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28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 1/56 Processo administrativo e judicial tributário Prof. Rodrigo Vieira Farias false Descrição Aspectos principais do processo administrativo e judicial tributário. Propósito O conhecimento a respeito do processo administrativo e judicial tributário é de fundamental importância para o profissional do Direito, em especial do direito público. Trata-se de ramo de destaque, o qual lida com um dos aspectos principais da sociedade contemporânea, qual seja, a tributação. Preparação Antes de iniciar seu estudo, tenha em mãos um Vade Mecum, para usar especialmente o Código de Processo Civil (CPC), a Lei nº 6.830/1980 e a Lei nº 12.016/2009. Objetivos Módulo 1 Noções fundamentais A li õ f d t i d d i i t ti 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 2/56 Analisar as noções fundamentais do processo administrativo. Módulo 2 Principais características Reconhecer as principais características da execução fiscal, designadamente sobre a principal ação exacional de nosso Direito. Módulo 3 Ações antiexacionais Listar as principais ações antiexacionais. O Direito Tributário é um dos principais braços do direito público brasileiro. O expansionismo da CF/1988 em matéria tributária, somado à complexidade da legislação infraconstitucional na matéria, faz com que o contencioso tributário, seja na seara administrativa, seja na seara judicial, tenha forte importância. Neste conteúdo, dissertaremos sobre alguns dos principais pontos relacionados com o processo administrativo e judicial tributário no Brasil. Quanto ao último, veremos a execução fiscal, que é a ação exacional por excelência, de iniciativa do Fisco, e as ações antiexacionais, que são de iniciativa do contribuinte ou do responsável tributário. Introdução 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 3/56 1 - Noções fundamentais Ao fim do módulo, você será capaz de analisar as noções fundamentais do processo administrativo. Processo administrativo tributário: noções gerais O processo administrativo tributário versa sobre a fase processual tributária no âmbito administrativo, ou seja, ainda na esfera do próprio ente tributante (município, estado, Distrito Federal ou União). Divide-se em duas espécies: Processo administrativo tributário contencioso Trata-se do litígio entre o Fisco e o sujeito passivo (contribuinte ou responsável), o qual tem início com a manifestação deste em resistir à pretensão da Fazenda de lhe impor algum gravame tributário (cobrar tributo e/ou impor penalidade). Processo administrativo tributário consultivo Versa sobre as consultas que podem ser efetuadas pelo sujeito passivo junto ao detentor da capacidade tributária ativa, nos termos da respectiva lei de processo administrativo tributário. Tem previsão no art. 161, § 2º, do Código Tributário Nacional (CTN). 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 4/56 O processo administrativo tributário contencioso é a espécie que desperta maior atenção e que será objeto de análise mais aprofundada neste material. A competência para legislar sobre processo administrativo tributário, conforme dispõe o art. 24, I, c/c art. 30, I, da CF/1988 de 1988 (CF/1988) é atribuída concorrentemente à União, aos estados e aos municípios como corolário da competência legislativa concorrente para legislarem sobre Direito Tributário e da autonomia dos entes federativos. Assim, cada um deles tem competência legislativa e administrativa em relação a seu próprio processo administrativo tributário. Destaque-se que a competência legislativa concorrente em matéria de processo administrativo tributário deve observância às normas gerais de Direito Tributário, as quais são editadas pela União, com lastro no art. 146, III, da CF/1988. A principal norma geral de Direito Tributário é o CTN (Lei Federal nº 5.172/1966, que tem status de lei complementar). No que tange ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e ao imposto sobre serviços (ISS), dois dos principais impostos estaduais e municipais, é importante observar também o disposto nas Leis Complementares nº 87/1996 e nº 103/2003. Feitas essas breves considerações, passa-se a tratar dos princípios que informam o processo administrativo tributário no Brasil. Princípios do processo administrativo tributário De início, aponta-se que o processo administrativo tributário, como atividade da Administração Pública, está sujeito aos princípios que disciplinam a atuação administrativa, elencados de forma não exaustiva no caput do art. 37 da CF/1988, quais sejam: Legalidade; 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 5/56 Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; Eficiência. Os direitos fundamentais processuais elencados no art. 5º da CF/1988 também devem ser seguidos por todos os entes da Federação durante todo o iter do processo administrativo tributário: Inciso XXXV A inafastabilidade do controle jurisdicional da decisão proferida na esfera administrativa. Inciso LIV O devido processo legal. Inciso LV O contraditório e a ampla defesa. Inciso LVI A inadmissão das provas obtidas por meios ilícitos. Inciso LXXVIII Duração razoável do processo. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 6/56 É importante destacar, por sua relevância, o princípio do formalismo moderado, que visa a impedir que minúcias e pormenores não essenciais afastem a compreensão da verdadeira finalidade da atuação da Administração Pública (MEDAUAR, 2018, p. 168). Os princípios previstos para o processo administrativo daquele ente federativo, da mesma forma, também são aplicáveis ao processo administrativo tributário de maneira subsidiária, naquilo que for cabível. Exemplo O princípio da proporcionalidade é aplicável ao processo administrativo tributário do estado do Rio de Janeiro por força do art. 2º c/c art. 75 da Lei Estadual nº 5.427/2009, que disciplina o processo administrativo estadual. Aponte-se ainda a previsão do art. 15 do CPC, que estabelece que, na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, suas disposições lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Passa-se agora a analisar o processo contencioso administrativo tributário federal, diante de sua abrangência e influência no contencioso administrativo tributário dos estados e municípios. Princípios do processo administrativo tributário No vídeo a seguir, o professor Rodrigo Farias define os princípios do processo administrativo tributário e explica suas implicações práticas, com exemplos. Contencioso administrativo tributário federal O contencioso administrativo tributário federal é regulamentado, em grande parte, pelo disposto na primeira parte do Decreto nº 70.235/1972. A segunda parte deste destina-se a cuidar precipuamente do processo de consulta, que não tem natureza contenciosa e será objeto de breves considerações mais adiante. O Decreto nº 70.235/1972 foi editado sob a égide da Constituição Federal de 1967, com base no art. 2º do Decreto-lei nº 822/1969 que delegou ao Poder Executivo federal a atribuição de disciplinar o processo 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 7/56 Decreto-lei n 822/1969, que delegou ao Poder Executivo federal a atribuição de disciplinar o processo administrativo de determinação e exigência de: Penalidades Consultas Empréstimos compulsórios Créditos tributários federais Tem, assim, natureza jurídica de lei ordinária, razão pela qual eventuais alterações que venha a sofrer devem ser feitas mediante instrumento legal de hierarquia idêntica, como já decidido pelo Superior Tribula de Justiça (STJ) no REsp. nº 877.352/SP. Fase de instauração O processo administrativo tributário no âmbito federal tem início com a impugnação da exigência, ofertada pelo sujeito passivo (art. 14 do Decreto nº 70.235/1972). A impugnação deve ser ofertada por escrito, de modo a preservar a fidelidade das alegações do sujeito passivo (art. 15). Além disso, em função da formalidade do processo administrativo, isso permite o controle posterior de se a Administração está analisando aquilo que realmente foi objeto de alegação pelo contribuinte (RODRIGUES, 2021 p. 71). A exigência pode ser materializada por meio da lavratura de auto de infração, disciplinado pelo art. 10 do decreto, ou de notificação de lançamento, regida pelo art. 11 do decreto. O auto de infração é utilizado para as hipóteses em que há a imposição de penalidade ao sujeito passivo, cumulada ou não com a cobrança do tributo. A notificação de lançamento, por sua vez, é reservada somente à cobrança de tributo. Vale a menção à Súmula nº 21 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dotada de eficácia vinculante, que 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 8/56 dispõe que “é nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu”. Quanto aos requisitos da impugnação, estão elencados no art. 16 do decreto. São os seguintes: CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Assim como poderemos colocar um modal com o link de acesso ao site do CARF, uma vez que tal sítio eletrônico não é tão usual aos alunos como os sites dos tribunais. A indicação da autoridade julgadora a quem é dirigida. A qualificação do impugnante. Os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que tiver. O sujeito passivo deve veicular sua “causa de pedir” e as provas que tiver ao tempo da apresentação da impugnação. O § 4º do dispositivo, por sua vez, estabelece que a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior (alínea a), que se refira a fato ou a direito superveniente (alínea b) ou que se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos (alínea c). A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior (art. 16, § 5º, do Decreto nº 70.235/1972). Inciso I Inciso II Inciso III Inciso IV 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 9/56 As diligências ou perícias que o impugnante pretenda que sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito. Se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. Essa exigência decorre do art. 38, parágrafo único, da Lei de Execução Fiscal (LEF – Lei nº 6.830/1980), que estabelece a renúncia à instância administrativa na hipótese de que o contribuinte proponha ação judicial em relação aos mesmos fatos que constituem objeto de impugnação pelo sujeito passivo. No mesmo sentido, a Súmula nº 1 do Carf dispõe que: “importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. O § 1º do art. 16 estabelece ser não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no mencionado inciso IV. Por força do art. 17, considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, de forma bastante parecida com a regra da eventualidade, prevista para a contestação no art. 341 do CPC. A regra ainda decorre da presunção de veracidade e legalidade dos atos administrativos. Essa presunção não será maculada se o contribuinte não a atacar em sede de impugnação (RODRIGUES, 2021, p. 77). O art. 18 estabelece que a autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. O § 1º, por sua vez, prevê que, deferido o Inciso V 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 10/56 pedido de perícia, ou determinada de ofício sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados. Por fim, deve-se destacar a disciplina atinente às intimações no âmbito do processo administrativo fiscal, prevista no art. 23 do decreto, e que será realizada da seguinte forma: Por via postal Por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo (inciso II). Por meio eletrônico Com prova de recebimento, mediante envio ao domicílio tributário do sujeito passivo (alínea a), ou por registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo (alínea b). 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 11/56 Pessoal Pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar (inciso I). Destacamos na modalidade via postal a redação da Súmula nº 9 do Carf, prevendo que:“É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário”. Fase de julgamento A competência para julgamento das impugnações em primeira instância é atribuída às delegacias da Receita Federal de Julgamento, nos termos do art. 25, I, do Decreto nº 70.235/1972. A Súmula nº 102 do Carf dispõe que “é válida a decisão proferida por Delegacia da Receita Federal de Julgamento – DRJ de localidade diversa do domicílio fiscal do sujeito passivo”. O art. 27 prevê que os processos remetidos para apreciação da autoridade julgadora de primeira instância deverão ser qualificados e identificados, tendo prioridade no julgamento aqueles em que estiverem presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou de elevado valor, este definido em ato do ministro de Estado da Fazenda. O dispositivo deve ser lido em conjunto com o art. 62 do Decreto nº 7.574/2011, o qual confere prioridade de julgamento aos processos lá elencados. Em acréscimo, o art. 27, parágrafo único, estabelece que os processos serão julgados na ordem e nos prazos estabelecidos em ato do secretário da Receita Federal, observada a prioridade de quetrata o caput. O art. 29 prevê que, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. O art. 31 traz os elementos da decisão. São eles: 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 12/56 O art. 28 do decreto prevê que, na decisão em que for julgada questão preliminar, será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. Houve a utilização da espécie “questões preliminares” para fazer referência ao gênero “questões prévias”, que engloba as questões prejudiciais — estas, sim, que permitem o julgamento do mérito. Em face da decisão de primeira instância é cabível a oposição de embargos de declaração na forma do art Relatório resumido do processo Tal como no processo judicial, o relatório tem a função de conter a história relevante do processo. Fundamentos legais Em nome do princípio da motivação dos atos administrativos, as delegacias da Receita Federal de Julgamento devem expor as razões de fato e de direito de suas decisões, de maneira a legitimar sua atuação e permitir que o contribuinte possa conhecer as razões de decisão, facilitando a feitura de eventual recurso em face desta. Conclusão É a decisão efetivamente proferida. Ordem de intimação Devendo referir-se, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 13/56 Em face da decisão de primeira instância, é cabível a oposição de embargos de declaração, na forma do art. 65 do Regimento Interno do Carf, “quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se a turma”. Saiba mais Além disso, por força do art. 33, da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 dias seguintes à ciência da decisão. Essa disposição está em consonância com o art. 151, III, do CTN, que prevê a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão “das reclamações e dos recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo”. Fase recursal O Decreto nº 70.235/1972 consagra o duplo grau de jurisdição — embora, a rigor, a atividade administrativa de julgamento de impugnações não seja atividade jurisdicional —, ao permitir a oferta de recurso diante da decisão proferida em face de sua impugnação. Há, pois, o direito de obter um segundo provimento a respeito da pretensão do contribuinte. Há ainda a previsão, no art. 34 do decreto, de hipóteses em que a decisão deve ser submetida obrigatoriamente ao órgão de segundo grau, que, como será visto na sequência, é o CARF. Trata-se de sistemática semelhante à do reexame necessário, com previsão no art. 496 do CPC. O art. 25, II, do decreto confere ao CARF a competência para “julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial”. Quanto à composição, o Carf será constituído por seções e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (art. 25, § 1º). A organização interna do Carf e o julgamento de seus processos são matéria a ser disciplinada por seu Regimento Interno (art. 37), o qual foi veiculado pela Portaria MF nº 343/2015. Em face de decisão do CARF que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara ou turma especial; ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais, caberá recurso especial para esta, no prazo de 15 dias, contados da ciência do acórdão (art. 37, caput e § 2º). Esse recurso especial tem índole administrativa, compartilhando apenas seu nome com a figura prevista no art. 105, III, a, da CF/1988. Tanto em face da decisão de primeira instância quanto em relação ao acórdão do CARF, não é cabível pedido de reconsideração (arts. 36 e 37, § 3º) Também há previsão de que, no âmbito do processo administrativo fiscal, fique vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade (art. 26-A). Isso se aplica às três instâncias de julgamento antes 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 14/56 mencionadas, sendo tal disposição complementada pela Súmula nº 2 do Carf, a qual dispõe que “o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Essa disposição, porém, é excepcionada pelo § 6º do art. 26-A, que permite ao CARF afastar a aplicação de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: “Coisa julgada administrativa” O art. 42 do Decreto nº 70.235/1972 confere definitividade às decisões finais proferidas em sede de processo administrativo fiscal, impedindo sua revisão no bojo da própria Administração Pública Federal. Trata-se da chamada “coisa julgada administrativa”, referenciada entre aspas em razão de a coisa julgada ser um fenômeno formado pela prolação de sentença judicial. A chamada “coisa julgada administrativa” pode vir a ser objeto de revisão pelo Judiciário, em função do direito fundamental de acesso à justiça, na forma do art. 5º, XXXV, da CF (RODRIGUES, 2021, p. 102). Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Instauração auto de infração Que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal (STF) (inciso I). Que fundamente crédito tributário objeto de dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do procurador-geral da Fazenda Nacional (inciso I), na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002 (alínea a); súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73/1993 (alínea b); ou pareceres do advogado-geral da União aprovados pelo presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73/1993 (alínea c). 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 15/56 Instauração – auto de infração 2:36 min. Coisa julgada administrativa 2:26 min. MÓDULO 1 Vem que eu te explico! Instauração – auto de infração 2:36 min. Coisa julgada administrativa 2:26 min. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Cesgranrio – 2008 – BR Distribuidora – Advogado) De acordo com a norma que disciplina o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União, atualmente admite-se a intimação: I. Pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, de seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 16/56 II. Por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. III. Por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante envio ao domicílio tributário do sujeito passivo, ou registro em meio magnético, ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. Está(ão) correto(s) o(s) item(ns): A I, apenas. B II, apenas. C I e II, apenas. D I e III, apenas. E III, apenas. Parabéns! A alternativa E está correta. As referidas formas de notificação constam do art.23 do Decreto nº 70.235/1972. Questão 2 (FGV – 2010 – Sead/AP – Auditor da Receita do Estado – Prova 2) Analise as afirmativas a seguir: I. Em se tratando de processo administrativo tributário, o princípio da ampla defesa garante ao contribuinte a apreciação de toda e qualquer matéria relativa aos aspectos constitucionais. II. Vige no processo administrativo tributário o princípio da inquisitoriedade, posto que dotado de viés meramente investigatório das práticas adotadas pelos contribuintes. III. Reza o princípio do formalismo moderado que os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente o exigir. A Se somente a afirmativa I estiver correta. B Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 17/56 2 - Principais características Ao fim do módulo, você será capaz de reconhecer as principais características da execução fiscal, designadamente sobre a principal ação exacional de nosso Direito. B Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. C Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. D Se somente a afirmativa II estiver correta. E Se se somente a afirmativa III estiver correta. Parabéns! A alternativa E está correta. O princípio do formalismo busca afastar diligências e formalidades inúteis, prestigiando o conteúdo em detrimento da forma. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 18/56 Execução fiscal: noções gerais A execução fiscal é a ação exacional por excelência, ou seja, ação proposta pelo Fisco em face do sujeito passivo (contribuinte ou sujeito passivo). Trata-se ainda do principal mecanismo executivo a cargo da Fazenda para obter a satisfação de seus créditos (tributários ou não tributários), não obstante, nos últimos tempos, tenha havido significativo incremento da utilização de meios extrajudiciais de cobrança de créditos titularizados pelo Estado, tais como o protesto de certidão de dívida ativa (CDA), previsto no art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.472/1997. A LEF (Lei nº 6.830/1980) disciplina o procedimento executivo fiscal, sendo-lhe aplicável, subsidiariamente, o disposto no CPC, nos termos de seu art. 1º. Certidão de dívida ativa Os créditos passíveis de cobrança por execução fiscal devem estar materializados em um título executivo denominado certidão de dívida ativa (CDA). O conceito de dívida ativa consta do art. 2º, caput e § 1º, da Lei Federal nº 6.830/1980: qualquer valor cuja cobrança seja atribuída à União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios e às respectivas autarquias será considerado dívida ativa, seja de natureza tributária, seja de natureza não tributária. Exemplo A cobrança de tributos constitui dívida ativa, considerando que o art. 201 do CTN considera dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza. Da mesma forma, valores devidos por servidores federais em débito com o erário constituem dívida ativa, nos termos do art. 47, parágrafo único, da Lei nº 8.112/1990. A CDA materializa a inscrição em dívida ativa de um crédito de titularidade da Fazenda Pública, inscrição essa que se destina a apurar a liquidez e a certeza do crédito e que suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo (art. 2º, § 3º, da Lei nº 6.830/1980). A CDA contém os mesmos elementos do termo de inscrição (art. 2º, § 6º, da Lei nº 6.830/1980). A dívida ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, presunção essa que é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite (art. 3º, caput e parágrafo único, da Lei nº 6.830/1980). O termo de inscrição em dívida ativa e a CDA devem obedecer aos requisitos do art. 2º, § 5º, da Lei nº 6 830/1980 sob pena de nulidade Vejamos brevemente quais são esses requisitos: 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 19/56 6.830/1980, sob pena de nulidade. Vejamos brevemente quais são esses requisitos: Inciso I O nome do devedor, dos corresponsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros. Inciso II O valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato. Inciso III A origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida. Inciso IV A indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo. Inciso V A data e o número da inscrição no Registro de Dívida Ativa. Inciso VI 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 20/56 Inciso VI O número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida. A emenda ou substituição da CDA, em caso de vício, pode ocorrer até a decisão de primeira instância, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos, nos termos do art. 2º, § 8º, da Lei nº 6.830/1980. Deve-se observar ainda o disposto na Súmula nº 392 do STJ, segundo a qual a Fazenda Pública pode substituir a CDA até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. Os embargos à execução são o principal meio de defesa do executado em sede de execução fiscal, como será visto em mais detalhes neste mesmo módulo, sendo lícito à Fazenda Pública, até a prolação de sua sentença, substituir ou emendar a CDA. A sentença da execução fiscal, por sua vez, é prolatada depois do julgamento dos embargos, ao término da fase executiva. A vedação à modificação do sujeito passivo por meio de emenda ou substituição da CDA, com efeito, parece ser decorrência de que a certidão indica aquele que foi cientificado para o processo administrativo fiscal. Assim, a alteração do sujeito passivo na certidão acarretará, em última análise, a inserção de pessoa que não fez parte do processo administrativo fiscal e que, portanto, não teve direito ao devido processo legal e ao contraditório na esfera administrativa (RODRIGUES, 2020 p. 150) e em sede jurisprudencial (REsp. nº 1.045.472/BA, rel. min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009, julgado sob o rito dos recursos repetitivos). Legitimidade A legitimidade é a pertinência subjetiva para figurar no polo ativo ou passivo de uma ação. Neste item, analisaremos a legitimidade ativa e a legitimidade passiva em sede de execução fiscal. Legitimidade ativa A legitimidade ativa para a propositura de execução fiscal é atribuída, primariamente, às entidades da Administração Direta: União, estados, Distrito Federal e municípios, como disposto no art. 2º da Lei nº 6.830/1980, e respectivas autarquias. Outras pessoas jurídicas com personalidade de direito público, tais 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 21/56 como fundações públicas de direito público e agências reguladoras, também têm legitimidade ativa para propor execuções fiscais. Os conselhos de fiscalização profissional, diante de sua natureza autárquica, igualmente são legitimados ao ajuizamento de execução fiscal para cobrança das anuidades que lhe são devidas. Nesses termos, inclusive, é a redação da Súmula nº 66 do STJ, que dispõe que compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de fiscalização profissional. No que tange à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a jurisprudência do STJvem reconhecendo sua ilegitimidade para propositura de execução fiscal para cobrança das anuidades devidas por advogados e estagiários, considerando sua natureza de autarquia sui generis, exposta na decisão do STF na ADI nº 3.026. Assim, a OAB deve cobrar seus créditos pela via da execução de título extrajudicial regida pelo CPC (a título de exemplo, REsp. nº 1.073.369/PR, rel. min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 21/10/2008, DJe 21/11/2008). É possível ainda a celebração de convênios para delegação da atribuição de cobrança de créditos passíveis de inscrição em dívida ativa, o que, naturalmente, tem aptidão para repercutir na legitimidade ativa para o processo de execução fiscal. É o caso do art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.884/1994, que autoriza a celebração de convênio entre a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e a Caixa Econômica Federal para que esta realize a representação judicial e extrajudicial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para a correspondente cobrança, relativamente à contribuição, às multas e aos demais encargos previstos na legislação respectiva. Legitimidade passiva A legitimidade passiva na execução fiscal é disciplinada pelo art. 4º da Lei nº 6.830/1980, o qual estabelece que a execução fiscal poderá ser promovida contra: O devedor. Inciso I 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 22/56 O fiador. O espólio: destaque-se que a inscrição em dívida ativa do espólio é de fundamental importância, em razão de a propositura de execução fiscal em face de sócio já falecido ensejar a extinção do processo sem resolução do mérito, não admitindo a emenda ou substituição da CDA na hipótese, tampouco o redirecionamento da execução fiscal em face do espólio (nesse sentido, REsp. nº 1.826.150/RS, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 10/9/2019, DJe 5/11/2019). A massa falida: a falência da pessoa jurídica antes da propositura da execução permite a correção da CDA, nos termos do art. 2º, § 8º, da Lei nº 6.830/1980, como já reconhecido pelo STJ em sede de recursos repetitivos (REsp. nº 1.372.243/SE, rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho, rel. para acórdão min. Og Fernandes, 1ª Seção, julgado em 11/12/2013, DJe 21/3/2014). O responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado (inciso V): a responsabilidade tributária está disciplinada pelos arts. 134, VII, e 135 do CTN, que estabelecem os casos de responsabilidade de sócios, administradores, diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado; os sucessores a qualquer título. Inciso II Inciso III Inciso IV Inciso V Inciso VI 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 23/56 Os sucessores a qualquer título. O nome do devedor e corresponsáveis deve constar do termo de inscrição em dívida ativa, como estabelece o art. 2º, § 5º, da Lei nº 6.830/1980. Com efeito, a execução fiscal deve ser ajuizada em face do sujeito passivo elencado na CDA, a qual, relembre-se, deve refletir com exatidão o termo de inscrição em dívida ativa. A propositura da execução fiscal em face de terceiros não elencados na CDA enseja nulidade, ressalvadas as hipóteses de redirecionamento da execução fiscal. Com efeito, o redirecionamento da execução fiscal prescinde da inclusão do nome do sócio e/ou do responsável na CDA, sendo suficiente que a Fazenda demonstre o preenchimento dos requisitos previstos no art. 135 do CTN, sem que haja nulidade na hipótese. A inclusão do nome do sócio ou responsável na CDA traz como grande vantagem a inversão do ônus da prova em desfavor daquele, na medida em que a CDA goza de presunção relativa de veracidade, cabendo àquele em face do qual a execução fiscal foi redirecionada desconstituir tal presunção. Tal entendimento é acolhido pelo STJ, inclusive, em sede de recursos repetitivos (REsp. nº 1.104.900/ES). Legitimidade passiva na execução fiscal No vídeo a seguir, o professor Rodrigo Farias apresenta exemplos das diversas hipóteses de legitimidade passiva na execução fiscal. Competência Há diversos critérios definidores da competência para o processo e o julgamento de execuções fiscais. De início, analisaremos a competência em razão da pessoa, critério esse que, relembre-se, uma vez descumprido, enseja a incompetência absoluta, nos termos do art. 62 do CPC. Vamos conhecer agora as competências: 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 24/56 Justiça Federal Se a execução fiscal for ajuizada pela União, suas autarquias ou fundações de direito público, por força do art. 109, I, da CF/1988. No caso dos conselhos de fiscalização profissional, que, segundo entendimento do STF, equiparam-se às autarquias, igualmente a competência será atribuída à Justiça Federal, nos termos da Súmula nº 66 do STJ. Supremo Tribunal Federal A execução fiscal ajuizada em face de Estado estrangeiro ou organismo internacional, em razão do disposto no art. 102, I, e, da CF/1988. A seu turno, a execução fiscal de multa imposta pelo Ministério do Trabalho é de competência da Justiça do Trabalho, como estabelece o art. 114, VII, da CF/1988. Justiça do Trabalho A execução fiscal de multa imposta pelo Ministério do Trabalho é de competência da Justiça do Trabalho, como estabelece o art. 114, VII, da CF/1988. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 25/56 Residualmente, caso promovida a execução fiscal por estado ou município, estaremos diante de competência da Justiça Estadual, nos termos do art. 125 da CF/1988. Quanto à competência territorial, pelo art. 46, § 5º, do CPC, a execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. Com efeito, a previsão parece melhor direcionada à União, que tem atuação em todo o território nacional, diversamente de estados e municípios, cuja estrutura das respectivas procuradorias é distribuída no âmbito de seu território, como regra. Tomando esse e outros inconvenientes resultantes desse dispositivo, há entendimento doutrinário no sentido de que a regra deve ser interpretada conforme a Constituição, para que as execuções fiscais sejam propostas nos limites territoriais do ente tributante (RODRIGUES, 2017, p. 46). O artigo foi impugnado no bojo da ADI nº 5.492, pendente de julgamento. Justiça Eleitoral É competente para processar e julgar execuções fiscais relativas a multas eleitorais (art. 367, IV, do Código Eleitoral [CE] c/c art. 109, I, da CF/1988), assim como as ações anulatórias de débito decorrente de multa eleitoral igualmente são de competência da Justiça Eleitoral, como esposado na Súmula 374 nº do STJ. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 26/56 Procedimento A execução fiscal é deflagrada por meio da propositura da petição inicial. Relembrando O procedimento executivo fiscal é disciplinado subsidiariamente pelo disposto no CPC às execuções de iniciativa particular, como estabelece o art. 1º da LEF. Pelo art. 6º da LEF, a petição inicial indicará apenas o juízo a quem for dirigida, o pedido e o requerimento de citação, e deve ser instruída com a CDA, como estabelece seu § 1º. Pelo § 2º, a petição inicial e a CDA podem constituir um único documento, o que, na praxe forense, é bastante comum. O valor da causa na execução fiscal corresponde ao valor da dívida, com os encargos legais, nos termos do art. 6º, § 4º, da Lei nº 6.830/1980. A decisão do juízo que admitir a petição inicial importará na ordem para as providências elencadas nos incisosdo art. 7º da LEF: Citação Pelas modalidades previstas no art. 8º. Ordem de penhora Se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou seguro garantia Arresto Se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar. Registro da penhora ou do arresto 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 27/56 Independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no art. 14. Avaliação Avaliação dos bens penhorados e arrestados. Passemos a ver, brevemente, as referidas providências elencadas no art. 7º da Lei nº 6.830/1980. Citação (art. 7º, I) A citação em execução fiscal é disciplinada no art. 8º da LEF. A ordem de citação em execução fiscal destina-se a cientificar o executado para que, no prazo de cinco dias, pague a dívida com os juros, a multa de mora e os encargos indicados na CDA, ou garanta a execução. Quanto à modalidade de citação, como regra, a citação em execução fiscal será postal, salvo se a Fazenda requerer a realização da citação de outra forma, na forma do art. 8º, I, da Lei nº 6.830/1980. A utilização de modalidade citatória diversa exige parcimônia por parte da Fazenda Pública, na medida em que a citação postal tem baixo custo e relativa celeridade em sua realização, em comparação com as demais. Pelo inciso II do art. 8º, a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado. Se a data for omitida, no aviso de recepção, dez dias após a entrega da carta à agência postal. Em complemento, o inciso III do art. 8º da lei estabelece que, se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por oficial de justiça ou por edital. Também é cabível a citação por hora certa em sede de execução fiscal, com base no art. 252 do CPC e da Súmula nº 196 do STJ, ambos aplicados subsidiariamente à execução fiscal. Relembre-se que a citação por hora certa será utilizada quando, por duas vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem encontrá-lo, devendo, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 28/56 na hora que designar. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando, a fim de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, ele procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando tenha se ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, como prevê o art. 253, caput e § 1º CPC. Atenção Frise-se que, consoante entendimento do STJ firmado em sede de recursos repetitivos (REsp. nº 1.102.431/RJ, rel. min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 9/12/2009, DJe 1/2/2010), a Súmula nº 106 do STJ é aplicável às execuções fiscais. Segundo o verbete, “proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”. Penhora Se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou seguro garantia (art. 8º, II). A penhora, em apertadíssima síntese, é o ato judicial de constrição de bens do executado, com vistas à satisfação do crédito do exequente. São seus desdobramentos: Em relação aos débitos tributários, é importante destacar a previsão do art. 185-A do CTN. Com efeito, caso o executado não pague a dívida, não nomeie bens à penhora, nem sejam encontrados bens penhoráveis, o juízo determinará a indisponibilidade de bens e direitos do executado, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial, limitada a indisponibilidade ao valor total exigível. A indisponibilidade tem feição cautelar, destinada a assegurar a efetividade da execução. Assim, o magistrado não tem o dever de decretá-la, cabendo avaliar se estão presentes ou não os requisitos do art. 300 do CPC, quais sejam, a probabilidade de existência do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (nesse sentido, THEODORO JR., 2011, p. 113). Indisponibilidade de bens Fraude à execução fiscal 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 29/56 A fraude à execução fiscal tem disciplina própria no art. 185 do CTN, além daquela genericamente prevista no art. 792 do CPC. Pelo mencionado artigo, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. De acordo com o parágrafo único desse artigo, se o sujeito passivo reservar bens ou rendas suficientes ao pagamento do total da dívida inscrita, não restará configurada a fraude à execução fiscal. O art. 11 da Lei nº 6.830/1980 estabelece regra própria de preferência de bens para a penhora. Trata- se, como dito, de ordem preferencial, podendo ser excepcionada no caso concreto, atendido, em especial, o princípio da menor onerosidade da execução, previsto no art. 805 do CPC. Realizada a penhora, o executado será intimado, na pessoa de seu advogado e por publicação em órgão oficial, de sua realização, para que tome ciência, nos termos do art. 12 da LEF. Frise-se que, em se tratando de autos eletrônicos, a intimação da penhora poderá dar-se por meio de portal próprio, como prevê o art. 5º da Lei nº 11.419/2006. Em se tratando de intimação em comarca do interior, de acordo com o art. 12, § 1º, a intimação da penhora se dará por correio. Tal regra precisa ser interpretada em conjunto com o caput do artigo, pois, se houver órgão oficial de publicação de atos processuais, tal forma de intimação será preferida à postal, em nome da maior simplicidade que aquela modalidade tem, o que prestigia a duração razoável da execução (RODRIGUES, 2021, p. 189). A substituição da penhora pode dar-se a requerimento do executado ou da Fazenda, ambos disciplinados pelo art. 15 da Lei nº 6.830/1980. O reforço da penhora, a seu turno, dá-se a pedido da Fazenda Pública. Em se tratando de pedido de substituição da penhora formulado pelo executado, o inciso I do art. 15 da Lei nº 6 830/1980 permite a substituição da penhora por depósito em dinheiro fiança bancária ou Ordem de preferência de bens para a penhora Intimação da penhora Substituição e reforço da penhora 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 30/56 da Lei n 6.830/1980 permite a substituição da penhora por depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia. Relembre-se que o art. 9º da LEF prevê que o executado ofereça, em garantia da execução fiscal, dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, nomeie bens à penhora, obedecida a ordem do art. 11, ou indique bens oferecidos por terceiros para tanto, com aceitação da Fazenda. Diversamente do oferecimento de garantia inicial da execução fiscal por meio de fiança bancária ou seguro garantia, que, à luz do art. 9º, I da LEF, foram tratados da mesma forma que o dinheiro, a substituição da penhora em dinheiro por fiança bancária ou seguro garantia não constitui direito subjetivo do executado. Com efeito, o dinheiro é o primeiro bem da ordem preferencialde penhora constante do art. 11 da Lei nº 6.830/1980, e sua substituição depende da demonstração de que inexistirá prejuízo à efetividade da execução e resguardo à menor onerosidade da execução (nesse sentido, AgInt. no REsp. nº 1.447.376/SP, rel. min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, julgado em 24/10/2017, DJe 10/11/2017). Por sua vez, a substituição ou o reforço da penhora a requerimento da Fazenda Pública, disciplinados pelo art. 15, I, da Lei nº 6.830/1980, têm como principal viés interpretativo a efetividade da execução e o respeito ao princípio da menor onerosidade da execução. Demonstrada a baixa liquidez do bem penhorado, ou ainda sua imprestabilidade para fins de satisfação do credor, seja por meio de alienação ou de adjudicação, caberá sua substituição por outros bens, a despeito da ordem preferencial do art. 11 da LEF. O reforço da penhora ocorrerá nas hipóteses em que o bem ou o conjunto de bens penhorados mostrar-se insuficientes para garantir a execução. Assim, deverão ser buscados outros bens para reforço da garantia. Defesas do executado Os embargos à execução fiscal e à exceção de pré-executividade são os principais meios de defesa do executado em sede de execução fiscal. Também é possível cogitar o uso da ação anulatória de débito fiscal, que tem como pretensão a declaração de nulidade do lançamento tributário ou do auto de infração. Neste item, trataremos dos embargos à execução fiscal e da exceção de pré-executividade, ao passo que a ação anulatória será trabalhada no módulo seguinte, ao vermos as ações antiexacionais. Embargos à execução fiscal A defesa do sujeito passivo em sede de execução fiscal se dá por oposição de embargos à execução, disciplinados no art. 16 da LEF. Os embargos à execução fiscal têm natureza jurídica de ação autônoma, embora sejam apensados aos autos da execução fiscal nos mesmos moldes dos embargos à execução civil, aplicando-se à hipótese o art. 914, § 2º, do CPC. C tê i 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 31/56 Competência A competência para a oposição de embargos à execução segue, como regra, o disposto no art. 914, § 1º, do CPC: Serão distribuídos por dependência aos autos da execução fiscal, seguindo a mesma sistemática de competência antes vista. Por sua vez, em se tratando de execução por carta (execução em que os atos expropriatórios são realizados em juízo de competência territorial diversa do juízo da execução fiscal, por meio de carta precatória), por força do art. 20 da LEF, os embargos do executado serão oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao juízo deprecante, para instrução e julgamento. A seu turno, pelo art. 20, parágrafo único, da LEF, quando os embargos tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do próprio juízo deprecado, caber-lhe-á unicamente o julgamento dessa matéria. Trata-se de regra especial, em comparação com o art. 914, § 2º, do CPC, segundo a qual os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado. Prazo Quanto ao prazo, conforme a literalidade do art. 16 da LEF, os embargos à execução devem ser opostos no prazo de 30 dias, os quais serão contados do depósito (inciso I), da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia (inciso II), ou da data da intimação da penhora (inciso III). Inciso I Depósito Há julgados do STJ entendendo que a contagem deve ser feita a partir da intimação do depósito (nessa linha, REsp. nº 1.690.521/SP, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 19/9/2017, DJe 10/10/2017), não obstante o tribunal também ter decisões aplicando a literalidade do art. 16, I, da LEF, contando o referido prazo a partir da data do depósito (a título de exemplo, REsp. nº 713.507/PR, rel. min. Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 12/12/2006, DJ 15/2/2007, p. 214). Inciso II 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 32/56 Garantia do juízo A oposição de embargos à execução fiscal tem como requisito específico de admissibilidade a garantia do juízo, como previsto no art. 16, § 1º, da LEF. Trata-se de sistemática especial e diversa daquela prevista para os embargos à execução disciplinados pelo CPC, que, em seu art. 914, dispensa a realização de penhora, depósito ou caução para fins de admissibilidade dos embargos. O STJ, em sede de recursos repetitivos, assentou que a exigência de garantia do juízo para oposição de embargos à execução fiscal remanesce, a despeito de o CPC, desde o advento da Lei nº 11.232/2005, dispensá-la (à luz do CPC de 1973, REsp. nº 1.272.827/PE, rel. min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, julgado em 22/5/2013, DJe 31/5/2013; AgInt. no REsp. nº 1.699.802/RJ, rel. min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, julgado em 21/3/2019, DJe 26/3/2019). Dica Não se trata de exigência absoluta, porém. O STJ tem julgados entendendo pela possibilidade de dispensa da garantia do juízo, sendo comprovada a hipossuficiência patrimonial do devedor, independentemente da concessão de gratuidade de justiça em favor do executado (nesse sentido, AgInt. no REsp. nº 1.836.609/TO, rel. min. Gurgel de Faria, 1ª Turma, julgado em 7/6/2021, DJe 16/6/2021). O ônus da prova da insuficiência de recursos para garantir o juízo compete ao devedor. Juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia A despeito de sua disposição literal, há entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que o prazo para oposição de embargos à execução fiscal somente será contado a partir da data da intimação da lavratura de termo de penhora, interpretando-se sistematicamente os incisos II e III do art. 16 da LEF (nessa linha, RODRIGUES, Direito Processual administrativo e judicial tributário. Op. cit., 2021, p. 201-203; AgRg. no REsp. nº 1.156.367/MG, rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma, julgado em 24/9/2013, DJe 22/10/2013). Inciso III Data da intimação da penhora Realizada a penhora, deverá haver a intimação do executado a respeito, sendo certo que o prazo para oposição de embargos à execução fiscal daí será contado. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 33/56 Efeitos Os embargos à execução, como regra, não têm efeito suspensivo. A concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução fiscal depende do preenchimento dos requisitos previstos no art. 919, § 1º, do CPC: i. Requerimento do embargante; ii. Garantia do juízo; iii. Preenchimento dos requisitos para concessão de tutela provisória (probabilidade de existência do direito e perigo de dano/risco ao resultado útil do processo). Há, contudo, uma exceção. Em se tratando de execução fiscal garantida por depósito integral em dinheiro, pelo art. 32, § 2º, da LEF, após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do juízo competente. Dessa forma, nesse caso, se o levantamento somente pode ocorrer após o trânsito em julgado, evidentemente, não será possível realizar atos expropriatórios no curso da execução fiscal antes do trânsito em julgado dos embargos à execução. Matérias passíveis de alegação em sede de embargos A defesa do executado nos embargos pode versar sobre qualquer matéria de seu interesse, conforme autoriza o art. 16, § 2º, da LEF, aos mesmos moldes do disposto no art. 917 do CPC. O fundamento para tanto é o fato de que a execução fiscal é lastreada em título executivo extrajudicial, não sendo precedida de fase cognitiva, razão pela qual deve ser oferecida ao embargante a possibilidade de se opor à execução por meio de mecanismo processual de cogniçãoplena. Matérias passíveis de alegação em sede de embargos Há, em síntese, três recursos cabíveis em face das decisões proferidas em sede de embargos à execução: Agravo de instrumento 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 34/56 Apelação Embargos infringentes de alçada Relembre-se ainda que, por força do art. 1022 do CPC, os embargos de declaração são cabíveis em face de qualquer decisão judicial. Começaremos analisando o cabimento do agravo de instrumento. Os embargos à execução têm natureza de ação de conhecimento. Nesse sentido, o regime de recorribilidade das decisões interlocutórias proferidas em seu curso segue a sistemática do art. 1015, caput, do CPC: somente as decisões interlocutórias previstas no rol do dispositivo admitem impugnação por agravo de instrumento (e.g., decisão que verse sobre tutela provisória, prevista no art. 1015, I, do CPC). Quanto às demais decisões interlocutórias proferidas na fase de conhecimento dos embargos à execução, estas não vão precluir de imediato, podendo ser impugnadas em sede de preliminar de recurso de apelação ou de contrarrazões, como estabelece o art. 1009, § 1º, do CPC. A apelação é o recurso cabível em face da sentença nos embargos à execução, aplicando-se o art. 1009 do CPC. Atenção Em se tratando de apelação interposta em face de sentença que julgou improcedente ou extinguiu sem resolução do mérito os embargos à execução, o recurso não será dotado de efeito suspensivo ope legis, aplicando-se o art. 1012, § 2º, II, do CPC. O art. 34 da LEF prevê ainda modalidade recursal específica para as sentenças proferidas em embargos à execução de valor igual ou inferior a 50 obrigações reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs): os embargos infringentes de alçada. A ORTN foi um título público federal extinto pelo Decreto-lei nº 2.284/1986 e substituído, ao longo dos anos, por diversos outros títulos, até a unidade fiscal de referência (Ufir), a qual deixou de existir a partir da Medida Provisória nº 1.973-67, de 26 de outubro de 2000, que foi sucessivamente reeditada até ser convertida na Lei nº 10.522/2002. Assim, para fins de análise do cabimento de embargos infringentes de alçada, deverá ser levada em consideração a Ufir, e não a ORTN. O STJ, no julgamento do REsp. nº 1.168.625, julgado sob o regime dos recursos repetitivos, consolidou a tese de que 50 ORTNs correspondem a 308,50 Ufirs, os quais equivaliam a R$ 328,27 em janeiro de 2001, valor esse corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) a partir de então e que, para fins de cabimento dos embargos infringentes de alçada, deverá ser considerado tendo como referência a data de propositura da execução fiscal. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 35/56 Exceção de pré-executividade A execução de pré-executividade, também denominada objeção de pré-executividade, é meio de defesa do executado em sede de execução fiscal que não tem previsão legal expressa. Trata-se de construção doutrinária de Pontes de Miranda (ver MIRANDA, 1974), a qual encontrou acolhida na jurisprudência. A Súmula nº 393 do STJ elenca os requisitos para que a exceção de pré-executividade possa ser manejada: a exceção deve versar sobre matérias cognoscíveis de ofício e que não demandem dilação probatória. Caso seja necessário alegar matérias que não sejam cognoscíveis de ofício ou que exijam a apresentação de provas, a exceção não é defesa adequada, devendo ser utilizados os embargos (RODRIGUES, 2021, p. 217). Em relação aos embargos à execução, a exceção de pré-executividade tem duas vantagens: De início, não há a exigência de garantia do juízo para que a exceção seja admitida; A exceção de pré-executividade não está sujeita a prazo, considerando que versa sobre questões cognoscíveis de ofício, ou seja, que o magistrado pode conhecer independentemente de provocação de quaisquer das partes. Suspensão da execução fiscal A suspensão da execução fiscal é disciplinada pelo art. 40 da Lei nº 6.830/1980. Duas são as hipóteses que ensejam a suspensão da execução fiscal: A não localização do devedor Quando não forem encontrados bens penhoráveis Estando caracterizado ao menos um desses casos, o juiz determinará a suspensão da execução fiscal, abrindo vista dos autos ao representante judicial da Fazenda, nos termos do art. 40, § 1º, da LEF, quando terá início o prazo de um ano, previsto no art. 40, § 2º, para que o devedor e/ou os bens penhoráveis sejam localizados. Findo esse prazo de um ano sem que o devedor ou os bens penhoráveis sejam localizados, o juiz ordenará o arquivamento dos autos, quando, então, terá início o prazo de prescrição intercorrente, como deixa claro a Súmula nº 314 do STJ. Findo esse prazo sem que o devedor ou os bens penhoráveis sejam localizados, terá 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 36/56 ocorrido a prescrição intercorrente, a ensejar a extinção do processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC. O STJ, em sede de recursos repetitivos (REsp. nº 1.340.553/RS, rel. min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, julgado em 12/9/2018, DJe 16/10/2018), firmou entendimento no sentido de que o prazo de um ano tem início a partir da primeira medida de localização do devedor ou de constrição patrimonial que seja negativa. Segundo entendimento firmado pelo STJ, o prazo de prescrição intercorrente tem início automaticamente após o decurso do prazo de um ano, sendo interrompido com a primeira medida executiva positiva ocorrida dentro do prazo prescricional, seja a citação do devedor, seja a realização de ato de constrição patrimonial. Caso a medida seja requerida dentro do prazo quinquenal, porém, e somente seja efetivada após o referido prazo, aplicar-se-á a Súmula nº 106 do STJ, eis que a Fazenda Pública foi diligente e não poderá sofrer prejuízo em razão da demora da atividade jurisdicional. Frise-se que, antes de ser declarada a ocorrência de prescrição intercorrente, pelo art. 485, § 4º, da LEF, o representante judicial da Fazenda deve ser ouvido, não obstante o juiz possa declarar a prescrição intercorrente de ofício. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Certidão de dívida ativa 2:30 min. Garantia do juízo 2:45 min. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 37/56 MÓDULO 2 Vem que eu te explico! Certidão de dívida ativa 2:30 min. Garantia do juízo 2:45 min. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Exceção de pré-executividade 2:32 min. Questão 1 (MS Concursos – 2016 – Creci – 1ª Região/RJ – Advogado) No que tange à execução fiscal, assinale a alternativa em conformidade com o ordenamento jurídico brasileiro: A Até a decisão de segunda instância, a certidão de dívida ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos. B A dívida ativa regularmente inscrita goza da presunção absoluta de certeza e liquidez. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 38/56 C A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. D A produção de provas pela Fazenda Pública depende de requerimento na petição inicial. E O prazo para oferecimento dos embargos à execução é de dez dias da lavratura do auto de penhora. Parabéns! A alternativa C está correta. A competência na execução fiscal segue o disposto no art. 46, § 5º, do CPC, que prevê tais foros comoconcorrentes para sua propositura. Questão 2 (Vunesp – 2014 – Desenvolvesp – Advogado) Encontra previsão expressa no procedimento que rege a execução fiscal: A A exceção de pré-executividade. B A prescrição intercorrente. C A presunção absoluta de liquidez e a certeza da dívida ativa regularmente inscrita. D A denúncia espontânea. E A impenhorabilidade de plantações. Parabéns! A alternativa D está correta. A prescrição intercorrente é disciplinada de maneira expressa pelo art. 40, § 4º, da LEF. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 39/56 3 - Ações antiexacionais Ao fim do módulo, você será capaz de listar as principais ações antiexacionais. Ações antiexacionais: noções gerais Conceitualmente, as ações antiexacionais são ações de iniciativa do sujeito passivo e com a pretensão de atacar uma exação tributária, atual ou eventual. Como principais ações tributárias em espécie, podem-se mencionar: O mandado de segurança tributário A ação anulatória 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 40/56 Frise-se que os embargos à execução fiscal igualmente são espécie de ação antiexacional, tendo sido tratados ao estudarmos a execução fiscal, no módulo anterior. Competência A competência nas ações antiexacionais não tem norma específica, sendo disciplinada pelas disposições acerca da competência para as ações em que a Fazenda Pública figure no polo passivo da demanda e que foram tratadas no módulo anterior, ao falarmos sobre a execução fiscal. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário Deve-se frisar que a mera propositura de ação antiexacional não induz à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, por não estar elencada entre as causas de suspensão previstas no art. 151 do CTN. Na seara judicial, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário pode ocorrer nas hipóteses em que o autor efetuar seu depósito integral (art. 151, II, do CTN), pela concessão de medida liminar em mandado de segurança (art. 151, IV, do CTN), ou pela concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial (art. 151, V, do CTN). Atenção Frise-se que, consoante entendimento sumulado do STJ, em sua Súmula nº 112, o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. Assim, o oferecimento de fiança bancária ou outra modalidade de garantia não tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito, como, inclusive, decidido pelo mesmo tribunal em sede de recurso especial repetitivo (REsp. nº 1.156.668/DF, rel. min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 24/11/2010, DJe 10/12/2010). A ação declaratória A ação de consignação em pagamento A ação de repetição de indébito 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 41/56 Dispensa de depósito prévio Relembre-se, no ponto, o teor da Súmula Vinculante nº 28, segundo a qual é inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário, tornando a parte final do art. 38 da LEF não recepcionada pela CF/1988. Feitas tais considerações, passa-se a tratar das ações antiexacionais em espécie, a começar pelo mandado de segurança tributário. Mandado de segurança tributário Conceitualmente, o mandado de segurança é o remédio constitucional para a defesa de direito líquido e certo que fora lesado ou esteja ameaçado de lesão por ato de autoridade pública ou por particular no exercício de função pública. Tem previsão no art. 5º, LXIX e LXX, da CF/1988 e, no plano infraconstitucional, é disciplinado pela Lei nº 12.016/2009. Impetrante Autor do mandado de segurança. Autoridade coatora Autoridade responsável pela prática do ato alegadamente lesivo ou em vias de ser praticado. Direito líquido e certo Direito líquido e certo é o direito passível de demonstração por meio de prova documental pré-constituída, cabendo ao impetrante instruir sua petição inicial com os elementos de convicção suficientes, a demonstrar a existência e a extensão de seu direito. Em outras palavras, o mandado de segurança é ação que não admite dilação probatória. Frise-se que, na hipótese em que os documentos necessários à prova das alegações do impetrante se encontrarem em repartição ou estabelecimento público, ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê- los por certidão ou de terceiro, segundo o art. 6º, § 1º, da Lei nº 12.016/2009, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de dez dias. A ausência de provas acerca do direito líquido e certo alegadamente titularizado pelo impetrante enseja a extinção do mandado de segurança sem resolução do mérito, considerando-se que a prova do direito líquido e certo é um pressuposto processual específico do writ (nesse sentido, GRECO, 2015, p. 238). 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 42/56 Prazo O mandado de segurança, segundo o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, deve ser impetrado no prazo de 120 dias, a contar da data da ciência do ato impugnado. O STF, em sua Súmula nº 632, pacificou entendimento no sentido da constitucionalidade da fixação de prazo para a impetração de mandado de segurança. Quanto à sua natureza jurídica, o prazo para impetração de mandado de segurança tem natureza decadencial, razão pela qual, uma vez iniciado, não se suspende, nem se interrompe e, uma vez exaurido, extingue o direito à impetração. Atenção É importante destacar que, segundo entendimento do STJ, caso o término do prazo para impetração ocorra em dia não útil, em nome do direito de acesso à justiça, será prorrogado para o primeiro dia útil seguinte (AgInt. no MS nº 22.654/DF, rel. min. Sérgio Kukina, 1ª Seção, julgado em 10/8/2016, DJe 18/8/2016). Em se tratando de mandado de segurança impetrado em face de ato omissivo, o prazo para impetração será contado a partir do momento em que estiver esgotado o prazo legalmente previsto para atuação da autoridade. Caso não exista previsão de prazo para a prática do ato, o mandado de segurança poderá ser proposto, demonstrando-se que a omissão tornou-se lesiva dentro dos 120 dias pretéritos (RODRIGUES, 2021, p. 273). Atos passíveis de mandado de segurança O mandado de segurança é instrumento para que sejam impugnados atos de autoridade pública ou de particular investida no exercício de função pública. Concernente à matéria tributária, como exemplo da primeira espécie, tem-se o caso do ato de lançamento tributário e, como exemplo da segunda espécie, atos de cobrança de contribuições devidas aos serviços sociais autônomos, cujas contribuições têm natureza tributária em razão do disposto no art. 149 da CF/1988. Alguns atos de autoridade em espécie ensejam tratamento próprio, para fins da análise do cabimento de mandado de segurança. O primeiro deles é o ato de autoridade que nega o direito à repetição de indébito. Nesse caso, o cabimento de mandado de segurança é afastado pela Súmula 269 nº do STF, segundo a qual o mandado de segurança não é substituto de ação de cobrança. Compensação tributária No que tange à compensação tributária, o mandado de segurança pode ser utilizado para que a autoridade coatora seja compelida a promover a compensação, hipótese em que o sujeito passivo deve instruir sua petição inicial com documentos que comprovem os valores indevidamente recolhidos (nessa linha REsp nº 1 365 095/SP rel min Napoleão Nunes Maia 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 43/56 Por sua vez,acerca das leis de efeitos concretos, o mandado de segurança é via adequada para sua impugnação, com vistas à obtenção de sua declaração incidental de inconstitucionalidade (e.g., lei concessiva de isenção a contribuinte em específico). Legitimidade ativa para o mandado de segurança Em razão de sua natureza de remédio constitucional, o mandado de segurança tem legitimidade ampla, à luz do art. 5º, LXIX, da CF/1988, e do art. 1º da Lei nº 12.016/2009: qualquer pessoa física ou jurídica é parte legítima para impetrar mandado de segurança. Da mesma forma, pessoas jurídicas de direito público e órgãos públicos despersonalizados, desde que, no último caso, tenham status constitucional, são igualmente legitimados à propositura de mandado de segurança. Legitimidade passiva para o mandado de segurança Quanto à legitimidade passiva, prevalece em doutrina e jurisprudência o entendimento segundo o qual o polo passivo do mandado de segurança deve ser ocupado pela pessoa jurídica em relação à qual a autoridade coatora integra (a título de exemplos, em sede doutrinária, FIGUEIREDO, 2004, p. 374, e, em sede jurisprudencial, REsp. nº 729.658/PA, rel. min. Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 4/9/2007, DJ 22/10/2007, p. 192). Autoridade coatora A autoridade coatora, segundo o art. 6º, § 3º, da Lei nº 12.016/2009, é a autoridade que tenha praticado o indevidamente recolhidos (nessa linha, REsp. nº 1.365.095/SP, rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Seção, julgado em 13/2/2019, DJe 11/3/2019, decidido em sede de recursos repetitivos), ou para declarar o direito à compensação tributária, a ser buscada administrativamente pelo sujeito passivo (nesse sentido, inclusive, é a redação da Súmula nº 213 do STJ). Leis tributárias Em relação às leis tributárias, deve-se atentar para a redação da Súmula nº 266 do STF, segundo a qual não cabe mandado de segurança em face de lei em tese (ou seja, lei dotada de generalidade e abstração). Isso porque, em tal hipótese, o mandado de segurança atuaria como substituto de ação de controle concentrado de constitucionalidade. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 44/56 , g , § , , q p ato impugnado ou da qual emane a ordem para sua prática. Trata-se, com efeito, do agente público ou privado no exercício de função pública responsável pela ocorrência do ato impugnado ou que dá ensejo à omissão para sua prática, tendo poder decisório a seu respeito. A autoridade coatora, frise-se, não é parte no mandado de segurança, conforme entendimento majoritário em doutrina e jurisprudência, mas deve ser notificada para apresentar informações, nos termos do art. 7º, I, da Lei nº 12.016/2009, e é parte legítima a interpor recurso em face da sentença concessiva ou denegatória do mandado de segurança, como estabelece o art. 14, § 2º, da Lei nº 12.016/2009. A errônea indicação da autoridade coatora, como regra, não enseja a extinção do mandado de segurança sem resolução do mérito. Com efeito, na hipótese, duas providências poderão possivelmente ser adotadas: A determinação de emenda da petição inicial A aplicação da teoria da encampação A emenda da petição inicial no mandado de segurança deve ser determinada pelo magistrado se, quando da admissibilidade da petição inicial, for constatado que o impetrante apontou erroneamente a autoridade coatora, sendo a autoridade responsável pelo ato impugnado integrante da mesma pessoa jurídica. Em tal caso, segundo o art. 321 do CPC, o juízo deve indicar precisamente a autoridade coatora correta, para que o impetrante corrija a peça inaugural do writ. A teoria da encampação, por sua vez, segundo a Súmula nº 628 do STJ, é aplicada no mandado de segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: Manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas Ausência de modificação de competência estabelecida na CF/1988 Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 45/56 Preenchidos tais requisitos, a autoridade que prestou as informações “encampa” o ato impugnado, não obstante não tenha sido a responsável por sua prática, manifestando-se acerca de seu mérito. Caso não haja modificação de competência estabelecida na CF/1988 ou ainda da competência originária dos tribunais de justiça, como já reconhecido pelo STJ em alguns julgados (a título de exemplo, REsp. nº 1.656.756/MG, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 25/4/2017, DJe 5/5/2017), será possível a aplicação da referida teoria. Liminar em mandado de segurança A liminar em mandado de segurança é prevista no art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009, permitindo sua concessão para suspensão do ato impugnado quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Duas considerações são pertinentes aqui. Embora a lei mencione tão somente a possibilidade de suspensão do ato impugnado, a liminar em mandado de segurança poderá ter conteúdo cautelar ou antecipatório dos efeitos da tutela final, aplicando-se, pois, o art. 301 do CPC, que reconhece o poder geral de cautela do magistrado (nessa linha, ARAÚJO, 2010, p. 93- 94). O art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009 estabelecia restrições à concessão de medida liminar em mandado de segurança. O STF, na ADI nº 4.296 (acórdão pendente de publicação), declarou a inconstitucionalidade do dispositivo. Em matéria tributária, havia a previsão expressa de vedação à concessão de liminar para compensação de créditos tributários, que igualmente consta da Súmula nº 212 do STJ. Procedimento O procedimento do mandado de segurança, considerando sua natureza de procedimento especial com vistas à obtenção de tutela célere em face de atos de autoridade, é bastante simplificado. Passemos em revista os principais pontos de destaque no que tange ao referido procedimento. Estando em ordem a petição inicial, segundo o art. 7º da Lei nº 12.016/, o juízo deverá ordenar: Inciso I Que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações. 28/03/2022 15:31 Processo administrativo e judicial tributário https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02736/index.html# 46/56 Inciso III Que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito. Se os requisitos para concessão de liminar se apresentarem, os quais foram vistos ao se tratar da liminar em mandado de segurança, o juiz deverá conceder igualmente a tutela de urgência, como prevê o inciso II do art. 7º da Lei nº 12.016/2009. A decisão concessiva ou denegatória de liminar é impugnável por agravo de instrumento (art. 7º, § 1º, da Lei nº 12.016/2009). As informações prestadas pela autoridade coatora destinam-se a trazer esclarecimentos ao juízo acerca dos fatos narrados pelo impetrante em sua petição inicial. Tanto que a ausência de informações não enseja a decretação de revelia da pessoa jurídica, até mesmo porque a autoridade coatora não é parte no mandado de segurança. A ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, para, querendo, ingressar no feito, destina-se a permitir à advocacia (pública ou privada) a oportunidade de trazer argumentos de defesa em prol do ato impugnado. Processualmente, essa ciência se dá por meio de intimação. Sentença e acórdão de julgamento Após adotadas as providências citadas, será aberta vista ao Ministério Público, para,
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