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Anestesias em pets não convencionais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI INSTITUTO
DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Joyce Soares Santos
Marielly Gonçalves Rocha
Maryllia Izabella F. da Silva
Nariane Rodrigues de Souza
Talles Gabriel Palma
Anestesias em pets não convencionais
Unaí/MG
2022
INTRODUÇÃO
Quando falamos em pets, logo nos vem na cabeça animais como cachorro e gato, mas
diferentes espécies são atualmente criadas como pets não convencionais , como coelhos,
roedores, aves e répteis, e esses animais, assim como os cães e os gatos, também necessitam
de cuidados veterinários. Nesses pacientes, sedações e anestesias são usualmente requisitadas
mesmo em intervenções não-invasivas, devido ao grande nível de estresse que podem atingir
durante a manipulação. A anestesia dessas espécies envolve geralmente técnicas, fármacos e
monitoração diferenciados devido às suas particularidades anatômicas e fisiológicas.
Neste trabalho vamos abordar procedimentos anestésicos em algumas espécies de pets
não convencionais.
PROCEDIMENTO ANESTÉSICO EM HAMSTERS
A escolha de um animal exótico como animal de estimação tem vindo a aumentar nos
últimos anos. Isto deve-se a vários fatores. Assim, estas espécies apresentam grandes
vantagens em relação ao cão e gato. São em regra mais pequenos, menos barulhentos, o seu
custo de manutenção é menor. E como o foco deste trabalho é justamente proporcionar um
conforto a esses animais em procedimentos cirúrgicos, veremos como realizar corretamente
os procedimentos e utilizando os anestésicos devidos para cada espécie. Existe uma gama de
agentes anestésicos e analgésicos disponíveis para uso em animais exóticos, contudo
considerações criteriosas devem ser feitas para a escolha do melhor agente, visto que a
seleção de determinado agente anestésico ou técnica anestésica dependerá de vários fatores,
dentre eles sua capacidade de produzir a adequada profundidade anestésica.
Também deve ser levado em consideração alguns fatores práticos, como a experiência
do anestesista envolvido e a disponibilidade dos equipamentos necessários.
Independentemente do método escolhido, deve-se ter em mente que os dois objetivos
principais da anestesia são evitar a dor e proporcionar contenção humanitária. Em todas as
situações em que seja necessário anestesiar um animal, é muito importante que o anestesista e
o médico veterinário planeje e efetivamente ponha em prática os cuidados adequados antes,
durante e depois de cada procedimento. O uso de agentes anestésicos altera
significativamente a fisiologia do animal e, sem os cuidados necessários e o devido
planejamento, o resultado pode ser desastroso.
CUIDADOS BÁSICOS PRÉ E PÓS-ANESTESIA COM OS HAMSTERS
É importante observar o animal antes do procedimento anestésico a fim de coletar
informações sobre seu estado de saúde. Alguns dos parâmetros a serem verificados são o
estado de hidratação, aspecto geral de pelagem, postura e consistência das fezes.
Particularmente com relação ao peso, deve ser conhecido e comparado com a média esperada
para a espécie, linhagem e idade. Também é um parâmetro fundamental para o cálculo
correto do anestésico a fim de evitar uma overdose e óbito do animal.
O jejum não é recomendado para pequenos roedores devido seu alto metabolismo
associado à baixa reserva de glicogênio que pode predispor a hipoglicemia. Ainda, essas
espécies não apresentam risco de regurgitação e vômito. O jejum pode ser interessante, desde
que por um período curto de tempo (entre 02 -04 horas) a medida que aumenta a velocidade
de absorção do fármaco permitindo, por vezes, reduzir sua dose. A manutenção da
temperatura é outro fator crítico, uma vez que pequenos roedores são muito suscetíveis a
perda de calor. Neste sentido pode ser utilizado colchão térmico ou lâmpada infravermelha,
com o cuidado de não provocar queimaduras no animal. Até que ocorra a recuperação
anestésica total do animal ele deve ser mantido em observação, com monitoramento
constante, em uma caixa/gaiola limpa e isolado de outros para evitar que se machuquem ou
até mesmo sejam asfixiados.
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
A administração de fármacos pode ser realizada por uma das seguintes vias:via oral
(VO), intraperitoneal (IP), subcutânea (SC), intramuscular (IM), intravenosa (IV) e inalatória
(IN).
INDUÇÃO ANESTÉSICA
A utilização de medicação pré-anestésica pode ser realizada uma vez que acalma o
animal antes do procedimento e torna sua recuperação anestésica mais tranquila. Ainda, seu
uso pode reduzir a dose anestésica necessária. Entretanto, deve-se levar em conta os
potenciais benefícios e seus efeitos adversos uma vez que sua administração pode ser
considerada um fator de estresse adicional devido a necessidade de manipulação do animal.
As vias mais indicadas são a inalatória e a intravenosa, o que muitas vezes dificulta o
procedimento já que é necessário pessoal treinado (intravenoso) e equipamento específico
(inalatório). A via subcutânea não é recomendada pois o tempo de indução anestésica se
prolonga consideravelmente.
Os medicamentos que podem ser utilizados para pré anestesia em hamsters são:
➔ Fármacos anticolinérgicos (exemplo: atropina) podem promover um aumento discreto
dos batimentos cardíacos. Sua utilização visa reduzir a salivação e a secreção
bronquial.
➔ Fármacos hipnoanalgésicos (exemplos: morfina, tramadol) têm ação analgésica forte,
pois causam depressão do sistema nervoso central, elevando o limiar da dor.
➔ Fármacos tranquilizantes (exemplos: acepromazina, diazepam) não produzem estado
de sedação, porém acalmam o animal, pois levam à perda ou à redução da consciência
➔ Fármacos alfa-2-agonistas (exemplo: xilazina). A xilazina é utilizada em hamsters
principalmente associada ao agente anestésico cetamina.
ANESTESIA GERAL
É um estado de depressão geral do sistema nervoso central que envolve hipnose,
analgesia, supressão da atividade reflexa e relaxamento dos músculos voluntários. Para
obtenção de anestesia geral pode se fazer uso de substâncias que associadas produzem o
efeito desejado (anestesia geral) por via inalatória ou por via injetável. Os anestésicos mais
recomendados para os hamsters são os inalatórios por serem seguros e rapidamente
reversíveis, entretanto, sua utilização depende de equipamentos específicos e algumas vezes
de intubação endotraqueal o que às vezes os torna inviáveis. Os medicamentos que podemos
utilizar na anestesia geral dessa espécie são:
Anestésicos inalatórios:
➔ Isoflurano
➔ Sevoflurano
Se considerarmos a concentração alveolar mínima, ou seja, a concentração alveolar
necessária para bloquear a resposta a um estímulo doloroso em 50% dos animais, o isoflurano
tem um valor inferior ao sevoflurano, sendo por isso necessária uma menor concentração para
manter a anestesia com isoflurano. No entanto, como o sevoflurano tem uma solubilidade
menor no sangue que o isoflurano, este vai permitir uma indução e recuperação mais rápidas.
Outra vantagem do sevoflurano é causar menos irritação das vias aéreas que o isoflurano,
tendo algumas clínicas optado por administrar sevoflurano apenas na indução, mantendo
depois a anestesia com isoflurano, por este ser mais económico e necessitar de uma menor
concentração para essa manutenção.
Outros fármacos utilizados; Intraperitoneal (IP)
➔ Cetamina/Diazepam
➔ Quetamina / Xilazina
➔ Pentobarbital
➔ Tiletaminal /Zolacepam/Xilazina
A cetamina ou Quetamina é um anestésico injetável que induz a um estado de anestesia
dissociativa. Na anestesia dissociativa, ocorre a dissociação com o córtex cerebral, na qual o
animal fica em estado de analgesia e “desligamento” sem, contudo, perder os reflexos
protetores. Cetamina com um alfa-2-agonista como a xilazina. Esses medicamentos
promovem melhor analgesia e relaxamento muscular, porém causam severa hipotermia e
depressão cardiovascular e respiratória. Tais efeitos podem ser revertidos com a utilização de
agentes antagonistas, porém, com a aplicação destes, perdem-se também a analgesia e o
relaxamento muscular obtido.
ANALGESIA
Fármacos analgésicos aliviam a dorsem perda da consciência, reduzindo também o
desconforto e o estresse a que os animais estão submetidos. Apesar de a analgesia ser
definida como a ausência completa de um processo doloroso, na prática, varia entre sua
eliminação total (caso de procedimentos cirúrgicos) até seu tratamento a níveis em que
permaneça presente sem comprometer a qualidade de vida do animal. As drogas mais
comumente utilizadas são os opióides e os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) que
garantem boa analgesia visceral e somática (pele e músculos).
➔ Acetaminofen— (IP, VO)
➔ Buprenorfina— (SC, IV, IP)
➔ Carprofen— (SC)
➔ Morfina— (SC)
ANESTESIA EM AVES: AGENTES ANESTÉSICOS
Nos últimos anos, o aumento no interesse pela conservação da vida selvagem parece ter
levado a uma crescente demanda pela anestesia de aves selvagens ou semi-selvagens para
propósitos cirúrgicos. Os programas de preservação de aves exóticas, principalmente da
fauna brasileira, vêm aumentando bastante, bem como, o número de problemas cirúrgicos e
não cirúrgicos que, muitas vezes, requerem anestesia geral.
ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
Os anestésicos injetáveis geralmente são utilizados para anestesia de procedimentos curtos
como exame radiológico, reparação de ferida e laparoscopia ou para a indução da anestesia
inalatória, no entanto, alguns autores relatam que, em geral, as aves são menos tolerantes
entre o plano anestésico e o óbito em relação aos mamíferos. Alguns autores indicam a
utilização desses fármacos somente quando os anestésicos inalatórios não forem viáveis.
A quetamina é o agente injetável mais comumente utilizado e amplamente proposto como
anestésico para uma ampla variedade de espécies, como periquitos, aves selvagens e outras
pequenas aves de gaiola .Embora considerado seguro, o índice terapêutico é de sete a oito
vezes em periquitos, tornando crítica uma dosagem acurada, porém a segurança é cinco vezes
maior que com pentobarbital.
O período de latência varia entre três e cinco minutos pela via intramuscular (IM) e a duração
da anestesia é de 10 a 30 minutos. Também pode ser utilizada a via intravenosa (IV) em
grandes aves, levando à rápida indução da anestesia com duração de 15 minutos a várias
horas. Os autores relataram que a dose varia entre 100-200 mg/kg dependendo da espécie e
via de administração, sendo que, em geral, a dose é inversamente proporcional ao peso
corporal. Foi visto que a quetamina, quando utilizada isoladamente, foi conveniente para
contenção química em procedimentos cirúrgicos simples ou diagnóstico, mas não foi
adequada para anestesia geral ou procedimentos cirúrgicos; além disso, altas doses
prolongaram a recuperação e diminuíram a margem de segurança e, não aumentaram a
profundidade da anestesia. Apesar dos problemas citados, outros fármacos injetáveis,
comumente utilizados, não são tão versáteis quanto a quetamina, além disso suas associações
produzem resultados variáveis e ainda assim permanecem desvantagens graves, como
excitação nos períodos de indução e recuperação, bem como, depressão respiratória.
Quando associada, a dose de quetamina varia entre 30 e 40 mg/kg e de diazepam entre 1 e
1,5mg/kg IV, sendo que quando utilizada a via IM existe uma variação na dose nas diferentes
espécies. A dose de 40mg/kg de quetamina associada a 1mg/kg de diazepam foi muito efetiva
em psittaciformes (papagaios) e causou profunda sedação em Galliformes (faisões, perus,etc.
Corujas (ordem strigiformes) parecem ser muito sensíveis e a dose utilizada deve ser de
25mg/kg IV, administrada lentamente ou em doses separadas quando a dose total for maior
que 50mg, pois pode resultar em apnéia e parada cardíaca. Autores afirmam que a associação
de xilazina (20mg/ml) e quetamina (100mg/ml) pode ser utilizada na relação 1:1, sendo que a
dose calculada deve ser baseada na quetamina.
Tiletamina e zolazepam
Foi indicado para aves de pequeno porte na dosagem de 2 a 5mg/kg IM e em ratitas na dose
de 2 a 6mg/kg IV ou 4 a 10mg/kg IM. Porém foi contra-indicada em galinhas.
Propofol
O uso de propofol apesar de causar bom relaxamento muscular e recuperação rápida e suave,
causou depressão respiratória e apnéia em pombos, sendo considerado um agente anestésico
com estreita margem de segurança.
Barbituratos
Em geral, a margem de segurança é relativamente baixa e o prolongado período de
recuperação tornaram esses agentes menos desejáveis que alguns outros injetáveis.
Barbituratos de ultra - curta duração foram utilizados em grandes aves de rapina, promovendo
cerca de 10 minutos de anestesia. A dose recomendada de tiamilal foi de 0,2ml/kg IV de uma
solução a 2,5 % administrada lentamente.
Metomidato
Autores relataram que o medomidato foi amplamente utilizado, principalmente em aves de
rapina, com duração de ação entre 10 e 40 minutos. A dose variava entre 3 e 20mg/kg
podendo ser repetida para prolongar o efeito. Baixas doses promoveram imobilização, leve
plano de anestesia, suficiente para procedimentos simples, outros autores observaram boa
sedação com associação com metomidado (10-15mg/kg), porém isoladamente não promoveu
adequada analgesia, e após 10 minutos, diazepam (2,5mg/kg IV) para laparotomia relatando
que esta associação produziu plano instável de anestesia em aves domésticas, não sendo
possível a realização da cirurgia.
ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
Halotano
Autores afirmam que a anestesia inalatória com halotano em oxigênio tem sido utilizada em
várias espécies, porém causa alta incidência de arritmias. A concentração indicada varia entre
2,5 e 3,0 V% ou até 3,5 V% para indução e 0,5 a 2,0 V% para manutenção, porém se a DAM
do halotano é de 0,85 V%, e se a anestesia for mantida com 2 V%, como comumente é feito,
a dose anestésica é de 2,4 vezes a DAM. A indução da anestesia varia entre dois e quatro
minutos, ou entre cinco e dez minutos.
Isofluorano
PASCOE (1985) citou que o isofluorano promove plano anestésico mais estável que o
halotano e é o melhor agente viável, tornando-se o anestésico de escolha na medicina aviária
e utilizado para anestesiar uma ampla variedade de espécies. Apesar de ser considerado
altamente seguro, é necessário cuidados com a indução com máscara e manutenção da
anestesia, pois é um potente depressor respiratório.
PROCEDIMENTO ANESTÉSICO EM QUATI
A anestesia é um estado reversível da inconsciência devido ao não reconhecimento do
estímulo doloroso pelo córtex cerebral. Um anestésico dito seguro é aquele que com a menor
dose causa uma boa sedação e analgesia, diminuindo assim seus efeitos adversos.
Após a avaliação dos exames físicos e clínicos e a obtenção e interpretação dos exames
laboratoriais, o paciente deve ser enquadrado em um dos estados físicos estabelecidos pela
classificação, apresentando a relação dos estados físicos e a classificação que o paciente vai
obter após a realização dos exames. Tal classificação é importante, pois indica o risco
anestésico a que o paciente será submetido.
CARACTERÍSTICAS BÁSICA DO ANIMAL
Os quatis (Nasua nasua) possuem ampla distribuição geográfica, comportamento
predominante arborícola e são capazes de adaptação a diferentes habitats. Em decorrência
destas características, esses animais são comumente encontrados em ambientes antropizados,
o que predispõe à veiculação de zoonoses e traumas de origens diversas.
SEGURANÇA PRÉ ANESTÉSICA
Para garantir segurança ao paciente e aos profissionais envolvidos, deve-se elaborar
previamente o protocolo anestésico ideal ao paciente, respeitando suas comorbidades. Para a
espécie em questão, o protocolo deve acarretar depressão cardiorrespiratória mínima e
permitir recuperação rápida.
A anestesia locorregional tem sido incorporada aos protocolos anestésicos por proporcionar
analgesia trans e pós-operatória, além de promover redução do requerimento anestésico. A
eficácia do bloqueio do plexo braquial é relatada em diferentes espécies de animais silvestres
COMO O ANIMAL É SUBMETIDO
É realizado coleta de sangue para hemograma e bioquímicos (creatinina, proteínas totais). O
paciente é submetido à estabilizaçãoprévia com analgesia, No dia do procedimento cirúrgico,
o animal é submetido a jejum hídrico e alimentar de 8 h, para não ocorrer nenhum problema
durante a cirurgia.
ADMINISTRAÇÃO DOS FÁRMACOS
A anestesia peridural lombossacra com lidocaína é uma técnica considerada segura para a
espécie Nasua nasua e promove analgesia adequada para procedimentos cirúrgicos em região
pélvica.
PRÉ ANESTÉSICOS: cetamina [Quetamina®1 - 10 mg/kg], midazolam [Midazolam®
cloridrato de midazolam 2-0,3 mg/kg] e metadona [Mytedom®2 - 0,2 mg/kg via
intramuscular (IM)]. A posição adequada para procedimentos cirúrgicos para esses animais
deve ser em decúbito lateral.
ANESTESIA GERAL: propofol [Propovan®2 dose-efeito (dose total 4 mg/kg)].
TRANS OPERATÓRIO: uso de fluidoterapia caso precisar [com solução de ringer lactato 3
a 5 mL/kg/h]. Após intubação orotraqueal com tubo endotraqueal de tamanho apropriado, a
manutenção anestésica pode utilizar isoflurano [Isoflurano®2], com mistura de gases [fração
de oxigênio 0,6] e fluxo de 300 mL/kg, em ventilação espontânea utilização de circuito sem
reinalação de gases.
Durante o trans-anestésico é importante monitorar a frequência cardíaca (FC), e a
frequência respiratória (FR). Para esses animais é necessário o bloqueio do plexo braquial
subescapular com auxílio de neuroestimulador em quati. O bloqueio de plexo braquial é uma
técnica segura para dessensibilização em procedimentos cirúrgicos
ANESTESIA EM SERPENTES
Atualmente observa-se um crescente aumento no interesse em répteis, seja como
instrumentos de pesquisa ou animais de estimação. A contenção química e anestesia em
serpentes é uma ciência pouco estudada, e sua utilização se faz necessária na maioria dos
procedimentos clínicos e cirúrgicos, principalmente em espécies grandes e peçonhentas. É
imprescindível um interesse especial pela anatomia e fisiologia desse grupo de répteis, uma
vez que eles são delicados e vulneráveis aos efeitos adversos do uso inadequado da anestesia,
não sendo possível, em muitos casos, extrapolar doses e resultados dos animais domésticos.
A anestesia inalatória, principalmente com isoflurano, tem se tornado a prática padrão para
serpentes, pois é mais segura e a recuperação do animal é mais rápida. Os agentes injetáveis,
tais como fenotiazínicos, benzodiazepínicos, agonistas α2 -adrenérgicos, opioides e propofol
em associação com a cetamina também podem ser utilizados para a indução e manutenção da
anestesia. Os agentes bloqueadores neuromusculares e o frio (hipotermia) são ainda utilizados
por alguns profissionais para imobilização de serpentes, no entanto, estes não produzem
qualquer efeito analgésico ou anestésico; sendo, hoje em dia, considerado inaceitável o seu
uso para esses fins. A anestesia local pode ser utilizada em serpentes e proporciona uma
analgesia adicional além de reduzir a quantidade do agente anestésico utilizado. A escolha do
protocolo anestésico depende de vários fatores, tais como o estado do animal, o tipo e a
duração do procedimento a ser realizado e o custo dos agentes utilizados. Sem dúvida, os
agentes de escolha para as serpentes (e répteis em geral) são os anestésicos que tenham
metabolização rápida.
Indução anestésica
Para a administração intravenosa do agente de indução, pode ser utilizada a veia ventral
caudal, para a administração de propofol (3 a 5mg/kg, IV) ou outro agente anestésico.
Serpentes peçonhentas podem ser induzidas na câmara de indução ou diretamente intubadas e
mantidas com um agente anestésico inalatório. Tubos plásticos claros são ideais para o
manuseio de serpentes peçonhentas, pois permitem uma barreira segura e visualização do
animal. Esses tubos são frequentemente providos de pequenos orifícios e fendas que
possibilitam a aplicação de injeções e coleta de amostras. Uma vez que a serpente está
contida no tubo plástico, um anestésico inalatório pode ser administrado através do tubo para
facilitar a indução da anestesia e a intubação endotraqueal. A progressão do relaxamento
muscular em serpentes é craniocaudal na indução e caudocranial na recuperação anestésica.
O reflexo de reposicionamento em serpentes é realizado posicionando-se o animal em
decúbito dorsal. Ele tentará voltar ao decúbito ventral se estiver em plano anestésico
superficial. O reflexo da dor pode ser avaliado por meio do pinçamento cutâneo. Em todas as
serpentes, os reflexos palpebrais e corneais não podem ser avaliados, devendo-se utilizar
reflexos adicionais como o caudal e o cloacal para o monitoramento do animal
Anestesia injetável
Nas serpentes, injeções IM são administradas nos músculos paravertebrais, enquanto que
injeções IV podem ser realizadas na veia coccígea ventral ou na veia jugular direita, após
pequena incisão cutânea. As injeções intracardíacas só deverão ser aplicadas em situações de
emergência. A via intraóssea (IO) não é viável em serpentes.
O propofol (5 a 10mg/kg, IV) é muito utilizado em répteis, principalmente por sua rápida
metabolização. O período de latência é de 1 a 2 minutos e a recuperação anestésica de 30 a 60
minutos. Pode ocorrer apneia e redução da saturação de oxigênio, bem como bradicardia, por
isso recomenda-se a intubação, ventilação e oxigenação.
Anestesia inalatória
Os anestésicos inalatórios oferecem muitas vantagens sobre os agentes injetáveis, como
indução mais rápida, maior controle da profundidade anestésica, dispensa precisão no peso do
animal, permite suplementação de oxigênio e quando a intubação endotraqueal é realizada,
ventila-se pelo modo assistido. Além disso, o período de recuperação pode ser mais curto do
que com os agentes injetáveis, embora vários fatores possam interferir, como a temperatura
do animal, o shunt arteriovenoso (pois o sangue desvia o pulmão, reduzindo, assim, a
eliminação por via respiratória) e a apneia, que é muito frequente nessas espécies.
O isoflurano é o anestésico inalatório de escolha em pacientes debilitados. Devido à
solubilidade reduzida no sangue, a indução e a recuperação da anestesia são relativamente
rápidas. O período de indução varia de 6 a 20 minutos e o de recuperação é de até 6 horas. A
indução da anestesia pode ser realizada com isoflurano através de máscara, porém, esse é o
agente que mais causa “breath holding”, situação em que a respiração cessa imediatamente
após a inalação, o que dificulta a indução da anestesia. Além disso, promove depressão
respiratória de modo dose-dependente, tem efeito broncodilatador e é irritante para as vias
aéreas podendo desencadear tosse e laringoespasmo.
Anestésicos locais
Agentes anestésicos locais não são utilizados isoladamente de forma rotineira em répteis.
Contudo, eles podem ser usados para as mesmas indicações que em animais domésticos.
Como parte de protocolos analgésicos balanceados, os agentes anestésicos locais como a
lidocaína ou a bupivacaína podem ser administrados simultaneamente com analgésicos
sistêmicos. Técnicas para anestesia local e regional, incluindo anestesia epidural, não têm
sido descritas em répteis. O bloqueio dos nervos intercostais e a administração interpleural de
agentes anestésicos locais são indicados para celiotomias em répteis. O agente anestésico
local mais efetivo é a bupivacaína (1-2mg/kg), cuja administração pode ser repetida a cada 4
a 12 horas. Outras indicações para a utilização de agentes anestésicos locais incluem as
cirurgias ortopédicas, em combinação com agentes analgésicos sistêmicos.
ANESTESIA EM FURÕES
Considerações gerais:
Os furões são uma espécie que tem vindo a aumentar a sua popularidade como animal
de companhia, apesar de ainda representar uma pequena percentagem das consultas de
animais exóticos. Na prática clínica a sedação e anestesia de furões está indicada (para além
da cirurgia) para procedimentos mais curtos, como a colocação de chips ou implantes
hormonais. Como nas outras espécies, é necessário realizar um exame físico completo ao
furão, previamente à anestesia.
Os furões são suscetíveis a cardiomiopatias subclínicas devendo, sempre que possível,
ser administrados osfármacos que menos deprimam a função cardíaca. Por isso
administração de xilazina e acepromazina deve ser evitada em furões, devido ao efeito
vasodilatador e depressor da função cardíaca que podem promover. anestesia balanceada
assume assim uma maior importância nesta espécie. Sempre que possível, está indicada a
colheita de sangue para avaliar alguns parâmetros hematológicos e bioquímicos, a retirada de
sangue pode ser através da veia jugular, mas devido ao corpo comprido dos furões, a sua
contenção pode ser desafiante.
Durante as cirurgias realizadas em furões pode não ser necessário administrar fluídos
se os procedimentos executados forem relativamente simples e rápidos (menores que 30
minutos), mas em cirurgias mais longas, complicadas ou quando há suspeita de doença
cardíaca está indicada a fluidoterapia, com soros aquecidos, pode ser via intra-óssea. Antes da
cirurgia, os furões devem ser mantidos num ambiente calmo e quente.
Nesta espécie está indicado o jejum pré-cirúrgico, pois diminui os vômitos e
regurgitação. O jejum (sólido e líquido) deve ser feito 2 a 4 horas antes da cirurgia, mas se
existir suspeita de insulinoma (frequente nesta espécie), o jejum não deverá ultrapassar as 2
horas. Perante o risco de hipoglicémia, neste caso a água não deve ser retirada ao animal.
Pré medicação, indução e manutenção
Como referido para outras espécies, se os procedimentos forem simples (como colocar
um chip ou implante hormonal), a indução e manutenção da anestesia com isoflurano parece
ser vantajosa, pois permite uma rápida indução e recuperação. Contudo, alguns autores têm
chamado a atenção para o facto da indução com máscara inalatória causar ansiedade, com
subsequente aumento da frequência cardíaca e pressão sanguínea, dificultando a homeostasia
desejada durante o procedimento cirúrgico e recuperação anestésica, podendo atingir também
o TGI, causando algumas alterações, o isoflurano pode causar a diminuição de todos os
valores hematológicos dos furões, não indicado para a colheita de sangue. A anestesia com
agentes inalatórios tanto isoflurano como sevoflurano, pode levar ao sequestro de eritrócitos
pelo baço, resultando numa esplenomegália com redução significativa do hematócrito e da
concentração de proteínas no plasma. Pela ansiedade associada à administração de isoflurano,
pode-se administrar previamente uma benzodiazepina (como o diazepam ou o midazolam),
que vai diminuir a ansiedade e aumentar o relaxamento muscular.
Pode ser usado como pré-medicação com midazolam e butorfanol, tendo com esta
sedação os animais ficado em decúbito lateral em cerca de 5 minutos. Nessa fase era
colocado um cateter EV preferencialmente na veia cefálica, sendo a segunda opção a veia
safena. Quanto à indução anestésica, esta pode ser realizada recorrendo ao isoflurano, sendo
necessário atingir uma profundidade que permita a entubação endotraqueal.
Quanto a alfaxalona sozinha não é um bom anestésico, mas que a sua associação com
medetomidina aumenta o tempo de anestesia e analgesia, sendo preferível à administração
isolada de medetomidina ou da associação de alfaxalona com tramadol. É ainda um protocolo
vantajoso porque permite usar doses menores de medetomidina e alfaxalona, reduzindo assim
a possibilidade de serem observados efeitos secundários.
A intubação nos furões é relativamente simples, sendo aconselhável o uso prévio de
lidocaína, para anestesiar a laringe (0,05 mL de lidocaína a 1 ou 2%), como os furões têm
uma cabeça e pescoço alongados, o tubo endotraqueal não se consegue prender da mesma
forma, sendo uma alternativa a sua fixação, com gazes, aos membros anteriores do animal. A
anestesia dos furões pode depois ser mantida com isoflurano, devendo sua percentagem ser
alterada de acordo com FC, auscultadas pelo anestesista, além. Se monitorar a FC deve
monitorar a pressão sanguínea. Para uma correta monitorização anestésica dos furões deve
ser avaliada a temperatura, a respiração, frequência e profundidade, o ECG, a pressão
sanguínea, reflexos e nível de relaxamento muscular. Sempre que possível, deve-se controlar
o nível de oxigenação recorrendo a um capnógrafo em detrimento de um oxímetro de pulso,
pois o primeiro é um melhor indicativo de perfusão e trocas gasosas, sendo normalmente os
oxímetros de pulso de cães e gatos demasiado grandes para serem colocados na língua, face
ou orelhas dos furões.
Recuperação
Reverter o efeito dos fármacos cujo efeito se pretende terminar, sendo frequente na
prática clínica administrar flumazenilo para antagonizar o efeito do midazolam. Os reflexos e
a temperatura devem continuar a ser monitorizados, até que o furão se comece a mover. A
manutenção da temperatura é importante para evitar a hipotermia, devendo ser usado um
sistema de aquecimento para o ambiente e para o animal. No pós-operatório os furões
costumam passar muito tempo a dormir, devendo-se proporcionar um local calmo e
confortável que permita que os animais se possam esconder e escavar, após a recuperação
anestésica ele podem ter queda na pressão sanguínea, depressão da função cardiovascular, E
para amenizar estes efeitos devem ser administrados fluidos aquecidos (durante a anestesia e
no período de recuperação), podendo estar indicada a administração de difenidramina ou
atropina EV. Assim que o animal estiver desperto deve oferecer alimento.
REFERÊNCIAS
Teixeira F, Orientadora S, Duarte D, Martins De Araújo C, Valls Badia X. Relatório Final de
Estágio Mestrado Integrado Em Medicina Veterinária ANESTESIA EM MAMÍFEROS
EXÓTICOS Porto 2018.
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/111841/2/264482.pdf
 
Seabra D, Pompeu E, Luiza M, Valenti G. ANESTESIA E ANALGESIA de ANIMAIS
UTILIZADOS EM PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS. Accessed August 7, 2022.
https://biot.fm.usp.br/pdf/Anestesia_e_Analgesia.pdf
 
Maria O, Lucélia De Araújo A, Omm B, et al. Dexmedetomidine with Ketamine or
Tiletamine/Zolazepam in Rabbits.; 2012. Accessed August 7, 2022.
https://medvep.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Anestesia-de-coelhos-com-dexmedetomi
dina-associada-com-cetamina-ou-tiletamina-zolazepam.pdf
Guimarães L. D. Moraes A. N. ANESTESIA EM AVES :AGENTES ANESTÉSICOS.
Accessed August 7, 2022
https://www.scielo.br/j/cr/a/ZFwz3QdjzLHKLtsPdzZSYqJ/?lang=pt&format=pdf
 
https://medvep.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Anestesia-de-coelhos-com-dexmedetomidina-associada-com-cetamina-ou-tiletamina-zolazepam.pdf
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https://www.scielo.br/j/cr/a/ZFwz3QdjzLHKLtsPdzZSYqJ/?lang=pt&format=pdf

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