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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia As células mortas e autolisadas comportam-se como um corpo estranho e desencadeiam resposta do organismo, para promover sua reabsorção e permitir reparo posterior. Dependendo do tipo de tecido, do órgão acometido e da extensão da área atingida, uma área lesionada pode ser reparada por: Regeneração; Cicatrização. De maneira geral, a regeneração se dá quando a lesão é pequena e existe a possibilidade de proliferação de células adjacentes. Já a cicatrização acontece quando uma grande área é lesada e as células não conseguem fazer a regeneração completa do tecido lesionado. Diz respeito a proliferação de células residuais (não lesadas) e maturação das células-tronco residuais. Para que uma regeneração aconteça, depende de qual tipo celular está presente: Células lábeis; Células estáveis; Células permanentes (perenes). As células lábeis podem realizar a regeneração (caso a lesão não seja muito extensa), já as células perenes, não, como é o caso das células do tecido nervoso. No fígado, por exemplo, ocorre a regeneração (quando não há danos na MEC nem perda da conformação tecidual), uma vez que os hepatócitos são células lábeis. Os macrófagos residentes (células de Kupffer), produzem IL-6 durante um estímulo nocivo, que por sua vez, atua nos hepatócitos que não foram lesados, fazendo com que estes tornem-se capazes de respondem aos fatores de crescimento. Com isso, as células saem de G0 e entram em G1, onde os hepatócitos expressam receptores de reconhecimento para os fatores de crescimento, como TGF-alfa. Se a lesão do tecido é grave ou crônica e resulta em dano às células do parênquima e do tecido conjuntivo ou se células que não se dividem forem lesadas, o reparo não pode ser feito apenas por regeneração. Nessas condições, ocorre o reparo por substituição das células não regeneradas por tecido conjuntivo, levando à formação de uma cicatriz ou por combinação de regeneração de algumas células e formação de cicatriz. O reparo por deposição de tecido conjuntivo consiste em um processo sequencial que segue a resposta inflamatória: Formação de novos vasos (angiogênese); Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia Migração e proliferação de fibroblastos e deposição de tecido conjuntivo que, junto com a abundância de vasos e leucócitos dispersos, tem aparência granular e rósea, sendo chamado de tecido de granulação; Maturação e reorganização do tecido fibroso (remodelamento) para produzir uma cicatriz fibrosa estável. OBS: o tecido de granulação diz respeito a migração e proliferação de fibroblastos, bem como deposição de TC frouxo, juntamente com formação de novos vasos e leucócitos recrutados (macrófagos). Ou seja, o processo de cicatrização envolve: lesão, inflamação (limpar o tecido), proliferação, angiogênese e maturação do tecido conjuntivo (deposição de tecido conjuntivo frouxo para denso, com isso, mudança de colágeno tipo III para colágeno tipo I).. Além disso, a cicatrização se dá de duas formas: Cicatrização por primeira intenção; Cicatrização por segunda intenção. A incisão provoca apenas ruptura local da continuidade da membrana basal e morte de um número limitado de células epiteliais e células do tecido conjuntivo. Como resultado, a regeneração epitelial é o principal mecanismo do reparo. Uma pequena cicatriz é formada, com contração mínima da ferida. O estreito espaço da incisão é preenchido por um coágulo sanguíneo contendo fibrina que é rapidamente invadido pelo tecido de granulação e coberto por um novo epitélio. Cicatriz madura: fibroblasto fusiforme e inativo, colágeno denso, fragmentos de tecido elástico e outros componentes da MEC. Ocorre diminuição vascular que transforma o tecido de granulação altamente vascularizado em uma cicatriz pálida e avascular. Alguns fibroblastos adquirem características de células musculares lisas, incluindo a presença de filamentos de actina (também chamados de miofibroblastos) que leva a contração da cicatriz. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia Na cura por segunda intenção, a reação inflamatória é mais intensa, com formação de abundante tecido de granulação, acumulação de MEC e formação de uma grande cicatriz, seguida por contração da ferida mediada pela ação dos miofibroblastos. No entanto, segue a mesma sequência de eventos da cicatrização por primeira intenção. Durante o reparo, podem acontecer algumas coisas que levam a anormalidade e interferem no processo de cicatrização e reparo. Deficiência: pode provocar deiscência na ferida (abertura espontânea da cicatrização) e ulcerações; Excesso de deposição de tecido conjuntivo leva a cicatriz hipertrófica (respeita os limites da cicatriz) e queloide (sem limites precisos da lesão. Além disso, a ação dos miofibroblastos pode ser tão intensa que provoca contraturas nas feridas, geralmente no caso de queimaduras.
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