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10 - juros bancários

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Disciplina: DIREITO CONTRATUAL BANCÁRIO
Aula 10: Juros bancários
Apresentação
Estaremos, nesta aula, analisando a sistemática legal referente às taxas de juros praticadas no mercado e a sua limitação
à luz do tecido normativo, seu desenvolvimento e legalidade.
Também será analisada empiricamente a constitucionalidade das leis que arrefecem o sistema legal, no que tange às
taxas de juros, sua constitucionalidade e a interpretação dada pela jurisprudência à luz de nossas mais elevadas cortes.
Objetivo
Examinar a sistemática da composição dos juros bancários à luz do sistema jurídico brasileiro;
Analisar a legalidade das taxas de juros praticadas no mercado;
Identi�car o alcance da Lei da Usura e a sua interpretação dada pelos nossos tribunais.
Dos Juros no sistema jurídico brasileiro
A ordem econômica, rechaçada por diversas vezes em nosso texto constitucional, é fundada, dentre tantos pilares, na
valorização do trabalho humano, na dignidade da pessoa e na livre iniciativa, tendo por premissa assegurar a todos existência
digna, nos ditames da justiça social.
Para coibir as barbáries praticadas, sobretudo pelas instituições �nanceiras, foi introduzido em nosso sistema jurídico o
Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933 (Lei de Usura), promulgado sob a vigência do Governo Provisório de Getúlio Vargas,
idealizado por Osvaldo Aranha, limitando as taxas de juros a 1% ao mês, vedando, ainda, o anatocismo.
Objetivando corroer o sistema, para permitir a liberação das taxas de juros e do anatocismo, o Executivo in�ltrou na Medida
Provisória de número 1.963, de 30 de março de 2000, cujo objeto era a Administração dos Recursos de Caixa do Tesouro
Nacional, em sua décima sétima edição, autorização expressa para afastar a incidência da Lei de Usura para as instituições
�nanceiras, liberando, assim, para as casas bancárias, as taxas de juros e o anatocismo, vigendo até sua última reedição, qual
seja, a Medida Provisória nº 2.170-36, de 23 de agosto de 2001.
Nosso Documento Fundamental da República, orientado pela tradição das constituições de 1934, 1937 e 1946, em seu artigo
192, § 3º, sob a orientação da Lei da Usura, seguindo tradição secular, vedou expressamente a aplicação de juros acima de 12%
ao ano. Todavia, por força da Emenda Constitucional nº 40/2003, houve a supressão da referida norma, em evidente manobra
nefanda, orquestrada a desfavor dos consumidores, em �agrante depauperação à ordem econômica referendada em nosso
texto constitucional.
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O spread bancário
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O spread bancário vem sob a desarrazoada argumentação de que as elevadas taxas de juros são necessárias, haja vista o risco
encontrado pelo banqueiro em não receber o pagamento pelas operações contratadas. Dessa forma, todos os consumidores
suportam sob suas operações uma incorporação no preço para compensar o risco do inadimplemento do próprio tomador ou
de outros consumidores inadimplentes.
Exemplo
Em outubro de 1999, o Banco Central editou um estudo denominado Juros e Spread Bancário no Brasil por meio de seu
Departamento de Estudos e Pesquisas– Depep. O Banco Central assentou que as taxas de juros brasileiras estão atualmente
entre as mais elevadas do mundo. Mais adiante, assenta que a inadimplência é o custo que mais onera o spread bancário. Seria,
então, o brasileiro o maior caloteiro do mundo. Consta do referido relatório a presente digressão:
O risco de crédito tem sido um fator determinante do elevado custo das operações de empréstimo, o que também explica a
di�culdade ou mesmo a não concessão de empréstimos pelos bancos. Quando fazem operações de crédito, os bancos querem
ter a certeza de receber de volta os valores emprestados, mais os juros pactuados, pois os intermediários �nanceiros têm
obrigações para com os seus depositantes. Como essa certeza não existe, mesmo para clientes de primeira linha, os bancos
sempre cobram um adicional a título de risco de crédito, ou seja, um valor associado à probabilidade de não receber o valor
emprestado.
(BACEN, 1999)
Não bastasse, no relatório de dezembro de 2004, no item n, é apontada como ambiente inóspito a redução das taxas bancárias
à atuação do Poder Judiciário reduzindo as taxas de juros praticadas pelas casas bancárias. Pasmem, a famigerada cartilha
chega ao absurdo de responsabilizar os juízes pela majoração dos juros bancários repassados aos consumidores, haja vista a
prolação de sentenças revendo os contratos bancários. Segundo o BACEN, tais decisões, contrárias aos seus interesses,
seriam, no mínimo, irracionais.
No Relatório de Economia Bancária e Crédito, consta, apontado como medida de competência do BACEN, a necessidade de
conscientizar os juízes brasileiros de que as decisões a desfavor das casas bancárias servem para o arrefecimento de todo o
sistema bancário, nos seguintes termos:
“Conscientização de Juízes- Realizar um esforço em grande
escala junto a juízes e à sociedade em geral para mostrar que
as decisões que bene�ciam um tomador de empréstimo
especí�co têm repercussões amplas que podem prejudicar os
tomadores de empréstimos, como um todo, em âmbito mais
abrangente.”
(BACEN, 1999)
Fazendo uma breve digressão ao texto, o BACEN imputa aos juízes a responsabilidade pelo spread bancário. Como proposta do
BACEN, consta orientação para os juízes re�etirem no momento de uma decisão bené�ca a um tomador de empréstimo, pois,
nesta ocasião, estariam os magistrados conspirando contra a sociedade, prejudicando os outros eventuais e futuros
tomadores, conquanto que as instituições estariam obrigadas a transportar eventuais perdas para os tomadores de
empréstimos. Ou seja, não estaria havendo percepção social do Judiciário em relação às suas decisões, quando as mesmas
são proferidas em desencontro aos anseios das casas bancárias.
Em nenhum momento se analisa a percepção que paira sob
o sistema quando as decisões são desfavoráveis às
instituições �nanceiras, ou seja, se os juízes estão decidindo
a desfavor dos interesses das instituições �nanceiras, é
porque as referidas instituições estão a abusar de sua
superioridade �nanceira, praticando as mais odiosas
práticas, não apenas a desfavor do consumidor, como,
sobretudo, a todo o sistema �nanceiro.
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Basta que os referidos agentes decaiam de suas práticas desleais para que as decisões não lhes sejam desfavoráveis, todavia,
em termos práticos, são, em verdade, os que mais abusam de seus direitos, portanto, nada mais razoável que suas condutas
sejam objeto de reprimenda judicial, com �ns de coibir os egoísmos desses agentes inescrupulosos.
Quanto à expressão utilizada pelo BACEN, “bene�ciar”, é imprópria e inadequada, sobretudo dentro da atividade judicante, pois
o juiz não bene�cia nem prejudica nenhuma das partes. O teor das decisões impede desvios ou abusos. A rigor, a decisão
busca, dentro de uma análise valorativa, o valor social perseguido pela parte inocente. Se o valor social aplicado ao caso
concreto prejudicar uma das partes, é porque esta parte se prevaleceu obtendo alguma vantagem ilícita. Portanto, não é o
Judiciário que prejudica em âmbito mais abrangente outro tomador, pois sua atividade é exclusivamente voltada para corrigir
tais distorções quando presentes.
Comentário
Curioso observarmos que a inadimplência em geral está calcada ao fato de que o tomador do �nanciamento bancário não raras
vezes deixa de honrar suas obrigações sob o fato de que a onerosidade das taxas de juros acaba por tornar iníqua a própria
prestação contratual. Por derradeiro, a inadimplência, elemento nuclear das elevações das taxas de juros, é gerada por aqueles
que se dizem lesados por ela.
Em 1999, o Banco Central do Brasil, através do Departamento de Estudos e Pesquisas, DEPEP, após uma análise da base média
das maiores dezessete instituições �nanceiras, estabeleceu que o spread bancário tem sua composição da seguinte forma:
20% de despesas administrativas, 19% de inadimplência, 30% de impostos, lucro do banco de 31%.
Porderradeiro, a maior composição do spread bancário não é a inadimplência do consumidor, mas a própria parcela do lucro
bancário que, ao patamar de 31%, supera o parâmetro estabelecido na Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951,
especi�camente em sua alínea b, artigo 4º, onde considera-se crime de usura a obtenção de lucro superior a 20% da vantagem
econômica, em sua redação:
Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária
ou real, assim se considerando: (...) b) Obter, ou estipular, em
qualquer contrato, abusando da premente necessidade,
inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial
que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação
feita ou prometida.
(BRASIL, 1951).
O grande lema dos bancos é socializar o prejuízo e privatizar os
lucros. Se as instituições �nanceiras evitassem cometer abusos, o
Judiciário não seria chamado a intervir em uma relação jurídica.
Entrementes, se o Judiciário se mantivesse incólume e equidistante, tal qual propõe o BACEN em seu relatório de 2004,
denominado Juros e Spread Bancário no Brasil, a voracidade bancária seria ainda mais feroz, pois mesmo sabendo que o
Judiciário poderá apaziguar as vontades e reduzir as elevadíssimas taxas bancárias, os bancos continuam adotando o mesmo
comportamento pernicioso e ilegal. Interessante observarmos que, dentre as propostas ardilosamente organizadas para a
redução do spread bancário estão, além da conscientização dos juízes para não decidirem a desfavor das instituições
�nanceiras, reivindicações para a melhoria do processo executivo e aplicabilidade do juízo arbitral, uma vez que os juízes vêm
decidindo contrariamente a seus interesses, criação da Cédula de Crédito Bancário e priorização de créditos garantidos,
quando da falência de empresas, muitas das quais já foram implementadas, mas as taxas bancárias em nenhuma ocasião
foram reduzidas, ao contrário.
Esse desarrazoado sistema cinge-se aos promíscuos interesses de
lideranças que sobrevivem da nefasta glória de capitalizar juros ao
desiderato de obscuros interesses de uma coletividade de
investidores não raras vezes estrangeiros, sob a arregimentada
ditadura bancária.
Rol de inconstitucionalidades
Leitura
Leiamos, com mais detalhes, as inconstitucionalidades encontradas em alguns dispositivos.
Limitação dos juros
O texto Constitucional trazia em seu artigo 192, § 3º, limitação expressa para �xação dos juros ao patamar de 12% ao ano, ou
seja, 1% ao mês.
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Entrementes, nosso legislador, por força da Emenda Constitucional de nº 40, de 29 de maio de 2.003, revogou o parágrafo
terceiro de nossa Carta Magna de 1988.
Todo celeuma gravita sobre a interpretação dada em benefício das instituições �nanceiras para se permitir a liberação das
taxas de juros, pois, no texto legal, o legislador estabeleceu competência ao Conselho Monetário Nacional para limitar as taxas
de juros, e, destarte, essa limitação foi distorcida, de molde a ser a carta de alforria para a liberação das taxas de juros.
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O termo limitar encerra conteúdo especí�co, exprime disciplina completa, de onde não se exige nenhum complemento para sua
perfeita assimilação, vem imposta unilateralmente pela lei, dos direitos, deveres e obrigações de que são titulares todos os que
ingressem em sua moldura normativa.
De fato, a competência outorgada em lei ao Conselho Monetário Nacional para limitar as taxas não poderia ser interpretada
como uma forma de liberação dos juros, sob pena de, no mínimo, caracterizar usurpação linguística do vernáculo brasileiro.
Sob outra vetusta, essa desarrazoada liberdade outorga privilégios em favor de uma entidade em detrimento do cidadão,
elemento nuclear do anseio constitucional, pois, sendo �nalidade do Estado Brasileiro a constituição de uma sociedade livre,
justa e solidária (art. 3º, da CF), tendo como pilares a dignidade da pessoa humana (III, art. 1º, da CF), a livre iniciativa, entre
tantos direitos sociais, forçoso será concluir que essas metas somente serão alcançadas com a valoração do trabalho humano,
que será o responsável pela circulação de riquezas. É, portanto, a pessoa natural o destinatário direto das normas
constitucionais. Com efeito, essa inadvertida interpretação, permitindo a liberação das taxas de juros a favor das instituições
�nanceiras, é contrária ao espírito das leis, ao Estado Democrático de Direito e aos Direitos Humanos.
Nesse sentido, o desembargador Pedro Luiz Pozza (1994) assevera que, em verdade, usa o verbo limitar, não aumentar. Limitar
signi�ca reduzir, restringir, diminuir. Tanto que o inciso em questão, em sua parte �nal, refere que esta limitação se destina a
assegurar taxas favorecidas a determinados �nanciamentos. Se é assim, conclui-se que o objetivo do legislador foi, justamente,
o de restringir os encargos praticados pelos bancos, não de conceder ao Conselho Monetário Nacional uma carta de alforria,
permitindo a cobrança de juros abusivos.
Não bastasse, ainda que se admitisse, para redarguir, que a norma insurgente pudesse suplantar a interpretação de que o
Conselho Monetário Nacional poderia aumentar as taxas de juros, ou como pretende a indigesta Súmula 596, do STF, permitir a
capitalização de juros sem limites pelas instituições �nanceiras bem como o anatocismo, ante total inobservância ao artigo 1º
da Lei de Usura, essa interpretação, após o advento da Constituição Federal de 1988, restaria como não recepcionada, por
força do § 3º, art. 192, da CF, que vigeu até a EC nº 32/2001.
Ora, se a Constituição é a norma origem por excelência, os demais comandos normativos devem obediência a sua conjectura.
Quando o texto máximo foi promulgado em 1988, por força do § 3º, art. 192, que �xava a taxa de juros em 12% ao ano, houve o
fenômeno da não recepção das normas incompatíveis com o texto, precipuamente quando outra norma dispusesse de forma
diversa ao texto constitucional, tal qual a interpretação dada ao inciso IX, do artigo 4º, da Lei nº 4.595/64.
Entrementes, com o fenômeno da não recepção da norma congênita, temos por revogado o inciso IX, do artigo 4º, da Lei nº
4.595/64, bem como toda legislação anterior, incluindo decretos e portarias emanados por quaisquer órgãos que venham a
tergiversar sobre a política monetária, compreendendo aqueles emanados pelo Banco Central, com total subserviência ao
Conselho Monetário Nacional.
Da incidência da Lei da Usura (Decreto nº 22.626/33) e, por conseguinte, da taxa de
juros à razão de 1% ao mês
Superada a interpretação de que o Conselho Monetário Nacional possui total e irrestrita autonomia e liberdade para autorizar
as instituições �nanceiras a praticarem as taxas de juros mais odiosas do mercado, quer seja pela usurpação de competência
constitucional ou pela não recepção de sua norma pragmática pelo atual modelo constitucional em vigor, e, vez que a Medida
Provisória nº 2.170-36/2001, que autorizava a capitalização de juros pelas instituições �nanceiras é alvo da ADIN 2316-1, onde
o relator, o ministro Sydney Sanches, votou pela suspensão de sua e�cácia e, destarte, já que o § 3º, art. 192, da CF também
resta revogado, outra não deve ser a interpretação de que o Decreto nº 22.626/33 (Lei de Usura) continua a disciplinar a matéria
acerca das taxas de juros, inclusive sobre as instituições �nanceiras.
Não obstante a malograda retaliação à Carta Constitucional, o limite da taxa de juros à razão de 12% ainda prevalece,
conquanto que o texto constitucional representava, em verdade, norma de explicitação de reforço, posto que tais conclusões já
se extraíam dos artigos 1º e 5º, do Decreto nº 22.626/33 (Lei de Usura) que, destarte, ainda se mantém em vigor com a
seguinte redação: Art. 1º. É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas de juros
superiores ao dobro da taxa legal (Código Civil, art. 1062).
De acordo com o artigo 1.062 do revogado CódigoCivil de 1916 (BRASIL, 1916), a taxa dos juros moratórios, quando não
convencionada (art. 1.262), será de 6% (seis por cento) ao ano.
Com o novo Código Civil de 2002, por força dos artigos 591 e 406, a taxa de juros moratórios legais será �xada nos ditames da
taxa que estiver em vigor para o pagamento da mora dos impostos devidos à Fazenda Nacional.
Ora, a Lei da Usura manda aplicar para a �xação das taxas de juros o Código Civil, especi�camente seu art. 1062, com a
revogação do Código Civil de 1916 pelo de 2002. A matéria passa a ser disciplinada pelo artigo 406, que combinado com o
artigo 161, § 1º, do Código Tributário, limita a taxa de juros em 1%.
A par de todo exposto, urge salientar que a Súmula 121, editada pelo STF, veda a capitalização de juros, ainda que
expressamente convencionada, in verbis: É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada.
Portanto, em conclusão, podemos explicitar que, além da não recepção da Lei 4.595/64 à nova ordem constitucional, ainda há
outra abusividade, que consiste no fato de que a Medida Provisória nº 2.170-36, que autoriza os bancos a cobrarem juros
acima do permissivo legal, é igualmente inconstitucional, conquanto que:
I. A Medida Provisória nº 2.170-36 invade a competência do Congresso Nacional quando introduz no ordenamento jurídico
matéria de competência exclusiva e indelegável do Congresso Constitucional, consoante artigos 48, inciso XIII e 68, §1º, ambos
da Constituição.
II. Não bastasse, matérias reservadas às Leis Complementares não podem ser objeto de medidas provisórias (art. 62, §1º,
inciso III da CF), e, destarte, a referida medida provisória é responsável pela introdução de normas atinentes à política
monetária, que dependem de Leis Complementares para sua inserção em nosso ambiente jurídico.
III. O inciso IX, do artigo 4º, da Lei nº 4.595/64, disciplina matéria de competência indelegável do Congresso Nacional, motivo
pelo qual também padece de inconstitucionalidade o referido dispositivo.
IV. Além do fato de que a malograda medida provisória que tergiversava sobre a Administração dos Recursos de Caixa do
Tesouro Nacional, em sua primitiva redação, passa a dispor também de política monetária, o enxerto bastardo contraria a Lei
Complementar nº 95/98, que coíbe a veiculação de lei estranha ao objeto de seu complemento.
V. A par do exposto, a Medida Provisória 2.170-36 não obedece aos requisitos autorizadores para sua edição, quais sejam, a
relevância e a urgência.
Por �m, se não existe Lei Complementar apta e robusta o su�ciente para disciplinar a política monetária no Brasil; se não foram
recepcionados os dispositivos da Lei 4.595/64 (art. 4º, VI, IX e XVII), que delegavam ao Poder Executivo, por intermédio do
Conselho Monetário Nacional, competência para legislar sobre matéria que verse sobre política monetária e �nanceira; se
foram revogados todos os dispositivos que delegavam aos órgãos do Poder Executivo competência Constitucional do
Congresso Nacional (art. 25 do ADCT), sem nenhum paliativo, podemos concluir que o Decreto 22.626/33 continua aplicável às
instituições �nanceiras que, com o advento da Constituição de 88, passa a ser erigido ao patamar de Lei Complementar.
Se a lei é a produtora do Direito e a provedora da segurança, devemos
subsunção às suas normas, não podemos coadunar que a relativização das
normas, apenas pelo simples fato de que estas não seriam favoráveis a
alguns agentes econômicos, encontre refração em nosso ordenamento
jurídico. Estes clichês ultrapassados são a evidência da fragmentação
estrutural de nossa corruptela e essa insegurança jurídica, que dessa malha
se extrai, é absolutamente insustentável ao profícuo interesse do Estado de
Direito.
Atividade 1
1. Assinale a opção correta no que se refere ao arrendamento mercantil:
a) Arrendamento mercantil, leasing e alienação fiduciária são expressões equivalentes.
b) De acordo com a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a cobrança antecipada do valor residual garantido não
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.
c) Segundo a jurisprudência do STJ, no contrato de arrendamento mercantil, é possível a correção monetária pelo dólar norte-americano,
atribuindo-se integralmente ao arrendatário o ônus da desvalorização cambial ocorrida em 1999.
d) O contrato de arrendamento mercantil caracteriza-se como uma compra e venda à prestação.
e) N.R.A.
2. Nas ações referentes aos contratos bancários, é correta a a�rmação:
a) O juiz pode e deve, por se tratar de matéria de ordem pública, apreciar, de ofício, toda matéria referente à regularidade do contrato.
b) É vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
c) O juiz só está autorizado a examinar, de ofício, questões relativas às condições da ação.
d) O juiz deve aplicar, analogicamente, as disposições pertinentes às relações de consumo.
e) N.R.A.
Atividade 2
1. José Firmino celebrou contrato de consórcio para a compra de um carro. Premido por di�culdades, resolveu sair do grupo, e a
Carro Fácil Ltda. cobrou-lhe a multa penal rescisória de 15%. José não concordou, pois, no início do contrato, pagará uma taxa de
administração no valor de 10%. Nesse caso, quanto à multa:
a) José tem razão, em função do princípio do enriquecimento sem causa.
b) José tem razão em sua pretensão, por ser relação de consumo.
c) José deve arcar com o ônus de sua inadimplência com o consórcio.
d) A cláusula penal é válida, pois a saída de José prejudica o grupo.
e) A cláusula penal deve ser reduzida equitativamente pelo juiz.
2. Sobre os contratos, é correto a�rmar:
a) Os contratantes são obrigados a guardar os princípios da boa-fé e da probidade apenas na conclusão dos contratos.
b) Quando de adesão, as cláusulas ambíguas ou contraditórias se interpretam em favor do estipulante.
c) São lícitas as cláusulas de renúncia antecipada aos direitos pelo aderente nos contratos de adesão.
d) É ilícita a estipulação de contratos atípicos, mesmo observadas as normas gerais fixadas pelo Código Civil.
e) A função social do contrato limita a liberdade de contratar.
NotasReferências
ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MAXIMILIAN, Paulo. Contratos Bancários. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
POZZA, Pedro Luiz. A limitação das taxas de juros, a nível constitucional e legal, no crédito bancário. In: Ajuris, Porto Alegre, v.
62, nov. 1994, p. 291-302.
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de Crédito Bancário. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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