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1 Direito Tributário 2016 CADERNO SISTEMATIZADO (CERS + LFG + DAMÁSIO) - 2016 NOÇÕES DE DIREITO FINANCEIRO 1 Ponto 1 - Atividade Financeira do Estado. 1.1 O Direito Financeiro na CF/88. 1.1.1 Introdução O Direito Tributário é um ramo do Direito Financeiro e não o contrário. Enquanto o direito financeiro cuida da receita e da despesa do Estado, o direito tributário cuida só de uma parte da receita, os tributos. Definição de Direito Financeiro: “Ramo do Direito Público que estuda a atividade financeira do Estado sob o ponto de vista jurídico” Kioshi Harada. ✓ Magna Carta da Inglaterra 1215 ✓ No Brasil: Foi prevista a exigência de lei orçamentária na Constituição do Império, 1824, mas a primeira lei orçamentária só veio a lume no ano de 1830. Quem legisla sobre direito financeiro? Art. 24, inciso I e II, é competência concorrente entre União e os Estados as normas de direito Financeiro e as de Direito Orçamentário. Apesar de não mencionados diretamente os municípios tem competência suplementar para legislar sobre direito financeiro, art. 30 incisos II e III da CF. A iniciativa sobre leis orçamentárias é privativa do Chefe do Executivo, ao contrário da iniciativa para leis sobre direito tributário, que permitem iniciativa concorrente tanto do Legislativo quanto do Executivo. Quais as espécies normativas aptas a veicular normas de direito financeiro? Lei complementares, ordinárias e medidas provisórias (esta última em hipótese excepcional). Art. 163, inciso I, da CF - lei complementar disporá sobre finanças públicas. As normas gerais de direito financeiro, bem como as de direito tributário são veiculadas por lei complementar. A lei 4320/64, que traz normas de elaboração do orçamento, foi recepciona pela Constituição Federal de 1988 materialmente como lei complementar. A lei complementar 101/2000 traz normas sobre a responsabilidade na gestão fiscal. Os dispositivos da lei 4320/64 que conflitarem com os dispositivos da LC 101/00 reputam-se por esta revogados pelo critério cronológico de interpretação. São regulados por lei ordinária, art. 165 CF: PPA, LDO e LOA. Medida provisória será o instrumento utilizado para a abertura de crédito extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrente de guerra, comoção interna ou calamidade pública (§3° do art. 167 da CF). A competência para emitir moeda é da União, que será exercida exclusivamente pelo Banco Central. É vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. O Banco Central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Princípios do Direito Financeiro (Tathiane Piscitelli) (não confundir com os Princípios Orçamentários) a) LEGALIDADE: Toda arrecadação e gasto público têm fundamento legal. Orçamento, metas, diretrizes, distribuição de receitas e despesas serão objeto de processo legislativo. Necessidade de ato normativo primário oriundo do Poder Legislativo. Exceção: Poder Executivo mediante MP dispor sobre crédito adicional em caso de guerra, comoção ou calamidade, atendidos os pressupostos materiais (ADI 4048). LOA pode autorizar adicionais suplementares por Decreto. b) ECONOMICIDADE: Trata-se da exigência relativa à eficiência do gasto público do ponto de vista econômico. Relação custo-benefício. Tentar o melhor pelo menos possível. c) TRANSPARÊNCIA: Aplicação do Princípio da Publicidade (art. 37, caput, CF) no tema atividade financeira. Tem a mesma roupagem do Princípio Orçamentário da Publicidade (específico). É corolário do princípio republicano. Art. 165 § 3º da CF. Arts. 48 e 49 da lei de responsabilidade fiscal. d) RESPONSABILIDADE FISCAL: Assegurado que o gasto público seja realizado dentro de certos limites e de acordo com as regras estritas que, se não cumpridas, acarretam sanções aos entes públicos. É condição de tal responsabilidade a ação planejada e transparente, com zelo pelo equilíbrio das contas públicas. 2 - Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. 2.1 Orçamento. 2.1.1 Conceito e espécies 2.1.1.1 Introdução Conceito: ato pelo qual o poder legislativo prevê e autoriza o Poder Executivo, realização de despesas e receitas para um período determinado. Reflete o plano de ação governamental, espelhando a vida econômica do Estado. Segundo a concepção moderna o orçamento deixa de ser um mero documento financeiro ou contábil, para passar a ser instrumento de ação do Estado, sendo, portanto, instrumento representativo da vontade popular. 2.1.1.2 Aspectos do orçamento Aspecto político: é um ato político por meio do qual se permite a atuação harmônica e interdependente dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Aspecto econômico: orçamento poderá ser equilibrado, deficitário ou superavitário. ● Superavitário: mais receitas que despesas. ● Equilibrado: receitas iguais às despesas. ● Deficitário: mais despesas que receitas. 2.1.2 Aspecto jurídico: veículo por meio do qual se preveem receitas e autorizam os gastos. Orçamento participativo: Caracteriza-se por uma participação direta e efetiva das comunidades na elaboração da proposta orçamentária do Governo. Vinculação do Executivo às propostas apresentadas: a visão tradicional é no sentido de que as propostas apresentadas não tenham caráter vinculativo. Regis Fernandes Oliveira entende que aquilo inserido em decorrência da participação popular deve ser cumprido (a participação popular na elaboração orçamentária representa verdadeira forma de democracia direta). Não obstante, existe determinação no ordenamento que obriga que o Governo ouça as sugestões da população (art. 48, LC 101/00). Hoje o governante não possui a mesma liberdade que já possuiu na elaboração da peça orçamentária. A discricionariedade do governante se encontra no momento da elaboração da peça orçamentária, oportunidade na qual serão estabelecidas quais as prioridades a serem atendidas. Haverá vinculação em relação ao poder público quando forem conhecidos o devedor, a data do pagamento e o montante a pagar. Orçamento Impositivo: No Brasil, via de regra, o orçamento é autorizativo, de forma que a despesa fixada na lei orçamentária é uma “autorização para gastar”, e não como uma “obrigação de gastar”. No entanto, com a aprovação da LDO de 2014, abriram-se discussões sobre a natureza do orçamento vez que essa lei estabeleceu a obrigatoriedade de execução de determinadas emendas parlamentares individuais, dando certa impositividade ao orçamento. Em 2015, foi aprovada a Emenda Constitucional n° 86 que trouxe impositividade a determinados aspectos do orçamento, tornando obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações relativas a emendas individuais ao projeto de lei orçamentária aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder (art. 166, §9° e 11 da CF). O art. 165 ainda trouxe em seus parágrafos as hipóteses em que a execução orçamentária não será obrigatória nos casos de impedimentos justificáveis. Em que pese o orçamento no Brasil seja, via de regra, autorizativo há determinadas despesas que não podem ser contingenciadas, por serem de natureza obrigatória (art. 9°, §2°, LRF): obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas aopagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. O contingenciamento ocorre em face do art. 9° da LRF, o qual prevê, de dois em dois meses (bimestral), a análise de entrada de receitas e sua relação com as despesas. Caso não haja equilíbrio, será necessário limitação de empenho e movimentação financeira. 2.2 Natureza jurídica Há na doutrina a defesa de diferentes posicionamentos: a) simples ato administrativo sem caráter de lei = orçamento é uma “lei de meios”, mero instrumento de arrecadação; b) lei em sentido formal = produzida mediante processo legislativo; c) lei em sentido material = geral e abstrata d) lei em sentido material e formal; e) lei em relação à receita e ato normativo em relação à despesa; f) ato condição. 2.3 Princípios orçamentários Princípio da unidade: A ideia do princípio da unidade não é que exista uma única peça, o que se exige é que as várias peças tenham harmonia entre si. Um dos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal é garantir essa harmonia. Princípio da universalidade: todas as receitas e despesas devem estar previstas na lei orçamentária. Exceções: Súmula 66 STF - É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro. Com esse entendimento firmado pelo STF, é possível concluir que no Brasil não vigora o princípio da anualidade tributária, em que o Tributo, para ser cobrado, além de atender às regras da legislação tributária, deveria a cada ano, estar previsto no orçamento, sob pena de não ser exigido. As receitas e despesas operacionais (correntes) das empresas públicas e sociedades de economia mista consideradas estatais independentes. ARO – Operações de crédito por antecipação de receita. Emissões de papel moeda. Outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro (cauções, depósitos, consignações etc) Princípio da Anualidade (ou periodicidade): determina que o orçamento seja atualizado a cada ano. Não confundir princípio da anualidade tributária (que exige que o tributo esteja previsto no orçamento do ano anterior - não mais existe no ordenamento brasileiro) com o princípio da anualidade financeira (que exige que o orçamento tenha um prazo de duração). Princípio da proibição do estorno de verbas: impossibilidade de transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro sem autorização legislativa prévia. Também está vedada a utilização, sem autorização legislativa específica, dos recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações ou fundos. Exceção: art. 167, §5° da CF. Princípio da não afetação da receita de impostos: vedação à vinculação da receita proveniente dos impostos a órgão, fundo ou despesa. Disposição constitucional, art. 167, IV. Há quem, incorretamente, relacione o dispositivo à característica da não vinculação da espécie tributária denominada imposto. Ocorre que o dispositivo não trata de vinculação ou não-vinculação tributária, trata, isso sim, do princípio do direito financeiro da não afetação. Exceções: 1) repartição das receitas tributárias (arts. 158 e 159, CF); 2) destinação de recursos para a saúde: União, receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento). Estados, DF: o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios. Municípios e DF: o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º (Art. 198, §2° - EC 86/2015). 3) destinação para a saúde de metade do percentual de 1,2% instituído por ocasião do orçamento impositivo das emendas individuais dos parlamentares (§9° do art. 166, CF). 4) destinação de recursos para a educação, sendo U 18%, E, DF e M 25% (art. 212, CF); 5) realização de atividades da administração tributária (art. 37, XXII, CF); 6) prestação de garantias em relação às operações de crédito por antecipação de receitas (art. 165, § 8º; art. 167, § 4º, CF) 7) fundo de combate e erradicação da pobreza; 8) vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para programa de apoio à inclusão e promoção social. 9)vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para fundos destinados para o financiamento de programas culturais. DRU – Desvinculação das Receitas da União - com objetivo de livrar-se parcialmente das vinculações obrigatórias, a reforma tributária (EC 42) prorrogou os efeitos da EC 27. Durante o período previsto pelo texto constitucional há a desvinculação de órgão, fundo ou despesa de 20 % da arrecadação de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, incluindo seus adicionais e acréscimos. Princípio da Exclusividade: determinação de que as leis orçamentárias contenham apenas fixação de despesas e previsão da receita. Regra: a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão de receita e à fixação da despesa (“rabilongos orçamentários ou cauda orçamentária”). Exceções: é possível que a lei orçamentária preveja, além de despesas e receitas: autorização para abertura de crédito suplementar; autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por ARO (em qualquer mês do exercício financeiro). Princípio da Publicidade: necessidade de se dar publicidade à execução orçamentária. As leis orçamentárias devem ser publicadas e divulgadas de forma clara e precisa, possibilitando o controle social da Administração Pública. Princípio da especialização, especificação ou discriminação: as receitas e as despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada, de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação. Princípio do orçamento-bruto: todas as receitas e despesas constarão da Lei Orçamentária pelos seus totais, seus valores brutos, vedadas quaisquer deduções. Princípio da precedência: a aprovação do orçamento deve ocorrer antes do exercício financeiro a que se refere. Princípio do equilíbrio: as receitas devem ser iguais às despesas. Exceção no art. 167, §8º, onde se permite que os recursos que em decorrência de veto, rejeição, ou emendas sejam aproveitados mediantes créditos suplementares e especiais, condicionado o aproveitamento à autorização legislativa. A Constituição de 1988 (diferente da Constituição de 1967) não contempla tal princípio e, por essa razão, seria possível afirmar a desnecessidade de sua observância. Contudo, a análise da LRF demonstra que, apesar de não se tratar de uma diretriz constitucional, a busca pelo equilíbrio está presente em suas disposições e deve ser entendida como uma meta a ser alcançada. O orçamento proposto pelo governo federal para o ano de 2016 não respeitou esse princípio, apresentando mais gastos do que despesas. Princípio da programação: O orçamento deve enfatizar os planos de governo com as metas e os objetivos a serem alcançados, e não apenas prever receitas e despesas. 2.4 Normas gerais de direito financeiro 2.4.1 Plano plurianual - PPA(art. 165, § 1º, CF) O PPA estabelece, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras dela decorrente e para as relativas aos programas de duração continuada. Estabelece um planejamento a longo prazo e depende do orçamento anual para ter eficácia quanto à realização das despesas. É uma programação que deve orientar o executivo na execução da LOA. Investimento que ultrapasse um exercício financeiro, sob pena de caracterização de crime de responsabilidade, deve estar incluído no PPAou ter previsão em lei que autorize a inclusão.A validade do PPA é de 4 anos. 2.4.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO [art. 165, § 2º, CF; art. 4º, LRF] ● A LDO é a lei orçamentária que estabelecerá metas e prioridades da administração pelo período de 1 ano.Funções da LDO previstas no texto constitucional:a) estabelece metas e prioridades da Administração, incluindo as despesas de capital para o exercício seguinte; b) Orienta a elaboração da LOA; c) Dispõe sobre alterações na legislação tributária; d) Estabelece a política das agências oficiais de fomento. ● A LRF amplia as funções da LDO:disporá também sobre:a) equilíbrio entre receitas e despesas;b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; ● Validade da LDO: 1 ano. 2.4.3 Lei orçamentária anual - LOA [art. 165, § 5º, CF; art. 5º, LRF] ● Deverá estar compreendido na LOA:a) orçamento fiscal: nele estão as autorizações para as despesas do Poder Público. Nele deverá estar incluído o orçamento referente: aos Poderes da União; aos fundos federais; aos órgãos e entidades da administração direta e indireta; as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; às despesas do Banco Central.b) orçamento de investimentos:abrange sociedades de economia mista e empresas estatais em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.c) Orçamento da seguridade social:abrange as despesas ligadas às entidades relacionadas a saúde, previdência e assistência social. ● É vedado o início de programa ou projeto não incluído na LOA. [art. 167, I, CF]. ● Dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro somente poderá estar na LOA se constar na PPA ou em lei que ali autorize sua inclusão. ● Não é possível o uso de recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para cobrir déficit de empresas, fundações e fundos sem autorização legislativa específica. [art. 167, VIII da CF] ● Todos os créditos previstos na lei orçamentária devem ter uma finalidade determinada e uma dotação específica e certa. [art. 5, §4º, LRF] ; Exceção: DRU [desvinculação das receitas da União] - 20 % da receita da União está desvinculada para se garantir maior margem de manobra. ● Todas as despesas e relativas à DÍVIDA PÚBLICA, DÍVIDA MOBILIÁRIA, dívida CONTRATUAL, bem como as receitas que as atenderão, deverão constar na LOA. ● Refinanciamento da dívida pública deverá constar separadamente da LOA. Atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica. ● A LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação de despesa. [princípio da exclusividade] ● Validade da LOA: 1 ano. ● A CF é expressa em atribuir competência ao Poder Executivo para iniciativa das leis orçamentárias, mas é omissa quanto aos projetos de lei que visem alterar a LOA. 2.5 Processo Legislativo para aprovação das leis orçamentárias(art. 166, CF) ● Iniciativa: Poder Executivo. O projeto será apreciado pelas duas casas do CN. ● Comissão mista permanente examina e emite pareceres, e realiza o acompanhamento e fiscalização orçamentária. ● Emendas ao projeto são apresentadas perante a comissão mista e apreciadas pelo plenário das 2 casas. Nas constituições anteriores o poder de emendar estava excessivamente restrito. A CF/88 possibilita a propositura de emendas, mas traz algumas limitações. ● Condições para que emenda ao projeto LOA ou para a lei que a modifique seja aprovada:a)compatibilidade com PPA e com a LDO;b)indicação dos recursos necessários que atenderão à alteração pretendida. ● Condições para que emenda ao projeto LDO seja aprovada: deve estar compatível com o PPA. ● Caso não haja apresentação da proposta orçamentária no prazo fixado o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente. ● Caso o Projeto de Lei orçamentária não seja aprovado até 31.12: posições doutrinárias:a) a lei anterior deve ser mantida, fazendo-se as devidas adaptações.-eventuais autorizações deverão depender do Poder Legislativo.b) a lei anterior deve ser mantida com liberação de 1/12 mensalmente, até a aprovação de uma nova lei.c)promulgação do projeto pelo chefe de executivo sem qualquer alteração. ● No caso da LDO, se não houver aprovação até 17.06 não se encerra o 1º período da sessão legislativa. ● Orçamento do P. Judiciário: Poder judiciário que elabora a proposta orçamentária. É necessário o atendimento aos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentários. ● Em caso de ausência do encaminhamento o Poder executivo considerará os valores aprovados na lei orçamentária vigente, realizando-se os devidos reajustes. ● Caso a proposta seja encaminhada em desacordo com os limites estipulados, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários – etapa de planejamento do orçamento. ● Cuidado: art. 9°,§3°, da LRF – Necessidade de limitação de despesas no orçamento – “§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias”. Apesar da redação do artigo, na cautelar da ADIN 2.238-5, o STF suspendeu a eficácia desse parágrafo por representar interferência indevida do poder executivo sobre os demais. 2.6 Orçamento-Programa Os programas geralmente representam os produtos finais da ação governamental. No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado em diversas categorias programáticas, ou níveis de programação, que representam objetivos da ação governamental em diversos níveis decisórios. Assim, a classificação funcional programática apresenta, em síntese:- as funções representam as áreas de atuação do Governo; os programas e subprogramas representam os objetivos que se pretende alcançar; os projetos e atividades representam os meios de alcançar tais objetivos. CRÉDITOS ADICIONAIS- são autorizações do legislativo para efetivação de despesas não previstas ou insuficientemente previstas na LOA. Espécies: a) crédito suplementar: destinados a REFORÇO DE DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. Trata de despesas que já havia sido prevista na LOA, mas de forma insuficiente, e dependem de prévia autorização legislativa. É possível que a LOA já traga a autorização; Decreto do Executivo é instrumento normativo para sua abertura; dependem da existência e da indicação da disponibilidade de recursos; IMPOSSIBILIDADE de utilização de MP para abertura; b) crédito especial: destinados às despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. Visa atender necessidades novas (não previstas na peça orçamentária) surgidas no decorrer do exercício; Há a necessidade de prévia autorização legislativa; Instrumento normativo para sua abertura é DECRETO DO EXECUTIVO; Utilização de MP para abertura: IMPOSSIBILIDADE. c) crédito extraordinário: destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública; Não há necessidade de prévia autorização legislativa. Após a abertura do crédito extraordinário o Poder Legislativo é comunicado; Não há necessidade de indicação da disponibilidade de recursos; Utilização de MP para abertura: POSSIBILIDADE. [art. 62, § 1º, I, d c.c. art. 167, § 3º, CF]. 2.7 Controle Abstrato da Lei Orçamentária Desde pelo menos 1998, o Supremo Tribunal Federal manifestava entendimento acerca da impossibilidadede controle em abstrato de leis orçamentárias (ADI 1640 QO). Segundo essa posição, tais leis seriam, do ponto de vista material, atos administrativos concretos e, por isso, não estariam alcançadas pelo controle concentrado de constitucionalidade; Em 2008, julgamento da ADI 4048, ajuizada contra lei orçamentária, o Plenário do Supremo posicionou-se de maneira diversa: entendeu que a análise material da norma, para fins de identificação de sua abstração, não era necessária, na medida em que se estivesse diante de uma lei em sentido formal. O simples fato de se tratar de lei, já justificava a possibilidade de controle em abstrato de sua constitucionalidade pelo Tribunal, independentemente do caráter abstrato ou concreto da norma em questão. Com esse entendimento, o Supremo Tribunal Federal mudou radicalmente a posição anteriormente firmada e reconheceu a possibilidade de controle concentrado de normas orçamentárias. 2.8 Algumas das principais vedações orçamentárias constitucionais (Valdecir Pascoal) ● O início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual, bem como a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; ● A realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Com essa vedação, o legislador estabelece um limite para a realização de operações de crédito. Estas não podem superar o valor das despesas de capital fixadas no orçamento. A contratação de operações de crédito em montante superior ao referido limite só poderá acontecer com a anuência do Poder Legislativo, através do quórum qualificado da maioria absoluta; ● A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa. A EC 85/2015 trouxe uma exceção a essa hipótese para permitir a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa; ● A utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos; ● A concessão ou a utilização de créditos ilimitados; ● A instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. Os fundos especiais constituem exceção ao princípio da unidade de tesouraria. A instituição de um fundo exige a edição de lei ordinária, mas as condições para a instituição e o funcionamento dos fundos devem ser reguladas por meio de lei complementar; ● A transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estadual e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionistas, dos Estados, do DF e dos Municípios. 2.9 Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos 2.9.1 Princípios do controle da execução dos orçamentos Do art. 70 da CF/88 extraímos os seguintes princípios do controle da execução orçamentária:- legalidade: a verificação da observância das normas legais relativas à execução da despesa pública; - economicidade: objetiva verificar se a forma de execução da despesa pública se adequou ao meio mais vantajoso e econômico para o Estado;- correta aplicação de receitas: diz respeito à análise das transferências e repasses efetuados a outros órgãos ou entes federativos;- renúncia de receita: trata a análise da concessão de benefícios fiscais;- existência de controle interno e externo. Correta aplicação das receitas: o STF julgou em 2015 o caso de um convênio celebrado entre um Estado e a União por meio do qual o Estado recebeu determinadas verbas para realizar projetos de interesse público, assumindo o compromisso de prestar contas da utilização de tais valores perante a União e o TCU. Ocorre que o Estado não prestou contas corretamente, o que fez com que a União o inserisse no CAUC (Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias). No entanto, o Estado ingressou no STF porque o fato aconteceu na administração anterior e o atual governo estava fazendo de tudo para resolver o problema: Informativo 791 STF: Administração Pública e princípio da intranscendência. O princípio da intranscendência subjetiva das sanções, consagrado pelo STF, inibe a aplicação de severas sanções às administrações por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos. [...] A Turma consignou que, em casos como os presentes, em que os fatos teriam decorrido de administrações anteriores e os novos gestores estivessem tomando providências para sanar as irregularidades verificadas, aplicar-se-ia o princípio da intranscendência subjetiva. O propósito seria neutralizar a ocorrência de risco que pudesse comprometer, de modo grave ou irreversível, a continuidade da execução de políticas públicas ou a prestação de serviços essenciais à coletividade. Nesse sentido, a tomada de contas especial seria medida de rigor com o ensejo de alcançar-se o reconhecimento definitivo de irregularidades, permitindo-se, só então, a inscrição dos entes nos cadastros de restrição aos créditos organizados e mantidos pela União. O Ministro Marco Aurélio asseverou que, por se tratar de governança, preponderaria o princípio contido no art. 37 da CF, ou seja, o da impessoalidade. 2.9.2 Sistemas de controle da execução orçamentária Inglês:o sistema inglês guarda características inerentes ao sistema parlamentarista, em que o Poder Executivo, representado pelo seu gabinete, interage diretamente com o Poder Legislativo, em matéria financeira, por intermédio da Câmara dos Comuns;- francês: é caracterizado pelos Tribunais de Contas, que têm a função de fiscalizar e julgar as contas públicas. Segundo a doutrina, é o sistema adotado no Brasil;- americano:o sistema se caracteriza pela existência de um órgão no Congresso Nacional denominado Controladoria Geral. O sistema é marcado ainda pela adoção das técnicas de auditoria concernentes às empresas privadas. 2.9.3 Classificação do controle da execução orçamentária ● Quanto ao momento:A priori ou prévio – realizado antes da execução do orçamento;Concomitante – realizado durante a execução do orçamento;A posteriori ou subseqüente – após o encerramento do exercício financeiro. ● Quanto ao órgão:Interno –realizado dentro de cada poder;Externo – No âmbito federal é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União. 2.9.4 Tribunal de Contas da União O TCU é composto por 9 Ministros, tem sede no DF e jurisdição em todo o território nacional. Os Ministros têm as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do STJ e serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:I - mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade;II – idoneidade moral e reputação ilibada;III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;IV – mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. São escolhidos:- 1/3 pelo Presidente da República, dentre auditores e membros do MP junto ao TCU, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo critérios de antiguidade e merecimento;- 2/3 pelo Congresso Nacional. Competências constitucionais do TCU:- apreciar as contas anuais do Presidente da República;- julgar as contas de todos os administradores responsáveispor dinheiros, valores ou bens públicos;- apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal e de aposentadorias;- realizar auditorias;- fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe;- fiscalizar a aplicação dos recursos da União repassados para os Estados e Municípios;- prestar informações solicitadas pelo Congresso Nacional sobre as fiscalizações realizadas;- aplicar sanções e determinar a correção de irregularidades em atos e contratos, determinar prazos para o cumprimento da lei; se verificada ilegalidade, sustar a execução do ato impugnado, comunicando a decisão às Casas do Congresso Nacional, bem como representar ao Poder competente sobre as irregularidades apuradas;- fiscalizar a aplicação das subvenções e renúncias de receitas;- emitir pronunciamento quando solicitado pela Comissão Mista de Orçamento;- apurar denúncias apresentadas por qualquer cidadão, partido político, sindicatos, sobre irregularidades ou ilegalidades;- fixar os coeficientes do FPM e FPE. Competências legais do TCU:- Lei 8.443/92: Decidir sobre consulta formulada por autoridade competente acerca de dúvida na aplicação de dispositivos legais ou regulamentares concernentes à matéria de competência do Tribunal. São autoridades competentes: Ministros de Estado, Presidência da República, Presidência dos Tribunais. A aplicação prática diz respeito à solução de dúvidas, mediante exposição que será oficiada ao TCU, visando à obtenção da informação pertinente;- Lei 8.730/93: Exercer o controle da legalidade, legitimidade dos bens e rendas de autoridades e servidores públicos;-Lei 8.031/90: Apreciar o processo de privatização das empresas incluídas no Programa Nacional de Desestatização;Lei 8.666/93: Apreciar as representações apresentadas por licitantes acerca de irregularidades nas licitações;Lei 9.452/97: Apreciar representações apresentadas pelas Câmaras Municipais acerca da não-comunicação da liberação de recursos federais. 3 Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos precatórios. 3.1 Despesa pública. Conceito e classificação. 3.1.1 Conceito “conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público para o funcionamento dos serviços públicos” – ALIOMAR BALEEIRO A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesas serão acompanhados de estimativa de impacto orçamentário (no exercício de vigência e nos dois subseqüentes), além de declaração do ordenador de que o aumento tem adequação com a LOA e compatibilidade com a LDO e PPA. Fases de formação e concretização da despesa pública(internas/prévias): - AUTORIZAÇÃO: deve haver previsão orçamentária – a despesa deve estar autorizada por lei ou, extraordinariamente por MP – ordenar despesa não autorizada por lei pode caracterizar o crime previsto no artigo 359-D do CPB. - LICITAÇÃO: verificação da necessidade ou não de licitação - procedimento administrativo pelo qual a administração seleciona a proposta que lhe trará mais vantagens - ADJUDICAÇÃO: atribuir ao vencedor o objeto da licitação – contrato com a adm. Pública As fases elencadas acima são as chamadas fases internas (prévias). A partir de então surgem as fases previstas na Lei nº 4320/64, artigos 58/ss: “ELOP”: - EMPENHO: ato administrativo emanado da autoridade competente que antecede a despesa e confirma as obrigações da administração em relação ao contratado - reserva da quantia necessária ao pagamento da dotação orçamentária – a nota de empenho apenas confirma a garantia de pagamento, não cria obrigação para a administração pública. ✓ Permite o autocontrole pela administração pública e serve como instrumento para o controle realizado pelo legislativo (corte de contas) ✓ É vedado aos municípios, no último mês do mandato do Prefeito, empenhar mais do que o duodécimo (1/12) da despesa prevista no orçamento vigente. ✓ Obs.: empenhos globais – pagamento de servidores – está dispensada a emissão de nota de empenho (o empenho deve haver, mas sem a nota de empenho – simplificação) - LIQUIDAÇÃO (art. 63, §1º): verificação, por parte da administração, do direito do credor de receber a quantia empenhada. Se não comprovar, o empenho será anulado. A anulação de empenho diferencia- se do contingenciamento. O primeiro caso indica uma sanção pelo não cumprimento do contrato. Já o contingenciamento é instrumento de controle orçamentário. - ORDEM DE PAGAMENTO (art. 64): despacho, precedente ao pagamento, exarado pelo ordenador de despesas. Obs.: a LRF não traz punições a administradores pelo descumprimento de suas normas, aplicando-se somente aos órgãos e entes públicos. - PAGAMENTO: extingue a obrigação 3.1.2 Classificação Extra-orçamentárias: as resultantes de levantamentos de depósitos, as cauções, os pagamentos de restos a pagar, consignações, resgate de operações de crédito por antecipação de receitas (ARO), bem como outros VALORES QUE SE APRESENTAM DE FORMA TRANSITÓRIA. IMPORTANTE: O pagamento do principal (amortizações) da ARO é uma despesa extra-orçamentária, mas o pagamento dos JUROS DA ARO é uma despesa orçamentária (Valdecir Pascoal). Quanto à periodicidade: - ORDINÁRIAS: as despesas que têm autorização orçamentária e atendem a gastos rotineiros, a exemplo do pagamento de precatórios e dos servidores públicos; EXTRAORDINÁRIAS: as oriundas de ocorrências inesperadas, urgentes e inadiáveis, a exemplo daquelas decorrentes de calamidade pública. Quanto às categorias econômicas: (Lei nº 4320/64, artigo 12) - DESPESAS CORRENTES: gastos improdutivos, que não impliquem aumento do patrimônio. São gastos de natureza operacional, que se destinam à manutenção e ao funcionamento dos serviços públicos (podem ser de custeio ou transferências correntes). DESPESAS DE CAPITAL: gastos produtivos por envolverem dispêndios que têm por escopo a aquisição ou construção de bens de capital que contribuam para a formação de novos bens ( a) investimentos: dotações para o planejamento e execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos, materiais permanentes e constituição e aumento de capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (ex: construção de um hospital); b) inversões financeiras: dotações destinadas à aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização, à aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento de capital de entidades ou empresas que visem objetivos empresariais ou financeiros (ex: compra de um imóvel já em uso, para servir de sede de um órgão); c) transferências de capital: são as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, bem como dotações para amortização da dívida pública. Obs.: considera-se material permanente o de duração superior a dois anos Despesas com pessoal: somatório dos gastos com os ATIVOS, INATIVOS E PENSIONISTAS, bem como os ENCARGOS SOCIAIS E CONTRIBUIÇÕES recolhidos pelo ente às entidades de previdência. Também os contratos de terceirização de mão-de-obra devem ser contabilizados como “outras despesas com pessoal”, somando-se aos gastos com ativos, inativos e pensionistas (v. art. 18).Os artigos 19 e 20 da LRF definem os limites para gastos com pessoal dos entes federativos (União: 50%, Est. e mun.: 60%) e dos poderes (legislativo federal: 2,5%, judiciário: 6%, MPU: 0,6%) – atualmente, por exemplo, se o legislativo descumpre seu limite, toda a União será tida como descumpridora –há um projeto de lei complementar em tramitação para alterar esta previsão. ✓ A LRF exclui dos limites de gastos com pessoal a revisão geral anual. Maria Sylvia defende que essa revisão não pode ser impedida pelo fato de estar o ente político no limite de despesa de pessoal porque seria inaceitável que a aplicação de uma norma constitucional tivesse o condão de transformar outra, de igual nível, em letra morta (o STF já entendeu desta forma no julgamento de uma ADIN por omissão). ✓ São vedados empréstimos ou operações de crédito para suprir gastos com pessoal. ✓ A Lei nº 9504/97 (Lei Geral das Eleições) proíbe a revisão geral da remuneração dos servidores que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo (portanto, reajuste que tenha por escopo promover a recomposição são permitidos), desde 180 dias antes do pleito até a posse dos eleitos. ✓ É nulo o ato que implique aumento de despesas com pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao término do mandato. ✓ O regime contábil das despesas é o REGIME DE COMPETÊNCIA (ou de exercício). Isso quer dizer que, se a despesa foi empenhada em determinado exercício financeiro, ainda que venha a ser paga no exercício posterior, pertencerá ao primeiro exercício. O exercício financeiro corresponderá ao ano civil. ✓ A respeito de operações de crédito, o art. 36 da LRF proíbe a sua realização entre uma instituição financeira estatal e o ente da federação que o controla, na qualidade de beneficiário do empréstimo. No entanto, essa sistemática ocorreu no Brasil e ganhou o nome de “pedalada fiscal”. Na verdade, o termo “pedalada fiscal” indica qualquer operação atípica realizada pelo governo que não esteja prevista na legislação. No caso brasileiro, envolveu a Caixa Econômica Federal e o governo federal, em que houve o pagamento de benefícios assistenciais pelo banco público sem o corresponde depósito do dinheiro nessas contas, ocorrendo uma forma de empréstimo vedado pela LRF. ✓ 3.2 Disciplina Constitucional dos Precatórios ✓ A CF/88 em seu artigo 100 dispõe que os pagamentos devidos pela fazenda pública em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, ressalvados os pagamentos das denominadas Requisições de Pequeno Valor (RPV), assim qualificadas em razão de sua expressão numérica, a qual, dentro dos limites expressos em lei (União – até 60 salários-mínimos; Estados e Municípios, limites fixados em sua própria legislação, não podendo ser inferior ao teto dos benefícios pagos pelo RGPS), dispensa a observância do regime de pagamento por precatório. ✓ Ressalte-se que os acordos judiciais poderão não se sujeitar ao regime dos precatórios, se presentes o interesse público e observada a moralidade administrativa, não podendo, para tanto, ser utilizada verba reservada para o pagamento de precatórios (ex.: art. 2º, Lei 9.469/97). ✓ O precatório decorre de sentença executada na forma do artigo 730 do CPC, sendo a pessoa jurídica de direito público citada para opor embargos no prazo de 30 dias (não para pagar). ✓ Decorrido o prazo de 30 dias sem embargos ou caso estes sejam julgados improcedentes, o juiz expedirá ofício requisitório ao presidente do seu Tribunal. ✓ A ordem judicial de pagamento do Presidente do Tribunal, bem como os demais atos necessários a tal finalidade, concernem ao campo administrativo e não jurisdicional. A respaldá-la tem-se sempre uma sentença exeqüenda (ADI 1098/SP e RE 595045). O Presidente pode determinar as correções de erro material ou inexatidão dos cálculos, nos termos do título judicial. (ADI 1098/SP) ✓ A execução contra empresas públicas ou sociedades de economia mista será feita na forma comum, caso referidas entidades tenham por objeto atividade econômica. O STF decidiu que no caso dos Correios, por exercer atividade típica de Estado, o regime de execução deveria seguir a forma dos precatórios, em razão da impenhorabilidade de seus bens (Informativo 213). Inaplicabilidade do precatório para a Eletronorte (RE 599628). ✓ Sumula 655 do STF estabelece que “A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.”. Esta manifestação teve como contraponto a tese que defendia que a previsão do caput do art. 100 trazia uma exceção ao regime dos precatórios, que ao final restou não acolhida. ✓ Prazo constitucional para pagamento - precatórios apresentados até 1º de julho, serão pagos até o final do exercício seguinte, quando serão atualizados monetariamente. (Antes da Emenda no. 30/2000 a atualização dos valores era realizada em 1º de julho do ano anterior ao do pagamento (data limite para apresentação). Após referida emenda os valores passaram a ser reajustados na data do pagamento, o qual tem por limite o final do ano seguinte (essa previsão foi mantida com a EC no 62/09). ✓ Juros de mora:não incidem juros de mora entre a data de expedição e a data do efetivo pagamento do precatório (AI 713551-AgR)(SV 17 STF). Passado o prazo da mora constitucional, configurando-se demora injustificada, deve incidir juros moratórios (RE 589513-ED) ✓ Na hipótese de litisconsórcio cada autor terá seu crédito considerado individualmente (Resoluções 373 e 399 do CJF). Também é possível o fracionamento para pagamento da parte incontroversa, a ser pago conforme valor global da execução (AI 798495-AgR) ✓ O art. 33 do ADCT (originário da CF) autorizou o parcelamento, em até oito anos do valor dos precatórios judiciais pendentes de pagamento na data da promulgação da CF. (O dispositivo foi várias vezes questionado, mas o STF declarou constitucional, por considerar manifestação do constituinte originário) – RE 161170/SP, RE148266/SP. ✓ De acordo com o art. 78 do ADCT (redação da EC 30/2000) os precatórios pendentes de pagamento na data de promulgação da Emenda 30 (13/09/2000) e os que decorram de ações ajuizadas até 31/12/1999, serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos. ✓ O prazo de parcelamento fica reduzido para dois anos nos casos de precatórios originários de desapropriação de imóvel residencial do credor, desde que seja seu único imóvel à época da imissão na posse. ✓ Não estão sujeitos ao parcelamento os créditos de natureza alimentícia, os de pequeno valor, os que já tiveram recursos liberados, os já depositados e os anteriormente parcelados. ✓ Entretanto, o STF deferiu, em 2010, cautelar para suspender a eficácia do art. 2º da EC 30, que introduziu o art. 78 no ADCT - por violação ao direito adquirido, ato jur. perfeito, coisa julgada; ter atendado contra a independência do Poder Judiciário – poder de julgar e fazer cumprir suas decisões – e separação dos poderes (ADI 2356 MC / DF). ✓ As prestações anuais que não forem liquidadas até o final do exercício a que se referem terão poder liberatório dos tributos da entidade devedora. Obs.: Segundo entendimento da doutrina e jurisprudência, a compensação tem que ocorrer em relação aos tributos da mesma entidade pública devedora, bem como ter previsão legal. ✓ Sequestro de rendas: previsto para o caso de direito de precedência. A não-inclusão no orçamento da verba necessária à satisfação de precatórios judiciais e o pagamento a menor, sem a devida atualização ou fora do prazo legal, não se equiparam a preterição do direito de precedência. Somente neste caso é possível a decretação do sequestro. (ADI 1662/SP) ✓ Intervenção federal: no caso de atraso ou suspensão do pagamento de precatórios, pode caracterizar-se o descumprimento de uma ordem judicial, dando ensejo a eventual intervenção, que dependerá de requisiçãodo STF, STJ ou TSE. Mas o descumprimento precisa ser voluntário e intencional (não o é por insuficiência de recursos, que não justifica a IF) (IF 1917- AgR). Além disso, o descumprimento pode configurar crime de responsabilidade (inc. VII do art. 85 da CF). ✓ A Lei nº. 11033/2004 exigiu a apresentação de certidões negativas para levantamento dos valores depositados a título de precatório. Tanto o STF (Pleno – ADI 3453) quanto o STJ (1a turma - Zavascki) entenderam pela inconstitucionalidade do artigo 19 desta lei. (Motivo: violação ao contraditório prévio, ao devido processo legal e à segurança jurídica, pois a exigência somente era feita no momento do pagamento). ✓ A Emenda Constitucional no. 62/2009 trouxe profundas alterações no sistema constitucional dos precatórios, como a inclusão do art. http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+2356%2ENUME%2E%29+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+2356%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/alhjdah 97 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias dispondo que até que seja editada a lei complementar de que trata §15 do art. 100 da Constituição Federal (acima exposto), os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta Emenda Constitucional. Obs.: Conforme se verá abaixo, a sistemática adotada pela EC 62 foi, em grande medida, reputada inconstitucional pelo STF. Ver a modulação dos efeitos da decisão proferida na ADIs 4357 e 4425. ✓ Denominada por alguns "emenda do calote", há de se dizer que, contra ela, a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em 15.12.2009, ajuizou ação direta de inconstitucionalidade (Adin 4357), sobretudo alegando que os leilões de deságio desqualificam as decisões do Poder Judiciário, prejudicam o direito adquirido e apequenam a coisa julgada. Para sintetizar o julgamento das referidas ADIs, transcrevo abaixo notícia veiculada no site www.migalhas.com.br, ante a forma didática na exposição do resultado do julgamento: O plenário do STF julgou inconstitucionais dispositivos do artigo 100 da CF/88 alterados pela EC 62/09, que institui o novo regime de pagamento dos precatórios. Os ministros entenderam que os pedidos encaminhados nas ADIns 4357 e 4425 são procedentes em pontos que tratam da restrição à preferência de pagamento a credores com mais de 60 anos, quanto à fixação da taxa de correção monetária e quanto às regras de compensação de créditos. O Supremo dividiu o julgamento sobre a EC em duas partes, acolhendo questão de ordem apresentada pelo ministro Marco Aurélio. Uma é relativa ao artigo 100 da CF, que institui regras gerais sobre precatórios, e a outra ao artigo 97 do ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que institui o regime especial de pagamento de precatórios. O julgamento deve ser retomado nesta quinta-feira, 14. http://www.migalhas.com.br/ Os ministros julgaram inconstitucionais em parte os parágrafos 2º, 9º, 10 e 12 do artigo 100, acompanhando o voto do ministro-relator aposentado, Ayres Britto. Ficaram vencidos Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que votaram pela improcedência das ADIns em relação ao citado artigo. No parágrafo 2º, foi considerada inconstitucional a expressão "na data de expedição do precatório", que restringe o pagamento preferencial àqueles que já têm 60 anos completos quando da expedição do título judicial. Seguindo o entendimento manifestado pelo relator no início do julgamento, isso significaria que um credor com 80 anos poderia ficar sem preferência, enquanto outro com 60 anos recém- completos poderia ser contemplado rapidamente. Para Lewandowski, "excluir da preferência o sexagenário que completa a idade ao longo do processo ofende a isonomia e também a dignidade da pessoa humana e o princípio da proteção aos idosos, assegurado constitucionalmente". Os parágrafos 9º e 10, que instituem a regra da compensação no momento do pagamento dos precatórios, dos débitos que o credor privado tem com o poder público, foram declarados inconstitucionais, por maioria, sob alegação de ofensa ao princípio da isonomia. A regra foi considerada inconstitucional porque acrescenta uma prerrogativa ao Estado de encontro de contas entre créditos e débitos que não é assegurada ao ente privado. No parágrafo 12, foi considerada inconstitucional a expressão que estabelece o índice da caderneta de poupança como taxa de correção monetária dos precatórios, por ficar entendido que ele não é suficiente para recompor as perdas inflacionárias. Marco Aurélio destacou a constitucionalidade de outro trecho do parágrafo, que institui a regra segundo a qual a taxa de remuneração adotada deve ser a mesma para todos os tipos de precatórios, se alimentares ou de origem tributária , uma vez que o princípio isonômico não comportaria tratamento diferenciado de taxas para cada caso. Art. 97 do ADCT – Regime Especial de pagamento de precatórios – parcelamento e “leilões reversos” julgados inconstitucionais Nos termos do voto do relator, ministro Ayres Britto, os dois modelos especiais para pagamento de precatórios afrontam a ideia central do Estado democrático direito, violam as garantias do livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário, do devido processo legal e da duração razoável do processo, além de afrontarem a autoridades das decisões judiciais, ao prolongar, compulsoriamente, o cumprimento de sentenças judiciais com trânsito em julgado. Parte da EC 62/2009 foi declarada inconstitucional pelo STF em março de 2013, no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 4357 e 4425. Contudo, ficou pendente a modulação, ou seja, o alcance dos efeitos dessa decisão. Em outubro de 2013, o ministro Luiz Fux, redator do acórdão das ADIs, votou pela prorrogação do regime instituído pela EC 62/2009 até 2018, ressalvados determinados pontos, como o índice de correção monetária, o sistema de leilões e acordos e de compensações. Em março de 2015 o STF julgou o tema, modulando os efeitos da sua decisão, conforme notícia veiculada no site www.migalhas.com.br. Na sessão plenária desta quarta-feira, 25, o plenário do STF concluiu a modulação dos efeitos da decisão que declarou parcialmente inconstitucional o regime especial de pagamento de precatórios estabelecido pela EC 62/09. Por maioria, os ministros concordaram com a proposta de modulação apresentada pelos ministros Barroso e Fux, que compilou as sugestões e divergências apresentadas em votos já proferidos. A decisão do plenário, que em março de 2013 julgou parcialmente procedente as ADIns 4357 e 4425, ficou modulada nos seguintes termos: 1.Modulação de efeitos que dê sobrevida ao regime especial de pagamento de precatórios, instituído pela EC 62/09, por 5 exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016. http://www.migalhas.com.br/ 2.Conferir eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADIn, fixando como marco inicial a data de conclusão do julgamento da presente questão de ordem (25/3/15) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber: 2.1.Fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da EC 62/09, até 25/3/15, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo IPCA-E (Índice de Preços ao ConsumidorAmplo Especial) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais aFazenda Pública corrige seus créditos tributários; e 2.2.Ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração públicaFederal, com base nos arts. 27 das leis 12.919/13 e 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária. 3.Quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regime especial: 3.1.Consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista por ordem crescente de crédito previstos na EC 62/09, desde que realizados até 25/3/15, data a partir da qual não será possível a quitação de precatórios por tais modalidades; 3.2.Fica mantida a possibilidade de realização de acordos diretos, observada a ordem de preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade devedora, com redução máxima de 40% do valor do crédito atualizado. 4.Durante o período fixado no item 1 acima, ficam mantidas (i) a vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios (art.97, § 10, do ADCT) e (ii) as sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de precatórios (art. 97, §10, do ADCT). 5.Delegação de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que considere a apresentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) a possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25/3/15, por opção do credor do precatório. 6.Atribuição de competência ao CNJ para que monitore e supervisione o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da presente decisão. No caso da compensação de precatórios vencidos com a dívida ativa, a decisão não tem aplicação imediata, uma vez que o plenário delegou ao CNJ a regulamentação do tema, com a apresentação ao STF de uma proposta normativa. Também caberá aoCNJ, nos mesmos termos, a regulamentação do uso compulsório de 50% dos depósitos judiciais tributários no pagamento de precatórios. O ministro Marco Aurélio ficou vencido na modulação. Ele entendeu que a Corte não deveria avançar na modulação da forma como fez. Citou, como já o fez outrora, a metáfora do bumerangue: um instrumento que o STF lança no meio jurídico, mas que pode voltar-se contra ele próprio. "O Supremo age unicamente como legislador negativo. Jamais, por melhor que seja a intenção, como legislador positivo." A ministra Rosa Weber ficou vencida em menor extensão, pois modulava a decisão apenas para que a eficácia se desse a partir do julgamento público. 3.2.1 Questões Decididas pelo STJ em Precatórios ✓ Em relação aos precatórios originados de ações movidas contra entidades da administração pública indireta do Estado, quanto à sistemática do art. 78, § 2º, do ADCT, a jurisprudência do STJ não abona a pretensão de compensação com tributos estaduais, se não houver legislação estadual autorizando tal operação, uma vez que não é dado ao poder judiciário invadir a esfera de competência do ente federado para determinar a compensação, como se legislador fosse. ✓ A jurisprudência pacífica desta Corte Superior firmou entendimento de que é inviável a compensação de débito tributário com precatório emitido por pessoa jurídica distinta da credora. ✓ A jurisprudência do STJ considera penhorável o crédito relativo a precatório judiciário, mesmo que a entidade dele devedora não seja a própria exequente, o qual, todavia, equivale à penhora de crédito, e não de dinheiro. ✓ É proibida a compensação de créditos entre pessoas jurídicas distintas. Ademais, só é possível a compensação entre tributos de mesma natureza. ✓ É possível o fracionamento de execução de sentença para a expedição de requisição de pequeno valor, apenas quando se tratar de litisconsórcio facultativo ativo, e não de ação coletiva intentada por legitimado extraordinário ou substituto processual. 3.2.2 Súmulas do STF e do STJ sobre Precatórios 3.2.2.1 STF Súmula Vinculante nº 17: Durante o período previsto no §1º do art. 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. Súmula Vinculante nº 47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza. Súmula 655: A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatórios, limitando-se a isentá-la da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza. Súmula 733: Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios (justificativa: atividade de expedição de precatório não possui caráter jurisdicional). 3.2.2.2 STJ Súmula 144: Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa. Súmula 213: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária (OBS: apenas para declarar o direito à compensação, mas não para realizá-la, pois isso dependeria de dilação probatória). Súmula 279: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública. Súmula 311: Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional. Súmula 406: A fazenda pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatórios. 4 Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. 4.1 Receitas Públicas 4.1.1 Conceito. Diferença entre ingressos e receitas. Receita pública é o ingresso de dinheiro aos cofres públicos do Estado para atendimento de suas finalidades. É, portanto, ingresso de numerário aos cofres públicos que servirá como fonte para fazer face às despesas públicas. ● O conceito de receita não se confunde com o de entrada/ingresso, pois todo ingresso de dinheiro aos cofres públicos caracteriza uma entrada, mas nem todo ingresso corresponde a uma receita pública. ● Receita entra no patrimônio sem ressalva; ingresso público é aquele recurso que poderá ser devolvido ao particular (entrada condicionada). ● Enquanto o ingresso é marcado pela noção de provisoriedade, a receita pública atrela-se ao contexto de definitividade. INGRESSO: todas as entradas, mesmo quando geram lançamento no passivo RECEITA: apenas os ingressos que não geram lançamento no passivo. ● Exemplos de ingresso: caução, fiança, antecipação de Receita Orçamentária (ARO), consignações, empréstimos compulsórios. ● Salienta Aliomar Baleeiro, porém, que a Lei 4320/64 não perfilhou a conceituação doutrinária de receita pública, ditada por financistas. A lei não elege como requisito indispensável à configuração da receita pública o ingresso de dinheiro sem contrapartida no passivo nem o acréscimo patrimonial da entidade política. Adotou-se o conceito de receita pública em sentido amplo (sinônimo de ingresso público). ● Por força do princípio da unidade de tesouraria, previsto no art. 56, todo ingresso de dinheiro deve ser centralizado no tesouro público e contabilizado ou como receita corrente ou como receita de capital. 4.1.2 Classificação 4.1.2.1 Quanto aocritério da regularidade ou relativa periodicidade RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS: são aquelas auferidas em caráter excepcional e temporário, em função de determinada conjuntura. Exemplos: empréstimos compulsórios e os impostos extraordinários de guerra,já que esses impostos não servem como fontes perenes de receitas, pois, por terem caráter contingente, devem ser, gradativamente, suprimidos assim que cessadas as causas de sua criação. RECEITAS ORDINÁRIAS:são aquelas que ingressam com regularidade, por meio do normal desenvolvimento da atividade financeira do Estado. Constituem fonte regular e permanente de recursos financeiros necessários ao atendimento das despesas públicas. 4.1.2.2 Quanto ao sentido RECEITAS EM SENTIDO AMPLO: sinônimo de ingresso público. Toda entrada de recursos nos cofres públicos, independente de haver lançamento no passivo ou não; RECEITAS EM SENTIDO ESTRITO: aquelas que não deverão ser devolvidas ou entregues a qualquer pessoa posteriormente, visto que o Estado a converte em bens ou serviços. Para o Direito Financeiro, apenas esses ingressos definitivos é que devem ser considerados receita. 4.1.2.3 Quanto à natureza ou previsão orçamentária RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS – compõem a lei orçamentária, tal como a advinda da cobrança de tributos, exploração do patrimônio do Estado etc; RECEITAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS– são aquelas que têm, em contrapartida, um passivo exigível que será resgatado quando da realização da correspondente despesa extraorçamentária. Daí que não podem ser consideradas pelo Estado para realizar os seus gastos orçamentários. São, na verdade, meros movimentos de caixa. 4.1.2.4 Quanto à categoria econômica - classificação legal Segundo a Lei 4320/64, de acordo com as categorias econômicas, as receitas podem ser: RECEITAS CORRENTES: São resultantes da atividade própria da administração (Estado como agente arrecadador e agente econômico). Não acrescente o patrimônio público, pois são arrecadadas e logo convertidas em bens ou serviços, apenas para manter a máquina pública: Desdobram-se nas seguintes receitas: Receita tributária ( tributos: impostos, taxas e contribuição de melhoria); Receita de contribuições; Receita patrimonial (exploração dos bens/patrimônio próprio dos Estados); Receita agropecuária; Receita industrial; - Receita de serviços; Transferências correntes: receitas recebidas de outro ente (transferência), quando destinadas ao pagamento de despesa corrente. - Outras Receitas correntes: recebidas a título de multas em geral, juros de mora, indenizações, valores inscritos em Dívida Ativa, royalties. RECEITAS DE CAPITAL: aquelas advindas de uma operação em que o patrimônio gera patrimônio, ou seja, em que haja aumento do patrimônio do Estado. Podem ser: operações de crédito (assunção de dívidas); alienação de bens; amortização de empréstimos; transferência de capital: receitas recebidas por transferência de outro ente para pagamento de despesa de capital; superávit do orçamento corrente. 4.1.2.5 Quanto à origem (quanto à fonte ou coercitividade) RECEITA ORIGINÁRIA:é aquela que advém da exploração, pelo Estado, da atividade econômica. Resulta da exploração do patrimônio do Estado. Isto é, são aquelas que resultam da atuação do Estado, sob o regime de direito privado, na exploração da atividade econômica. Há bilateralidade na relação. Exemplos: alienações, fianças, indenizações, doações, legados, preços públicos ou tarifa etc. Dividem-se em receitas patrimoniais e industriais; RECEITAS DERIVADAS: São extraídas do patrimônio dos particulares para o Estado, em razão do seu poder de império. São os tributos, as penas pecuniárias, as multas aplicadas por autoridades administrativas ou judiciais, o confisco e as reparações de guerra. O Estado, em virtude do seu poder de autoridade, pode retirar dos súditos parcelas de suas riquezas para a consecução dos seus fins, visando ao bem-estar geral. * Há quem ainda aponte uma terceira modalidade, quanto à origem: RECEITAS TRANSFERIDAS: aquelas obtidas pela transferência constitucional de tributos a Estados e Municípios. Podem ser: Receita transferida obrigatória(A receita transferida obrigatória é aquela que, nada obstante advinda do patrimônio do particular a título de tributo, não é arrecadada pela entidade que vai utilizá-la); Receita transferida voluntária: As receitas transferidas voluntárias têm assento na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº101/2000), nos artigos 25 a 28, valendo destacar o caput do art.25 que a conceitua como ‘a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde”. Atenção. Não confundir transferência voluntária com empréstimo. Isso porque o ente beneficiário não terá que devolver o dinheiro ao ente político que lhe entregou. Ainda, no ponto, vale destacar a proibição de repasse de recursos de convênios federais para os Estados e Municípios inadimplentes com o Governo federal, prevista no art. 25, §1º da LRF. Exceções a essa regra, são previstas na LRF e na lei do CADIN - Lei n. 10.522/2002. Se as transferências de recursos federais tiverem por objeto (finalidade) a realização de ações de educação, saúde, assistência social ou outras ações sociais, bem como ações em faixa de fronteira, será permitido o repasse dos valores mesmo que o Estado ou Município esteja figurando no CAUC. O STJ entendeu que a pavimentação e drenagem de vias públicas não pode ser enquadrada no conceito de ação social previsto no art. 26 da Lei n. 10.522/2002. (Info 556) O que é o CAUC? CAUC é a sigla de Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias. O CAUC é um instrumento de consulta, por meio do qual se pode verificar se os Estados-membros ou Municípios estão com débitos ou outras pendências perante o Governo federal e é alimentado com as informações constantes em bancos de dados como o SIAFI e o CADIN. À União cabe a inscrição e retirada no sistema e, antes de inscrever, deve ser garantida ampla defesa ao ente. Em caso de conflito envolvendo União (ou suas entidades) contra Estado-membro (ou suas entidades), a demanda judicial é de competência do STF em razão da magnitude do tema discutido, pois pode gerar conflito federativo. (Info 799) Por fim, cabe destacar a compensação financeira assegurada aos Estados, DF e Municípios, nos termos do art. 20, §1º da CF – que para a União, por ser a titular dos recursos naturais, é receita corrente, na modalidade de receita patrimonial e para os E, DF e M, tem caráter contraprestacional e é recebida como “outras receitas correntes”, conforme art. 11, §1º da L4320. 4.2 Regime Contábil da Receita (ART. 35, LEI 4.320/64): Toda receita que ingressa nos cofres públicos necessita ser lançada ou contabilizada. Os estágios da receita são: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. Ocorre que, em tese, haveria 2 formas para esse lançamento ser realizado: a) quando fosse prevista a sua realização (regime de competência); b) quando, de fato, houvesse o ingresso do recurso (regime de caixa). O legislador preferiu a segunda hipótese. Assim, o regime contábil de lançamento da receita é chamado regime de caixa. Quando o critério de análise é o exercício financeiro, tem-se que as receitas lançadas, embora não arrecadadas, pertencem ao exercício, figurando, quando não recebidas, como dívida ativa. 5 Dívida ativa da União de natureza tributária e não tributária. Crédito público. Conceito. Dívida pública: conceito. 5.1 Dívida ativa da União de natureza tributária e não tributária ● O que define determinado crédito como dívida ativa é a atribuição, mediante lei, de cobrança às pessoas descritas no Art.1º, caput, da Lei n. 6.830/80, independentemente de sua origem e não importando sua natureza pública ou privada em si. Neste sentido, a jurisprudência majoritária do STJ (entendimento adotado, inclusive, em sede de julgamento de recurso repetitivo), seguida pelo TRF1, afirma constituir dívida ativa créditos originários de operações financeiras, posteriormente cedidos à União por força de lei(Por força de medida provisória, o Banco do Brasil cedeu créditos rurais hipotecários à União, que passaram a integrar a dívida ativa). ● Outro aspecto relevante é a composição do valor que constitui a dívida ativa, que abrange, segundo a dicção legal atualização monetária, juros, multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato. ● Por fim, cumpre destacar que há doutrina minoritária que sustenta que, de todos os entes componentes da Administração Indireta, somente as autarquias possuem a prerrogativa da dívida ativa, com o conseqüente privilégio de constituir unilateralmente seus créditos. A posição majoritária, entretanto, confere interpretação extensiva ao texto legal, entendendo que todas as pessoas que integram o conceito de Fazenda Pública estão albergadas pela disciplina legal. ● Convém destacar que as decisões do TCU que imputem débito, por força de norma constitucional, possuem força de título executivo, sendo assim dispensada a inscrição em dívida ativa. ● Por fim, ressalte-se que segundo o STJ, não se aplica os termos do CTN na cobrança de dívida não-tributária, de forma que não é possível, por exemplo, o redireccionamento da execução fiscal com base no art. 135 do CTN (Súm. 353/STJ). 5.1.1 Inscrição e Certidão da Dívida Ativa ● O ato de inscrição é aquele através do qual o crédito da Fazenda Pública ganha eficácia executiva. É, ainda, ato de controle administrativo de legalidade, realizado pelo órgão competente para a apuração de liquidez e certeza do crédito público. O crédito público, após devidamente constituído, é inscrito no Registro da Dívida Ativa, passando a ostentar eficácia executiva. Apesar de não se confundirem, lançamento e inscrição são conceitos intimamente relacionados quando se trata de dívida ativa tributária. O primeiro é constitutivo, dando ao crédito existência material; o segundo é ato integrativo de eficácia, em que se apuram os requisitos para a criação do título executivo que embasará a execução judicial do crédito tributário. ● A Dívida Ativa regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez, presunção esta que é júris tantum. A certidão de Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será autenticada pela autoridade competente. ● A CDA é o título que embasa a execução fiscal. Existe a peculiaridade de ser possível, até a decisão de primeira instância, a substituição ou emenda da Certidão de Dívida Ativa, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos. Cumpre destacar, entretanto, que essa possibilidade somente poderá acontecer quando se tratar de erro material ou formal. Quando houve mudança do executado, necessária uma nova execução fiscal. STJ súmula 392: A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. 5.2 Crédito Público. Conceito. ● O crédito público pode ser visto sob dois enfoques: econômico, leva em consideração a solvabilidade e o elemento fidúcia, que influem na capacidade de o Estado obter recursos através de empréstimos; e jurídico, aponta que crédito público é a própria obtenção de recursos financeiros por parte do Estado. ● Existe divergência acerca de o crédito público configurar ou não receita pública. Aliomar Baleeiro não vê o crédito público como capaz de compor o elenco regular de receitas públicas correntes; quando muito, entende-o como uma receita impropriamente dita. A essência de seu entendimento está no fato de que os empréstimos representados pelos créditos públicos seriam meras entradas de caixa, uma vez que a cada soma representativa pelo ingresso, no ativo, deve corresponder um outro lançamento, no passivo, para contrabalancear a operação. É a posição majoritária. ● Crédito público é empréstimo obtido pelo poder público – tal e qual ocorre com a iniciativa privada, também os Governos podem firmar contratos para obtenção de recursos que, no caso, são tomados mediante empréstimo. Assim, o crédito público é estabelecido através de um instrumento contratual, fundado em um pressuposto no aspecto de confiança e certeza que o Estado possui e transmite para poder contrair dívidas. ● O professor Alexandre Henrique Salema Ferreira afirma que há 3 posições acerca da natureza jurídica do crédito público: ato de soberania, decorrente da autodeterminação e de auto-obrigação do Estado; operação resultante de um ato legislativo, e não contratual, restando ao mutuante a possibilidade de aderir ou não; e trata-se de um contrato sujeito ao regime público. 5.3 Dívida Pública. Conceito. Afirma-se que dívida pública é toda a dívida contraída pelo Estado a fim de obter recursos financeiros necessários ao cumprimento de seus objetivos. A dívida pública brasileira, assim, encontra-se apresentada em contratos firmados e no lançamento de títulos da dívida pública, dentre os quais se destacam Bônus do Tesouro Nacional, Obrigações do Tesouro Nacional, Letra Financeira do Tesouro Nacional, Nota do Banco Central e Letra do Tesouro Nacional. Conforme Eugênio Rosa de Araújo, trata-se de ato de natureza contratual, embora fortemente disciplinado pelo Direito Público. PRINCÍPIOS INCIDENTES SOBRE A DÍVIDA PÚBLICA - Régis Fernandes de Oliveira, em seu Curso de Direito Financeiro, aponta princípios incidentes sobre o débito público, quais sejam: ● Pacta sunt servanda – O contrato enquanto tal vincula as partes componentes e deve ser cumprido; ● Cláusula rebus sic stantibus – Ocorrendo bruscas transformações na situação fática que se verificava à época da assinatura do contrato, modificação esta que torne difícil ou impossível o cumprimento do que foi pactuado, deve haver reformulação do teor do contrato; ● Princípio da boa-fé; ● Princípio do beneficium competentiae – não redução do devedor ao estado de necessidade; ● Princípio do favor debitoris – a parte mais fraca deve ser tutelada, de modo a tornar mais suave o cumprimento das obrigações; ● Impossibilidade de alteração unilateral das cláusulas. 5.4 Dívida Pública Consolidada. Dívida Pública Flutuante. Dívida Pública Mobiliária. Dívida consolidada é o montante total das obrigações financeiras assumidas em virtude da Constituição, leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito.para amortização em prazo superior a 12 meses; é a que tem deduzidas as disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os demais haveres financeiros, nos termos da Resolução nº 43/2001; A dívida pública flutuante é a assumida para pagamento no mesmo exercício. Por fim, dívida pública mobiliária é a decorrente de títulos emitidos pelos entes federados. A Lei de Responsabilidade Fiscal promoveu algumas alterações neste panorama. ● Primeiro, estabeleceu que a dívida relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil integra a dívida mobiliária da União. (art. 29,inc. II, da LRF) ● Instituiu também uma ampliação do conceito de dívida pública consolidada, aí incluindo as operações de crédito para amortização em prazo inferior a 12 meses, desde que incluídas no orçamento. 5.5 Limites da Dívida Pública ● O atual panorama brasileiro possui específica regulamentação dos limites da dívida pública, tendo em vista a busca de um aperfeiçoamento cada vez maior da eficiência da gestão estatal. ● Inicialmente, convém afirmar que um ente público somente pode assumir um débito público mediante específica autorização legislativa e após prévia previsão orçamentária. Além disso, devem ser obedecidas as Resoluções do Senado Federal, que é órgão encarregado de autorizar e fiscalizar as obrigações financeiras dos entes públicos. ● Atualmente não há qualquer limite de endividamento para a União, seja em relação à dívida consolidada, seja quanto à dívida mobiliária.O regramento existente
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