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Esta obra busca discutir como a sustentabilidade pode contribuir para o desenvolvimento de organizações e governos. O assunto vem sendo debatido pela sociedade, pois a preocupação com a sustentabilidade e a conscientização sobre a sua importância estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas. Nesse contexto, organizações se mobilizam para tomar medidas que minimizem os problemas ocasionados por elas à natureza e à sociedade. A gestão sustentável é uma prática possível e recomendada a todos os negócios, independentemente de seu tamanho. É considerada uma posição inteligente de empreendedorismo, trazendo muitas vantagens não apenas para as organizações, mas para a sociedade em geral. Com base nessas premissas, este livro propõe questões pertinentes sobre o planejamento e desenvolvimento sustentável. A ideia é harmonizar aspectos sociais, ambientais e econômicos de modo que as organizações aliem o atendimento às necessidades do mundo atual sem comprometer a vida das gerações futuras, conciliando evolução ao cuidado com os ecossistemas. PLAN EJAM EN TO E DESEN VOLVIM EN TO SUSTEN TÁVEL DAVID BURATTO Código Logístico 58796 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6517-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 1 7 2 Planejamento e desenvolvimento sustentável David Buratto IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Panacea Doll/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B967p Buratto, David Planejamento e desenvolvimento sustentável / David Buratto. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2020. 100 p. : il. Inclui bibliografia IISBN 978-85-387-6517-2 1. Administração de empresas - Aspectos ambientais. 2. Política am- biental. 3. Recursos naturais - Conservação. 4. Desenvolvimento sustentável. I. Título. 20-65794 CDD: 658.4083 CDU: 005:502.14 David Buratto Doutor em Engenharia Florestal na área de Economia, Política e Administração Florestal e mestre em Engenharia Florestal na área de Silvicultura pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Professor no ensino superior, ministrando as disciplinas de: Economia, Economia de Empresas, Engenharia Econômica e Análise de Investimentos, Geologia, Gestão Ambiental, Gestão do Agronegócio, Gestão de Projetos, Silvicultura, entre outras. Atua principalmente com os temas: economia florestal, com ênfase em microeconomia e econometria de séries temporais, silvicultura e proteção florestal. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Gestão sustentável nas organizações 9 1.1 Planejar e desenvolver visando à sustentabilidade 9 1.2 Abordagens concorrentes 11 1.3 Fundamentos da gestão sustentável nas organizações 14 1.4 Etapas da gestão sustentável 16 2 Planejamento ambiental 22 2.1 Meio ambiente 22 2.2 O planejamento como instrumento 25 2.3 Tipos e finalidades de planejamento ambiental 27 2.4 A política ambiental brasileira 31 3 Mudanças climáticas globais e suas consequências nos ecossistemas 35 3.1 Mudanças climáticas 35 3.2 Evolução do clima 37 3.3 Mudanças climáticas no Brasil 39 3.4 Efeitos das mudanças climáticas 42 3.5 Reorganização de negócios em função do clima 43 4 Gerenciamento de resíduos 47 4.1 Conceitualização e classificação de resíduos 47 4.2 Obrigações e sanções legais 50 4.3 Gestão e tratamento de resíduos 51 4.4 Armazenamento de resíduos 56 4.5 Destinação final de resíduos 57 5 Indicadores de sustentabilidade 59 5.1 Indicador econômico financeiro 59 5.2 Indicador social 63 5.3 Indicador ambiental 65 5.4 Monitoramento 67 6 Planejamento e desenvolvimento sustentável 6 Ferramentas e metodologias de gestão sustentável 71 6.1 Importância do uso de ferramentas na gestão 71 6.2 Ferramentas de planejamento e posicionamento estratégico 73 6.3 Ferramentas de gestão produtiva 76 6.4 Ferramentas de prevenção 78 6.5 Ferramentas de qualidade 80 6.6 Ferramentas de gestão ambiental 81 7 Questões atuais de gestão sustentável 86 7.1 Panorama mundial 86 7.2 Panorama brasileiro 88 7.3 Tendências sustentáveis 91 7.4 Desafios da sustentabilidade 92 Gabarito 96 Esta obra busca discutir como a sustentabilidade pode contribuir para o desenvolvimento de organizações e governos. O assunto vem sendo debatido pela sociedade, pois a preocupação com a sustentabilidade e a conscientização sobre a sua importância estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas. Nesse contexto, organizações se mobilizam para tomar medidas que minimizem os problemas ocasionados por elas à natureza e à sociedade. A gestão sustentável é uma prática possível e recomendada a todos os negócios, independentemente de seu tamanho. É considerada uma posição inteligente de empreendedorismo, trazendo muitas vantagens não apenas para as organizações, mas para a sociedade em geral. Nesse viés, o primeiro capítulo apresenta a gestão sustentável nas organizações, conceituando o tema e discorrendo sobre a sua implementação. O objetivo é levar o leitor a conhecer os principais constructos relacionados com a gestão e o desenvolvimento sustentáveis nas diversas instituições e organizações, sejam públicas ou privadas. No segundo capítulo são observadas e estudadas questões referentes ao planejamento ambiental, apresentando a importância de adotá-lo como instrumento. Aspectos básicos, porém fundamentais, são abordados com o intuito de apresentar um caminho para o desenvolvimento sustentável. As mudanças climáticas globais e as suas consequências nos ecossistemas são abordadas no terceiro capítulo. Reflete- se sobre os principais fatores que influenciam esse problema e quais são os seus efeitos no meio ambiente, na natureza e na sociedade, especialmente no mundo dos negócios e nos hábitos populacionais. O quarto capítulo traz questões relacionadas ao gerenciamento de resíduos, assunto muito discutido no Brasil em níveis municipal, estadual e nacional, gerando debates entre as organizações. Além disso, os resíduos são caracterizados e discute-se a importância de saber gerenciá-los. APRESENTAÇÃOVídeo 8 Planejamento e desenvolvimento sustentável No quinto capítulo são analisados os principais indicadores de sustentabilidade, quais deles devem ser empregados nas esferas social, ambiental e econômico-financeira, como usá-los de modo adequado e como monitorá-los. Esses indicadores buscam identificar o quão próxima uma organização está da sustentabilidade, viabilizando o seu alcance. O sexto capítulo propõe mecanismos e metodologias inerentes à gestão sustentável. A ideia é identificar as principais ferramentas e como aplicá-las nas organizações. Elas auxiliam profissionais a se organizarem, a gerenciarem e a tomarem decisões sobre os processos de uma tarefa ou um projeto. O sétimo e último capítulo traz ao leitor temas atuais sobre a gestão sustentável, buscando articular conhecimentos sobre a situação da gestão ambiental no mundo e no Brasil, apresentando tendências e desafios relacionados com o tema. Com base nessas premissas, este livro propõe questões pertinentes sobre o planejamento e desenvolvimento sustentável. A ideia é harmonizar aspectossociais, ambientais e econômicos de modo que as organizações aliem o atendimento às necessidades do mundo atual sem comprometer a vida das gerações futuras, conciliando evolução ao cuidado com os ecossistemas. Bons estudos! Gestão sustentável nas organizações 9 1 Gestão sustentável nas organizações A Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, e o posterior desenvolvimento do setor industrial trouxeram transformações socioeconômicas ao mundo. Desde então, o processo produtivo tem aumentado, bem como os seus efeitos sobre o meio ambien- te. Por essa razão, o mundo atualmente está caracterizado pela questão ambiental. Assim, diversas organizações têm buscado de- senvolver práticas sustentáveis a fim de influenciar positivamente os locais onde estão instaladas. Para atender a essa necessidade, as organizações têm buscado exercer a gestão de modo a valorizar o princípio da sustentabili- dade e garantir que os recursos naturais sejam preservados para gerações futuras. 1.1 Planejar e desenvolver visando à sustentabilidade O planejamento consiste em prever as possibilidades de ações para alcançar um objetivo, buscando a antecipação e a preparação para acontecimentos futuros. Dessa forma, é possível avaliar as probabili- dades e tomar a melhor atitude. Portanto, o planejamento deve estar atrelado à gestão, administração, preparação, organização e estrutura- ção de determinado objetivo. De acordo com Terence (2002), o planejamento é uma das tarefas mais importantes de um administrador. Com base em uma ideia, ele envolve a escolha de um destino, a avaliação dos caminhos e a decisão do rumo específico a ser tomado. Vídeo 10 Planejamento e desenvolvimento sustentável Para Megginson, Mosley e Pietri Jr. (1986), planejar significa desen- volver uma estrutura para realizar objetivos e alcançar metas organi- zacionais, relacionando a escolha de uma ação, tomando as melhores decisões de quando e como ela deve ser realizada. Portanto, o planeja- mento deve compor a base para qualquer atuação efetiva do adminis- trador, com a finalidade de alcançar os objetivos organizacionais. A determinação dos objetivos da organização e a escolha dos meios para alcançá-los são aspectos básicos do planejamento. Segundo Kotler e Armstrong (1993), as principais vantagens do planejamento para as organizações são: • Pensar sistematicamente no futuro, buscando melhorar as inte- rações de seus colaboradores. • Forçar a melhor definição de seus objetivos e suas políticas, alo- cando os diversos recursos de modo eficiente. • Estimular seus colaboradores a executar ações consistentes e re- lacionadas aos objetivos escolhidos. • Padronizar o desempenho e utilizar ações preventivas e correti- vas, aumentando a qualidade das atividades. O desenvolvimento, por sua vez, resulta do crescimento econômico acompanhado da melhoria da qualidade de vida, alterando a alocação de recursos de modo que melhore os indicadores de bem-estar eco- nômico e social, como pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014). Com o intuito de dar uma resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental, surgiu o termo desenvolvimento sustentável, com base em estudos sobre as mudanças climáticas desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). O conceito de desenvolvimento sustentável foi oficialmente decla- rado no ano de 1972 na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na cidade de Estocolmo. O chamado clube de Roma voltou a discutir esse problema; então, elaborou e publicou um relató- rio intitulado The limits to growth. De acordo com essa obra, havia cinco grandes temas de preocupação global: aceleração da industrialização; aumento dos indicadores de desnutrição; rápido crescimento popula- cional; deploração dos recursos naturais não renováveis; e deteriora- ção do meio ambiente (OLIVEIRA, 2002). Gestão sustentável nas organizações 11 Ainda hoje, esses tópicos são motivo de grande preocupação. Pode-se observar que centenas de organizações não governamentais (ONGs) e governos buscam controlar a poluição e preservar a natureza, a fim de garantir a sustentabilidade de gerações futuras. Como exemplo disso, pode-se citar o planejamento urbano adequa- do, que incentiva a manutenção de áreas verdes urbanas, evitando, desse modo, sua degradação; o uso de veículos para transportes pú- blicos que utilizam biocombustível, a exemplo do que ocorre na cidade de Curitiba, visto que um transporte público de qualidade estimula as pessoas a usá-lo em detrimento do uso de veículos particulares, redu- zindo, assim, o tráfego; os carros elétricos, embora ainda raros e com elevados preços de mercado, podem reduzir drasticamente a emissão de gases poluentes na atmosfera; e a utilização de energia limpa, que reduz os impactos causados pelas usinas ao meio ambiente. Dentro dessas abordagens, o planejamento e o desenvolvimento sustentável buscam relacionar as atividades humanas com o meio am- biente, aliando a necessidade de atender à situação atual sem compro- meter a capacidade das gerações futuras e conciliando evolução com valores socioculturais. Nesse âmbito de relação entre o homem e a natureza, tem-se de um lado o sistema natural, em que ocorrem as interações naturais, origina- das pela relação entre os fatores bióticos e abióticos. Do outro, tem-se o sistema humano, no qual ocorrem as interações sociais, causadas pelos fatores socioeconômicos. O ambiente naturalmente se equilibra para o seu funcionamento pleno, com ações naturais, por exemplo, chuvas, avalanches e secas. Contudo, quando o ser humano interfere, causa uma consequência desarranjada, que pode proporcionar mais danos do que a vulnerabilidade ambiental pode suportar. No site do Ministério do Meio Ambiente, é possível observar outras medidas do Governo Federal visando à garantia da pro- teção ao meio ambiente. Disponível em: https://www.mma. gov.br/informma/item/5508-medi- das-do-governo-garantem-prote- cao-ao-meio-ambiente. Acesso em: 12 ago. 2020. Site fatores bióticos: interação entre os seres vivos, atuantes das variadas relações ecológicas. fatores abióticos: elementos não vivos, com capacidade de afetar os organismos vivos. Glossário 1.2 Abordagens concorrentes O desenvolvimento é comumente relacionado à industrialização de- vido ao crescimento da atividade econômica conectado com a amplia- ção dos elos da cadeia produtiva de diversos produtos. Isso fortalece a ideia de que a industrialização é indispensável para se obterem melho- res níveis de satisfação e qualidade social (OLIVEIRA, 2002). Vídeo https://www.mma.gov.br/informma/item/5508-medidas-do-governo-garantem-protecao-ao-meio-ambiente https://www.mma.gov.br/informma/item/5508-medidas-do-governo-garantem-protecao-ao-meio-ambiente https://www.mma.gov.br/informma/item/5508-medidas-do-governo-garantem-protecao-ao-meio-ambiente https://www.mma.gov.br/informma/item/5508-medidas-do-governo-garantem-protecao-ao-meio-ambiente 12 Planejamento e desenvolvimento sustentável No entanto, para Sliwiany (1987), a industrialização aumenta a distância entre o crescimento econômico e o desenvolvimento sus- tentável, pois acaba provocando a destruição e a poluição do meio ambiente. Nesse contexto, a qualidade de vida da população era geralmente deixada em segundo plano perante a necessidade de promover a industrialização e o crescimento econômico por parte dos gestores. Atualmente diversas discussões sobre desenvolvimento susten- tável têm tornado claro que é possível desenvolver sem degradar o meio ambiente, garantindo condições favoráveis às gerações corren- tes e futuras e colocando o bem-estar humano no centro do desenvol- vimento sustentável. Com relação à sustentabilidade, de acordo com Sachs (1993), ela pode ser abordada de cinco formas: ECOLÓGICA Pa nu wa ch /S hu tte rsto ck Diz respeito ao uso racional da matéria-prima proveniente derecursos naturais utilizados na industrialização de produ- tos. Um exemplo disso é o uso racional de papel para impressão. Diversas organizações têm buscado controlar o uso de papel, algumas até têm extinto o papel de seus processos, a fim de que haja menos desperdício desse produto e para que a organização possa se enquadrar nas políticas de sustentabilidade instituídas na organização. Isso porque o papel, como é sabi- do, provém de árvores, que precisam ser plantadas, manejadas e colhidas de maneira adequada. AMBIENTAL Pa nu wa ch /S hu tte rsto ck Relaciona-se com a gestão da capacidade dos ecossistemas de prover matéria-prima. O uso da madeira ainda pode ser citado como exemplo dessa questão ambiental. A madeira fornece maté- ria-prima para diversos produtos utilizados pela sociedade. É importante salientar que o uso de florestas plantadas colabora para a preservação das florestas nativas, preservando, assim, ecossistemas. Outro exemplo é a diminuição do consumo de energia e o uso de energia limpa. (Continua) https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong Gestão sustentável nas organizações 13 SOCIAL Pa nu wa ch /S hu tte rsto ck Refere-se ao desenvolvimento atrelado ao aumento da qualidade de vida da população, diminuindo a desigualdade social, aumentando a inclusão social, adotando políticas distributivas e não deixando em se- gundo plano questões relacionadas à saúde, educação, seguridade social e habitação. Quanto a isso, tem-se a criação de programas governamentais que buscam reduzir as desigualdades sociais, como investimento em educação pública por parte do governo e de algumas organizações que buscam incentivar a educação e as práticas ambien- tais em comunidades onde suas indústrias estão localizadas, qualificação profissional, implantação de projetos ambientais que envolvam a sociedade, ampliação de acesso à internet, implantação de programas geradores de renda etc. POLÍTICA Pa nu wa ch /S hu tte rsto ck Envolve a construção de uma sociedade alinhada plenamente ao processo de desenvolvimento das organizações. Exemplos de polí- ticas sustentáveis são a fiscalização e punição às organizações que po- luem ou geram qualquer tipo de impacto ambiental negativo e a implementação de políticas de sustentabilidade nas organizações. ECONÔMICA Pa nu wa ch /S hu tte rsto ck Trata-se da gestão e alocação eficientes dos recursos. Nas orga- nizações, tem-se como exemplos: processos produtivos que utili- zem energia de maneira racional; economia de recursos utilizados nos processos, principalmente aqueles provenientes de fontes naturais. Por parte dos governos, tem-se, por exemplo, incentivo fiscais para organizações que reciclam e desenvolvem tecnologias limpas que almejam o desenvolvimento sustentável; criação de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento econômico que tenham menor impacto no meio ambiente. Além desses cinco fatores, há a questão urbana, que diz respeito à capacidade das políticas urbanas de se adaptarem às ofertas e deman- das de serviços, garantindo a satisfação de consumidores e produtores bem como equilibrando as necessidades urbanas com os investimentos estruturais – controle da urbanização por meio de localidades planeja- das onde há zonas comerciais, residenciais e industriais, por exemplo. https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong https://www.shutterstock.com/pt/g/Panuwat%2BRojrattnadumrong 14 Planejamento e desenvolvimento sustentável Nas organizações, vê-se um bom exemplo no estímulo ao uso de bicicletas. Há organizações, internacionais e nacionais, que disponibili- zam vestiário, chuveiro e até mesmo a bicicleta para que seus funcioná- rios a utilizem como meio de transporte. Esse tipo de ação atende tanto os parceiros das organizações quanto ao desejo de muitos funcionários que preferem usar um veículo menos poluente como meio de trans- porte. Ao considerar essas formas, é possível alcançar o desenvolvi- mento sustentável. 1.3 Fundamentos da gestão sustentável nas organizações Em primeiro lugar, destacam-se os recursos naturais, dos quais pro- vém a matéria-prima; apesar de a maioria deles ter quantidade limita- da, seu uso racional pode estender sua validade. Esses recursos estão sujeitos aos efeitos provenientes dos processos industriais e da degra- dação derivada de atividades antrópicas de organizações públicas e pri- vadas. Por conta disso, eles são mais protegidos por leis. Deve-se considerar que recursos naturais, como água e ar, são essen- ciais à vida, visto que não possuem produtos substitutos próximos e, devi- do a essa elevada essencialidade, possuem um valor econômico enorme. Por exemplo, em alguns lugares urbanos, o preço do metro quadrado residencial custa mais caro se a propriedade for próxima a áreas verdes, como praças e bosques. Além disso, determinados segmentos industriais necessitam de água limpa e de ambientes atmosféricos livres de poluição. Outro fundamento que deve ser considerado é o crescimento popu- lacional, principalmente em países em desenvolvimento. Nesses países, muitas vezes, a receita obtida pela exploração dos recursos naturais se tor- na a renda familiar de muitas famílias e comunidades. Por outro lado, as pressões advindas do poder público, nacional e principalmente internacio- nal (de países desenvolvidos), exigem mais responsabilidades por parte dos gestores de países pouco desenvolvidos e das empresas que neles atuam. Os consumidores de diversos produtos vindos da natureza exigem que tais produtos, como a madeira serrada, sejam produzidos em condições ambientais favoráveis, nas quais sejam respeitadas as leis locais, e que se colabore para que seja aumentada a fiscalização sobre essasatividades. Vídeo Gestão sustentável nas organizações 15 As grandes empresas do setor florestal brasileiro precisam estar alinhadas com as exigências dos seus principais mercados consumi- dores. Por isso, muitas organizações precisam estar certificadas para poder comercializar seus produtos internacionalmente. Um exemplo disso é visto nas embalagens de papel usadas para o armazenamento de leite ou outras embalagens de papel que tenham a sigla FSC – Forest Stewardship Council. Trata-se de um selo concedido a algumas organi- zações que dá garantia de que aquele produto madeireiro atende às legislações locais e é obtido de maneira sustentável. Assim, empresas sustentáveis têm sua imagem melhor aceita por consumidores, forne- cedores, acionistas e autoridades do poder público. A gestão sustentá- vel já está muito presente em países desenvolvidos e vem se tornando cada vez mais presente nos demais. A sociedade está cada vez mais exigente e preocupada com relação à sustentabilidade e aos danos ambientais causados por empresas, ati- vidades ou pessoas. A sociedade moderna exige o cumprimento da le- gislação ambiental, a minimização de impactos e a reparação de danos causados à natureza. A legislação obriga as organizações a respeitarem e cuidarem do meio ambiente. A conscientização da sustentabilidade faz com que instituições fi- nanceiras, como bancos e seguradoras, deem privilégios a empresas que considerem a sustentabilidade como pilar de seus negócios. Nos mercados financeiros tem sido observada uma tendência de valoriza- ção mundial dos conceitos de desenvolvimento sustentável. A principal fonte de referência sobre essas ações sustentáveis é o índice de susten- tabilidade empresarial (ISE), difundindo no ano de 2005 pela Bovespa. Ele facilita a identificação de empresas que incorporam esses conceitos em diversos países. Segundo Silva e Quelhas (2006), o ISE tem dois principais objetivos: atender investidores que desejem privilegiar empresas comprometi- das com conceitos mais éticos e sua administração de negócios; e evi- denciar o desempenho no mercado financeiro dessas empresas como modo de promover essas práticas no meio empresarial. O investimento em ações sustentáveis agrega valor a uma organiza- ção. As empresas sustentáveis possuem como características a anteci- pação a pressões legais e da sociedade, em que novas oportunidades de negócio podem ser identificadas; custos de produção reduzidos; A Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012, denomina- da Novo Código Florestal, norteia as empresas para atender a todas as normas de preservação e uso racional da madeira como matéria-prima. Vale a pena conhecê-la. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2011-2014/2012/lei/l12651. htm. Acesso em: 12 ago. 2020. Lei http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm 16 Planejamento e desenvolvimento sustentável facilidade no acesso ao capital; impacto positivo na reputação (ativos intangíveis); e fidelização de consumidores (SILVA; QUELHAS, 2006). Os bancos preferem investir seu capital monetário em empresas que se- jam, ao mesmo tempo, lucrativas e ambientalmente responsáveis. 1.4 Etapas da gestão sustentável Considerando que a ideia de gestão ambiental é administrar uma or- ganização ou um empreendimento de maneira sustentável, é necessário utilizar um sistema de gerenciamento que, segundo Dal Forno (2017), é denominado Sistema de Gestão Ambiental (SGA), buscando a implemen- tação da série ISO 14001. Essa série é uma das áreas da ISO 14000, que foi desenvolvida para ser integrada a modelos de administração exis- tentes e ser facilmente usada por diversas organizações, com o objetivo de obter um desempenho ambiental correto com base na especificação de requisitos para a implementação de um SGA, possibilitando que toda organização, independentemente de seu porte, possa desenvolver prá- ticas sustentáveis em seus negócios, produtos e serviços. O SGA envolve procedimentos que incluem administração, ativi- dades de planejamento, estrutura organizacional, responsabilidades, ações, procedimentos e recursos para gerenciar uma organização, com o intuito de melhorar o controle do desempenho ambiental, acompa- nhá-lo e fiscalizá-lo. De acordo com Nicolella, Marques e Skorupa (2004), são definidas etapas para implementação do SGA, que serão descritas a seguir. 1.4.1 Definição da política ambiental Nessa etapa, é necessário realizar uma avaliação ambiental inicial de toda a organização, envolvendo todo o processo produtivo da em- presa. Deve-se considerar a cadeia produtiva desde a compra do in- sumo, passando pela fabricação, distribuição, até o consumidor e o comprometimento dos colaboradores e gestores. Com isso, é possível, com base na legislação ambiental vigente, criar um diagnóstico e ter noção do estágio em que se encontra a empresa. Entre os estágios de política ambiental, uma organização pode se encontrar em fase política inicial quando se constata a ausência de um programa ambiental e os colaboradores e gestores não são compro- A NBR ISO 14001:2015 especifica os requisi- tos de um SGA. Nessa norma, são considerados aspectos ambientais influenciados pelas or- ganizações e outros que podem ser controlados por elas. Consulte esse documento para saber mais. ABNT. Rio de Janeiro: 2015. Saiba mais Vídeo Gestão sustentável nas organizações 17 metidos. A política consciente se dá quando é detectado um envolvi- mento parcial das pessoas e os recursos são alocados apenas quando é evidenciado um problema ambiental. A política pragmática ocorre quando há integração entre os setores e departamentos, levando informações à liderança e aos gestores. Por último, existe a política ativa, quando há uma proatividade que visa me- lhorar os processos e reduzir os desperdícios de recursos e riscos am- bientais. Nesse caso, são usados critérios ambientais como dispositivos de controle. Todos os departamentos são envolvidos e, nos projetos realizados pelas empresas, a questão ambiental é primordial. 1.4.2 Planejamento Nessa etapa recomenda-se a elaboração de um plano para cum- prir a política ambiental, o qual deve abordar essencialmente aspectos ambientais (causas e danos). Além disso, deve identificar todos os im- pactos correntes e possíveis de acontecer, relacionados com todas as atividades desenvolvidas pela organização, com o intuito de minimizar as externalidades (aquilo sobre o que não se tem controle). Outro item que deve ser considerado são os requisitos legais, que devem ser definidos pela política ambiental adotada pela organização, a qual deve sempre obedecer às legislações e normas vigentes no lo- cal de atuação da organização. Nessa etapa, são definidos os critérios internos de desempenho, os compromissos ambientais assumidos, o instrumento normativo e o código de conduta para cada atividade da organização com relação aos aspectos ambientais. É necessário que seja criado um programa de gestão ambiental, com cronograma, objetivos e metas, a fim de comparar os aconteci- mentos reais com os previstos. 1.4.3 Implementação e operacionalização Nessa etapa, com base nos mecanismos necessários para atendê-la, é realizada a efetiva estruturação e implementação da política ambien- tal, alocando recursos financeiros, físicos e humanos para garantir o funcionamento e controle do sistema de gestão ambiental. A organiza- ção deve conduzir os seus colaboradores à conscientização ambiental por meio de procedimentos e treinamentos que garantam a eficiência 18 Planejamento e desenvolvimento sustentável da política ambiental adotada, principalmente àqueles que exerçam atividades que possam provocar elevados impactos ambientais. Com o intuito de manter o controle operacionale a padronização de ações, a organização deve criar procedimentos de comunicação interna e externa entre os diversos setores. É necessário que toda notificação relevante seja recebida, documentada e respondida e deve ser feito o registro das decisões tomadas. A comunicação ex- terna, por meio de divulgação, pode ter impacto positivo sobre a imagem da instituição. Além disso, a criação de documentos e relatórios, para se obter um feedback sobre as ações, garante que o sistema de gestão ambiental seja compreendido por todos os colaboradores e pela comunidade ex- terna à organização, como clientes, fornecedores, governo e sociedade civil em geral. Para se ter controle, esses documentos devem atender a procedimentos de modo que possam ser localizados, analisados e atualizados com frequência, buscando manter-se em consonância com os regulamentos, as normas e os critérios assumidos pela organização em conformidade com sua política ambiental. Para identificar as ações e operações potencialmente poluidoras, as organizações precisam ter um controle operacional a fim de garantir o seu desempenho ambiental em relação à política estabelecida e aos compromissos firmados. Esse controle deve envolver atividades rela- cionadas à prevenção da poluição e à conservação de recursos em no- vos projetos e nos já existentes. Deve-se estabelecer padrões de ações que possam ser utilizados para atender a emergências e eventuais externalidades. Para isso, é necessário identificar possíveis operações e situações com potencial poluidor, buscando mitigar os impactos associados, alocar os recursos necessários e fornecer treinamento frequente aos colaboradores de- signados para identificar essas ocorrências. 1.4.4 Acompanhamento periódico por meio de avaliações Essa etapa busca criar condições de averiguar se a organização está operando de acordo com o SGA. O monitoramento contínuo de desempenho se define como o primeiro passo do processo. Gestão sustentável nas organizações 19 Nele são realizadas medições com base em critérios previamente estabelecidos e usados como referências, com a finalidade de mo- nitorar o desenvolvimento de um processo e controlá-lo para que ele não siga em desconformidade com compromissos ambientais estabelecidos. Para gerenciar os aspectos ambientais, é necessário fazer uso do monitoramento de desempenho ambiental apoiado em critérios, que são elaborados por instituições de controle e qualidade ambiental. O segundo passo está relacionado com as ações corretivas e preventivas. Nessa etapa é fundamental identificar o que não está dentro das conformidades estabelecidas pela organização em rela- ção à política ambiental. As atividades corretivas devem buscar ini- bir a reincidência dos problemas e eliminar o que não está dentro das normas. Já as atividades preventivas devem estar fundamenta- das nas análises de risco ambiental, as quais são fontes de infor- mações para a identificação da necessidade de adoção de medidas preventivas. Frequentemente é necessário haver auditoria para verificar se os procedimentos estabelecidos estão sendo cumpridos. Reco- menda-se que essa ação tenha periodicidade semestral. 1.4.5 Revisão do SGA e implementação de melhorias As organizações devem revisar seu modus operandi quanto ao aspecto ambiental, executando uma análise crítica do SGA e implan- tando melhorias contínuas tendo em vista os cenários internos e externos que surgem, verificando se sua política ambiental está ade- quada às novas tendências. Conforme visto, a utilização do SGA como ferramenta busca con- servar os recursos naturais, reduzir a poluição e orientar a organi- zação dentro das legislações ambientais vigentes, relacionando-se com os processos produtivos de uma organização. A implantação de um SGA pode ser considerada promissora para as organizações que desejem criar uma política sustentável e operar seus negócios da mesma maneira. A utilização desse sistema pode propiciar mui- tos benefícios a todos que fazem parte da cadeia produtiva de uma organização. Leia o livro Fundamentos em gestão ambiental, que contém diversos estudos de caso e exemplos da aplicabilidade de um SGA. DAL FORNO, M. A. R. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017. Livro 20 Planejamento e desenvolvimento sustentável CONSIDERAÇÕES FINAIS A preocupação com os aspectos ambientais tem levado as organiza- ções a tomarem medidas que minimizem os problemas ocasionados por elas, relacionados às suas atividades operacionais, como o mapeamento da geração de resíduos por fonte geradora, conhecimento sobre o tipo de resíduo gerado em cada processo produtivo, separação e reciclagem de resíduos, contratação de empresas especializadas em gestão ambiental, economia de matérias-primas provenientes de recursos naturais etc. A conscientização feita sobre a sustentabilidade está cada vez mais presente em todas as pessoas, de modo que determinadas ocorrências impactantes ao meio ambiente não são mais aceitas pela sociedade ci- vil, como o despejo de materiais poluentes nos afluentes (rios) por parte de pessoas e empresas, queimadas, despejo de óleos e outros líquidos poluentes no solo, e mistura de resíduos sem a devida classificação. Nesse sentido, a implementação de um sistema de gestão ambiental nas organizações traz benefícios múltiplos a toda comunidade interna e externa relacionada. Qualquer organização, pequena ou grande, urbana ou rural, pode exercer uma gestão sustentável caso deseje gerir os processos de manei- ra eficiente, considerando os processos produtivos (econômicos), sociais e ambientais. ATIVIDADES 1. Descreva dois exemplos de medidas sustentáveis que podem ser praticadas por uma organização. 2. Cite uma ocorrência, uma atividade ou um procedimento que não é sustentável em determinada organização, mas que poderia se tornar. 3. Qual é a importância de se conhecer as etapas relacionadas aos aspectos ambientais? REFERÊNCIAS DAL FORNO, M. A. R. Fundamentos em gestão ambiental. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1993. MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., H. P. Administração: conceitos e aplicações. São Paulo: Harbra, 1986. Gestão sustentável nas organizações 21 NICOLELLA, G.; MARQUES, J. F.; SKORUPA, L. A. Sistema de gestão ambiental: aspectos teóricos e análises de um conjunto de empresas da região de Campinas, SP. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2004. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/ bitstream/CNPMA/5813/1/documentos_39.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020. OLIVEIRA, G. B. Uma discussão sobre o conceito de desenvolvimento. Revista da FAE, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 37-48, 2002. Disponível em: https://revistafae.fae.edu/revistafae/ article/view/477/372. Acesso em: 12 ago. 2020. SACHS, I. As cinco dimensões do ecodesenvolvimento. In: SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel, 1993. SILVA, L. S. A.; QUELHAS, O. L. G. Sustentabilidade empresarial e o impacto no custo de capital próprio das empresas de capital aberto. Gestão & Produção, v. 13, n. 3, p. 385-395, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 530X2006000300003. Acesso em: 12 ago. 2020. SLIWIANY, R. M. Estatística social: como medir a qualidade de vida. Curitiba: Araucária Cultural, 1987. TERENCE, A. C. F. Planejamento estratégico como ferramenta de competitividade na pequena empresa: desenvolvimento e avaliação de um roteiro prático para o processo de elaboração do planejamento. São Carlos, 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/18/18140/tde-27052004-110812/pt-br.php. Acesso em: 12 ago. 2020. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 22 Planejamento e desenvolvimento sustentável 2 Planejamentoambiental O desenvolvimento de uma organização está diretamente rela- cionado ao plano elaborado por ela para atender aos aspectos téc- nicos e econômicos. Aliada a isso, a sociedade está cada vez mais exigente para que o meio ambiente seja conservado e preservado de modo consciente e sustentável. Por isso, a questão ambiental envolve atualmente a sustentabilidade. Para que esta seja alcança- da, é necessário planejar, conhecer e considerar as políticas que fundamentam todos os processos. Neste capítulo serão abordados aspectos básicos, porém fundamentais, sobre o planejamento ambiental, com o intuito de apresentar um caminho para o desenvolvimento sustentável. Dessa forma, é preciso primeiramente compreender os conceitos de meio ambiente e de planejamento isoladamente para, então, conhecer as finalidades do planejamento ambiental bem como a política ambiental brasileira. 2.1 Meio ambiente Vídeo O meio ambiente é onde se encontram os recursos naturais ne- cessários para a sobrevivência de todos os organismos presentes na Terra, afetando os ecossistemas existentes e a vida de todos os seres. Há diversos conceitos para o meio ambiente, dependendo dos com- ponentes que o constituem. No entanto, é importante salientar que a expressão meio ambiente não está ligada somente a natureza, florestas, rios, campos e animais. De acordo com Art (1998), meio ambiente é o conjunto de fatores físicos, biológicos e químicos que envolvem, sustentam e se relacionam com os seres vivos na biosfera, permitindo reger toda forma de vida nos diferentes ecossistemas que existem na Terra. Para Tostes (1994), Planejamento ambiental 23 o meio ambiente diz respeito às relações que envolvem os recursos na- turais, como ar, água e clima, solo, flora e fauna, e os fenômenos físicos, químicos e físico-químicos. O meio ambiente é composto de quatro esferas: hidrosfera, biosfe- ra, litosfera e atmosfera. A hidrosfera diz respeito a toda água do pla- neta, presente em rios, lagos, mares e oceanos. Já a biosfera se refere a todas as formas de vida que habitam a Terra – seres humanos, animais, insetos, microrganismos etc. A litosfera, por sua vez, é a camada de terra do planeta, formada por solo e rocha. Por fim, a atmosfera está relacionada aos gases que compõem o planeta, como oxigênio, gás car- bônico etc. Em 1972 a Conferência de Estocolmo, organizada pelas Nações Uni- das, na qual foi abordado o tema da relação da sociedade com o meio ambiente, definiu o meio ambiente como “o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos e indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e ativida- des humanas” (CAMOZZATO, 2013, p. 3). Segundo Dulley (2004), o ser humano está sempre modificando a natureza, e o ambiente é, na ver- dade, a natureza transformada pelo sistema social humano, conforme mostra a Figura 1. Figura 1 Esquema de formação do meio ambiente NATUREZA AMBIENTE (conjunto de meio ambientes das diversas espécies conhecidas pelo homem) (100% NATURAL) Va le rii _M /S hu tte rsto ck (MODIFICADO) m iko laj n/ Sh utt ers tock Fonte: Elaborada pelo autor com base em Dulley, 2004. Portanto, para Dulley (2004), o ambiente e a natureza são faces da mesma moeda, sendo que o primeiro é útil aos seres humanos e a toda espécie animal ou vegetal que vive nele. Há na natureza um sentido di- nâmico, pois ela é constantemente transformada em outros ambientes. 24 Planejamento e desenvolvimento sustentável O meio ambiente se desenvolve a fim de fornecer condições de vida a determinado organismo. Assim sendo, há vários ambientes na Terra que se utilizam de elementos comuns, dando suporte de vida a várias espécies, como os ambientes naturais, que estão relacionados à nature- za propriamente dita, mais especificamente à fauna, à flora e a todos os recursos naturais. Há também os ambientes artificiais, que correspon- dem à área urbana e rural, ou seja, que compreendem todo e qualquer lugar onde os seres humanos habitam. Existem ainda outros tipos, como o meio ambiente cultural, do trabalho e do patrimônio genético; no en- tanto, esses não são foco desse estudo. O meio ambiente urbano é uma complexa artificialização que busca atender às necessidades do ser humano no meio natural em que ha- bita, embora as cidades cubram apenas uma pequena parte da super- fície terrestre. Um meio ambiente artificial, especialmente urbano, é, portanto, apenas parte de um sistema maior, com o qual realiza trocas de matéria e energia. Tomando as cidades como exemplo, é possível observar que elas dependem da área rural para sua manutenção. Os ambientes influen- ciam e são influenciados pelos ecossistemas adjacentes e demais meios ambientes. Com relação às cidades, percebe-se que nelas há rios que passam pelo ambiente rural e que o aquecimento formado pelo micro- clima de cada cidade também pode auxiliar no processo de formação de nuvens, ocasionando precipitações (chuvas) nas áreas rurais. O agrotóxico utilizado pelo agricultor em sua área, por exemplo, pode percolar pelo solo até os rios e, posteriormente, chegar às áreas urbanas. O contrário também ocorre, considerando que não raramen- te se vê as pessoas em áreas urbanas poluindo os rios com o despejo de matérias, os quais posteriormente acabam contaminando outras áreas rio abaixo. Com esses exemplos, percebe-se que há elementos que podem ser comuns a várias espécies de vida na Terra. Dessa forma, nota-se que todos os ambientes estão conectados. Com base nessa premissa, pode-se afirmar que existe o meio am- biente urbano, que interessa a qualquer indivíduo que mora na cidade, a qual é atualmente composta pela maioria das pessoas que vivem na Terra. Segundo Camozzato (2013), o meio ambiente urbano envolve o meio ambiente natural, modificado, acrescido das edificações e in- Planejamento ambiental 25 fluências da vida do ser humano, buscando atender às necessidades sociais humanas. O meio ambiente urbano é, então, o mais comum para os seres humanos. O artigo 3º da Lei n. 6.938, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que per- mite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). Por conta da evolução e interferência do ser humano nos diferentes ecossistemas, o meio ambiente e suas especificações foram gradativa- mente fragmentados e estudados. Atualmente, a conscientização com o meio ambiente está cada vez mais presente devido à preocupação que a atual geração tem com o ambiente que está sendo formado e com aquele que irá ser deixado às gerações futuras. Essa preocupação tem intensificado o debate em diversas esferas políticas e governamentais bem como com o público, de modo que novas medidas possam ser tomadas a fim de preservar os recursos naturais. O desafio dessa e das próximas gerações será a busca por um equilíbrio entre o desenvolvimento e o meio ambiente, garantindo o desenvolvimento econômico, social e ambiental. A Lei n. 6.938/1981 fun- damenta o Sistema Na- cional de Meio Ambiente (Sisnama) e diz respeito à Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), na qual constam objetivos, instrumentos e diretrizes da política do meio ambiente bem como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e suas estruturas básicas. Disponível em: http://www.planal- to.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm. Acesso em: 12 ago. 2020. Lei 2.2 O planejamento como instrumento Vídeo O planejamento ambiental é uma importante tarefa de gestão e admi- nistração e envolve preparação, organização e estruturação para o cum- primento de uma política, uma etapa, um procedimento, um objetivo ou uma meta. Para atender às questões atuais e modernas impostas pelo desenvolvimento, empresas realizam o planejamento de suas atividades. As organizações estabelecem metas a curto ou longoprazo para solucionar problemas ou alcançar um desenvolvimento esperado; por isso, o planejamento deve ser constante na rotina das empresas. Com ele, é possível reduzir as incertezas, minimizando as externalidades com relação aos fatores técnicos, econômicos, humanos, estratégicos e de sistemas. Assim, o planejamento é uma das funções administrativas mais importantes de uma organização. Como exemplo de bom planejamento, pode-se citar a Toyota, que passou por sua maior crise após a Segunda Guerra Mundial, mas, com um planejamento em longo prazo, conseguiu agregar valores e produ- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm 26 Planejamento e desenvolvimento sustentável tividade e diminuir desperdício de materiais, trabalhando com estoque mínimo e sob demanda e fluxo contínuos. A indústria automobilística dos Estados Unidos pode, do mesmo modo, ser usada como exemplo. Esse setor precisou desenvolver veí- culos menores, mais baratos, melhor construídos, com motores mais eficientes e que utilizavam menos combustível para fazer frente às in- dústrias automobilísticas europeias e asiáticas. A marca de camisaria Dudalina pode ser citada como exemplo nacional, pois objetivou alto investimento e um crescimento abrupto no número de lojas, atuando com o marketing em diversos tipos de mídias. No entanto, as incertezas também fazem parte do planejamento. No caso das organizações, quando isso ocorre, os tomadores de deci- são agem na defensiva, reduzindo custos, freando operações e elimi- nando recursos físicos, humanos e financeiros que sejam ociosos ou em excesso. Uma empresa que não se planeja é uma empresa que simplesmen- te não tem um curso de desenvolvimento e crescimento definido. Para se realizar um bom planejamento, é necessário ter dados e informa- ções confiáveis para que seja possível realizar uma boa análise sobre eles, com o intuito de gerar resultados e identificar os pontos fracos e fortes de um processo. Embora existam diversos modelos ou formatos de planejamento, há entre eles basicamente três tipos: Estratégico Considera princípios da organização, valores, visão, objeti- vos e metas em longo prazo. Tático Relaciona-se a políticas, estratégias e objetivos em médio prazo da organização. Operacional Envolve o cumprimento de metas e objetivos em curto pra- zo, buscando realizar o planejamento tático. Planejamento ambiental 27 Independentemente do tipo de planejamento, de acordo com Kunsh (1986), existem algumas etapas que devem ser cumpridas. São elas: • Identificar a situação: conhecer o contexto geral, os fatos e o ambiente. • Determinar objetivos: definir as metas com base nos resultados desejados, estabelecendo as prioridades. • Escolher as estratégias: identificar e estruturar o melhor curso para alcançar os objetivos estabelecidos. • Definir recursos: identificar os recursos físicos, financeiros e hu- manos necessários. • Implantar o planejamento: aplicar de fato o que foi estruturado e estabelecido. • Controlar o planejamento: determinar os mecanismos de acom- panhamento de todo processo de planejamento por meio de re- latórios e documentos, a fim de comparar resultados, identificar falhas e corrigir percursos. Dessa forma, o planejamento é uma ferramenta de tomada de de- cisão que organiza ações, relaciona informações, estabelece objetivos, identifica pontos fracos e fortes e estima cenários, criando procedimen- tos que guiem as organizações. Sobre isso, cada organização deve es- truturar um planejamento racional e lógico, sendo que o modelo ideal deve considerar as características de negócios, sua cultura e sua missão. 2.3 Tipos e finalidades de planejamento ambiental Vídeo O planejamento ambiental diz respeito a um processo de ações que busca atingir metas para alcançar a sustentabilidade ambiental de negócios, projetos e recursos naturais, visando criar procedimen- tos que têm como finalidade alcançar os objetivos relacionados à pre- servação ambiental. A importância do planejamento ambiental está ligada à necessida- de de desenvolver projetos para atender ao crescimento da socieda- de, buscando minimizar os impactos ambientais causados por esse crescimento. Com relação ao planejamento ambiental, em que se con- sideram a sustentabilidade e a preservação ambiental, existem essen- cialmente três tipos: 28 Planejamento e desenvolvimento sustentável Em função da abrangência espacial Busca o desenvolvimento econômico, ambiental e social de determinado local, micro ou macrorregional, municipal, es- tadual e nacional. Como exemplo desse tipo de planejamen- to, podemos citar a transposição do Rio São Francisco, que busca o deslocamento de parte de sua água para abastecer e desenvolver municípios localizados no sertão nordestino. Em função da atividade Busca o desenvolvimento agrícola, urbano, ambiental ou so- cial. Para exemplificar, podemos mencionar as cidades que possuem zonas de atividades divididas, como áreas indus- triais, comerciais e residenciais. Esse loteamento do solo é amplamente usado por diversos municípios. A expansão dos limites geográficos das áreas deve ser adequadamente or- ganizada, permitindo a organização espacial e o desenvolvi- mento da população que reside nessas áreas. No planejamento agrícola, considera-se o tipo de solo, o relevo e as condições climáticas. Mas é sabido que no Bra- sil há regiões com elevado desenvolvimento da pecuária, enquanto em outras há o predomínio da cultura de culti- vares agrícolas. Em função da operacionalidade Considera os objetivos de projetos e setores e seus resulta- dos. São exemplos desse tipo de função: visita a escolas com a criação e execução de projetos ambientais que envolvam a comunidade local, as crianças e os funcionários da própria organização; desenvolvimento de um sistema de descarte de resíduos sólidos em um determinado setor de uma orga- nização; economia no consumo de energia elétrica etc. Planejamento ambiental 29 No mundo, o planejamento ambiental começou a ser estudado na década de 1930 com o planejamento dos recursos hídricos e gestão das bacias hidrográficas. Entre os anos de 1950 e 1960, houve por parte dos países a preocupação com a área econômica, fortalecida principalmen- te pelo cenário pós-guerra, com o objetivo de acelerar o crescimento econômico das grandes nações. Posteriormente o desenvolvimento econômico começou a ser questionado em virtude do aumento dos danos e impactos negativos causados ao meio ambiente natural. No fim da década de 1960 e início dos anos de 1970, foi constituído o Clube de Roma – formado por cientistas, políticos e industriais de diversos países –, cujo objetivo era discutir os limites do crescimento econômico, considerando os recursos naturais disponíveis. A partir da década de 1970, mais especificamente em 1972, houve a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente humano. Na década de 1970, intensificaram-se as discussões sobre a conservação e preservação dos recursos naturais. Finalmente, a partir do ano de 1990, houve a criação do ideal de desenvolvimento sustentável, sendo esse considerado, por muitas organizações, a criação de políticas am- bientais e o foco no planejamento sustentável. No Brasil, as metodologias relacionadas à conservação do meio am- biente ainda estão em fase de construção porque o processo de cons- cientização aqui ocorreu depois do que nos países desenvolvidos. De maneira simplificada, a estrutura do planejamento ambiental praticado no Brasil é formada pelas etapas descritas a seguir: • Definição dos objetivos: discussão e determinação dos obje- tivos que serão alcançados com base na política ambiental da empresa. • Inventário: levantamento dos dados e das informações dispo- níveis, como relatórios, imagens e mapas, além de consultas aos colaboradores e à comunidade externa. • Diagnóstico: análise de todo o inventário coletado, consideran- do a possibilidade de utilizar métodosestatísticos qualitativos e quantitativos. • Prognóstico: previsão, simulação, elaboração de cenários, mode- lagem e análises. • Tomada de decisão: ação que se baseia em critérios e priorida- des, considerando aspectos técnicos e econômicos. 30 Planejamento e desenvolvimento sustentável • Formulação de diretrizes: criação de instrumento normativo, procedimentos, regras e árvores de decisão com base nos recur- sos para implantação. • Monitoramento do planejamento: cumprimento de todas as etapas e seguimento do plano. No que diz respeito aos instrumentos de planejamento ambiental, salienta-se que eles são ferramentas que buscam auxiliar o processo de planejamento, facilitando a operacionalização da gestão ao integrar estrategicamente todas as atividades. São três os principais instrumen- tos conforme representa a Figura 2. Figura 2 Instrumentos de planejamento ambiental Zoneamento ambiental Planejamento urbano sustentável Planejamento de recursos hídricos Fir eo fh ea rt/ Sh ut te rs to ck Fonte: Elaborada pelo autor. O zoneamento ambiental está relacionado ao crescimento econô- mico, ambiental e social de um determinado local, de modo susten- tável, e permite classificar e delimitar as zonas territoriais, tais como bacias hidrográficas, setores industriais e Unidades de Conservação da natureza (UCs). Já o planejamento urbano sustentável considera a sustentabilidade em relação ao uso e manejo do solo, à infraestrutura e ao saneamento básico, além da criação de habitações sustentáveis. Por fim, o planejamento de recursos hídricos elabora planos para o uso sustentável desses recursos a fim de orientar seu gerenciamento, com base na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, definida pela Lei n. 9.433/1997. Acesse o link a seguir e conheça integralmente a Lei n. 9.433/1997, que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em: http://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433. htm. Acesso em: 12 ago. 2020. Lei http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm Planejamento ambiental 31 Com o planejamento ambiental, é possível evitar conflitos sociais e ambientais, reduzindo, assim, os impactos causados. Também podem ocorrer a diminuição dos riscos de danos ambientais e a maximização dos benefícios à sociedade e ao meio ambiente, buscando controlá-los e direcioná-los ao futuro desejado. Como exemplo de conflitos sociais relacionados ao planejamento ambiental, tem-se o uso de terras na Amazônia para fins madeireiros ou de extração de minerais e dos índios, extrativistas e ribeirinhos que lá habitam. Nesses locais, em algum período, encontram-se experiên- cias de degradação do meio ambiente e da sociodiversidade urbana e rural da região. Esses conflitos geralmente requerem mediação do Estado por meio de políticas públicas. A extinção dos lixões é um outro exemplo de planejamento ambien- tal para prevenir e evitar danos ambientais e sociais, pois o descarte de resíduo sólido é um dos principais desafios das cidades brasileiras atualmente. Nos lixões eram depositados resíduos a céu aberto, sem qualquer controle ambiental ou tratamento, produzindo gás natural metano, um dos agravadores do efeito estufa. Além disso, muitas pes- soas trabalhavam de maneira inapropriada e insalubre nos lixões, es- tando sujeitas a contaminações e doenças. Diante disso, por meio da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), foi determinado que os municípios substituíssem os lixões por aterros sanitários, considerando estes o destino mais adequado para o resíduo. Acesse o link a seguir e conheça a Lei n. 12.305/2010, que institui a PNRS. Disponível em: http://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 12 ago. 2020. Lei 2.4 A política ambiental brasileira Vídeo A política ambiental brasileira foi concebida por meio de ações sociais de grupos organizados e de pressões vindas de outros paí- ses. O código de águas, criado em 1934, o de florestas, instituído em 1965, e o da caça e pesca, de 1967, foram a base para a for- mação dessa política no Brasil. Na década de 1960, o modelo de desenvolvimento empregado no Brasil estava sendo remodelado por conta das preocupações ambientais causadas em função dos impactos ambientais, os quais foram gerados pelos setores indus- triais de energia e infraestrutura. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm 32 Planejamento e desenvolvimento sustentável Na conferência das Organizações das Nações Unidas (ONU) para o meio ambiente, realizada na cidade de Estocolmo em 1972, foram dis- cutidas as correções que deveriam ser realizadas acerca dos impactos ambientais relacionados às poluições do ar, da água e do solo, ocasio- nados pelas indústrias. Nessa conferência, foram firmados compromis- sos entre os países, incluindo o Brasil – o qual, por ser considerado na época um país de terceiro mundo, não deveria pôr o seu crescimento econômico acima do meio ambiente; dessa forma, ele não deveria ser prejudicado em prol do desenvolvimento. Assim, os países deveriam planejar, gerenciar e controlar os recursos ambientais. Nos anos seguintes à conferência de 1972, a política ambiental brasileira começou a ser elaborada, tendo como principais pontos o controle da poluição e a criação de Unidades de Conservação da natureza (UCs), que são áreas com características naturais prepon- derantes, criadas e protegidas pelo Poder Público com a finalidade de garantir sua conservação. A Lei n. 6.938 fundamentou o Sistema Nacional de Meio Ambien- te (Sisnama), integrando o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é composto por representantes de ministérios e en- tidades setoriais diretamente ligados à questão ambiental das ad- ministrações federal, estaduais e municipais e por organizações não governamentais (BRASIL, 1981). De acordo com essa lei, o objetivo principal da política nacional de meio ambiente era “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981). Essa lei definiu objetivos, princípios, diretrizes, ins- trumentos, atribuições e instituições da política ambiental nacional. Com base nela, as organizações deveriam fazer a avaliação de im- pactos ambientais, obter licenciamento e realizar a revisão de ativi- dades potencialmente poluidoras. O meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum de toda a população brasileira e relacionado ao desenvolvimento sus- tentável, é garantido pela Constituição Federal de 1988, sendo que a manutenção e preservação desses princípios são deveres do Estado. Planejamento ambiental 33 Por isso, estados e municípios buscam estruturar secretarias e con- selhos de meio ambiente para atender às denúncias e solicitações da população. A Lei de Crimes Ambientais no Brasil foi aprovada em 1998, sen- do considerada uma das mais avançadas do mundo. Dessa forma, condutas e atividades lesivas ao meio ambiente começaram a ser punidas civil, criminal e administrativamente. Como exemplo de crimes ambientais, tem-se os crimes contra a flora, que se referem à destruição ou danificação de florestas de preservação permanente, mesmo que em formação, à sua utiliza- ção em desacordo com as normas de proteção, à causa de danos diretos ou indiretos às unidades de conservação, à colheita florestal (extração e corte) e à venda de madeira proveniente de florestas sem a devida autorização. Para exemplificar os crimes contra a fauna, pode-se citar as agressões contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, que podem ser constituídaspelo ato de caçar, pescar, matar, perse- guir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, maltratar etc. Cita-se, ainda, os crimes ambientais relacionados à poluição, como todo pro- cesso que cause ou possa causar danos à saúde humana, mortanda- de de animais e destruição significativa da flora e rios. Dentre os crimes ambientais mais comuns, há a poluição de rio, solo e ar. Isso é ocasionado por meio do despejo de materiais (re- síduos), como óleo no solo e na água, detergente nos rios etc. As queimadas e o desmatamento, embora sejam considerados crimes, são comumente realizados em áreas rurais. No entanto, embora vista como importante, para que a políti- ca ambiental brasileira seja considerada plena, ela deve abordar os aspectos populacionais e de saneamento básico, que acabaram sendo direcionados a políticas setoriais próprias, as quais exer- cem impactos relevantes ao meio ambiente. A política de desen- volvimento do Brasil deve integrar, de maneira relevante, toda a dimensão ambiental do país, isto é, reconhecer que os processos industriais ou não de todos os setores devem estar condicionados à preservação do meio ambiente, respeitando os direitos huma- nos, sociais e culturais. Para ampliar os estudos deste capítulo, leia o arti- go Planejamento ambien- tal de áreas verdes: estudo de caso em Campinas-SP. Essa leitura possibilita identificar a estrutura organizacional, as fases, as técnicas e os métodos utilizados nos diferentes instrumentos de planeja- mento ambiental. Disponível em: https://www.alice. cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/ doc/339235/1/PLANEJAMENTO.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020. Leitura https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/339235/1/PLANEJAMENTOok.pdf https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/339235/1/PLANEJAMENTOok.pdf https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/339235/1/PLANEJAMENTOok.pdf 34 Planejamento e desenvolvimento sustentável CONSIDERAÇÕES FINAIS A sustentabilidade está cada vez mais presente nas organizações, na comunidade e na sociedade de modo geral. Para alcançar um ambiente sustentável, é necessário primeiramente conhecer o meio bem como as políticas e regras que o caracterizam, para posteriormente executar um planejamento com o intuito de alcançar um meio ambiente cada vez mais sustentável. ATIVIDADES 1. Sabe-se que a política ambiental brasileira é recente quando comparada a outras políticas setoriais do Brasil. Cite os principais motivos para isso ter acontecido. 2. Ainda com relação à política ambiental, neste capítulo são citados dois fatores que a tornam plena. Explique quais são eles. 3. Quais são as principais vantagens de se ter um planejamento ambiental? REFERÊNCIAS ART, W. H. Dicionário de ecologia e ciências ambientais. São Paulo: Unesp/Melhoramentos, 1998. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938. htm. Acesso em: 12 ago. 2020. CAMOZZATO, M. M. A importância individual do integrante da sociedade em rede na proteção do meio ambiente. Revista eletrônica do curso de direito da UFSM, v. 8, n. 60, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/revistadireito/article/view/8218/pdf. Acesso em: 12 ago. 2020. DULLEY, R. D. Noção de natureza, ambiente, meio ambiente, recursos ambientais e recursos naturais. Agricultura em São Paulo, v. 51, n. 2, p. 15-26, 2004. Disponível em: http:// www.iea.sp.gov.br/out/publicacoes/pdf/asp-2-04-2.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020. KUNSH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus Editorial, 1986. TOSTES, A. Sistema de legislação ambiental. Petrópolis: Vozes/Cecip, 1994. Mudanças climáticas globais e suas consequências nos ecossistemas 35 3 Mudanças climáticas globais e suas consequências nos ecossistemas Nos últimos anos, o tema mudanças climáticas ganhou força e vem sendo discutido por pesquisadores e pela sociedade em geral no mundo inteiro. O assunto é debatido em diversos meios de co- municação, que buscam informar o maior número de pessoas, seja por meio de televisão, rádio, jornal e revistas para alcançar os cida- dãos comuns, seja em congressos, seminários, eventos técnicos e em publicações acadêmicas para alcançar ainda mais especialistas. Destaca-se nesse tema o aquecimento global. De modo geral, esse assunto ainda representa um grande desafio para a ciência devido à sua abrangência, complexidade e multidisciplinaridade. Este capítulo busca trazer entendimento de suas causas e seus impactos (positivos e negativos) de maneira clara e objetiva. 3.1 Mudanças climáticas Vídeo O meio ambiente atmosférico de determinada região na Terra ao longo de um período é caracterizado pelo conjunto de estados do tem- po meteorológico, definido como clima. Por meio da análise estatística de longo prazo, criou-se a concepção original do que é clima. Entende-se por mudança climática as alterações do clima na Terra ou em regiões dela por um tempo. As mudanças climáticas envolvem temperaturas, precipitações, umidade relativa do ar, diferenças de pressão, nebulosidade e outros fenômenos físicos climáticos. As varia- ções desses fatores alteram o clima, no entanto a expressão mudança climática vem sendo utilizada para representar o aquecimento global, causado em grande parte pelo ser humano. 36 Planejamento e desenvolvimento sustentável De acordo com Nobre (2008), as mudanças climáticas podem ser causadas por variações naturais ou antrópicas – isto é, causadas pelos seres humanos. Essa definição é fundamentada no Painel Intergover- namental de Mudanças Climáticas (The Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC), criado em 1988 por meio de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM), para monitorar o problema de mudanças climáticas e propor soluções mitigadoras. De acordo com o IPCC, no último século a temperatura média global aumentou 0,6 ºC (CONTI, 2005). As mudanças climáticas vêm ocorrendo, mas é imprescindível ava- liar as causas com base na evolução dos processos naturais de ma- croescalas, incluindo o âmbito geológico e astronômico, bem como na ação antrópica, manifestada pela liberação intensa de gases prejudi- ciais à atmosfera e que intensificam o efeito estufa, pela exploração florestal predatória e sem manejo e pelo uso dos recursos naturais des- considerando os princípios da sustentabilidade. Entre os temas relacionados às mudanças climáticas, o aquecimen- to global é o que causa maior preocupação. Segundo Ferreira (2016), esse fenômeno ocorre pela emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, como dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). O efeito estufa, causado pelo aquecimento terrestre, o qual deriva do aumento da concentração de GEE proveniente da quei- ma de combustíveis fósseis, vem sendo acelerado pelas mu- danças climáticas globais desde a Terceira Revolução Industrial (JACOBI et al., 2011). Os GEEs acabam absorvendo parte da radiação emitida pela Terra, impedindo que ela escape para o espaço, mantendo, assim, o planeta aquecido e possibilitando a vida na Terra. No entanto, segundo Nunes (2003), é importante frisar que o efeito estufa sempre existiu e que ele também ocorre por meios naturais, sendo primordial para a manuten- ção dos organismos terrestres. O problema está no aquecimento des- controlado e na possibilidade de desiquilíbrio radiante. O aumento populacional e o êxodo rural constituem alguns dos principais fatores responsáveis pelo aquecimento global por estimu- larem o crescimento urbano. Nesse cenário, o ambiente vai se modifi- cando, a cobertura vegetal vai cada vez mais ao longo dos anos dando Assista ao vídeo Al Gore sobre como driblar a crise climática, da Conferên- cia TED, que mostra às pessoas diferentes formas de combater as mudanças climáticas. Disponível em:https://youtu. be/rDiGYuQicpA. Acesso em: 12 ago. 2020. Vídeo https://youtu.be/rDiGYuQicpA https://youtu.be/rDiGYuQicpA Mudanças climáticas globais e suas consequências nos ecossistemas 37 lugar a praças, ruas pavimentadas, residências, comércio e indústrias, para atender às necessidades humanas. Para Freitas (2009), essa é uma das causas do aumento da tempe- ratura, em razão da formação de ilhas de calor urbanas. Isso ocorre devido às diferenças de irradiação de calor entre regiões edificadas e com cobertura vegetal. Nessas situações, as temperaturas são mais elevadas nas zonas centrais das cidades em comparação com áreas periféricas ou rurais, podendo ter uma variação de 10 ºC. As cidades são responsáveis por aproximadamente 75% a 80% de todos os GEEs decorrentes da atividade antrópica; também são con- sideradas as maiores contribuintes para o aumento da temperatura global e consequentes mudanças climáticas (FERREIRA, 2016). Contudo, as atividades agrícolas, os desmatamentos e as usinas geradoras de energia por meio de combustíveis fósseis são responsáveis por 40% a 60% dos gases de efeito estufa (SATTERWAITE, 2008). Além de problemas de saúde, impactos sociais, econômicos e am- bientais são causados em consequência das mudanças climáticas. O aquecimento global pode comprometer a produção de alimentos e destruir ecossistemas. Esses pontos são discutidos no mundo todo por meio de diversos eventos e desafios para enfrentar essas causas e consequências. No entanto, acredita-se que possa haver uma perspectiva de melho- ria para as mudanças climáticas e suas consequências se houver acor- dos de cooperação entre os países que mais contribuem para o efeito estufa, bem como de grandes lideres mundiais. Dessa forma, mesmo com os cenários atuais de aquecimento global, poderia ser garantido um futuro mais adequado para as próximas gerações. Para ampliar seus conhecimentos a respeito das mudanças climáticas, recomenda-se a visuali- zação do vídeo Caso de otimismo nas mudanças climáticas, de Al Gore para a Conferência TED. Disponível em: https://youtu. be/gVfgkFaswn4. Acesso em: 12 ago. 2020. Vídeo 3.2 Evolução do clima Vídeo O clima na Terra é um sistema extremamente complexo e está em constante oscilação entre períodos quentes e frios. Muitos fa- tores colaboram para que isso aconteça, entre eles o sistema so- lar, o posicionamento da Terra em relação ao sol, a forma da Terra, distância e tamanho da Lua e a sua rotação em torno da Terra, a inclinação do eixo terrestre de rotação, presença dos oceanos, com- posição atmosférica etc. Essas alterações climáticas globais, que se https://youtu.be/gVfgkFaswn4 https://youtu.be/gVfgkFaswn4 38 Planejamento e desenvolvimento sustentável manifestam em ciclos e tendências, fazem parte da história da Terra, sendo percebidas nas formações do relevo terrestre, nos depósitos sedimentares, nas formações vegetais e nos registros meteorológicos. Isso causa diversas variações de clima, ambientes e ecossistemas, tem-se: florestas tropicais, temperadas, desertos e calotas polares. Além desses fatores naturais, há os fatores artificiais, causados em sua grande parte pela ação antrópica, como a liberação de gases que contribuem para o efeito estufa e alterações nas vegetações, como o desmatamento. Em tempos passados, em outras eras, as alterações e evoluções do clima eram mais lentas. No entanto, a interferência humana acelerou a evolução do clima na Terra. Essa evolução diz respeito à mudança de temperatura, à variação na precipitação, à nebulosidade, às incidên- cias de vendavais, às enchentes e a outros fenômenos climáticos em relação à média histórica, ou seja, daquilo que normalmente acontecia. Alguns efeitos climáticos se tornaram mais perceptíveis nos últimos anos, como elevação nas temperaturas, ausência de frio intenso, esta- ções do ano sem a clara definição de características pertinentes a cada uma, aumento de vendavais, ciclones e enchentes. Não raras as vezes, percebe-se calor fora de época, frio em épocas do ano em que já de- veria estar mais quente. Somado a isso, caso se converse com pessoas mais velhas que habitam no Sul do Brasil, ouve-se histórias de frio in- tenso e neve que ocorreram em décadas passadas. Segundo Nobre, Reid e Veiga (2012), nos últimos 400 mil anos, ocorreram quatro ciclos glaciais e interglaciais distintos. Atualmente vive-se o pico interglacial, que está 5 ºC a 6 ºC mais elevado em com- paração ao último período glacial, 20 mil anos atrás. Salienta-se que há 120 mil anos, no último período interglacial, a temperatura estava um pouco acima da temperatura atual. Essas variações no clima da Terra são naturais. O que tem cau- sado preocupação é que nos últimos 100 a 150 anos a temperatura começou a crescer em um ritmo maior do que o normal, cerca de 50 vezes mais acelerado do que o ciclo natural glacial-interglacial (NOBRE; REID; VEIGA, 2012). As mudanças no clima alteram também suas características cli- máticas e, consequentemente, sua classificação. Há diversos tipos de classificação para as regiões climáticas, mas destacam-se três: Mudanças climáticas globais e suas consequências nos ecossistemas 39 Classificação climática de Köppen Sistema global mais utilizado. Proposta em 1900 pelo cli- matologista russo Wladimir Köppen, é fundamentada no pressuposto com origem fitosociológica e na ecologia, em que é considerada a vegetação natural da região. Essa classi- ficação tem como base sazonalidade, valores médios de temperatura do ar e da precipitação. Classificação de Thornthwaite Sistema criado pelo pesquisador Charles Warren Thornthwaite. Consiste no balanço de água como um fator de clima, ou seja, na evapotranspiração potencial e sua com- paração com a precipitação, que são típicas de determinada área, calculando-se, assim, os valores índices. Classificação de Martonne Sistema criado por Emamnuel Martonne. Tem como base os estudos de problemas geomorfológicos. Em suma, a evolu- ção do clima pode ser causada por um efeito de processos naturais ou decorrentes da ação antrópica. Essas alterações são causadas pelos fatores climáticos, que são elementos ca- pazes de influenciar a dinâmica de um ou mais tipo de clima. 3.3 Mudanças climáticas no Brasil Vídeo O Brasil encontra-se entre os países menos vulneráveis às mudan- ças climáticas, porém continua susceptível aos efeitos das variações do clima global. Nos últimos 30 anos, grandes mudanças climáticas têm ocorrido no Brasil. Segundo Nobre (2008), o Brasil era responsável por 3% a 4% das emissões de gases de efeito estufa no ano de 2008. Pode-se citar, entre essas mudanças, o aumento da frequência de chuvas fortes no verão e no inverno do Sul e do Sudeste, além de gran- des secas que ocorreram na Amazônia entre 2005 e 2010, bem como 40 Planejamento e desenvolvimento sustentável as enchentes de 2009, 2012 e 2014. A região Sudeste enfrentou uma das piores secas da história entre os anos de 2014 e 2015, afetando a segurança hídrica e energética da região (MARENGO, 2014). Entre ou- tros sinais, cita-se a desertificação, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e extinção de espécies de plantas. Para avaliar os efeitos das mudanças climáticas no Brasil, foi criado em 2009 o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), composto de 245 pesquisadores. Esse organismo científico publicou seu primei- ro relatório em 2013, projetando o aumento da temperatura e da fre- quência de fenômenos extremos (MARENGO, 2014). Segundo Marengo (2014), as projeções indicam também, para todo o Brasil, um aumento na temperatura e de extremo calor, principal- mente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, aliado ao aumento das chuvas. No entanto, no leste da Amazônia (1-1,5 mm/dia) e no Nordeste (2-2,5 mm/dia), as chuvas tendem a diminuir durante o século XXI. Na Figura 1 é possível observar as consequências projetadas para o Brasil em função das mudanças climáticas. Fonte: Margulis e Debeux,
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