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TEMA 04

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28/03/2022 15:36 Crédito tributário
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Crédito tributário
Prof. Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão
Descrição
Análise dos conceitos básicos do crédito tributário, bem como dos elementos trazidos pelo Código
Tributário Nacional (CTN) para o vínculo obrigacional.
Propósito
Compreender os conceitos básicos do crédito tributário, absorvendo os elementos trazidos pelo CTN para o
vínculo obrigacional, é de fundamental importância ao necessário conhecimento para atuação jurídico-
profissional na área do Direito Tributário.
Preparação
Antes de iniciar a apresentação deste conteúdo, tenha em mãos o CTN (Lei nº 5.172/1966).
Objetivos
Módulo 1
Conceito, constituição e suspensão do crédito tributário
Reconhecer o conceito, a constituição e a suspensão do crédito tributário.
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Módulo 2
Extinção do crédito tributário
Identificar as situações de extinção do crédito tributário.
Módulo 3
Exclusão do crédito tributário. Privilégios e garantias do
crédito
Analisar a exclusão, as garantias e os privilégios tributários.
Como sabido, o tributo representa a principal receita obtida compulsoriamente pelo Estado-tributante
do particular-contribuinte. O ordenamento jurídico nacional organizou tal dever como um vínculo
obrigacional, tendo o CTN disciplinado, de forma lógica, a relação jurídico-tributária. 
Podemos identificar três momentos que ensejam a formação do dever tributário: 
Lei: define, abstrata e genericamente, a obrigação tributária.
Fato gerador: que concretiza a situação definida em lei.
Lançamento: medida adotada pela autoridade estatal buscando verificar a ocorrência do fato
gerador, formalizando o ocorrido e traduzindo o valor devido.
Com o lançamento, marca-se a transição da obrigação para o crédito, que será analisado ao longo
deste conteúdo.
Introdução
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1 - Conceito, constituição e suspensão do
crédito tributário
Ao fim do módulo, você será capaz de reconhecer o conceito, a constituição e a
suspensão do crédito tributário.
Conceito
Para a perfeita visualização da obrigação, de modo que o sujeito passivo encontre-se pronto a cumpri-la,
vejamos o esquema a seguir dos três momentos que ensejam a formação do dever tributário, conforme
vimos na introdução:
Uma vez ocorrida a obrigação tributária, faltaria traduzir tal dever para sua expressão econômica, que vai se
materializar, então, com a formação do crédito tributário. Esse é, portanto, o reconhecimento formal do
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sujeito ativo de uma obrigação com cunho pecuniário, resultante de um fato gerador produzido pelo sujeito
passivo.
Por ter tal função, podemos afirmar, sem dúvida, que o crédito tributário nasce da
obrigação principal, tendo, portanto, os mesmos limites, as mesmas características
e a mesma natureza daquela obrigação (art. 139 do CTN).
Nos dizeres do CTN, em especial no art. 142, caberá à Administração Pública, por meio do lançamento,
constituir o crédito tributário. Assim, é esse procedimento administrativo que vai permitir à Administração
tornar a obrigação tributária algo líquido e certo, passível de exigência pela Fazenda. 
Ainda segundo o CTN, em seu art. 140, a obrigação principal tem certo grau de independência do crédito
tributário. Isso quer dizer que não é afetada pelas circunstâncias que venham a modificar o crédito. Dessa
forma, se o processo de lançamento for anulado, suspenso ou interrompido, a obrigação subsistirá, perfeita
e intocável. Igualmente, o crédito tributário pode ser excluído (isenção/anistia), mas a obrigação
permanecerá inalterada.
Exemplo
Se, por equívoco, figurar em lançamento como sujeito passivo quem não o seja, nem por isso será afetada a
obrigação. A correção poderá ser feita para exigir o cumprimento da obrigação por parte do verdadeiro
devedor.
Em relação ao crédito, vale dizer que, depois de regularmente constituído, somente poderá ser modificado
nos casos expressamente determinados pelo próprio CTN (art. 141). Devemos ainda reconhecer que o
crédito estará definitivamente constituído quando terminado todo o procedimento da atividade do
lançamento, estando cientes de que o último ato deste é a notificação do sujeito passivo pela Fazenda
Pública.
Lançamento
O art. 142 do CTN traz o conceito legal de lançamento. A função deste é individualizar a obrigação prevista
em abstrato pela lei e surgida em concreto com a ocorrência do fato gerador. Na verdade, o lançamento
compete sempre à autoridade administrativa, e em relação a esta é um dever vinculado e obrigatório, sob
pena de responsabilidade funcional. 
Para a Administração Pública, já conhecemos a noção de atos discricionários e vinculados, o que nos faz
repetir que, ocorrido o fato gerador, deve, necessariamente, o representante da Fazenda Pública efetuar
vinculadamente o lançamento. Para tanto, deve cumprir as seguintes funções:
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Conclui-se, então, que o lançamento vai unicamente formalizar a obrigação, isto é, dar as “formas” da
respectiva obrigação tributária. A autoridade administrativa não pode inventar nem criar nada no
lançamento. Deve apenas verificar a ocorrência do fato gerador e declarar os elementos da obrigação
tributária.
Normas aplicáveis e o direito intertemporal
Os arts. 143 e 144 do próprio CTN constituem a ideia de que tal atividade deve traduzir o ocorrido no
momento do fato gerador, ao determinar que o lançamento será egulado pelas circunstâncias fáticas e
legais vigentes à época da ocorrência do fato gerador. 
Atestar a ocorrência do fato gerador.
Determinar a matéria tributável, ou seja, a base de cálculo no caso
concreto.
Calcular o montante devido.
Identificar o sujeito passivo (não só o contribuinte, mas também
eventuais responsáveis).
Propor, se for o caso, a aplicação de penalidade.
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Assim, se o fato gerador envolver circunstância mensurável em moeda estrangeira, salvo disposição em
contrário, será utilizada a conversão pelos padrões vigentes no momento do fato gerador. 
De igual forma, a lei que rege os elementos básicos do tributo será aquela vigente no momento da
ocorrência do fato gerador, não importando eventual modificação legislativa posterior. Veja a ilustração a
seguir.
Nessa hipótese, pouco importa se a nova alíquota y% é maior ou menor do que a antiga alíquota x%,
utilizando-se a Lei nº 1 do tributo, e não a nova Lei nº 2. Por outro lado, o art. 144 do CTN destaca que há,
concomitantemente, dois aspectos do lançamento:
A retroatividade do lançamento
Tendo em vista que esse artigo refere-se “à data da ocorrência do fato gerador da obrigação”, sendo
então aplicada a legislação que estiver vigente à época.
A irretroatividade da lei tributária
a lei não poderá retroagir a fatos geradores do pretérito, mesmo que a lei do momento da realização do
lançamento esteja revogada ou modificada.
Formalmente, existe, contudo, uma exceção à retroatividade no lançamento, dizendo o § 1º do art. 144 do
CTN que será aplicável a nova lei se trouxer novos critérios de apuração ou instrumentos de fiscalização, ou
ainda caso tenha ampliado os poderes de investigação das autoridades fazendárias ou atribuído ao crédito
outras garantias ou privilégios.

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Modalidades do lançamento
O professor Irapuã Beltrão discorre sobre as modalidades de lançamento, diferenciando-as e trazendoexemplos.
Historicamente, o Direito brasileiro sempre praticou três tipos de lançamento, variando eles no grau de
participação que o sujeito passivo da obrigação tributária tinha no procedimento. Com o advento do CTN,
unificou-se o procedimento, que até então tinha variações locais, reconhecendo o legislador, como
modalidades do lançamento, as seguintes:

Por declaração

Por homologação

Direto (de ofício)
Lançamento por declaração
Nesta primeira hipótese, o próprio contribuinte, ou alguém em seu nome, presta informações necessárias à
autoridade tributária competente para fazer o lançamento. Caracteriza-se essa modalidade por essa
colaboração de terceiro, daí ser denominada por alguns também lançamento misto (art. 147 do CTN).

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Exemplo
O grande exemplo dessa modalidade de lançamento era o antigo imposto de renda das pessoas físicas,
mas ela vem caindo cada vez mais em desuso. Atualmente, os impostos de transmissão são, usualmente,
lançados por declaração, variando, contudo, em razão da legislação de cada estado e município ou do
Distrito Federal.
O destaque do artigo é a expressão declarante, para comportar a pessoa que traz a informação, já que não
necessariamente será o sujeito passivo do tributo, podendo ser um terceiro distinto daquele que deverá
suportar o pagamento em si. 
O fato de essa modalidade basear-se nas declarações prestadas não quer necessariamente dizer que tais
informações serão obrigatoriamente aceitas pela autoridade administrativa, que deverá, ao empreender a
atividade, verificar a plausibilidade dos dados informados e concluir a apuração dos valores.
Lançamento por homologação
Nesta segunda hipótese, o sujeito passivo calcula a quantidade do tributo e, sem prévio exame da
autoridade administrativa, recolhe o valor, tendo o fisco até cinco anos para fazer o lançamento, por
homologação, do valor recolhido (art. 150 do CTN).
Essa é, sem dúvida, a modalidade mais utilizada no Direito Tributário atual, dada a
comodidade para a burocracia tributária.
Há o dever do sujeito passivo de antecipar o pagamento, sem o prévio exame da administração. Ocorre, em
geral, no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e no Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI). 
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Os pagamentos sempre estarão sujeitos à homologação por parte da administração, e os que tiverem sido
recolhidos corretamente receberão a aprovação (homologação). Assim, aquela antecipação de pagamento
fica submetida à condição resolutória de verificação e concordância administrativa, e o lançamento só vai
se materializar com a expressa concordância da administração. 
A Fazenda Pública tem, então, que verificar o valor a antecipar e homologar — ou não — o depósito
antecipado em cinco anos, a contar do fato gerador, sob pena de decadência, homologando-se tacitamente
aquele pagamento prévio nos termos do § 4º do art. 150 do CTN. Caso nada seja manifestado pela
administração fazendária nesse prazo, ocorrerão a homologação tácita daquele pagamento e a liberação
definitiva do contribuinte.
Curiosidade
Por todas essas características, essa modalidade de lançamento foi chamada por alguns de
autolançamento, mas tal denominação é muito criticada pela maioria da doutrina, pois daria a entender que
o lançamento seria efetuado pelo próprio sujeito passivo, enquanto já sabemos que esse é ato privativo da
administração fazendária.
Sem prejuízo da crítica e da imprecisão (erro, para alguns), vamos encontrar alguns dispositivos da
legislação e outros tantos julgados dos tribunais utilizando tal expressão. 
Por fim, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem entendido que, nas hipóteses de tributos que seriam
lançados por declaração, caso o contribuinte preste informações (declarando o valor a pagar), sem efetuar o
pagamento correspondente, a Fazenda poderá dispensar o lançamento, tudo considerado nas seguintes
súmulas:
Súmula nº 436 do STJ
“A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário,
dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.”
Súmula nº 446 do STJ
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“Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão
negativa ou positiva com efeito de negativa.”
Lançamento de ofício
Nesta modalidade, o lançamento é feito diretamente pela autoridade administrativa, independentemente de
qualquer atitude do sujeito passivo, ou de terceiros, tal qual ocorre, em geral, no Imposto Predial e Territorial
Urbano (IPTU), no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e em algumas taxas.
Todos os atos relativos à constituição do montante devido serão realizados sem
interferência do sujeito passivo.
O lançamento de ofício ocorre também quando existem irregularidades nas outras modalidades, sendo a
forma como a autoridade administrativa ou tributária efetua por auto de infração, que é lavrado pelos
representantes do fisco. 
O lançamento da multa pela infração das obrigações tributárias (inclusive, a acessória) é, em geral, realizado
nessa modalidade, dando origem ao chamado auto de infração. Justo por tudo isso, o CTN prevê a listagem
das hipóteses em que o procedimento será assim realizado, a saber: 
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I. quando a lei assim o determine;
II. quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no
prazo e na forma da legislação tributária;
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III. quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado
declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e
na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento
formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não
o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV. quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer
elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração
obrigatória;
V. quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa
legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo
seguinte;
VI. quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de
terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade
pecuniária;
VII. quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em
benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
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Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda
Pública. 
A princípio, realizado o lançamento, aquela constituição do crédito há de ser definitiva. Afirma-se até certa
imutabilidade, mas naturalmente relativa. Contudo, admite o próprio CTN que o lançamento possa ser
modificado, sendo as causas para tanto previstas no art. 145, sendo elas:

Impugnação do sujeito passivo

Recurso de ofício

Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos
previstos no próprio art. 149
Destaca-se, nesse dispositivo, a remissão feita ao art. 149, já mencionado, que prevê a hipótese da revisão
de ofício do lançamento e, por via de consequência, do crédito, corolário natural da possibilidade de revisão
dos atos administrativos. 
Além disso, tais eventuais modificações são importantes para que se possa afirmar o momento da
VIII. quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado
por ocasião do lançamento anterior;
IX. quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreufraude
ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma
autoridade, de ato ou formalidade especial.
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constituição definitiva do crédito, já que, não ocorrendo quaisquer daquelas causas, valerá o ato do
lançamento como medida final de acertamento do valor tributário.
Suspensão do crédito tributário
Uma vez constituído definitivamente o crédito, este será exigível nos prazos previstos na legislação.
Contudo, o CTN previu hipóteses em que essa exigibilidade ficará suspensa, destacando que, às quatro
causas originariamente previstas, foram adicionadas expressamente outras duas, em 2001, por meio da Lei
Complementar nº 104. 
Assim, temos o fenômeno da suspensão do crédito tributário, quando o sujeito passivo da obrigação tem
adiada ou impedida, por algum tempo, a exigibilidade dessa obrigação. Vale ainda ressaltar que a
concessão de suspensão do crédito naturalmente não libera o sujeito passivo do cumprimento das
obrigações acessórias. 
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
Moratória
O depósito do seu montante integral
As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo
A concessão de medida liminar em mandado de segurança
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Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.
Atenção
É importante registrar que tal suspensão será sempre temporária, não podendo, em qualquer das hipóteses,
ser eterna, figurando, necessariamente, por prazo determinado, no caso da moratória e do parcelamento.
Vamos conhecer, portanto, as hipóteses de suspensão.
Moratória
O instituto da moratória representa uma dilação do prazo concedida pelo sujeito ativo ao sujeito passivo
para o pagamento de uma dívida. Como constitui benefício com os valores devidos à Fazenda Pública,
deverá ser concedida por meio de lei. 
Pelo disposto no art. 152 do CTN, a moratória pode aparecer sob duas formas:
Em caráter geral
Inciso I, sem que indique individualmente qualquer beneficiário.
Em caráter individual
Inciso II, com a particularização do contribuinte favorecido.
Na forma do art. 152 citado, importa notar que a lei de sua concessão, respeitadas as repartições
constitucionais, será do ente político competente, podendo restringir o favor a uma região ou categoria de
contribuintes. Mas as disposições do referido artigo admitem inclusive a hipótese excepcional de ser
A concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial
O parcelamento
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concedida pela União para os tributos dos outros entes políticos. 
De qualquer forma, deverá sempre vir acompanhada por lei, e o ato legislativo que autorizar sua concessão,
em caráter individual, especificará obrigatoriamente os seguintes requisitos: 
I o prazo de duração; 
II As condições de concessão, se de caráter individual. 
Poderá ainda especificar, se for o caso, os tributos a que se aplica, o número de prestações e seus
vencimentos, e as garantias que deverão ser oferecidas pelo beneficiário, tudo na forma dos requisitos
listados no art. 153 do CTN. E tal dispositivo deve ainda ser combinado com o parágrafo único do art. 152,
que autoriza que a lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente sua aplicabilidade a
determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe
ou categoria de sujeitos passivos. 
Por outro lado, é imperioso recordar que a moratória representa uma forma de suspensão do crédito, razão
pela qual se aplica, em geral, àquelas dívidas já lançadas, desde que não sejam fruto de má-fé (art. 154),
podendo ainda ser revogada, se concedida individualmente (art. 155).
Depósito integral do montante do crédito tributário
Essa hipótese não se confunde com o pagamento, mas se refere, sim, ao depósito como garantia,
certamente para instrumentalizar uma discussão administrativa ou judicial.
Sua principal utilidade está no fato de que, uma vez tendo o insucesso daquela eventual demanda, o sujeito
passivo não estará sujeito a qualquer consequência de atraso ou mora, afastando os juros e as multas. 
Mas, dada a necessidade de interpretação literal das causas de suspensão do crédito (art. 111 do CTN), tal
efeito não se obterá com outra eventual garantia a ser ofertada pelo contribuinte. Assim, já definiu o STJ na
Súmula nº 112: “O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se integral e em dinheiro.”
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal (STF), deparando com algumas imposições de depósitos fixados
como condições de recorribilidade ou para medidas judiciais, afastou a possibilidade de que o depósito seja
determinado compulsoriamente. Das decisões da Suprema Corte, restou fixada a interpretação de que a
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apresentação do depósito seja uma faculdade do contribuinte, nunca uma obrigatoriedade. 
Vejamos as duas súmulas vinculantes editadas pelo STF:
Súmula Vinculante nº 21
“É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade
de recurso administrativo.”
Súmula Vinculante nº 28
“É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual
se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário.”
Reclamações e recursos administrativos
Na esfera administrativa, tal qual no Poder Judiciário, há um procedimento pelo qual se impugnam
lançamentos ou autos de infração, por exemplo, sendo relevante notar que qualquer iniciativa nesse sentido
suspenderá a exigibilidade do crédito tributário. 
Caberá a cada ente tributante definir suas regras para tal processamento, sendo tais normas usualmente
denominadas regedoras do “processo administrativo fiscal”. 
Independentemente da possibilidade de legislação pelos entes tributantes, afirmou o CTN que, iniciado o
procedimento com as medidas regulares de impugnação, questionamento, reclamação e seus recursos, o
crédito ficará suspenso, devendo o sujeito passivo ser entendido no campo da regularidade. Obviamente,
essa previsão advém dos princípios constitucionais garantidores do processo no art. 5º e representará uma
forma de suspensão, apesar da efetivação do depósito mencionado no inciso anterior.
Concessão de liminar em mandado de segurança
Neste caso, o que determina a suspensão é um comando, uma ordem do Poder Judiciário, sendo relevante
notar que o administrador não pode eximir-se de cumpri-la, sob pena de desobediência à autoridade
judiciária.
É importante observar que não bastará a impetração do mandado de segurança para que o crédito tributário
tenha sua exigibilidade suspensa, sendo indispensável que o juiz competente, ao analisar os requisitos
processuais, profira decisão liminar com aquele efeito suspensivo. Igualmente, do ponto de vista processual,
uma vez revogada ou cassada aquela liminar, ainda que continuando o processamento do feito, o crédito
tributário voltará a ser plenamente exigível.
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Medida liminar ou antecipação de tutela em outras ações
judiciais
Veio apenas para consolidar a jurisprudência que também as admitia, como manifestação do poder geral de
cautela que os magistrados têm para assegurar situações que não podem aguardar as decisões definitivas.
Na verdade, se lembrarmos que o CTN foi redigido originalmente pelo legislador de 1966, impõe-sea
conclusão de que as novidades processuais trazidas pelas reformas legislativas no Código de Processo
Civil (CPC) não estavam reconhecidas no CTN. 
Tal qual afirmado para a hipótese de concessão de liminar no mandado de segurança, essa modalidade tem
que ser vista pelo prisma processual, já que, ocorrendo qualquer revogação da liminar ou da tutela
antecipada, sem prejuízo das demais etapas no processamento do feito, a exigibilidade do crédito tributário
volta a ser plena.
Parcelamento
Muitos já vislumbravam o parcelamento no CTN, mas teve a Lei Complementar nº 104/2001 o mérito de
expressamente reconhecer sua possibilidade, além de determinar a aplicação subsidiária de todas as regras
aplicáveis à moratória.
De toda sorte, não se devem confundir os institutos, já que:
Moratória
Pressupõe a dilatação do prazo (com ou sem divisão de cotas no momento do pagamento)
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Parcelamento
Não trará prazos de pagamento, apenas o fracionamento das dívidas em cotas.
Sem prejuízo disso, desde a inclusão, em 2001, o parcelamento consta como forma própria de suspensão
da exigibilidade do crédito e será concedido na forma e na condição estabelecidas em lei específica de cada
ente federativo. 
Ainda pelo que consta no atual art. 155-A do CTN, ao utilizar os mesmos padrões definidos pelo CTN para a
moratória, admitiu-se a possibilidade de sua concessão em caráter geral ou individual, com eventuais
requisitos, condições ou garantias, mas sempre por tempo determinado. 
Além disso, deve ser dado destaque ao contido no § 1º do art. 155-A, que estabelece o não afastamento dos
juros e multa no caso do parcelamento concedido, salvo disposição em sentido contrário.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Lançamento
02:46min
Moratótia
03:04min
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!




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Lançamento
02:46min
Moratótia
03:04min
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
De conformidade com a sistemática do Código Tributário Nacional (CTN), o crédito tributário é constituído:
A Pelo fato gerador da obrigação tributária principal
B Pela obrigação tributária principal
C Por lei ordinária
D Por lei complementar
E Pelo lançamento
Parabéns! A alternativa E está correta.


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Como destacado, ainda que a ocorrência do fato gerador seja fundamental para o aparecimento
do dever tributário, será com o lançamento que ele terá sua formalização, quantificação e,
finalmente, todos os elementos que dotam o fisco de sua exigibilidade.
Questão 2
É caso de suspensão da exigibilidade do crédito tributário:
A A compensação
B A transação
C O depósito de seu montante integral
D A conversão do depósito em renda
E A isenção
Parabéns! A alternativa C está correta.
Diversos fenômenos acometem a relação tributária, produzindo consequências distintas. O CTN
os reconheceu, listando as causas de suspensão, extinção e exclusão nos arts. 151, 156 e 175,
respectivamente. Como a questão demanda o conhecimento das causas suspensivas, não há
dúvida de que a única constante na listagem do art. 151 é a realização do depósito integral.

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2 - Extinção do crédito tributário
Ao fim do módulo, você será capaz de identificar as situações de extinção do
crédito tributário.
Situações de extinção do crédito tributário
Diferentemente dos casos de suspensão, pelos quais se retira a exigibilidade por tempo certo, nas hipóteses
de extinção, dá-se a terminação da relação tributária, liberando definitivamente o sujeito passivo da
obrigação que tinha diante do Estado (sujeito ativo), com o desaparecimento da dívida e da própria
obrigação tributária surgida com o fato gerador. 
Nesse ponto, nunca é demais recordar que o próprio art. 113, § 1º, do CTN determina que a obrigação
principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. 
Hoje são 11 os casos de extinção, de acordo com a enumeração feita pelo art. 156 do CTN, a saber: 
I. o pagamento; 
II. a compensação; 
III. a transação; 
IV. a remissão; 
V. a prescrição e a decadência; 
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VI. a conversão de depósito em renda; 
VII. o pagamento antecipado e a homologação do lançamento; 
VIII. a consignação em pagamento; 
IX. a decisão administrativa irreformável; 
X. a decisão judicial passada em julgado; 
XI. a dação em pagamento em bens imóveis. 
Pagamento
É a forma mais comum de extinção do crédito e nada mais é do que o cumprimento da obrigação (objeto)
com a entrega da soma feita em dinheiro pelo sujeito passivo ao sujeito ativo. 
Pela atual redação da legislação tributária (art. 162 do CTN), o pagamento poderá ser feito em:
Moeda
Cheque
Vale postal
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Estampilha
Papel selado
Processo mecânico
Naturalmente, cada ente federativo deverá prescrever suas normas para disciplinar a realização do
pagamento. Do mesmo modo, na hipótese de omissão de regras próprias, determina o CTN que o
pagamento deverá realizar-se em qualquer repartição no domicílio do sujeito passivo (art. 159) e deverá
ainda ser feito até 30 dias após a comunicação do lançamento feita ao sujeito passivo (art. 160).
Entretanto, reforça-se que pode a legislação de cada tributo dispor de modo
contrário, fixando outro prazo para o pagamento, inclusive com desconto para o
caso de antecipação de sua efetivação.
De qualquer forma, o não pagamento tempestivo gerará, salvo disposição de lei em contrário, juros de mora
de 1% ao mês (art. 161 do CTN), não havendo no Código qualquer previsão de multa genérica. 
O pagamento do crédito tributário é tão importante que o CTN fixou a ideia de que este não se presume,
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devendo ser comprovado pelo sujeito passivo toda vez que exigido. Dessa forma, o fato de se realizar o
pagamento, por exemplo, de uma parcela do IPTU não faz presumir seu pagamento integral; o fato de pagar
o IPTU relativo a um ano não quer dizer que o do ano anterior também tenha sido pago; o fato de pagar
qualquer tributo não faz presumir o pagamento dos demais tributos, tal qual norma do art. 158 do Código. 
Na mesma direção, o art. 157 do CTN explicita o óbvio. O fato de ter sido aplicada penalidade ao sujeito
passivo não dispensa o recolhimento integral do crédito.
Compensação
A compensação não é instituto privativo do Direito Tributário, tendo sua regulamentação no Código Civil
(CC), que dispõe, em seu art. 368, a ideia do estabelecimento do equilíbrio de contas do contribuinte e do
Estado, existindo débitos recíprocos, que terminariam por se anular.
Nesta hipótese de extinção, deve necessariamente haver lei estipulando as condições e as garantias para
sua ocorrência (art. 170 do CTN). Se o contribuinte pretender fazer essa compensação pela via judicial,
determina atualmente o art. 170-A que isso somente poderá acontecer após o trânsito em julgado da
respectiva decisão judicial. 
Na medida da dependência de lei, impõe-se ao contribuinte obter o reconhecimento da autoridade
administrativa para sua efetivação, não podendo realizá-la de modo unilateral em suas contas. 
Podemos afirmar que são requisitospara que se opere a compensação:

Credores e devedores recíprocos

Lei autorizada

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Reconhecimento administrativo ou trânsito em julgado de
ação judicial

Existência de créditos líquidos e certos em favor do sujeito
passivo
Transação
É a hipótese legal do vulgarmente denominado acordo. Igualmente, tendo sua origem no Direito Civil (art.
840 do CC), é o ajuste pelo qual as partes terminam um litígio, ou evitam que se verifique, mediante mútuas
concessões. Da mesma forma, deve haver uma lei autorizadora, sendo necessário ainda que essa lei indique
qual autoridade administrativa realizará efetivamente o acordo em cada caso concreto.
No caso tributário, de acordo com o art. 171 do CTN, ficou explícita a possibilidade de sua realização para
terminar o litígio, ficando sempre dependente de regulamentação por lei de cada ente federativo.
Remissão
Trata-se do perdão da dívida pelo Estado (art. 172 do CTN), dependendo de lei de cada ente federativo,
sendo certo que o próprio Código já prevê alguns parâmetros a serem seguidos. 
Na forma contida no art. 172 do CTN, a lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por
despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
à situação econômica do sujeito passivo;
ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto à matéria
d f
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Obviamente, só poderá dar-se por lei, ou autorizada por esta, devendo ainda indicar os requisitos e as
condições a que o sujeito passivo deverá atender para receber tal perdão. Por força do art. 150, § 6º, a
Constituição Federal ainda exige que esse favor seja concedido por lei específica.
Prescrição e decadência tributárias
O professor Irapuã Beltrão conceitua e diferencia a prescrição e a decadência tributárias, tratando de suas
principais regras.
de fato;
à diminuta importância do crédito tributário;
a considerações de equidade, em relação às características pessoais ou
materiais do caso;
a condições peculiares a determinada região do território da entidade
tributante.

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Ambas importam em desaparecimento de direito pelo transcurso de determinado lapso de tempo, sendo
seu efeito prático o mesmo. Entretanto, apresentam diferenças claras, já que:
Na decadência
O que desaparece é o próprio direito, por não ter sido exercido no prazo determinado.
Na prescrição
Há o desaparecimento do direito de ação contra o contribuinte pelo decurso do tempo que a lei fixar.
A decadência ou caducidade, em Direito Tributário, significa a perda do direito de a Fazenda Pública
proceder ao lançamento do crédito tributário. Nesse sentido, o art. 173 do CTN determinou que decai (ou
caduca) o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário em cinco anos, sendo contados a partir:
I. do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; ou 
II. da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.
É importante observar que, para o lançamento por homologação, temos regra própria (art. 150, § 4º, do
CTN), prevendo que o lapso decadencial de cinco anos será contado a partir da ocorrência do fato gerador. 
Considerando, dessa forma, o § 4º do art. 150 do CTN uma regra específica para os casos de lançamento
por homologação fruto de pagamentos antecipados, a previsão do art. 173, I, do CTN será aplicada aos
demais casos, figurando-se como um método geral para início da contagem da caducidade do direito da
Fazenda Pública. Assim, podem-se sintetizar os critérios para utilização do termo inicial da seguinte forma:
Modalidades de lançamento Termo inicial
Lançamento por declaração Primeiro dia do exercício seguinte
Lançamento de ofício Primeiro dia do exercício seguinte
Lançamento por homologação Fato gerador
Elaborado por Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão.
Em qualquer hipótese, sendo constatada — administrativamente ou por ato judicial — a existência de vício
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formal na realização do lançamento, impõe-se sua invalidação, abrindo-se novo prazo de cinco anos, a
contar da data em que se tornou definitiva aquela anulação. 
Não ocorrida a decadência do direito do fisco, o crédito foi regularmente constituído, e será esperado o
pagamento. Não realizado o pagamento e configurada a mora do contribuinte, a Fazenda Pública deve
adotar as providências para a cobrança judicial, e será cogitado o prazo de prescrição. 
Nesse sentido, o art. 174 do CTN determinou que ocorrerá a prescrição também em (cinco anos contados,
desta feita, da data da constituição definitiva do crédito tributário, que será, em geral, do lançamento feito. 
Tradicionalmente, os prazos prescricionais estão sujeitos a interrupções e suspensões. A suspensão do
prazo prescricional caracteriza-se com:
a cessação temporária do seu curso, sendo certo que, uma vez superada a
causa a prescrição retorna a seu curso normal, computado o tempo
anteriormente decorrido […]. [Enquanto isto, na] interrupção da prescrição a
situação é diversa: verificada uma das causas interruptivas, perde-se por
completo o tempo decorrido. O lapso prescricional iniciar-se-á novamente. O
tempo decorrido fica totalmente inutilizado.
(VENOSA, 2010)
Assim, será tal prazo interrompido:

Pelo despacho que ordenar a citação pessoal do devedor

Pelo protesto judicial

Por qualquer ato judicial que constitua o devedor em mora

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Por qualquer ato inequívoco em que o devedor reconheça
seu débito
Por outro lado, ao contrário das hipóteses de interrupção que foram sistematizadas e agrupadas no próprio
parágrafo único do art. 174 do CTN, encontramos os casos de suspensão no contexto do tratamento
tributário, na medida em que são determinadas as causas de suspensão da exigibilidade do próprio crédito.
Assim, se o contribuinte impugnou a exigência, a exigibilidade está suspensa, só se restabelecendo o direito
à ação depois da decisão administrativa final, decorrido o prazo de 30 dias para cumprimento da cobrança.
Conversão de depósito em renda
Ocorre em qualquer caso em que haja um depósito a favor da Fazenda Pública e ele passe a integrar
definitivamente os cofres públicos, não estando mais sujeito a não importar condição ou pendência. 
Dessa forma, o depósito do montante integral realizado, tanto judicial quanto administrativamente, para
suspender a exigibilidade dos valores devidos à Fazenda Pública, quando não mais funcionar como garantia
de discussão ou no curso de processo, poderá ser convertido em renda, extinguindo, total ou parcialmente, o
crédito tributário.
Pagamento antecipado e homologação do lançamento
Nesse caso, conforme nossos comentários, ao mencionarmos essa modalidade de lançamento, haverá o
pagamento antecipado, sob a condição resolutória da homologação. 
Naturalmente, a extinção real do crédito tributário não se dá com aquela antecipação de pagamento, mas,
sim, com a posterior e futura homologação dos valores. Por isso essa hipótese não se confunde com a
regra genérica do pagamento.
Consignação em pagamento
A consignação em pagamento é o meio judicial disponível ao devedor para liberar-se de sua obrigação,
quando não concordar com o objeto da obrigação ou encontrar algum obstáculo ilegal ou irregular para
efetivar o pagamento. Assim, recorrendo ao Poder Judiciário, deposita o valor que entende devido,
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postulando ao juiz o reconhecimento do acerto de seu posicionamento. 
A ação consignatória tem sua origem na ideia de que o erro de uma parte não justifica o da outra envolvida
no vínculo obrigacional. Dessa forma, o devedor tem a obrigação de pagar, e se o credor, por qualquer
motivo, não quiser receber ou mesmo dificultar o recebimento, o devedor deverá efetivar o depósito em
juízo, para liberar-se de sua obrigação. 
Trata-se, na verdade, de uma ação judicial e, ao decidir o conflito, o juiz dirá quem tem razão:
Sujeito passivo
Se julgada a favor do contribuinte, o pagamento se reputa efetuado, convertendo-se tal depósito em
renda.
Fazenda Pública
Se o juiz der ganho de causa à administração, esta deverá cobrar ainda os juros de mora, além das
penalidades cabíveis.
Para disciplinar o instituto e seu emprego na relação fiscal, o CTN trouxe, no art. 164, a descrição de que a
importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: 
I. de recusa de recebimento ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao
cumprimento de obrigação acessória; 
II. de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; e 
III. de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo
fato gerador.
Decisão administrativa irreformável
Reconhecido pelo próprio Código que o sujeito passivo terá direito a discordar dos valores exigidos pela
Fazenda Pública, apresentando sua impugnação, reclamações e recursos, haverá um processo
administrativo tributário. Esse processo exigirá das autoridades administrativas competentes a solução do

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caso concreto posto para análise e, se a decisão for favorável ao sujeito passivo, extinguirá o crédito
tributário. 
É importante observar, das disposições do CTN, que o art. 145 admite que aquela impugnação pode implicar
alteração do lançamento anteriormente realizado e que esse procedimento suspende a exigibilidade do
crédito (art. 151, III), se observadas as regras legais a respeito do processo administrativo fiscal. É nesse
sentido da existência de uma lei reguladora do procedimento que a decisão favorável ao contribuinte
somente produzirá aquele efeito extintivo do crédito, quando a decisão prolatada não mais puder ser
alterada na esfera administrativa, nem na esfera judicial.
Decisão judicial passada em julgado
Da mesma forma que o sujeito passivo pode questionar administrativamente os valores exigidos, é a todos
garantida — inclusive pela própria Constituição Federal (art. 5º, XXXV) — a possibilidade de buscar no Poder
Judiciário a solução para as discordâncias ou divergências surgidas no caso concreto.
Atenção
Mas novamente a extinção do crédito somente vai ocorrer com a imutabilidade da decisão judicial
conquistada com a coisa julgada. Assim, não basta o ingresso de ação judicial ou o curso de processo para
afastar definitivamente o crédito tributário, sendo indispensável decisão favorável ao sujeito passivo sem
qualquer possibilidade de modificação por recursos.
Dação em pagamento
Outro instituto muito comum no direito privado, conceituado pelo CC, é a hipótese em que “o credor pode
consentir em receber prestação diversa de que lhe era devida” (art. 356 do CC de 2002). 
Inovada pela Lei Complementar nº 104/2001, somente será válida, no Direito Tributário, para bens imóveis e
na forma e nas condições estabelecidas em lei de cada um dos entes tributantes.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Pagamento

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04:05min
Consignação em pagamento
03:05min
MÓDULO 2
Vem que eu te explico!
Pagamento
04:05min
Consignação em pagamento
03:05min
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os prazos para a Fazenda Pública constituir e cobrar o crédito tributário são, respectivamente:
A
Prescricional de cinco anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento deveria ter sido efetuado, e decadencial de cinco anos, a contar da
constituição definitiva do crédito tributário.
Decadencial de cinco anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o




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B
Decadencial de cinco anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento deveria ter sido efetuado, e prescricional de cinco anos, a contar da
constituição definitiva do crédito tributário.
C
Decadencial de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, e prescricional de
cinco anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte da constituição definitiva do
crédito tributário.
D
Prescricional de cinco anos, a contar da notificação válida feita ao devedor, e decadencial
de cinco anos, a contar da decisão judicial que anular o primeiro lançamento.
E
Decadencial de cinco anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte ao surgimento
da obrigação tributária, e prescricional de cinco anos, a contar da inscrição do crédito na
dívida ativa.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Como destacado no texto, além de a decadência e a prescrição serem formas de extinção do
crédito, é fundamental observar o critério de contagem de cada uma delas, sempre na forma dos
arts. 173 e 174 do CTN. Assim, mais do que tempo para constituição do crédito e para
ajuizamento da execução fiscal no caso de não pagamento, extrai-se daqueles dois artigos o
termo inicial dos respectivos prazos.
Questão 2
Uma lei municipal determinou o cancelamento de débitos fiscais com a Fazenda Municipal de valor inferior a
R$250,00. Nesse caso, trata-se de:
A Anistia
B Isenção
C Remição
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3 - Exclusão do crédito tributário. Privilégios e
garantias do crédito
Ao fim do módulo, você será capaz de analisar a exclusão, as garantias e os
privilégios tributários.
D Remissão
E Moratória
Parabéns! A alternativa D está correta.
É fundamental reconhecer a natureza de cada instituto, sendo até mesmo isso
independentemente de eventual nomenclatura empregada. A ideia de colocar fim a um débito já
lançado, inclusive considerando a ideia de baixo valor, remete diretamente ao sentido do perdão,
ou seja, a remissão contida no art. 172 do CTN.

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Exclusão do crédito tributário
Seguindo o padrão das outras modalidades de atingimento do crédito, o CTN prevê ainda dois casos de
exclusão do crédito. Neles, ainda que ocorrido o fato gerador da tributação, o crédito não será satisfeito pela
forma regular de quitação do tributo pelo sujeito passivo. Segundo o art. 175 do CTN, são formas de
exclusão do crédito a isenção e a anistia. 
De qualquer modo, nessas formas de exclusão do crédito tributário, haverá o impedimento do lançamento
do tributo por determinação legal, apesar de ter ocorrido o fato gerador da obrigação tributária.
A exclusão do crédito tributário significa evitar que ele se constitua.
Desta feita, nessas hipóteses de exclusão, ocorre o fato gerador, mas, por disposição legal, haverá o
impedimento de que a autoridade administrativa realize a constituição do crédito tributário. Ou seja, não
haverá o lançamento por determinação de lei que protege aquela situação, seja por isenção, seja por pela
anistia. 
Por força do art. 150, § 6º, a Constituição ainda exige que esse favor seja concedido por lei específica.
Sendo liberalidade do PoderPúblico, tanto a primeira quanto a segunda não gerarão direitos adquiridos,
tampouco liberarão o sujeito passivo do cumprimento das obrigações acessórias.
Isenção
A isenção constitui o favor clássico do Direito Tributário, já que dispensa o sujeito passivo do pagamento
em relação a fatos geradores que ainda vão ocorrer. Trata-se de medida de política fiscal, ora associada à
capacidade contributiva ora associada a objetivos de uma finalidade extrafiscal. 
Por dispensar o pagamento de fato gerador futuro, fica excluído o crédito com a dispensa da autoridade
administrativa de realizar o lançamento correspondente. Naturalmente, constitui matéria de reserva legal,
ou, como explicita o art. 176 do CTN, ainda que fruto de convenção ou contrato, depende de lei para sua
materialização.
A lei concessiva ou autorizativa deve, portanto, especificar de forma clara os
tributos a que se aplica, mesmo porque será objeto de interpretação literal.
Exatamente por causa dessa determinação da forma de interpretar seu ato concessivo, deve ser afastada
qualquer leitura extensiva em sua aplicação.
Atenção
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Uma ponderação importante é que a isenção concedida a prazo certo e sob condições específicas não
poderá ser revogada antes de seu termo final, salvo nos casos de descumprimento das exigências
estabelecidas, tendo em vista o art. 178 do CTN.
O dispositivo deixa claro que, para haver a proteção da irrevogabilidade sobre a isenção, não basta que o
favor tenha sido dado com prazo determinado, mas também que ela (a proteção da irrevogabilidade sobre a
isenção) seja onerosa, ou seja, tenha sido concedida com a imposição de condições ao particular.
Naturalmente, essa proteção somente se dá na medida em que o beneficiário esteja cumprindo as
condições, podendo ser resumida da seguinte forma:
Elaborado por Irapuã Gonçalves de Lima Beltrão.
Esta sistemática prevista no CTN foi inclusive objeto de destaque no Judiciário, tendo o STF a estabelecido
na Súmula nº 544: “Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente
suprimidas.”
Anistia
A anistia refere-se à modalidade de exclusão do crédito na qual o poder tributante dispensa o pagamento de
infrações cometidas anteriormente. Observando as demais disposições do próprio Código, demanda lei para
sua efetivação, tendo ainda o CTN orientado para a impossibilidade de sua aplicação às situações
qualificadas como crimes ou contravenções, praticadas com dolo, fraude ou simulação, e aquelas
resultantes do conluio de duas ou mais pessoas. 
Como a anistia também constitui liberalidade do Poder Público, deverá ter seu fundamento em lei,
Quanto ao prazo
Sem prazo irrevogável Com prazo certo
Indeterminado Determinado
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observando-se ainda a exigência constitucional (art. 150, § 6º) de que o diploma legal seja específico em
matéria tributária. 
Essa concessão da dispensabilidade poderá abranger todas as infrações cometidas, sendo denominada
anistia geral. Contrariamente, o perdão poderá também ser limitado a algumas infrações, tais quais:

Para determinado tributo

Para determinada região do território da entidade tributante

Para determinado montante de penalidade pecuniária
Reconhecendo todas essas possibilidades, o art. 181 do CTN ainda prevê a possibilidade de que a anistia
seja limitada com condição de pagamento do tributo. 
Da mesma forma que os demais favores fiscais anteriormente reconhecidos pelo CTN, a anistia pode ser
concedida em individual, mas sempre dependerá de lei autorizativa, por despacho administrativo em
expediente requerido pelo interessado com a demonstração do cumprimento dos requisitos legais, e jamais
gerará direito adquirido.
Privilégios e garantias do crédito
Como as receitas tributárias representam a grande forma de mantença do Estado, as leis tributárias sempre
trazem garantias e privilégios ao crédito tributário, de forma a tentar assegurar a arrecadação daqueles
valores, mesmo que em situações extremas. 
Por óbvio, o CTN prevê as garantias e os privilégios básicos de todos os créditos tributários, sendo certo que
os casos ali previstos não estão postos de forma taxativa (art. 183 do CTN), e que as leis tributárias poderão
trazer outros.
Garantias
A maneira de assegurar os créditos em geral no Direito está na responsabilidade que o patrimônio do
devedor sofre. Assim, no caso de não pagamento do crédito, o patrimônio do devedor responderá por aquele
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valor. Na estrutura do Direito, todavia, existem várias excludentes de bens que deixam de responder por
aquele crédito (ex.: impenhorabilidade, inalienabilidade, incomunicabilidade).
A grande garantia do crédito tributário está no fato de que, em geral, aquelas exceções que retiram
determinados bens dessa responsabilização não se aplicam ao Direito Tributário (ex.: as
impenhorabilidades derivadas da vontade das pessoas). O crédito tributário somente não poderá deixar de
considerar a chamada “impenhorabilidade absoluta” (art. 184 do CTN), cuja listagem hoje está prevista no
CPC. Pode-se dizer que a garantia atribuída ao crédito tributário é a ampla responsabilização do patrimônio
do devedor. 
Outra garantia foi o estabelecimento da presunção de fraude à execução pelo art. 185, se o devedor alienar
patrimônio depois de iniciada a cobrança do crédito tributário regularmente inscrito e não reservar bens
suficientes para o pagamento daquele. 
Como a previsão do CTN marcava o início da presunção da fraude para a fase judicial, muitos sonegadores
se aproveitavam disso para evitar a aplicação do art. 185. Na reforma da Lei Complementar nº 118/2005,
antecipou-se o momento da presunção, sendo agora contado não mais da ação de execução fiscal, mas,
sim, da inscrição em dívida ativa.
Atenção
Vale notar que tal presunção é de caráter absoluto, não admitindo qualquer tentativa de prova em contrário.
Se tal medida veio para proteger os interesses do fisco, de igual forma a Lei Complementar nº 118/2005
trouxe a figura da indisponibilidade de bens decretada pelo juiz, na forma do novo art. 185-A, naquilo que
alguns estão chamando de bloqueio ou penhora on-line. 
Mas, para que se empregue tal instituto, são fundamentais alguns aspectos:

Dívida em fase de execução, com o devedor citado para o
feito de cobrança.
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
Apesar de ter ocorrido a citação pessoal, o devedor não
pode ter efetuado o pagamento, nem apresentado bens à
penhora.
Uma vez determinado seu emprego, alguns pontos devem ser observados:
Preferências do crédito tributário
a decisão judicial será comunicada preferencialmente por via
eletrônica;
a comunicação será encaminhada para os registros de imóveis,
autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de
capitais;
a indisponibilidade deve limitar-se ao valor da dívida exigível;
se atingidos bens ou direitos em montantes superiores, deve o juiz
determinar o imediato levantamento dos bens ou valores que
excederam ao limite.

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O professor Irapuã Beltrão discorre sobre as preferências do crédito tributário, procurando sistematizar e
contextualizá-las.
A ideia de privilégio foi estampada pelo CTN na qualidade de preferências do crédito tributário, tendo o
Direito Tributário uma preferência genérica, somente sendo ultrapassado historicamente pelo crédito
trabalhista na forma do art. 186. 
Com isso, o crédito não precisará “disputar” uma eventual posição de destaque em qualquer procedimento,
sendo essaa razão pela qual afirma o CTN, no art. 187, que o crédito tributário não estará sujeito a concurso
de credores ou habilitação nos procedimentos de falência, concordata, inventário ou arrolamento. Ocorre
que, no contexto da edição da Lei de Falências e Recuperação Judicial (Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de
2005), muito argumentou-se sobre a impossibilidade de outros credores receberem seus valores, razão pela
qual a ordem dos privilégios foi parcialmente modificada.
A redação original do CTN já colocava o crédito trabalhista como preferência ao tributário, tendo a reforma
de 2005 explicitado que o mesmo aconteceria com o crédito de acidente de trabalho, hoje também explícito
no caput do art. 186. Entretanto, a grande modificação se deu com a inclusão do parágrafo único nesse
artigo. 
Por tal disposição, ficou evidente que, no caso de decretação de falência, o crédito tributário não será
preferido aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei
falimentar, nem aos créditos com garantia real.
Assim, os encargos para a administração da massa falida, aí considerando as despesas relacionadas com
os fatos ocorridos depois da decretação judicial da falência, devem ser satisfeitos antes de todas as dívidas
havidas pelo falido. Por esse motivo, ganharam a denominação de “extraconcursais”, pois não vão participar
do concurso junto aos demais credores. 
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Se, por um lado, os créditos tributários devidos pelo falido não são preferidos aos créditos extraconcursais,
os fatos geradores de tributos ocorridos nesse processo de falência têm tal natureza na forma do art. 188,
já com a redação dada pela Lei Complementar nº 118/2005. Destarte, os tributos ocorridos depois da
decisão falimentar na administração da massa são considerados extraconcursais e serão preferidos aos
tributos cujos fatos geradores ocorreram antes da declaração de quebra da empresa ou do empresário. 
Contudo, a grande inovação das reformas de 2005 foi a inversão realizada com os créditos com garantia
real (como o penhor ou a hipoteca), que antes não tinham preferência aos tributários.
Ainda para completar a regra sobre as preferências que existem na hipótese falimentar sobre o crédito
tributário, o referido parágrafo único do art. 186 estampa a possibilidade de que o predomínio do credor
trabalhista poderá ter um limite ou uma condição, devendo tal previsão ser conjugada com a disciplina
completa dos créditos dada pelo art. 83 da Lei nº 11.101/2005, que estabeleceu um limite de 150 salários
mínimos por credor. 
Também resultado do art. 83 da Lei nº 11.101/2005 (c/c parágrafo único do art. 186 do CTN), extrai-se que a
preferência fiscal ocorrerá apenas no crédito derivado da ocorrência do fato gerador do tributo, não se
aplicando às multas resultantes da legislação tributária. Nesse caso, as multas (como as decorrentes do
descumprimento da obrigação acessória) somente serão pagas depois dos demais credores. 
Essas multas tributárias somente terão preferência aos créditos subordinados, assim entendidos os dessa
forma previstos em lei ou em contrato, e os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo
empregatício. 
No que concerne à nova classificação de recebimento dos créditos, a elaboração do quadro geral de
credores deverá observar basicamente os seguintes critérios (extraídos da combinação das novas
disposições do CTN com os arts. 83 e segs. da nova Lei de Falências):
I – créditos trabalhistas limitados a 150 salários-mínimos por credor e
os decorrentes de acidentes de trabalho;
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II – créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
III – créditos tributários, independentemente de sua natureza e tempo
de constituição, exceto as multas;
IV – créditos com privilégio especial;
V – créditos com privilégio geral;
VI – créditos quirografários, entre os quais os saldos dos créditos
derivados da legislação do trabalho que excederem 150 salários-
mínimos;
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis
penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias;
VIII – créditos subordinados.
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Como visto, o CTN ainda cria, em consonância com as leis falimentares, o pagamento preferencial do
crédito tributário surgido após a decretação da falência (como encargos da massa falida). Já sob a
denominação de créditos extraconcursais (art. 188), extrai-se do Código que esses valores serão pagos
antes dos débitos surgidos na gestão normal da empresa que virá a falir. 
Além disso, para completar as preferências de recebimento do crédito tributário, determina também a norma
codificada que ele deve ser satisfeito antes dos demais encargos do monte em inventário ou arrolamento
(art. 189) ou de outros valores devidos no caso de liquidação judicial ou voluntária de pessoas jurídicas (art.
190). 
Para garantir a exequibilidade dessas preferências, o CTN determina ainda que não seria concedida
concordata (hoje já extinta), considerada extintas as obrigações do falido (art. 191), nem julgada partilha ou
adjudicação (art. 192), sem que haja a comprovação do pagamento de todos os tributos eventualmente
envolvidos na situação. 
De igual forma, será dada a exigência para a nova figura da recuperação judicial, mormente com a inclusão
do art. 191-A.
Com isso, para que as empresas consigam o reconhecimento judicial de sua proposta de recuperação,
deverão demonstrar situação de regularidade fiscal, por meio de certidão negativa que prove a quitação dos
tributos ou com certidões das quais constem créditos tributários vencidos e não pagos, mas com a
exigibilidade suspensa.
O último privilégio criado nesse momento pelo CTN foi a exigência de prova de quitação do pagamento de
tributo para participação em concorrência, licitação ou para contratação. Claro que, hoje em dia, a redação
do art. 193 do CTN já foi devidamente ampliada pelas leis licitatórias posteriores ao Código, mas a ideia
básica é a mesma: de que se evite nova relação com pessoa inadimplente com o Poder Público.
Vem que eu te explico!
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Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Isenção
02:50min
Garantias
04:03min
MÓDULO 3
Vem que eu te explico!
Isenção
02:50min
Garantias
04:03min
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Nos termos do Código Tributário Nacional (CTN), a isenção e a anistia constituem causas de:
A Extinção do crédito tributário
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B Exclusão do crédito tributário
C Moratória do crédito tributário
D Suspensão da exigibilidade do crédito tributário
E Imunidade
Parabéns! A alternativa B está correta.
Uma das questões mais recorrentes recai na identificação de quais fenômenos podem ser
reconhecidos como causas de suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário. Por isso, é
sempre importante revisitar os arts. 151, 156 e 175 do CTN, ou mesmo nossos comentários nos
módulos deste estudo. De toda forma, é inquestionável que, pelo tratamento dado pelo CTN, a
isenção e a anistia representam formas de exclusão da exigibilidade do crédito tributário.
Questão 2
O termo inicial para a fraude à execução fiscal é:
A A citação válida do executado.
B O despacho do juiz que ordena a citação.
C A distribuição da execução fiscal.
D O início de procedimento administrativo de fiscalização.
E A inscrição na dívida ativa.
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Considerações finais
Naturalmente, a partir das previsões iniciais e das regulamentações do CTN, o mundo fiscal ganha vida, com
a edição das normas de cada tributo por meio das entidades federativas competentes. Algumas espécies
ganham mais relevo ou não na prática nacional, dependendo muito dos montantes de arrecadação efetiva
na sociedade e de seus efeitos nas vidas dos contribuintes. 
Sem prejuízo disso, todas as espécies tributárias têm como raiz fundamental esses conceitos extraídos do
CTN, o que revela a importância das definições observadas anteriormente. A compreensão das formas de
constituição, suspensão e extinção do crédito tributário é essencial para verificar se é devido um tributo e se
ele pode ser exigido.
Constituição, suspensão e extinção do crédito
tributário
O professor Irapuã Beltrão encerra revendo os principais conceitos do módulo, analisando a constituição, a
suspensão e a extinção do crédito tributário.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Como destacado no texto, apesar de a fraude à execução estar prevista no CTN desde sua
redação original, a mudança legislativa operada em 2005 determinou que as alienações ou
onerações de patrimônio realizadas desde a inscrição em dívida ativa seriam afetadas pela
presunção absoluta de fraude, tudo na forma da atual redação do art. 185 do CTN.
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Referências
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. STJ. Súmula 436. DJe de 13/5/2010. Consultado na internet em: 10
jul. 2021.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. STJ. Súmula 446. DJe de 13/5/2010. Consultado na internet em: 10
jul. 2021.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. STJ. Súmula 112. DJ de 3/11/1994. Consultado na internet em: 10 jul.
2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula 544. DJ de 12/12/1969. Consultado na internet em: 10 jul.
2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula vinculante 21. DJe 10/11/2009. Consultado na internet em:
10 jul. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Súmula vinculante 28. DJe 17/2/2010. Consultado na internet em:
10 jul. 2020.
VENOSA, S. de S. Direito Civil: parte geral. São Paulo, SP: Atlas, 2010.
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Para continuar estudando sobre o crédito tributário, o lançamento, e a prescrição e a decadência,
recomenda-se a leitura do artigo As diferenças entre prescrição e decadência tributária, de Silvia Bellandi
Paes de Figueiredo, disponível na plataforma do Conjur.
Sobre as garantias do crédito tributário, é interessante a leitura de A penhora on-line no âmbito da execução
fiscal, por Lúcia de Oliveira Andrade, disponível no portal DireitoNet.
Leia no site Migalhas uma interessante decisão do STF sobre as preferências do crédito tributário, em Não
há preferência da União em execuções fiscais, decide STF.
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