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Diplomacia Econômica nas Relações Internacionais RESUMO • Palavra diplomacia tem origem grega, e sua prática utilizada durante o Império Romano. Já a diplomacia moderna XV foi utilizada na peninsula itálica. Depois da Paz de Vestfália (1648) que o uso de missões diplomáticas se popularizou. Marco para as relações internacionais ao estabelecer a liberdade religiosa e a igualdade entre os Estados. • Padrão ouro XIV, a partir de cambistas. Vira sistema bancário, pelo mercado britânio estar internacionalizado e taxas de câmbio. Selo de garantia no crédito negociado pelos Estados, empresas e bancos que participavam no comércio internacional. Funcionavam através de Letras de Câmbio (LC), ou seja, títulos de crédito. • Revolução Francesa (1789-1815) contribuição para o modelo da prática diplomática, pela sua contribuição para o conceito de soberania. • Nas grandes guerras, surge a nova diplomacia, esta vinculada a Conferência de Versalhes (1919). • Após primeira a guerra mundial os EUA passa a ser um dos maiores credores do mundo. • Além das tradicionais funções diplomáticas de negociar, representar, fazer serviços consulares e informar, a diplomacia ganha novas diretrizes. • Padrão ouro, governos não podiam emitir moeda para conter eventuais crises, pois estavam presos à quantidade de ouro em suas reservas. • Crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929, evidenciando no cenário global. • Com a quebra da bolsa e dos bancos, mudanças em relação ao padrão ouro foram necessárias. • Após Segunda Guerra Mundial, o financiamento dos estadunidenses para os ingleses foi pago, em uma parte, por ouro. • Lend-Lease, espécie de doação dos Estados Unidos para seus aliados. • EUA e financiamento para a Inglaterra durante a guerra, superioridade do dólar sobre a libra. Acordos de Bretton Woods, em 1944, que tem virtude ao cambio fixo. • Surge a partir do BW: Fundo Monetário Internacional (FMI) 1944, administradora financeira, evitar as instabilidades do câmbio, agente para combater a inflação, empréstimo ETC. Direitos Especiais de Saque (DES), forma de pagamento equivalente à cota que cada país tinha junto ao FMI. General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) 1947, liberação comercial, compensações aos países prejudicados em tarifas alfandegárias, arbitragem em conflitos comercial. Finaliza, por ser promissório com a criação da OMC. OMC Banco Mundial, por ser uma OI, existem os órgãos de apoio e o secretariado, Auxiliar a reconstrução e desenvolvimento. • Plano Marshall entre 1947 e 1951, série de medidas de ajuda por parte dos EUA. • American way of life. Lado ruim: o mercado não conseguia absorver o excesso de produção e oferta. • Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) até os anos de 1960 focou seus esforços em prover recursos ao setor público dos países. A partir daí passou a financiar projetos como o desenvolvimento urbano,agrícola e na educação. Para ser membro do BIRD, é necessário ser membro do FMI. • Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) 1950, financiar o desenvolvimento dos países da América Latina e do Caribe. 1970, países de outros continentes foram admitidos. • Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento UNCTAD 1964, É UMA OI, desenvolvimento dos países através de uma eficiente integração econômica global. Economias em desenvolvimentomenos dependentes das commodities. Proteção aos consumidores contra potenciais abusos ETC. • 1971 EUA romperam os Acordos de Bretton Woods para alterar o câmbio fixo do dólar para câmbio flexível. • BRICS 2006, resultado da necessidade de prover os investidores globais de informações. Análises, perspectivas futuras projetadas através de indicadores da economia global. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------- • Diplomacia economica conceito de medidas de apoio, trocas comerciais, exportações e investimento estrangeiro. • Hiperglobalistas não enxergam o neoliberalismo nem o marxismo como teorias que fundamentam a economia global. Já os céticos, em vertente contrária, não enxergam nada de novo na globalização, apenas um processo oposto à regionalização. Os transformacionalistas estão em uma posição intermediária. • Globalização, uns enxergam o capitalismo e a tecnologia, outros consideram uma combinação como mercado, ideologia e política. • Distribuição e o exercício do poder são transformados pela globalização através do tempo em diferentes estruturas sociais: hierarquia social e desigualdade espacial. Fenômeno supranacional, alterando a percepção de players acerca de diversas noções, como lugar, distância, fronteiras etc. • Local como algo que pode ser localizado e delimitado. Já o global seria algo não delimitável e não localizável. • O capital não tem pátria; hoje ele circula livremente por fronteiras, até de forma virtual. • Subdesenvolvido ligados à produção industrial, interdependencia. Desenvolvimento ligado ao social. • Indice de desenvolvimento humano (IDH) 1990, renda, educação e saúde. Difere o (PIB) que considera somente o aspecto econômico. • O agente formulador de uma política desenvolvimentista é um governo – formulador e executor. Então a nação, é o foco da política. Desenvolvimentismo passa por reformulações, dando origem ao novo desenvolvimentismo, compreendendo o crescimento da produção, mas sendo atrelado às mudanças estruturais, crescimento sustentável. São eles: taxas de inflação, salários, câmbio, juros e lucro. • Globalização é a Terceira Revolução Industrial, vinculada à era da informática. • 1990, a globalização se acelerou, crescente tecnologia comunicacional. • Economia, esta se torna autônoma e independente do Estado. Globalização capitalista e muito rápida. • Articular a produção em nível global por conta do aumento da concorrência. Fenômeno desigual no globo, não atinge todos os países. • Sistema just in time, de gestão participativa e empreendedores, logística reversa, questões ambientais, flexibilizações dos contratos de trabalho. • Investimento direto estrangeiro (IDE) conceito refere-se à transferência de recursos de uma determinada empresa estrangeira para outro país. Estabelecer uma filial ETC. • Doença holandesa é um termo na economia que se refere à exportação de produtos primários e recursos naturais que ocasiona um declínio na produção de manufaturas. • Processo de Substituição de Importações (PSI), industrialização fechada, atende o mercado interno, não produzindo para exportar. • Plano de Metas de JK. As premissas eram keynesianas. Podendo ser considerado como o auge do desenvolvimento do país. 31 metas, desenvolvimento nacional a partir do PSI. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------- A diplomacia caminha por entre política externa ou política mundial – esta em um sentido mais amplo –, como também pode se relacionar com o direito internacional como um meio pacífico de negociação. Sabemos que a palavra diplomacia tem origem na língua grega, e sua prática também foi largamente utilizada durante o Império Romano. Já a diplomacia moderna é oriunda do século XV. Ela foi utilizada, principalmente, na península itálica durante o período decorrente do equilíbrio de poder das principais cidades-Estados. Entretanto, foi somente depois da Paz de Vestfália (1648) que o uso de missões diplomáticas se popularizou. Esse tratado, um marco para as relações internacionais, “ao estabelecer a liberdade religiosa e a igualdade entre os Estados. Já a Revolução Francesa (1789-1815) também teve importante contribuição para o modelo da práticadiplomática. Isso se deu, principalmente, pela sua contribuição decisiva para o conceito de soberania, alterando definitivamente a figura do rei. Já no século XX, com o advento das grandes guerras, surge o que fica conhecido como nova diplomacia, esta vinculada aos desdobramentos da Conferência de Versalhes (1919). Vale lembrar que, nesse entreguerras, houve a crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, evidenciando no cenário global um novo elemento que viria a ser primordial para esta disciplina: a ascensão da economia como elemento constituinte da política mundial. Dessa forma, além das tradicionais funções diplomáticas de negociar, representar, fazer serviços consulares e informar, a diplomacia ganha novas diretrizes. Vale ressaltar aqui que essas novas diretrizes são diversas, e a economia é só mais um elemento que constitui essa nova realidade. SUAS CARACTERÍSTICAS Lembrete Em uma negociação com o governo alemão, Vargas se utilizou da música como elemento de política externa, ao autorizar, no ano de 1936, a criação de um programa de rádio destinado ao público alemão no intuito de difundir a música brasileira. Esse é um exemplo da polivalência da política externa do governo do período. A economia é um elemento central do processo de globalização, relacionada à interdependência entre os atores. Transitamos do poder político-militar para o poder político-econômico. É comum que assuntos internos influenciem diretamente assuntos externos do Estado, bem como que assuntos externos sejam diferenciais na política doméstica. Ademais, o capital não tem pátria; hoje ele circula livremente por fronteiras e, inclusive, de forma virtual. Contudo, vale ressaltar que não há um consenso na definição do termo diplomacia econômica. Ademais, esse conceito, muitas vezes, está atrelado ao conceito de diplomacia comercial. O que podemos fazer é tentar compreender as dinâmicas e os elementos que compõem esse estudo. O que fica evidente, então, diante dessa perspectiva, é a importância do ato de negociar. Seja em organizações ou em missões diplomáticas. Fica mais evidente ainda a importância das políticas econômicas internas: uma vez que os interesses externos são consequências da busca pela melhoria interna. - A diplomacia comercial Esse conceito pode ser compreendido como medidas de apoio de determinado Estado às trocas comerciais, e aqui falamos especificamente das exportações desse Estado. Ademais, podemos até mesmo falar da promoção ao investimento estrangeiro. Afinal, se, por exemplo, o Brasil precisa de investimento em determinado setor, o governo pode promover medidas para atrair investimento estrangeiro. Porém, quem de fato irá aportar serão empresas estrangeiras, não necessariamente outros governos. - O PADRÃO-OURO E A NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A famosa Crise de 1929, sob a égide de um fenômeno maior: a globalização. Não se pode falar de padrão-ouro sem falar da Crise de 1929. E se não falarmos do padrão-ouro, não vamos compreender os fenômenos que o sucedem. Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos assumem um importante lugar de destaque: centro econômico global, pois deixaram de ser um dos maiores devedores para se tornarem um dos maiores credores do mundo. Um setor que era reflexo desse entusiasmo era o automobilístico. Tais padrões ficaram conhecidos como o american way of life. Porém tal prosperidade escondia o lado trágico da economia. O mercado não conseguia absorver o excesso de produção e oferta. Os excedentes não podiam ser vendidos no exterior porque a Europa acabara de passar por uma guerra. As ações eram negociadas por um valor acima do que valiam, justamente por conta desse clima de euforia presente no país. Quando se começou a venda em massa das ações, no dia 24 de outubro de 1929, os preços despencaram, até que no dia 29 aconteceu o colapso: milhões de pessoas haviam perdido praticamente tudo que investiram, bancos e empresas faliram e muitas pessoas perderam suas casas. O padrão-ouro foi a referência quando se falava em economia dos países. Porém, com a quebra da bolsa e principalmente dos bancos, mudanças acabaram por ser necessárias. - O regime padrão-ouro O crescimento do comércio nas cidades-Estados da Itália, no século XIV, criou um grupo social conhecido como cambistas. Eles eram uma espécie de intermediário nas negociações e emitiam notas com valor de compra e venda durante seus negócios. Contudo, a partir do momento em que eles passaram a receber ouro e prata, logo começaram a emprestar dinheiro através de ordens de pagamento. Essa prática se espalhou pela Europa Ocidental e, quando chegou à Inglaterra, foi responsável por fincar as raízes daquilo que viria a ser o sistema bancário. Com o final das guerras napoleônicas, as práticas financeiras cresceram de forma acelerada. Contudo, outros sistemas financeiros se desenvolveram tão bem quanto o inglês. Mesmo assim, o mercado britânico estava extremamente internacionalizado. Mas essa abertura deixava a moeda inglesa volátil. Reconhecendo tal fragilidade, o Banco da Inglaterra começou a reforçar suas reservas de ouro, principalmente depois da exploração em território africano, que foi muito intensa no final do século XIX. Dessa forma, com o aumento das reservas, cresceu a credibilidade da libra esterlina. Primeiramente pelo fato de a Inglaterra ser o centro financeiro global. Em segundo lugar, por conta de, muitas vezes, a libra ser comparada ao ouro. Isso aumentava o poder do Banco da Inglaterra sobre as taxas de juros. Contudo, uma moeda se torna internacional a partir do momento em que ela serve como unidade de conta, troca e valor no exterior, tanto por agentes públicos (governos) quanto por agentes privados (empresas). Porém, quando falamos de moeda internacional para governos, além das funções clássicas, é também necessário que haja a escolha de determinada moeda para que seja referência na sua taxa de câmbio. Consequentemente, é a partir desse panorama que os Estados vão calcular suas ações político-econômicas, bem como suas reservas. Consequentemente, tal panorama fez com que os países fossem adotando o padrão-ouro. Isso significava reduzir os custos que havia nos financiamentos, tanto internos quanto externos, permitindo, também, aumentar os prazos dessas operações. O padrão-ouro, então, funcionava como uma espécie de selo de garantia no crédito negociado pelos Estados, pelas empresas e pelos bancos que participavam no comércio internacional. Outro fator de impulso na adoção do padrão-ouro foi a desvalorização da prata, fazendo com que os países adotassem primordialmente o ouro. No período do padrão-ouro, as transações funcionavam majoritariamente através de Letras de Câmbio (LC), ou seja, títulos de crédito. Dessa forma, muitos instrumentos estavam relacionados ao crédito privado. Contudo, dada a credibilidade londrina, em pouco tempo até mesmo os títulos comerciais ingleses se tornaram ativos financeiros; alguns países chegavam a utilizá-los como reserva. Vale ressaltar que o maior volume dos negócios era entre bancos privados. Porém o ouro servia como padrão de conversibilidade. Assim, diante da falta de regulamentação e da superioridade das negociações por parte dos bancos privados, o ouro era um elemento de controle dos bancos centrais dos países, pois eram essas instituições que determinavam seu preço. Contudo, o padrão-ouro tinha suas limitações. E uma das principais limitações era o fato de que os governos não podiam emitir moeda para conter eventuais crises, pois estavam presos à quantidade de ouro em suas reservas. Então, quando aconteceu o crash da bolsa em 1929, esse sistema financeiro limitou a ação do governo e foi determinante para que o colapso acontecesse. Dessa forma, podemos conceber, então, o sistema padrão-ouro como um sistema monetário internacional no qual a quantidade de moedados países era definida na correlação com a quantidade de ouro que havia nos cofres das reservas de cada país. Assim, era possível converter uma moeda em ouro e, consequentemente, em outras moedas. Contudo, o valor fixo do ouro fazia com que a taxa de câmbio fosse atrelada ao preço desse metal. Já durante a Segunda Guerra Mundial, o financiamento dos estadunidenses para os ingleses foi pago, em uma parte, por ouro. Contudo, a Inglaterra só pôde honrar seus compromissos até o ano de 1941, exaurindo suas reservas. Assim, foi criada entre os anos de 1941 e 1945 uma forma de financiamento especial chamada de Lend-Lease. A partir daí, começamos a ver a diplomacia econômica ficando cada vez mais evidente. Esse sistema funcionava como uma espécie de doação dos Estados Unidos para seus aliados. Doação porque não envolvia uma dívida que seria cobrada. O país norte- americano exigia em troca, simplesmente, compensações políticas. Seu objetivo principal era que, por conta dessas doações, os ingleses eliminassem as preferências imperiais de comércio e do chamado bloco da libra: países que faziam parte do Império Britânico nos quais a libra ainda era uma moeda conversível. Em outras palavras, era um empurrão para um multilateralismo imediato. Para segurança das condições impostas os Estados Unidos fragmentaram seu financiamento para a Inglaterra durante a guerra, de modo que o país europeu não conseguisse acumular um saldo superior a 1 bilhão de dólares em momento algum. A superioridade definitiva do dólar sobre a libra fica evidente nos Acordos de Bretton Woods, em 1944; com a equiparação do dólar ao ouro, a libra foi reduzida definitivamente a uma moeda entre outras. Vale ressaltar que o sistema de Bretton Woods estabelecia um câmbio fixo, assim como era feito no padrão-ouro. Porém, diante do novo contexto, o padrão agora era dólar-ouro. Diante desse panorama, surgiram as quatro principais instituições de Bretton Woods: • Fundo Monetário Internacional (FMI). • Banco Mundial. • Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). • Sistema de taxas de câmbio de Bretton Woods. O FMI tinha por fundamento ser uma espécie de administradora do novo sistema financeiro internacional. Entre seus objetivos, estava evitar as instabilidades do câmbio. Ademais, funcionaria como um agente para combater a inflação nos países-membros. Outra função primordial da instituição era socorrer os seus membros quando necessário, amenizando eventuais desequilíbrios nas balanças de pagamentos dos países. Para tal, poderia realizar-se empréstimos compensatórios. No final da década de 1960, criou-se outro sistema de ativos: Direitos Especiais de Saque (DES). Eles eram uma forma de pagamento equivalente à cota que cada país tinha junto ao FMI . Consistiam em reservas da organização, em moedas estrangeiras suplementares, ou seja, além do dólar. Já o Banco Mundial tinha por função auxiliar a reconstrução dos países que foram devastados durante a guerra e também auxiliar no desenvolvimento dos países menos desenvolvidos (porém com taxas de juros reduzidas). O capital está relacionado a um grupo de países credores que o compõem. Contudo, a proporção de cada país como credor do banco está de acordo com a sua importância econômica. Vale ressaltar que o Banco Mundial faz esses empréstimos somente quando não é possível se obter o valor em bancos privados. O General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) tinha por objetivo reduzir as restrições que havia no comércio global. Era responsável também por compensações aos países que fossem prejudicados em tarifas alfandegárias, bem como pela arbitragem em conflitos de cunho comercial. Sua forma de atuação era através de rodadas de negociação. Com o novo sistema, Bretton Woods, o dólar se tornou uma moeda internacional, pois ela era a única que poderia ser convertida em ouro. As demais moedas poderiam ser convertidas em dólar em uma taxa fixa de câmbio. Lembrete A ausência de um mecanismo de ajustes foi um dos fatores que culminaram na Crise de 1929, pois o padrão-ouro não permitia tal possibilidade. O país norte-americano, nitidamente menos afetado durante a guerra do que seus aliados, foi o principal fornecedor de recursos para a reconstrução dos países europeus atingidos pela guerra. Essa ajuda financeira ficou conhecida como Plano Marshall. Foi somente durante a Guerra Fria, mais especificamente no ano de 1971, que os Estados Unidos romperam, de forma unilateral, os Acordos de Bretton Woods para alterar o câmbio fixo do dólar para câmbio flexível. Havia uma contradição básica no sistema Bretton Woods que ficou conhecida como Paradoxo de Triffin: • Para haver expansão, era necessário o crescimento das reservas globais em dólar. • Contudo, isso causava déficit externo para os Estados Unidos. • Se esses movimentos fossem ordenados e periódicos, mas os ativos em ouro constantes, haveria uma quebra na confiança da conversibilidade do dólar, colocando em xeque o próprio Acordo de Bretton Woods. O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL PÓS-BRETTON WOODS E A REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA EUROPEIA Foi significativa para a retomada econômica e como a reconstrução do Velho Continente chegou a ameaçar a hegemonia dos Estados Unidos, os seus benfeitores, pois esse país estava demasiadamente preocupado com o avanço do bloco soviético em plena Guerra Fria. - O sistema financeiro internacional pós-Bretton Woods 1.O Fundo Monetário Internacional (FMI) Criado em 1944, na reta final da Segunda Guerra Mundial. A administração desse órgão fica a critério de um conselho de governadores,mais um suplente para cada país-membro. Além deles, existem diretores-executivos, dirigentes e auxiliares. Em relação aos votos dos membros, cada sócio tem o direito a 250 votos mais um adicional a cada 100 mil DES (Direito Especial de Saque) - é uma forma de pagamento equivalente à cota que cada país tem junto ao FMI - . Os membros do FMI são todos os países que estavam representados na Conferência de Bretton Woods e, obviamente, contribuíram com sua cota financeira, além de outros países que por livre e espontânea vontade solicitaram sua admissão. Como vimos anteriormente, no final da década de 1960 foi criado o Direito Especial de Saque (DES). O intuito era facilitar as negociações e empréstimos devido às crescentes limitações na produção de ouro e às crises especulativas dessa reserva. Em um primeiro momento, o valor do DES foi definido em ouro. Porém, a partir de 1971, foi necessário redefinir esse valor, bem como sua forma de cálculo. Consequentemente, a taxa flutuante do DES ficou, a partir de então, atrelada a um valor calculado entre as cinco moedas dos países que mais tinham participação na exportação mundial. E, até hoje, esse valor é revisto de cinco em cinco anos. Sua atuação é diretamente com o Banco Central do país-membro. Para que um país obtenha moeda estrangeira ou DES, há um caminho de mão dupla: deve-se depositar o valor correspondente ao montante em sua moeda nacional. Assim, simultaneamente, será concedido um crédito em moeda estrangeira ao país e ocorrerá um débito em suas cotas. É uma medida que visa inibir e atenuar eventuais inadimplências, lembrando que 75% da cota do país é em moeda nacional. Basicamente, o FMI atua através de sete linhas de crédito. A primeira delas se chama crédito contingente – acordos Stand-By. Essa forma de atuação dura entre 12 e 24 meses, no máximo. Sua função é oferecer soluções para o desequilíbrio no setor externo dos países. Já os extended fund facilities (EFF) correspondem a créditos que duram três anos, visando também à contenção de desequilíbrios externos. Aos países de baixa renda, que possuem problemas recorrentes, o FMI chama a linha de crédito de structural adjustment facility. Já os países que exportam produtos primários e possuem dificuldades na sua balança de pagamento, o órgão internacional oferece o compensatoryand contingency financing facility. Quando a necessidade é somente de apoio ao ajuste do balanço, o crédito oferecido pelo FMI chama-se enhanced structural adjustment facility (ESAF). A linha de crédito que foi instituída a partir de 1969 para oferecer financiamento para a amortização de capital aos países que necessitam chama-se buffer stock financing facility (BSF). Após as crises do petróleo nos anos 1970, especialmente após a crise que ficou conhecida como Segundo Choque do Petróleo, o FMI criou uma linha de crédito que permite ao órgão receber empréstimos de países que são exportadores de petróleo e emprestar o óleo a países deficitários. Essa linha de crédito chama-se oil facility. 2. Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) Banco Mundial – ou Banco Internacional - acabou por ser muito mais utilizado no desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos. Desde Bretton Woods até os anos de 1960, o Banco Mundial focou seus esforços em prover recursos ao setor público dos países. Contudo, a partir dessa década também passou a financiar projetos em outras áreas, como o desenvolvimento urbano e agrícola, bem como projetos na área da educação. Sendo assim, o Banco Mundial ampliou sua atuação através da Agência Internacional para o Desenvolvimento (IDA), bem como através da Corporação Financeira Internacional (CFI) – criada em meados dos anos de 1950 –, no intuito de conceder empréstimos diretos ao setor privado. Ademais, promove investimento de capital particular e estrangeiro, obviamente com determinadas garantias, para os países em desenvolvimento. Em relação a sua estrutura, a primeira é que, para ser membro do BIRD, é necessário ser membro do FMI. Logo, sua administração também é muito semelhante à do FMI, sendo o sistema de votação igual, porém com um conselho consultivo a mais. Outra regra importante é o fato de que os recursos que o Banco Mundial oferece aos seus membros só podem ser aplicados para fins de construção, reconstrução e desenvolvimento. Similarmente ao FMI, a fonte dos recursos também é oriunda da participação dos países-membros. 3.Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Criado no final da década de 1950. O intuito era financiar o desenvolvimento dos países da América Latina e do Caribe, majoritariamente subdesenvolvidos. Embora o foco esteja na parte latina do continente, sua sede fica em Washington e sua administração são semelhantes aos do BIRD. Na sua fundação, o BID incluía 19 países da América Latina, mais os Estados Unidos. Contudo, a partir da década de 1970, países de outros continentes foram admitidos – como Alemanha, Japão, Finlândia, entre outros classificados como membros não regionais. Os recursos do BID advêm de três grandes fontes: • Recursos de capital: a parcela correspondente dos países-membros. • Fundos para operações especiais: relativos a recursos fornecidos também pelos países-membros, mas com o intuito de serem aplicados em financiamentos sob condições especiais. • Fundos fiduciários: recursos oriundos tanto de países-membros como de países não membros, porém sendo um capital administrado pelo BID através de acordos. As principais áreas de atuação do BID são: desenvolvimento rural e agrícola, atividades industriais, desenvolvimento urbano, infraestrutura e educação. Contudo, além dessas áreas, o banco pode oferecer empréstimos para assistência técnica para governos, bem como para empresas, sejam elas públicas ou privadas. Porém, nesses casos, o montante não ultrapassa 50% do custo do projeto. 4. Órgãos anteriores a Bretton Woods Estamos falando do Banco para Ajustes Internacionais – Bank for International Settlements (BIS) –, fundado no início da década de 1930, com sede na Suíça, e do Banco de Exportação e Importação – Export-Import Bank (EXIM Bank) –, fundado também na década de 1930, porém nos Estados Unidos. O BIS foi fundado como uma agência para coordenar movimentações financeiras internacionais de curto prazo. Contudo, muitas das suas funções, após Bretton Woods, acabaram por ficar com o FMI. Os cotistas desse banco de ajustes são os bancos centrais de grandes economias. Já o EXIM Bank, nascido do governo dos Estados Unidos logo após a crise de 1929, tornou-se rapidamente a principal agência de financiamento daquele país. O intuito era promover o aumento da exportação de produtos e serviços daquele país, para instituições públicas e privadas. Era interessante ao importador porque havia facilitação no pagamento à vista ou parcelamento no prazo de 5 a 15 anos. Outro fato, era realizar operações de descontos em títulos representativos de financiamentos que foram concedidos por outras entidades privadas, caso houvesse inadimplência por parte do importador. Ademais, também atuava na forma de consórcio e seguro de crédito de exportação. Porém, o modelo não exauriu a instabilidade e a volatilidade do capital. O Plano Marshall e a reestruturação europeia Como vimos anteriormente, o BIRD foi o órgão criado para a reconstrução dos países devastados pós-Segunda Guerra Mundial. Contudo, quem desempenha esse papel é o Plano Marshall, uma série de medidas por parte dos Estados Unidos vistas como ajuda financeira aos países da Europa. Executado entre 1947 e 1951. Ademais, houve uma recusa por parte dos soviéticos em participar do programa. Além dessa recusa, veio uma proibição aos Estados do Leste Europeu, bem como evidenciar os rumos que a Guerra Fria tomaria. Outra cartada por parte dos Estados Unidos foi a criação da Organização Econômica para a Cooperação Europeia (OECE). Essa organização nasceu no ano de 1948, com o objetivo de administrar os recursos financeiros oferecidos pelo Plano Marshall. Quando essa organização, por diferentes motivos, se tornou obsoleta, foi criada, em dezembro de 1960, com a participação de 20 países, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A nova organização ficou conhecida como um clube de países ricos, que tinha como objetivo estudar a globalização econômica. Posteriormente, adentraram a organização mais nove países, totalizando, assim, 29 membros. Plano Marshall fez com que os Estados Unidos exportassem um novo modus operandi, conhecido como american way of life. Consequentemente, com o crescimento econômico aliado à exportação de um ideal consumista, foi natural o aumento na utilização de bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos. É necessário ressaltar que a própria aliança dos Estados Unidos com a Grã-Bretanha e, principalmente, com a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial era sustentada somente na luta contra Hitler. No ano de 1945, George F. Kennan alertou o então presidente Truman sobre as intenções dos soviéticos. Isto posto, o Plano Marshall de fato se associava à luta contra o comunismo na Guerra Fria, indo muito além de um simples auxílio econômico. Outro aspecto de grande importância do Plano Marshall para os Estados Unidos reside na prosperidade de sua própria economia e base industrial, os Estados Unidos se beneficiavam da compra de produtos com o dinheiro que eles mesmos emprestaram. GLOBALIZAÇÃO, UM CAMINHO SEM VOLTA A globalização pode ser compreendida sob diferentes óticas. 1. A globalização e suas múltiplas (in)definições Foi utilizado pela primeira vez no ano de 1961. O termo passou por diferentes definições, caminhando por entre aldeia global, sociedade da informação e até mesmo universalismo e desterritorialismo. Os hiperglobalistas explicam a globalização como algo único e transformador. São redes transnacionais que estão diretamente ligadas à produção econômica, envolvidas no comércio e nas finanças, e que levam a uma espécie de desnacionalização da economia. Eles não enxergam o neoliberalismo nem o marxismo como teorias que fundamentam a economia global. Já os céticos, em vertente contrária, não enxergam nada de novo na globalização.Sua interpretação do fenômeno limita-se a um aumento do nível das relações internacionais. Globalização, assim, seria apenas um processo oposto à regionalização. Acreditam, por exemplo, que essa nova configuração acaba por acirrar ainda mais os nacionalismos agressivos, proliferando o fundamentalismo. Por fim, os transformacionalistas estão em uma posição intermediária. Compreendem a globalização como um fenômeno histórico e sem precedentes. Alguns enxergam a globalização como uma ameaça ao Estado, enquanto outros tendem a interpretar o fenômeno como uma sequência natural da história. Já as causas da globalização, segundo essas abordagens, são basicamente duas: uns enxergam o capitalismo e a tecnologia que vem com ele como causa da globalização, enquanto outros consideram uma combinação de diversos fatores, como mercado, ideologia e política. Contudo, o ponto de convergência entre todas as abordagens é o papel da tecnologia. Alguns veem a globalização como um processo que se desenvolve desde as Grandes Navegações, ou mesmo desde as migrações do período pré-histórico. Outros afirmam que a globalização começou com a implementação dos primeiros cabos de telefonia, ou mesmo que nasceu na década de 1970 com a radiodifusão via satélite. Os mais céticos apontam a globalização como um fenômeno que se acentuou com o final da Guerra Fria. Contudo, vale ressaltar que tudo “diz respeito à forma pela qual a distribuição e o exercício do poder são transformados pela globalização através do tempo em diferentes estruturas sociais: hierarquia social e desigualdade espacial” . O primeiro deles é o fato de que a globalização é um fenômeno supranacional, alterando a percepção de players acerca de diversas noções, como lugar, distância, fronteiras etc. O segundo aspecto diz respeito à governança: dimensões como local, regional, nacional e internacional – sem esquecer do termo global – se sobrepõem e coexistem, gerando novas regras, que alteram a dinâmica da soberania nacional. Consequentemente, surge o agente internacional, pois o indivíduo se faz presente em assuntos globais e pode, principalmente através da internet, participar de uma sociedade civil global, através de movimentos populares transnacionais. O terceiro aspecto é de ordem tecnológica. Basicamente, a sociedade da informação é consequência dos avanços dessa área. • A globalização é um fenômeno não homogêneo. • Culturas divergem e convergem o tempo inteiro. • As noções de tempo e espaço, mesmo que sejam desafiadas, ainda possuem relevância no cenário global. • A globalização é resultado da ação de múltiplas forças – que muitas vezes são antagônicas. • O fenômeno da globalização não é claro e muitas vezes embaralha os focos de poder dada sua dimensão. 2.Globalização e as consequências humanas Bauman enxerga o local como algo que pode ser localizado e delimitado. Já o global seria algo não delimitável e não localizável. Assim, estaria isento das influências locais. É o global que acaba por influenciar o local. Para Bauman (1999), aqueles que detêm o poder – sejam governos, empresas ou pessoas – circulam livremente nos territórios, estes delimitados. Assim, podemos compreender essas forças como elementos que acabam por modificar o papel do Estado. Pensando em diplomacia econômica, a reflexão de Bauman (1999) é muito interessante, pois, nessa ótica, o capital não tem pátria. Portanto ele circula livremente, comandado por uma elite do capital, e exerce enorme influência nos Estados, pois estes são territoriais. Nessa perspectiva, o poder é algo extraterritorial. Ademais, as estruturas tradicionais não mais servem como referência, pois o capital movimenta-se livremente e mais rápido do que qualquer ação estatal. Logo, fica nítida a ruptura do binômio espaço-tempo. Para o autor, o Estado, na contemporaneidade – que Bauman (2001) chama de modernidade líquida –, não pode fazer frente ao poder dos players econômicos globais. Para ele, as decisões acontecem em âmbito global. Contudo, as consequências dessas decisões são locais. Bauman comenta ser essa a condição da morte da soberania do Estado, pois, dessa forma, o Estado estaria necessariamente dependente dos processos produtivos. Ao mesmo tempo, o Estado ainda se utiliza de seu poder soberano, através de processos de coesão, para manter a ordem social fundamentada justamente na lógica do capital. Santos (2001) é outro autor que tece algumas críticas à globalização. Pode ser interpretado em três perspectivas: como fábula, como perversidade e como possibilidade. O autor defende que a globalização é um fenômeno que pode ser revertido. Na sua visão como fábula, explica que as empresas e os Estados poderosos mostram a globalização como algo inevitável , a partir de um discurso único, sendo o computador o elemento central desse fenômeno. Como perversidade, uma espécie de tirania, tanto do dinheiro quanto da informação, causando uma polarização das economias dos players hegemônicos. Consequentemente, a competição se torna desigual, fomentando pobreza e escassez para aqueles que não participam do jogo. Nessa perspectiva, existe grande influência midiática. Ademais, o autor também defende que o dinheiro modela o espaço de acordo com as vontades do capitalismo. Porém, existe também a visão otimista da globalização: outra possibilidade, que reside na nação ativa, aquela que cria e recria sua relação com o espaço social. 3.Globalização e economia internacional Segundo Saraiva, a globalização é a Terceira Revolução Industrial. É atrelada, também, à sociedade do conhecimento, vinculada à era da informática. Em relação à integração da economia mundial, o autor compara a globalização do final do século XX e início do século XXI com os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial: integração em termos comerciais, bem como investimentos diretos estrangeiros, com grandes fluxos financeiros e migratórios. Nesse sentido, a globalização contemporânea seria uma espécie de retomada desses elementos. Contudo, a globalização de cunho liberal teria seu início nos anos de 1970, sendo, inclusive, implementadas diretrizes políticas globais de economia. Ou seja, o próprio Estado começa a repensar o seu modelo diante da economia integrada de forma global. Com maior ênfase nas duas últimas décadas do século XX, foi possível perceber na América Latina – por conta das crises políticas e econômicas – que “os resultados econômicos condicionaram, em grande medida, os sucessos políticos”. Outro aspecto relevante para as relações internacionais se deu com o fim do bloco soviético e a consequente transição das economias do modelo socialista para o modelo da integração econômica mundial. Já nos anos de 1990, a globalização se acelerou – principalmente por conta da crescente tecnologia comunicacional –, sendo que o grande destaque em âmbito econômico foram as economias da Ásia Oriental. Porém, o autor defende que o processo concomitante à globalização é a regionalização. Essa tendência é oriunda dos anos 1980, principalmente quando a Comunidade Econômica Europeia (CEE) lançou mão do Ato Único Europeu (1986), visando retirar os entraves para a criação de um grande mercado unificado. Inevitavelmente, o que está em xeque é, de fato, o papel do Estado. A partir dos anos de 1990 muitas teorias realistas das relações internacionais passaram a ser objeto de crítica, justamente pela dificuldade do Estado em coexistir com forças transnacionais. É a reafirmação da ideia de aldeia global, sendo que o Estado se encontra em uma posição na qual é exigido não só pelas suas questões internas, mas também pelas demandas da comunidade internacional. Dessa forma, é como se as sociedades fossem sistemas confederados, dificultando as questões identitárias, lançando a democracia como ideal global. Quanto à economia, esta se torna autônoma e independente do Estado. Nessa abordagem, a globalização foium contraponto à bipolaridade em tempos de Guerra Fria. Logo, o neoliberalismo seria como a ideologia da globalização, enquanto o capitalismo representaria sua ordem. Desse modo, a globalização proporciona uma nova realidade econômica. Ela envolve a dimensão financeira, pois está diretamente relacionada ao aumento de volume e velocidade da transição entre os recursos e suas respectivas interações com as economias nacionais. Contudo, o aumento desses fluxos financeiros e comerciais não se tornou absoluto como propagado por muitos. A fronteira não desapareceu por completo: somente para algumas coisas. Não obstante, o Estado também atua no cenário global em defesa dos interesses das suas empresas nacionais. Ainda segundo Mariano e Carmo, a globalização apresenta sua face produtiva. As empresas argumentam que é necessário articular a produção em nível global por conta do aumento da concorrência, pois muitas empresas passaram a atuar fora de seus mercados domésticos. Basicamente, a produção em escala global é feita de duas formas: investimentos diretos e contratos. Os investimentos diretos normalmente são feitos a partir do estabelecimento de subsidiárias ou filiais em um determinado mercado nacional, enquanto os contratos servem para a transferência de tecnologia, patente, marcas, franquias etc., não envolvendo, necessariamente a participação direta da empresa. Contudo, esse fenômeno é desigual no globo, pois ele não atinge todos os países. As empresas de países que possuem grandes economias predominam, utilizam de estratégias que envolvem três processos. O primeiro deles reside na maior utilização de equipamentos modernos. Isso permitiu que a informação se tornasse um bem passível de ser comercializado. Ora, não precisamos ir muito longe: plataformas de streaming, aplicativos de músicas, compra de livros virtuais etc. Esse é o segundo aspecto. O terceiro aspecto está atrelado às mudanças na gestão empresarial, como por exemplo a utilização do sistema just in time, de gestão participativa e empreendedores, logística reversa, questões ambientais, e, principalmente, flexibilizações dos contratos de trabalho. Se existe a globalização financeira e a globalização produtiva, não poderia deixar de existir a globalização comercial. E para finalizarmos nossa reflexão sobre ela, uma das principais práticas que envolve todas as características que estudamos é o investimento direto estrangeiro (IDE). Esse conceito refere-se à transferência de recursos de uma determinada empresa, necessariamente estrangeira, para outro país. Sua finalidade é estabelecer uma filial ou subsidiária ou, até mesmo, adquirir um percentual de participação em outra empresa, incluindo o poder de voto. Entretanto, os países também podem ter vantagens nesse processo, como a obtenção de novas tecnologias, o que impacta diretamente na eficiência produtiva e nas condições de competitividade no mercado global. Ademais, o IDE pode ser uma forma de atrair capital e de o país suprir seu déficit de poupança interna. O DESENVOLVIMENTISMO E A CRIAÇÃO DA UNCTAD Vamos estudar como as novas relações que surgem a partir da ascensão da economia como elemento diplomático afetam os países menos desenvolvidos. Para tal, vamos falar da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a UNCTAD. Ela foi criada em 1964 e tem como objetivo exatamente fomentar um melhor desenvolvimento dos países através de uma eficiente integração econômica global. Embora tenha a palavra conferência em seu nome, a UNCTAD funciona como uma organização internacional. 1. O desenvolvimento do desenvolvimentismo Chamamos de países desenvolvidos e não desenvolvidos. A UNCTAD foi criada para tal finalidade. Não obstante, vemos aqui: desenvolvidos e não desenvolvidos. Destarte, também foi utilizada a denominação subdesenvolvidos. Contudo, a classificação não é clara, de modo que comumente vemos países não desenvolvidos sendo referenciados como subdesenvolvidos. Porém, dadas as mudanças na sociedade, embora o caráter econômico seja extremamente relevante, o desenvolvimento de um país passa a ser medido por um conjunto de fatores que transcendem as questões econômicas e financeiras. Um exemplo disso é que, dessa forma, a classificação de países corresponde a critérios econômicos e sociais, sendo que situações como um padrão de vida baixo atrelado a uma precária base industrial levam determinado país a ser classificado como subdesenvolvido ou em desenvolvimento. 2. O conceito de desenvolvimento Estão ligados à produção industrial e, devido à interdependência entre os países, ao comércio internacional. Durante a Guerra Fria, especificamente em meados dos anos 1950, foi amplamente utilizada a classificação em mundos, sendo que os países desenvolvidos faziam parte do Primeiro Mundo, enquanto os não desenvolvidos eram classificados como Terceiro Mundo. A classificação de países corresponde a critérios econômicos e sociais, sendo que situações como um padrão de vida baixo atrelado a uma precária base industrial levam determinado país a ser classificado como subdesenvolvido ou em desenvolvimento. Em relação às classificações, elas mudam de acordo com a agência ou organização internacional que faz esse arranjo. Não é incomum um país figurar em uma lista, quando classificado pela ONU, e em outra diferente, quando classificado pelo FMI. A disputa aqui, em nosso exemplo hipotético, reside no caráter da organização: uma com claro viés econômico, outra com um peso maior no âmbito social. Contudo, a partir dos anos 1990, uma nova forma de classificação dos países passou a ser utilizada em larga escala: o índice de desenvolvimento humano (IDH). Historicamente, o IDH foi criado pelo economista indiano Amartya Sen e pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, e desde 1993 esse índice tem sido usado em larga escala. A formação dessa medida é composta de três aspectos: renda, educação e saúde. Logo, o IDH funciona como uma espécie de contraponto ao produto interno bruto (PIB), pois esse indicador considera somente o aspecto econômico para mensurar o desenvolvimento de uma nação. Em relação ao IDH, na perspectiva educacional, a preocupação se dá com a média de anos em relação à educação de adultos. Já no campo da saúde, o alicerce se dá na longevidade da população. Finalmente, no campo econômico, a renda per capita é o objeto mensurável. A conta é simples: divide-se a renda nacional pelo número de habitantes – como não poderia deixar de ser, ela é medida em dólar. 3.O desenvolvimentismo É interessante compreender o desenvolvimentismo a partir de sua conceitualização – o campo das ideias – em uma aplicação em eventos históricos para se analisar a sua eficiência. Isso porque, para as ciências humanas, a teoria é um instrumento para formular e testar hipóteses. o desenvolvimentismo foi uma resposta justamente ao atraso econômico latino-americano em relação a outros. Outro aspecto bastante interessante reside no fato de ser uma ação deliberada. Nessa perspectiva, fica explícita a consciência e a intenção dessa política. Assim sendo, nesse momento, percebemos a subordinação da economia à política, pois sua formulação não acontece no mercado, mas sim nas esferas governamentais. O agente formulador de uma política desenvolvimentista é um governo – formulador e executor. Então outro conceito entra em cena: a nação, pois é nela o foco da política. Contudo, embora vejamos tais características, o foco é o setor industrial. Desse modo, percebemos que o desenvolvimentismo tem características do modelo liberal, mas com a intervenção estatal como elemento que vai guiar as relações de mercado. O mercado continua sendo o mercado, mas diferentemente do liberalismo, com a famosa mão invisível de Adam Smith, o Estado tem papel central em conduzir essa economia da melhor maneira possível, sem minar as relações e processos naturais desse mercado.O desenvolvimentismo também passa por reformulações, dando origem ao novo desenvolvimentismo. 4. O novo desenvolvimentismo Não somente compreendendo o crescimento da produção, mas sendo atrelado às mudanças estruturais que permitam que esse modelo de crescimento seja sustentável no longo prazo. Contudo, traz consigo o intervencionismo em prol do crescimento nacional, bem como um nacionalismo embutido. Esse nacionalismo figuraria como uma espécie de justificativa para delimitar o capital estrangeiro, com este sempre estando subordinado ao capital nacional. Portanto algumas das características do novo desenvolvimentismo estão atreladas à nova conjuntura internacional. Para tal, é necessário expandir o investimento e direcionar a economia para as exportações. Ademais, é necessário diminuir as taxas de juros, bem como alinhar o câmbio. É aí que reside uma grande diferença entre as óticas desenvolvimentistas: a taxa de câmbio. Diferentemente do antigo desenvolvimentismo que visava em demasiado ao mercado interno. As teorias anteriores estavam direcionadas para outros modelos e estágios de desenvolvimento econômico, não dando conta das complexidades da contemporaneidade. Vale um destaque: o papel da justiça social como objetivo do novo desenvolvimentismo. Podendo ser chamado de macroeconomia desenvolvimentista. Assim sendo, há algumas considerações interessantes sobre o tema. A primeira delas reside no fato de que, nessa ótica, a taxa de câmbio dos países em desenvolvimento deve ser considerada a longo prazo. Ademais, para funcionar, devem ser considerados como variáveis macroeconômicas a taxa de câmbio, os déficits em conta corrente e a taxa de lucro, estes ocupando o lugar da taxa de juros e dos déficits públicos como elementos de medidas macroeconômicas. Isto posto, os autores defendem que existem cinco elementos, chamados “preços macroeconômicos”, que o mercado não tem como regular ao certo, dadas as suas próprias características. São eles: taxas de inflação, salários, câmbio, juros e lucro. O foco em demasiado na taxa de câmbio para o novo desenvolvimentismo se dá para superar o paradoxo conhecido como doença holandesa. Doença holandesa é um termo utilizado na economia que se refere à exportação de produtos primários e recursos naturais que ocasiona um declínio na produção de manufaturas. Essa teoria critica os endividamentos externos, pois busca o equilíbrio em mudanças estruturais. Ao mesmo tempo, é crítica também aos investimentos diretos estrangeiros que não trazem, de fato, saldo. 5.O desenvolvimentismo no Brasil Nos setores têxtil e de alimentos que temos nossas primeiras experiências sobre a indústria. Esse período coincide com a recém-proclamada República (1889) e a abolição da escravidão (1888). No Brasil, foi após a ascensão de Getúlio Vargas em 1930 que a ideologia nacionalista se uniu à defesa da industrialização através do desenvolvimentismo, uma das marcas do Estado Novo. A partir de 1937 alinham-se diferentes fatores, como a nova Constituição, a moratória decretada pelo governo e uma política externa mais independente. Um marco foi a prioridade da construção de uma siderúrgica nacional, bem como a reestruturação de alguns órgãos de regulação, como o Conselho Nacional do Petróleo em 1938. A solução foi buscada no investimento estrangeiro. Não havia outra opção a não ser importar o maquinário de produção, outro desafio à proposta desenvolvimentista. Um dos marcos é o Processo de Substituição de Importações (PSI). É um processo de industrialização fechada, ou seja, atende o mercado interno, não produzindo para exportar. Outra característica é que essa indústria só se expande por conta da redução do valor das exportações. Inicialmente, foram contemplados os setores de bens de consumo não duráveis, como têxteis, calçados, alimentos etc. Depois, foi a vez dos bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos e automóveis. Em terceiro lugar, os bens intermediários, como ferro, aço, cimento, petróleo etc. Finalmente, os bens de capital, como as máquinas e equipamentos. A proteção à indústria nacional nesse período foram: desvalorização real do câmbio, aumentando, assim, os preços dos produtos importados; controle de câmbio, estabelecendo um sistema de licenças para importações, provocando uma redução nas importações; taxas múltiplas de câmbio, no intuito de diversificar a atuação do governo nos diferentes setores industriais; elevação de tarifas aduaneiras, buscando, assim, reduzir o número de importações. Outro período que é consenso no Brasil são os anos do Governo JK. Por conta do famoso Plano de Metas de JK. As premissas eram keynesianas. Podendo ser considerado como o auge do desenvolvimento do país O plano se constituiu de 31 metas, objetivando o desenvolvimento nacional a partir da industrialização e aprofundamento do PSI. Dessa forma, colocar em ação esse plano passava por investimentos em empresas estatais, bem como pela concessão de crédito a juros baixos e longa carência por meio do Banco do Brasil. Ademais, era necessário manter o câmbio múltiplo do Governo Vargas, bem como a política de reserva de mercado (através da lei do similar nacional), obtidos por ferramentas tarifárias e cambiais. Porém sem empréstimos externos era difícil. Assim houve a concessão de avais para tal. Para o então presidente da república, a redução da desigualdade passava necessariamente pela geração de riquezas através da industrialização. Em vista disso, evidencia-se o desenvolvimentismo: maior intervenção do Estado na economia, bem como manutenção do PSI. Entre tantos outros aspectos, pensando no desenvolvimentismo, podemos citar como pontos positivos dessa política a mudança de paradigma da economia exportadora de café para a indústria nacional, com um crescimento do PIB no período. Porém esse desenvolvimentismo não carregava consigo o mesmo nacionalismo que permeava o Governo Vargas, e que irá reaparecer no processo desenvolvimentista dos vindouros governos militares. O terceiro período, tido como desenvolvimentista no país, fica no período dos governos militares. Entre 1964 e 1967, no Governo Castelo Branco, a economia segue as diretrizes de um alinhamento com os interesses estadunidenses . Já no Governo Costa e Silva, entre os anos de 1967 e 1969, o alinhamento com os Estados Unidos está desgastado, principalmente por conta dos excessos de violência por parte do governo brasileiro. No Governo Médici, nos anos de 1969 até 1974, economicamente o Brasil se posicionava entre o Primeiro e o Terceiro Mundo, sendo esse período de maior interesse desenvolvimentista. Contudo, foi um período de uma espécie de nacional-autoritarismo, com ênfase em empresas estatais, algumas multinacionais, e consolidação de uma burguesia nacional. Já nos anos de 1974 até 1979, com Geisel no poder, o Brasil sofre com as crises do petróleo e, finalmente, com o período de Figueiredo, entre os anos de 1979 e 1985, o Brasil vive uma crise econômica, principalmente por conta do endividamento externo, e os ânimos se voltam para a redemocratização. 6.A criação da UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a visão da UNCTAD é que, através do desenvolvimento de uma economia globalizada, diferenças sejam superadas. Propõe que as economias em desenvolvimento fiquem cada vez menos dependentes das commodities. Outro aspecto relevante é o fomento à aceleração do fluxo de mercadorias entre as fronteiras nacionais, ao mesmo tempo que é necessária a proteção aos consumidores contra potenciais abusos, e proteção para que nenhuma medida asfixie a concorrência. Também busca que países, empresas e população civil se adaptem às mudanças climáticas e ao uso mais eficaz de recursos naturais. A UNCTAD trabalha em estrita parceria com BIRD, FMI, OMC e PNUD. Nasceu em 1964 com o intuito de promover o desenvolvimento de forma amigável. Ela é um fórum privilegiadoda ONU que visa ao desenvolvimento integrado do comércio com áreas como tecnologia, investimentos, desenvolvimento sustentável e finanças. Existem basicamente três funções principais. A primeira delas é o seu próprio funcionamento: um fórum para deliberações intergovernamentais, sendo que as discussões são compostas por especialistas. A outra função básica está no âmbito das pesquisas, coleta de dados e análises políticas. Depois, oferece assistência técnica especializada para as solicitações dos países. Para tal, ha cooperação com outras agências. A primeira conferência aconteceu no ano de 1964 em Genebra, na Suíça. Contudo, por conta da amplitude dos problemas a conferência foi institucionalizada para que fosse reunida a cada quatro anos. Ao mesmo tempo, foi estabelecido o G77, grupo de países que, através da sua união, poderiam expressar suas preocupações. O G77 foi a maior organização intergovernamental a abarcar países em desenvolvimento que faziam parte do sistema ONU. Então os interesses do sul podiam ser articulados, bem como a capacidade de negociação ser ampliada a favor desses países. Já na década de 1980, por conta das mudanças no cenário global, estão agora voltadas ao mercado, inclusive com liberalização econômica e processos de privatizações. Vale relembrar que, por conta dos modelos adotados até então, grande parte dos países estavam, na década de 1980, mergulhados em dívidas e em crises econômicas e sofriam com a hiperinflação em suas economias. A UNCTAD, nesse período, também fomentou a cooperação sul-sul, sendo que o marco desse período foi o Acordo sobre o Sistema Global de Preferências Comerciais entre os Países em Desenvolvimento (GSTP), em 1989, bem como a I Conferência das Nações Unidas sobre Países Menos Desenvolvidos, em 1981. Atualmente, a UNCTAD é organizada em cinco divisões, sendo comandada pela secretaria-geral. Existe a divisão para a África, países menos desenvolvidos e programas especiais, a divisão que lida com estratégias de globalização e desenvolvimento, uma divisão específica para investimentos e empresas, outra que atua no âmbito do comércio internacional e commodities e, finalmente, uma divisão para tecnologia e logística. Simultaneamente, existe uma série de serviços que são efetuados pela UNCTAD no intuito de fomentar o trabalho dessas divisões, como a seção de comunicação, informação e divulgação, o serviço que presta apoio intergovernamental para garantir o funcionamento das reuniões, a cooperação técnica para o gerenciamento das bases do projeto. Além da UNCTAD, temos outros mecanismos sobre o desenvolvimento. Para tal, os objetivos de nossos estudos são o GATT e a OMC. 7. O GATT e as rodadas de negociação para a liberalização comercial o GATT nasceu no ano de 1947 alinhado com as ideias que foram propagadas nos Acordos de Bretton Woods. O pilar central desse acordo era reduzir as tarifas alfandegárias. Durante sua vigência, o GATT teve oito rodadas de negociação. A mais complexa foi a do Uruguai, por conta das discussões sobre serviços e propriedade intelectual. Contudo, esses acordos tinham algumas falhas críticas. A primeira delas se deve ao fato de, por ser um acordo de caráter provisório, entre duas rodadas de negociação não haver supervisão do comércio. Outro aspecto reside no fato de não haver muita disciplina por conta, exatamente, de um grande número de cláusulas provisórias. Ademais, havia muitos pedidos de anulação, e as partes selecionavam os acordos mais vantajosos para suas economias. Deve ser considerado para compreender o GATT é o protecionismo. Após a Segunda Guerra Mundial, formou-se um consenso entre as economias capitalistas, encabeçadas pelos Estados Unidos, de que era necessário haver a eliminação das barreiras comerciais impostas pelos Estados, estas vistas como herança das rivalidades de guerra e como consequência de outras crises econômicas. Nessa perspectiva, o GATT foi uma necessidade para o modelo neoliberal. O crescimento da economia mundial dependia do livre-comércio. Contudo, vale uma ressalva: embora ele funcionasse como uma organização intergovernamental (OI), nunca foi uma. Simplesmente a sua atuação era MUITO importante para o comércio. A Grande Depressão foi um fato histórico importante, pois mostrou o lado mais vulnerável da economia global. A partir de então, os protecionismos ganharam espaço, ficando cada vez mais evidentes no período das guerras. Após a Conferência de Bretton Woods, como vimos anteriormente, a economia é elevada a um novo patamar de importância para as relações internacionais. Assim sendo, paralelamente ao FMI e ao Banco Mundial, houve a proposta de criação da Organização Internacional do Comércio (OIC). Seu objetivo era reduzir as barreiras comerciais, bem como criar um código de normas que guiassem o comércio internacional. A partir de tal perspectiva, fica nítida a ideia de que a liberalização comercial seria o caminho para o crescimento do bem-estar das nações. Porém, essa organização não aconteceu. Contudo, anos mais tarde, após a elaboração da Carta da OIC, as nações- membros assinaram um acordo que atuaria no campo do comércio internacional: o GATT. Nos primeiros anos do acordo, foi atingido o percentual de redução das tarifas para a média na faixa de 5%. Logo após, a discussão enveredou sobre as barreiras não tarifárias e questões relacionadas a produtos agrícolas. Porém, as últimas rodadas, tentaram resolver tais problemas sobre produtos agrícolas sem sucesso. Vale ressaltar que o ambiente internacional já era outro a partir desse período por conta das então recentes crises do petróleo. Grande parte dos países adotou medidas protetivas – restritivas ao comércio internacional –, que levaram a Rodada de Tóquio ao fracasso. Diante dessa nova realidade, a Rodada do Uruguai foi uma das mais longas. Seu foco foi o estabelecimento de novos tratados. Vale ressaltar que esse período é simultâneo ao fim da Guerra Fria. Os principais pontos discutidos nesse acordo referem-se aos reforços de regras sobre dumping, salvaguardas, subsídios, barreiras técnicas, inspeção de embarque, regras de origem dos produtos e fitossanitárias, entre outras. Também foram discutidos termos a um novo processo para a solução de controvérsias. Ademais, foram abordadas negociações sobre a introdução de novos setores para o quadro de comércio que compunha o GATT, como agricultura, têxteis e serviços. Outros setores que aparecem nas discussões sobre regulação do comércio internacional nesse momento são os investimentos e a propriedade intelectual. Foram também estabelecidos prazos para o cumprimento e a implementação de todos os temas negociados, sendo que os períodos variavam entre 6 e 10 anos. Porém, o mais importante de tudo foi que, a partir de então, foi estabelecida uma nova organização internacional para tratar das relações comerciais: a Organização Mundial do Comércio (OMC), tema que veremos mais adiante. Inicialmente, o termo intitulado Tratamento Geral à Nação Mais Favorecida (NMF) é um dos mais relevantes. Nele encontra-se a proibição da discriminação entre países enquanto partes contratantes do GATT. Outro termo do GATT, muito interessante, refere-se ao tratamento nacional para todos os produtos, ou seja, não pode haver discriminação entre produtos nacionais ou importados. Fortalecendo o livre-comércio, também, que taxas e impostos internos – ou qualquer outro tipo de legislação – que afetem a venda, o preço, o transporte e a distribuição não podem ser aplicados a produtos importados. Contudo, há também termos que permitem salvaguardas sobre importações quando forem necessárias ações emergenciais. Quando houver crises no balanço de pagamento, qualquer parte contratante poderá se utilizar de salvaguardas sobre as importações para conter tais crises, sendo que essas restrições deverão ser mantidas somente até a crise ser superada Em vista disso, era naturalque temas que envolvessem a integração e o regionalismo estivessem presentes na discussão do GATT. O regionalismo é visto de duas formas: quando é considerado aberto, é compreendido como uma etapa transitória para que se chegue à liberalização econômica mundial; quando compreendido como um regionalismo fechado, fazendo com que haja um protecionismo regional, esse tipo de integração confronta o regime do GATT. O GATT foi um claro meio de os Estados Unidos garantirem força econômica perante ao mundo. Lembrete É na própria concepção dos Estados Unidos sobre a Guerra Fria que a diplomacia econômica vai crescendo em peso e importância. O GATT vai entrar em crise somente quando ocorrer a ascensão da Europa e do Japão no cenário internaciona l, com o fim da hegemonia estadunidense e o fim da Guerra Fria, pois uma nova realidade se faz presente nesse horizonte. 8. A Rodada Uruguai e a criação da OMC A criação da OMC deve ser compreendida através do histórico das rodadas de negociação que envolveram o GATT. Ao analisar a Rodada de Tóquio (1979), percebemos que o nível das tarifas praticadas nos produtos industrializados foi reduzido. Porém ainda havia restrições sobre produtos têxteis e agrícolas, estes produzidos pelos países menos desenvolvidos. Então há o reconhecimento formal de que os países menos desenvolvidos precisariam de um tratamento diferenciado. Porém, esse “sucesso” foi curto. Emerge por parte dos Estados Unidos, com Ronald Reagan, e por parte do Reino Unido, com Margaret Thatcher, uma nova ortodoxia liberal, mexendo novamente nas regras do comércio internacional. Tais regras envolviam acordos sobre matéria-prima, preferências de acesso ao mercado, política intervencionista, falta de legislação adequada sobre propriedade intelectual, e problemas com normas sociais e ambientais. Porém o fracasso reside justamente no fato de que tais interpretações eram completamente unilaterais. Assim, tais arestas vão ser aparadas – não completamente – na Rodada do Uruguai (1986). Foram constituídos 14 grupos negociadores. Inicialmente, a previsão de término da Rodada do Uruguai era o ano de 1990. Contudo, a rodada somente foi finalizada no ano de 1994, justamente pela dificuldade de entendimento entre os Estados Unidos e a União Europeia. As divergências se davam no campo agrícola, pois era muito difícil para os europeus – e ainda é até hoje – concorrer em produtos primários com alguns grandes produtores. O GATT estabeleceu uma série de regras e práticas do comércio. Contudo, era apenas um acordo. Então, em janeiro de 1995, o GATT passou a ser denominado Organização Mundial do Comércio (OMC), mantendo suas bases anteriores, mas agora com o caráter de uma organização internacional, que tinha como objetivo a melhoria e a adequação dos acordos. Para resolver tais fragilidades, a OMC nasce como uma OI. Sendo assim, é mais efetiva na aplicação de punições. É composta de uma conferência ministerial – seu órgão máximo –, que tem por função a condução política da organização. Já o Conselho Geral da OMC, que é composto pelos representantes dos Estados-membros, trata de assuntos que equivalem à Conferência Ministerial. Seus subordinados são o Órgão de Revisão de Política Comercial – que se refere a pedidos de revisão de tarifas e barreiras não tarifárias – e o Conselho de Comércio de Bens – este responsável pela supervisão dos acordos estabelecidos. Um órgão de extrema importância na OMC é o Órgão de Solução de Controvérsias. É ele o responsável pela interpretação e aplicação das regras da OI. Já o Conselho para o Comércio de Serviços se preocupa com a supervisão do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços. Um dos temas que foram colocados em destaque na rodada de URUGUAI refere-se à propriedade intelectual. os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual, obviamente com temas relacionados com o comércio, também chamado de Conselho TRIPS. Sua função nada mais é do que supervisionar os acordos sobre esse tema. Por ser uma OI, existem os órgãos de apoio e o secretariado, que são responsáveis por toda a parte administrativa da instituição. São chefiados por um diretor-geral que é indicado pela Conferência Ministerial. Vale ressaltar que a pessoa que ocupa o cargo de diretor-geral deve prezar pela independência e imparcialidade na condução de sua função. Em sentido geral, apenas dois princípios: a não discriminação e a reciprocidade. A não discriminação refere-se ao princípio básico do livre-comércio, que no GATT ficava a cargo dos termos tratamento nacional e cláusula da nação mais favorecida. Já a reciprocidade refere-se ao fato de que cada país negociador deve obter contrapartidas para o que estiver disposto a oferecer. A Rodada de Doha, que se iniciou em novembro do ano de 2001, tinha por objetivo negociar uma abertura maior para mercados agrícolas e industriais. Criou-se muita expectativa quanto ao sucesso da Rodada por ela ser a primeira grande conferência após os atentados de 11 de setembro de 2001. Junta-se a isso o fato de que o leque de temas a serem discutidos era imenso, porém com resultados imprevisíveis. A mesma ainda não terminou. Falando sobre o Brasil, que reconhece a importância dessa rodada, as preocupações são pautadas em dois temas. O primeiro deles diz respeito à área da saúde: o país defende a quebra de patentes quando ocorrer alguma urgência e houver problemas de acesso a medicamentos. O segundo tema tratado pelo Brasil refere-se ao princípio da precaução. Esse princípio permite que se interrompa o comércio de produtos que apresentem determinados riscos ainda não confirmados pela ciência. Não que o Brasil seja contra o princípio, mas espera que haja confirmação científica. O grande trunfo da Rodada de Doha está no fato da retomada do comércio após um período dominado por questões de segurança e combate ao terrorismo, porém a vitória da rodada está, neste momento, somente na ausência de sua derrota. “Para que a OMC não seja obrigada a refugiar-se no deserto, é imprescindível que o comércio internacional se transforme em uma alavanca do desenvolvimento e da redução das desigualdades sociais”. O Brasil foi um dos últimos países a abolir A ESCRAVIDÃO. Sem embargo, a política para atrair imigrantes para nosso território sempre teve como pano de fundo a motivação de chegarem não imigrantes, mas sim “braços para a lavoura”. A diplomacia econômica do século XIX é uma herança luso-britânica. Ademais, a experiência acumulada por diplomatas do período também serviu como elemento constituinte do perfil diplomático-econômico brasileiro. Então, alguns setores nos quais o Brasil tinha potencial de expansão internacional tornaram-se tradicionais para tal prática, como o comércio, o tráfico de escravos e a própria dívida externa, enquanto outros foram pouco explorados. Quando atualizamos tais características para os dias de hoje, percebemos características do período de colonização que convivem com a modernidade. . Fala-se em 5G e ainda existem regiões sem energia. O BRASIL E OS MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA: AMÉRICA E EUROPA O Brasil ainda é um país primário-exportador e, mesmo assim, ainda importa um número significativo de produtos primários. 1.O Brasil e as relações econômicas com a América Latina Nem sempre, mas muitas vezes as relações com nossos vizinhos foram conflituosas. 2.A América Latina e sua integração e inserção no mundo globalizado Os anos 1980 foram emblemáticos para as economias latino-americanas. Primeiro, porque foram o período posterior aos dois choques do petróleo. As crises das grandes economias mundiais, junto da elevação de taxas de juros no exterior, afetaram diretamente as economias do Cone Sul. Como se não bastasse, Ronald Reagan assumiu o poder nos Estados Unidos e adotou medidas de cunho liberal mais contundentes no plano internacional. Dessa forma, a atuação estadunidense no continente foi mais incisiva,sendo as ações de combate ao narcotráfico, principalmente na Colômbia, o exemplo mais claro dessa situação. Outro ponto relevante foi o conflito em que a Argentina se envolveu com a Inglaterra por conta das Ilhas Malvinas. Talvez o aspecto mais relevante que se descobriu nesse período foi a verdade: os Estados Unidos não hesitaram em nenhum momento em apoiar a Inglaterra. Ou seja, os discursos e os tratados de cooperação intracontinental não passavam de palavras. Simultaneamente, no Brasil aconteciam os últimos momentos da ditadura. Diante de tais condições, a aproximação de Brasil e Argentina aconteceu e foi o primeiro passo para o processo de integração econômica no continente. Uruguai e Bolívia também iniciaram a década de 1980 com mudanças políticas por conta do desgaste dos regimes militares instalados nos respectivos países. Não foi diferente para Chile e Paraguai. Especificamente na Colômbia, destaca-se a presença do narcotráfico e da guerrilha (também no Peru). Porém, o cenário econômico latino-americano começou a mudar a partir dos anos de 1990. Basicamente, houve uma reforma generalizada de cunho liberal, com exceção de Cuba. A Argentina foi o país que mais teve reformas, privatizando grande parte de suas empresas estatais. O Brasil atingiu um nível intermediário em relação ao processo argentino. O principal gargalo apresentado pelo modelo desenvolvimentista era o fato de que não se direcionava a economia para o âmbito externo. 3.A diplomacia econômica através da integração regional A questão toda reside no fato de que, assim como apontamos no início deste livro-texto, o modelo adotado a partir do novo sistema financeiro mundial pós-Bretton Woods só foi realmente atrelado aos processos político-econômicos dos países latinos com a superação do modelo desenvolvimentista e dos regimes militares e com a abertura comercial dos anos 1990, simultaneamente ao fim da Guerra Fria. Em termos diplomáticos, o Brasil encabeçou o principal e mais bem-sucedido processo de integração latino-americano: o Mercosul. Iniciado em 1991 e consolidado em 1994. E em termos percentuais o Brasil detém cerca de 75% do PIB do bloco. Para o Brasil, o bloco significou um aumento contundente nas exportações, principalmente para a Argentina. Depois do Mercosul, a Argentina passou a ser o segundo maior comprador – atrás apenas dos Estados Unidos e, atualmente, é o principal parceiro comercial de produtos brasileiros. A união dos países otimiza o poder de barganha diante de um cenário econômico historicamente atrasado. Traz aspectos de uma zona de livre-comércio, sendo o elemento central a tarifa externa comum. Isso significa que impostos e taxações devem ser os mesmos para produtos provenientes de qualquer lugar. O Pacto Andino – que posteriormente foi chamado de Comunidade Andina – teve seu desenvolvimento a partir da experiência malsucedida da Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (ALALC). Os elementos históricos semelhantes dos países que compõem o bloco foram cruciais para o surgimento dessa integração. Essa integração defendia a liberalização do comércio, bem como a coordenação no que tange à política sobre o desenvolvimento industrial desses países, tendo como carro-chefe o tratamento especial com as empresas multinacionais. Havia também o intento de um programa unificado para importações, bem como a criação de uma corporação para o fomento de pesquisas científicas e educação. Assim como no Mercosul, houve a criação de uma tarifa externa comum, percebendo-se que os objetivos transcendiam bastante a ideia de uma zona de livre-comércio. 4. As relações do Brasil com a Argentina Mesmo com todo o processo de multilateralismo adotado pelo país em relação à América Latina, as relações com nosso principal vizinho são demasiadamente importantes, na superação da rivalidade. A diferença de postura dos dois em relação ao conflito global já mostrava o que viria a seguir. O Brasil nitidamente se aproximava dos Estados Unidos em busca de benefícios econômicos, rompendo, em 1942, relações com o Eixo. Porém, no início dos anos de 1940, a Argentina não tinha condições de fazer o mesmo, pois dependia de exportações de matéria- prima e alimentos para a Europa. No ano de 1944, a Argentina rompe suas relações diplomáticas com os países do Eixo, fazendo uma aproximação com os Estados Unidos. Mesmo com o passar dos anos, os ideais políticos ficavam cada vez mais distantes. O Brasil mantinha sua postura de alinhamento com o lado capitalista da Guerra Fria, enquanto a Argentina, com seu ideal de equidistância do conflito, na sua ideia nacionalista. Somente no final dos anos 1950 a Argentina passou a integrar grande parte das instituições internacionais nascidas em Bretton Woods. O pedido de JK aos Estados Unidos resultou no início da Operação Pan-Americana (OPA), que caracterizava essa entrada de capital internacional no continente. Entretanto, o entendimento entre os maiores países do continente levou, no ano de 1959, à assinatura de uma série de acordos. As relações entre Brasil e Argentina nos anos de 1960 até 1980 foram caracterizadas por momentos de aproximação, desconfianças, desencontros e reencontros. Motivos militares, e diferenças em administração política, tanto interna quanto externa. Primeiramente, os pontos de convergência sobre o “combate ao comunismo” sempre serviram de apoio para o diálogo entre ambos. Esse entendimento fica evidente no apoio dos dois maiores países da América do Sul a outros regimes militares que se instalavam na região. sso não significaria o final das desavenças, mas conveniência em questões ideológicas. Há, inclusive, momentos em que o Brasil se afasta dos entendimentos com os Estados Unidos, e a Argentina ocupa esse lugar. Os projetos de utilização da Bacia do Prata e construção de Itaipu também foram objetos de desavenças entre os vizinhos. Diante dessa nova realidade, ficou nítido para o governo militar argentino que a origem dos problemas era econômica e que o país tinha enorme dificuldade no seu comércio exterior. A saída mais viável, então, era a cooperação com os países da região. Depois de tanta briga e rivalidade, é no campo da diplomacia econômica que ocorre a aproximação entre ambos. Assim, uma série de acordos entre os países são assinados, como o acordo sobre Itaipu, o tratado que dá origem à Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), substituindo a antiga ALALC, bem como a declaração de cooperação pacífica no âmbito da energia nuclear. Em 1986, é estabelecido o Programa de Integração e Cooperação Econômica (Pice). Tal programa tinha como objetivo ampliar a cooperação entre os países através do intercâmbio comercial de maquinário industrial. O Pice tem desdobramentos positivos no comércio e, a partir dele, foi estabelecido o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento entre o Brasil e a Argentina, este sendo o embrião do Mercosul. Vamos agora dar um salto para o final da década de 1990, com o bloco já consolidado. Essa década foi marcada por incertezas e crises econômicas em razão da incógnita deixada pelo final do sistema bipolar de equilíbrio de poder. Em 2003, ambos tinham como diretriz a ideia de que o Mercosul era uma opção de fortalecimento da inserção dos países do bloco no mundo. Sendo o mesmo nos anos seguintes. Mais do que uma simples aproximação, o aprofundamento do relacionamento bilateral é essencial para os respectivos projetos nacionais de desenvolvimento de ambos os países. 5. O Brasil e as relações econômicas com os Estados Unidos Momentos de conflitos e momentos de aproximação. Do início da República até meados de 1940 houve um período de aproximação conhecido como aliança não escrita. O nosso patrono da diplomacia, Barão do Rio Branco, foi responsável por essa aproximação no intuito de termos o respaldo estadunidense nas disputas com a Argentina na Bacia do Prata, bem como nas
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