na constituição de 1932, aconteceu um marco histórico de direitos para as mulheres, instituindo no código eleitoral o voto sem distinção de sexo, levando as mulheres à participação política na sociedade. Mesmo com esse avanço as mulheres ainda passavam por inúmeras repressões, e violências no ambiente doméstico. Onde podemos destacar, o Estatuto da Mulher Casada de 1962 que elencava vários artigos de como a mulher deveria se portar. 
“Art. 248. A mulher casada pode livremente:
I - Execer o direito que lhe competir sôbre as pessoas e os bens dos filhos de leito anterior (art. 393);
II -Desobrigar ou reivindicar os imóveis do casal que o marido tenha gravado ou alegado sem sua outorga ou suprimento do juiz (art. 235, número 1);
III - Anular as fianças ou doações feitas pelo marido com infração do disposto nos números III e IV do art. 285;
IV - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo marido à concubina (art. 1.177).
V - Dispor dos bens adquiridos na conformidade do número anterior e de quaisquer outros que possua, livres da administração do marido, não sendo imóveis;
VI - Promover os meios assecuratórios e as ações que, em razão do dote ou de outros bens seus, sujeitos à administração do marido, contra êste lhe competirem;
VII - Praticar quaisquer outros atos não vedados por lei".
Parágrafo .único. Êste direito prevalece, esteja ou não a mulher em companhia do marido, e ainda que a doação se dissimule em venda ou outro contrato;
	 Somente na década de 80 foram criadas as delegacias de atendimento à mulher. Onde as mulheres conseguiram fazer as denúncias com menos vergonha da sociedade. Para Lima e Barbosa (2011, p. 1), “a criação das delegacias especializadas no atendimento às mulheres, em meados da década de 1980, constituiu uma resposta do poder público às reivindicações do Movimento Feminista brasileiro”. As autoras evidenciam a importância dos destes movimentos para atender as reivindicações femininas. Principalmente os atos cometidos no âmbito da esfera doméstica por serem realizados pelo próprio marido, ideia comum de que o marido tinha seus direitos sobre a mulher; portanto, podia usufruir dela como bem entendesse. Isso se expressa nos ditados e “brincadeiras populares”, como é o caso de “vá se lavar para eu lhe usar”
 Dessa forma, os citados autores estão se referindo aos momentos históricos que nos trouxeram até a Lei Maria da Penha. E o quanto o movimento feminista, se fez necessário para chegarmos a criminalização existente. Apesar de muitas mulheres continuarem temendo por sua segurança e continuem sendo privadas de direitos humanos fundamentais.
2. ENTENDER OS OBSTÁCULOS IMPEDITIVOS DA NÃO DENÚNCIA DO AGRESSOR
		Nessa parte, iremos iniciar uma discussão sobre os motivos de não denúncia do agressor. Entender que existe um ciclo de violência, a recorrência do ciclo acompanhado das promessas de mudanças, são grandes obstáculos enfrentados pelas vítimas o que torna a denúncia cada vez mais difícil.
 Segundo Sales, (2018, p.18) 
A violência doméstica infringida por parceiros íntimos não se manifesta de maneira isolada e pontual. A partir do momento em que os abusos de ordem física, psicológica, sexual, moral e patrimonial se desenvolvem, tendem a ocorrer com uma determinada frequência, tornando-se alvo de repetições cíclicas. Assim, é possível dizer que a vítima fica imersa num ciclo de violência doméstica, no qual as condutas do agressor passam por fases com graus variados de tensão que encontram o seu ápice nos eventos de agressão física.
		 
		 Esse ciclo vicioso passa por fases, em que o agressor tem o seu ápice de raiva, porém em seguida se arrepende faz juras de amor, promete mudanças que não vai acontecer de novo, etc. A mulher fragilizada, e muitas vezes com medo da denúncia não surtir o efeito esperado acredita no agressor. Que permanece com a mesma conduta de agredi-la. 
		 Perante a sociedade o não verbalizar que está sendo agredida soa como uma ideia em que a vítima gosta de apanhar, ou que ela vai denunciar, mas depois volta. O que essas pessoas não veem é que a vergonha, as ameaças, o terror psicológico, e até mesmo o amor que ela sente pelo agressor interferem no não denunciar. 
		 
		 Segundo Reis; Fernandes e Souza (2016, p.13) “O medo, a insegurança, a vergonha, a sensação de ser a única no mundo a sofrer as agressões, a baixa autoestima, o desamparo por parte das autoridades públicas acabam, geralmente, produzindo um bloqueio, de forma que a mulher nunca denuncie. ” Todos esses fatores se somam no não denunciar. Quando se tem filhos pequenos o temor aumenta, muitas vezes sem emprego, e dependendo da renda do esposo, a mulher teme a fome e a necessidade financeira que ela e os filhos podem sofrer. A família das vítimas por muitas vezes não apoia, a decisão de separação ou não tem recursos financeiros para apoia-la. O pai que por vezes também é machista, fala: “saiu uma com uma boca e volta com três”, “saiu de casa agora porque quis agora aguente. ” 
 Outra grande dificuldade enfrentada parte da igreja, local que por vezes é onde a vítima busca apoio. A igreja se torna um dos únicos locais que a mulher pode ir com autorização do marido, que entende que lá ela não oferece perigo de ser traído. A vítima que busca apoio na igreja muitas vezes não o encontra, já que a instituição, é arcaica e privilegia os homens, e a mulher tem que ser a imaculada, pura e exercer o papel de obediência o “até que a morte nos separe”. Segundo Krob, (2015, p.4) “As Igrejas compactuam denunciar os atos com a reprodução e manutenção dos mitos e da violência contra as mulheres no momento em que se tornam cúmplices da cultura do silêncio e da omissão, recusando-se a de violência e seus autores, além das estruturas institucionais e sociais injustas que perpetuam essa prática. ”
	 Com todas as dificuldades citadas, vimos que não é tão fácil a decisão da denúncia, a sociedade descredita na palavra da mulher. Julga a mesma, e esse julgamento parte de outras mulheres que acham que podem opinar na situação, sem conhecer e se sensibilizar com a dor da outra. Falta sororidade umas com as outras, ajudar mais quando vemos que uma mulher tá em perigo, e não falar: “ se fosse comigo isso não acontecia” porque pode acontecer, estamos sujeitas a isso diariamente.
3. REFLETIR COMO AS RELAÇÕES DE PATRIARCADO E DE GÊNERO SÃO DEFINIDORAS DE CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Iremos refletir, como o patriarcado interfere diretamente nos casos de violência doméstica contra a mulher. Esse sistema que é impregnado na sociedade durante séculos em que o homem é o soberano o detentor de todo o poder, e a mulher é vista como o “sexo frágil” devendo exercer apenas tarefas domésticas, e procriar.
Esta divisão entre homens e mulheres fez nascer essa ambiguidade e diferenças entre os sexos de uma forma preconceituosa e violenta, fazendo da mulher dependente e submissa a figura masculina, com divisões sociais e profissionais, havendo uma divisão sexual do trabalho, e de que as mulheres não podem exercer o mesmo papel que o homem.
Segundo Passos (1999, p.112) 
Assim, diferente da identidade feminina - que acontece como algo natural, decorrente da "sua" natureza - a identidade masculina define-se pela negação: não ser mulher, não ser dócil, não ser submisso, não ser impotente. Esses modelos são ensinados em tenra idade e cobrados pelo social, de modo que as pessoas tendem a acatá-los e reproduzi-los não só no aspecto concreto, que se exterioriza através do corpo, dos gestos, do vestuário, das companhias como, principalmente, nos sentimentos e emoções. 
 Bravo (2019, p.20) afirma que “ o patriarcado é um sistema que organiza homens e mulheres de forma hierárquica díspar, naturalizando desigualdades que são construídas ao longo da história em cada sociedade. ” O homem quando criança, aprende a maioria do que pra eles são “valores” com seu pai. Que ensina que o “homemnão pode chorar”, “não pode lavar louça”, entre outras barbaridades. Ele cresce com esse pensamento, por vezes sua mãe, irmãs, avó, fazem tudo que ele quer, e a figura paterna confirma que isso é o certo e que elas são como suas “empregadas”. Assim, ele cresce e por inúmeras vezes transfere a maioria desses “ensinamentos” para sua vida conjugal. E sua companheira acredita que realmente precisa ser submissa a ele, pois a mesma já viveu isso no seu seio familiar.
Antigamente o pai decidia a vida das suas filhas, muitas vezes as mesmas em busca de uma “falsa liberdade” casavam pensando assim que sua vida poderia melhorar. O que não acontecia na prática, o casamento como válvula de escape era apenas uma ilusão, a mulher saía de uma “prisão” para entrar em outra. 
Correntes ideológicas começaram a ser estudadas para entender esse sistema de poder que o homem tem sobre a mulher, essa relação de dominador e explorado. De acordo com Garcia, (2018, online), o mundo é definido em masculino e ao homem é atribuído a representação da humanidade. Isto é ando centrismo: considerar o homem como medida de todas as coisas, trazendo toda diferenciação de homem e mulher, que tudo ligado a figura masculina seria melhor e mais eficiente, a autora também dar como exemplo os casos de doenças apresentadas em homens e mulheres como o infarto, tendo sintomas diferentes em ambos. Para Ostern, o patriarcado também é um: 
Sistema masculino de opressão das mulheres, caracterizado por uma economia domesticamente organizada, na qual as mulheres tornam-se objeto de satisfação sexual dos homens, reprodutoras de herdeiros, de trabalho e de novas reprodutoras - um de seus melhores espaços de manifestação, historicamente falando, uma vez que o sistema é identificado com a dominação e a exploração. (OSTERNE, 2011, p.131)
 Desta forma, podemos dizer que o patriarcado é uma forma de governo na sociedade em que apenas os homens detêm o poder. O homem é a figura maior na sociedade, na família, seguindo na família a representação de maior poder a do pai, exercendo esse poder com todas as mulheres na família, como também nos diversos segmentos da sociedade, sendo passada de geração para geração, aumentando mais ainda o poder da figura masculina sobre a mulher, sendo ela mãe, esposa, ou filha. 
As mulheres não tinham voz alguma na frente de um homem, apenas assumiam o seu papel lhe imposto numa hierarquização e domínio sobre elas, fragilizando-as para que fossem tratadas como seres delicados e ingênuos, não podendo realizar atividades sem o poderio do homem, considerado um ser forte, viril, capaz de suportar situações extremas com coragem e determinação.
A submissão da mulher ao homem é uma relação trazida ao longo dos anos na cultura enraizada pela a força do patriarcado e machismo na sociedade. Levando a essa relação de poder consequentemente ocorre acontecendo muitas violências. Osterne, (2006) recorre ao conceituar a violência de acordo que o termo procede do latim vis que, além de significar violência, também refere-se a força, vigor e potência. A rigor vis refere-se a emprego da força, a vias de fato, do mesmo modo que a força das armas. Neste caso existem vários tipos e modo de se manter a ordem e o poder fazendo o uso da violência. Na questão da violência de gênero, especificamente a violência contra mulher, o homem usa de várias estratégias e formas de violência para manter o controle sobre a mulher para que ela não se rebele, não crie autonomia e conhecimento sobre si mesma. 
 
REFERENCIAS 
BRASIL, Lei 4.121, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre a situação jurídica da mulher casada. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4121.htm. Acesso em: 08 dez. 2020.
BRAVO, Renata. Feminicídio–tipificação, poder e discurso. Rio de Janeiro: Lumen, 2019.
BOND, Letycia. Casos de feminicídio crescem 22% em 12 estados durante pandemia - números da violência contra a mulher caíram em apenas três estados. Agência Brasil, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-06/casos-de-feminicidio-crescem-22-em-12-estados-durante-pandemia Acesso em: 07 dez. 2020
DE SOUZA, Jaime Luiz Cunha; DE BRITO, Daniel Chaves; BARP, Wilson José. Violência doméstica: reflexos das ordenações filipinas na cultura das relações conjugais no Brasil. Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, v. 18, n. 1, 2009. Disponível em: http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/viewFile/161/137. Acesso em: 08 dez. 2020
DOS REIS, Gabriella Duarte; FERNANDES, Fernanda Surubi; MALUF-SOUZA, Olímpia. CAMPANHAS DE COMBATE À VIOLÊNCIA FEMININA: OS EFEITOS DE SENTIDO DO (NÃO) DENUNCIAR. Revista de Estudos Acadêmicos de Letras, v. 9, n. 2, p. 27-42, 2016. Disponível em: https://revista.unemat.br/avepalavra/EDICOES/23/artigos/Reis.pdf. Acesso: 08 dez. 2020.
GARCIA, Carla Cristina. Breve história do feminismo. São Paulo: Claridade, 2018. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=U3laDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT6&dq=garcia+carla+cristina+breve+historia&ots=kRN0VARRCJ&sig=YWpygVIzBvXBPVmUBgHgI9A0g_0#v=onepage&q=garcia%20carla%20cristina%20breve%20historia&f=false. Acesso em: 16 dez. 2020.
KROB, Daniéli Busanello. A igreja e a violência doméstica contra as mulheres. In: Anais do Congresso Internacional da Faculdades EST. 2015. p. 208-216. Disponível em: http://www.anais.est.edu.br/index.php/congresso/article/view/221/197. Acesso: 08 dez. 2020.
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A; Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
LIMA, Lana Lage da Gama; e BARBOSA, Leonardo Mendes. A intervenção policial na violência de gênero no Estado do Rio de Janeiro: da criação das Delegacias Especializadas à Lei Maria da Penha. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1308192870_ARQUIVO_TEXTOANPUHREVISADOLANALAGE.pdf. Acesso em: 10 nov. 2020.
OSTERNE, Maria do Socorro Ferreira. Violência contra a mulher. O Público e o Privado, v. 4, n. 8 jul. 2006. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/2408/2069. Acesso em: 16 dez. 2020.
OSTERNE, Maria do Socorro Ferreira. A violência contra a mulher na dimensão cultural da prevalência do masculino. O público e o privado, v. 9, n. 18 jul. 2011. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/opublicoeoprivado/article/view/2479/2240. Acesso em: 16 dez. 2020.
PASSOS, Elizete Silva. Palcos e platéias: as representações de gênero na Faculdade de Filosofia. Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher-NEIM, FFCH/UFBA, 1999. Disponível em : http://www.neim.ufba.br/wp/wp-content/uploads/2013/11/palcosplateias.pdf. Acesso em: 16 dez. 2020.

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