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A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Fabiane

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51
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
SERVIÇO SOCIAL
FABIANE NEVES CERQUEIRA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER:
Uma Dor que Não se Esquece
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Assistente Social em Serviço Social.
Orientador: 
Cruz das Almas - BA
2018
FABIANE NEVES CERQUEIRA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER:
Uma Dor que Não se Esquece
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Assistente Social em Serviço Social.
Orientador: 
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
2018
Dedico este trabalho em memoria do meu pai Hildebrando Pereira Ferraz meu maior incentivador no amor pelos livros e pelo ser humano.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ser o autor de minha vida, obrigado Deus á ti toda honra e glória, sem ti nada sou.
 Aos meus queridos pais Osmando e Marinalva, que mim deram a visa, e renunciaram os seus sonhos, para realizar os meus, vocês são os maiores mestres de minha vida, apesar das circunstâncias mostrarem ao contrário, manteve a fé, te amo meus pais meus amores minha vida.
 Em especial a Elvis a quem jamais conseguirei, descrever minha eterna gratidão. Por sempre mim apoiar e vibrar pelas minhas conquistas. Obrigado também por mim incentivar a entrar no curso. E a realizar este sonho e de tantos outros, que parecia ser tão distantes. Sem você, essa conquista não teria acontecido. Obrigado meu anjo da guarda! Por tudo quer você fez e faz por mim. Essa vitória e nossa.
 A minha sobrinha Nayra, minha palhacinha fofa, titia te ama. 
 Agradeço a Silvinha minha irmã de alma e coração, pela compreensão, apoio, carinho e companheirismo nos momentos em que a tarefa parecia grande e pesada demais, quase impossível, e por poder compartilhar minhas alegrias, angustias e inquietações e sempre disposta a ameniza-las com seus conselhos e também a Betinho, Rebeca e Rafael amo vocês, minha segunda família.
 As minhas irmãs Marialda e Katiane, apesar das nossas diferenças vocês mim ensinaram a ter persistência e determinação, força e coragem pra vencer obrigada.
 Ao meu padrinho e segundo pai Edvaldo pelas orações, carinhos e conselhos e por sempre mim amparar nos momentos mas tristes e mim dar ânimo para seguir amo o senhor. 
 Agradeço a minha irmã Tais, por ter perdido e perder várias noites e madrugadas mim escutando, me dando força, mim ensinando a ter paciência e calma, por ter transformado angustias em risos, e a acreditar em mim quando nem eu mas pensava, que seria possível. Só tenho que agradecer a Deus por ter você. 
 A tia Conce, minha amada tia meu porto seguro de todas as horas, o que seria de mim sem suas orações, minha segunda mãe, te amo e quero a senhora do meu lado sempre.
 Aos meus amigos e companheiros de luta, que construir durante estes 4 anos Sara minha irmã, Meire, Kelly, Nadja e Leanderson (Pai).
 Obrigado por tudo, pela companhia, conversas, risadas e por ter mim ajudado, por demostrarem força e nos fazer acreditar que nada é tão difícil quanto parece ser quando se tem Deus do nosso lado, eu agradeço a Deus por ter colocado vocês em meu caminho, vocês contribuíram, para o alcance dessa vitória, saiba que eu ganhei uma família, amo vocês. 
 Ao Pastor Josias, por ser um mensageiro de fé, que tanto mim fortaleceu, quando pensei em desistir. 
Logo, não poderia deixar de agradecer a professora Mércia Oliveira, mais quer uma professora, uma mãe e amiga a qual sempre falarei orgulhosa de ter sido sua aluna, obrigada por toda paciência e sabedoria te adoro.
 Agradeço a Lilian por ser especial e muito importante para mim, você e incrível, com este coração gigantesco, obrigada pelos passeios e viagens, eu amo você amiga. 
 A minha tia Kátia obrigada pelos seus risos, suas palavras amigas, conselhos e por suas orações, sinto muita honra e orgulho por ser sua sobrinha amo a senhora.
 E também as minhas amigas de uma vida, só devo gratidão a vocês por estar do meu lado quando mas precisei, sei que posso confiar em vocês e vocês são um exemplo que existe sem amizades verdadeiras Sileia, Vanine, Meire, Lili, Bianca, Carina e Tinoca, amo vocês meninas. 
 A PROPAA e (UFRB). Pela oportunidade de estágio, e também a professora Maria Gorettí da Fonseca e a Assistente Social Denise de Lima Silva, pela disponibilidade e paciência com quem me ensinou a dar nos primeiros passos da vida acadêmica, e também a Luciana Carneiro PROGRAD (UFRB) pelo seu carinho e atenção e preocupação comigo. 
CERQUIRA, Fabiane Neves. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: uma dor que não se esquece. Ano 2018. Número total de folhas 60. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Serviço Social – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte Paraná. 2018.
RESUMO
O presente estudo monográfico se preocupou em desenvolver pesquisa cientifica no levantamento de dados bibliográficos em relação ao combate a violência doméstica contra a mulher. O que leva um homem a cometer tanta violência contra a pessoa que um dia escolheu para ser sua companheira? É doença? Maldade? O que faz as mulheres deixarem de perceber sinais tão claros? Por que elas voltam para eles? Esse tipo de indagação deve ser uma busca nesse trabalho e no cotidiano da sociedade, visando formas de defender a mulher contra esse tipo de agressão. A partir de 1914 surge à necessidade da força de trabalho feminino, assim tornasse reconhecidos alguns direitos e papeis que antes seriam somente masculinos. Nessa nova ordem familiar, o homem passa a ter a responsabilidade dentro de casa e invertendo-se os papeis, a mulher passa a ser responsável ou coautora do sustento da família. Com isso suje uma guerra como forma de compensar as falhas em relação ao outro, nessa batalha quando uma não esta contente o outro acaba por usar as armas que possui a mulher muitas vezes as lágrimas o homem a força física.
Palavras-chave: Violência; Mulher; Maria da Penha, Lei.
CERQUIRA, Fabiane Neves. VIOLENCE AGAINST WOMEN: a pain that does not forget. Year 2018. Total number of sheets 60. Graduation in Social Work - Connected Classroom Teaching System, Universidade Norte Paraná. 2018.
ABSTRACT
This monographic study focused on building scientific research in bibliographic data collection in relation to combating domestic violence against women. What drives a man to commit such violence against the person that one day chose to be his mate? 's Disease? Evil? What do women fail to notice signs so clear? Why do they come back to them? This type of inquiry should be a search in this work and in everyday society, seeking ways to defend women against such aggression. From 1914 comes the need for female labor force thus became recognized certain rights and roles that would previously only male. In this new order, family man shall have responsibility indoors and reversing the roles, women are going to be responsible or co-author of the family income. With this dirty war as a way to compensate for the shortcomings in relation to each other in this battle when a not happy the other end to use the weapons that the woman has often tears the man physical strength.
Key-words: Word 1. Word 2. Word 3. Word 4. Word 5.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
	CRAS
CREAS
IPEA
LOAS
OMS
UNOPAR
	Centro de Referência de Assistência Social
Centro de Referência Especializado de Assistência Social
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Lei Orgânica da Assistência Social 
Organização Mundial de Saúde
Universidade Norte do Paraná
	
	
	
	
	
	
	
	
 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	10
2 HISTORICO DA MULHER......................................................................................13
3 SIGNIFICADO E HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.................203.1 CONCEITOS DE VIOLENCIA	27
3.2 TRAJETÓRIAS DA LEI MARIA DA PENHA	30
3.3 APLICAÇÕES DA LEI	33
4 A CONSTITUIÇÃO DA FAMILIA	40
5 A VIOLENCIA DOMESTICA E O PAPEL DO ASSITENTE SOCIAL	41
 5.1 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DO CREAS E CRAS..........................44
5.2 ATÉ ONDE VERIFICAMOS VANTAGENS NA APLICAÇÃO DA LEI	48
6 CONCLUSÃO	50
7 REFERÊNCIAS	52
1 INTRODUÇÃO
A Violência Doméstica é um problema real, que vem se tornando cada dia que passa mais violenta e constante, na sociedade brasileira. São muitos casos que podemos conhecer através dos meios de comunicação, por exemplo, e em nossa própria comunidade. Ela está em muitas residências, e muitas mulheres vem lutando contra essa crítica realidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em pesquisa divulgada “em 2005, 29% das mulheres já sofreram violência pelo menos uma vez na vida. Dessas, 16% afirmam que tiveram agressões severas, como chutes, ameaças e ferimentos com armas”. (SCHWAB, 2011, p.1).
O presente trabalho será baseado em pesquisa qualitativa e via leitura de artigos de Jornais, livros sobre o assunto, sites de internet e o uso da Constituição, com o objetivo de analisar o constante aumento nos casos de violência em nosso país e os avanços nas leis para tanto a punição do agressor como o amparo do agredido.
Antes a família tinha um chefe que era responsável pela despesa da casa, mais conhecido como o patriarca da família, aquele que decidia tudo. O homem era visto pela sociedade como principal membro, a mulher era apenas vista como aquela que era responsável pelos cuidados do lar, do aprendizado dos filhos. Ela não tinha voz ativa, tinha que repudiar seus sentimentos, se submetia ao seu esposo seguindo os ensinamentos de seus pais e da igreja, sua cultura fazia parte daquela época. 
Ela tinha que permanecer casada mesmo se o casamento não estivesse bem, era obrigada a permanecer na relação por conta da sociedade, já que naquele tempo a mulher separada era má vista pela sociedade, existia o fator socioeconômico, não tinha uma profissão, e por conta de criar filhos sem pais por perto poderia ser uma catástrofe familiar. 
Se é difícil para o homem abandonar o papel de senhor absoluto do modelo tradicional de família, para a mulher foi penoso renunciar o papel de rainha do lar, frágil e submissa, ao qual estava secularmente acostumada, e do qual comumente angariava algumas vantagens secundárias, numa espécie de poder paralelo no mundo privado.
Sendo assim, a mulher era obrigada a exercer seu papel social, de esposa, mãe e passar aquela imagem acolhedora, mesmo estando dentro de uma relação de submissão e violência. Já que na época o que deveria prevalecer seria à dignidade, seguindo os preceitos morais, éticos e culturais que a família seguia de geração em geração.
Assim ressaltaremos as mudanças que a luta das mulheres trouxe para a sociedade nos últimos anos, e tentaremos compreender o significado da violência dentro desse novo contexto. E em seguida, analisaremos os avanços dentro da defesa desse crime que tem tomado cada vez maiores proporções em nossa sociedade. 
Se olharmos para o passado podemos observar que a família era a base principal da educação, apesar de todo o patriarcalismos da época, hoje se encontra desestruturada e com dificuldades para manter o seu papel nessa nova realidade social. É nesse convívio direto que a criança adquire a primeira referencia como individuo na sociedade, é a partir dela que se desenvolve a primeira visão do mundo. 
Com as mudanças nessa estrutura familiar podemos ressaltar as mudanças que as mulheres adquiriram, olhando nas nossas ruas e praça pode observar a crescente e colorida presença das mulheres, marcando fortemente as diferenças entre o passado e o presente. Não existem mais limites, mesmo que não estejam no comando, notamos sua presença nos, postos de gasolina, construção civil, empresas, delegacias e muitas outras áreas antes totalmente masculinas.
Apesar desses avanços a violência domestica não escolhe suas vitimas, faz parte tanto das famílias pobres como das mais abastadas. É um fenômeno cruel que se manifesta de varias formas, e tem uma natureza gravíssima que afeta tanto o físico quanto psiquicamente a vitima e seus dependentes, além, de trazer marcas tão profundas que compromete o exercício da cidadania e dos direitos essenciais da pessoa humana. 
A falta de emprego e de escolaridade pode contribuir para a prática da violência, mas não se torna indicador de motivo dela, pois grandes profissionais e homens financeiramente estruturados vem propagando maus tratos ao sexo feminino. Não adianta educação e emprego sem caráter e princípios. 
Os agressores usam de instrumentos para a intimidação ou violência contra a mulher seja a força física, as armas brancas e outros instrumentos. Frequentemente, quando homem percebe que a mulher está pensando em abandoná-lo, ele se torna dócil, amável, diz que vai melhorar e pede perdão. Com isso a mulher se enche de esperanças e volta a fantasiar que tudo vai ser diferente de antes. Mas as crises sempre voltam onde as agressões se tornam consecutivas e cada vez mais intensas e frequentes. 
Violência conjugal deve ser entendida como todo tipo de agressão praticada contra cônjuge, companheira(o) ou namorada(o). Não se deve restringir a violência conjugal àquela praticada pelo marido contra a esposa, pois sabidamente essas agressões alcançam também os casais de namorados, além de recentes pesquisas demonstrarem a existência de violência conjugal entre lésbicas, o que desnatura essa violência como sendo cometida exclusivamente pelos homens contra as mulheres (ALMEIDA, 2010, p. 73).
Geralmente o agressor costuma fazer uma pressão psicológica tão grande que ele acaba conseguindo convencer a mulher que ele tinha razão e que ela é a verdadeira culpada pelas agressões, tendo deixado ele nervoso porque não fez isso ou aquilo como ele gosta, e a mulher se sentindo culpada procura sempre agradar o homem e não tem coragem de abandoná-lo.
2 
HISTORICO DA MULHER
Por muito tempo as mulheres se mantiveram presas em seus espartilhos, trancadas em suas próprias casas, submissas sendo tratadas como seres inferiores. Não tinham direito ou voz. “A mulher não é igual ao homem, ela não recebe a mesma educação que ele, ela não tem direito ao papel e nem ao nome de cidadão, a não ser por metáfora” (Rosseau) essa visão era algo comum dentro da sociedade.
A história revela-nos que as que submetiam ao autoritarismo dos homens eram consideradas pela sociedade senhoras respeitadas, porém as que se rebelavam eram tidas como cortesãs.
A colonização no Brasil foi realizada basicamente pelos homens, assim o numero de mulheres era bem menor já que os comerciantes da época davam preferencia pelos escravos homens pela força que o mesmo poderia usar no trabalho. E a historia relata que as poucas escravas que eram adquiridas muitas vezes eram abusadas pelos seus senhores, dessas relações extraconjugais vieram muitos filhos ilegítimos e sem direitos.
No século XV, as crianças do sexo masculino eram inseridas gradativamente, no contexto da educação escolar, e a família ficava responsáveis pelos demais ensinamentos e propagação da cultura geracional, havia a participação das crianças na vida familiar.
No século XIV, a família medieval sofreu mudanças, principalmente no papel da mulher, que é marcado pela formalização da incapacidade jurídica da mulher casada e a presença do poder supremo do marido no núcleo familiar. A mulher é negada qualquer direito na ausência do marido, onde marca com esta legislação o poder dos homens, imperando a desigualdade entre os gêneros.
A discriminação vivenciada pelas mulheres tem seu marco referencial no século XV, quando os meninos recebem seus conhecimentos através de inserção na escola, tendo a escolaridade formal presente na construção e formação pessoal, enquanto as meninas só serão inseridas nesse universo no final do século XVIII e no inicio do século XIX.
Com isso há o fortalecimento do poder do marido, característica da idademedia, e o enfraquecimento dos laços de linhagem ocorrendo à valorização dos laços de familiares. A visão histórica da família no Brasil se caracteriza com denominações que passam pela colonização, que Bueno define: “Ato ou afeito de colonizar; povoação” (2000.177), marcadas pelos séculos XVI e XVII. Aonde o modelo de família patriarcal é definido pela mulher de etnia branca, sendo esta a senhora da casa grande, submissa às ordens do esposo, seu senhor e chefe da casa. A família burguesa e trabalhadora é tida como um modelo nuclear, moralista, gênero feminino expressivo, suporte da família e da educação dos filhos. 
A natureza das relações dentro de uma família transcorre por modificações ao longo da evolução histórica. Os aspectos problemáticos dessa evolução encontram-se vinculados a questionamentos abrangentes, como a posição das crianças como propriedades parentais, a posição econômica, o papel da mulher no contexto familiar, a definição dos papéis femininos e masculinos, o contexto histórico, as relações intrafamiliares, entre outros.
Nesse modelo de família, patriarcal, a obediência ao pai era absoluta, indiscutível e temida por todos. Todas as decisões eram tomas por ele, era um mundo machista, onde as filhas solteiras dependiam do pai, e depois permaneciam subordinadas aos maridos. O patriarcado é um modo de estruturação e organização da vida coletiva baseado no poder de um “pai”, isto é, prevalecem às relações masculinas sobre as femininas e o poder dos homens mais fortes sobre outros. Quando o agressor supõe estar em uma hierarquia superior é seu dever controlar a vida do outro, muitas vezes ele nem percebe que esta fazendo mal, atribuindo suas ações á sua responsabilidade de cuidar e proteger a família.
Nessa sociedade, a mulher foi vista como um acessório, um titulo de propriedade. Já que sua função deveria ser de viver para sua casa, seus filhos e seu marido. Assim a sexualidade era usada somente com a finalidade de reprodução, nunca para o exercício do prazer. Já na era primitiva o homem descobriu que o seu sêmen poderia gerar a vida, sendo a mulher simplesmente um “depositário” para receber e desenvolver o nascimento da criança e assim aumentar sua família, e com isso possuir mais mão de obra gratuita.
 A igreja pregava que no casamento o uso do sexo sem a conotação da reprodução, era algo surjo e improprio. Tornando a mulher que o fizesse mesmo com seu marido e por amor, um pecado mortal.
Por serem apenas responsáveis pela administração dos afazeres domésticos e da vida sexual do sexo masculino, sendo a reprodutora que possibilitava a linhagem familiar e herdeiros ‘homens’ para assumir os negócios da família na ausência da figura paterna, como também responsável pela higiene e alimentação de toda sua família através da administração do lar. Quem nos confirma essa condição é Caleiro (2002, p.51):
“O caráter conservador desta doutrina considerava a mulher responsável pela manutenção moral da família e da educação de sua prole. [...] Além de procriar e criar, cuidar do marido e da manutenção da ordem da casa, a mulher deveria servir de musa para inspirar o marido e os filhos para serem homens honrados e praticar o culto privado”.
Portanto a violência doméstica se entrelaça no sentimento dominador e possessivo da cultura antiga, onde apenas os homens eram os cérebros da terra enquanto as mulheres destacavam-se como ferramentas de trabalho deles. A submissão tornava a mulher passiva a todas as determinações masculinas existentes.
Ele não se importava com os sentimentos dos outros, acreditando que não precisava se conter, mas sim conter a pessoa agredida. O agressor de antes como o de hoje humilha, manda, dá ordens, critica, desqualifica e procura aliados para reforçar sua conduta, acredita que nada de fora deve intervir nos conflitos.
Em muitos casos a vitima acredita que o abusador é o dono do saber e desenvolve com isso um complexo de inferioridade, baixa autoestima, desconhece seus direitos, culpa-se por não conseguir conter o abusador, sente vergonha, acaba acreditando que é culpada e não conseguindo ser a protagonista da sua própria história. Por fim vitima e abusador supõe que o ultimo é o único responsável pela relação, considerando o abuso legitimo, justificado em nome do amor e da proteção deixando a agressão dentro de um pacto de silencio. 
No Brasil, ate 1830 não existia nenhuma Lei de proteção à mulher, contra a violência. Nessa época, era permitido aos homens matar a própria mulher em legitima defesa da honra, bem como usar de violência física pelo uso de chibatas, quando estes eram contestados de alguma forma. A partir dos anos 70, em decorrência das pressões aumentadas pelos movimentos feministas no mundo e também no Brasil, as politicas públicas e serviços de atendimentos as mulheres em situação de violência começaram a ser implantada.
A modificação na organização familiar implica uma mudança do papel da mulher, já que os únicos atributos legados a elas a década de 1940 era a de esposa, mãe, operaria e prostituta. Atualmente, as funções desempenhadas pelas mulheres no interior da família são, além da maternidade, a produção de bens e serviços, ela transita por todos os meios sem perder sua identidade.
Tanto a família quanto as propriedades eram núcleos permanentes que deveriam promover o progresso, onde todos eram dependentes uns dos outros, não havendo lugar para o individualismo.
Ao ser analisado o papel feminino na família, é claramente observado que o desígnio básico para a formação e reprodução da família, como organização social, é determinada em grande parte pela submissão da mulher no seu universo familiar. Nesta concepção, a família concorre para a negação da cidadania e do pleno desenvolvimento das potencialidades das mulheres.
Atualmente a mulher passou a ser chefe de família, prefeita, governadora, médica, professora e tantos outros papeis foram disponibilizados e conquistados por elas. Tornando muito mais amplos seus horizontes tornando assim, cada vez mais visível sua capacidade de ser independente e ter sua autonomia onde estiver.
Claro que as lutas foram e são muitas, mudanças principalmente na nossa própria Constituição Federal. Um desses marcos ocorreu com a criação do Dia Internacional da Mulher em oito de março, uma homenagem às operaria norte americanas assassinadas por seus patrões e pela policia em 1909, quando essas lutavam por melhores salários e redução na jornada de trabalho. Outro acontecimento histórico foi o Bra-Burning ou ‘’queima dos sutiãs’’, que ocorreu em sete de setembro de 1968 em Atlantic City, EUA, em um concurso de Miss América.
Ali se reuniram aproximadamente 400 mulheres, com o intuito de acabar com a exploração da imagem feminina e com o estereótipo de beleza que a sociedade imponha. A queima alguma ocorreu, mas sim uma manifestação onde muitas levaram sutiãs, batons, revistas femininas, sapatos de salto, cílios postiços e outros acessórios femininos e colocaram no meio da rua, repudiando qualquer protótipo.
Hoje o modelo de família é muito diferente das que víamos antigamente isso acontece principalmente por causa da precariedade do trabalho e as crises económica são constantes nos nossos dias, obrigando as famílias a um corre-corre aproveitando todo e qualquer trabalho. Assim quase não há tempo e espaço para o lazer e os momentos em família. Hoje ela é dinâmica e independente, sem perder seu papel de mãe e esposa, o que assusta e muito os homens.
Se antes as mulheres estavam disponíveis para o trabalho doméstico e para cuidar das crianças e dos velhos, sem receberem salário, hoje elas se desenvencilharam de possuir somente esse papel doméstico e de se afirmaram como alguém válido para qualquer função dentro do mercado de trabalho. Com isso a mulher vive em conflito constante, entre trabalho e família, pois a uma cobrança de seu companheiro, de seus filhos, estagnada de rompimentos em virtude da nova visão de mundo. Com isso muitas vezes o homem perdem seu emprego e é obrigado a ser sustentado pela mulher, tornando paraele uma imensa vergonha. 
É comum para muitas mulheres terem conflitos constantes entre a realização pessoal e o cuidar da família, deixar os filhos pequenos ou em fase de amamentação aos cuidados de outros a fazem vivenciar a culpa e cobrança de 'abandono'. Da mesma forma, para os homens, é motivo de vergonha ficar em casa desempregados e doentes. Muitas vezes o retorno ao mercado torna-se impossível por variados fatores e em casa enfrentam críticas, cobranças, separações, tornando em muitos casos frequente casos de humilhação e violência dentro do ambiente familiar. 
A mulher era apenas responsável pela administração dos afazeres domésticos e pela vida sexual do sexo masculino, reprodutoras que possibilitavam a linhagem familiar e herdeiros ‘homens’ para assumir os negócios da família na ausência da figura paterna, como também responsável pela higiene e alimentação de toda sua família através da administração do lar. 
No passado atribuía-se ao homem a tarefa de prover o lar e à mulher os cuidados com a casa e com as crianças. Os dados recolhidos mostram que esse quadro está se modificando com maior participação das mulheres no mercado de trabalho e dos homens no trabalho familiar. As posições de gênero e as relações de poder ainda persistem mais são atenuadas diante das necessidades de sobrevivência, da impossibilidade do exercício dos papéis estereotipados de gênero e da circulação de ideias de modelos e de identidade de condutas sociais mais flexíveis (VAISTMAN, 1997).
 A transformação dessa nova sociedade, fez com a mulher crescesse naturalmente, havendo uma necessidade de equilíbrio. A mudança que ocorrem nas famílias influencia e é influenciada pelo novo modelo de vida apresentado a sociedade. A mulher torna-se mais competente no trabalho, autônoma e competitiva a cada dia.
 Assim a família contemporânea passa por dificuldades de relacionamento dentro de seu lar, os pais passam mais tempo fora de casa, à mãe com seu emprego muitas vezes não possuem tempo suficiente de observar o andamento da criança em seu período escolar, não dão a atenção merecida ao filho. As crianças de hoje estão se tornando adultos precoces, talvez não por querer, mas sim porque a vida real deste mundo globalizado os transformou. Algumas crianças devido à falta da família passam a ter transtornos, mudanças de comportamento. 
 Tornou-se comum observar a perda de respeito por parte de alguns filhos em relação aos seus pais, desobedecem às normas impostas em casa, tudo que foi ensinado ao longo dos anos, em tão pouco tempo é esquecido. Muitas crianças passam a maior parte do tempo em brinquedos eletrônicos, vídeo games e computadores por conta do distanciamento dos pais ou devido aos fatores relacionados à violência domestica.
 Muitas famílias estão esquecendo-se de seus valores, suas culturas, ensinamentos que foram passados de geração em geração. Deixando de lado os costumes, por outro lado existe ainda aquela família que mesmo sendo moderna, que se afastam por conta do trabalho não abandonam seus princípios e fazem de tudo para que sejam felizes mesmo com a influência do capitalismo.
 É preciso ter atenção, nos acontecimentos, nos afetos, os casais separam cada vez mais existindo assim mais divórcios do que casamentos. Faz parte da globalização, pois com aparecimento de novos olhares, novos horizontes, despertou no ser humano a vontade de mudança de buscar horizontes diferentes, antes quando um casamento não estava bem havia uma necessidade de permanecer na relação por inúmeros fatores, hoje em pleno século 21, os casais já não ficam mais como antes, as mulheres já não se preocupa com o que a sociedade vai pensar ou com os valores econômicos. 
Nesse contexto aparecem muitas vezes questões de violência contra a mulher exatamente por conta dessa liberdade conquistada.
 A mulher tornou-se necessária para a sociedade seja no âmbito familiar ou social, a mulher apesar de sua ausência, quanto em casa como na falta de seus afazeres domésticos não esquece e tenta conciliar trabalho x família, e assim o amor maternal sem abandonar sua necessidade de buscar.
 Porém, o sexo masculino a se ver superado pelas mulheres sente-se inferiorizado perante aos outros homens. No caso de casais, por exemplo, "O homem é pouco compreensivo com a mulher que tem uma carreira. É complicado, por exemplo, que ela atenda uma ligação telefônica em casa, no meio da noite, para tratar de trabalho. Não é qualquer um que entende” (CAMACHO, 2003, p.1).
 Podemos indicar como uma das questões de abusos, a violência no lar, os cônjuges descontam nas mulheres suas frustrações, suas deficiências ou impotência social. Eles acabam por levar que vivem na rua para dentro de casa, mas nada justifica a violência. “O Brasil é o país que mais sofre com a violência doméstica, [...] frisando que em 85,5% dos casos de violência física contra mulheres, os próprios parceiros são os agressores” (BERNARDES, 2005, p.04).
3 SIGNIFICADO E HISTÓRICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
É importante definir que o termo violência deriva do latim violentia que significava a “força que se usa contra o direito e a lei”. Violento (violentus), neste sentido, portanto, é quem age com força impetuosa, excessiva, exagerada. No entanto, não existe uma consonância sobre o tema, pois se trata de um conceito amplo demais. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002 no “Relatório Mundial sobre a Violência e Saúde” definiu a violência como: 
 Uso da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, online).
Para a OMS, a violência é a imposição de um grau significativo do sofrimento evitáveis.
No Código Penal Brasileiro (art. 322), estabelece que a violência se da quando existe o:
[...] constrangimento físico ou ficto, exercido sobre a vontade de alguém, para obrigá-lo a submeter-se a vontade de outrem ou a consentir. Qualquer força material ou moral, empregada contra a vontade ou liberdade, ou liberdade, ou resistência de pessoa ou coisa. O mesmo que coação. A violência diz-se: a) física material ou real (“vis corporalis”) quando a emprego de força material ou de outros meios que impossibilitem a resistência do paciente; b) Moral ou ficto (“vis compulsiva”), quando o agente usa, contra o paciente, de meios de intimidação por ameaça grave dum mal iminente ou, quando ele é juridicamente incapaz de livre consentimento. C) iminente quando se manifesta com perigo atual e instante, traduzido ameaça de consumação imediata; d) arbitrária a que é prática na função pública ou a pretexto de exercê-la (Código Penal art.322) (NUNES, apud. ARAÚJO; MATTIOLI. P.113). 
Já o Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa define a violência como qualidade de violento, ato violento ou de violentar, e trazem no verbete violento, significados como impetuosidade, irritação, intensidade usa de força bruta, algo que contraria o direito e a justiça. 
As definições etimológicas da palavra violência agregam significados relacionados à força ou atos, aproximando-a da transgressão de algo que perturba a ordem, que excede , ultrapassa e que pode revelar um descontrole. Também oferece margem para pensarmos que a violência é própria ao homem, quando e definida como essência da natureza (o que não deixa de ser polêmico).
A violência não é algo novo, é algo que sempre existiu revestida ou não de crueldade. Não é um fato preso às classes minoritárias, atualmente pode ser observada no cotidiano de muitas famílias, Carvalho (2000) cita que “A violência contra a mulher não escolhe cor, raça, nível social, econômico ou cultural e não tem hora, dia ou local para acontecer”. Portanto, seja rica ou pobrea mulher está sujeita a sofrer agressões por motivos inaceitáveis. 
“A dominação dos homens sobre as mulheres e o direito masculino do acesso sexual regular a elas estão em questão de formulação do pacto original. O contrato social é uma historia de liberdade; o contrato sexual é uma historia de sujeição. O contrato original cria ambas, a liberdade e a dominação. A liberdade do homem e sujeição da mulher deriva do contrato original e o sentido da liberdade civil não pode ser compreendido sem a metade perdida da história que revela como o direito patriarcal dos homens sobre as mulheres é criado pelo contrato. A liberdade civil não é universal – é um atributo masculino e depende do direito patriarcal.” (PATEMAN apud SAFFIOTTI, 2004,p.54).
Esse acontecimento é crescente no mundo todo e seus efeitos atingem de forma acentuada as camadas mais vulneráveis da sociedade como as crianças, idosos, mulheres e as pessoas pobres. Podemos dizer que a violência atinge direta ou indiretamente toda a população podendo ser definida de diversas formas relacionando-se de acordo com o setor do episódio, a pessoa ou grupo agredido, a arma utilizada, quem a perpetra, a estrutura social e política que envolve a situação, todas essas variáveis fazem com que existam várias formas de violência.
A violência é hoje umas das grandes preocupações em nível mundial, afetando a sociedade como um todo, grupos ou famílias e ainda o individuo de forma isolada. Fazendo parte da chamada questão social, ela revela formas de dominação opressão desencadeadora de conflitos. Como um fenômeno complexo, [footnoteRef:1]polissêmico e controverso, onde a violência é cometida por indivíduos contra outros indivíduos, manifestando-se de várias maneiras, assumindo formas próprias de relações pessoais, sociais, políticas ou culturais. [1: ] 
A agressividade sempre esta relacionada com as atividades de pensamento, imaginação ou de ação verbal e não verbal. Deste modo, alguém muito “bonzinho” pode ter fantasias altamente destrutivas, ou sua agressividade pode manifestar-se pela ironia, pela omissão de ajuda, ou seja, a agressividade não se caracteriza exclusivamente, pela humilhação, constrangimento ou destruição do outro, isto é, pela ação verbal ou física sobre o mundo.
A educação e os mecanismos sociais da lei e da tradição buscam a subordinação e o controle dessa agressividade. Assim, desde criança o ser humano aprende reprimir e a não expressá-la de modo descontrolado ao mesmo tempo em que o mundo da cultura cria condições para que o sujeito possa canalizar levar esses impulsos para produções consideradas positivas.
Segundo Medrado e Lyra (2003,p.22) “os homens são educados, dede cedo, para responder a expectativas sociais, de modo proativo, em que o risco e a agressividade não são algo que deve ser evitado, mas experimentado, mas experimentado cotidianamente.”
Assim, desde as simples brincadeira da infância ate quando adulto no campo do trabalho o homem é estimulado a se impor constantemente como dominadores, e sendo cobrados a corresponderem a esse papel pré-fabricado pela sociedade.
A violência doméstica é o comportamento agressivo e sem respeito e afeto do homem contra sua companheira;
Agressão física, abuso sexual, violação e ameaças. Além disso pode incluir criticismo destrutivo, tácticas de pressão, falta de respeito, quebra de confiança, isolamento e perseguição. Alguns abusadores oferecem “recompensas” com certas condições para tentarem convencer o parceiro de que o abuso não voltará a acontecer. Por mais persuasivos que pareçam, a violência normalmente piora com o passar do tempo. A violência doméstica raramente acontece uma só vez. Com o passar do tempo, o abuso físico e sexual tem tendência a aumentar em frequência e severidade. O comportamento abusivo e controlador tanto emocional como físico pode ser contínuo. (CARDÃO, 2011, p.1).
O senso comum define o homem agressor como pobre, sujo, de baixa escolaridade, alcoólatra, desempregado, negro, drogado, etc., mas, esse perfil não passa de estereótipos, pois um agressor não tem características visíveis, sendo que, ele pode ter um bom emprego, ganhar muito bem, pode ser até mesmo um empresário bem sucedido, pode ser limpo, branco, bonito, etc.
No Brasil, a violência estrutural, responsável pela desigualdade social, contribui com o desenvolvimento da violência interpessoal, no diferentes segmentos sociais, em especial na dinâmica e no modelo familiar. Estudos apontam que a violência doméstica faz parte de um contexto socioeconômico e cultural, que pode influenciar o comportamento agressivo dos familiares, os quais tendem a repetir as condições de exploração e abandono de que são vitimas, contribuindo assim para a perpetuação da violência tornando-a um ciclo vicioso. 
A violência vem através da força física, psíquica ou econômica, as únicas vontades desconsideradas são a da mulher, fazendo com que ela perca sua identidade e ate impossibilitando que ela faça participações sociais afastando a de tudo que ama e lhe da prazer.
Algumas mulheres sofrem agressões como um fator cruel, repetitivo e por muitas vezes naturalizado. Nesse contexto os motivos das agressões mais apontadas são: brigas causadas por ciúmes, acusações de infidelidade, o homem que não suporta ser contrariado e que compactua com um comportamento violento (Soares, 2005). Muitas vezes os assassinatos acontecem quando o agressor perde o seu poder sobre a mulher, sobretudo no sentido de controlar seu corpo, pensamentos e desejos, e ate mesmo seus sentimentos. Muitas mulheres foram mortas por quererem se separar de seu companheiro ou marido (Teles e Melo, 2003).
Para Maria Berenice Dias (2007) a violência está ligada ao uso de força física, psicológica ou intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que não quer. Esse procedimento estabelece uma forma de violação dos direitos essenciais do ser humano.
Saffioti (2004, pag.17) define violência como ruptura de qualquer forma de integridade da vítima: integridade física, integridade psíquica, integridade sexual, integridade moral. Observando que apenas a psíquica e a moral situam–se fora do palpável.
Em geral, um agressor mostra toda a sua violência e tenta controlar essa mulher, simplesmente, para tê-la como um objeto de uso e de superioridade. “Ele domina aquela mulher, seja para que ela o sustente e assuma suas responsabilidades perante a vida, ou para que ela seja um objeto de exibicionismo no sentido de eu tenho essa mulher”.
Na maior parte dos casos analisados, os principais agressores são os maridos e companheiros ou ex-maridos e ex-companheiros, cujos percentuais, foram, respectivamente, de 65% e 19% do total de atendimentos. Isso confirma que a violência contra a mulher está muito associada à categoria de violência doméstica e conjugal, levando ao entendimento de um problema de caráter privado, que invisibiliza o fenômeno como problema social e de saúde pública (RANGEL & OLIVEIRA, 2010, p. 4).
Odália (1985 p.23) considera que o ato violento insinua-se como um ato natural, passando desapercebidamente. É preciso um empenho para perceber um ato como violência. 
Os conceitos de homem e mulher não podem ser tomados tendo apenas por base as diferenças biológicas. Deve-se compreender a construção das identidades de gênero levando-se em conta fatores econômicos, sociais, políticos, étnicos e históricos, sendo que um dos grandes problemas é tratar essa questão de forma a - histórica e atemporal, acentuando-se assim as desigualdades existentes entre homens e mulheres. 
Os valores e ideias existentes na sociedade estabelecem uma hierarquia de poder entre os sexos e faz com que a relação dominação-submissão entre homem e mulher esteja presente em todos os lugares: na família, nas empresas, nas igrejas, nos sindicatos, nos partidos políticos, etc. (ROCHA, 2006, p.21).
Entendesse que o fenômeno da violência se manifesta sobre diferentes aspectos e diferentes formas: física, psicológica, política, cultural, verbal, infantil, familiar, de gênero entre outras. Com tudo pode tornasseapresentar possíveis mecanismos que façam a legitimação dos fatos, tornando a pratica violenta como parte das relações sociais dificultando a compreensão e percepção imediata.
A violência contra a mulher não se caracteriza somente por aquilo que é visível e que é tipificado no código penal. É muito mais do que isso. O hematoma, o arranhão e a ameaça que leva a mulher a pedir a ajuda são muitas vezes apenas a ponta de um iceberg. (SOARES, 2005;19)
A violência contra a mulher faz sim parte do cotidiano das cidades sejam do tamanho que forem, é um fenômeno silenciado ao longo da historia, tratado de maneira banal, sem qualquer importância. Na violência conjugal pode ser visto brigas, xingamentos, humilhações e vergonha numa condição totalmente desigual.
Com isso podemos afirmar que mais que o corpo, a violência atinge a alma, destrói sonhos, projetos, acabando ate mesmo com a dignidade. O medo, a vergonha, as ameaças ou o puro conformismo numa questão cultural acabam por levantar barreiras que impedem muitas vezes a vitima de denunciar. Com tudo essa atitude eleva os índices das estatísticas mostrando que as agredidas só revelam as agressões quando essas chegam ao extremo ultrapassando assim a barreira do medo e da vergonha.
Com a violência vêm os traumas físicos e psicológicos, que serem levados durante a trajetória de toda uma vida, sendo, frequentemente, justificada pelos agressores como formas de corrigir transgressões de comportamentos.
Como nos afirma Menezes (2008, p. 1);
“É sabido que a violência contra a mulher está associada diretamente ao sentido de reconhecimento de sua condição social, ampliação do nível cultural e a negação da submissão. A covardia das ações agressivas do homem perante a mulher é mais um registro de vicissitude de atitudes deploráveis da condição humana”.
Segundo Soares (2005), drama, violência, paixão, ódio, opressão, agressão dentre outros, são inúmeras situações conflitantes que algumas mulheres vítimas de violência enfrentam no seu cotidiano. Se a violência física se nota de imediato a psicológica não pode ser vista com um simples olhar.
Saffioti, 2001 relata que.
A maioria esmagadora das vítimas situa-se na matriz dominante de gênero, ou seja, a da obediência ao macho. Ou seja, pelo menos perante seu homem, encarnam a lógica patriarcal de gênero, não tendo parâmetros para discernir sobre seus atributos e os de seu companheiro. Tendem, via de regra, a diminuir suas próprias qualidades, exaltando as do companheiro. É freqüente que digam que seus maridos as espancam quando bêbados, mas que são excelentes pessoas em estado sóbrio. (SAFFIOTI, 2001, p. 19).
 Um dos maiores problemas enfrentados pelas mulheres vítimas desse tipo de violência é justamente o julgamento que a sociedade faz.
Dores, desconforto severo, dificuldade de concentração, tonturas, tentativas de suicídio ocorrem por muitas vezes esses sintomas em mulheres vitimas de violência.
O álcool é dos maiores promotores da violência doméstica. As drogas, ciúmes e outros fatores como preconceito, descriminação, falta de amor e respeito, a falta de religiosidade também entram nesse histórico. “Não é raro encontrar nos processos judiciais, a referencia a nacionalidade acompanhada de signos discriminatórios”, relata Boris (2001, p.76) ao confirmar que até a nacionalidade conta na averiguação do motivo indutor da violência. 
Em casos onde há o uso de bebidas alcoólicas, a pessoa bebe e acaba por se tornar extremamente agressivo, em muitas vezes o agressor relata não se recorda com detalhes dos seus momentos de ira e furor. Porém para a mulher agredida isso soa como uma desculpa para não assumir a realidade dos fatos.
De acordo com Pesquisa de Opinião Pública Nacional realizada pelo DataSenado (2009, p.2);
Conhecer a Lei e os benefícios de proteção não é razão suficiente para que as vítimas procurem ajuda do Estado. Somente 4% das mulheres entrevistadas acreditam que as vítimas costumam denunciar o fato às autoridades. Outras 45% disseram que denunciam “às vezes”, e 51% não denunciam. Das 827 entrevistadas, 160 disseram ter sofrido agressão. Dentre essas, 81,3% conhecem ou ouviram falar da Lei. A pesquisa do DataSenado revelou as diferentes razões que impedem a mulher de recorrer à Lei para enfrentar seus agressores. A principal delas é o medo do agressor.
 A Lei Maria da Penha nasceu de uma situação de violência doméstica contra a mulher, configura-se em avanço histórico do combate a esse tipo de ocorrência.
3.1 CONCEITOS DE VIOLENCIA
Falar de família é falar de algo que todos já experimentaram. É o espaço intimo, onde seus integrantes procuram refúgio, sempre que se sentem ameaçados. No entanto, é no núcleo familiar que também acontecem situações que modificam para sempre a vida de um individuo, deixando marcas irreparáveis em sua existência. Carvalho (2000) ainda cita;
Espancamentos, tipificados no Código Penal no artigo 129 como Lesões Corporais; Ameaças, artigo 147; ofensas morais em geral (Calúnia, Difamação e Injúria); os Crimes Contra os Costumes, dentre eles o Estupro, artigo 213; Atentado Violento ao Pudor, artigo 214.
Pontuar algumas delas pode ser uma forma de se verificar com mais rapidez o que acontece há nossa volta.
A violência física: Pode-se compreender como toda e qualquer conduta que ofenda integridade ou saúde corporal da mulher. Essa violência acontece com frequência pode ser observada nos telejornais, internet e outros meios quase que diariamente. Algumas dessas violências são; tapas, empurrões, socos, cortes, estrangulamentos, lesões por armas ou objetos, obrigar a tomar medicamentos (drogas ou álcool), danos à integridade corporal por conta de negligencia.
Nesse tipo de violência pode chegar ate a morte da vitima, o que torna mais fácil a identificação por conta das marcas que ficam visíveis, o que não quer dizer que sempre se chega ao agressor.
Violência psicológica: Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher. Muitas vezes nesses casos, o agressor diminui tanto a autoestima da mulher que ela acaba por entrar num quadro de depressão e pode ate buscar a retirada da própria vida. Alguns fatos como; insultos constantes, humilhações, desvalorização, chantagem, isolamento de amigos e familiares, privação da liberdade e muitos outros fatores acabam por prejudicar o lado psicológico da mulher.
 Violência sexual: A violência sexual está fundamentada na desigualdade entre homens e mulheres. Esse fato tem como consequência uma conduta que constranja a mulher prelecionando-a, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça coação ou uso da força; induzindo a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade. Por mais violento que seja essa violência, muitas vezes as marcas não chegam a ser visíveis dificultando que haja ajuda de terceiros. Pode ser considerado abuso; caricias não desejadas, penetração (anal, genital ou com objetos), exibicionismo e masturbação forçada e outros.
Segundo Bianchini e Cymrot (2011, p.1);
A violência sexual é a considerada a mais grave; 29%, a violência física; 18%, a violência moral; 17%, a violência psicológica; 1%, a violência patrimonial; e 2% não responderam. A violência contra o patrimônio é percebida de forma mais intensa por mulheres com rendimento até 2 salários mínimos. Cerca de 60% das mulheres que afirmaram ser o abuso contra seus rendimentos uma das formas de violência doméstica encontram-se nesta faixa de renda. A violência física é mais grave para as mulheres que trabalham fora de casa (33%), enquanto que para as donas de casa o mais grave é a violência sexual (32%).
Violência patrimonial: É uma conduta que configure detenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos pertencentes à mulher, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. Quando existe essa violência, fica clara a atuação do agressor.Violência moral: Entende-se por violência moral qualquer conduta que implique em calúnia, difamação ou injúria. É um tipo de violência que não se pode ver imediatamente, pouca gente sabe que um grito, um palavrão, uma discussão sem motivo, indiferença são atos de violência.
Com isso acaba por ocorrer alguns casos em que a mulher vem fica mutilada, adquiri o HIV, doenças sexualmente transmissíveis ou venha a óbito. 
Assim percebesse que a violência contra a mulher deve principalmente a concepção equivocada construída ao longo dos séculos, e que permanecem ainda hoje com intensidade como se não fossem os dois, homem e mulher, cidadãos que devem cumprir e se beneficiarem dos mesmos direitos e deveres dentro da mesma sociedade.
Diante dessa realidade, é necessário que a vitime de violência perceba a necessidade de conscientização no sentido de fazê-las perceber o seu papel e o espaço que lhe é conferido na sociedade, sejam elas: filha, mãe, esposa, sogra, etc., mas como pessoa humana de direitos.
“Toda mulher, independente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais e inerentes á pessoa humana, sendo-lhes asseguradas as oportunidades e facilidades, para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.” (Lei 11.340/2006 Maria da Penha).
É comum para algumas mulheres viver no silêncio por medo de denunciar as agressões que sofrem dentro de casa seja por filhos ou companheiros e preferem suportar caladas para preservar a imagem da família. A subordinação feminina não é justa, nem natural. Mas elas são oprimidas exatamente pelo fato de serem do sexo feminino, pelos seus traços biológicos e pelas formas como são constituídas socialmente.
Geralmente a violência doméstica acontece em uma relação afetiva, cuja ruptura, na maioria das vezes, exige intervenção externa. Dificilmente uma mulher consegue se desligar de um homem violento sem ajuda externa. E até que possa ocorrer à ruptura, desenvolve-se uma trajetória oscilante entre saídas e retornos à relação conflitante.
Pelo fato de que nos casos de violência as crianças testemunham os atos de violência doméstica, isso possibilita á criança 3 vezes mais chances de se tornarem um adulto violento também. Com isso, talvez o caminho mais curto para que a erradicação da violência doméstica seja através da realização de um trabalho de conscientização entre as nossas crianças de hoje, e futuros cônjuges ou companheiros de amanhã.
3.2 TRAJETÓRIAS DA LEI MARIA DA PENHA
De acordo com relatos da Secretaria Especial de Politicas para as Mulheres da Presidência da Republica em 1983 a bioquímica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, Atualmente aposentada e na época com 38 anos, sofreu duas tentativas de homicídios por parte do seu marido, um professor universitário colombiano e economista de nome Marco Antonio Heredia Viveiros que ela conheceu na universidade de São Paulo.
 Na primeira tentativa ele friamente atirou em suas costas enquanto ela dormia A verdade e que enquanto dormia, a vítima foi atingida por um tiro de espingarda deferido por seu então marido, colombiano de origem e naturalizado brasileiro. Esse tiro atingiu a sua coluna tendo como consequência a tetraplegia de Maria da Penha.
Maria da Penha ficou quatro meses de internação e duas semanas em casa ate que sofresse a segunda tentativa de assassinato. Dessa vez ele tentou eletrocuta lá durante o banho, com um chuveiro elétrico propositalmente defeituoso. Depois do acontecido Maria da Penha resolveu se separar, o casamento durou sete anos e concebeu três filhas.
No relatório policial consta ainda que Marco Antonio agiu de forma premeditada, pois já havia tentado convencer Maria da Penha a assinar um seguro de vida em seu favor e também um documento de venda de seu automóvel sem que constasse o nome do comprador. 
Em junho de 1983 começaram as investigações, mas a denúncia só foi oferecida em setembro de 1984. O réu foi condenado pelo tribunal do júri a oito anos de prisão em 1991. Ele recorreu em liberdade e teve seu julgamento anulado um ano depois. Em 1996 foi levado a novo julgamento, que lhe impôs a pena de dez anos e seis meses de reclusão. Recorreu novamente em liberdade e somente em 2002, ou seja, dezenove anos depois da prática do crime, é que foi finalmente preso.
O fato de seu marido ser um professor universitário mostra claramente que a violência contra a mulher é um fenômeno presente em todas as classes sociais não respeitando nem mesmo o grau de intelectualidade das pessoas envolvidas na questão.
Em 1994, Maria da Penha publicou um livro com o titulo “Sobrevivi... posso contar” relatando sua incessante luta por justiça e tornando publico seu drama pessoal. Com essa exposição não somente o Brasil teve acesso ao acontecimento como o mundo, tornando esse o primeiro caso da historia em um crime de violência doméstica e chegou ate a Comissão Internacional dos Direitos Humanos da Organização dos Estados unidos Americanos (OEA) que fez recomendações ao governo brasileiro sobre a necessidade de medidas mais enérgicas nos casos de violência doméstica contra a mulher.
Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, este documento relata o que é a violência contra a mulher. A violência contra a mulher, não esta restrita a certo meio, não escolhendo raça, idade ou condição social.
Para que fosse criada uma lei foi necessário, vinte três anos de luta. A lei nº 11.340, criada em sete de agosto de 2006, com o nome Lei Maria da Penha uma homenagem à luta incansável dessa mulher.
A lei foi batizada em homenagem a uma vítima real dessa violência: a cearense Maria da Penha Maia, uma biofarmacêutica que lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado, e virou símbolo contra a violência doméstica. Em 1983, o marido de Maria da Penha, um professor universitário, tentou matá-la duas vezes. Na primeira tentativa, ela ficou paraplégica. (O GLOBO, 2007).
No ano de 2007, Maria da Penha recebeu uma indenização do governo cearense no valor de sessenta mil reais pela demora injustificável por parte do poder público judiciário do Ceará. 
A lei brasileira Maria da Penha é citada entre as três melhores legislações do mundo com relação ao enfrentamento à violência contra as mulheres no relatório bianual do Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), lançado na tarde desta segunda-feira na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). O levantamento avalia o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) para a igualdade entre homens e mulheres. (BRITO on-line).
A promulgação dessa lei é um grande marco na conquista de direitos. Sabemos que executa-la com perfeição devera levar ainda muitos anos, mas estamos no caminho certo. A Lei Maria da Penha representa uma grande conquista dos movimentos feministas em busca da erradicação, prevenção e punição da violência contra a mulher. Essa lei incorporou o avanço legislativo internacional e se transformou no principal instrumento legal de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher no Brasil.
Nos dias atuais, é necessária uma urgência da ampliação e melhoria das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal, pois, é preciso salvar vidas, garantir a cidadania das mulheres e crianças, prevenir a violência para que suas sequelas não se propaguem e, mais do que tudo, construir uma sociedade em que a violência não continue sendo instrumento pra a manutenção do poder dos homens sobre as mulheres e em que se viva a igualdade de gêneros.
3.3 APLICAÇÕES DA LEI 
A partir da criação da lei foi reconhecida a gravidade nos casos de violência contra a mulher, os casos passaram a ser julgados por um juizado especifico e não mais especial como era antes. As mudanças também se estenderam aos órgãos policiais e judiciários, que ainda hojetentam se adequar e se modernizar em relação ao cumprimento da lei e a aplicação das respectivas penas.
Os órgãos de saúde públicos também estão nesse processo de intervenção e modificações, é necessário um atendimento médico e psicológico a vitima. 
Os Juizados especiais específicos foram criados para cuidar dos casos de violência contra a mulher, nele também é possível ter orientação e ate resolver questões cíveis relativas aos direitos de família. – como separação, pensão, divisão dos bens comuns e a guarda dos filhos.
Antes nos casos de agressões o registro de ocorrência era padronizado para todos os casos e a mulher tinha o direito de desistir da denuncia há qualquer momento. E era a vitima quem entregava a intimação e não era prevista a prisão preventiva e nem flagrante do agressor. Na maioria das vezes a mulher comparecia sozinha a audiência sem a assistência de um advogado ou promotor público. O afastamento do agressor logo de imediato não era obrigatório e nem o comparecimento em programas de recuperação e reeducação. O que acontecia normalmente era a condenação em penas pecuniárias, como cestas básicas e multas.
As Delegacias Especiais de Atendimento á Mulher foram implantadas em 1985, pela primeira vez em São Paulo. Uma das características dessas delegacias é a de que seja encontrada ali uma rede de serviços logo na entrada dessa mulher, cumprindo assim o papel de investigar, apurar e tipificar os crimes realizados contras as mulheres.
Hoje a lei trouxe direitos antes inexistentes. Toda mulher agredida é orientada a procurar a autoridade policial desde o primeiro caso de violência. O agressor poderá ser preso em flagrante, ou quando houver riscos á integridade física ou psicológica da vitima um juiz pode decretar a prisão imediata do agressor. 
A polícia deve realizar o encaminhamento a atendimento médico e ao Instituto Medico Legal, onde serão realizados exames de corpo de delito, transporte a abrigos seguros quando existe o risco de morte da vitima, acompanhamento na retirada dos pertences de sua casa e o acesso á informações sobre seus direitos aos serviços de reparação possível além de informar quando a prisão do agressor e sua soltura.
Segundo a Lei Maria da Penha, 
“Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso á justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e a convivência familiar e comunitária.”
O enfrentamento da violência não é só um problema da mulher. É uma questão que precisa ser enfrentada pela sociedade civil, e pelo poder público de forma muito mais eficaz e definitiva já que muitas vezes somente a denuncia é ineficiente e acaba por gerar ainda mais violência contra a mulher.
Drª Simone relata que;
[...] A violência sempre existiu, e hoje em dia se diz que a segurança publica é uma questão de saúde pública, e com isso existem muitos investimentos nesse campo, principalmente nacional, na questão de dirimir a violência. Até onde o estado pode intervir na vida privada? Agora o estado tem a obrigação de intervir na questão da violência contra a mulher, sendo isso uma exigência da organização dos estados americanos [...] (Drª Simone delegada da Delegacia da Mulher).
 E diz mais ainda no seu artigo sobre “Lei Maria da Penha afirmação da igualdade” diz que;
Não ver que a Lei Maria da Penha consagra o princípio da igualdade é rasgar a Constituição Federal, é não conhecer os números da violência doméstica, é revelar indisfarçável discriminação contra a mulher, que não mais tem cabimento nos dias de hoje. (DIAS, on-line).
Agora o Estado passa a ter o direito de intervir nas questões referentes à violência doméstica, facilitando assim a atuação dos profissionais que trabalham com essa questão. A partir dela, o ato da denúncia pode também ser realizado por terceiros e não só pela vitima dos maus tratos.
Nessa nova lei é permitido ao juiz determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação comportamental e ate o afastamento do agressor do seio familiar. Pode ficar proibido o contado do agressor com testemunhas e a suspensão de visitas aos dependentes menores preservando assim a integridade não somente física mais também a psicológica de todos os envolvidos. É muito comum verificar casos em que o não afastamento do agressor acaba por gerar a morte de um ou ate todos os membros da família, uma forma de punição na cabeça do agressor.
Para Maria Berenice Dias em seu artigo “A colher da justiça” relata que nem mesmo a justiça tinha o direito de interferir no ambiente privado como acabou por acontecer hoje.
O antigo ditado em briga de marido e mulher, ninguém bota a colher deixa claro, o sentido de impunidade da violência doméstica, como se o que acontecesse dentro da casa não interessasse a ninguém. Nada mais do que a busca da preservação da família acima de tudo. A mulher sempre foi considerada propriedade do marido, a quem foi assegurado o direito de dispor do corpo, da saúde e até da vida da esposa. Como o homem era o chefe da sociedade conjugal, o cabeça do casal, sua autoridade sempre foi respeitada a tal ponto que a Justiça para na porta do lar doce lar, e a polícia sequer pode prender o agressor em flagrante. (DIAS, Online).
Porem em outro Artigo “Violência e o pacto de silêncio” ela coloca que a relação entre vítima e agressor é protegida por um segredo:
A violência é protegida pelo segredo; agressor e agredida fazem um pacto de silêncio, que o livra da punição. Estabelece-se um verdadeiro ciclo, a mulher não se sente vítima, o que faz desaparecer a figura do agressor. Mas o silêncio não gera nenhuma barreira. A falta de um limite faz com que a violência se exacerbe. O homem testa seus limites de dominação. Quando a agressão não gera reação, aumenta a agressividade. O vitimizador, para conseguir dominar, para manter a submissão, exacerba na agressão. (DIAS, Onlin).
Com isso fica muito difícil para a mulher criar coragem e denunciar as agressões sofridas dentro do ambiente domestico. E isso acontece sim porque a mulher ainda tem uma dependência econômica que a impossibilita de cuidar dos filhos sozinha, mas muitas temem uma represália do ex-companheiro, além de existirem casos de homicídios passionais o que apavora essas mulheres ainda mais.
Em muitos casos a mulher que é vitima de violência como a sexual acreditam ser uma obrigação se submeter aos desejos de seus parceiros como uma forma de agrada-los, não conseguindo ver como algo violento mesmo causando desconforto a própria vitima. O uso de drogas, bebidas alcoólicas podem levar ao aumento da violência, existem casos em que a mulher é obrigada ao uso dessas substancias visando deixa-las mais vulneráveis. Todavia nada justifica a violência, e em muitos casos o agressor esta sóbrio, com plena consciência dos seus atos. Levando muitos profissionais a discussões sobre o caráter do agressor.
E ao contrario do que acontecia no passado, a mulher não é responsável pela entrega da intimação ao agressor, e em toda audiência a mulher deve estar acompanhada de advogado ou defensor público habilitado. A violência domestica consta no Código penal onde a pena mínima é de três meses de reclusão e a máxima de três anos, mas a realidade mostra que nem sempre a lei consegui afastar o agressor da vitima. 
Claro que a mulher ainda não consegue romper completamente com o processo histórico que viabiliza a violência contra ela. Elas possuem uma enorme dificuldade em romper com os laços que as aprisionam, por acreditar que seus companheiros têm o direito de puni-las.
 A Lei Maria da Penha é resultado de um longo processo de lutas pelos direitos das mulheres e contra as violências por elas sofridas. Conforme relato da Doutora Simone.
[...] As causas da violência doméstica contra a mulher são históricas e culturais, histórico-culturais somadas à questão social porque a mulher até pouco tempo dependia economicamentedo marido e hoje já não ela já conseguiu uma liberdade econômica. Diante disso vem surgindo novos modelos de família por conta da emancipação da mulher o que não é uma boa porque já estamos colhendo frutos, de uma reestruturação nos modelos de família modelos impostos padrões determinantes. A emancipação da mulher trouxe a baila à mostra da questão da violência uma vez que ela sempre existiu só que hoje a mulher não se cala mais [...](Drª Simone Delegada da Delegacia de Defesa da Mulher).
A Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres tem por finalidade estabelecer conceitos, princípios, diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres, assim como de assistência e garantia de direitos às mulheres em situação de violência, conforme normas e instrumentos internacionais de direitos humanos e legislação nacional.
Podem ser observado que os novos arranjos familiares, e a emancipação das mulheres dentro do seu lar, são fatores que incitam a violência contra elas cometida, uma vez que rompe com o processo cultural de dominação da mulher pelo homem.
Um dos maiores reflexos dessas mudanças se materializou na Constituição de 1988. Nela homens e mulheres passam a ser iguais perante a lei tanto nos direitos como nas obrigações. Com a Constituição de 1988 a família também ganha espaço e mecanismos de combate às formas de violência intrafamiliar.
Nossa Constituição apesar de tudo ainda continua machista. Muitos juízes, pessoas que ocupam cargos no poder Judiciário e ate Delegados foram criados nessa cultura. É necessário haver uma desconstrução dessa cultura, quando a violência doméstica diminuir, isso também terá reflexos na redução da violência urbana. (Fernandes, Maria da Penha Maia, 2010:180).
Alguns órgãos ainda banalizam a violência ocorrida com a mulher, descaracterizando a construção da coletividade da Lei não concedendo a devida proteção á mulher, encaminhando a vitima para a delegacia da mulher alegando não ser da competência deles prestar esse tipo de atendimento. Mas o amparo à mulher em situação de risco é obrigação de qualquer delegacia. É necessário fazer o acolhimento e tomar providencias para que essa mulher saia dessa situação de violência.
Segundo a o Código Civil Brasileiro;
Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar (BRASIL, CF, 2006. Lei nª 11.340, Art. 1).
Com isso a Lei Maria da Penha a violência doméstica passa a ser tratada como uma das formas de violação dos direitos humanos. No entanto, para se chegar à raiz do problema da violência doméstica é necessário modificar esse mito de família, enquanto instituição intocável, para que os atos violentos ocorridos no contexto familiar não permaneçam no silêncio, mas sejam denunciados a autoridades competentes a fim de que se possam tomar providencias. 
Mas para muitas mulheres não é fácil que haja uma denuncia;
Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofram caladas e não peçam ajuda. Para elas é difícil dar um basta naquela situação. Muitas sentem vergonha ou dependem emocionalmente ou financeiramente do agressor; outras acham que “foi só daquela vez” ou que, no fundo são elas as culpadas pela violência; outras não falam nada por causa dos filhos, porque tem medo de apanhar ainda mais ou porque não querem prejudicar o agressor, que pode ser preso ou condenado socialmente. E ainda tem também aquela ideia do “ruim com ele, pior sem ele”. (Portal violência contra a mulher – www.violenciamulher.org.br)
Em muitos casos, após sucessivas agressões veem seguidas por inúmeros pedidos de desculpas, demonstrações de amor ate mesmo em publico, promessas acabando por minar a decisão inicial da mulher de romper com essa subordinação.
A raiz de tudo está à maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez reflete na forma de educar meninos e meninas. Enquanto eles são incentivados a valorizar a agressividade, a força física a dominação, elas são valorizadas pela delicadeza, submissão, dependência e passividade.
A maioria das mulheres sofre calada, o que acontece muitas vezes, por serem dependentes de seus agressores. Depender financeiramente é um dos maiores fatores que impedem as mulheres de denunciarem, outras não falam nada por causa dos filhos, por terem medo de apanharem ainda mias. E uma parte ainda acha "ruim com ele, pior sem ele".
Esse tipo de violência atinge a família e a sociedade em geral. É necessário que haja a conscientização de que a violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública, que traz consequências físicas e psicológicas para a vítima, como também para crianças e adolescentes que a vivenciam nesse ambiente. 
Toda mulher violentada física ou moralmente, deve ter coragem para denunciar, para que se proteja de futuras agressões e como exemplo para os próprios filhos, mostrando que esse fato é um crime contra ela e eles.
É necessário mudar o pensamento masculino, se antes era concedido ao homem direitos de punir a esposa por algo que ele julgava errado, hoje como pais, educadores e formadores de opinião devemos começar por mudar esse pensamento. Criando dentro do ambiente familiar a consciência de que tanto meninos quanto meninas têm os mesmos direitos e deveres dentro dessa nova sociedade que observamos surgir com força.
4 A CONSTITUIÇÃO DA FAMILIA
A família é uma instituição que cuida de seus membros, sua função principal é de proteger, cuidar do seu aprendizado, dando proteção, segurança e assegurando que os direitos dos seus dependentes sejam prevalecidos.  Porém a família também precisa ser cuidada. 
Essa instituição passa por transformações, tanto no seu perfil quanto na estrutura familiar, isso acontece por conta das mudanças que ocorrem dentro da nossa sociedade.
A função da família deve ser uma função social, mas muitas vezes ela não consegui desempenhar esse papel, por conta da exclusão social. A família que sempre foi vista como apoio, e como base para a formação estrutural das crianças, no desenvolvimento do caráter hoje perde sua identidade. Deixando de ser um referencial dos valores éticos e morais principalmente em relação à criação das filhos. 
É nesses acontecimentos de exclusão que surge o Assistente Social, ele deve ter um olhar critico, observando a realidade dessa família, entender o perfil e a estrutura da mesma, para que assim se consiga respostas. O assistente social deve buscar a emancipação e a autonomia da família, para isso ele deve buscar o apoio junto às instituições e órgão competentes buscando formas para se sanar as problemáticas da mesma.
O trabalho com famílias é um verdadeiro desafio, os assistentes sociais devem agir de acordo com a demanda local e muitas vezes ele esbarra em politicas publicas. O profissional só fará o desligamento da família assistida quando os problemas dessas famílias estiveram sanados, e mesmo assim continuará fazendo um acompanhamento. 
 
5 A VIOLENCIA DOMESTICA E O PAPEL DO ASSITENTE SOCIAL
A ação do Serviço Social se volta no enfrentamento das condições sociais, seja ela nos mais variados campos, visando intervir sobre as situações de vulnerabilidade e risco social, contribuindo assim por uma abordagem global que vai além da demanda apresentada. 
Dentro desta perspectiva é que cabe ao Assistente Social desenvolver um papel de protagonista nesse novo modelo societário, no sentido da promoção da cidadania, da orientação dos direitos, da construção e do fortalecimento de redes sociais e de integraçãoentre as ações e serviços. 
Segundo Iamamoto (2008), a partir dos anos 80, no Serviço Social brasileiro registra um processo de ruptura de caráter teórico-prático com a herança conservadora na profissão que percorreu todo o percurso do desenvolvimento da mesma, impregnando, inclusive, os dilemas do movimento de conceituação. Tal ruptura é evidenciada na revisão da literatura e nas iniciativas coletivas de construção de um projeto para o Serviço Social no país.
[...] a) o resgate da historicidade da profissão, seja na reconstituição de sua trajetória na formação histórica da sociedade brasileira, seja na explicitação das particularidades históricas de sua inserção da divisão social e técnica do trabalho; b) a crítica teórico-metodológica tanto do conservadorismo quanto da vulgarização marxista, introduzindo a polêmica em torno da relação entre história, teoria e método no Serviço Social; c) a ênfase na política social pública, no campo das relações entre Estado e a sociedade civil, com especial atenção para a seguridade social e, nela, para a política de assistência social (IAMAMOTO, 2008, p. 236, grifos do autor).
A partir da Constituição Federal de 1988, a seguridade social passou a ser considerada uma politica que visa garantir a proteção social ao cidadão e sua família, no que se refere a um direito social junto com a saúde e a previdência. Com isso pudesse dizer que essa politica não é exclusiva do assistente social, pois ele é um dos profissionais que atuam junto dessa politica. Assim como acontece na saúde, previdência, educação, habitação ou qualquer outra politica que tenha como finalidade a garantia dos direitos do cidadão.
O LOAS-1993 regulamenta a assistência social enquanto politica pública social e tornando ela uma responsabilidade do estado. Em 2004 é aprovada a politica nacional de assistência social (PNAS), articulando a politica social com outras politicas já visando à implantação do Sistema Único da assistência Social (SUAS). O que tornou-se realidade em 2005, instituindo um modelo único de gestão, decentralizando e tornando participativo, como previsto no LOAS.
Pereira (1996, pg.52) diz;
Sem a assistência social, as políticas setoriais tendem a se elitizar, a se fechar na sua especialização e a se pautar por critérios que privilegiam mais a exclusão do que a inclusão social de sujeitos que, não obstante pobres, são portadores de direitos. Isso porque, é ela quem tem o mister de lidar com os segmentos populacionais situados na base da pirâmide social e de se colocar como a via de denúncia da cidadania negada, no plano operacional, a esses segmentos.
Diante dessa nova normativa cabe ao assistente social desenvolver um papel de protagonista dentro desse novo modelo societário, no sentido de promover a cidadania, a construção e o fortalecimento das redes sócias e assim realizar a integração entre as ações e os serviços. 
Ultimamente com as várias mudanças ocorridas no mundo do trabalho, e com o aumento das manifestações da questão social, são criados múltiplos espaços de atuação profissional para o Assistente Social. Silva aponta as conquistas e os desafios da profissão na contemporaneidade.
As profundas mudanças na esfera produtiva e seus imensos impactos na existência do ser social se materializaram, para o assistente social, por meio de inúmeras demandas sociais que se particularizaram tendo como base o aprofundamento da questão social em tempos de democracia política. Por outro lado, o legado da década de 1980 apontava para a consolidação de um conjunto de legislações sociais edificadas a partir do desmonte do aparato autoritário-militar: O Sistema Único de Saúde (SUS), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), as discussões na área da assistência (hoje objetivadas no Sistema Único de Assistência Social - SUAS), as políticas com idosos e mulheres (recentemente aprofundadas com o Estatuto do Idoso e com a Lei Maria da Penha), entre outras conquistas jamais inscritas nos quinhentos anos de história oficial do Brasil. (SILVA, 2008, p.3). 
Fundamentado nisso o assistente social é um profissional capacitado para trabalhar na elaboração de projetos e programas sociais, sempre observando a forma de lidar com a questão social. Esse processo, necessariamente contraditório, não deixa de oferecer elementos para a manutenção da ordem (sustentados no papel funcional da profissão para o gerenciamento das múltiplas expressões da questão social), mas também indica importantes espaços de resistência no âmbito profissional. O assistente social também possui nas legislações instrumentos de luta na defesa incondicional dos direitos sociais-humanos, preceito esse recomendado pelo código de ética da profissão. 
Incluso nos múltiplos espaços de atuação do profissional, encontra-se a questão da violência contra a mulher que carece de um estudo particular inclusive para os assistentes sociais, que poderá realizar um trabalho conjunto entre a Delegacia da Mulher, e o Centro de Referência Especializado da Assistência Social. 
Faz-se necessário a mobilização por parte do Estado, da Sociedade e da família em garantir que os direitos estabelecidos sejam realmente efetivados, a partir de serviços que busquem o atendimento a essas vitimas de modo a superar a situação vivenciada e o rompimento com esse ciclo.
Esse trabalho articulado e multidisciplinar que deve vir a garantir que essa vitima seja atendido em todos os aspectos e meios que os envolvem, assim como a preocupação em restabelecer e fortalecer os vínculos familiares e de autoestima. O Assistente Social precisa repensar a sua prática profissional, consistir no conjunto de ações, cuidados, atenções afetiva e relacional.
5.1 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DO CREAS E CRAS
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) foi instituída em 2004 e implantou seu modelo de gestão o SUAS (Sistema Único da Assistência Social) em 2005. A nova política parte da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal, junto a outras políticas públicas, para garantia dos direitos de cidadania. O SUAS se divide em Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE), o CREAS se enquadra na Proteção Social Especial.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, como integrante do Sistema Único de Assistência Social, deve se constituir como polo de referência, coordenador e articulador da proteção social especial de média complexidade, sendo responsável pela oferta de orientação e apoio especializados e continuados de assistência social a indivíduos e famílias com seus direitos violados, mas sem rompimento de vínculos. 
Na implantação do SUAS, o CREAS deve num primeiro momento prestar atendimento às situações de risco e violação de direitos de crianças e adolescentes e atendimento a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto (L.A e PSC). Porém cada município verificará a possibilidade de ampliação gradual dos serviços, de modo a abarcar outras situações de risco ou violação de direitos (com relação às pessoas idosas, pessoas com deficiência, mulheres vítimas de violência, população de rua, entre outras). 
O CREAS tem como objetivo:
- Fortalecer os vínculos familiares, as relações afetivas e a proteção entre os membros à família;
- O combate a preconceitos e estigmas;
- Assegurar a proteção social imediata e atendimento interdisciplinar, visando à integridade física, social e mental;
- Prevenir o abandono e a institucionalizações;
- O fortalecimento de redes sociais de atendimento e apoio a família e a indivíduos.
O CREAS conta com uma equipe de multiprofissionais de modo a propiciar o atendimento ao indivíduo e sua família nos seus mais diferentes aspectos. Além de uma articulação de extrema importância com o Poder Judiciário, Defensoria Publica, Ministério Publico, Conselho Tutelar e com demais políticos públicos e serviços sócio assistenciais no intuito de estruturar uma rede efetiva de proteção social. 
Na abrangência de atendimento do CREAS,

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